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Lesão Renal Aguda - LRA 1 Lesão Renal Aguda - LRA LESÃO RENAL AGUDA - avaliação e manejo Hospital Moinhos de Vento - PROTOCOLOS CLÍNICOS https://hospitalmoinhos.protocolosclinicos.com.br/914/le sao-renal-aguda-avaliacao-e-manejo/algoritmo FLUXOGRAMA SOBRE LRA PONTOS IMPORTANTES Definição, diagnóstico e estadiamento são dependentes de variáveis que estimam a TFG. A creatinina não permite o diagnóstico precoce pois a lesão tubular precede o aumento de seus níveis plasmáticos. Biomarcadores promissores: NGAL, KIM1, interleucina-18 urinária, dosagem combinada de TIMP2, IGFBP7. FENa < 1% sugere LRA pré-renal, enquanto que > 2% indicam NTA. DRC e uso prévio de diuréticos podem elevar o FENa falsamente. Ureia/creatinina > 40 é sugestiva de pré lesão renal aguda. USG renal com doppler é útil. KDIGO = recomenda uso de cristaloide isotônico para expansão volêmica em pacientes com risco de LRA e ausência de choque hemorrágico. Dose renal de dopamina 0,53 microgramas/kg/min) evidenciou aumento do débito urinário, porém sem prevenir LRA, melhorar seus desfechos ou ter impacto em mortalidade. INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES Injúria renal aguda IRA = lesão renal aguda LRA. Diagnóstico de LRA requer admissão hospitalar e associa-se a longa permanência hospitalar e desfechos desfavoráveis. Pacientes com risco aumentado de LRA evitar fatores de risco. https://hospitalmoinhos.protocolosclinicos.com.br/914/lesao-renal-aguda-avaliacao-e-manejo/algoritmo Lesão Renal Aguda - LRA 2 Pacientes com LRA instalada: otimização do suporte renal farmacológico, não farmacológico, evitar novos insultos nefrotóxicos e tratar suas complicações. DEFINIÇÕES DE LRA CLÍNICA Definição, diagnóstico e estadiamento são dependentes de variáveis que estimam a TFG. Usa-se biomarcadores séricos, como a creatinina. RIFLE essa estratégia atrasa e diminui a acurária do diagnóstico. Maior mortalidade. Progressão da gravidade: risco, injury/lesão, falência. Utilizam os níveis séricos de creatinina e o débito urinário. Desfecho: loss/perda de função, end-stage renal disease/doença renal estágio final). Introdução de novo critério: elevação de 0,3mg/gL na creatinina sérica. AKIN piora da creatinina acima do limite em 48h define LRA. KDIGO Elevação da creatinina sérica > ou = 0,3mg/dL dentro de 48h; Aumento relativo > ou = 1,5x a creatinina basal na última semana; Redução no débito urinário < 0,5mL/kg/hora por um período maior que 6h; Declínio na TFG ao longo de 7 dias. Lesão Renal Aguda - LRA 3 Doença renal crônica: TFG < 90mL/min e alteração de biomarcadores ou TFG 60mL/min, ambas em um período > 3 meses. LRA SUBCLÍNICA OU PACIENTES COM FATORES DE RISCO PARA LRA Marcadores que se alteram antes da piora de função glomerular com capacidade de predição de desfechos desfavoráveis: NGAL, cistatina-C, KIM1, dosagem combinada de TIMP2, IGFBP7. Ocorre antes da elevação da creatinina sérica ou redução do débito urinário. ETIOLOGIAS E FISIOPATOLOGIA A fisiopatologia da LRA depende da sua causa. HIPOPERFUSÃO RENAL Hipoperfusão renal = LRA pré-renal: é a principal causa de LRA. Há diversas causas: hipovolemia, vasodilatação sistêmica, aumento da resistência vascular, etc. Lesão Renal Aguda - LRA 4 Quando a hipoperfusão é mantida ou a resposta adaptativa é inadequada, TFG é diminuída sem dano parenquimatoso LRA-pós renal). Se a perfusão adequada não for restaurada, pode ocorrer danos nos órgãos, como necrose tubular aguda isquêmica. Na LRS pré-renal pode ocorrer ativação do sistema de coagulação e um processo inflamatório. Essas alterações ocorrem, também, em células tubulares com perda ou inversão da polaridade e perda de adesão de membrana, o que pode levar à necrose tubular aguda. SEPSE É o gatilho mais comum de LRA em pacientes internados. Resposta à infecção → indução de NO e NO sintase com consequente vasodilatação → diminuição do enchimento arterial e ativação dos barorreceptores → ativação do sistema nervoso simpático → aumento da renina-angiotensina-aldosterona → vasoconstrição renal. Simultaneamente, a vasopressina arginina é liberada e contribui para retenção de H2O. NECROSE TUBULAR AGUDA POR EXPOSIÇÃO À TOXINAS Drogas nefrotóxicas (antibióticos, meios de contraste) e toxinas endógenas (mioglobina, ácido úrico) são filtradas e concentradas pelos néfrons e podem atingir níveis tóxicos. Podem agir diretamente no epitélio tubular renal ou nas células endoteliais. Também prejudicam a hemodinâmica intrarrenal, com a precipitação de metabólitos/cristais. RABDOMIÓLISE LRA por rabdomiólise pode ocorrer após trauma, overdose de narcóticos, embolia arterial ou uso de medicamentos que podem induzir grande lesão muscular. Tratamento: reposição volêmica rápida e agressiva com pelo menos 4L diários até estabelecer fluxo urinário de pelo menos 50mL/hora, idealmente Lesão Renal Aguda - LRA 5 300mL/hora, eliminação de medicamentos causadores, correção da síndrome compartimental, alcalinização da urina (pH > 6,5. Em pacientes com diurese estabelecida o uso do manitol pode ser cogitado. SÍNDROME CARDIORRENAL Tipo 1 - aguda: IC aguda resulta em LRA. Tipo 2 disfunção cardíaca crônica causa DRC progressiva. Tipo 3 agravamento abrupto e primário da função renal devido a isquemia, glomerulonefrite, causando disfunção cardíaca aguda. Tipo 4 DRC primária contribui para a disfunção cardíaca, que pode se manifestar por doença coronariana, IC ou arritmia. Tipo 5 - secundário: distúrbios sistêmicos agudos ou crônics (sepse, DM causam disfunção cardíaca e renal. Piora aguda da fç cardíaca pode levar à hipoperfusão renal por meio da redução do volume circulante efetivo ou do aumento da pressão venosa central. SÍNDROME HEPATORRENAL LRA parece ocorrer sem alterações histopatológicas renais, sendo essencialmente funcional. Intensa vasoconstrição renal associada a ativação do sistema RAA, sugerindo que eventos neuro-hormonais levam ao seu desenvolvimento. Lesão Renal Aguda - LRA 6 A primeira medida é a suspensão de medicamentos que podem piorar a fç renal (diuréticos). B-bloq. também são descontinuados. Expansão volêmica com albumina e o uso de vasoconstritor esplâncnico (terlipressina). CIRURGIA DE GRANDE PORTE Lesão multifatorial → perda sanguínea, aumento de perda insensível, extravasamento de urina para o terceiro espaço. Efeitos dos anestésicos são considerados a principal causa de LRA nesses casos. LRA ASSOCIADO A CIRURGIA CARDÍACA HIPERTENSÃO INTRAABDOMINAL GLOMERULONEFRITE RAPIDAMENTE PROGRESSIVA GLOMERULONEFRITE COM ANCA POSITIVO NEFRITE INTERSTICIAL AGUDA LRAPÓS RENAL NEFROPATIA POR CONTRASTE ACHADOS CLÍNICOS E AVALIAÇÃO INICIAL Lesão Renal Aguda - LRA 7 LRA costuma ser assintomática e manifestações clínicas só aparecem em fase tardia, quando o paciente encontra em estágio avançado. Essas manifestações incluem: Uremia: náuseas, vômitos, sangramento de TGI, tamponamento pericárdico, dispneia, hipertensão e alterações neurológicas. Achados CV Achados respiratórios Achados neurológicos Achados gastrointestinais Débito urinário: oligúria DU < 400mL/dia) ou anúria DU < 100mL/dia). Anúria sugere obstrução total bilateral. Pacientes com LRA e poliúria podem apresentar diabetes insipidus nefrogênico como pós uso de contraste ou evolução de necrose tubular aguda. Fatores de risco para LRA DRC, IC, cirrose hepática, DPOC, diabetes, doenças autoimunes. Boa performance em predizer o desenvolvimento e gravidade da LRA. Lesão Renal Aguda - LRA 8 EXAMES COMPLEMENTARES Urina I elevação da densidade urinária, redução do pH e ausência de elementos celulares e cilindros. À progressão da LRA, evidencia-se proteinúria, hematúria e cilíndros LRA intrínseca). Se proteinúria: quantificar com relação proteina urinária/creatinina urinária em amostra isolada ou proteinúria de 24h. Se maior que 2g/24h, a proteinúria tem origem glomerular provável. Microscopia urinária: identificação de células, cilindrose cristais. Lesão Renal Aguda - LRA 9 Sódio urinário, FENa (fração excretora de sódio) e FEUr (fração excretora de ureia) são ferramentas complementares. Creatinina sérica e ureia: ureia/creatinina > 40 é sugestiva de LRA pré-renal e de melhor prognóstico. Lesão Renal Aguda - LRA 10 Exames de imagem: USG renal com Doppler é de muita utilidade para excluir uma lesão pós renal. Níveis elevados de resistividade são encontrados em obstrução, sepse, síndrome hepatorrenal e outras condições. Lesão Renal Aguda - LRA 11 Ã Lesão Renal Aguda - LRA 12 PREVENÇÃO E TRATAMENTO Verificar fatores reversíveis que podem contribuir para a perpetuação da LRA hipovolemia, hipotensão, ↓ débito cardíaco, sepse, obstrução, hipertensão intra-abdominal e drogas nefrotóxicas. Lembrar dos agentes nefrotóxicos mais comuns: contraste iodado, AINES, antimicrobianos (aminoglicosídeos, anfotericina e vancomicina). No caso de LRA pré-renal, evitar diuréticos, iECA e BRA. Suporte nutricional: dieta hipossódica e pobre em potássio costuma ser adequada para a maioria dos pacientes. Proteínas 0,8 a 1 g/kg em pacientes não dialíticos e 1 a 1,5g/kg se dialítico. Ajustar dose de medicamentos. REPOSIÇÃO VOLÊMICA Na pré-renal, a administração de fluidos melhora a perfusão e função renal. Na NTA isquêmica, a perpetuação da hipovolemia, hipotensão ou vasodilatação pode gerar lesão renal segundária. Em IC grave ou disfunção diastólica a reposição volêmica pode ser danosa por prejudicar a função cardíaca e causar edema pulmonar. TIPO DE SOLUÇÃO KDIGO cristaloides isotônicos. Soluções restritas em cloro, como ringer lactato, são associadas a menores incidências de LRA e necessidade de diálise. CORREÇÃO DE DISTÚRBIOS ELETROLÍTICOS E ACIDOBÁSICOS Tratar hipercalemia se K > 6 mEq/L ou com alterações ECgráficas. Hipocalcemia e hiperfosfatemia são comuns na LRA. Tratar hipofosfatemia > 6 mg/dL. Acidose metabólica é bem comum em pacientes críticos. Acidemia grave (pH < 7,1 indica reposição de bicarbonato. Lesão Renal Aguda - LRA 13 TERAPIA DE SUBSTITUIÇÃO RENAL - DIÁLISE A indicação depende de fatores como nível de K, volemia, estado ácido básico, ureia, creatinina, evolução da doença e complicações associadas à LRA. pH < 7,1 pode indicar diálise. Síndrome urêmica: encefalopatia, pericardite e diátese hemorrágica.
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