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Semiologia de Grandes – 2º bimestre Sistema nervoso Divisões do sistema nervoso: SNC – localixado dentro do esqueleto axial (cavidade craniana e cal vertebral) – encéfalo e medula Encéfalo – dividido em cérebro, cerebelo e tronco encefálico. o Cérebro – porção mais desenvolvida, com dois componentes que o formam, telencéfalo e diencéfalo. Telencéfalo – compreende dois hemisférios cerebrais, direito e esquerdo, os quais são separados pela fissura longitudinal. Cada hemisfério cerebral contém quatro lobos cerebrais: frontal, temporal, parietal e occiptal Lobo frontal – processadas as atividades intelectuais, de aprendizagem e de atividades locomotoras finas e precisas, estado de alerta e a integração do animal com o meio ambiente. Lobo parietal – informações sensitivas, como dor, propriocepção e toque. Os animais parecem não depender do lobo parietal para processar muitas sensações, uma vez que o tálamo (localizado no diencéfalo) é capaz de processar mais informações sensitivas Lobo occipital – visão e para processar a informação visual Lobo temporal – processa informações auditivas e é responsável por alguns comportamentos complexos; partes do córtex dos lobos frontal e temporal estão incluídas no sistema límbico (responsável por muitas emoções e por comportamentos inatos de sobrevivência). A área piriforme do lobo temporal é responsável pela agressividade. Diencéfalo – compreende as seguintes partes Tálamo – complexo de muitos núcleos com funções intrincadas, relacionadas com dor e propriocepção. Parte do sistema ativador reticular ascendente (SARA) projeta-se do mesencéfalo, pelo tálamo, difusamente, para o córtex cerebral. Hipotálamo – controle do SNA de todo organismo; muitos dos neurônios motores simpáticos e parassimpáticos originam- se aí; controle do apetite, sede, regulação da temperatura, balanço hídrico e eletrolítico, sono e respostas comportamentais Epitálamo – Subtálamo – o Tronco encefálico – interpõe-se entre a medula e o diencéfalo, ventralmente ao cérebro, divide-se em mesencéfalo, bulbo e ponte. Na sua constituição, entram corpos de neurônios que se agrupam em núcleos (conjunto de corpos celulares de neurônios denro do SNC, sendo eu correspondente no SNP os gânglios) e fibras nervosas, que se agrupam em feixes denominados tratos, fascículos ou lemniscos. Passa vias sensitivas responsáveis por propriocepção consciente, inconsciente e dor; e vias descendentes motoras para músculos flexores e extensores. Nele está localizado 10 dos 12 pares de nervos cranianos. Mesencéfalo – é atravessado por um estreito canal, o aqueduto cerebral, que une o III ao IV ventrículo. O IV ventrículo fica entre o bulbo e a ponte, ventralmente, e o cerebelo dorsalmente. A formação reticular, a qual é uma agregação mais ou menos difusa de neurônios de tamanhos e tipos diferentes, separados por uma rede de fibras nervosas. A formação reticular apresenta conexões amplas e variadas. Além de receber impulsos que entram pelos nervos cranianos, ela mantém relações nos dois sentidos com o cérebro, o cerebelo e a medula. A atividade elétrica do córtex cerebral, de que dependem os vários níveis de consciência, é regulada basicamente pela formação reticular, na qual existe um sistema de fibras ascendentes que se projetam no córtex cerebral, sobre o qual há uma ação ativadora – o sistema ativador reticular ascendente (SARA). A ação do SARA sobre o córtex ocorre por meio das conexões da formação reticular com o tálamo. O SARA é o responsável pela manutenção do sono e da vigília. Além de seguirem suas vias específicas, os impulsos sensoriais que chegam ao SNC pelos nervos espinais e cranianos também passam pela formação reticular e ativam o SARA. Dessa maneira, quando o SARA é estimulado por meio das vias visual, auditiva, dolorosa e tátil, ele mantém o animal em estado de alerta. Por outro lado, quando não recebe ou não processa esses impulsos, o animal dorme. O núcleo de Edinger-Westphal, responsável pela inervação parassimpática do globo ocular, por meio do nervo oculomotor. Outra estrutura importante é o núcleo rubro, que participa do controle da motricidade somática, recebe fibras do cerebelo e de áreas motoras do córtex cerebral e origina o trato rubrospinal, o principal trato motor voluntário nos animais. Ponte – contém o nervo trigêmeo (V) e os núcleos vestibulares, recebem impulsos nervosos originados na parte vestibular da orelha interna, por meio do nervo vestibulococlear (porção vestibular), os quais informam sobre a posição e os movimentos da cabeça. Chegam ainda aos núcleos vestibulares fibras provenientes do cerebelo, relacionadas com a manutenção do equilíbrio. A partir dos núcleos vestibulares, saem tratos e fascículos, tais como o trato vestibulospinal, cujas fibras levam impulsos aos neurônios motores da medula e são importantes para a manutenção do equilíbrio, e o fascículo longitudinal medial, que está envolvido em reflexos que possibilitam que os olhos se ajustem aos movimentos da cabeça. O fascículo longitudinal medial é uma via de associação presente em toda a extensão do tronco encefálico, que liga todos os núcleos motores dos nervos cranianos, sendo especialmente importantes suas conexões com os núcleos dos nervos relacionados com o movimento do globo ocular e da cabeça. Desse modo, o fascículo longitudinal medial é importante para a realização de reflexos que coordenam os movimentos da cabeça com os dos olhos. Bulbo – contém os núcleos dos nervos abducente, facial e vestibulococlear (VI, VII e VIII) na porção rostral e os nervos golssofaríngeo, vago, acessório e hipoglosso (IX, X, XI e XII) localizados na porção caudal. No bulbo localizam-se centros vitais, como o centro respiratório e o centro vasomotor (respiratório, ritmo cardíaco e a pressão arterial) e o centro do vômito. Cerebelo – dorsalmente ao bulbo e ponte, sobre três estruturas chamadas de pedúnculos cerebelares. Está organizado em três regiões principais: lobo rostral, caudal e floculonodular. Uma das principais funções do cerebelo é coordenar toda a atividade motora de cabeça, pescoço, tórax, membros e tônus muscular, deste modo, lesões do cerebelo podem causar incoordenação motora, perda do equilíbrio e diminuição do tônus da musculatura esquelética (hipotonia) Monitoramento de informações motoras, proprioceptivas e vestibulares. Integra informações que produzem movimento coordenado e fino o Posição e movimentos de cabeça (tremor de intenção) o Equilíbrio (sistema vestibular) o Posição e movimento do globo ocular o Tônus muscular e postura o Movimentos voluntários complexos Medula espinhal – localizada dentro do canal vertebral. Dividida em 5 regiões: o Região cervical – C1 a C5 o Região cervicotorácica – C6 a T2 o Região toracolombar – T3 a L3 o Região lombossacral – L4 a S2 o Região sacrococcígea – S3 ao último segmento medular o A medula apresenta o mesmo numero de segmentos que o de vérrtebras, com exceção da medula cervical que é composta por oito segmentos medulares. Os segmentos podem ser identificados morfologicamente, pois contêm um par de nervos espinhais, cada um com uma raiz dorsal (sensitiva) e uma raiz ventral (motora). o A medula não possui um calibre uniforme, pois apresenta duas dilatações denominadas intumescência cervical e intumescência lombar, localizadas nas regiões cervicotorácica (C6 a T2) e lombossacral (L4 a S2). Essas intumescências correspondem ás áreas em que fazem conexão com a medula as grossas raízes nervosas que formam os plexos braquial e lombossacro, destinadas à inervação dos membros anteriores e posteriores o Na medula a substância cinzenta está localizada por dentro da branca e apresenta formato de H (borboleta). A massa cincenta central contém corpos celulares de neurônios sensitivos e internunciais. As colunas dorsais contêm sinapses de neurônios sensitivos periféricos e corpos celulares de neurônios sensitivos ascendentes e internunciais.As colunas ventrais contêm muitos corpos celulares dos neurônios motores inferiores dos músculos estriados. o A substância branca, formada por fibras, sendo a maioria mielínica, que se agrupam em tratos e fascículos, formando verdadeiros caminhos, por onde passam os impulsos nervosos. Vias descendentes são formadas por fibras que se originam no córtex cerebral ou em várias áreas do tronco encefálico e terminam fazendo sinapse com neurônios medulares. As primeiras, antes de penetrarem na medula, cruzam obliquamente o plano mediano, constituindo a decussaçãodas pirâmides bulbares, enquanto as segundas não o fazem. As fibras que formam as vias ascendentes relacionam-se direta ou indiretamente com as fibras que penetram pela raiz dorsal, trazendo impulsos aferentes de várias partes do corpo, e incluem os tratos espinocerebelares, os fascículos grácil e cuneiforme, os tratos espinotalâmicos e o trato propriospinal. Nervos cranianos – dos 12 pares de nervos cranianos, 10 fazem conexão com o tronco encefálico, com exceção apenas dos nervos olfatório e optico. o Nervo olfatório (I) – Nervo sensitivo, cujas fibras conduzem impulsos olfatórios, originados nas fossas nasais – diencéfalo o Nervo óptico (II) – formado por um feixe de fibras nervosas, que se originam na retina e são responsáveis pela percepção visual, e por um componente sensitivo do reflexo pupilar à luz. Cada nervo óptico une-se com o lado oposto, formando o quiasma óptico, no qual há cruzamento parcial de suas fibras. Quando o sistema constituído de nervos ópticos e oculomotores é estimulado pela luz incidindo na retina, a pupila se contrai. Se o animal for cego e apresentar perda da resposta pupilar à luz, deve haver alguma lesão na retina, no nervo óptico, no quiasma óptico ou no trato óptico, antes da saida das fibras nervosas para o núcleo pré-tectal. Se o animal for cego, mas com pupilas fotorreagentes, então, a lesão deverá estar localizada na via visual após a saída das fibras dos tratos ópiticos em direção ao núcleo pré-tectal. esses achados indicam lesão do trato óptico, corpos geniculados laterais, radiações ópticas ou lobo occipital. o Nervo oculomotor (III), nervo troclear (IV) e nervo abducente (VI) - nervos motores que penetram na órbita, distribuindo-se aos músculos extrínsecos do globo ocular: elevador da pálpebra superios; reto dorsal; reto ventral; reto medial; reto lateral; oblíquo dorsal e oblíquo ventral. Btodos esses músculos são inervados pelo nervo oculomotor, com exceção do reto lateral (nervo abducente) e do oblíquo dorsal (nervo troclear) Oculomotor – músculo extraoculares (levantamento palpebral, reto dorsal, reto medial, reto ventral e obliquo ventral; contém fibras responsáveis pelo controle da constrição e acomodação pupilar por meio de suas fibras parassimpáticas; núcleo no mesencéfalo Troclear – músculo extraoculares (oblíquo superior (dorsal)); núcleo no mesencéfalo Abducente – músculo extraoculares (reto lateral); inerva a musculatura retrobulbar, produzindo movimentos de retração do globo ocular; Núcleo na ponte Nistagmo – movimento oscilatório dos globos oculares, caracterizado por um componente rápido e outro lento. o Nervo trigêmeo (V) – nervo misto, contendo uma raiz sensitiva e uma raiz motora. A raiz sensitiva apresenta três ramos ou divisões: nervo oftálmico, nervo maxilar e nervo mandibular, responsáveis pela sensibilidade dos pavilhões auriculares, palpebrais, córnea, face, cavidade oral e mucosa do septo nasal. A raiz motora inerva os músculos da mastigação; localiza-se na ponte. o Nervo facial (VII) – contém uma raiz motora, responsável pela atividade dos músculos faciais, e uma raiz sensitiva e visceral, responsável pela inervação das glândulas lacrimal, submandibular e sublingual e pela inervação do palato e dos dois terços craniais da língua (fornecendo o paladar). Tem grande importância na clínica devido a suas relações com o nervo vestíbulococlear e com estruturas das orelhas média e interna, em seu trajeto intrapetroso, e com a glândula parótida em seu trajeto extrapetroso. O nervo facial passa pelo meato acústico interno, juntamente com o nervo vestibulococlear, passando depois pelo canal facial do osso petroso e orelha média, saindo do crânio pelo forame estilomastóideo. o Nervo vestíbulococlear (VII) – nervo sensitivo, composto por uma porção vestibular e uma coclear que, embora unidas em um tronco comum, têm origem, funções e conexões centrais diferentes. A parte vestibular conduz impulsos nervosos relacionados com o equilíbrio, originados em receptores da porção vestibular da orelha interna. A parte coclear é constituída de fibras que conduzem impulsos nervosos relacionados com a audição. (Equilíbrio e audição) o Nervo glossofaríngeo (IX) - nervo misto, que inerva músculos da faringe e estruturas palatinas, em conjunto com algumas fibras do nervo vago e que supre a inervação sensitiva para o terço posterior da língua e mucosa faringiana. Contém fibras parassimpáticas para as glândulas zigomática e parótida. Os nervos glossofaríngeo, vago e acessório originam-se de um núcleo comum, o núcleo ambíguo, localizado no bulbo. o Nervo vago (X) – é o maior dos nervos cranianos; misto e essencialmente visceral; emerge do crânio e percorre o pescoço e o tórax, terminando no abdome. Nesse trajeto, o nervo inerva a faringe, controlando também a vocalização e a função laringiana. Sua principal função é fornecer inervação parassimpática para as vísceras torácicas e abdominais, exceto aquelas da região pélvica. (Sensorial faringe e laringe; deglutição; parassimpático para órgãos torácicos e abdominais) o Nervo acessório (XI) – formado por uma raiz craniana (bulbar) e uma raiz espinal (originaria das raízes ventrais dos segmentos cervicais de C1 a C5). Fibras da raiz craniana une-se ao nervo vago e distribuem-se com ele, inervando músculos da laringe. Fibras da raiz espinal inervam os músculos trapézio e parte dos músculos esternocefálico e braquiocefálico. Esses músculos sustentam o pescoço lateralmente e participam dos movimentos dos ombros e parte superior dos membros torácicos. o Nervo hipoglosso (XII) – nervo motor; núcleo localizado no bulbo e inerva músculos extrínsecos e intrínsecos da língua Algumas enfermidades apresentam bons resultados ao tratamento quando diagnosticadas e tratadas precocemente (polioencefalomalacia dos bovimos e mieloencefalopatia por protozoários dos equinos). Alterações indicativas de anormalidade neurológica: apatia muito mais grave do que anormalidades em outros sistemas poderiam causar; padrão locomotor diferente do produzido por tendinite ou anormalidade óssea; atonia de cauda associada à diminuição do tônus anal no momento da aferição da temperatura; posicionamento anormal da cabeça; assimetria da musculatura; decúbito permanente. (Sinais clínicos que não podem ser explicados por alterações em outros sistemas podem ter origem em uma disfunção neurológica) Exame neurológico: deve ser realizado tendo como base a resposta obtida em provas específicas da avaliação funcional. As estruturas do SN são estimuladas e observa-se a resposta, que deve ser lassificada como normal ou anormal. o Baseia-se na avaliação do comportamento, nível de consciência, postura, movimentos (andar, trotar e galopar), pares de nervos cranianos reações posturais e, quando possível na realização de reflexos espinhais. o Exames complementares; análise do líquido cefalorraquidiano, radiografias, eletroencefalografia, eletroneuromiografia tomografia e ressonância magnética Durante o exame neurológico de grandes animais, a maior quantidade de informações deve ser obtida na anamnese e exame físico, visto que são poucas as vezes que os exames complementares podem ser utilizados (avaliação em campo) Os objetivos de um exame neurológico são: confirmar a existência de um problema neurológico; localizar o problema; definir uma lista de diagnósticos diferenciais; escolher os examescomplementares; estabelecer o diagnóstico mais provável, o prognóstico e realizar o tratamento. Uso de luvas durante o exame; zoonose Principais divisões anatômicas e respectivas funções encefálicas o Telencéfalo: córtex cerebral (frontal: intelecto, comportamento e atividade motora refinada; parietal: nocicepção e propriocepção; occipital: visão; temporal: comportamento e audição) e núcleos da base (conjunto de corpos celulares localizados abaixo do encéfalo; por exemplo, caudado, putâmen etc.; com funções relacionadas com o tônus muscular e iniciação e controle da atividade motora) o Diencéfalo: hipotálamo (modula o sistema nervoso autônomo, apetite, sede, regulação de temperatura e balanço de eletrólitos), tálamo (é um complexo de vários núcleos que, entre outras funções, estão relacionados com nocicepção, propriocepção e consciência), subtálamo (sistema ativador reticular relacionado com a consciência). O diencéfalo também é o local que abriga o núcleo dos nervos olfatório e óptico o Mesencéfalo: relacionado com a consciência (sistema ativador reticular ascendente, núcleos de nervos cranianos III e IV), apresenta também tratos ascendentes e descendentes com ocorrência de atividade motora e sensorial o Ponte: local onde está o núcleo do nervo trigêmeo (V), formação reticular (centros vitais de respiração e sono), tratos ascendentes e descendentes possuindo atividade sensorial e motora o Bulbo: local com maior acúmulo de núcleos de nervos cranianos (VI, VII, VIII, IX, X, XI, XII), tratos ascendentes e descendentes possuindo atividade sensorial e motora o Cerebelo: coordenação de movimentos, tônus muscular, propriocepção inconsciente e equilíbrio Objetivos do exame neurológico o Confirmar se há problema neurológico. Este animal apresenta anormalidades neurológicas? o Localização da lesão. Em caso afirmativo, qual é o local mais provável? o Estabelecer uma lista de diagnósticos diferenciais. Quais são os diagnósticos diferenciais mais prováveis para lesões neste local? Associar as informações relativas à identificação do animal (idade, espécie), evolução dos sinais clínicos e informações epidemiológicas o Prognóstico, tratamento e prevenção. Qual é o prognóstico? O tratamento é possível e viável economicamente? Como prevenir a ocorrência desta enfermidade em outros animais do rebanho? Exame clínico o Sua primeira etapa é a identificação do animal (espécie, raça, sexo, idade, utilização, valor e local de origem). Pode facilitar a seleção de diagnósticos diferenciais mais prováveis. o Anamnese deve detalhar informações referentes ao início dos sinais clínicos, evolução, alimentação, vacinação, tratamentos realizados, doenças anteriores, número de animais acometidos. o Etapas do exame neurológico – identificação e anamnese; exame físico; identificação dos sinais; interpretação dos sinais; interpretação das informações; localizar as lesões; diagnóstico diferenciais; exames complementares; diagnóstico; prognóstico; tratamento; recomendações o Principais informações que devem ser obtidas na anamnese – início dos sinais clínicos; evolução; principais anormalidades observadas; alimentação; vacinação; tratamentos realizados; doenças anteriores; números de animais acometidos; ambiente e tratamento dos animais; número de mortes o Início e progressão dos sinais e sua correlação com as enfermidades Agudo não progressivo: enfermidades traumáticas e vasculares Agudo progressivo e simétrico: enfermidades metabólicas nutricionais e tóxicas Agudo progressivo assimétrico: enfermidades inflamatórias (infecção), degenerativas e neoplásicas o A evolução também é importante, pois diferentes enfermidades podem ser agrupadas em categorias que apresentam, um padrão de evolução semelhantes. Ex.: um animal com processo traumático afetando o cerebelo e outro com abscesso localizado também no cerebelo provavelmente apresentam sinais muito semelhantes (quando as áreas da lesão forem parecidas), porém a evolução dos dois processos será muito diferente – o primeiro com início agudo e estacionário e o segundo com evolução lenta o Animais tiveram contato com baterias de carro velhas somente devem ser feitas quando se tem o conhecimento de que eles podem lamber as placas internas impregnadas por chumbo e essa intoxicação pode acarretar danos ao sistema nervoso. Ovinos jovens podem apresentar degeneração de nervo óptico quando recebem doses tóxicas de closantel, um vermífugo frequentemente utilizado em virtude de sua eficácia para Haemonchus spp. o O exame físico de todos os sistemas deve sempre preceder um exame neurológico, pois torna possível diferenciar problemas concomitantes, assim como descartar alterações que possam sugerir anormalidades neurológicas. Portanto, os animais devem ser avaliados também quanto ao grau de desidratação, coloração de mucosas, palpação detalhada de todos os membros e coluna vertebral. A impotência funcional de um membro pode ter como causas fratura ou paralisia nervosa periférica; um animal em decúbito lateral com grande apatia pode apresentar lesão medular ou anemia e desidratação graves. o Ptialismo ou disfagia pode ser resultado de encefalites, botulismo ou existência de um corpo estranho na faringe ou esôfago. A dificuldade visual pode ser resultado de encefalopatias de diferentes origens, de descolamento de retina ou de grave catarata. Este exame também possibilitará observar eventuais alterações em outros sistemas que podem estar relacionadas com as anormalidades neurológicas (p. ex., coloração ictérica das mucosas em alguns casos de encefalopatia hepática dos equinos). O sistema nervoso não pode ser palpado diretamente, exceto pela papila óptica que pode ser visualizada O exame do sistema nervoso se baseia na resposta obtida a provas específicas de avaliação funcional o Estímulo -> estrutura anatômica -> resposta Avaliação da integridade encefálica – para verificar se existe alterações encefálicas, é preciso avaliar os seguintes aspectos: comportamento(emitir sons amomais; andar compulsivo; andar em círculos; apoiar a cabeça contra obstáculos (head pressing); morder animais ou objetos inanimados; adotar posturas bizarras); nível de consciência (exitado; alerta; apático/deprimido; semicomatoso/obnubilado (resposta parcial a estímulos nocivos); comatoso); posição da cabeça (sempre para o lado da lesão); integridade dos nervos cranianos; andar; propriocepção/reações posturais; reflexos; sensibilidade dolorosa e palpação epaxial – quando existe anormalidades encefálicas deve apresentar pelo menos duas alterações. Avaliação da integridade encefálica Nervo craniano Função Teste Anormalidade Observações I – Olfatório Olfação Oferecimento de alimentos com odor atrativo com a mão fechada. Não utilizar substâncias com odor forte (estímulo do trigêmio) Incapacidade total ou parcial de sentir odores Difícil interpretação, principalmente quando o animal não é acostumado a serem manuseados ou com anormalidades encefálicas concormitantes II – Óptico Visão Andar em um ambiente desconhecido; resposta de ameaça visual (ausente em neonatos – 2 sem); reflexo pipilar a luz (RPL) Cegueira total ou parcial Um animal cego não apresenta necessariamente anormalidade no nervo óptico; pode ocorrer cegueira devido a lesões no córtex occipital ou em outras estruturas condutoras das informações visuais (quiasma óptico, tratos ópticos) III – Oculomotor Inerva músculos extraoculares e contém fibras parassimpáticas para o controle da pupila e da acomodação visual. Combinação de nervo motor e autônomo. Realiza a inervação dos músculos que elevam a pálpebra superior. Realização do reflexo pupilar, avaliação da movimentação da pálpebra superior e observação do posicionamento e movimentação do globo ocular Anormalidade no reflexo pupilar, ptose palpebral e possível estrabismo O reflexo pupilar deve ser interpretado correlacionando-se coma integridade ocular e das vias visuais (incluindo-se aí o II par de nervos cranianos). Deve-se ter cuidado com a quantidade de luz presente no ambiente, no momento do exame, para correta interpretação do teste. Deve-se lembrar que o medo ou a excitação dos animais podem interferir na resposta apresentada. Lesões no VII par de nervos cranianos são muito mais frequentes e podem também causar ptose palpebral, podendo ser diferenciadas, pois a ptose palpebral decorrente de lesões no nervo facial será acompanhada por paralisia e ptose labial IV – Troclear Inerva músculo ocular oblíquo superior, responsável pela movimentação dos globos oculares Observar posicionamento dos globos oculares e coordenação de movimentos destes durante movimentação da cabeça do animal Anormalidades de posicionamento (estrabismo) Deve-se inicialmente ficar de frente para o animal e observar a posição dos globos oculares e depois movimentar o pescoço de um lado para o outro, observando a correção do posicionamento dos globos. Observar posição da fissura pupilar V – Trigêmeo Informação sensorial de córnea, pálpebras e cabeça; motora dos músculos faciais relacionados com a mastigação Oferecimento de alimento para os animais e teste de sensibilidade na face Dificuldade para apreensão de alimentos (mandíbula caída em lesões bilaterais) atrofia de masseter (atrofia neurogênica) e anormalidades sensoriais faciais É muito mais fácil e prático observar a função motora do que a sensitiva. Dificuldades para fechar e movimentar a mandíbula em virtude de lesão neste nervo devem ser diferenciadas daquelas decorrentes de anormalidades osteomusculares (fraturas etc.). Após 2 semanas do início da paralisia, pode ocorrer atrofia muscular (masseter e temporal) VI – Abducente Inerva músculos reto lateral e retrator ocular, responsáveis pela movimentação dos globos oculares Observar posicionamento dos globos oculares e coordenação de movimentos dos mesmos durante movimentação da cabeça do animal Lesões resultam em estrabismo medial e inabilidade para retrair o globo Idem IV par VII - Facial Inervação motora de orelhas, pálpebras e musculatura relacionada com a expressão facial (movimentação de narina e lábio); tem influência sobre as glândulas lacrimais e salivares e função gustativa no terço inicial da língua Observar simetria de posicionamento de pálpebras, orelha, narinas e lábios; observar também a ocorrência de filme lacrimal. Deve ser realizado o reflexo palpebral. Produção de sons para observar a movimentação das orelhas Diminuição ou ausência de movimentação das orelhas, ptose palpebral, anormalidades na movimentação da narina e do lábio (ptose labial). Pode ocorrer diminuição na secreção lacrimal Anormalidades do nervo facial logo após sua saída do encéfalo devem originar alterações em orelhas, pálpebras e lábios enquanto lesões compressivas faciais abaixo da região ocular podem ocasionar apenas ptose labial (devido a uma lesão no ramo bucal). Alguns animais acabam desenvolvendo queratites, resultantes do não fechamento palpebral correto, associado à diminuição de produção de filme lacrimal. Lesões acometendo o nervo facial geralmente acarretam o acúmulo de alimentos entre os dentes e a bochecha VIII- Vestibulococlear Equilíbrio (vestibular) e audição (coclear) Posição da cabeça, ocorrência de nistagmos, captação de estímulos auditivos; realizar endoscopia da bolsa gutural (este exame possibilita a visualização da bula timpânica e da articulação temporoióidea) Ocorrência de rotação da cabeça, dificuldade de captação de sons, eventualmente ocorrência de nistagmos, anormalidade locomotora em virtude da diminuição do tônus extensor ipsilateral e nistagmo Rotação da cabeça para um dos lados (ipsilateral à lesão), alterações de nervo facial associadas a lesões vestibulares (principalmente decorrentes de otites internas) IX- Glossofaríngeo Inervação da faringe e sensibilidade da porção caudal da língua Oferecimento de alimentos e passagem de sonda nasogástrica para observação da deglutição, Disfagia Existe participação do IX e do X pares de nervos cranianos na inervação de faringe e laringe; os dois são avaliados de maneira conjunta quando relacionados com deglutição e movimentação de faringe X – Vago Função motora e sensorial para vísceras torácicas e abdominais, e motora, da laringe e faringe Slap test (reflexo que testa a abdução da cartilagem aritenoide após a percussão da região da escápula durante a expiração), oferecimento de alimentos, avaliação de sons anormais durante a respiração Disfagia e sons inspiratórios anormais (equinos em exercício) em virtude da flacidez laringiana A avaliação da sensibilidade da língua é muito subjetiva e não costuma ser realizada; o slap test pode ser realizado com auxílio do endoscópio ou mesmo com a palpação manual externa. A via eferente deste teste envolve o nervo laríngeo recorrente XI – Acessório Motora para músculos do pescoço (músculo trapézio) Avaliação da simetria da musculatura do pescoço e eletromiografia Pouca significância XII – Hipoglosso Função motora da língua Oferecimento de alimentos, movimentação da língua, simetria Perda de função motora da língua Lesões unilaterais do nervo ou do núcleo resultam em atrofia unilateral da língua com dificuldade de retração, porém, esta não deverá ficar fora da boca. Lesões bilaterais acarretam dificuldade de apreensão e deglutição, e o animal não consegue recolher a língua para dentro da boca Correlação entre anormalidades observadas no exame neurológico e respectivas estruturas envolvidas. Anormalidades Estruturas acometidas Visão II par, córtex cerebral occipital (ou as vias entre os dois), olhos Resposta de ameaça visual II par, VII par, cérebro e cerebelo Tamanho e simetria pupilar II par, III par, sistema nervoso simpático Reflexo pupilar II par, III par Posição e movimento do globo ocular III par, IV par, VI par, VIII par Normalidade e simetria da musculatura facial V par Reflexo palpebral V par, VII par Movimentação de orelha, pálpebra e lábio VII par Sensibilidade facial V par Tônus mandibular normal V par Pálpebras são mantidas abertas em posição normal III par, VII par, sistema nervoso simpático Resposta normal aos sons VIII Animal deglute corretamente e move adequadamente a língua IX, X, XII Tônus lingual está normal e a musculatura da língua está simétrica XII par 1 par acometido = lesão periférica / 2 ou mais pares acometidos = anormalidade encefálica Alterações na função encefálica podem ocasionar anormalidades de marcha (lesões nos núcleos motores) As manifestações de alteração neurológica são divididas em síndromes Síndrome cerebral: anormalidades locomotoras (podem ser discretas), nível de consciência (depressão) e comportamento alterados, respiração irregular, cegueira (reflexo pupilar normal), pressão da cabeça contra obstáculos, andar em círculos (geralmente, lesões unilaterais) Síndrome mesencefálica: anormalidades locomotoras, depressão mental, midríase não responsiva ou miose (visão normal), estrabismo Síndrome pontinobulbar: anormalidades locomotoras, alteração em diversos nervos cranianos, depressão mental Síndrome vestibular: central, nistagmo horizontal, rotatório, vertical ou posicional, anormalidades nos nervos cranianos: V, VI e VII; podem ocorrer sinais cerebelares. Periférica, nistagmo horizontal ou rotatório, possível anormalidade no VII par de nervo craniano. Tanto a síndrome central quanto a periférica podem apresentar perda de equilíbrio, quedas, rotação de cabeça e estrabismo Cerebelar: tremores de intenção na cabeça, anormalidades locomotoras (hipermetria), nistagmos, alteração na resposta de ameaça visual, aumento da área de sustentaçãodo corpo (ampla base) Multifocal: ocorrência de sinais clínicos que refletem mais de uma síndrome Síndrome cerebral Estado mental Comportamento anormal, depressão, estupor, coma, convulsão Comportamento Andar compulsivo (círculos) Posição da cabeça e pescoço Head pressing Postura Normal Movimentação Marcha normal a hemiparesia branda (contralateral) Reações posturais Déficits contralaterais Nervos cranianos Normais. Pode haver amaurose contralateral (RPL normal; resposta de ameaça ausente) Síndrome mesencefálica Estado mental Depressão, estupor, coma Comportamento Andar compulsivo (círculos), head pressing Posição de cabeça e pescoço Opistótono Postura Normal, andar em círculo, quedas Movimentação Hemiparesia a tetraparesia, ataxia Reações posturais Déficits ipsilaterais ou contralaterais Nervos cranianos III – midríase não responsiva ou miose. RPL (-); visão normal; estrabismo lateral; IV – estrabismo dorsolateral Avaliação da integridade encefálica – Desvio de cabeça; ataxia assimétrica; quedas; nistgmo; estrabismo ventrolateral posicional Manifestações Periférica Central Nistagmo Horizontal ou rotatória. Não alterado pela posição da cabeça Nistagmo em qualquer direção; alterado pela posição da cabeça Síndrome Pontobulbar Estado mental Depressão, estupor e coma Comportamento Andar compulsivo (círculos), Head pressing Posição de cabeça e pescoço Opistótono Postura Normal, andar em círculos, quedas Movimentação Hemiparesia e tretaparesia, ataxia Reações posturais Déficits ipsilaterais ou contralaterais Nervos cranianos V; XII Síndrome Periférica Estado mental Normal Comportamento Normal Posição de cabeça e pescoço Desvio de cabeça Postura Andar em círculos, quedas Movimentação Normal a ataxia Reações posturais Normais, mas podem estar “estranhas” Nervos cranianos VIII, algumas vezes VII; síndrome de Horner; nistagmo horizontal ou rotatório (fase rápida oposta à lesão) Síndrome Vestibular central Estado mental Depressão (pode estra normal em lesões focais) Comportamento Normal Posição de cabeça e pescoço Desvio de cabeça (para o lado da lesão) Postura Andar em círculos, quedas Movimentação Hemiparesia (ipsilateral); ataxia Reações posturais Déficits ipsilaterais e raramente contralaterais Nervos cranianos VII, V, VI, VIII; nistagmo horizontal, vertical, rotatório ou posicional (fase rápida oposta à lesão) Observação : Sinas cerebelares presentes Reação postural Normal Déficits Nervos cranianos VII ou síndrome de Horner V, VI, IX e X Síndrome multifocal – Sinais clínicos refletem mais de uma síndrome – Ocorrência mais comum Avaliação da integridade medular o Pacientes com anormalidade locomotora sem alteração encefálica o Localizar a lesão – definição dos diagnósticos diferenciais o Lesões graves – incapacidade motora – decúbito o Leses mais brandas – baixo proprioceptivo – ataxia / baixo motor – paresia = incoordenação Sinais clínicos indicativos de envolvimento medular – Assimetria muscular; baixo tônus da cauda e ânus; postura anormal em repouso; padrão de locomoção alterado; Síndrome de Horner Síndrome de Horner - Determinadas lesões na região cranial da medula espinal torácica podem provocar a síndrome de Horner (ptose da pálpebra superior, miose e protrusão da 3a pálpebra, geralmente acompanhada de sudorese unilateral da região facial). Esses sinais ocorrem em virtude da lesão dos nervos simpáticos do tronco vagossimpático, que cursa da medula espinal torácica cranial até próximo à órbita. É importante lembrar que essa síndrome também pode ocorrer em virtude de lesões na bolsa gutural, avulsão do plexo braquial ou neoplasias próximas à região orbital. Propriocepção – é a capacidade de percepção do posicionamento dos membros, sendo realizada pela integração das informações obtidas por receptores periféricos. As vias proprioceptivas estão presentes na medula espinal. A maneira adequada para avaliar o animal é parando o animal subitamente após a locomoção em linha reta, círculos ou após afasta-lo e observar o tempo que os membros demoram para retornar a uma posição adequada. Lesões medulares discretas ou parciais causam anormalidades locomotoras e sensoriais: o Fraqueza muscular (paresia – incapacidade parcial de realizar movimentos voluntários) o Ataxia – incoordenação motora de modo geral o Espasticidade o Hipermetria Do que depende o padrão normal de locomoção – depende da integridade de todos os componentes que participam do processo de locomoção: encéfalo, medula espinhal, nervos, músculos, ossos, tendões, ligamentos e receptores nervosos localizados em articulações, tendões e ligamentos. Quando uma dessas estruturas estiver comprometida, o padrão locomotor poderá ser afetado. Para um correto padrão locomotor, deve haver integração com as informações obtidas da periferia, informando o posicionamento dos membros (propriocepção). A anormalidade locomotora de origem neurológica decorre de inadequada integração, formulação ou encaminhamento dos estímulos motores e proprioceptivos, sendo que isso pode ocorrer em diversos locais: o Anormalidades em centros motores superiores no encéfalo – alterando a formulação dos estímulos responsáveis pela iniciação dos movimentos o Anormalidade no tronco encefálico – dificultando a integração dos estímulos motores com os estímulos proprioceptivos conscientes o Anormalidades no cerebelo – anormalidades motoras e proprioceptivas inconscientes o Anormalidades na medula espinhal – afetando a transmissão de estímulos motores e de estímulos proprioceptivos o Anormalidades de nervos espinhais periféricos - impedindo a cegada e estímulos até os grupos musculares, ou impedindo a transmissão de estímulos proprioceptivos captados na periferia (músculos, tendões, ligamentos e articulações) até a medula espinhal Lesão em qualquer um desses locais irá acarretar anormalidades locomotoras de origem neurológica, manifestadas por sinais de fraqueza, ataxia, hipermetria e espasticidade. Equinos com incoordenação motora apresentam padrões anormais de locomoção, em virtude de sinais de ataxia, paresia, espasticidade e hipermetria. o Paresia – fraqueza muscular; diminuição do arco durante a troca do passo, passos mais curtos, retardando na troca do passo, pisar sobe o boleto, pivô sobre o membro interno durante a manobra de andar em círculos fechados, raspar a pinça no chão, tropeçar em objetos, falta de sustentação corporal, falta de força para resistir a deslocamentos laterais quando puxado pela cauda ou empurrado na garupa (especialmente durante movimento), tremores musculares durante o apoio do membro o Ataxia – aumento dos deslocamentos laterais do tronco e garupa. Passo mais largo, abdução do membro posterior posicionado externamente durante o movimento em círculos, cruzar os membros abaixo do corpo e pisar no membro oposto o Espasticidade – diminuição de flexão articular, acarretando passos mais curtos, não ocorrendo a elevação adequada durante a troca do passo, um andar mais rígido ou espático. Realização de manobras de deslocamento lateral; animais co paresia são facilmente deslocados, e aqueles apresentando espasticidade, não. Observado principalmente em lesões dos neurônios motores superiores na substância branca da medula espinhal o Hipermetria – exagerada flexão articular, sendo particularmente observada em lesões do trato espinocerebelar na meula espinhal Incordenação motora – conjunto de sinais que ocorrem em virtude da inadequada integração, formulação ou transmissão das informações motoras e proprioceptivas a seu local de destino final Síndrome Cerebelar Estado mental Normal Comportamento Normal Posição de cabeça e pescoço Tremores de intenção Postura Base ampla Movimentação Sem paresia; dismetria (hipermetria, hipometria), ataxia, tremores Reações posturais Normais a dismetria Nervos cranianos Normais;nistgmo, anisocoria; pode haver ausência de resposta de ameaça, mas RPL normal e o animal enxerga o Balanço exagerado da pelve durante a locomoção, falta de firmeza nos membros anteriores e/ou posteriores, passo mais curto, abdução exagerada dos membros quando o animal anda em círculos, membros cruzados sob o corpo, pisada no membro, movimento de rotação sobre o próprio eixo sem tirar o pé do chão localizado internamente durante a locomoção em círculos fechados, arrastar da pinça durante a troca de passo. Para que o animal apresente anormalidade locomotora de origem neurológica, ao menos dois grupos anteriores citados devem estra presentes o Principais manobras a serem realizadas para avaliação de locomoção e postura – postura; simetria de pescoço e tronco; andar em linha reta; afastar; andar em círculos abertos; anda em círculos fechados; descer e subir rampas; ultrapassar pequenos obstáculos durante a locomoção; observação do andar com o animal montado (quando não oferecer riscos); andar com o pescoço estendido e flexionado; palpação de pescoço e coluna dorsal; manipulação do pescoço; resposta cervical e cervicofacial; sensibilidade do pescoço; reflexo músculo cutâneo; slap test; deslocamento lateral dos membros anteriores; observação de atrofia musculares; deslocamento da garupa com o animal parado e durante a locomoção; observação do tônus anal, movimentação da cauda e sensibilidade perineal; palpação retal. o Graduação para análise de locomoção e postura de equinos com anormalidade neurológicas 0 - Padrão normal de locomoção 1 - Anormalidades dificilmente observadas durante a locomoção em linha reta, mas confirmadas após a realização de manobras especiais 2 - Anormalidades facilmente observadas durante a locomoção em linha reta e exacerbadas após a realização de manobras especiais (andar em círculos fechados, descer rampas, afastar) 3 - O animal pode cair quando manobras especiais são realizadas e geralmente apresenta posturas anormais mesmo quando parado 4 - Quedas espontâneas durante a locomoção 5 - Decúbito permanente Slap teste ou resposta toracolaringea – avaliação da integridade medular e a integridade do nervo laríngeo. Realizado com estímulo sobre a região anterior do costado, logo após a escápula, observando-se a movimentação da cartilagem aritenoide contralateral. A diminuição ou ausência da movimentação da cartilagem pode ser encontrada em três situações: o Impossibilidade de chegada de estímulos aferentes ao bulbo, decorrente de lesões significativas na medula espinhal cervical e cranial torácica o Anormalidades na transmissão de estímulos eferentes até a musculatura, em virtude da lesão no nervo laríngeo recorrente o O reflexo pode estar abolido em cavalos tensos ou assustados, em virtude da interferência de núcleos encefálicos. Reflexo cervicofacial – realizado após a percussão da região ventral das segundas e terceiras vértebras cervicais, produzindo expostas ipsilateral de contração labial. Reflexo cutâneo do tronco – realizado com o auxílio na localização das lesões medulares. Normalmente, estímulos (toque) capitados por receptores sensoriais periféricos, localizados na pele dos animais, são encaminhados à medula espinhal. Na medula espinhal, caminham cranialmente até o segmento C8-T1 (7 vertebras e 8 segmentos). Nesse local ocorre um arco reflexo em que os novos estímulos produzidos serão conduzidos pelo nervo torácico lateral em direção ao músculo. Esse estímulo irá provocar movimentação da musculatura (músculo cutâneo do tronco) e pele. Esse mecanismo pode ser utilizado como auxílio na localização de lesões torácicas. Realizar leves toques com um objeto pontiagudo (caneta) em sentido caudocranial. Animais portadores de lesão medulares não apresentarão esse reflexo. Região cervical (C1-C5) – lesões graves nessa região acometerá os quatro membros. As compressões medulares neste local provocam sinais mais graves em membros posteriores devido ao posicionamento mais superficial dos tratos motores relacionados com membros posteriores em comparação com os membros anteriores. Região cervicotorácica (C6-T2) – acometido dos quatro membros, sendo que lesões nessa região geralmente provocam sinais muito evidentes, principalmente para acometer os neurônios motores inferiores dos membros posteriores Região toracolombar (T3-L3) – membros anteriores normais e membros posteriores afetados Região lombossacral (L4-S2) – acometido apenas membros posteriores; com extensão caudal da lesão, pode ocorrer a síndrome da cauda equina Região sacrococcígena – síndrome da cauda equina (diminuição ou ausência da movimentação da cauda, diminuição ou ausência de sensibilidade na região perianal, diminuição do tônus do esfíncter anal e incontinência urinária) Lesões medulares – avaliação neurológica do animal em decúbito o Devem ser avaliados seguindo o mesmo esquema descrito anteriormente. Primeiramente, é necessário determinar se há ou não anormalidades encefálicas; pois a lista de diagnósticos diferenciais é completamente diferente para os animais em decúbito com anormalidades nesse local. Excluindo problemas encefálicos, procura-se localizar a anormalidade em um determinado segmento da medula espinal. Importante verificar quais os membros afetados e qual a intensidade da lesão. o Avaliar a existência ou não de paresia ou paralisia em um bezerro, ovino, potro ou caprino não é uma tarefa difícil, pois é fácil colocá- los em posição quadrupedal e avaliar cada membro individualmente. Em bovinos e equinos adultos, essa tarefa é bem mais difícil, pois, com paresias intensas em mais de um membro, esses animais não conseguirão adotar a posição quadrupedal, sendo difícil identificar quais membros estão afetados e com qual intensidade. Nesses casos, a informação do proprietário ou tratador é fundamental, pois pode indicar como era a lesão inicialmente. Para que seja possível determinar quais os membros afetados, é necessário que o animal seja colocado em posição quadrupedal, com auxílio de um sistema de suporte. É necessário lembrar-se de que animais em decúbito há mais de 24 h já apresentam lesão muscular, principalmente quando deitados em local rígido. Quanto maior o tempo de decúbito, maior é a lesão muscular; portanto, deve-se aguardar algum tempo com o animal sustentado em sistema de elevação antes que seja possível ter certeza de que a paresia seja decorrente de uma lesão neurológica. o É preciso testar os reflexos espinais. O teste dos reflexos pode ser feito imediatamente após a avaliação dos outros sistemas e avaliação da integridade encefálica. Segmento medular, nervo envolvido e resposta esperada para cada reflexo avaliado Reflexo Segmento medular Nervo envolvido Resposta observada Reflexo carporradial C6-T2 Radial Extensão do carpo Reflexo bicipital C7-C8 Musculocutâneo Flexão da articulação umerorradioulnar Reflexo triciptal C7-T1 Radial Extensão da articulação umerorradioulnar Reflexo flexor torácico C6-T2 Axiliar, musculocutâneo, mediano e ulnar Contração e retirada do membro Reflexo patelar L4-L5 Femoral Extensão da articulação femorotibial Reflexo tibial cranial L6-S1 Fíbula Flexão do tarso Reflexão gastrocnêmico L5-S3 Ciático e tibial Contração do musculo gastrocnêmio e extensão do tarso Reflexo isquiático L5-S2 Ciático Abdução Reflexo flexor pélvico L5-S3 Ciático Retirada do membro Plexo braquial – derivado de C6-T2 – incapacidade de apoiar o peso do membro Nervo radial – segmentos C7-C8 da medula espinhal – incapacidade de avançar o membro (arrastar a pinça) Nervo obturador – ataxia, deslocamento de membros pélvico – marcha anormal – base ampla nos membros pélvicos – ausência de flexão dos boletos Nervo isquiático – compressão durante trabalho de parto – fraqueza de membros pélvicos – emboletamento – exacerbação do reflexo patelar Exames complementares –hemograma; eletrólitos: Ca, K,Cl,Mg; exame oftalmológico; hemogasometria; perfil hepático e renal; urinálise; análise de líquido cefalorraquidiano; biópsia; sorologia; endoscopia; radiografia/mielografia; tomografia/ressonância magnética; eletromiografia Comportamento dos reflexos em diferentes locais de lesão medular Segmento medular lesado Reflexos no membro anterior Reflexos no membro posterior C1-C5 Normo ou hiperreflexia Normo ou hiperreflexia C6-T2 Hipo ou arreflexia Normo ou hiperreflexia T3-L3 Normorreflexia Normo ou hiperreflexia L4-S2 Normorreflexia Hipo ou arreflexia
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