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Aula 03 - MANDADO DE SEGURANÇA

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PRÁTICA SIMULADA V
Aluno: Marcos Antônio de lima 
Matricula: 201904015859
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIARIA DO ESTADO
 
 MARIA SOUZA, nacionalidade, estado civil, professora, portadora do RG n°xxx e inscrita no CPF n °xxx, Residente e domiciliada xxx, Bairro: xxx, Cidade: xxx, Estado: xxx, CEP: xxx endereço eletrônico xxx, por seu advogado, com endereço profissional na xxx, bairro xxx, cidade xxx, Estado xxx, com fundamento no artigo 5º, LXXI da Constituição Federal e Lei 12.016/2009, vem impetrar
MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR
Pelo rito especial, contra ato do Reitor da Universidade Federal do estado xxx, nacionalidade, estado civil, portador da carteira de identidade nºxxx, expedida pelo xxx, inscrita no CPF sob o nºxxx, endereço eletrônico: xxx, Residente e domiciliada xxx, Bairro: xxx, Cidade: xxx, Estado: xxx, CEP: xxx endereço eletrônico xxx, pelos fatos e fundamentos de direito a seguir aduzidos:
I – PRELIMINARMENTE
GRATUIDADE DE JUSTIÇA 
Requerer o autor concessão do benefício da justiça gratuita, com fulcro no disposto no artigo 98 do Código de Processo Civil (CPC) c/c o artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal, em virtude de ser hipossuficiente na acepção jurídica da palavra e sem condições de arcar com os encargos decorrentes do processo, sem prejuízo de seu próprio sustento e de sua família, conforme declaração em anexo 
II- DOS FATOS 
 	Marcos Silva, aluno de uma Universidade Federal, autarquia federal, inconformado com a nota que lhe fora atribuída em uma disciplina do curso de graduação, abordou a parte Autora e em meio a ameaças, exigiu que ela modificasse sua nota. Nesse instante, a professora, com o propósito de repelir a iminente agressão, conseguiu desarmar e derrubar o aluno, que, na queda, quebrou um braço. 
Diante do ocorrido, foi instaurado Processo Administrativo Disciplinar (PAD), para apurar eventual responsabilidade da professora. Ao mesmo tempo, a professora foi denunciada pelo crime de lesão corporal. Na esfera criminal, a professora foi absolvida, uma vez que restou provado ter agido em legítima defesa, em decisão que transitou em julgado.
 O processo administrativo, entretanto, prosseguiu, sem a citação da servidora, pois a Comissão nomeada entendeu que a professora já tomara ciência da instauração do procedimento por meio da imprensa e de outros servidores. 
Ao final, a Comissão apresentou relatório pugnando pela condenação da servidora à pena de demissão. O PAD foi encaminhado ao reitor da universidade para a decisão final, que, sob o fundamento de vinculação ao parecer emitido pela Comissão, aplicou a pena de demissão à servidora, afirmando, ainda, que a esfera administrativa é autônoma em relação à criminal. 
Em 11/01/2017, a servidora foi cientificada de sua demissão, por meio de publicação em Diário Oficial, ocasião em que foi afastada de suas funções, e, em 22/02/2017. 
Em que pese toda a argumentação usada para tal decisão, a mesma não encontra guarida no ordenamento, razão pela qual a parte Autora requer a segurança para evitar, assim, uma injustiça ainda maior.
III - DOS FUNDAMENTOS 
DA CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR
 Como é de conhecimento, para concessão do que ora se requer faz-se necessário a presença de dois elementos, quais sejam, o fumus boni iuris e o periculum in mora. O fumus boni iuris se caracteriza pela ilegalidade pratica pela Autoridade coatora quando não notificou a autora acerca do PAD, descumprindo assim o preceito do artigo 5º, LV da Constituição Federal e art. 22 da lei 8.112/1990. Ademais, não pode ser afastado da discussão o fato da autora já ter sido absolvida na esfera criminal por não existir ilicitude da sua conduta em razão da legitima defesa. Frise-se que tal fato AFASTA a demissão ora aplicada, por força de aplicação do art. 132, VII da lei 8.112/1990.
O professor e Magistrado Federal Reis Friede, lecionando sobre exame do periculum in mora que autoriza a concessão das liminares em geral, inclusive o mandado de segurança, ensina com precisão:
"Para a obtenção da medida liminar e consequentemente da tutela cautelar implícita, portanto, a parte requerente obrigatoriamente deverá demonstrar fundado temor de que, enquanto aguarda a tutela definitiva, venham a faltar as circunstâncias de fato favoráveis à própria tutela. E isto somente pode ocorrer, conforme leciona Carlos Calvosa (inSequestro Giudiziario, Novissimo Digesto Italiano, vol. XVII, p. 66), quando haja efetivamente o risco do perecimento e destruição, desvio, deterioração ou qualquer tipo de alteração no estado das pessoas, bens ou provas necessárias para a perfeita e eficiente atuação do provimento final de mérito" (Aspectos Fundamentais das Medidas Liminares em Mandado de Segurança, Ação Cautelar, Ação Civil Pública e Ação Popular, 2a  ed., Forense Universitária, 1993, p. 97).
 Tendo isso em vista, o periculum in mora reside na precariedade financeira a qual a autora se submete atualmente e permanecerá assim caso não seja desfeito o ato de demissão, visto que o labor como professora na referida universidade consistia na sua única fonte de renda. Em sendo assim, estando presentes ambos os requisitos, é irrefutável a necessidade de concessão da liminar ora requerida.
A jurisprudência da Primeira câmara de direito público e coletivo também é pacífica ao determinar: 
SERVIDOR PÚBLICO - DEMISSÃO SUMÁRIA - AUSÊNCIA DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO GARANTIA CONSTITUCIONAL - ANULAÇÃO DO ATO. Postergada a garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa em processo administrativo, insculpida no art. 5º, LV da Constituição federal, concede-se a segurança para o fim de anular o ato de demissão sumária do servidor público nomeado por concurso público.(TJ-MT - Remessa Necessária:00216511420008110000 MT, Relator: JURACYPERSIANI, Data de Julgamento: 02/05/2001, PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO E COLETIVO, Data da Publicação: 27/09/2001)
 IV - DO CABIMENTO DA PRESENTE AÇÃO
 	Conforme assinala o art. 5º, LXIX da Constituição Federal e o art. 1º da lei 12.016/2009, o mandado de segurança se presta a resguarda direito líquido e certo contra abuso de poder ou ato ilegal praticado por autoridade. Conforme já narrado, a situação fática se adéqua ao moldes da ação, devendo ser concedida a segurança.
Assim nos ensina MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO:
"O mandado de segurança é remédio específico contra a violação pelo poder público de direito, líquido e certo, outro que o de locomoção ou o acesso a informações pessoais. O seu campo de ação é definido por exclusão: onde não cabe habeas corpus ou habeas data, cabe mandado de segurança ".
V - DO MÉRITO
 	É inegável que o art. 5º, incisos LIV e LV da Constituição Federal garantem ao indivíduo o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa.
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de bens sem o devido processo legal;
LV - aos litigantes em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com meios e recursos a ela inerentes;
 	Ademais, ainda corroborando o direito da autora, o artigo 143 c/c o artigo 161, § 1º da lei 8.112/90 preceitua que o PAD ou sindicância que se preste a averiguar conduta ilícita de servidor público deve garantir ao mesmo o devido processo legal.
No entanto, a parte autora somente veio tomar ciência de que estava sendo submetida à uma PAD quando da publicação da decisão do mesmo em diário oficial, após o ato de sua demissão.
Em adição ao argumento exposto acima, o art. 65 do Código de Processo Penal bem como os arts. 125 e 126 da lei 8.112/90 são claros em definir que decisão penal vincula o conteúdo da decisão em seara administrativa.
Aplicando o texto ao caso concreto e sabendo que a decisão penal absolveu a parte autora do que lhe foi imputado, outra decisão não poderia se esperar, na luz da legalidade que não o arquivamento do PAD eis que, como já dito, a seara penal vincula a seara administrativa. Mas se viu que o PAD prosseguiue aplicou sanção de demissão da parte autora ao arrepio da lei.
Ante o exposto, presentes todas as ilegalidades acima expostas, não há outra alternativa senão a anulação do ato admissional bem como que se determine a reintegração da parte autora ao cargo público que ocupava bem como que se apure e pague o valor não pago quando da sua suspensão, na forma do artigo 28 da lei 8.112/90
IV - DOS PEDIDOS 
a) a concessão da gratuidade de justiça, na forma do art. 98 e seguintes do CPC;
b) a concessão da medida liminar para garantir a reintegração da parte autora ao quadro de servidores ativos da autarquia federal até que se prolate decisão definitiva, na forma do art. 9º c/c art. 701 do CPC;
c) a citação do Réu para apresentar defesa, no prazo legal;
d) a confirmação da tutela de urgência, com a anulação do ato que demitiu a parte autora, condenando-se a parte Ré a reintegrar a parte autora ao quadro de servidores ativos da autarquia federal bem como ao pagamento dos valores e vantagens que faria jus caso estivesse no cargo;
e) intimação do MP
f) a procedência do pedido concedendo a segurança, ao final, para determinar a anulação do ato demissional, e a reintegração da servidora, ora impetrante, aos quadros funcionais da autarquia federal.
g) a condenação nas custas judiciais com fulcro súmula 512 do STJ e 105 do STF.
V - DAS PROVAS
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do CPC.
VI – DO VALOR DA CAUSA 
Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil), artigo 291, do CPC/2015.
Termos que,
Pede Deferimento.
(Local e Data)
Advogado
OAB/UF

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