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Teoria da Constituição

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IZABELLA FERREIRA REIS - 2024
DIREITO CONSTITUCIONAL - TEORIA DA CONSTITUIÇÃO
1. Noções introdutórias
O conteúdo estudado está dentro da
área do Direito Público, expõe, interpreta
e sistematiza os princípios e normas
fundamentais do Estado, tendo como
objeto de estudo uma constituição.
De modo geral, tem-se por conceito de
Constituição a lei fundamental e
suprema de um Estado, que tem como
objetivo estabelecer a estrutura do
Estado, a organização de seus órgãos,
o modo de aquisição de poder e a forma
de seu exercício, limites de sua
atuação, assegurar os direitos e
garantias dos indivíduos, fixar o regime
político, dentre outros.
Assim, José Afonso da Silva apresenta
uma divisão sistemática, apresentando
cinco elementos, que são:
a) orgânicos: diz respeito às normas
que regulam a estrutura do Estado
e do Poder;
b) limitativos: normas que dispõem
sobre os direitos e garantias
fundamentais, limitando a atuação
do Estado e dando a tônica do
Estado de Direito;
c) sócio-ideológicos: normas que
revelam o perfil social do Estado,
seja intervencionista ou liberal;
d) estabilização: normas que se
destinam à defesa da
Constituição, das instituições
democráticas e do Estado;
e) formais: normas que estabelecem
regras de aplicação da
Constituição.
2. Rigidez e supremacia
constitucional:
Entende-se por rigidez constitucional a
complexidade de se alterar uma
Constituição, emanando daí, como
consequência, o princípio da
supremacia da constituição.
Ou seja, a constituição é colocada no
vértice do sistema jurídico do país por se
tratar da Lei Suprema do Estado, visto
que é nela que se encontra a
estruturação do mesmo e a organização
de seus órgãos, vide art. 60, CF.
3. Classificação das Constituições
De modo geral, a Constituição da
República Federativa do Brasil é
classificada como: promulgada, formal,
escrita, rígida, analítica, dirigente,
dogmática, eclética e pretende ser
normativa.
3.1. Quanto à Origem
a) democrática, promulgada ou
popular: elaborada por legítimos
representantes do povo, chamada
de Assembléia Constituinte,
assim foram democráticas as
constituições de 1891, 1934, 1946
e 1988;
b) outorgada: imposta pela vontade
do poder absolutista ou totalitário,
não democrático, as Constituições
de 1824, 1937, 1967 e a emenda
n° 1 de 1969 foram outorgadas;
c) cesarista, bonapartista,
plebiscitária ou referendária:
são outorgadas mas dependem de
ratificação popular através do
referendo ou plebiscito;
d) pactuada ou dualista: decorre
de um acordo entre dois grupos
sociais, um exemplo é a Carta
Magna de 1215, que decorreu de
um acordo entre o rei e a nobreza.
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3.2. Quanto ao Conteúdo
a) formal: por meio de um
documento solene estabelecido
pelo poder constituinte originário;
b) material: conjunto de regras
materialmente constitucionais,
estejam ou não codificadas num
único documento.
No entanto, existe alguns
doutrinadores que consideram a
existência de uma constituição conhecida
como mista, vigente no Brasil, isso pois
nos termos do art. 5º, §3º, da CF, os
Tratados e as Convenções de direitos
humanos, aprovados em cada casa do
Congresso, em dois turnos, com voto de
3/5 de seus membros equivalerão a uma
Emenda Constitucional.
Ou seja, um documento de natureza
constitucional que está fora da
Constituição, sendo adotado tanto o
critério material como o formal. É a
Teoria do Bloco da
Constitucionalidade, através da qual
não é constitucional apenas o que está
na Constituição, mas toda e qualquer
regra de natureza constitucional.
3.3. Quanto à Forma
a) escrita ou instrumental: texto
organizado em um só documento;
b) não escrita: normas esparsas,
não aglutinadas em um texto
solene, centrada nos usos e
costumes, na prática política e
judicial.
3.4. Quanto à Estabilidade
a) imutável: não prevê processo
algum para alteração;
b) fixa: alteração somente pelo
Poder Constituinte Originário;
c) rígida: alteração por meio de um
processo legislativo mais solene e
dificultoso;
d) flexível: em regra, as não escritas
e podem se alterar por meio de
um processo legislativo ordinário
e) semirrígida ou semiflexível:
permite que algumas de suas
regras sejam alteradas por um
processo rígido e parte flexível.
3.5. Quanto à Extensão
a) sintética: regulamenta apenas os
princípios básicos de um Estado;
b) analítica ou prolixa: além dos
princípios básicos.
3.6. Quanto à Finalidade
a) garantia: proteção especial às
liberdades públicas, prescrevendo
um Estado-mínimo;
b) dirigente: atenção especial à
implementação de programas pelo
Estado, agindo de forma
intervencionista.
3.7. Quanto ao Modelo de Elaboração
a) dogmática: produto escrito e
sistematizado por um órgão
constituinte, a partir de princípios e
idéias fundamentais da teoria
política e do direito dominante,
situação da Constituição brasileira;
b) histórica: fruto de lenta e
contínua síntese da história e
tradições de um determinado
povo.
3.8. Quanto à Ideologia
a) ortodoxa: formada por uma só
ideologia;
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b) eclética: formada por ideologias
conciliatórias, como a brasileira de
1988.
3.9. Quanto ao Valor ou Ontologia
a) normativa: dotada de valor
jurídico legítimo;
b) nominal: sem valor jurídico, com
papel eminentemente social;
c) semântica: tem importância
jurídica, mas não valoração
legítima, criada somente para
justificar o exercício de um Poder
não democratico.

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