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ARQUITETURA BRASILEIRA AULA 02 ARQUITETURA INDÍGENA BRASILEIRA PROFESSORA: TAIS TREVISAN CENTRO UNIVERSITÁRIO FACVEST - UNIFACVEST SEMESTRE: 2022.2 Não há registros escritos sobre essa época da história brasileira, portanto, todas as descobertas e conclusões advêm de estudos e pesquisas realizadas nos sítios arqueológicos descobertos ao longo dos anos em áreas do território do Brasil. O período que antecede o descobrimento do Brasil pelos portugueses recebe o nome de período pré-cabraliano, que compreende uma etapa da nossa história iniciada há mais de 20 mil anos. Antes dos portugueses chegarem às terras brasileiras, o nosso território era ocupado por povos distintos dos povos encontrados na Europa. Esses habitantes totalizavam mais de 200 etnias e dialetos . CONTEXTUALIZAÇÃO Estima-se que no Brasil existiam mais de mil povos e comunidades de nativos, totalizando de 2 a 4 milhões de pessoas. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), atualmente, há no território brasileiro em torno de 254 povos que falam mais de 150 línguas diferentes. Segundo o censo do ano de 2010, os indígenas somam 896.817 pessoas, correspondendo a 0,47% da população do país. Essas comunidades indígenas estão distribuídas em terras situadas de norte a sul do território nacional. CONTEXTUALIZAÇÃO CONTEXTUALIZAÇÃO Essas comunidades indígenas estão distribuídas em terras situadas de norte a sul do território nacional. Se encontravam espalhados pelo território brasileiro, apresentando diferenças entre si. No litoral, mais próximo dos estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo viviam as comunidades Pataxó e Nambikwara, que apresentavam uma intensa atividade coletora. Já os chamados povos ceramistas viviam mais ao norte do país. Os povos Tupis, considerados o maior grupo, estavam distribuídos entre todo o território, desde o Rio Grande do Sul até o Rio Grande do Norte. Outros habitantes importantes foram os Marajoaras, que habitaram a Ilha de Marajó, entre os anos 500 a 1300 d.C., e foram um dos mais proeminentes representantes do trabalho com artefatos cerâmicos. CONTEXTUALIZAÇÃO Os sítios arqueológicos não são entidades isoladas, mas elementos dentro da ocupação de um território por uma população. Alguns deles remetem ocupações sazonais, ao passo que outros correspondem a habitações de longa duração. Alguns mostram apenas atividades precisas e l imitadas (cemitérios, locais de extração de matéria -prima, ateliês de fabricação de instrumentos, locais de preservação de alimentos etc.). Outros guardam vestígios de atividades diversificadas: Uns evidenciam a exploração de zonas baixas, para agricultura ou pesca. Já outros correspondem a um uso casual como caça, coleta de determinadas plantas ou realização de rituais. Cada sítio deve ser abordado de uma maneira específica, e nenhum deles apresenta uma visão completa da ocupação do território. COMO OS POVOS PRÉ-CABRALINOS VIVIAM Os povos indígenas se organizavam e se distribuíam no território brasileiro em aldeias. As aldeias eram pequenas comunidades compostas por uma população que variava entre 500 e 800 habitantes. Esse tipo de organização se dava pelo fato de que era mais difícil controlar e viver harmoniosamente em grupos muitos grandes. Sendo assim, eles se subdividiam entre a área criando novas aldeias, cada uma com seu chefe. Em cada aldeia, os habitantes caçavam, pescavam e cultivavam os seus alimentos. Não havia um local específico para essa produção, realizada na área externa às pequenas moradias. Estudos demonstram que nem todos os povos deste período se estabeleciam em lugares específicos para plantar e viver. COMO OS POVOS PRÉ-CABRALINOS VIVIAM Muitos viviam por um tempo em determinada área e, após terem usufruído dos alimentos do local, partiam para estabelecer suas moradas em outras partes. Sendo assim, estes acabavam utilizando as grutas das regiões como abrigos provisórios e ocasionais. A arquitetura neste período da história era pouco desenvolvida. Os povos que estabeleciam sua morada em uma área , por período longo ou curto, se não usavam os abrigos naturais como as grutas, desenvolviam moradias pequenas, com apenas um ambiente que servia para comer e dormir. COMO OS POVOS PRÉ-CABRALINOS VIVIAM Em algumas regiões, essas moradias eram construídas de madeira e taquaras e cobertas com palhas ou troncos . Em sítios próximos ao litoral foi constatado que havia edificações levantadas com valvas de moluscos. Em regiões onde não se construíram embasamentos de concha, notou-se que os habitantes “faziam a contenção das dunas com argilas trazidas de longe, nas quais fincavam os postes que sustentavam as casas” (PROUS, 2006, p. 34). Nesta época, também há registros de casas subterrâneas, como no sul do pais. ARQUITETURA INDIGENA Moradias indígenas Assim como os costumes, as crenças e os rituais de cada povo indígena são diferentes, também suas moradias e sua arquitetura se diferenciam entre as comunidades e áreas indígenas. Cada tribo possui suas peculiaridades e características . Tribo é o nome dado a um agrupamento humano unido pela l íngua, costumes, instituições e tradições. Quanto às suas moradias, os índios preocupam-se, em um primeiro momento, com o local onde serão construídas. O lugar ideal para erguer as casas deve ser bem venti lado, dominando visualmente a vizinhança, e estar próximo a rios e mata. A maioria dos abrigos é erguido com varas, fechado e coberto com palhas ou folhas. Os indígenas não têm o hábito de efetuar reparo em suas residências, portanto, quando elas passam a ser inabitáveis, eles as abandonam e constroem outro abrigo. As casas não possuem janelas, tendo apenas uma abertura em cada extremidade. Em seu interior não tem nenhuma parede ou divisão aparente. ARQUITETURA INDIGENA Existem tribos que possuem apenas um grande abrigo para todos, trata-se de uma casa unitária. Esse tipo de organização é mais comumente encontrado nas regiões de fronteira entre Brasil e Colômbia. O tamanho de cada casa depende do tamanho da tribo, podendo chegar a mais de 200 metros de comprimento. ARQUITETURA INDIGENA Toda a tribo vive sob o mesmo teto. Aldeia tucano: fronteira entre Brasi l e Colômbia.. Cobertura em duas águas que chegam quase até o solo, permitindo a existência de paredes da altura de uma pessoa. Duas portas: uma na fachada principal que dá para o rio e a outra nos fundos dando pras plantações. Interior divididos por biombos de folhas de palmeiras trançadas Cada nicho é formado por uma famíl ia nuclear, distribuído de acordo com o status da famíl ia na comunidade. A parte central é dividida em duas partes: a da frente, pintada de amarelo, é reservada aos homens, e ados fundos, pintada de vermelho, as mulheres. A CASA UNITÁRIA Índios Pano: Alto Solimões. Planta baixa em formato de decágono, com duas portas nas extremidades. A casa é implantada no alto de uma colina. Junto à entrada principal existem dois longos bancos para os homens e meninos fazerem suas refeições, assembleias e cerimônias do xamanismo. Refeições das mulheres e rituais no corredor central. Nas laterais ficam os nichos com os pertences de cada família nuclear (redes, fogões, cerâmicas e apetrechos de cozinha). A CASA UNITÁRIA A CASA UNITÁRIA Ianomâmis: fronteira entre o Brasi l e Venezuela. Casa unitária denominada shabono , com pátio central descoberto. Cobertura em forma cônica, a parte cortada corresponde a cerca de um quarto do diâmetro externo. Planta baixa em poligonal onde cada lado corresponde à residência de uma família. Abriga no mínimo 50 indivíduos e o máximo quase 200, podendo o diâmetro chegar a pouco mais de 20 metros. A duração da casa é de cerca de 2 anos. A CASA UNITÁRIA CASA YANOMÂMI CASA YANOMÂMI Povos Kaigang: Planalto de SC, PR e RG. Para se proteger do inverno rigoroso construíam suas casas de forma enterrada, mantendo-as, assim, protegidas dos ventos for tes e gelados que cortam o planalto. Por vezes, as paredes eram compactadas com argila mais fina, resultando em uma camada de revestimento. O teto era apoiado sobre estacas: uma estaca principal no centro, que descia até o chão da casa, e estacas laterais, que i rradiavam do mastro central e se apoiavam na superfície do solo, na parte externa. Este teto ficava pouco acima do nível do terreno, garantindo venti lação, i luminação e trânsito. CASAS SUBTERRÂNEAS KAIGANG Ainda que, em um número significativo de sítios arqueológicos se encontrem casas subterrâneas isoladas, é comum encontrar-se conjuntos dessas casas, seja formando pares, seja formando verdadeiras aldeias de mais de 8 e 10 delas. Caso inédito em São José do Cerrito encontrou de mais de 20 casas em um mesmo lugar. CASAS SUBTERRÂNEAS KAIGANG ARQUITETURA INDIGENA Nas regiões mais altas de campo aberto, submetidas às geadas e ao vento frio do inverno, as aldeias se instalam nos capões de pinheiros-do-paraná (Araucária). São caracterizadas por covas profundas de 3m até 18m de diâmetro e com profundidade de 1 até 6m, cavadas com picões de pedra no piso de alteração do arenito. A terra escavada era disposta em anel ao redor do buraco para desviar as águas de enxurrada, e um poste central com cerca de 15cm de diâmetro levantava um teto de folhas, cujos caibros, calçados com pedras, se apoiavam ao redor da depressão. ARQUITETURA INDIGENA Nas casas mais profundas, uma banqueta corria ao longo da base da parede; uma rampa ou algumas lajes fincadas na parede à guisa de escada permitiam o acesso. no centro da estrutura era instalada uma fogueira, alimentada por nós de pinho. Essas habitações subterrâneas poderiam ser isoladas ou aos pares e, em algumas ocasiões, eram agrupadas em conjuntos, casos em que eram cavados corredores que uniam as casas vizinhas. ARQUITETURA INDIGENA Os assentamentos indígenas mais comuns são formados por várias construções, em geral, em torno de 4 a 10 casas nas quais residem várias famílias. Essas construções variam de acordo com a comunidade, apresentando plantas baixas circulares, elípticas, retangulares, poligonais, entre outras. ARQUITETURA INDIGENA Essas casas normalmente são distribuídas pela área de forma ortogonal, formando assim uma grande praça central, onde são realizadas as atividades cotidianas, festas, cerimônias e rituais sagrados. ARQUITETURA INDÍGENA – ALDEIAS Segundo pesquisadores: as aldeias situadas às margens do rio Araguaia possuíam uma estrutura mais reforçada para suas casas, que eram constituídas por três arcos paralelos que formavam pilares e vigas, resultando em construções retangulares. Já as tribos do centro-oeste do país associavam cada parte da casa ao corpo humano e utilizavam pilares de madeira, ripas e bambus para levantar suas casas. Os povos localizados na região norte do Amazonas tinham o hábito de construir seus abrigos em formato circular, com grandes vãos centrais que chegavam a ter até 15 metros, usando galhos e folhas de palmeira para a cobertura. ARQUITETURA INDIGENA A Figura ilustra o modelo circular de moradia indígena. ARQUITETURA INDIGENA A terra é a matéria-prima mais importante de uma aldeia indígena, porque ela é a base de toda a comunidade. Ela é o piso de dentro e de fora dos abrigos. Em alguns tipos de construções indígenas, a terra é usada como estrutura e vedação. É o caso das casas de pau a pique, que eram construções em que se entrelaçavam bambus verticais amarrados com cipó, formando uma malha que depois deveria ser preenchida com barro. Das árvores extraem-se as madeiras que, na maioria das vezes, servem como sustentação e estrutura para as casas, e também as folhas, que tem diversas funções dentro das moradias, como biombos para divisão com folhas de palmeiras trançadas. Além das folhas de palmeira, era comum o uso das folhas de helicônica e de bananeiras, que formavam painéis usados na vedação das aberturas, quando necessário, além de servirem como cobertura, sendo usadas em várias camadas sobrepostas. ARQUITETURA INDIGENA Tipos de habitações indígenas Oca: é a mais comum habitação indígena, principalmente entre os índios da família tupi-guarani. Consiste em uma grande cabana, feita com troncos de árvores e cobertas com palha ou tranco de palmeira. Na oca, podem viver várias famílias de uma mesma tribo. Maloca: tipo de cabana comunitária usada pelos indígenas da região amazônica (principalmente do Brasil e Colômbia). Cada tribo dessa região possui esse tipo de habitação com características específicas. Taba: habitação indígena menor que a oca. Também de origem tupi-guarani, é um termo mais usado pelas tribos da Amazônia. ARQUITETURA INDIGENA ARQUITETURA INDIGENA Tapera: em tupi, a palavra tapera significa “aldeia extinta”. Portanto, uma tapera é um conjunto de habitações indígenas que foi abandonado pelos índios que ali viviam. Opy: é uma espécie de casa de rezas dos índios. Serve também para a realização de festas religiosas e rituais sagrados. Fonte: Imbroisi , Martins e Lopes (2018) Forma mais comum de assentamentos indígenas. Tupi-guarani: do Alto Solimões até as bacias do Paraguai e Uruguai (guaranis). Quatro construções, ortogonais entre si e ordenadas de maneira a formar uma grande praça central quadrada. Denominadas oguassu, maioca ou maloca (casa grande). Dividida internamente pela estrutura do telhado em espaços de 6 x 6 metros onde mora cada estrutura familiar: oca. Geralmente com 150m de comprimento e 12m de largura. ALDEIAS COM VÁRIAS CONSTRUÇÕES Aldeias com grande número de construções características do grupo jê, exemplificada pelos xavantes no Mato Grosso. No centro da casa era feito o fogo comum a duas ou três famílias com espaço demarcado por esteiras. ALDEIA KARAJÁ: RIO ARAGUAIA ALDEIA XINGUANAS WEIMER, Gunter. Arquitetura popular brasileira. Ed. Martins Fontes, 2005. ALMEIDA F. W. 1, YAMASHITA, A. C. Arquitetura indígena. Revista de Ciências Exatas e da Terra UNIGRAN, v2, n.2, 2013. http://www.portalkaingang.org/habitacao_e_acampamentos. pdf http://multiplica.org/subterraneas-do-povo-kanghag/ BIBLIOGRAFIA http://www.portalkaingang.org/habitacao_e_acampamentos.pdf