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Estomatologia e Propedêutica Odontológica - semiologia da cavidade oral DOENÇAS INFECCIOSAS - Bacterianas: Sífilis primária - presença de cancro sifilítico único - presença de úlcera indolor única em genitais ou na boca. Em boca, é geralmente uma úlcera de base clara ou pode ser semelhante ao granuloma piogênico. A lesão cicatriza mesmo sem tratamento. Sífilis secundária - paciente refere manifestações sistêmicas, como: dor de garganta, febre, coceira na pele (particularmente nas costas), dor de cabeça, mal estar, dor muscular , máculas vermelhas, especialmente nas palmas das mãos e nas plantas dos pés (palmo-plantar) podem estar presentes. As lesões bucais podem se apresentar como manchas vermelhas ou úlceras e apresentar placas múltiplas esbranquiçadas. Paciente deve ter histórico de cancro sifilítico prévio. Ao exame extrabucal, pode ser percebida linfadenopatia indolor. Podemos solicitar exames VDRL, FTA-ABS e hemograma. O médico é responsável pelo tratamento com penicilina, o CD acompanha as lesões bucais. A Sífilis latente é um período de latência, uma fase sem lesões e sintomas; pode durar de 1 a 30 anos. Gonorréia - gonorréia oral tem como sítios mais comuns a faringe, amígdalas e úvula. Em alguns casos pode ser semelhante a GUN (gengivite ulcerativa necrosante) com mau odor. Tuberculose - o indivíduo que entra em contato com a bactéria, essa se alojando em seu pulmão (tuberculose primária), pode não manifestar a tuberculose secundária. Geralmente, a tuberculose secundária se manifesta em indivíduos imunossuprimidos e causa febre, mal estar, perda de peso, sudorese noturna; com a progressão da doença, a tosse (comum sendo por mais de 3 semanas) pode vir acompanhada de sangue. Quando aparecem em boca são ulcerações crônicas, áreas com dificuldade de cicatrizar e tecidos de granulação. As úlceras podem causar palpação positiva nos linfonodos da região. Actinomicose - a bactéria penetra na região cervicofacial em uma área de trauma prévio; pode causar hiperplasia amigdaliana, infecção em glândulas salivares. Geralmente se manifesta como área endurecida de fibrose com área central mais macia; geralmente afetam a região do ângulo da mandíbula; em tecidos moles previamente traumatizados pode haver formação de abscessos, sem fibrose associada. - Fúngicas: Candidose pseudomembranosa - infecção fúngica. Apresentam-se como placas brancas múltiplas, removíveis à raspagem, geralmente indolores, mas podem arder. Locais onde as placas se desprenderam podem ficar avermelhados. Tratamento: antifúngico tópico (bochechos com nistatina) ou sistêmico (fluconazol - 1 comprimido de 150mg por semana, durante 2 semanas - atenção se o paciente possui alterações hepáticas). O diagnóstico pode ser confirmado por citologia esfoliativa. Candidose eritematosa: mais comum; comum em pacientes que fizeram uso de antibiótico e que possuem xerostomia; sensação de ardência e queimação; pode haver perda das papilas filiformes da língua deixando a língua com aparência lisa; “candidose atrófica aguda” – comum em língua com aparência despapilada e paciente que usou antibioticoterapia; são candidose eritematosa também: “atrofia papilar central” da língua e “glossite romboidal mediana” que podem ser assintomáticas; a “candidose multifocal crônica” atinge língua e palato, pelo contato das regiões; em pacientes que fazem uso de prótese pode aparecer como “candidose atrófica crônica" com eritema localizado na área da prótese, geralmente em palato. Histoplasmose - as manifestações bucais acontecem na forma disseminada da doença, que é a forma mais grave; se caracteriza por lesão ulcerada dolorosa que pode ter bordas elevadas de longa duração, faz DD com carcinoma de células escamosas. Por isso, é necessário realizar biópsia, em que será localizada a presença do fungo no histopatológico. A forma disseminada tem alto risco de mortalidade, o paciente deve ser encaminhado para o infectologista para o tratamento sistêmico em conjunto. Tratamento: antifúngico. Paracoccidioidomicose - comum em zonas rurais, pois o fungo causador vive no solo. É 15x mais comum em homens do que em mulheres. O paciente na forma crônica da doença pode ter emagrecimento, fraqueza, linfadenopatia e comprometimento pulmonar, com tosse, escarro de sangue etc. As lesões em boca geralmente são ulceradas, erosivas, múltiplas, amplas, doloridas, pode ter aspecto morular (principalmente em periodonto), lesões geralmente com fundo hemorrágico (petéquias avermelhadas pela lesão), as lesões podem ter áreas esbranquiçadas devido a membrana fibrinopurulenta. Pode ser realizada biópsia ou citologia esfoliativa. Tratamento: antifúngico - o paciente deve ser encaminhado para o infectologista para o tratamento sistêmico em conjunto. - Parasitárias: Leishmaniose - é uma parasitose causada por um protozoário. A doença atinge pele e mucosas e é transmitida pela picada do mosquito-palha. Acometem geralmente o palato, são lesões ulceradas. - Virais: Herpes vírus simples, tipos 1 e 2 (HHV-1 e HHV-2) - O HSV tipos 1 é mais comum em face e em boca, já o tipo 2 em órgãos genitais. História natural da doença: infecção primária (pode ser assintomática ou não), latência (geralmente no gânglio do nervo trigêmeo – manifestação de 3-9 dias) e infecção recorrente. Em casos de infecção secundária – o vírus pode se reativar por diversos motivos, como estresse, frio etc. A infecção recorrente geralmente acomete o vermelhão do lábio e a pele abaixo do vermelhão do lábio – HERPES LABIAL. Os sinais prodrômicos (fase prodrômica é a fase que precede o aparecimento de sintomas) aparecem de 6-24h antes, como calor no local, prurido, ardência. Vesículas com líquido que rompem formando crosta. Manifestação bucais das lesões: epitélio necrótico, bordas elevadas, amareladas e circulares. Pacientes com HIV: úlceras persistentes com manifestações inespecíficas que simulam ulcerações aftosas. Pacientes com úlceras persistentes e HIV devem receber biópsia, pois pode ser um processo neoplásico ou infeccioso (HSV combinado com HHV-5). Catapora (varicela) e Herpes-Zoster - a catapora é causada pela infecção através do vírus HHV-3, esse vírus pode ficar em latência e se reativar, se manifestando como herpes-zoster. Na varicela, lesões em boca podem estar presentes e, em alguns casos, podem preceder as lesões em pele. Assim, é importante que o cirurgião dentista esteja ciente disso principalmente no manejo de pacientes pediátricos, uma vez que a varicela usualmente ocorre até os 9 anos de idade. Elas iniciam como vesículas branco-opacas que evoluem para úlceras com até 3 mm de diâmetro. O palato e a mucosa jugal são os sítios mais acometidos e as lesões intrabucais costumam ser indolores. Com a reativação do vírus, o herpes-zoster afeta os nervos e causa dor, ardência, formigamento e prurido na região inervada, pode haver febre e mal estar, geralmente acomete a região do tórax. Mononucleose infecciosa - causada pelo HHV-4 (Epstein-Barr) – está associado com a leucoplasia pilosa oral (associado aos pacientes imunossuprimidos com HIV), linfoma e carcinomas. Contato com saliva. Geralmente acomete as tonsilas, além de causar febre e mal estar. Citomegalovírus (HHV-5) - infecção inicial, período de latência e reativação do vírus; o vírus é encontrado nos fluidos corporais; transmissão em crianças pela placenta ou amamentação, na adolescência pela transmissão sexual, pode ocorrer por transplante e transfusão; manifestações bucais são mais associadas ao HIV junto com o CMV. HIV - tem como fases: fase aguda, fase crônica (latência) e AIDS. Fase aguda: paciente pode ser assintomático ou desenvolver SRA (síndrome retroviral aguda) que aparece até o 2º mês da infecção, com sintomas semelhantes ao da mononucleose infecciosa (linfadenopatia, faringite, febre, cefaleia, mialgia, diarreia, erupções maculopapulares etc) – essa fase é extremamente infecciosa. Manifestações bucais: geralmente eritema e ulcerações. Fase crônica (de latência): organismo do paciente tem uma resposta imune que leva a diminuiçãoda viremia; pode ficar em estado de latência assintomática por até 15 anos, mas depende da idade do paciente etc; antes da fase de AIDS pode haver um período de sintomas, como emagrecimento, febre crônica, diarréia, candidose oral, herpes-zoster, leucoplasia pilosa oral (complexo relacionado a AIDS). AIDS: o sistema imune falha no controle do vírus. Daí aumenta a viremia e caem o número de células CD4+ que resulta na AIDS. Há aumento de infecções oportunistas e processos neoplásicos, pneumonia, CMV, HSV, toxoplasmose, 50% dos pacientes podem ter demência pela AIDS. Manifestações orais do HIV: - Candidose: com maioria dos casos sendo a pseudomembranosa e a eritematosa; - Leucoplasia pilosa oral: indica doença avançada, está associada ao EBV-HHV-4; placa branca não destacável, podem ser lisas ou corrugadas, comum em língua; - Sarcoma de Kaposi é uma neoplasia maligna do endotélio vascular, causada pelo HHV-8. O sarcoma de Kaposi se manifesta como múltiplas lesões de pele ou mucosa oral (afeta mais palato duro, gengiva – pode invadir osso e língua). Começa como máculas (geralmente vermelhas, roxas ou marrons) com DIASCOPIA NEGATIVA, que evoluem para placas ou nódulos, que pode se tornar, ao se unir, em uma massa exofítica. Radioterapia não é indicada pela chance de causar mucosite grave. Não necessariamente apresenta metástase nos linfonodos, nem sempre tem um prognóstico ruim. - Linfoma não Hodgkin: neoplasia maligna mais comum em indivíduos com AIDS; pode estar associado com EBV e HHV-8; se manifesta em boca também, pode ser um aumento de tecido ulcerado; geralmente são extranodais; tratamento com quimioterapia. - Linfadenopatia generalizada persistente - Doença periodontal: eritema gengival linear, GUN, periodontite.
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