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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO INTEGRADA EM SAÚDE CURSO DE NUTRIÇÃO MARIANA NAYAH GAMA DE SOUZA RESENHA CRÍTICA LUGAR DE TODA POBREZA Vitória - ES 2021 MARIANA NAYAH GAMA DE SOUZA Resenha crítica: Lugar de Toda Pobreza Trabalho acadêmico apresentado ao curso de Nutrição da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial à obtenção da nota da disciplina de Segurança Alimentar e Nutricional. Orientador: Prof. Alcemi Almeida de Barros Vitória - ES 2021 A presença de pessoas que vivem nas ruas é uma realidade que vem se intensificando a cada ano no Brasil. Cidadãos que perdem suas casas por inúmeros fatores e não possuem condições de se estabelecer em lugares adequados, esse mesmo cenário se mostra no vídeo de 1983 feito por um jornal da cidade de Vitória no Espírito Santo. O documentário se inicia com um relato da líder da associação dos catadores, Leda dos Santos, sobre a desigualdade social existente no Bairro São Pedro. Ela explica que pessoas saem dos arredores do estado e vão para o bairro em busca de um lar e que acabam ficando ali mesmo e sobrevivendo do lixo que é despejado no aterro. O desemprego é um dos principais fatores mais agravantes e que contribui para a ida dessas pessoas a lugares como o bairro São Pedro, a fim de encontrar formas de sobrevivência. Algumas pessoas que vivem ao redor do aterro tentam vender seus terrenos aos moradores do bairro mas devido ao preço alto e a falta de trabalho, as famílias acabam permanecendo no bairro mesmo nas condições precárias que lhe são oferecidas, como, por exemplo, usar e consumir peças de roupa e comidas achadas no meio do lixo. Além do alto risco de contaminação por não usarem nenhum tipo de proteção enquanto reviram os itens, sendo eles lixo comum ou hospitalar, que vem até eles por meio dos caminhões de coleta. Nisso posto, a líder da associação também diz durante a reportagem que já achou todo tipo de material hospitalar mal descartado e que, pela falta de proteção e acesso à tratamentos hospitalares, os sujeitos que residem ali correm um alto risco diariamente de serem contaminados e de perecerem. No vídeo também mostra que existem 15 mil moradores no bairro, porém a cada dia o número aumenta levando em conta as pessoas que chegam de outro lugar com as mesmas condições de vida. Leda também pontua sobre a fome que assola os moradores do aterro com o passar do tempo e como os moradores brigam entre si pelo que acham em um estado decente sem se importar com as bactérias ou germes que podem estar contaminando aquele alimento e até mesmo cogitam comer os urubus que vão para lá pelo mesmo objetivo: achar comida. Há também casos de falta de higiene e recursos básicos como água e energia elétrica, o que dificulta ainda mais o dia a dia dos indivíduos que moram na comunidade. Por não haver água encanada, tarefas como lavar roupas ou tomar banho se torna mais difícil com o passar do tempo e com a ausência de água potável, a povoação do bairro reutilizam a mesma água para beber e cozinhar, trazendo a tona a negligência alimentar que está muito presente até nos dias de hoje. A falta de uma alimentação segura e higiênica também se configura como um fator capaz de impedir a saúde coletiva de toda a associação e a boa convivência entre a população, já que, como dito acima, existem pessoas que brigam entre si e com moradores dos bairros vizinhos. Segundo a constituição da Organização Mundial da Saúde (OMS) “saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social”, ou seja, qualquer dos indivíduos que moram ou não nessas situações não estão tendo condições de saúde adequadas. Todos esses fatores mencionados acima se configuram como violação dos direitos humanos por infringir o Artigo 3º da Declaração Universal dos Direitos Humanos adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (resolução 217 A III) em 10 de dezembro de 1948 que diz direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Um paralelo semelhante ao que foi relatado no documentário é o cenário que se vê em todos País de pessoas em situação de rua por diversos motivos e que não são acolhidas em associações até mesmo por falta de espaço, são pessoas que passam por diversas dificuldades ao longo de sua trajetória e ainda assim são agredidas e coagidas por outros indivíduos mostrando assim a falta de empatia e respeito pelo próximo, o que viola o Artigo 5º dessa mesma declaração que diz que “ninguém pode ser submetido à tortura, à crueldade ou à qualquer tipo de tratamento degradante.” Por fim, para garantir a segurança alimentar dessa comunidade é preciso esforço populacional, desenvolvendo empatia pelos que necessitam, e governamental por meio de mais lares sociais e auxílio necessário até que eles estejam bem estabelecidos, para que finalmente possamos mudar a conjuntura que é vivenciada atualmente por uma parcela social sem lar por todo Brasil.
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