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Literatura Inglesa Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.a Dr.a Palma Simone Tonel Rigolon Revisão Técnica: Prof.ª Dr.ª Nathalia Botura Revisão Textual: Prof. Esp. Bruno Reis Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos 5 • Introdução à civilização britânica • A Idade Média • O Pai do Inglês Moderno: Geoffrey Chaucer • A Era Elizabetana e o Teatro de Shakespeare · Nesta unidade, apresentaremos um panorama sobre a literatura de Inglesa e seus aspectos sócio-históricos. Nosso foco principal é a obra Romeu e Julieta de William Shakespeare. Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos 6 Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos Contextualização Assista ao vídeo sobre a origem da Língua Inglesa acessando-o pelo link (acesso em 18/12/2107): Vídeo: https://youtu.be/3BvUd984jY8 Esse vídeo está em português e o ajudará a entender melhor os temas tratados nessa unidade e a formação da nação britânica. Você deve assistir também a um vídeo em inglês produzido pela The Adventure Of English - 2003 BBC Documentary - Episode 4 (acesso em 18/12/2017): Vídeo: https://youtu.be/3cZR1EXGapc Esse material é bastante completo e certamente lhe dará suporte para compreender a história da Grã-Bretanha e a formação da Língua Inglesa. Esses dois vídeos mostram que a literatura britânica está dividida em três grandes períodos que correspondem às fases linguística e histórica: o período do inglês antigo, ou Old English, de aproximadamente 500 a 1066; o período do inglês médio, ou Middle English, de 1066 a 1486; e o período do inglês moderno, ou Modern English, de 1485 até hoje. Você perceberá, pelas informações presentes nos vídeos, que os registros do período do inglês antigo e sua literatura foram escritos pelos anglo-saxões, cuja língua hoje é praticamente impossível de entender a não ser, é claro, por estudiosos. Atualmente, podemos perceber traços do inglês antigo em algumas palavras que apresentam várias consoantes juntas, como é o caso de strength, quell, drench, crash etc. O inglês médio e o inglês moderno, em seu início, também apresentavam algumas dificul- dades de entendimento. Os escritos de Shakespeare que pertencem ao inglês moderno inicial, como você poderá constatar, apresentam alguma dificuldade de entendimento. Por isso, é importante que você utilize todas as ferramentas e dicas fornecidas nesta unidade. franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce 7 Introdução à Civilização Britânica Iniciaremos nossa viagem discutindo um pouco sobre a civilização britânica. Seus primeiros habitantes foram os celtas, também chamados de bretões. Há pouco conhecimento sobre esse povo, mas há marcas de sua cultura que podem ser vistas hoje, como por exemplo, as ruínas de Stonehenge localizadas na planície de Salisbury, ao sul da Inglaterra, que provavelmente eram um templo celta. fonte: Bernard Gagnon/Wikimedia Commons Os romanos tomaram a terra e deram-lhe o nome de Bretanha por considerarem o local uma província de seu império. Esse local incluía Inglaterra, Gales e a Escócia, que logo passou a ser chamada de Inglaterra (angle land – terra dos anglos). O termo “Bretanha” foi recuperado em 1601 quando o rei James VI da Escócia(1566-1625) tornou-se também rei da Inglaterra passando a ser chamado de rei James I da Inglaterra. Os romanos ficaram no poder por cerca de 400 anos. No século V houve uma migração em massa de povos bárbaros para a ilha. O império romano, já enfraquecido, abandonou a ilha, que foi tomada por esses povos bárbaros. Entre eles, as duas tribos que se destacavam eram os anglos e os saxões, que falavam uma língua comum o anglo-saxão também chamado de “Old English” ou inglês arcaico. Devido ao esforço de missionários irlandeses e romanos, os anglo-saxões foram convertidos ao cristianismo, mas não perderam a crença nos deuses germânicos. Nessa época, a literatura anglo-saxã era somente oral, composta por poetas anônimos cujos poemas passavam oralmente de geração a geração. Foi graças aos monges cristãos que essas narrativas orais foram coletadas e registradas. Essas narrativas eram em forma de verso, pois, assim, era mais fácil de memorizar para contar para as outras pessoas. Borges (2007, p.7) afirma que “parece que o homem canta antes de falar”. Segundo o autor, o verso age como modelo, é repetido e forma-se o poema. O poema mais antigo e mais conhecido na língua inglesa é Beowulf, manuscrito saxão do século X. É considerado o poema mais longo da literatura por ser composto por mais de 3.000 versos. franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce 8 Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos Beowulf é a história de um guerreiro (Beowulf) que viaja com seus guerreiros com o objetivo de matar o monstro Grendel que estava dizimando o reino de Hrothgar. Essa batalha representa a luta do bem contra o mal. Borges (2007, p.13) aponta que Beowulf encarna as virtudes apreciadas na Idade Média, tais como, lealdade, coragem e valentia. “Versos de Virgílio, intercalados no vasto poema, sugerem que seu autor, um clérigo de Nortúmbria, concebeu o estranho projeto de uma ‘Eneida Germânica’. Essa hipótese explicaria os excessos retóricos e a intrincada sintaxe de Beowulf, tão distante da linguagem comum” (Borges, 1997, p.15-16) Não podemos esquecer que a história de Beowulf foi registrada por um monge cristão. Estudiosos acreditam que ao registrar a história possa ter ocorrido interferência dos valores cristãos do monge. Veja o trecho a seguir The eternal Lord avenged the murder on the race of Cain, because he slew Abel. He did not rejoice in that feud. He, the Lord, drove him [Grendel] far from mankind for that crime. Thence sprang all evil spawn, ogres and elves and sea-monsters, giants too, who struggled long time against God. He paid them requital for that http://goo.gl/qhKKWR O trecho anterior mostra a referência feita a Caim e Abel. Vamos continuar essa história? Então vamos discutir um pouco sobre os acontecimentos da Idade Média. Vamos lá! franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce 9 A Idade Média Esse período iniciou-se com a conquista da coroa inglesa pelo rei William (1028-1087), que governava a Normandia. Depois de sua vitória, muitas coisas mudaram na Inglaterra. Rei William compensou seus cavaleiros tornando-os nobres, que construíram castelos e tomaram definitivamente o lugar dos anglo-saxões. Além disso, houve uma mudança significativa com relação à língua, pois os normandos introduziram a língua francesa e consequentemente sua cultura. Com isso a língua francesa passou a ser considerada a língua da nobreza, da cultura. O latim ainda era utilizado na escrita. Já, a língua inglesa continuou a ser falada pelo povo e era então considerada a língua dos incultos. Como resultado de tudo isso, a língua inglesa acabou sendo enriquecida por muitos vocábulos da língua francesa. Já a língua francesa acabou perdendo sua pureza em virtude da distância de sua origem, então o latim acabou ficando como a língua da cultura. É possível encontrar vários textos em latim nos séculos XII e XIII. Segundo Burgess (2008, p. 33) após a conquista Normanda, começaram a aparecer nos textos latinos da Inglaterra figuras heroicas como é o caso do Rei Arthur, lendário personagem que conhecemos de livros e de filmes, não é mesmo? Vamos conhecer mais dessa história e sua relação com a literatura inglesa. O Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda fonte: Wikimedia Commons Essa é uma das histórias mais famosas desde a Idade Média até os dias de hoje. Há muitos filmes, séries, desenhos, gibis,baseados na lenda do Rei Arthur. É uma narrativa sobre a história do Rei Arthur, sua esposa Gwen (Guinevere), e os cavaleiros Percival, Gawain que saíram em busca do cálice sagrado, o Santo Graal (cálice que Jesus teria usado na Última Ceia). franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce 10 Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos Aos cavaleiros da távola são atribuídas as virtudes da época: valentia, coragem, honestidade e lealdade. O cavaleiro só seria destacado se mostrasse sua superioridade sobre os outros cavaleiros. Não há comprovação histórica de que o rei Arthur realmente tenha existido. A távola redonda teria sido pensada por causa de uma briga entre os cavaleiros durante uma festa de Natal porque eles queriam sentar-se em lugar de destaque. Depois desse evento um artesão confeccionou a mesa redonda para que nenhum lugar fosse considerado especial e todos fossem considerados iguais, sem discriminação. Esse era o ideal de igualdade, que não aconteceu na Idade Média, época fortemente hierarquizada e desigual. Uma das características marcantes das lendas do Rei Arthur é que a maior parte de suas histórias foi escrita em francês, que era a língua da nobreza. Entende-se então que esse tipo de literatura era destinada aos nobres. Outro herói lendário bastante famoso é Robin Hood e seus seguidores. Robin Hood, Príncipe dos Ladrões fonte: Louis Rhead (1857–1926)/Wikimedia Commons Também não há registros históricos sobre a existência desse personagem. A história é sobre um herói inglês, fora-da-lei, rebelde justiceiro, que roubava da nobreza para doar aos necessitados por volta do século XIII. Robin pertencia à nobreza e vivia na época das Cruzadas, época do Rei Ricardo Coração de Leão (1157-1199) que deixou o reinado para lutar nas Cruzadas. Ricardo tinha um irmão bastante mesquinho e ganancioso, John, que ficou conhecido como João Sem Terra porque era o filho mais novo e, por isso, não tinha direito às terras como os outros irmãos. Com a partida do Rei Ricardo para as Cruzadas, João assume o Reinado. Foi um rei tirano que causou muitos problemas para os barões da época. Diante de seus desmandos, os barões decidiram dar um fim às atitudes descabidas do Rei João e, juntos elaboraram um documento que lhes garantia o direito de modificar qualquer decisão vinda do rei, foi a Carta Magna, que pode ser considerada um dos fundamentos da constituição britânica. Robin é o herói dos fracos, pobres e honestos, que luta contra as injustiças roubando dos ricos para dar aos pobres. Robin é sempre escoltado por seu fiel companheiro João Pequeno. Segundo Le Goff (2009,p.204) o justiceiro tem um inimigo que representa o “poder político e social, o impiedoso e impopular: xerife de Nottinghan”. Uma característica importante desse personagem é que ele era um arqueiro: I was considered the best archer That was in Merry England. http://goo.gl/EnBygX franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce 11 Seu arco fazia parte dele e o diferenciava dos cavaleiros nobres montados em seus cavalos armados de lança e espada.Le Goff (2009, p.205) aponta que Robin Hood era um herói ambíguo, pois encontrava-se no meio da “justiça e rapina, direito e ilegalidade, revolta e favor, a floresta e a corte”. Veja um trecho da Gesta de Robin Hood em que há a apresentação de nosso herói: Lie and listen, gentlemen That be of freeborn blood I shall tell you of a good yeoman His name was Robin Hood. Robin was a proud outlaw While he walked on ground So courteous an outlaw as he was one Was never found. Robin stood in Bernesdale And leaned against a tree And by him stood Little John A good yeoman was he. And also did good Scarlock And Much the Miller’s son There was no inch of his body But it was worth a man. https://goo.gl/rmEuHr No trecho anterior, percebemos o termo “yeoman” que significa homem do povo, o que mostra que Robin Hood era considerado um homem bom que ajudava os fracos e oprimidos. Também notamos a referência a Little John (João Pequeno) companheiro inseparável de Robin Hood. Foi mencionado anteriormente que a maioria das histórias do Rei Arthur foi escrita em francês, língua da nobreza. Já as aventuras de Robin Hood foram escritas em inglês, que era a língua das pessoas comuns a quem essas histórias eram dirigidas. Já que estamos falando a respeito da evolução da língua inglesa, vamos falar sobre um autor bastante importante que é considerado o pai do inglês moderno: Geoffrey Chaucer. Gesta são cantigas que exaltavam os feitos dos grandes guerreiros na Idade Média. franc Realce franc Realce 12 Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos O Pai do Inglês Moderno: Geoffrey Chaucer Fonte: Wikimedia Commons Segundo Burgess (2008, p. 39) Chaucer viveu em uma época repleta de mudanças sociais e políticas. Acredita-se que tenha nascido por volta de 1340, quando a Guerra dos Cem anos havia começado, período também em que a peste negra assolou a Inglaterra. Burgess (2008, p. 39) aponta que Chaucer pertencia a uma classe em ascensão, era filho de um comerciante de vinhos. Geoffrey aprendeu bastante sobre a aristocracia porque se tornou pajem da condessa de Ulster, foi ainda soldado e casou-se com Phillipa, uma aristocrata. Esse casamento lhe deu oportunidades para participar de missões a serviço do Rei, o que lhe possibilitou contato com outras culturas. O autor afirma que todas essas experiências contribuíram para fazer de Chaucer “um dos mais equipados poetas ingleses” Sua obra prima, Canterbury Tales ou “Os Contos da Cantuária”, tem uma característica muito interessante que é apresentar tanto traços da linguagem oral como da escrita e retratar a forma como as pessoas das várias classes sociais falavam. Esse fato é bastante importante já que naquela época havia muitas pes- soas analfabetas e a língua da cultura era, até então, o francês. Chaucer escreveu sua obra em língua Inglesa e, por causa do pouco vocabulário da língua foi obrigado a cunhar palavras e a fazer empréstimos de outras línguas. Burgess (2008, p.43) afirma que o brilhantismo da obra de Chaucer está na arte de colocar um grupo de seres humanos “de todos os temperamentos e classes sociais – e misturá-los todos, fazê-los contar histórias e fazer com que essas histórias ilustrassem seu caráter, suas personalidades”. Essas pessoas eram peregrinos (as peregrinações eram bastante comuns nessa época) que iam para os lugares sagrados. Os peregrinos de “Os Contos da Cantuária” iam para a cidade sagrada Canterbury, onde Thomas à Becket, santo mártir, assassinado durante o reinado de Henrique II, estava sepultado. And specially in England people ride To Canterbury from every countryside To visit there the blessed martyred saint Who gave them strength when they were sick and faint. https://goo.gl/LKr1df O ponto de partida era a taberna chamada Tabern Inn em Southwark, Londres. As várias histórias eram narradas durante o caminho por várias pessoas de diferentes classes sociais como, por exemplo: advogados, médicos, comerciantes, marinheiros, sacerdotes, cozinheiros, etc. Burgess (2008, p.44) afirma: “Não há fantasmas em Chaucer; sua obra palpita com sangue, é tão quente como a carne com vida”. Ilustração da segunda edição impressa dos Contos da Cantuária (1484) Fonte: Wikimedia Commons franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce 13 Veja a seguir um trecho da obra: In Southwark, at the Tabard one spring day It happened, as I stopped there on my way Myself a pilgrim with a heart devout Ready for Canterbury to set out. https://goo.gl/J4RqLU Percebemos que os peregrinos estão no ponto de encontro, a taberna, estalagemao sul de Londres onde eles pernoitavam para seguirem para Canterbury. O autor se coloca como peregrino (Myself a pilgrim). No prólogo o autor vai apresentando as mais diversas pessoas que farão parte da peregrinação. Veja os excertos a seguir: There with us was a KNIGHT, a worthy man Who, from the very first time he began To ride about, loved honor, chivalry, The spirit of giving, truth and courtesy. (…) There with him was his son, a youthful squire, A lover and knight bachelor to admire. His locks were curled as if set by a press. His age was twenty years or so, I guess. In stature he was of an average height And blest with great agility and might. (…) Now he had brought one servant by his side, A yeoman -with no more he chose to ride. This Yeoman wore a coat and hood of green. (…) There also was a Nun, a prioress, Her smile a very simple one and coy. Her greatest oath was only “By Saint Loy!” https://goo.gl/KhWHPj 14 Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos Cada um desses peregrinos apresentados no prólogo contarão suas histórias ao longo da jornada: o cavaleiro, o escudeiro, o serviçal, a freira e assim por diante. O que não podemos esquecer em relação à essa obra é que Chaucer a escreveu em inglês, quando a língua considerada culturalmente era o francês ou o latim. Foi necessário que o autor introduzisse palavras de outras línguas e cunhasse palavras porque a língua inglesa era bastante pobre, por isso é considerado o Pai do Inglês Moderno. Além disso, sua obra traz traços da oralidade e permite que o leitor perceba a diferença entre os discursos das pessoas que narram as histórias durante a peregrinação. A pronúncia na linguagem dos Contos difere em muitos aspectos da pronúncia do inglês atual, o que dificulta a leitura do original pelo leitor moderno. A maior causa destas diferenças é que a chamada Grande Mudança Vocálica não havia ainda ocorrido completamente e, como consequência, muitas das vogais de Chaucer eram pronunciadas de uma maneira mais parecida ao latim, italiano ou português que ao inglês moderno. Por exemplo, a palavra “been” (particípio passado do verbo to be) era pronunciada “ben” (/be:/, com um longo “e”) ao invés de “bin” (/bi:/, longo “i”) como no inglês moderno. Para entender o enredo de um dos contos intitulado “ A mulher de Bath” , assista ao vídeo: The Wife of Bath’s Tale - animated https://youtu.be/e3cvOm7qStk Nesse link, você encontrará a obra completa “Os Contos da Cantuária”. O conto “A mulher de Bath” encontra-se da página 113 à 118: https://goo.gl/aibERh A seguir vamos discutir sobre outro autor extremamente importante da Literatura Inglesa: William Shakespeare (1564-1616). Você se lembra de alguns livros, filmes, historias desse autor? Tenho certeza que sim. Vou citar alguns para ajudar sua lembrança: Otelo, Hamlet, Muito Barulho por Nada, Sonho de uma Noite de Verão,Dez Coisas que eu Odeio em Você (baseado na obra A Megera Domada), A Tempestade, etc. Tenho certeza de que você deve ter-se lembrado de algumas delas. A seguir discutiremos o contexto sócio-histórico em que Shakespeare estava inserido para que você consiga compreender melhor seus textos e depois passaremos a analisar uma de suas obras mais famosas: Romeu e Julieta. Vamos lá! franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce 15 A Era Elizabetana e o Teatro de Shakespeare fonte: Wikimedia Commons Antes de começarmos a falar sobre Shakespeare é necessário contextualizarmos historicamente o período em que ele viveu até para que possamos entender as características das obras da época. Elizabeth I (1533-1603), era a herdeira de Henrique VIII (1491-1547), rei que rompeu com a Igreja Católica e fundou a Igreja Anglicana. Tudo isso por razões pessoais e políticas. Com relação aos motivos pessoais Henrique VIII queria divorciar-se de Catarina de Aragão para casar-se com Anna Bolena e a igreja Católica não permitiu. Henrique VIII teve uma filha, Maria, com a primeira esposa e queria um filho homem para continuar a sucessão. Então, após o rompimento com a Igreja Católica, casou-se com Anna Bolena e acabou tendo outra filha desse casamento, Elizabeth. Em linhas gerais, no tocante às questões políticas, Henrique VIII tomou as propriedades da Igreja com o objetivo de fortalecer seu reino. Assim, a Igreja passou a ser subordinada ao Estado e o Rei passou a ser a autoridade máxima. O Rei Henrique VIII foi sucedido primeiramente por sua filha Maria, cujo reinado foi bastante breve e complicado para a Inglaterra e depois por Elizabeth. Seu reinado foi um dos mais longos da história da Inglaterra, seu reinado durou 44 anos. Foi uma época de grande desenvolvimento político, econômico e cultural para a Inglaterra. Elizabeth I não teve herdeiros e era chamada de a Rainha Virgem. Era uma mulher forte, determinada e que incentivou enormemente as produções culturais na Inglaterra. Essa também foi a época da colonização dos Estados Unidos. franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce 16 Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos O Teatro de Shakespeare fonte: Tohma/Wikimedia Commons Elizabeth herdou dos Tudors o conhecimento sobre a importância do comércio e do apoio da classe Mercantil à Coroa. Nessa época a busca por riquezas e terras era bastante grande. A Rainha incentivava tudo isso. Além disso, Elizabeth foi grande incentivadora da cultura, seu reinado foi uma época muito importante para o florescimento do teatro inglês. Não é possível falar do teatro inglês sem discutir Shakespeare, não é? Então, vamos a ele. O teatro inglês pode ser dividido entre antes e depois de William Shakespeare. No início, as peças de teatro eram apresentadas nas tabernas na cidade de Londres. Como a cidade era grande, todos os dias um grande número de pessoas chegava por lá, por isso as peças eram apresentadas diariamente. Por causa disso, o Conselho Regional da cidade decidiu banir as apresentações dentro dos limites da cidade. Diante da necessidade de conseguir um local para as apresentações, algumas pessoas começaram a pensar na construção de teatros. O primeiro foi o The Theatre, em seguida o The Rose e depois Shakespeare construiu o The Globe. “Shakespeare’s Globe is the complex housing a reconstruction of the Globe Theatre, an Elizabethan playhouse associated with William Shakespeare, in the London Borough of Southwark, on the south bank of the River Thames. The original theatre was built in 1599, destroyed by fi re in 1613, rebuilt in 1614, and then demolished in 1644. The modern Globe Theatre reconstruction is an academic approximation based on available evidence of the 1599 and 1614 buildings. It is considered quite realistic, though contemporary safety requirements mean that it accommodates only 1400 spectators compared to the original theatre’s 3000. Shakespeare’s Globe was founded in 1997, with a production of Henry V. There is also an exhibition about Shakespeare’s life and work, and regular tours of the two theatres” Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Shakespeare%27s_Globe Shakespeare - The Globe Theatre London tour: https://youtu.be/m3VGa6Fp3zI franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce 17 Nosso foco aqui será Shakespeare e sua obra Romeu e Julieta, tão conhecida por todos nós, não é mesmo? Shakespeare (1564 – 1616) nasceu no quinto ano do reinado da Rainha Elizabeth em Stratford-upon-Avon, estudou na Stratford Grammar School. Segundo registros, Shakespeare casou-se bastante jovem, aos dezoito anos, com Anne Hathaway e tiveram três filhos. Sua obra é composta por 38 peças e 154 sonetos. Sua obra divide-se em três partes: tragédias históricos (ou peças históricas), comédias e tragédias. Shakespeare partiu para Londres por causa de sua paixão pelo teatro, já atuava em muitas peças além de sua paixão por escrevê-las. Participou de algumas companhias e obteve patrocínio do ReiJames I. Em 1599 era dono do teatro The Globe. Nessa época, Shakespeare deixou de atuar e passou apenas a escrever as peças teatrais. Como Shakespeare não publicava suas peças, o material todo era muito disperso; após sua morte esse material foi coletado e suas peças publicadas. Burgess (2008, p.91) aponta que “nas primeiras obras de Shakespeare, Romeu e Julieta e Ricardo II, por exemplo -, o gênio verbal de Shakespeare é lírico, musical”. Segundo Burgess, as peças apresentam falas longas que tecem imagens poéticas. Burgess nos conta que no teatro Elisabetano, os atores tinham contato bastante próximo com a plateia, inclusive parte dela sentava-se no palco, que era “uma mistura de aristocratas, letrados, almofadinhas, gatunos, marinheiros e soldados de licença, estudantes e aprendizes”. Essa audiência tão heterogênea tinha objetivos bastante diferentes que eram contemplados nas peças: Diálogo com o Autor “ação e sangue para os iletrados, belas frases e engenho para os almofadinhas, humor sutil para os refinados, palhaçada escandalosa para os não-refinados, assuntos amorosos para as damas, canção e dança para todos. Shakespeare dá todas essas coisas; nenhum dramaturgo conseguiu dar tanto”. (BURGESS, 2008, p. 92) Vamos ver algumas das características da obra shakespeariana analisando uma de suas peças mais famosas: Romeu e Julieta Romeu e Julieta Essa peça é considerada uma das mais famosas de William Shakespeare. A peça se passa em Verona, por volta de 1500 e tem a duração de quatro dias apenas. Trata-se da história de dois jovens de famílias rivais (Capuletos e Montagues) que acabam se apaixonando. Veja o um trecho do prólogo: ACT I PROLOGUE Two households, both alike in dignity, In fair Verona, where we lay our scene, From ancient grudge break to new mutiny, franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce 18 Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos Where civil blood makes civil hands unclean. From forth the fatal loins of these two foes A pair of star-cross’d lovers take their life; Whole misadventured piteous overthrows Do with their death bury their parents’ strife. The fearful passage of their death-mark’d love, And the continuance of their parents’ rage, Which, but their children’s end, nought could remove, Is now the two hours’ traffic of our stage; The which if you with patient ears attend, What here shall miss, our toil shall strive to mend. O excerto nos mostra que o autor, logo no início, explica o que acontecerá na história: as famílias rivais que cultivam o ódio, o amor proibido dos dois jovens e a morte decorrente desse ódio. Então, o público já sabe que os amantes morrerão antes mesmo do início da peça. Agora, vamos olhar mais cuidadosamente para as personagens principais da obra: Romeu: O nome “Romeu” segundo a cultura popular, significa “amante”. O personagem que no início da trama tece uma paixão não correspondida por Rosaline, vive uma amor puro e verdadeiro por Julieta e acaba se suicidando por achar que sua amada Julieta tinha morrido. Veja o excerto em que Romeu vê Julieta pela primeira vez: ROMEO : [To a Servingman] What lady is that, which doth enrich the hand Of yonder knight? Servant : I know not, sir. ROMEO : O, she doth teach the torches to burn bright! It seems she hangs upon the cheek of night Like a rich jewel in an Ethiope’s ear; Beauty too rich for use, for earth too dear! So shows a snowy dove trooping with crows, As yonder lady o’er her fellows shows. The measure done, I’ll watch her place of stand, franc Realce 19 And, touching hers, make blessed my rude hand. Did my heart love till now? forswear it, sight! For I ne’er saw true beauty till this night. Assim que Romeu põe seus olhos em Julieta, imediatamente se esquece de Rosaline e acende em seu coração uma grande paixão. Romeu que começa como um personagem bastante imaturo no início da peça, vai crescendo e se tornando mais maduro ao longo da trama. Podemos notar a questão da imaturidade quando o personagem decide invadir o jardim de seus inimigos para ver Julieta. A cena em que Julieta aparece na sacada é uma das mais famosas da peça. Observe: [JULIET appears above at a window] But, soft! what light through yonder window breaks? It is the east, and Juliet is the sun. Arise, fair sun, and kill the envious moon, Who is already sick and pale with grief, That thou her maid art far more fair than she: Be not her maid, since she is envious; Her vestal livery is but sick and green And none but fools do wear it; cast it off. It is my lady, O, it is my love! O, that she knew she were! She speaks yet she says nothing: what of that? Her eye discourses; I will answer it. I am too bold, ‘tis not to me she speaks: Two of the fairest stars in all the heaven, Having some business, do entreat her eyes To twinkle in their spheres till they return. What if her eyes were there, they in her head? The brightness of her cheek would shame those stars, As daylight doth a lamp; her eyes in heaven Would through the airy region stream so bright That birds would sing and think it were not night. See, how she leans her cheek upon her hand! O, that I were a glove upon that hand, That I might touch that cheek! JULIET : Ay me! franc Realce 20 Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos Romeu compara Julieta à luz do sol que nasce no leste e espanta a noite, com isso quer dizer que Julieta é tão especial que tem o poder de transformar a noite em dia. Romeu tem certeza de ter encontrado sua verdadeira amada. A maior parte das cenas de impacto da peça acontece tarde da noite ou bem cedo, dessa forma o problema se desenrola durante todo o dia, lembrando que todo o drama acontece em apenas quatro dias. A impulsividade de Romeu, típica da adolescência é marcada também quando a personagem, tomada pela ira acaba matando o primo de Julieta para vingar-se da morte de seu amigo e ainda esse mesmo sentimento o leva a cometer suicídio ao saber que Julieta havia morrido. Julieta: Apesar de seus 13 anos de idade demonstra mais maturidade do que seu amado Romeu. No início da peça, a personagem parece ser uma adolescente sem muita vontade própria que aceita tudo o que é proposto por seus pais e que apenas cumpre ordens. LADY CAPULET: Speak briefly, can you like of Paris’ love? JULIET: I’ll look to like, if looking liking move: But no more deep will I endart mine eye Than your consent gives strength to make it fly. Em seu primeiro encontro com Romeu já é possível perceber traços de amadurecimento da personagem. Após a morte de Teobaldo, Julieta não segue Romeu cegamente, envolvida por seu amor, mas mostra maturidade e discernimento. Romeu vai ao encontro de Julieta e os dois conversam quando sua mãe, Ladu Capuleto, vai ao quarto de Julieta para lhe falar. O discurso de Julieta, também nesse excerto mostra a maturidade da personagem. Julieta já tem planos definidos e não aceita mais tudo o que é proposto pelos pais. Seus pais querem que ela se case com Paris na semana seguinte, mas ela reluta e pede para que o casamento aconteça depois de um mês por causa da morte de Teobaldo. Segue-se uma discussão em que Julieta questiona a decisão dos pais. Observe (Ato 3, cena 5): JULIET : Good father, I beseech you on my knees, Hear me with patience but to speak a word. CAPULET : Hang thee, young baggage! disobedient wretch! I tell thee what: get thee to church o’ Thursday, Or never after look me in the face: Speak not, reply not, do not answer me; My fingers itch. Wife, we scarce thought us blest That God had lent us but this only child; But now I see this one is one too much, And that we have a curse in having her: Out on her, hilding! franc Realce franc Realce franc Realce 21 Nurse : God in heaven bless her! You are to blame, my lord, to rate her so. CAPULET : And why, my lady wisdom? hold your tongue, Good prudence; smatter with your gossips, go. Nurse :I speak no treason. CAPULET : O, God ye god-den. Nurse : May not one speak? CAPULET : Peace, you mumbling fool! Utter your gravity o’er a gossip’s bowl; For here we need it not. LADY CAPULET : You are too hot. CAPULET : God’s bread! it makes me mad: Day, night, hour, tide, time, work, play, Alone, in company, still my care hath been To have her match’d: and having now provided A gentleman of noble parentage, Of fair demesnes, youthful, and nobly train’d, Stuff’d, as they say, with honourable parts, Proportion’d as one’s thought would wish a man; And then to have a wretched puling fool, A whining mammet, in her fortune’s tender, To answer ‘I’ll not wed; I cannot love, I am too young; I pray you, pardon me.’ But, as you will not wed, I’ll pardon you: Graze where you will you shall not house with me: Look to’t, think on’t, I do not use to jest. Thursday is near; lay hand on heart, advise: An you be mine, I’ll give you to my friend; And you be not, hang, beg, starve, die in the streets, For, by my soul, I’ll ne’er acknowledge thee, Nor what is mine shall never do thee good: Trust to’t, bethink you; I’ll not be forsworn. [Exit] JULIET : Is there no pity sitting in the clouds, That sees into the bottom of my grief? 22 Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos O, sweet my mother, cast me not away! Delay this marriage for a month, a week; Or, if you do not, make the bridal bed In that dim monument where Tybalt lies. LADY CAPULET : Talk not to me, for I’ll not speak a word: Do as thou wilt, for I have done with thee. [Exit] Apesar de Julieta questionar os pais, o que mostra a maturidade da personagem, seus “poderes” ainda são muito limitados, pois vive em um mundo extremamente machista, dominado pelos homens. Julieta percebe que tem de acatar as ordens do pai e que a única alternativa para isso seria o suicídio e recorre ao Frei Laurence. Veja abaixo (Ato 4 – cena 1): JULIET : O shut the door! and when thou hast done so, Come weep with me; past hope, past cure, past help! FRIAR LAURENCE : Ah, Juliet, I already know thy grief; It strains me past the compass of my wits: I hear thou must, and nothing may prorogue it, On Thursday next be married to this county. JULIET : Tell me not, friar, that thou hear’st of this, Unless thou tell me how I may prevent it: If, in thy wisdom, thou canst give no help, Do thou but call my resolution wise, And with this knife I’ll help it presently. God join’d my heart and Romeo’s, thou our hands; And ere this hand, by thee to Romeo seal’d, Shall be the label to another deed, Or my true heart with treacherous revolt Turn to another, this shall slay them both: Therefore, out of thy long-experienced time, Give me some present counsel, or, behold, ‘Twixt my extremes and me this bloody knife Shall play the umpire, arbitrating that Which the commission of thy years and art Could to no issue of true honour bring. Be not so long to speak; I long to die, If what thou speak’st speak not of remedy. franc Realce 23 FRIAR LAURENCE : Hold, daughter: I do spy a kind of hope, Which craves as desperate an execution. As that is desperate which we would prevent. If, rather than to marry County Paris, Thou hast the strength of will to slay thyself, Then is it likely thou wilt undertake A thing like death to chide away this shame, That copest with death himself to scape from it: And, if thou darest, I’ll give thee remedy. JULIET : O, bid me leap, rather than marry Paris, From off the battlements of yonder tower; Or walk in thievish ways; or bid me lurk Where serpents are; chain me with roaring bears; Or shut me nightly in a charnel-house, O’er-cover’d quite with dead men’s rattling bones, With reeky shanks and yellow chapless skulls; Or bid me go into a new-made grave And hide me with a dead man in his shroud; Things that, to hear them told, have made me tremble; And I will do it without fear or doubt, To live an unstain’d wife to my sweet love. FRIAR LAURENCE : Hold, then; go home, be merry, give consent To marry Paris: Wednesday is to-morrow: To-morrow night look that thou lie alone; Let not thy nurse lie with thee in thy chamber: Take thou this vial, being then in bed, And this distilled liquor drink thou off; When presently through all thy veins shall run A cold and drowsy humour, for no pulse Shall keep his native progress, but surcease: No warmth, no breath, shall testify thou livest; The roses in thy lips and cheeks shall fade To paly ashes, thy eyes’ windows fall, Like death, when he shuts up the day of life; Each part, deprived of supple government, Shall, stiff and stark and cold, appear like death: And in this borrow’d likeness of shrunk death Thou shalt continue two and forty hours, And then awake as from a pleasant sleep. Now, when the bridegroom in the morning comes To rouse thee from thy bed, there art thou dead: Then, as the manner of our country is, 24 Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos In thy best robes uncover’d on the bier Thou shalt be borne to that same ancient vault Where all the kindred of the Capulets lie. In the mean time, against thou shalt awake, Shall Romeo by my letters know our drift, And hither shall he come: and he and I Will watch thy waking, and that very night Shall Romeo bear thee hence to Mantua. And this shall free thee from this present shame; If no inconstant toy, nor womanish fear, Abate thy valour in the acting it. JULIET : Give me, give me! O, tell not me of fear! FRIAR LAURENCE : Hold; get you gone, be strong and prosperous In this resolve: I’ll send a friar with speed To Mantua, with my letters to thy lord. JULIET : Love give me strength! and strength shall help afford. Farewell, dear father! [Exeunt] Frei Laurance percebe o desespero de Julieta e propõe ajuda, oferecendo-lhe uma outra opção, dar-lhe uma droga que a faria dormir logo após o casamento e que as pessoas pensariam que Julieta estaria morta. Depois de tudo combinado, Julieta toma a poção, todos pensam que ela está morta. Romeu vai ao seu encontro e também acredita em sua morte, desesperado, toma veneno e se mata. Julieta, ao acordar e ver Romeu morto, mata-se também. Essas atitudes de Julieta nos mostram novamente sua força e determinação: primeiro toma a poção sem medo de que possa dar algum problema, depois suicida-se com uma faca, o que também demonstra coragem. Com a morte dos apaixonados Shakespeare retrata a força do destino sobre os seres humanos, porém a ironia de tudo é que o amor dos dois venceu tudo e todos e continuará pela eternidade. Após a suposta morte de Julieta, ironicamente, parece que o ódio dos Capuletos diminuiu em virtude da dor pela morte da filha. Paara ler a obra completa com tradução de Bárbara Heliodora: https://goo.gl/sxqmyM Temas da obra Romeu e Julieta O tema principal da obra é o amor, como já foi explicado e discutido na análise dos per- sonagens acima. Amor incondicional dos jovens de famílias rivais que transcende a vida para viver eternamente pela eternidade. franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce 25 Outro tema bastante importante na obra é o amor como causa da violência. Na peça, a violência está ligada tanto ao amor quanto ao ódio. O amor entre os jovens está ligado à vio- lência desde o início da peça com a morte de Teobaldo. O tema culmina ao final da peça com o duplo suicídio. Também é possível perceber a força dos valores da sociedade que impede que os jovens vivenciem um amor puro e verdadeiro, isso por causa do ódio existente entre as famílias e o poder masculino que impõe que seja feita a vontade dos pais. O papel da mulher também é destaque, pois mesmo Julieta demonstrando amadurecimento e força, não é forte suficiente para derrubar os valores da sociedade tendo de submeter-se à vontade e aos valores da família. A Linguagem na Peça Romeu e Julieta Tenho certeza de que, ao ler os trechos da obra Romeu e Julieta você deve ter percebido que a linguagem utilizada é bastante musical. Burgess (2008, p.91) aponta que a sonoridade daspalavras é muito importante nas peças shakespearianas , porque o autor tinha como objetivo “martelar ou cotejar ou encantar os ouvidos de sua plateia com a linguagem”. Nessa peça percebemos que Shakespeare é lírico, musical. Burgess (2008, p.91) ainda aponta que as longas falas da peça “tecem adoráveis imagens poéticas, brincam com as palavras e os sons”. Vamos ver alguns exemplos dessa genialidade: Julieta diz: ‘Parting is such sweet sorrow.’ A personagem poderia ter dito: “parting is very sad” (partir é muito triste). Mas veja o que Shakespeare genialmente faz: partir é muito triste seria uma frase normal, mas o autor quer mostrar a paixão de Julieta por Romeu, então escolhe os adjetivos “sweet” e “sorrow” (doce e triste), que parecem estar em oposição, mas que na peça mostra o sentimento de Julieta e o amor do jovem casal. Esses adjetivos, além de retratarem o amor eterno dos dois, fazem com que a plateia fique com essa frase na mente. Também notamos o uso de muitas metáforas: Romeu refere-se à Julieta como “the sun” (o sol) ou “an angel” (um anjo). Se pensarmos nas qualidades do astro rei, o sol, poderemos pensar em calor, luminosidade e vida, já que não haveria vida na terra se não houvesse o sol. Com isso o autor mostra o quão importante Julieta é na vida de Romeu, além disso, faz com que a plateia perceba e sinta esse amor tão puro e eterno. Agora é com você. Tente observar outras características como essas na peça. Será um exercício bastante interessante. franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce 26 Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos Material Complementar Para aprofundar e ampliar seus conhecimentos a respeito dos temas que vimos nesta unidade, você deve assistir aos vídeos e ler os textos indicados nesta seção. Lembre-se que a construção do conhecimento pede sua participação e sua produtividade. Nos links a seguir, você poderá aprofundar seus conhecimentos sobre o poema Beowulf, sobre a história da Língua Inglesa, sobre Chaucer, que é considerado o pai do inglês moderno, entre outros assuntos abordados. Os materiais apresentados têm diferentes níveis de dificuldade. Escolha os que estiverem de acordo com sua proficiência linguística. Livro: Beowulf na íntegra: https://goo.gl/1iVvGR Acesso em: 29/03/2018 Site: História da Língua Inglesa, texto em português. Disponível em: https://goo.gl/Utn1ZA Acesso em: 29/03/2018 Vídeos: Vídeo sobre rei Arthur e os Cavaleiros da Távola redonda. Disponível em: https://youtu.be/dK2EOAcWGEE Acesso em: 29/03/2018 27 Referências BORGES, J. L. Curso de literatura inglesa. São Paulo: Martins Fontes, 2006. BURGESS, A. A literatura inglesa. São Paulo: Ática, 2008. SHAKESPEARE, W. Romeo and Juliet. Disponível em: <http://shakespeare.about.com/ od/Romeo-And-Juliet-Text/ > Acesso em: 14 set. 2014. ____________. Romeu e Julieta. Disponível em: <http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/ romeuejulieta.pdf> Acesso em: 14 set. 2014. 28 Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos Anotações Literatura Inglesa Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Dr.a Palma Simone Tonel Rigolon Revisão Técnica: Prof.ª Dr.ª Nathalia Botura Revisão Textual: Prof. Esp. Bruno Reis A Primeira Bíblia em Língua Inglesa, os Poetas Metafísicos e o Primeiro Romance 5 • Da primeira Bíblia em Língua Inglesa ao primeiro romance • Os poetas metafísicos • A Revolução Industrial e os poemas do Romantismo • O primeiro romance inglês: Robinson Crusoe Nesta unidade, trabalharemos vários temas importantes para o entendimento da literatura e cultura Inglesa. Começaremos contando sobre a primeira tradução da Bíblia para a Língua Inglesa e a repercussão disso na cultura e na língua. Depois falaremos um pouco sobre os poetas metafísicos e finalmente sobre o que foi considerado como o primeiro romance em língua Inglesa: Robinson Crusoe de Daniel Defoe. Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. A Primeira Bíblia em Língua Inglesa, os Poetas Metafísicos e o Primeiro Romance 6 Unidade: A Primeira Bíblia em Língua Inglesa, os Poetas Metafísicos e o Primeiro Romance Contextualização Veja no link abaixo um texto sobre a Guerra Civil na Inglaterra, este texto está em inglês e o ajudará a entender melhor a nossa aula: https://goo.gl/LZLo1 Você poderá assistir a uma aula síntese sobre “Revolução Inglesa: Rei X Parlamento e a Guerra Civil (1641-1649)”, no link abaixo: https://youtu.be/EDWJ9CCZ2OM Com relação aos poetas metafísicos você pode pesquisar em: https://goo.gl/Tk84tt Um texto mais elaborado e que está em inglês, você encontrará no site: https://goo.gl/7Ru3GX Após a morte da Rainha Elizabeth I que por não possuir herdeiros, o trono da Inglaterra é assumido por James IV da Escócia, que tornou-se Rei James I da Inglaterra e consolidou a igreja anglicana. Rei James I era opunha-se aos puritanos, seu objetivo era mais político do que religioso, pois queria que a igreja fosse subordinada ao Estado, o que lhe garantiria mais poder. E o que vem a ser puritanismo? Segundo Burgess (2008, p.123) puritanos eram cristãos que queriam um cristianismo mais puro do que aquele atribuído pela Reforma de Henrique VIII. Era uma pureza radical, pois não admitiam tolerância, nem alegria, puniam todo o tipo de vício da maneira mais rigorosa possível. Eram seguidores de João Calvino, que pregava que o livre-arbítrio não existia e que os homens tinham seus destinos traçados desde o início dos tempos. Foram essas diferenças que levaram à Guerra Civil. É claro que todos os acontecimentos históricos influenciam a literatura. O que percebemos é que houve um enfoque na produção de textos sobre a palavra de Deus. Inclusive a primeira tradução da Bíblia para a língua inglesa aconteceu nessa época. franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce 7 Da Primeira Bíblia em Língua Inglesa ao Primeiro Romance A Bíblia era escrita em latim, o que não permitia que as pessoas comuns a lessem, porque esse era o idioma da cultura e da nobreza. Por isso, havia um forte desejo de que existisse uma Bíblia escrita em inglês. Houve várias traduções na Idade Média, mas a mais famosa e considerada a versão autorizada é a chamada Bíblia do Rei James I. Você deve estar se perguntando o porquê do destaque dessa informação. O motivo de sua importância é que a Bíblia teve muita influência na cultura inglesa, pois, por meio dela, a palavra de Deus foi espalhada por todos os cantos, não apenas na Inglaterra. As pessoas aprendiam a ler com a Bíblia e acabavam, consequentemente, se familiarizando com a cultura e os valores cristãos. Outro ponto importante é que a Bíblia influenciou e inspirou vários autores e poetas, como é o caso dos poetas metafísicos que serão discutidos a seguir. Os Poetas Metafísicos Os poetas metafísicos apareceram durante o período do Renascimento (ou Renaissance, em inglês) no final de 1500 e início de 1600. Esses poetas eram bastante criativos e usavam metáforas exageradas com o objetivo de surpreender e chocar o leitor com o inesperado. Esse tipo de linguagem, carregada de metáforas, exageros, comparações com objetos considerados até mesmo grotescos (como o compasso, uma pulga etc.), era uma reação contra a linguagem de Shakespeare e dos demais poetas elisabetanos. Além do poeta John Donne (1572-1631), foco desta unidade, podemos citar outros, tais como George Herbert (1593-1633) e Andrew Marvell (1621-1678). Glossário: Na palavra metafísica, “meta” significa algo além e “física” algo concreto. Um dos grandes nomes da poesia metafísica é John Donne (1572- 1631), que será discutido mais detalhadamente a seguir. O tema dos poetas metafísicos estava relacionado àespiritualidade e à fi losofi a. Os autores utilizavam-se de fi guras pouco convencionais, muitas vezes, consideradas até antipoéticas, com o objetivo de surpreender o leitor. Segundo Burgess (2008, p.118), a poesia de Donne foi desprezada por muito tempo e só veio a ser destacada no século XX. O autor ainda afirma que a obra de Donne pode ser dividida em dois momentos: o início de sua carreira, em que se intitulava Jack Donne e escrevia versos ousados, amorosos, apaixonados e o segundo momento, o do Dr. Donne, capelão da Catedral de São Paulo, que escrevia grandes sermões. Analisaremos aqui um poema de cada fase. Iniciaremos com o poema da primeira fase, intitulado The Flea (“A Pulga”). Veja a seguir os textos em inglês e em português. W ik im ed ia C om m on s franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce 8 Unidade: A Primeira Bíblia em Língua Inglesa, os Poetas Metafísicos e o Primeiro Romance The Flea Mark but this flea, and mark in this, How little that which thou deniest me is; It sucked me first, and now sucks thee, And in this flea our two bloods mingled be; Thou know’st that this cannot be said A sin, nor shame, nor loss of maidenhead, Yet this enjoys before it woo, And pampered swells with one blood made of two, And this, alas, is more than we would do. Oh stay, three lives in one flea spare, Where we almost, nay more than married are. This flea is you and I, and this Our mariage bed, and marriage temple is; Though parents grudge, and you, w’are met, And cloistered in these living walls of jet. Though use make you apt to kill me, Let not to that, self-murder added be, And sacrilege, three sins in killing three. Cruel and sudden, hast thou since Purpled thy nail, in blood of innocence? Wherein could this flea guilty be, Except in that drop which it sucked from thee? Yet thou triumph’st, and say’st that thou Find’st not thy self, nor me the weaker now; ’Tis true; then learn how false, fears be: Just so much honor, when thou yield’st to me, Will waste, as this flea’s death took life from thee. A Pulga Repara nesta pulga e apreende bem Quão pouco é o que me negas com desdém. Ela sugou-me a mim e a ti depois, Mesclando assim o sangue de nós dois. E é certo que ninguém a isto alude Como pecado ou perda de virtude. Mas ela goza sem ter cortejado E incha de um sangue em dois revigorado: É mais do que teríamos logrado. Poupa três vidas nesta que é capaz De nos fazer casados, quase ou mais. A pulga somos nós e este é o teu Leito de núpcias. Ela nos prendeu, Queiras ou não e os outros contra nós, Nos muros vivos deste Breu a sós. E embora possas dar-me fim, não dês: É suicídio e sacrilégio, três Pecados em três mortes de uma vez. Mas tinges de vermelho, indiferente, A tua unha em sangue de inocente. Que falta cometeu a pulga incauta Salvo a mínima gota que te falta? E te alegras e dizes que não sentes Nem a ti nem a mim menos potentes. Então, tua cautela é desmedida. Tanta honra hei de tomar, se concedida, Quanto a morte da pulga à tua vida. Fonte:The Norton Anthology of Poetry (1996). Disponível em: http://www.poetryfoundation.org/poem/175764 Acesso em: 18/12/ 2017 Fonte: Traduzido do inglês por Augusto de Campos. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/folhatee/fm090619.htm Acesso em: 18/12/ 2017 9 No poema, percebemos que o eu-lírico compara a pulga (the flea) ao sexo. Observe: Oh stay, three lives in one flea spare, Where we almost, nay more than married are. This flea is you and I, and this Our mariage bed, and marriage temple is; O poeta está dizendo para sua amada que não vá embora, porque essa pulga tem o sangue do poeta e o dela misturados e, como os fluidos corporais já estão misturados dentro do inseto, sendo assim, não haveria problema algum em fazerem sexo, mesmo sem serem casados. No ponto de vista do eu-lírico, como a pulga é um inseto inofensivo, não haveria problema algum em terem relação sexual, pois, nesse caso, o sexo também seria considerado inofensivo. Depois disso a amada, que recusa-se a fazer sexo com o poeta e mata a pulga, o que deixa o eu-lírico indignado, pois, segundo ele, ela acabara com três vidas: a dela mesma, a dele e a da pulga. Veja abaixo: Cruel and sudden, hast thou since Purpled thy nail, in blood of innocence? Wherein could this flea guilty be, Except in that drop which it sucked from thee? Yet thou triumph’st, and say’st that thou Find’st not thy self, nor me the weaker now; ’Tis true; then learn how false, fears be: Just so much honor, when thou yield’st to me, Will waste, as this flea’s death took life from thee. Percebemos então a característica do poema metafísico que é usar algo inusitado para, nesse caso, falar de sexo. O eu-lírico compara a pulga com o ato sexual e o faz de maneira brilhante. Com relação à linguagem, notamos que o autor faz uso da linguagem coloquial e direta, carregada de ironia e paradoxos. As imagens incomuns, como é o caso da pulga, surpreende o leitor com o inesperado – objetivo dos poetas metafísicos. franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce 10 Unidade: A Primeira Bíblia em Língua Inglesa, os Poetas Metafísicos e o Primeiro Romance Agora, vamos analisar outro poema, desta vez, da segunda fase de Donne, quando o autor era capelão da Catedral de São Paulo. O poema é Hymn To God, My God, In My Sickness. Veja-o a seguir. Hymn To God, My God, In My Sickness Since I am coming to that holy room, Where, with thy choir of saints for evermore, I shall be made thy music; as I come I tune the instrument here at the door, And what I must do then, think here before. Whilst my physicians by their love are grown Cosmographers, and I their map, who lie Flat on this bed, that by them may be shown That this is my south-west discovery, Per fretum febris, by these straits to die, I joy, that in these straits I see my west; For, though their currents yield return to none, What shall my west hurt me? As west and east In all flat maps (and I am one) are one, So death doth touch the resurrection. Is the Pacific Sea my home? Or are The eastern riches? Is Jerusalem? Anyan, and Magellan, and Gibraltar, All straits, and none but straits, are ways to them, Whether where Japhet dwelt, or Cham, or Shem. We think that Paradise and Calvary, Christ’s cross, and Adam’s tree, stood in one place; Look, Lord, and find both Adams met in me; As the first Adam’s sweat surrounds my face, May the last Adam’s blood my soul embrace. So, in his purple wrapp’d, receive me, Lord; By these his thorns, give me his other crown; And as to others’ souls I preach’d thy word, Be this my text, my sermon to mine own: “Therefore that he may raise, the Lord throws down.” Disponível em: http://www.poetryfoundation.org/poem/173370. Acesso em: 18/12/ 2017 franc Realce 11 Percebemos que o eu-lírico morrerá em breve. Ele compara os médicos a cosmógrafos (especialistas na descrição do mundo por meio da astronomia) e a si mesmo a um mapa esticado sobre a mesa para ser mostrado/estudado, porém mostra-se feliz, já que a morte está relacionada à ressurreição. Esse poema foi escrito antes da morte do autor e, segundo estudiosos, representa sua tentativa de resumir o que se passava em sua mente em breves palavras, como uma tentativa de oferecer um sermão à sua própria alma. Observe: Since I am coming to that holy room, Where, with thy choir of saints for evermore, I shall be made thy music; as I come I tune the instrument here at the door, And what I must do then, think here before. Os versos referem-se à imagem de Donne como um mapa queé observado pelos médicos, que percebem que sua morte é inadiável. O verso Look Lord, and find both Adam met in me define que o eu-lírico pede a ajuda de Cristo (segundo Adão) para purificar sua alma. Donne termina escrevendo um sermão para sua própria alma, da mesma maneira que pregava pelas almas das pessoas quando era padre. Agora que você já sabe um pouco sobre a poesia metafísica, que tal ler um outro poema e tentar comparar com os que foram analisados aqui? Já que estamos falando de poesia, vamos continuar nossa viagem discutindo sobre a poesia do romantismo. Você perceberá que será bem diferente dos poemas metafísicos que acabamos de ver. Mas, antes de chegarmos aos poemas, temos de fazer referência ao contexto sócio- histórico para que você consiga entender melhor a trajetória da literatura britânica. Você já deve ter estudado no Ensino Médio alguma coisa sobre a Revolução Industrial, não é? Vamos relembrar? franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce 12 Unidade: A Primeira Bíblia em Língua Inglesa, os Poetas Metafísicos e o Primeiro Romance A Revolução Industrial e os Poemas do Romantismo A revolução Industrial foi um período de grandes mudanças no mundo, nos séculos XVIII e XIX. A principal mudança foi a substituição do trabalho artesanal pelo uso de máquinas que invadiram o continente europeu. No século XVIII, a maior parte da população vivia na zona rural e vivia da plantação, claro que de maneira bastante artesanal. A mudança foi drástica e fez com que muitos camponeses migrassem para os centros urbanos, então, a classe dos agricultores e artesãos transformou-se no proletariado urbano. Os camponeses saíram da área rural para a cidade com o objetivo de trabalhar nas fábricas. O grande problema foi que as cidades não tinham estrutura para abrigar todas essas pessoas que migravam para lá. Como consequência, as condições de trabalho, saúde, moradia eram péssimas. Isso fez com que muitas pessoas acabassem morrendo, já que não havia sistema de saúde, saneamento básico etc. Diante desse caos, apareceram dois movimentos com o intuito de ajudar essas pessoas carentes: um deles foi o Metodismo, que era um movimento religioso e ajudava as classes menos favorecidas; o outro foi o dos Sindicatos, que davam apoios aos trabalhadores em situação de doença, desemprego. Como você já deve ter observado, todo contexto social é refletido na literatura. Nesse período, percebemos essa influência nos poemas, principalmente com relação às questões sociais, como a luta contra a escravidão, melhores condições de vida aos trabalhadores, a situação insalubre dos centros urbanos. Os poetas do Romantismo podem ser vistos em dois grupos, chamados de primeira e segunda gerações. Os poetas da primeira geração são: • William Blake (1757-1827), considerado precursor do romantismo; • William Wordsworth (1770-1850) e • Samuel Taylor Coleridge (1732-1834). Os poetas da segunda geração são: • Lord Byron (1788-1824); • John Keats (1795-1821) e • Percy Shelley (1792-1822). Nosso enfoque será um dos poemas de William Blake, London, que retrata a situação social da Revolução Industrial. Leia o poema a seguir em inglês e em português. franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce 13 London I wander thro’ each charter’d street, Near where the charter’d Thames does flow. And mark in every face I meet Marks of weakness, marks of woe. In every cry of every Man, In every Infants cry of fear, In every voice: in every ban, The mind-forg’d manacles I hear How the Chimney-sweepers cry Every black’ning Church appalls, And the hapless Soldiers sigh Runs in blood down Palace walls But most thro’ midnight streets I hear How the youthful Harlots curse Blasts the new-born Infants tear And blights with plagues the Marriage hearse Londres Vagueio por estas ruas violadas, Do violado Tamisa ao derredor, E noto em todas as faces encontradas Sinais de fraqueza e sinais de dor. Em toda a revolta do Homem que chora, Na Criança que grita o pavor que sente, Em todas as vozes na proibição da hora, Escuto o som das algemas da mente. Dos Limpa-chaminés o choro triste As negras Igrejas atormenta; E do pobre Soldado o suspiro que persiste Escorre em sangue pelos Palácios que sustenta. Mas nas ruas da noite aquilo que ouço mais É da jovem Prostituta o seu fadário, Maldiz do tenro Filho os tristes ais, E do Matrimónio insulta o carro funerário. Fonte: http://www.poetryfoundation.org/poem/172929. Acesso em: 18/12/ 2017 Fonte: Canções da Experiência, tradução de Hélio Osvaldo Alves. Disponível em: http://www.citador.pt/poemas/londres-william-blake. Acesso em: 18/12/ 2017 Ouça o poema musicado, disponível em: https://youtu.be/PkGi_XAhtPc Acesso em: 18/12/ 2017 Tenho certeza de que você deve ter percebido várias das características que mencionamos ao discutir os centros urbanos insalubres da Revolução Industrial. O poeta nos passa a imagem de desolação e sofrimento que existia na cidade e as pessoas que vivem ali, como o limpa- chaminés, o soldado, a mulher que, sem alternativa, torna-se prostituta. O autor nos passa a impressão de que ele está vendo tudo o que acontece na cidade. Percebemos isso por meio dos verbos wonder e meet, (“vagueio” e “noto”, na tradução). Observe a terceira e a quarta estrofes. Nelas, o poeta nos passa a ideia de que ele percebe (quase pode sentir) o sofrimento das pessoas. franc Realce franc Realce 14 Unidade: A Primeira Bíblia em Língua Inglesa, os Poetas Metafísicos e o Primeiro Romance How the Chimney-sweepers cry Every black’ning Church appalls, And the hapless Soldiers sigh Runs in blood down Palace walls But most thro’ midnight streets I hear How the youthful Harlots curse Blasts the new-born Infants tear And blights with plagues the Marriage hearse O choro do limpa-chaminés, o suspiro do soldado, a prostituta que pragueja o próprio filho que chora. Agora que já vimos um poema ilustrativo do Romantismo, vamos estudar a obra que foi considerada o primeiro romance inglês: Robinson Crusoe, de Daniel Defoe (1660-1731). 15 O Primeiro Romance Inglês: Robinson Crusoe Antes de começarmos a discutir esse romance, sugiro que você busque informações a respeito da obra e leia-a, tenho certeza de que lhe será de grande valia. fonte: Wikimedia Commons Defoe (1660-1731) e seus outros dois contem- porâneos, também considerados precursores do gê- nero romance, Samuel Richardson (1689-1761) e Henry Fielding (1707-1754), retratam em suas nar- rativas a nova realidade social da Inglaterra, ou seja, suas transformações sociais do século XVIII. Vasconcelos (2003, p. 25) discute que, antes do gê- nero romance aparecer, o que havia na época era o chamado romanesco, que tinha como característica o fantástico, o fabuloso, e focalizava príncipes e princesas que narravam acontecimentos absurdos, irreais. Já no romance, os temas são ligados à realidade em que personagens e enredo são entrelaçados com o objetivo de produzir no leitor uma ideia de que a história narrada é verdadeira, a chamada verossimilhança na literatura. Watt (1996, p. 15) aponta que os autores do romance, com o objetivo de conseguir essa verossimilhança, utilizavam em suas narrativas cartas, relatos, diários e usavam também muita descrição, para que os leitores conseguissem “visualizar” os ambientes. Todas essas estratégias envolvem o leitor de tal maneira que ele parece realmente participar da narrativa. Robinson Crusoe é baseado na história do marinheiro escocês Alexander Selkirk (1626- 1721), que foi abandonado na ilha de Juan Fernandez em 1709 e depois sofreu um naufrágio. Essa ilha, assim como a ilha de Crusoe, era desabitada. A obra foi escrita no século XVIII, quando as pessoas estavam em busca de terras para serem colonizadas.Ao colonizarem essas terras, como forma de poder, eram impostas a língua, a cultura e a religião do colonizador. Defoe nasceu em 1660, durante o início do período da restauração da monarquia Britânica, após a Guerra Civil Inglesa. Era de família presbiteriana, que acreditava na soberania de Deus, na palavra das Escrituras, em predestinação, na redenção por meio de boas ações e, principalmente, na fé em Deus e em Jesus Cristo. Vamos começar então com um breve resumo para que você se lembre de alguns fatos da leitura que certamente você já fez. franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce 16 Unidade: A Primeira Bíblia em Língua Inglesa, os Poetas Metafísicos e o Primeiro Romance Robinson Crusoe: o romance O personagem principal é um puritano, nascido em 1602, que desafia a autoridade de seus pais e sai para os mares em busca de seus sonhos. Em sua primeira viagem com um amigo, acontece o primeiro naufrágio. Chegam à cidade de Yarmouth e são acolhidos pelas autoridades. Nosso personagem não desiste, conhece um capitão que viajava bastante e começa a viajar com ele. Muitas aventuras acontecem, inclusive a captura do navio por piratas, quando Robinson é capturado e obrigado a ser escravo do capitão. Finalmente consegue fugir e acaba vindo para o Brasil, onde se torna um fazendeiro próspero por um período de quatro anos. Com o intuito de conseguir escravos para o trabalho na fazenda, segue rumo à África, mas, na verdade, Crusoe era atraído muito mais pela aventura do que pela busca pela riqueza. Novamente acontece um naufrágio e nosso herói acaba chegando a uma ilha deserta. Acaba se utilizando dos destroços do navio para sua sobrevivência. Constrói abrigo, alimenta- se do que consegue encontrar e do que ainda restava no navio. Nosso náufrago fica nessa ilha por 28 anos. Nesse meio tempo, muitas coisas acontecem. Vai melhorando sua “casa”, encontra sementes de milho no navio e acaba conseguindo fazer uma plantação e assim vai sobrevivendo. Em uma das expedições à ilha, acaba vendo um grupo de canibais, o que o deixa amedrontado. Esses canibais iam à ilha de tempos em tempos para uma espécie de ritual canibalesco. Robinson começa a preparar armas caso os canibais resolvam atacá-lo. Depois de um tempo, encontra os canibais novamente, mas, dessa vez, eles estão com dois nativos. Um deles morre, o outro acaba fugindo e encontra Crusoe. Nosso herói o leva para casa, o nomeia de Sexta-feira e pede para que seu futuro amigo o chame de “Master”. Como Sexta-feira não fala a língua de Crusoe, acabam se comunicando de maneira bastante rudimentar. Com o passar do tempo Crusoe lhe ensina a língua e os conhecimentos cristãos. Ficam bastante amigos. Depois de passar 28 anos na ilha e de muitas aventuras, aparece a oportunidade de voltar. Crusoe e seu fiel amigo voltam para a Inglaterra. Vai ao Brasil. De volta à Inglaterra, acaba se casando e sendo pai de três filhos. Mas a aventura mora dentro do nosso herói, como se estivesse em seu sangue, então, Crusoe volta à ilha em que havia vivido por tanto tempo e onde tinha deixado amigos espanhóis. Leva algumas mulheres, faz um loteamento da terra e as pessoas ficam ali, vivendo naquele novo mundo. Análise da obra Vamos começar pensando um pouco sobre o nosso protagonista, Robinson Crusoe. Você deve ter observado que ele tem características de herói, apesar de algumas fraquezas e alguns medos demonstrados ao longo da narrativa. Crusoe é bastante corajoso, determinado e enfrenta todas as dificuldades que aparecem. Constrói seus utensílios, trabalha bastante para ter uma vida confortável na medida do possível. Apesar de toda a adversidade, o personagem faz tudo para levar uma vida digna e se enxerga como o “senhor” de sua própria vida. franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce 17 Também percebemos essa “vaidade” quando ele pede a Sexta-feira que o chame de “Master” (mestre), a primeira palavra a lhe ser ensinada antes mesmo de “sim” e “não”. Além disso, Crusoe o trata como um serviçal, claro que a relação dos dois vai se estreitando ao longo da história, mas o traço de superioridade está sempre presente. Confira a seguir. In a little time I began to speak to him; and teach him to speak to me: and first, I let him know his name should be Friday, which was the day I saved his life: I called him so for the memory of the time. I likewise taught him to say Master; and then let him know that was to be my name: I likewise taught him to say Yes and No and to know the meaning of them (DEFOE, 2000, p.186-187). O que percebemos é que Defoe aponta as características do homem moderno em Crusoe: a coragem, a determinação, a vaidade, a ânsia pelo conforto material. Já a relação com Sexta- feira mostra o poder do colonizador sobre o colonizado, a relação de superioridade. É nítido o esforço de Crusoe para “civilizar” Sexta-feira (papel do colonizador frente ao colonizado). A religião também tem papel importante na vida do personagem. Só para lembrar, Crusoe era puritano. O personagem encontra Bíblias no navio e as leva para sua “casa”. No início, começa a ler a Bíblia em situações difíceis, mas depois cria um hábito e sua leitura acontece diariamente. Se pensarmos nas características dos puritanos, perceberemos muitas delas em nosso herói: eles acreditavam que as atividades produtivas, a fé em Deus e o sucesso estavam relacionados. Veja o trecho a seguir: “Now, said I aloud, My dear Father’s Words are come to pass: God’s Justice has overtaken me, and I have none to help or hear me: I rejected the Voice of Providence” (DEFOE, 2000, p. 67). O excerto mostra que o personagem tem certeza de que Deus o está ajudando e que, por causa dessa ajuda, da justiça de Deus, ele não tem mais nada a temer. Outro ponto que vale notar é a ideia de “imperialismo” bastante presente na obra. Crusoe era o imperador da ilha. Essa ideia acontece gradativamente. O personagem começa a construir sua “casa”, a fazer seus utensílios e acaba se “apossando” da ilha, sente-se dono dela. Crusoe representa o Estado, exerce influência sobre todos na ilha: objetos, animais e, mais tarde, o poder na relação com Sexta-feira. Observe a seguir. My island was now peopled, and I thought myself very rich in subjects; and it was a merry reflection, which I frequently made, how like a king I looked. First of all, the whole country was my own mere property, Baso that I had an undoubted right of dominion. Secondly, my people were perfectly subjected. I was absolute lord and lawgiver, they all owed their lives to me, and were ready to lay down their lives, if there had been occasion of it, for me (DEFOE, 2000, p. 200, grifo nosso). franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce 18 Unidade: A Primeira Bíblia em Língua Inglesa, os Poetas Metafísicos e o Primeiro Romance O trecho nos mostra a ideia de propriedade do personagem, que se compara a um rei, que entende que é dono de tudo, típico do pensamento do colonizador. Crusoe, como colonizador, impõe sua língua, sua religião e seus hábitos ao colonizado Sexta-feira. Veja o exemplo a seguir: From these things, I began to instruct him in the knowledge of the true God; I told him that the great Maker of all things lived up there, pointing up towards heaven; that He governed the world by the same power and providence by which He made it; that He was omnipotent, and could do everything for us, give everything to us, take everything from us; and thus, by degrees, I opened his eyes. He listened with great attention, and received with pleasure the notion of Jesus Christ being sent to redeem us; and of the manner ofmaking our prayers to God, and His being able to hear us, even in heaven. He told me one day, that if our God could hear us, up beyond the sun, he must needs be a greater God than their Benamuckee, who lived but a little way off, and yet could not hear till they went up to the great mountains where he dwelt to speak to them (DEFOE, ano, p. 196). Como já dito anteriormente, o fato de Crusoe ensinar sua religião a Sexta-feira é uma das características de poder, o poder do colonizador sobre o colonizado que impõe sua religião, sua língua, sua cultura etc. Apesar de já termos falado sobre Sexta-feira, ainda não analisamos esse personagem, não é mesmo? Então, diante das informações e leituras que você já fez, vamos pensar em algumas características desse personagem? Sexta-feira é um nativo caribenho de cerca de 26 anos de idade. Esse personagem representa todos os nativos da América, da Ásia e da África que foram oprimidos pelos colonizadores do imperialismo europeu. Além dessa importante representação, Sexta-feira demonstra, muitas vezes, ter mais sentimento com relação à família do que Crusoe. Na narrativa, Crusoe nunca menciona sentir falta de sua família, enquanto Sexta-feira, ao encontrar o pai, pula e canta para demonstrar o quão feliz está com o reencontro. Veja que emocionante. But when Friday came to hear him speak, and look in his face, it would have moved any one to tears to have seen how Friday kissed him, embraced him, hugged him, cried, laughed, hallooed, jumped about, danced, sang; then cried again, wrung his hands, beat his own face and head; and then sang and jumped about again like a distracted creature. It was a good while before I could make him speak to me or tell me what was the matter; but when he came a little to himself he told me that it was his father (DEFOE, 2000, p. 215). A maneira pela qual o autor descreve essa cena permite que o leitor possa sentir a felicidade de Sexta-feira ao reencontrar seu pai. Todo esse sentimento demonstrado pelo personagem nos permite notar que Crusoe não tem essa emoção pelos pais, pela família. Na verdade, a característica mais marcante de Robinson é o materialismo e o individualismo e é Sexta-feira que ameniza esses traços. franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce 19 Um ótimo desfecho para essa história é perceber que o sentimento de Crusoe em relação a Sexta- feira é grande e verdadeiro, é muito mais do que gostar de um serviçal. Apesar de não demonstrar seus sentimentos, o personagem afirma amar Sexta-feira. Sexta-feira oferece a seu mestre, amor, emoção, paz de espírito, sentimentos que faltam no coração europeu. Veja o excerto. Besides the pleasure of talking to him, I had a singular satisfaction in the fellow himself: his simple, unfeigned honesty appeared to me more and more every day, and I began really to love the creature; and on his side I believe he loved me more than it was possible for him ever to love anything before (DEFOE, 2000, p. 193, grifo nosso). Podemos perceber que Sexta-feira tocou o coração de Crusoe quando ele diz “I began really to Love the creature” mesmo que ainda dirija-se a ele como “criatura” ou “selvagem”. Com relação à narrativa realista, como já mencionamos, sabemos que o autor usa estratégias linguísticas para envolver o leitor na história e a narra como se fosse fatos reais. Uma dessas estratégias é a utilização do narrador em primeira pessoa, pronome “eu”, que passa ao leitor uma sensação de familiaridade, de proximidade com o leitor, além disso, dá a impressão de autenticidade, de que a história é real. Esse é um dos motivos pelo qual Defoe é considerado o precursor do romance realista. A narrativa em primeira pessoa exprime uma relação de confidencialidade entre autor e leitor. Observe essas características no trecho a seguir do começo da obra. I was born in York, England in 1632. My father was from Bremen in Germany and had moved to England for business. His family name was Kreutznaer, but English people aren’t very comfortable with foreign names. Everyone started to call my father Crusoe instead of Kreutznaer, so eventually our family name became Crusoe. I had two elder brothers, one of whom was lieutenant-colonel to an English regiment of foot in Flanders, formerly commanded by the famous Colonel Lockhart, and was killed at the battle near Dunkirk against the Spaniards. What became of my second brother I never knew, any more than my father or mother knew what became of me (DEFOE, 2000, p. 3). Conforme já discutido anteriormente, a narrativa realista passa a ideia de que tudo o que acontece é realmente verdade. Além de o autor capturar a atenção do leitor já no início da narrativa ao utilizar a primeira pessoa I/eu. Watt (1996, p. 34-35) aponta que outro traço marcante é quando o personagem conta sobre sua família, oferecendo ao leitor informações de datas, locais, dados econômicos e sociais que também remetem o leitor a pensar que se trata de algo real. É como se estivesse compartilhando os fatos de sua vida. Além disso, no segundo parágrafo, o autor relaciona a narrativa a um fato real, a Guerra Espanhola, outra característica do realismo, o que corrobora a percepção do leitor para a ideia de uma história real. Essa obra é um marco da literatura inglesa. Tenho certeza de que você aproveitou a leitura, não só pelas informações relevantes da literatura, mas também porque a história é interessante e envolvente. Continue lendo! franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce franc Realce 20 Unidade: A Primeira Bíblia em Língua Inglesa, os Poetas Metafísicos e o Primeiro Romance Material Complementar Caro aluno, aproveite o material elencado abaixo para aprimorar seu conhecimento: Vídeo: Assista a uma palestra bastante interessante sobre o poeta metafísico John Donne: https://youtu.be/D2Ulrvt-7xU Há materias excelentes disponíveis na internet sobre a obra que enfocamos nesta unidade, Robinson Crusoe de Daniel Defoe: A seguir apresento três endereços o primeiro é um áudio book, que está em inglês e que você poderá, além de ouvir a obra em qualquer lugar que esteja, ainda praticar a habilidade da audição. No segundo link, você encontrará a obra completa em inglês e no terceiro a obra em português Livros: https://goo.gl/qqkB5f (audio book) https://goo.gl/MK4e3w (e-book em inglês) https://goo.gl/MQSrGC (e-book em português) Filme: Veja o trailer do fi lme Robinson Crusoe com Pierce Brosnan: https://youtu.be/3nXblCMnetI E depois, claro, assista ao filme. 21 Referências BORGES, J. L. Curso de literatura inglesa. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2006. BURGESS, Anthony. A literatura inglesa. São Paulo: Ática, 2008. VASCONCELOS, S. A Formação do Romance Brasileiro. http://www.iel.unicamp.br/ memoria/caminhos/ensaios, acesso em 24 de setembro de 2014. WATT, Ian. A Ascenção do Romance: estudos sobre Defoe, Richardson, Fielding. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. Watt, Ian. Myths of Modern Individualism. Cambridge: Cambridge University Press, 1996. 22 Unidade: A Primeira Bíblia em Língua Inglesa, os Poetas Metafísicos e o Primeiro Romance Anotações Literatura Inglesa Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Dr.a Palma Simone Tonel Rigolon Revisão Técnica: Prof.ª Dr.ª Nathalia Botura Revisão Textual: Prof. Esp. Bruno Reis A Era Vitoriana: Auge do Império Britânico 5 • A rainha Vitória (1819-1901) e o desenvolvimento mundial • Oscar Wilde: O príncipe feliz • Charlotte Brontë: Jane Eyre Nesta Unidade, nosso enfoque será a era vitoriana. · A rainha Vitória (1819-1901) foi a governante que ficou no poder mais tempo na história da monarquia Inglesa: 64 anos. · Com relação à literatura, abordaremos um romance e um conto. Os autores focalizados serão o irlandês naturalizado inglês Oscar Wilde, com o conto The
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