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1 - Apostilas - Literatura Inglesa

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Prévia do material em texto

Literatura Inglesa
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.a Dr.a Palma Simone Tonel Rigolon
Revisão Técnica:
Prof.ª Dr.ª Nathalia Botura
Revisão Textual:
Prof. Esp. Bruno Reis
Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos
5
• Introdução à civilização britânica
• A Idade Média
• O Pai do Inglês Moderno: Geoffrey Chaucer
• A Era Elizabetana e o Teatro de Shakespeare
 · Nesta unidade, apresentaremos um panorama sobre a literatura de Inglesa e 
seus aspectos sócio-históricos. Nosso foco principal é a obra Romeu e Julieta de 
William Shakespeare.
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar 
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
Origem da Língua Inglesa: 
Os Primeiros Textos
6
Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos
Contextualização
Assista ao vídeo sobre a origem da Língua Inglesa acessando-o pelo link (acesso em 
18/12/2107):
Vídeo: https://youtu.be/3BvUd984jY8
Esse vídeo está em português e o ajudará a entender melhor os temas tratados nessa 
unidade e a formação da nação britânica.
Você deve assistir também a um vídeo em inglês produzido pela The Adventure Of English 
- 2003 BBC Documentary - Episode 4 (acesso em 18/12/2017):
Vídeo: https://youtu.be/3cZR1EXGapc
Esse material é bastante completo e certamente lhe dará suporte para compreender a 
história da Grã-Bretanha e a formação da Língua Inglesa.
Esses dois vídeos mostram que a literatura britânica está dividida em três grandes períodos 
que correspondem às fases linguística e histórica: o período do inglês antigo, ou Old English, 
de aproximadamente 500 a 1066; o período do inglês médio, ou Middle English, de 1066 a 
1486; e o período do inglês moderno, ou Modern English, de 1485 até hoje.
Você perceberá, pelas informações presentes nos vídeos, que os registros do período do 
inglês antigo e sua literatura foram escritos pelos anglo-saxões, cuja língua hoje é praticamente 
impossível de entender a não ser, é claro, por estudiosos. Atualmente, podemos perceber 
traços do inglês antigo em algumas palavras que apresentam várias consoantes juntas, como 
é o caso de strength, quell, drench, crash etc.
O inglês médio e o inglês moderno, em seu início, também apresentavam algumas dificul-
dades de entendimento. Os escritos de Shakespeare que pertencem ao inglês moderno inicial, 
como você poderá constatar, apresentam alguma dificuldade de entendimento. Por isso, é 
importante que você utilize todas as ferramentas e dicas fornecidas nesta unidade.
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Introdução à Civilização Britânica
Iniciaremos nossa viagem discutindo um pouco sobre a civilização britânica. Seus primeiros 
habitantes foram os celtas, também chamados de bretões. Há pouco conhecimento sobre esse 
povo, mas há marcas de sua cultura que podem ser vistas hoje, como por exemplo, as ruínas 
de Stonehenge localizadas na planície de Salisbury, ao sul da Inglaterra, que provavelmente 
eram um templo celta.
fonte: Bernard Gagnon/Wikimedia Commons
Os romanos tomaram a terra e deram-lhe o nome de Bretanha por considerarem o local 
uma província de seu império. Esse local incluía Inglaterra, Gales e a Escócia, que logo passou a 
ser chamada de Inglaterra (angle land – terra dos anglos). O termo “Bretanha” foi recuperado 
em 1601 quando o rei James VI da Escócia(1566-1625) tornou-se também rei da Inglaterra 
passando a ser chamado de rei James I da Inglaterra. 
 Os romanos ficaram no poder por cerca de 400 anos. No século V houve uma migração 
em massa de povos bárbaros para a ilha. O império romano, já enfraquecido, abandonou a 
ilha, que foi tomada por esses povos bárbaros. 
Entre eles, as duas tribos que se destacavam eram os anglos e os saxões, que falavam uma 
língua comum o anglo-saxão também chamado de “Old English” ou inglês arcaico. 
Devido ao esforço de missionários irlandeses e romanos, os anglo-saxões foram convertidos 
ao cristianismo, mas não perderam a crença nos deuses germânicos.
Nessa época, a literatura anglo-saxã era somente oral, composta por poetas anônimos 
cujos poemas passavam oralmente de geração a geração.
Foi graças aos monges cristãos que essas narrativas orais foram coletadas e registradas. 
Essas narrativas eram em forma de verso, pois, assim, era mais fácil de memorizar para contar 
para as outras pessoas. Borges (2007, p.7) afirma que “parece que o homem canta antes de 
falar”. Segundo o autor, o verso age como modelo, é repetido e forma-se o poema. 
O poema mais antigo e mais conhecido na língua inglesa é Beowulf, manuscrito saxão 
do século X. É considerado o poema mais longo da literatura por ser composto por mais de 
3.000 versos. 
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Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos
Beowulf é a história de um guerreiro (Beowulf) que viaja com seus guerreiros com o 
objetivo de matar o monstro Grendel que estava dizimando o reino de Hrothgar. Essa batalha 
representa a luta do bem contra o mal. Borges (2007, p.13) aponta que Beowulf encarna as 
virtudes apreciadas na Idade Média, tais como, lealdade, coragem e valentia.
“Versos de Virgílio, intercalados no vasto poema, 
sugerem que seu autor, um clérigo de Nortúmbria, 
concebeu o estranho projeto de uma ‘Eneida 
Germânica’. Essa hipótese explicaria os excessos 
retóricos e a intrincada sintaxe de Beowulf, tão distante 
da linguagem comum” (Borges, 1997, p.15-16)
Não podemos esquecer que a história de Beowulf foi registrada por um monge cristão. 
Estudiosos acreditam que ao registrar a história possa ter ocorrido interferência dos valores 
cristãos do monge. Veja o trecho a seguir
The eternal Lord avenged the murder on the race
of Cain, because he slew Abel. He did not rejoice
in that feud. He, the Lord, drove him [Grendel] far
from mankind for that crime. Thence sprang all evil
spawn, ogres and elves and sea-monsters, giants too,
who struggled long time against God. He paid them
 requital for that
http://goo.gl/qhKKWR
O trecho anterior mostra a referência feita a Caim e Abel. 
Vamos continuar essa história? Então vamos discutir um pouco sobre os acontecimentos da 
Idade Média. Vamos lá!
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A Idade Média
Esse período iniciou-se com a conquista da coroa inglesa pelo rei William (1028-1087), que 
governava a Normandia. 
Depois de sua vitória, muitas coisas mudaram na Inglaterra. Rei William compensou seus 
cavaleiros tornando-os nobres, que construíram castelos e tomaram definitivamente o lugar 
dos anglo-saxões.
Além disso, houve uma mudança significativa com relação à língua, pois os normandos 
introduziram a língua francesa e consequentemente sua cultura. Com isso a língua francesa 
passou a ser considerada a língua da nobreza, da cultura. O latim ainda era utilizado na escrita. 
Já, a língua inglesa continuou a ser falada pelo povo e era então considerada a língua dos 
incultos. Como resultado de tudo isso, a língua inglesa acabou sendo enriquecida por muitos 
vocábulos da língua francesa. Já a língua francesa acabou perdendo sua pureza em virtude da 
distância de sua origem, então o latim acabou ficando como a língua da cultura. É possível 
encontrar vários textos em latim nos séculos XII e XIII.
Segundo Burgess (2008, p. 33) após a conquista Normanda, começaram a aparecer nos 
textos latinos da Inglaterra figuras heroicas como é o caso do Rei Arthur, lendário personagem 
que conhecemos de livros e de filmes, não é mesmo? Vamos conhecer mais dessa história e 
sua relação com a literatura inglesa. 
O Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda 
fonte: Wikimedia Commons
Essa é uma das histórias mais famosas desde a Idade Média até os dias de hoje. Há muitos 
filmes, séries, desenhos, gibis,baseados na lenda do Rei Arthur.
É uma narrativa sobre a história do Rei Arthur, sua esposa Gwen (Guinevere), e os cavaleiros 
Percival, Gawain que saíram em busca do cálice sagrado, o Santo Graal (cálice que Jesus teria 
usado na Última Ceia).
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Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos
Aos cavaleiros da távola são atribuídas as virtudes da época: valentia, coragem, honestidade 
e lealdade. O cavaleiro só seria destacado se mostrasse sua superioridade sobre os outros 
cavaleiros.
Não há comprovação histórica de que o rei Arthur realmente tenha existido.
A távola redonda teria sido pensada por causa de uma briga entre os cavaleiros durante 
uma festa de Natal porque eles queriam sentar-se em lugar de destaque. Depois desse evento 
um artesão confeccionou a mesa redonda para que nenhum lugar fosse considerado especial 
e todos fossem considerados iguais, sem discriminação. Esse era o ideal de igualdade, que não 
aconteceu na Idade Média, época fortemente hierarquizada e desigual.
Uma das características marcantes das lendas do Rei Arthur é que a maior parte de suas 
histórias foi escrita em francês, que era a língua da nobreza. Entende-se então que esse tipo 
de literatura era destinada aos nobres.
Outro herói lendário bastante famoso é Robin Hood e seus seguidores.
Robin Hood, Príncipe dos Ladrões
fonte: Louis Rhead (1857–1926)/Wikimedia Commons
Também não há registros históricos sobre a existência 
desse personagem.
A história é sobre um herói inglês, fora-da-lei, rebelde 
justiceiro, que roubava da nobreza para doar aos necessitados 
por volta do século XIII.
Robin pertencia à nobreza e vivia na época das Cruzadas, 
época do Rei Ricardo Coração de Leão (1157-1199) que 
deixou o reinado para lutar nas Cruzadas. Ricardo tinha um 
irmão bastante mesquinho e ganancioso, John, que ficou 
conhecido como João Sem Terra porque era o filho mais novo 
e, por isso, não tinha direito às terras como os outros irmãos.
Com a partida do Rei Ricardo para as Cruzadas, João assume o Reinado. Foi um rei tirano 
que causou muitos problemas para os barões da época. Diante de seus desmandos, os barões 
decidiram dar um fim às atitudes descabidas do Rei João e, juntos elaboraram um documento 
que lhes garantia o direito de modificar qualquer decisão vinda do rei, foi a Carta Magna, que 
pode ser considerada um dos fundamentos da constituição britânica.
Robin é o herói dos fracos, pobres e honestos, que luta contra as injustiças roubando dos 
ricos para dar aos pobres. Robin é sempre escoltado por seu fiel companheiro João Pequeno. 
Segundo Le Goff (2009,p.204) o justiceiro tem um inimigo que representa o “poder político 
e social, o impiedoso e impopular: xerife de Nottinghan”. 
Uma característica importante desse personagem é que ele era um arqueiro: 
I was considered the best archer
That was in Merry England.
http://goo.gl/EnBygX
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Seu arco fazia parte dele e o diferenciava dos cavaleiros nobres montados em seus cavalos 
armados de lança e espada.Le Goff (2009, p.205) aponta que Robin Hood era um herói 
ambíguo, pois encontrava-se no meio da “justiça e rapina, direito e ilegalidade, revolta e favor, 
a floresta e a corte”. 
Veja um trecho da Gesta de Robin Hood em que há a apresentação de nosso herói: 
Lie and listen, gentlemen
That be of freeborn blood
I shall tell you of a good yeoman
His name was Robin Hood.
Robin was a proud outlaw
While he walked on ground
So courteous an outlaw as he was one
Was never found.
Robin stood in Bernesdale
And leaned against a tree
And by him stood Little John
A good yeoman was he.
And also did good Scarlock
And Much the Miller’s son
There was no inch of his body
But it was worth a man.
https://goo.gl/rmEuHr
No trecho anterior, percebemos o termo “yeoman” que significa homem do povo, o que 
mostra que Robin Hood era considerado um homem bom que ajudava os fracos e oprimidos. 
Também notamos a referência a Little John (João Pequeno) companheiro inseparável de 
Robin Hood.
Foi mencionado anteriormente que a maioria das histórias do Rei Arthur foi escrita em 
francês, língua da nobreza. Já as aventuras de Robin Hood foram escritas em inglês, que era 
a língua das pessoas comuns a quem essas histórias eram dirigidas.
Já que estamos falando a respeito da evolução da língua inglesa, vamos falar sobre um autor 
bastante importante que é considerado o pai do inglês moderno: Geoffrey Chaucer.
Gesta são cantigas 
que exaltavam os 
feitos dos grandes 
guerreiros na Idade 
Média.
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Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos
O Pai do Inglês Moderno: Geoffrey Chaucer
Fonte: Wikimedia Commons
Segundo Burgess (2008, p. 39) Chaucer viveu em uma época 
repleta de mudanças sociais e políticas. Acredita-se que tenha nascido 
por volta de 1340, quando a Guerra dos Cem anos havia começado, 
período também em que a peste negra assolou a Inglaterra. 
Burgess (2008, p. 39) aponta que Chaucer pertencia a uma 
classe em ascensão, era filho de um comerciante de vinhos. Geoffrey 
aprendeu bastante sobre a aristocracia porque se tornou pajem da 
condessa de Ulster, foi ainda soldado e casou-se com Phillipa, uma 
aristocrata. Esse casamento lhe deu oportunidades para participar de 
missões a serviço do Rei, o que lhe possibilitou contato com outras 
culturas. O autor afirma que todas essas experiências contribuíram 
para fazer de Chaucer “um dos mais equipados poetas ingleses”
Sua obra prima, Canterbury Tales ou “Os Contos da Cantuária”, tem uma característica muito 
interessante que é apresentar tanto traços da linguagem oral como da escrita e retratar a forma 
como as pessoas das várias classes sociais falavam. Esse fato 
é bastante importante já que naquela época havia muitas pes-
soas analfabetas e a língua da cultura era, até então, o francês. 
Chaucer escreveu sua obra em língua Inglesa e, por causa do 
pouco vocabulário da língua foi obrigado a cunhar palavras e 
a fazer empréstimos de outras línguas.
Burgess (2008, p.43) afirma que o brilhantismo da obra 
de Chaucer está na arte de colocar um grupo de seres 
humanos “de todos os temperamentos e classes sociais – e 
misturá-los todos, fazê-los contar histórias e fazer com que 
essas histórias ilustrassem seu caráter, suas personalidades”.
Essas pessoas eram peregrinos (as peregrinações eram bastante comuns nessa época) que 
iam para os lugares sagrados. Os peregrinos de “Os Contos da Cantuária” iam para a cidade 
sagrada Canterbury, onde Thomas à Becket, santo mártir, assassinado durante o reinado de 
Henrique II, estava sepultado.
And specially in England people ride
To Canterbury from every countryside
To visit there the blessed martyred saint
Who gave them strength when they were sick and faint.
https://goo.gl/LKr1df
O ponto de partida era a taberna chamada Tabern Inn em Southwark, Londres. As várias 
histórias eram narradas durante o caminho por várias pessoas de diferentes classes sociais 
como, por exemplo: advogados, médicos, comerciantes, marinheiros, sacerdotes, cozinheiros, 
etc. Burgess (2008, p.44) afirma: “Não há fantasmas em Chaucer; sua obra palpita com 
sangue, é tão quente como a carne com vida”. 
Ilustração da segunda edição impressa 
dos Contos da Cantuária (1484)
Fonte: Wikimedia Commons
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 Veja a seguir um trecho da obra:
In Southwark, at the Tabard one spring day
It happened, as I stopped there on my way
Myself a pilgrim with a heart devout
Ready for Canterbury to set out.
https://goo.gl/J4RqLU
Percebemos que os peregrinos estão no ponto de encontro, a taberna, estalagemao sul 
de Londres onde eles pernoitavam para seguirem para Canterbury. O autor se coloca como 
peregrino (Myself a pilgrim).
No prólogo o autor vai apresentando as mais diversas pessoas que farão parte da 
peregrinação. Veja os excertos a seguir:
There with us was a KNIGHT, a worthy man
Who, from the very first time he began
To ride about, loved honor, chivalry,
The spirit of giving, truth and courtesy.
(…)
There with him was his son, a youthful squire,
A lover and knight bachelor to admire.
His locks were curled as if set by a press.
His age was twenty years or so, I guess.
In stature he was of an average height
And blest with great agility and might.
(…)
Now he had brought one servant by his side,
A yeoman -with no more he chose to ride.
This Yeoman wore a coat and hood of green.
(…)
There also was a Nun, a prioress,
Her smile a very simple one and coy.
Her greatest oath was only “By Saint Loy!”
https://goo.gl/KhWHPj
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Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos
Cada um desses peregrinos apresentados no prólogo contarão suas histórias ao longo da 
jornada: o cavaleiro, o escudeiro, o serviçal, a freira e assim por diante.
O que não podemos esquecer em relação à essa obra é que Chaucer a escreveu em inglês, 
quando a língua considerada culturalmente era o francês ou o latim. Foi necessário que o 
autor introduzisse palavras de outras línguas e cunhasse palavras porque a língua inglesa era 
bastante pobre, por isso é considerado o Pai do Inglês Moderno. Além disso, sua obra traz 
traços da oralidade e permite que o leitor perceba a diferença entre os discursos das pessoas 
que narram as histórias durante a peregrinação.
A pronúncia na linguagem dos Contos difere em muitos aspectos da pronúncia do inglês 
atual, o que dificulta a leitura do original pelo leitor moderno. A maior causa destas diferenças 
é que a chamada Grande Mudança Vocálica não havia ainda ocorrido completamente e, 
como consequência, muitas das vogais de Chaucer eram pronunciadas de uma maneira mais 
parecida ao latim, italiano ou português que ao inglês moderno. 
Por exemplo, a palavra “been” (particípio passado do verbo to be) era pronunciada “ben” 
(/be:/, com um longo “e”) ao invés de “bin” (/bi:/, longo “i”) como no inglês moderno.
Para entender o enredo de um dos contos intitulado “ A mulher de Bath” , assista ao vídeo:
The Wife of Bath’s Tale - animated
https://youtu.be/e3cvOm7qStk
Nesse link, você encontrará a obra completa “Os Contos da Cantuária”.
O conto “A mulher de Bath” encontra-se da página 113 à 118:
https://goo.gl/aibERh
A seguir vamos discutir sobre outro autor extremamente importante da Literatura Inglesa: 
William Shakespeare (1564-1616). Você se lembra de alguns livros, filmes, historias desse 
autor? Tenho certeza que sim. Vou citar alguns para ajudar sua lembrança: Otelo, Hamlet, 
Muito Barulho por Nada, Sonho de uma Noite de Verão,Dez Coisas que eu Odeio em Você 
(baseado na obra A Megera Domada), A Tempestade, etc. Tenho certeza de que você deve 
ter-se lembrado de algumas delas. A seguir discutiremos o contexto sócio-histórico em que 
Shakespeare estava inserido para que você consiga compreender melhor seus textos e depois 
passaremos a analisar uma de suas obras mais famosas: Romeu e Julieta. Vamos lá!
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A Era Elizabetana e o Teatro de Shakespeare
fonte: Wikimedia Commons
Antes de começarmos a falar sobre Shakespeare é necessário contextualizarmos 
historicamente o período em que ele viveu até para que possamos entender as características 
das obras da época.
Elizabeth I (1533-1603), era a herdeira de Henrique VIII (1491-1547), rei que rompeu com 
a Igreja Católica e fundou a Igreja Anglicana. Tudo isso por razões pessoais e políticas.
Com relação aos motivos pessoais Henrique VIII queria divorciar-se de Catarina de Aragão 
para casar-se com Anna Bolena e a igreja Católica não permitiu. Henrique VIII teve uma filha, 
Maria, com a primeira esposa e queria um filho homem para continuar a sucessão. Então, 
após o rompimento com a Igreja Católica, casou-se com Anna Bolena e acabou tendo outra 
filha desse casamento, Elizabeth.
Em linhas gerais, no tocante às questões políticas, Henrique VIII tomou as propriedades 
da Igreja com o objetivo de fortalecer seu reino. Assim, a Igreja passou a ser subordinada ao 
Estado e o Rei passou a ser a autoridade máxima.
O Rei Henrique VIII foi sucedido primeiramente por sua filha Maria, cujo reinado foi 
bastante breve e complicado para a Inglaterra e depois por Elizabeth. Seu reinado foi um dos 
mais longos da história da Inglaterra, seu reinado durou 44 anos. Foi uma época de grande 
desenvolvimento político, econômico e cultural para a Inglaterra.
Elizabeth I não teve herdeiros e era chamada de a Rainha Virgem. Era uma mulher forte, 
determinada e que incentivou enormemente as produções culturais na Inglaterra. Essa também 
foi a época da colonização dos Estados Unidos. 
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Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos
O Teatro de Shakespeare
fonte: Tohma/Wikimedia Commons
Elizabeth herdou dos Tudors o conhecimento sobre a importância do comércio e do apoio 
da classe Mercantil à Coroa. Nessa época a busca por riquezas e terras era bastante grande. 
A Rainha incentivava tudo isso. Além disso, Elizabeth foi grande incentivadora da cultura, seu 
reinado foi uma época muito importante para o florescimento do teatro inglês. 
Não é possível falar do teatro inglês sem discutir Shakespeare, não é? Então, vamos a ele.
O teatro inglês pode ser dividido entre antes e depois de William Shakespeare.
No início, as peças de teatro eram apresentadas nas tabernas na cidade de Londres. Como a 
cidade era grande, todos os dias um grande número de pessoas chegava por lá, por isso as peças 
eram apresentadas diariamente. Por causa disso, o Conselho Regional da cidade decidiu banir as 
apresentações dentro dos limites da cidade. Diante da necessidade de conseguir um local para as 
apresentações, algumas pessoas começaram a pensar na construção de teatros. O primeiro foi o 
The Theatre, em seguida o The Rose e depois Shakespeare construiu o The Globe.
“Shakespeare’s Globe is the complex housing a reconstruction of the Globe Theatre, 
an Elizabethan playhouse associated with William Shakespeare, in the London Borough of 
Southwark, on the south bank of the River Thames. The original theatre was built in 1599, 
destroyed by fi re in 1613, rebuilt in 1614, and then demolished in 1644. 
The modern Globe Theatre reconstruction is an academic approximation based on available 
evidence of the 1599 and 1614 buildings. It is considered quite realistic, though contemporary 
safety requirements mean that it accommodates only 1400 spectators compared to the 
original theatre’s 3000.
Shakespeare’s Globe was founded in 1997, with a production of Henry V. There is also an 
exhibition about Shakespeare’s life and work, and regular tours of the two theatres”
Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Shakespeare%27s_Globe
Shakespeare - The Globe Theatre London tour:
https://youtu.be/m3VGa6Fp3zI
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Nosso foco aqui será Shakespeare e sua obra Romeu e Julieta, tão conhecida por todos 
nós, não é mesmo? 
Shakespeare (1564 – 1616) nasceu no quinto ano do reinado da Rainha Elizabeth em 
Stratford-upon-Avon, estudou na Stratford Grammar School. Segundo registros, Shakespeare 
casou-se bastante jovem, aos dezoito anos, com Anne Hathaway e tiveram três filhos. Sua 
obra é composta por 38 peças e 154 sonetos. Sua obra divide-se em três partes: tragédias 
históricos (ou peças históricas), comédias e tragédias.
Shakespeare partiu para Londres por causa de sua paixão pelo teatro, já atuava em muitas 
peças além de sua paixão por escrevê-las. Participou de algumas companhias e obteve patrocínio 
do ReiJames I. Em 1599 era dono do teatro The Globe. Nessa época, Shakespeare deixou 
de atuar e passou apenas a escrever as peças teatrais. Como Shakespeare não publicava suas 
peças, o material todo era muito disperso; após sua morte esse material foi coletado e suas 
peças publicadas.
Burgess (2008, p.91) aponta que “nas primeiras obras de Shakespeare, Romeu e Julieta e 
Ricardo II, por exemplo -, o gênio verbal de Shakespeare é lírico, musical”. Segundo Burgess, 
as peças apresentam falas longas que tecem imagens poéticas.
Burgess nos conta que no teatro Elisabetano, os atores tinham contato bastante próximo 
com a plateia, inclusive parte dela sentava-se no palco, que era “uma mistura de aristocratas, 
letrados, almofadinhas, gatunos, marinheiros e soldados de licença, estudantes e aprendizes”. 
Essa audiência tão heterogênea tinha objetivos bastante diferentes que eram contemplados 
nas peças: 
Diálogo com o Autor
“ação e sangue para os iletrados, belas frases e engenho para os 
almofadinhas, humor sutil para os refinados, palhaçada escandalosa 
para os não-refinados, assuntos amorosos para as damas, canção 
e dança para todos. Shakespeare dá todas essas coisas; nenhum 
dramaturgo conseguiu dar tanto”. (BURGESS, 2008, p. 92)
Vamos ver algumas das características da obra shakespeariana analisando uma de suas 
peças mais famosas: Romeu e Julieta
Romeu e Julieta
Essa peça é considerada uma das mais famosas de William Shakespeare. A peça se passa 
em Verona, por volta de 1500 e tem a duração de quatro dias apenas. Trata-se da história de 
dois jovens de famílias rivais (Capuletos e Montagues) que acabam se apaixonando. Veja o um 
trecho do prólogo:
ACT I
PROLOGUE
Two households, both alike in dignity,
In fair Verona, where we lay our scene,
From ancient grudge break to new mutiny,
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Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos
Where civil blood makes civil hands unclean.
From forth the fatal loins of these two foes
A pair of star-cross’d lovers take their life;
Whole misadventured piteous overthrows
Do with their death bury their parents’ strife.
The fearful passage of their death-mark’d love,
And the continuance of their parents’ rage,
Which, but their children’s end, nought could remove,
Is now the two hours’ traffic of our stage;
The which if you with patient ears attend,
What here shall miss, our toil shall strive to mend.
O excerto nos mostra que o autor, logo no início, explica o que acontecerá na história: as 
famílias rivais que cultivam o ódio, o amor proibido dos dois jovens e a morte decorrente desse 
ódio. Então, o público já sabe que os amantes morrerão antes mesmo do início da peça.
Agora, vamos olhar mais cuidadosamente para as personagens principais da obra: 
Romeu:
O nome “Romeu” segundo a cultura popular, significa “amante”. O personagem 
que no início da trama tece uma paixão não correspondida por Rosaline, vive 
uma amor puro e verdadeiro por Julieta e acaba se suicidando por achar que sua 
amada Julieta tinha morrido.
Veja o excerto em que Romeu vê Julieta pela primeira vez:
ROMEO : [To a Servingman]
What lady is that, which doth
enrich the hand
Of yonder knight?
Servant : I know not, sir.
ROMEO : O, she doth teach the torches to burn bright!
It seems she hangs upon the cheek of night
Like a rich jewel in an Ethiope’s ear;
Beauty too rich for use, for earth too dear!
So shows a snowy dove trooping with crows,
As yonder lady o’er her fellows shows.
The measure done, I’ll watch her place of stand,
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And, touching hers, make blessed my rude hand.
Did my heart love till now? forswear it, sight!
For I ne’er saw true beauty till this night.
Assim que Romeu põe seus olhos em Julieta, imediatamente se esquece de Rosaline e 
acende em seu coração uma grande paixão.
Romeu que começa como um personagem bastante imaturo no início da peça, vai crescendo 
e se tornando mais maduro ao longo da trama. Podemos notar a questão da imaturidade 
quando o personagem decide invadir o jardim de seus inimigos para ver Julieta. A cena em 
que Julieta aparece na sacada é uma das mais famosas da peça. Observe:
[JULIET appears above at a window]
But, soft! what light through yonder window breaks?
It is the east, and Juliet is the sun. 
Arise, fair sun, and kill the envious moon,
Who is already sick and pale with grief,
That thou her maid art far more fair than she:
Be not her maid, since she is envious;
Her vestal livery is but sick and green
And none but fools do wear it; cast it off.
It is my lady, O, it is my love!
O, that she knew she were!
She speaks yet she says nothing: what of that?
Her eye discourses; I will answer it.
I am too bold, ‘tis not to me she speaks:
Two of the fairest stars in all the heaven,
Having some business, do entreat her eyes
To twinkle in their spheres till they return.
What if her eyes were there, they in her head?
The brightness of her cheek would shame those stars,
As daylight doth a lamp; her eyes in heaven
Would through the airy region stream so bright
That birds would sing and think it were not night.
See, how she leans her cheek upon her hand!
O, that I were a glove upon that hand,
That I might touch that cheek!
JULIET : Ay me!
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Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos
Romeu compara Julieta à luz do sol que nasce no leste e espanta a noite, com isso quer 
dizer que Julieta é tão especial que tem o poder de transformar a noite em dia. Romeu tem 
certeza de ter encontrado sua verdadeira amada.
A maior parte das cenas de impacto da peça acontece tarde da noite ou bem cedo, dessa 
forma o problema se desenrola durante todo o dia, lembrando que todo o drama acontece em 
apenas quatro dias.
A impulsividade de Romeu, típica da adolescência é marcada também quando a personagem, 
tomada pela ira acaba matando o primo de Julieta para vingar-se da morte de seu amigo e 
ainda esse mesmo sentimento o leva a cometer suicídio ao saber que Julieta havia morrido.
Julieta:
Apesar de seus 13 anos de idade demonstra mais maturidade do que seu 
amado Romeu. No início da peça, a personagem parece ser uma adolescente 
sem muita vontade própria que aceita tudo o que é proposto por seus pais e que 
apenas cumpre ordens.
LADY CAPULET: Speak briefly, can you like of Paris’ love?
JULIET: I’ll look to like, if looking liking move:
But no more deep will I endart mine eye
Than your consent gives strength to make it fly.
Em seu primeiro encontro com Romeu já é possível perceber traços de amadurecimento 
da personagem.
Após a morte de Teobaldo, Julieta não segue Romeu cegamente, envolvida por seu amor, 
mas mostra maturidade e discernimento. 
Romeu vai ao encontro de Julieta e os dois conversam quando sua mãe, Ladu Capuleto, 
vai ao quarto de Julieta para lhe falar. O discurso de Julieta, também nesse excerto mostra 
a maturidade da personagem. Julieta já tem planos definidos e não aceita mais tudo o que é 
proposto pelos pais. Seus pais querem que ela se case com Paris na semana seguinte, mas 
ela reluta e pede para que o casamento aconteça depois de um mês por causa da morte de 
Teobaldo. Segue-se uma discussão em que Julieta questiona a decisão dos pais. Observe 
(Ato 3, cena 5):
JULIET : Good father, I beseech you on my knees,
Hear me with patience but to speak a word.
CAPULET : Hang thee, young baggage! disobedient wretch!
I tell thee what: get thee to church o’ Thursday,
Or never after look me in the face:
Speak not, reply not, do not answer me;
My fingers itch. Wife, we scarce thought us blest
That God had lent us but this only child;
But now I see this one is one too much,
And that we have a curse in having her:
Out on her, hilding!
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Nurse : God in heaven bless her!
You are to blame, my lord, to rate her so.
CAPULET : And why, my lady wisdom? hold your tongue,
Good prudence; smatter with your gossips, go.
Nurse :I speak no treason.
CAPULET : O, God ye god-den.
Nurse : May not one speak?
CAPULET : Peace, you mumbling fool!
Utter your gravity o’er a gossip’s bowl;
For here we need it not.
LADY CAPULET : You are too hot.
CAPULET : God’s bread! it makes me mad:
Day, night, hour, tide, time, work, play,
Alone, in company, still my care hath been
To have her match’d: and having now provided
A gentleman of noble parentage,
Of fair demesnes, youthful, and nobly train’d,
Stuff’d, as they say, with honourable parts,
Proportion’d as one’s thought would wish a man;
And then to have a wretched puling fool,
A whining mammet, in her fortune’s tender,
To answer ‘I’ll not wed; I cannot love,
I am too young; I pray you, pardon me.’
But, as you will not wed, I’ll pardon you:
Graze where you will you shall not house with me:
Look to’t, think on’t, I do not use to jest.
Thursday is near; lay hand on heart, advise:
An you be mine, I’ll give you to my friend;
And you be not, hang, beg, starve, die in
the streets,
For, by my soul, I’ll ne’er acknowledge thee,
Nor what is mine shall never do thee good:
Trust to’t, bethink you; I’ll not be forsworn.
[Exit]
JULIET : Is there no pity sitting in the clouds,
That sees into the bottom of my grief?
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Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos
O, sweet my mother, cast me not away!
Delay this marriage for a month, a week;
Or, if you do not, make the bridal bed
In that dim monument where Tybalt lies.
LADY CAPULET : Talk not to me, for I’ll not speak a word:
Do as thou wilt, for I have done with thee.
[Exit]
Apesar de Julieta questionar os pais, o que mostra a maturidade da personagem, seus 
“poderes” ainda são muito limitados, pois vive em um mundo extremamente machista, 
dominado pelos homens. Julieta percebe que tem de acatar as ordens do pai e que a única 
alternativa para isso seria o suicídio e recorre ao Frei Laurence. Veja abaixo (Ato 4 – cena 1):
JULIET : O shut the door! and when thou hast done so,
Come weep with me; past hope, past cure, past help!
FRIAR LAURENCE : Ah, Juliet, I already know thy grief;
It strains me past the compass of my wits:
I hear thou must, and nothing may prorogue it,
On Thursday next be married to this county.
JULIET : Tell me not, friar, that thou hear’st of this,
Unless thou tell me how I may prevent it:
If, in thy wisdom, thou canst give no help,
Do thou but call my resolution wise,
And with this knife I’ll help it presently.
God join’d my heart and Romeo’s, thou our hands;
And ere this hand, by thee to Romeo seal’d,
Shall be the label to another deed,
Or my true heart with treacherous revolt
Turn to another, this shall slay them both:
Therefore, out of thy long-experienced time,
Give me some present counsel, or, behold,
‘Twixt my extremes and me this bloody knife
Shall play the umpire, arbitrating that
Which the commission of thy years and art
Could to no issue of true honour bring.
Be not so long to speak; I long to die,
If what thou speak’st speak not of remedy.
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FRIAR LAURENCE : Hold, daughter: I do spy a kind of hope,
Which craves as desperate an execution.
As that is desperate which we would prevent.
If, rather than to marry County Paris,
Thou hast the strength of will to slay thyself,
Then is it likely thou wilt undertake
A thing like death to chide away this shame,
That copest with death himself to scape from it:
And, if thou darest, I’ll give thee remedy.
JULIET : O, bid me leap, rather than marry Paris,
From off the battlements of yonder tower;
Or walk in thievish ways; or bid me lurk
Where serpents are; chain me with roaring bears;
Or shut me nightly in a charnel-house,
O’er-cover’d quite with dead men’s rattling bones,
With reeky shanks and yellow chapless skulls;
Or bid me go into a new-made grave
And hide me with a dead man in his shroud;
Things that, to hear them told, have made me tremble;
And I will do it without fear or doubt,
To live an unstain’d wife to my sweet love.
FRIAR LAURENCE : Hold, then; go home, be merry, give consent
To marry Paris: Wednesday is to-morrow:
To-morrow night look that thou lie alone;
Let not thy nurse lie with thee in thy chamber:
Take thou this vial, being then in bed,
And this distilled liquor drink thou off;
When presently through all thy veins shall run
A cold and drowsy humour, for no pulse
Shall keep his native progress, but surcease:
No warmth, no breath, shall testify thou livest;
The roses in thy lips and cheeks shall fade
To paly ashes, thy eyes’ windows fall,
Like death, when he shuts up the day of life;
Each part, deprived of supple government,
Shall, stiff and stark and cold, appear like death:
And in this borrow’d likeness of shrunk death
Thou shalt continue two and forty hours,
And then awake as from a pleasant sleep.
Now, when the bridegroom in the morning comes
To rouse thee from thy bed, there art thou dead:
Then, as the manner of our country is,
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Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos
In thy best robes uncover’d on the bier
Thou shalt be borne to that same ancient vault
Where all the kindred of the Capulets lie.
In the mean time, against thou shalt awake,
Shall Romeo by my letters know our drift,
And hither shall he come: and he and I
Will watch thy waking, and that very night
Shall Romeo bear thee hence to Mantua.
And this shall free thee from this present shame;
If no inconstant toy, nor womanish fear,
Abate thy valour in the acting it.
JULIET : Give me, give me! O, tell not me of fear!
FRIAR LAURENCE : Hold; get you gone, be strong and prosperous
In this resolve: I’ll send a friar with speed
To Mantua, with my letters to thy lord.
JULIET : Love give me strength! and strength shall help afford.
Farewell, dear father!
[Exeunt]
Frei Laurance percebe o desespero de Julieta e propõe ajuda, oferecendo-lhe uma outra 
opção, dar-lhe uma droga que a faria dormir logo após o casamento e que as pessoas pensariam 
que Julieta estaria morta.
Depois de tudo combinado, Julieta toma a poção, todos pensam que ela está morta. Romeu 
vai ao seu encontro e também acredita em sua morte, desesperado, toma veneno e se mata. 
Julieta, ao acordar e ver Romeu morto, mata-se também. Essas atitudes de Julieta nos mostram 
novamente sua força e determinação: primeiro toma a poção sem medo de que possa dar 
algum problema, depois suicida-se com uma faca, o que também demonstra coragem. Com a 
morte dos apaixonados Shakespeare retrata a força do destino sobre os seres humanos, porém 
a ironia de tudo é que o amor dos dois venceu tudo e todos e continuará pela eternidade.
Após a suposta morte de Julieta, ironicamente, parece que o ódio dos Capuletos diminuiu 
em virtude da dor pela morte da filha.
Paara ler a obra completa com tradução de Bárbara Heliodora:
https://goo.gl/sxqmyM
Temas da obra Romeu e Julieta
O tema principal da obra é o amor, como já foi explicado e discutido na análise dos per-
sonagens acima. Amor incondicional dos jovens de famílias rivais que transcende a vida para 
viver eternamente pela eternidade.
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Outro tema bastante importante na obra é o amor como causa da violência. Na peça, a 
violência está ligada tanto ao amor quanto ao ódio. O amor entre os jovens está ligado à vio-
lência desde o início da peça com a morte de Teobaldo. O tema culmina ao final da peça com 
o duplo suicídio.
Também é possível perceber a força dos valores da sociedade que impede que os jovens 
vivenciem um amor puro e verdadeiro, isso por causa do ódio existente entre as famílias e o 
poder masculino que impõe que seja feita a vontade dos pais. 
O papel da mulher também é destaque, pois mesmo Julieta demonstrando amadurecimento 
e força, não é forte suficiente para derrubar os valores da sociedade tendo de submeter-se à 
vontade e aos valores da família.
A Linguagem na Peça Romeu e Julieta
Tenho certeza de que, ao ler os trechos da obra Romeu e Julieta você deve ter percebido 
que a linguagem utilizada é bastante musical. Burgess (2008, p.91) aponta que a sonoridade 
daspalavras é muito importante nas peças shakespearianas , porque o autor tinha como 
objetivo “martelar ou cotejar ou encantar os ouvidos de sua plateia com a linguagem”. Nessa 
peça percebemos que Shakespeare é lírico, musical.
Burgess (2008, p.91) ainda aponta que as longas falas da peça “tecem adoráveis imagens 
poéticas, brincam com as palavras e os sons”. Vamos ver alguns exemplos dessa genialidade:
Julieta diz:
‘Parting is such sweet sorrow.’
A personagem poderia ter dito: “parting is very sad” (partir é muito triste). Mas veja o que 
Shakespeare genialmente faz: partir é muito triste seria uma frase normal, mas o autor quer 
mostrar a paixão de Julieta por Romeu, então escolhe os adjetivos “sweet” e “sorrow” (doce 
e triste), que parecem estar em oposição, mas que na peça mostra o sentimento de Julieta e o 
amor do jovem casal. Esses adjetivos, além de retratarem o amor eterno dos dois, fazem com 
que a plateia fique com essa frase na mente.
Também notamos o uso de muitas metáforas: Romeu refere-se à Julieta como “the sun” 
(o sol) ou “an angel” (um anjo). Se pensarmos nas qualidades do astro rei, o sol, poderemos 
pensar em calor, luminosidade e vida, já que não haveria vida na terra se não houvesse o sol. 
Com isso o autor mostra o quão importante Julieta é na vida de Romeu, além disso, faz com 
que a plateia perceba e sinta esse amor tão puro e eterno.
Agora é com você. Tente observar outras características como essas na peça. Será um 
exercício bastante interessante.
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Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos
Material Complementar
Para aprofundar e ampliar seus conhecimentos a respeito dos temas que vimos nesta 
unidade, você deve assistir aos vídeos e ler os textos indicados nesta seção.
Lembre-se que a construção do conhecimento pede sua participação e sua produtividade.
Nos links a seguir, você poderá aprofundar seus conhecimentos sobre o poema Beowulf, 
sobre a história da Língua Inglesa, sobre Chaucer, que é considerado o pai do inglês moderno, 
entre outros assuntos abordados. 
Os materiais apresentados têm diferentes níveis de dificuldade. Escolha os que estiverem de 
acordo com sua proficiência linguística. 
Livro:
Beowulf na íntegra:
https://goo.gl/1iVvGR
Acesso em: 29/03/2018
Site:
História da Língua Inglesa, texto em português. Disponível em: 
https://goo.gl/Utn1ZA
Acesso em: 29/03/2018
Vídeos:
Vídeo sobre rei Arthur e os Cavaleiros da Távola redonda. Disponível em: 
https://youtu.be/dK2EOAcWGEE
Acesso em: 29/03/2018
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Referências
BORGES, J. L. Curso de literatura inglesa. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
BURGESS, A. A literatura inglesa. São Paulo: Ática, 2008.
SHAKESPEARE, W. Romeo and Juliet. Disponível em: <http://shakespeare.about.com/
od/Romeo-And-Juliet-Text/ > Acesso em: 14 set. 2014. 
____________. Romeu e Julieta. Disponível em: <http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/
romeuejulieta.pdf> Acesso em: 14 set. 2014.
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Unidade: Origem da Língua Inglesa: Os Primeiros Textos
Anotações
Literatura Inglesa 
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Dr.a Palma Simone Tonel Rigolon
Revisão Técnica:
Prof.ª Dr.ª Nathalia Botura
Revisão Textual:
Prof. Esp. Bruno Reis
A Primeira Bíblia em Língua Inglesa, os Poetas Metafísicos 
e o Primeiro Romance
5
• Da primeira Bíblia em Língua Inglesa ao primeiro romance
• Os poetas metafísicos
• A Revolução Industrial e os poemas do Romantismo
• O primeiro romance inglês: Robinson Crusoe
Nesta unidade, trabalharemos vários temas importantes para o entendimento da 
literatura e cultura Inglesa. Começaremos contando sobre a primeira tradução da 
Bíblia para a Língua Inglesa e a repercussão disso na cultura e na língua. Depois 
falaremos um pouco sobre os poetas metafísicos e finalmente sobre o que foi 
considerado como o primeiro romance em língua Inglesa: Robinson Crusoe de 
Daniel Defoe.
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as 
atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
A Primeira Bíblia em Língua Inglesa, 
os Poetas Metafísicos e o 
Primeiro Romance
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Unidade: A Primeira Bíblia em Língua Inglesa, os Poetas Metafísicos e o Primeiro Romance
Contextualização
Veja no link abaixo um texto sobre a Guerra Civil na Inglaterra, este texto está em inglês e 
o ajudará a entender melhor a nossa aula:
https://goo.gl/LZLo1
Você poderá assistir a uma aula síntese sobre “Revolução Inglesa: Rei X Parlamento e a 
Guerra Civil (1641-1649)”, no link abaixo:
https://youtu.be/EDWJ9CCZ2OM
Com relação aos poetas metafísicos você pode pesquisar em:
https://goo.gl/Tk84tt
Um texto mais elaborado e que está em inglês, você encontrará no site:
https://goo.gl/7Ru3GX
Após a morte da Rainha Elizabeth I que por não possuir herdeiros, o trono da Inglaterra 
é assumido por James IV da Escócia, que tornou-se Rei James I da Inglaterra e consolidou a 
igreja anglicana.
Rei James I era opunha-se aos puritanos, seu objetivo era mais político do que religioso, 
pois queria que a igreja fosse subordinada ao Estado, o que lhe garantiria mais poder.
E o que vem a ser puritanismo?
Segundo Burgess (2008, p.123) puritanos eram cristãos que queriam um cristianismo mais 
puro do que aquele atribuído pela Reforma de Henrique VIII. Era uma pureza radical, pois 
não admitiam tolerância, nem alegria, puniam todo o tipo de vício da maneira mais rigorosa 
possível. Eram seguidores de João Calvino, que pregava que o livre-arbítrio não existia e que 
os homens tinham seus destinos traçados desde o início dos tempos. 
Foram essas diferenças que levaram à Guerra Civil.
É claro que todos os acontecimentos históricos influenciam a literatura. O que percebemos 
é que houve um enfoque na produção de textos sobre a palavra de Deus. Inclusive a primeira 
tradução da Bíblia para a língua inglesa aconteceu nessa época.
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Da Primeira Bíblia em Língua Inglesa ao Primeiro Romance
A Bíblia era escrita em latim, o que não permitia que as pessoas comuns a lessem, porque 
esse era o idioma da cultura e da nobreza. Por isso, havia um forte desejo de que existisse 
uma Bíblia escrita em inglês. Houve várias traduções na Idade Média, mas a mais famosa e 
considerada a versão autorizada é a chamada Bíblia do Rei James I.
Você deve estar se perguntando o porquê do destaque dessa informação. O motivo de 
sua importância é que a Bíblia teve muita influência na cultura inglesa, pois, por meio dela, 
a palavra de Deus foi espalhada por todos os cantos, não apenas na Inglaterra. As pessoas 
aprendiam a ler com a Bíblia e acabavam, consequentemente, se familiarizando com a cultura 
e os valores cristãos. Outro ponto importante é que a Bíblia influenciou e inspirou vários 
autores e poetas, como é o caso dos poetas metafísicos que serão discutidos a seguir.
Os Poetas Metafísicos
Os poetas metafísicos apareceram durante o período do Renascimento (ou Renaissance, 
em inglês) no final de 1500 e início de 1600. Esses poetas eram bastante criativos e usavam 
metáforas exageradas com o objetivo de surpreender e chocar o leitor com o inesperado. Esse 
tipo de linguagem, carregada de metáforas, exageros, comparações com objetos considerados 
até mesmo grotescos (como o compasso, uma pulga etc.), era uma reação contra a linguagem 
de Shakespeare e dos demais poetas elisabetanos. Além do poeta John Donne (1572-1631), 
foco desta unidade, podemos citar outros, tais como George Herbert (1593-1633) e Andrew 
Marvell (1621-1678).
Glossário: Na palavra metafísica, “meta” significa algo além e “física” algo concreto.
Um dos grandes nomes da poesia metafísica é John Donne (1572-
1631), que será discutido mais detalhadamente a seguir. O tema dos 
poetas metafísicos estava relacionado àespiritualidade e à fi losofi a. 
Os autores utilizavam-se de fi guras pouco convencionais, muitas vezes, 
consideradas até antipoéticas, com o objetivo de surpreender o leitor.
Segundo Burgess (2008, p.118), a poesia de Donne foi desprezada 
por muito tempo e só veio a ser destacada no século XX.
O autor ainda afirma que a obra de Donne pode ser dividida em dois momentos: o início 
de sua carreira, em que se intitulava Jack Donne e escrevia versos ousados, amorosos, 
apaixonados e o segundo momento, o do Dr. Donne, capelão da Catedral de São Paulo, que 
escrevia grandes sermões.
Analisaremos aqui um poema de cada fase. Iniciaremos com o poema da primeira fase, 
intitulado The Flea (“A Pulga”). Veja a seguir os textos em inglês e em português.
W
ik
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ed
ia
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Unidade: A Primeira Bíblia em Língua Inglesa, os Poetas Metafísicos e o Primeiro Romance
The Flea
Mark but this flea, and mark in this, 
How little that which thou deniest me is; 
It sucked me first, and now sucks thee,
And in this flea our two bloods mingled be; 
Thou know’st that this cannot be said
A sin, nor shame, nor loss of maidenhead,
 Yet this enjoys before it woo,
 And pampered swells with one blood made 
of two,
 And this, alas, is more than we would do.
Oh stay, three lives in one flea spare,
Where we almost, nay more than married are. 
This flea is you and I, and this
Our mariage bed, and marriage temple is; 
Though parents grudge, and you, w’are met, 
And cloistered in these living walls of jet.
 Though use make you apt to kill me,
 Let not to that, self-murder added be,
 And sacrilege, three sins in killing three.
Cruel and sudden, hast thou since
Purpled thy nail, in blood of innocence? 
Wherein could this flea guilty be,
Except in that drop which it sucked from thee? 
Yet thou triumph’st, and say’st that thou 
Find’st not thy self, nor me the weaker now;
 ’Tis true; then learn how false, fears be:
 Just so much honor, when thou yield’st to me,
 Will waste, as this flea’s death took life 
from thee.
A Pulga
Repara nesta pulga e apreende bem
Quão pouco é o que me negas com desdém.
Ela sugou-me a mim e a ti depois,
Mesclando assim o sangue de nós dois.
E é certo que ninguém a isto alude
Como pecado ou perda de virtude.
Mas ela goza sem ter cortejado
E incha de um sangue em dois revigorado:
É mais do que teríamos logrado.
Poupa três vidas nesta que é capaz
De nos fazer casados, quase ou mais.
A pulga somos nós e este é o teu
Leito de núpcias. Ela nos prendeu,
Queiras ou não e os outros contra nós,
Nos muros vivos deste Breu a sós.
E embora possas dar-me fim, não dês:
É suicídio e sacrilégio, três
Pecados em três mortes de uma vez.
Mas tinges de vermelho, indiferente,
A tua unha em sangue de inocente.
Que falta cometeu a pulga incauta
Salvo a mínima gota que te falta?
E te alegras e dizes que não sentes
Nem a ti nem a mim menos potentes.
Então, tua cautela é desmedida.
Tanta honra hei de tomar, se concedida,
Quanto a morte da pulga à tua vida.
Fonte:The Norton Anthology of Poetry (1996). 
Disponível em: http://www.poetryfoundation.org/poem/175764 
Acesso em: 18/12/ 2017
Fonte: Traduzido do inglês por Augusto de Campos. 
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/folhatee/fm090619.htm
Acesso em: 18/12/ 2017
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No poema, percebemos que o eu-lírico compara a pulga (the flea) ao sexo. Observe:
Oh stay, three lives in one flea spare,
Where we almost, nay more than married are.
This flea is you and I, and this
Our mariage bed, and marriage temple is;
O poeta está dizendo para sua amada que não vá embora, porque essa pulga tem o sangue 
do poeta e o dela misturados e, como os fluidos corporais já estão misturados dentro do inseto, 
sendo assim, não haveria problema algum em fazerem sexo, mesmo sem serem casados. No 
ponto de vista do eu-lírico, como a pulga é um inseto inofensivo, não haveria problema algum 
em terem relação sexual, pois, nesse caso, o sexo também seria considerado inofensivo. 
Depois disso a amada, que recusa-se a fazer sexo com o poeta e mata a pulga, o que deixa 
o eu-lírico indignado, pois, segundo ele, ela acabara com três vidas: a dela mesma, a dele e a 
da pulga. Veja abaixo:
Cruel and sudden, hast thou since
Purpled thy nail, in blood of innocence?
Wherein could this flea guilty be,
Except in that drop which it sucked from thee?
Yet thou triumph’st, and say’st that thou
Find’st not thy self, nor me the weaker now;
’Tis true; then learn how false, fears be:
Just so much honor, when thou yield’st to me,
Will waste, as this flea’s death took life from thee.
Percebemos então a característica do poema metafísico que é usar algo inusitado para, 
nesse caso, falar de sexo. O eu-lírico compara a pulga com o ato sexual e o faz de maneira 
brilhante.
Com relação à linguagem, notamos que o autor faz uso da linguagem coloquial e direta, 
carregada de ironia e paradoxos. As imagens incomuns, como é o caso da pulga, surpreende 
o leitor com o inesperado – objetivo dos poetas metafísicos.
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Unidade: A Primeira Bíblia em Língua Inglesa, os Poetas Metafísicos e o Primeiro Romance
Agora, vamos analisar outro poema, desta vez, da segunda fase de Donne, quando o autor 
era capelão da Catedral de São Paulo. O poema é Hymn To God, My God, In My Sickness. 
Veja-o a seguir.
Hymn To God, My God, In My Sickness
Since I am coming to that holy room,
Where, with thy choir of saints for evermore,
I shall be made thy music; as I come
I tune the instrument here at the door,
And what I must do then, think here before.
Whilst my physicians by their love are grown
Cosmographers, and I their map, who lie
Flat on this bed, that by them may be shown
That this is my south-west discovery,
Per fretum febris, by these straits to die,
I joy, that in these straits I see my west;
For, though their currents yield return to none,
What shall my west hurt me? As west and east
In all flat maps (and I am one) are one,
So death doth touch the resurrection.
Is the Pacific Sea my home? Or are
The eastern riches? Is Jerusalem?
Anyan, and Magellan, and Gibraltar,
All straits, and none but straits, are ways to them,
Whether where Japhet dwelt, or Cham, or Shem.
We think that Paradise and Calvary,
Christ’s cross, and Adam’s tree, stood in one place;
Look, Lord, and find both Adams met in me;
As the first Adam’s sweat surrounds my face,
May the last Adam’s blood my soul embrace.
So, in his purple wrapp’d, receive me, Lord;
By these his thorns, give me his other crown;
And as to others’ souls I preach’d thy word,
Be this my text, my sermon to mine own:
“Therefore that he may raise, the Lord throws down.”
Disponível em: http://www.poetryfoundation.org/poem/173370. Acesso em: 18/12/ 2017
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Percebemos que o eu-lírico morrerá em breve. Ele compara os médicos a cosmógrafos 
(especialistas na descrição do mundo por meio da astronomia) e a si mesmo a um mapa 
esticado sobre a mesa para ser mostrado/estudado, porém mostra-se feliz, já que a morte está 
relacionada à ressurreição. 
Esse poema foi escrito antes da morte do autor e, segundo estudiosos, representa sua 
tentativa de resumir o que se passava em sua mente em breves palavras, como uma tentativa 
de oferecer um sermão à sua própria alma. Observe:
Since I am coming to that holy room,
Where, with thy choir of saints for evermore,
I shall be made thy music; as I come
I tune the instrument here at the door,
And what I must do then, think here before.
Os versos referem-se à imagem de Donne como um mapa queé observado pelos médicos, 
que percebem que sua morte é inadiável.
O verso Look Lord, and find both Adam met in me define que o eu-lírico pede a ajuda de 
Cristo (segundo Adão) para purificar sua alma. 
Donne termina escrevendo um sermão para sua própria alma, da mesma maneira que 
pregava pelas almas das pessoas quando era padre. 
Agora que você já sabe um pouco sobre a poesia metafísica, que tal ler um outro poema e 
tentar comparar com os que foram analisados aqui?
Já que estamos falando de poesia, vamos continuar nossa viagem discutindo sobre a poesia 
do romantismo. Você perceberá que será bem diferente dos poemas metafísicos que acabamos 
de ver. Mas, antes de chegarmos aos poemas, temos de fazer referência ao contexto sócio-
histórico para que você consiga entender melhor a trajetória da literatura britânica.
Você já deve ter estudado no Ensino Médio alguma coisa sobre a Revolução Industrial, 
não é? Vamos relembrar?
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Unidade: A Primeira Bíblia em Língua Inglesa, os Poetas Metafísicos e o Primeiro Romance
A Revolução Industrial e os Poemas do Romantismo
A revolução Industrial foi um período de grandes mudanças no mundo, nos séculos XVIII e 
XIX. A principal mudança foi a substituição do trabalho artesanal pelo uso de máquinas que 
invadiram o continente europeu. 
No século XVIII, a maior parte da população vivia na zona rural e vivia da plantação, claro 
que de maneira bastante artesanal. A mudança foi drástica e fez com que muitos camponeses 
migrassem para os centros urbanos, então, a classe dos agricultores e artesãos transformou-se 
no proletariado urbano. Os camponeses saíram da área rural para a cidade com o objetivo de 
trabalhar nas fábricas.
O grande problema foi que as cidades não tinham estrutura para abrigar todas essas pessoas 
que migravam para lá. Como consequência, as condições de trabalho, saúde, moradia eram 
péssimas. Isso fez com que muitas pessoas acabassem morrendo, já que não havia sistema de 
saúde, saneamento básico etc.
Diante desse caos, apareceram dois movimentos com o intuito de ajudar essas pessoas 
carentes: um deles foi o Metodismo, que era um movimento religioso e ajudava as classes 
menos favorecidas; o outro foi o dos Sindicatos, que davam apoios aos trabalhadores em 
situação de doença, desemprego.
Como você já deve ter observado, todo contexto social é refletido na literatura. Nesse 
período, percebemos essa influência nos poemas, principalmente com relação às questões 
sociais, como a luta contra a escravidão, melhores condições de vida aos trabalhadores, a 
situação insalubre dos centros urbanos.
Os poetas do Romantismo podem ser vistos em dois grupos, chamados de primeira e 
segunda gerações. Os poetas da primeira geração são: 
• William Blake (1757-1827), considerado precursor do romantismo;
• William Wordsworth (1770-1850) e 
• Samuel Taylor Coleridge (1732-1834). 
Os poetas da segunda geração são: 
• Lord Byron (1788-1824); 
• John Keats (1795-1821) e 
• Percy Shelley (1792-1822).
Nosso enfoque será um dos poemas de William Blake, London, que retrata a situação social 
da Revolução Industrial. Leia o poema a seguir em inglês e em português.
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London
I wander thro’ each charter’d street, 
Near where the charter’d Thames does flow. 
And mark in every face I meet 
Marks of weakness, marks of woe. 
In every cry of every Man, 
In every Infants cry of fear, 
In every voice: in every ban, 
The mind-forg’d manacles I hear 
How the Chimney-sweepers cry 
Every black’ning Church appalls, 
And the hapless Soldiers sigh 
Runs in blood down Palace walls 
But most thro’ midnight streets I hear 
How the youthful Harlots curse 
Blasts the new-born Infants tear 
And blights with plagues the Marriage hearse
Londres
Vagueio por estas ruas violadas, 
Do violado Tamisa ao derredor, 
E noto em todas as faces encontradas 
Sinais de fraqueza e sinais de dor. 
Em toda a revolta do Homem que chora, 
Na Criança que grita o pavor que sente, 
Em todas as vozes na proibição da hora, 
Escuto o som das algemas da mente. 
Dos Limpa-chaminés o choro triste 
As negras Igrejas atormenta; 
E do pobre Soldado o suspiro que persiste 
Escorre em sangue pelos Palácios que sustenta. 
Mas nas ruas da noite aquilo que ouço mais 
É da jovem Prostituta o seu fadário, 
Maldiz do tenro Filho os tristes ais, 
E do Matrimónio insulta o carro funerário.
Fonte: http://www.poetryfoundation.org/poem/172929. Acesso em: 18/12/ 2017 Fonte: Canções da Experiência, tradução de Hélio Osvaldo Alves. 
Disponível em: http://www.citador.pt/poemas/londres-william-blake. Acesso em: 18/12/ 2017
Ouça o poema musicado, disponível em: 
https://youtu.be/PkGi_XAhtPc Acesso em: 18/12/ 2017
Tenho certeza de que você deve ter percebido várias das características que mencionamos 
ao discutir os centros urbanos insalubres da Revolução Industrial. O poeta nos passa a imagem 
de desolação e sofrimento que existia na cidade e as pessoas que vivem ali, como o limpa-
chaminés, o soldado, a mulher que, sem alternativa, torna-se prostituta.
O autor nos passa a impressão de que ele está vendo tudo o que acontece na cidade. 
Percebemos isso por meio dos verbos wonder e meet, (“vagueio” e “noto”, na tradução). 
Observe a terceira e a quarta estrofes. Nelas, o poeta nos passa a ideia de que ele percebe 
(quase pode sentir) o sofrimento das pessoas.
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Unidade: A Primeira Bíblia em Língua Inglesa, os Poetas Metafísicos e o Primeiro Romance
How the Chimney-sweepers cry 
Every black’ning Church appalls, 
And the hapless Soldiers sigh 
Runs in blood down Palace walls 
But most thro’ midnight streets I hear 
How the youthful Harlots curse 
Blasts the new-born Infants tear 
And blights with plagues the Marriage hearse 
O choro do limpa-chaminés, o suspiro do soldado, a prostituta que pragueja o próprio filho 
que chora.
Agora que já vimos um poema ilustrativo do Romantismo, vamos estudar a obra que foi 
considerada o primeiro romance inglês: Robinson Crusoe, de Daniel Defoe (1660-1731).
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O Primeiro Romance Inglês: Robinson Crusoe
Antes de começarmos a discutir esse romance, sugiro que você busque informações a 
respeito da obra e leia-a, tenho certeza de que lhe será de grande valia.
fonte: Wikimedia Commons
Defoe (1660-1731) e seus outros dois contem-
porâneos, também considerados precursores do gê-
nero romance, Samuel Richardson (1689-1761) e 
Henry Fielding (1707-1754), retratam em suas nar-
rativas a nova realidade social da Inglaterra, ou seja, 
suas transformações sociais do século XVIII.
Vasconcelos (2003, p. 25) discute que, antes do gê-
nero romance aparecer, o que havia na época era o 
chamado romanesco, que tinha como característica o 
fantástico, o fabuloso, e focalizava príncipes e princesas 
que narravam acontecimentos absurdos, irreais.
Já no romance, os temas são ligados à realidade em que personagens e enredo são 
entrelaçados com o objetivo de produzir no leitor uma ideia de que a história narrada é 
verdadeira, a chamada verossimilhança na literatura. Watt (1996, p. 15) aponta que os autores 
do romance, com o objetivo de conseguir essa verossimilhança, utilizavam em suas narrativas 
cartas, relatos, diários e usavam também muita descrição, para que os leitores conseguissem 
“visualizar” os ambientes. Todas essas estratégias envolvem o leitor de tal maneira que ele 
parece realmente participar da narrativa. 
Robinson Crusoe é baseado na história do marinheiro escocês Alexander Selkirk (1626-
1721), que foi abandonado na ilha de Juan Fernandez em 1709 e depois sofreu um naufrágio. 
Essa ilha, assim como a ilha de Crusoe, era desabitada.
A obra foi escrita no século XVIII, quando as pessoas estavam em busca de terras para 
serem colonizadas.Ao colonizarem essas terras, como forma de poder, eram impostas a 
língua, a cultura e a religião do colonizador.
Defoe nasceu em 1660, durante o início do período da restauração da monarquia Britânica, 
após a Guerra Civil Inglesa. Era de família presbiteriana, que acreditava na soberania de 
Deus, na palavra das Escrituras, em predestinação, na redenção por meio de boas ações e, 
principalmente, na fé em Deus e em Jesus Cristo.
Vamos começar então com um breve resumo para que você se lembre de alguns fatos da 
leitura que certamente você já fez.
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Unidade: A Primeira Bíblia em Língua Inglesa, os Poetas Metafísicos e o Primeiro Romance
Robinson Crusoe: o romance
O personagem principal é um puritano, nascido em 1602, que desafia a autoridade de seus 
pais e sai para os mares em busca de seus sonhos.
Em sua primeira viagem com um amigo, acontece o primeiro naufrágio. Chegam à cidade 
de Yarmouth e são acolhidos pelas autoridades.
Nosso personagem não desiste, conhece um capitão que viajava bastante e começa a 
viajar com ele. Muitas aventuras acontecem, inclusive a captura do navio por piratas, quando 
Robinson é capturado e obrigado a ser escravo do capitão. Finalmente consegue fugir e acaba 
vindo para o Brasil, onde se torna um fazendeiro próspero por um período de quatro anos. 
Com o intuito de conseguir escravos para o trabalho na fazenda, segue rumo à África, mas, na 
verdade, Crusoe era atraído muito mais pela aventura do que pela busca pela riqueza.
Novamente acontece um naufrágio e nosso herói acaba chegando a uma ilha deserta. 
Acaba se utilizando dos destroços do navio para sua sobrevivência. Constrói abrigo, alimenta-
se do que consegue encontrar e do que ainda restava no navio. 
Nosso náufrago fica nessa ilha por 28 anos. Nesse meio tempo, muitas coisas acontecem. 
Vai melhorando sua “casa”, encontra sementes de milho no navio e acaba conseguindo fazer 
uma plantação e assim vai sobrevivendo.
Em uma das expedições à ilha, acaba vendo um grupo de canibais, o que o deixa 
amedrontado. Esses canibais iam à ilha de tempos em tempos para uma espécie de ritual 
canibalesco. Robinson começa a preparar armas caso os canibais resolvam atacá-lo. 
Depois de um tempo, encontra os canibais novamente, mas, dessa vez, eles estão com 
dois nativos. Um deles morre, o outro acaba fugindo e encontra Crusoe. Nosso herói o leva 
para casa, o nomeia de Sexta-feira e pede para que seu futuro amigo o chame de “Master”. 
Como Sexta-feira não fala a língua de Crusoe, acabam se comunicando de maneira bastante 
rudimentar. Com o passar do tempo Crusoe lhe ensina a língua e os conhecimentos cristãos. 
Ficam bastante amigos. 
Depois de passar 28 anos na ilha e de muitas aventuras, aparece a oportunidade de voltar. 
Crusoe e seu fiel amigo voltam para a Inglaterra. Vai ao Brasil. 
De volta à Inglaterra, acaba se casando e sendo pai de três filhos. Mas a aventura mora 
dentro do nosso herói, como se estivesse em seu sangue, então, Crusoe volta à ilha em que 
havia vivido por tanto tempo e onde tinha deixado amigos espanhóis. Leva algumas mulheres, 
faz um loteamento da terra e as pessoas ficam ali, vivendo naquele novo mundo.
Análise da obra
Vamos começar pensando um pouco sobre o nosso protagonista, Robinson Crusoe. Você 
deve ter observado que ele tem características de herói, apesar de algumas fraquezas e alguns 
medos demonstrados ao longo da narrativa. Crusoe é bastante corajoso, determinado e 
enfrenta todas as dificuldades que aparecem. Constrói seus utensílios, trabalha bastante para 
ter uma vida confortável na medida do possível. Apesar de toda a adversidade, o personagem 
faz tudo para levar uma vida digna e se enxerga como o “senhor” de sua própria vida.
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Também percebemos essa “vaidade” quando ele pede a Sexta-feira que o chame de “Master” 
(mestre), a primeira palavra a lhe ser ensinada antes mesmo de “sim” e “não”. Além disso, 
Crusoe o trata como um serviçal, claro que a relação dos dois vai se estreitando ao longo da 
história, mas o traço de superioridade está sempre presente. Confira a seguir.
In a little time I began to speak to him; and teach him to speak 
to me: and first, I let him know his name should be Friday, which 
was the day I saved his life: I called him so for the memory of 
the time. I likewise taught him to say Master; and then let him 
know that was to be my name: I likewise taught him to say Yes 
and No and to know the meaning of them 
(DEFOE, 2000, p.186-187).
O que percebemos é que Defoe aponta as características do homem moderno em Crusoe: 
a coragem, a determinação, a vaidade, a ânsia pelo conforto material. Já a relação com Sexta-
feira mostra o poder do colonizador sobre o colonizado, a relação de superioridade. É nítido 
o esforço de Crusoe para “civilizar” Sexta-feira (papel do colonizador frente ao colonizado).
A religião também tem papel importante na vida do personagem. Só para lembrar, Crusoe 
era puritano. O personagem encontra Bíblias no navio e as leva para sua “casa”. No início, 
começa a ler a Bíblia em situações difíceis, mas depois cria um hábito e sua leitura acontece 
diariamente. Se pensarmos nas características dos puritanos, perceberemos muitas delas em 
nosso herói: eles acreditavam que as atividades produtivas, a fé em Deus e o sucesso estavam 
relacionados. Veja o trecho a seguir: 
“Now, said I aloud, My dear Father’s Words are come to pass: 
God’s Justice has overtaken me, and I have none to help or 
hear me: I rejected the Voice of Providence” 
(DEFOE, 2000, p. 67).
O excerto mostra que o personagem tem certeza de que Deus o está ajudando e que, por 
causa dessa ajuda, da justiça de Deus, ele não tem mais nada a temer.
Outro ponto que vale notar é a ideia de “imperialismo” bastante presente na obra. Crusoe 
era o imperador da ilha. Essa ideia acontece gradativamente. O personagem começa a construir 
sua “casa”, a fazer seus utensílios e acaba se “apossando” da ilha, sente-se dono dela. Crusoe 
representa o Estado, exerce influência sobre todos na ilha: objetos, animais e, mais tarde, o 
poder na relação com Sexta-feira. Observe a seguir.
My island was now peopled, and I thought myself very rich in 
subjects; and it was a merry reflection, which I frequently made, 
how like a king I looked. First of all, the whole country 
was my own mere property, Baso that I had an undoubted 
right of dominion. Secondly, my people were perfectly subjected. 
I was absolute lord and lawgiver, they all owed their lives to me, 
and were ready to lay down their lives, if there had been occasion 
of it, for me
(DEFOE, 2000, p. 200, grifo nosso). 
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Unidade: A Primeira Bíblia em Língua Inglesa, os Poetas Metafísicos e o Primeiro Romance
O trecho nos mostra a ideia de propriedade do personagem, que se compara a um rei, que 
entende que é dono de tudo, típico do pensamento do colonizador. Crusoe, como colonizador, 
impõe sua língua, sua religião e seus hábitos ao colonizado Sexta-feira. Veja o exemplo a seguir:
From these things, I began to instruct him in the knowledge of 
the true God; I told him that the great Maker of all things lived up 
there, pointing up towards heaven; that He governed the world 
by the same power and providence by which He made it; that He 
was omnipotent, and could do everything for us, give everything 
to us, take everything from us; and thus, by degrees, I opened his 
eyes. He listened with great attention, and received with pleasure 
the notion of Jesus Christ being sent to redeem us; and of the 
manner ofmaking our prayers to God, and His being able to hear 
us, even in heaven. He told me one day, that if our God could hear 
us, up beyond the sun, he must needs be a greater God than their 
Benamuckee, who lived but a little way off, and yet could not hear 
till they went up to the great mountains where he dwelt to speak 
to them 
(DEFOE, ano, p. 196).
Como já dito anteriormente, o fato de Crusoe ensinar sua religião a Sexta-feira é uma das 
características de poder, o poder do colonizador sobre o colonizado que impõe sua religião, 
sua língua, sua cultura etc.
Apesar de já termos falado sobre Sexta-feira, ainda não analisamos esse personagem, não 
é mesmo? Então, diante das informações e leituras que você já fez, vamos pensar em algumas 
características desse personagem?
Sexta-feira é um nativo caribenho de cerca de 26 anos de idade. Esse personagem representa 
todos os nativos da América, da Ásia e da África que foram oprimidos pelos colonizadores do 
imperialismo europeu. 
Além dessa importante representação, Sexta-feira demonstra, muitas vezes, ter mais 
sentimento com relação à família do que Crusoe. Na narrativa, Crusoe nunca menciona sentir 
falta de sua família, enquanto Sexta-feira, ao encontrar o pai, pula e canta para demonstrar o 
quão feliz está com o reencontro. Veja que emocionante.
But when Friday came to hear him speak, and look in his 
face, it would have moved any one to tears to have seen how 
Friday kissed him, embraced him, hugged him, cried, laughed, 
hallooed, jumped about, danced, sang; then cried again, wrung 
his hands, beat his own face and head; and then sang and 
jumped about again like a distracted creature. It was a good 
while before I could make him speak to me or tell me what was 
the matter; but when he came a little to himself he told me that 
it was his father 
(DEFOE, 2000, p. 215).
A maneira pela qual o autor descreve essa cena permite que o leitor possa sentir a felicidade 
de Sexta-feira ao reencontrar seu pai. Todo esse sentimento demonstrado pelo personagem 
nos permite notar que Crusoe não tem essa emoção pelos pais, pela família. Na verdade, a 
característica mais marcante de Robinson é o materialismo e o individualismo e é Sexta-feira 
que ameniza esses traços.
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Um ótimo desfecho para essa história é perceber que o sentimento de Crusoe em relação a Sexta-
feira é grande e verdadeiro, é muito mais do que gostar de um serviçal. Apesar de não demonstrar 
seus sentimentos, o personagem afirma amar Sexta-feira. Sexta-feira oferece a seu mestre, amor, 
emoção, paz de espírito, sentimentos que faltam no coração europeu. Veja o excerto.
Besides the pleasure of talking to him, I had a singular 
satisfaction in the fellow himself: his simple, unfeigned honesty 
appeared to me more and more every day, and I began really 
to love the creature; and on his side I believe he loved me 
more than it was possible for him ever to love anything before 
(DEFOE, 2000, p. 193, grifo nosso).
Podemos perceber que Sexta-feira tocou o coração de Crusoe quando ele diz “I began 
really to Love the creature” mesmo que ainda dirija-se a ele como “criatura” ou “selvagem”.
Com relação à narrativa realista, como já mencionamos, sabemos que o autor usa estratégias 
linguísticas para envolver o leitor na história e a narra como se fosse fatos reais. Uma dessas 
estratégias é a utilização do narrador em primeira pessoa, pronome “eu”, que passa ao leitor 
uma sensação de familiaridade, de proximidade com o leitor, além disso, dá a impressão de 
autenticidade, de que a história é real. 
Esse é um dos motivos pelo qual Defoe é considerado o precursor do romance realista. A 
narrativa em primeira pessoa exprime uma relação de confidencialidade entre autor e leitor. 
Observe essas características no trecho a seguir do começo da obra.
I was born in York, England in 1632. My father was from Bremen in 
Germany and had moved to England for business. His family name 
was Kreutznaer, but English people aren’t very comfortable with 
foreign names. Everyone started to call my father Crusoe instead 
of Kreutznaer, so eventually our family name became Crusoe.
I had two elder brothers, one of whom was lieutenant-colonel to an 
English regiment of foot in Flanders, formerly commanded by the 
famous Colonel Lockhart, and was killed at the battle near Dunkirk 
against the Spaniards. What became of my second brother I never 
knew, any more than my father or mother knew what became of me
(DEFOE, 2000, p. 3).
Conforme já discutido anteriormente, a narrativa realista passa a ideia de que tudo o que 
acontece é realmente verdade. Além de o autor capturar a atenção do leitor já no início da 
narrativa ao utilizar a primeira pessoa I/eu. Watt (1996, p. 34-35) aponta que outro traço 
marcante é quando o personagem conta sobre sua família, oferecendo ao leitor informações 
de datas, locais, dados econômicos e sociais que também remetem o leitor a pensar que se 
trata de algo real. É como se estivesse compartilhando os fatos de sua vida. 
Além disso, no segundo parágrafo, o autor relaciona a narrativa a um fato real, a Guerra 
Espanhola, outra característica do realismo, o que corrobora a percepção do leitor para a ideia 
de uma história real. 
Essa obra é um marco da literatura inglesa. Tenho certeza de que você aproveitou a leitura, 
não só pelas informações relevantes da literatura, mas também porque a história é interessante 
e envolvente. Continue lendo! 
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Unidade: A Primeira Bíblia em Língua Inglesa, os Poetas Metafísicos e o Primeiro Romance
Material Complementar
Caro aluno, aproveite o material elencado abaixo para aprimorar seu conhecimento:
Vídeo:
Assista a uma palestra bastante interessante sobre o poeta metafísico John Donne:
https://youtu.be/D2Ulrvt-7xU
Há materias excelentes disponíveis na internet sobre a obra que enfocamos nesta unidade, 
Robinson Crusoe de Daniel Defoe: A seguir apresento três endereços o primeiro é um áudio 
book, que está em inglês e que você poderá, além de ouvir a obra em qualquer lugar que esteja, 
ainda praticar a habilidade da audição. No segundo link, você encontrará a obra completa em 
inglês e no terceiro a obra em português
Livros:
https://goo.gl/qqkB5f (audio book)
https://goo.gl/MK4e3w (e-book em inglês)
https://goo.gl/MQSrGC (e-book em português)
Filme:
Veja o trailer do fi lme Robinson Crusoe com Pierce Brosnan:
https://youtu.be/3nXblCMnetI
E depois, claro, assista ao filme.
21
Referências
BORGES, J. L. Curso de literatura inglesa. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2006.
BURGESS, Anthony. A literatura inglesa. São Paulo: Ática, 2008.
VASCONCELOS, S. A Formação do Romance Brasileiro. http://www.iel.unicamp.br/
memoria/caminhos/ensaios, acesso em 24 de setembro de 2014.
WATT, Ian. A Ascenção do Romance: estudos sobre Defoe, Richardson, Fielding. São 
Paulo: Companhia das Letras, 1996.
Watt, Ian. Myths of Modern Individualism. Cambridge: Cambridge University Press, 1996.
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Unidade: A Primeira Bíblia em Língua Inglesa, os Poetas Metafísicos e o Primeiro Romance
Anotações
Literatura Inglesa
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Dr.a Palma Simone Tonel Rigolon
Revisão Técnica:
Prof.ª Dr.ª Nathalia Botura
Revisão Textual:
Prof. Esp. Bruno Reis
A Era Vitoriana: Auge do Império Britânico
5
• A rainha Vitória (1819-1901) e o desenvolvimento mundial
• Oscar Wilde: O príncipe feliz
• Charlotte Brontë: Jane Eyre
Nesta Unidade, nosso enfoque será a era vitoriana. 
 · A rainha Vitória (1819-1901) foi a governante que ficou no poder mais 
tempo na história da monarquia Inglesa: 64 anos. 
 · Com relação à literatura, abordaremos um romance e um conto. Os autores 
focalizados serão o irlandês naturalizado inglês Oscar Wilde, com o conto 
The

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