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@giancarlabombonato Simulado de Português – Gabarito Comentado 1 Na mídia em geral, nos discursos políticos, em mensagens publicitárias, na fala de diferentes atores sociais, enfim, nos diversos contextos em que a comunicação se faz 4 presente, deparamo-nos repetidas vezes com a palavra cidadania. Esse largo uso, porém, não torna evidente seu significado. Ao contrário, o fato de admitir vários empregos 7 deprecia seu valor conceitual, isto é, sua capacidade de nos fazer compreender certa ordem de eventos. Por que, então, a palavra cidadania é constantemente evocada, se o seu 10 significado é tão pouco esclarecido? Uma resposta possível a essa indagação começa pelo reconhecimento de que há um considerável avanço da agenda 13 igualitária no mundo e, decorrente disso, uma valorização sem precedentes da ideia de direitos. O fenômeno é mundial, afeta, de modos e em graus distintos, todas as sociedades e aponta 16 para uma democratização progressiva e sustentada das repúblicas. Observam-se também, nesse contexto, passagens contínuas da condição de indivíduo à de cidadão, na medida 19 em que temas do domínio privado que, por sua incidência e relevância, passam a ser amplamente debatidos na esfera pública podem influenciar o sistema político a torná-los 22 matéria de interesse geral e, no limite, direitos positivados. Em suma, reconhecer a centralidade que assumiu a discussão sobre direitos ajuda a entender a atual onipresença da 25 palavra cidadania. Mas avançar na elucidação desse fenômeno impõe perceber que, ao lado da valorização dos direitos, se desenvolve igualmente a certeza de que o caminho para 28 efetivá-los é a mobilização pública do sentimento de justiça, e não a ativação de métodos personalistas de acesso a eles. Em outras palavras, considera-se cada vez mais importante que os 31 direitos estejam fortemente conectados com a plena autonomia política dos indivíduos, de modo que não sejam vividos como favores concedidos por governantes, filantropos, patronos ou 34 equivalentes. Maria Alice Rezende de Carvalho. Cidadania e direitos. In: André Botelho e Lilia Moritz Schwarcz (Orgs.). Agenda brasileira: temas de uma sociedade em mudança. São Paulo: Companhia das Letras, 2011 (com adaptações) 1. O texto indica como possível motivo para o uso frequente da palavra cidadania a crescente relevância alcançada pelos debates públicos acerca de direitos. 2. A maior parte das pessoas emprega a palavra cidadania de modo incorreto em suas conversas informais sobre política. 3. Para que sejam efetivos, os direitos não devem ser obtidos por meio de favores concedidos, entre outros, por políticos e benfeitores. 4. A condição de cidadão é socialmente adquirida, e não herdada de forma natural. 5. No primeiro parágrafo do texto, o referente da forma pronominal “sua” (R.7) é “vários empregos” (R.6). 6. A correção gramatical e os sentidos do texto seriam prejudicados caso se isolasse por vírgulas a expressão “repetidas vezes” (R.4). 7. No texto, a palavra “sustentada” (R.16) foi empregada com o sentido de sólida, duradoura. 8. Sem prejuízo para a correção e os sentidos do texto, a expressão “e não” (R. 28 e 29) poderia ser substituída por “e nem”. 9. O pronome “nos” (l. 7) exerce a função de complemento verbal na oração em que se insere. 10. O termo “afeta” (l. 14) está isolado por vírgulas. Por isso, seria mantida a correção gramatical se as vírgulas fossem substituídas por travessões. @giancarlabombonato Gabarito comentado 1 Na mídia em geral, nos discursos políticos, em mensagens publicitárias, na fala de diferentes atores sociais, enfim, nos diversos contextos em que a comunicação se faz 4 presente, deparamo-nos repetidas vezes com a palavra cidadania. Esse largo uso, porém, não torna evidente seu significado. Ao contrário, o fato de admitir vários empregos 7 deprecia seu valor conceitual, isto é, sua capacidade de nos fazer compreender certa ordem de eventos. Por que, então, a palavra cidadania é constantemente evocada, se o seu 10 significado é tão pouco esclarecido? Uma resposta possível a essa indagação começa pelo reconhecimento de que há um considerável avanço da agenda 13 igualitária no mundo e, decorrente disso, uma valorização sem precedentes da ideia de direitos. O fenômeno é mundial, afeta, de modos e em graus distintos, todas as sociedades e aponta 16 para uma democratização progressiva e sustentada das repúblicas. Observam-se também, nesse contexto, passagens contínuas da condição de indivíduo à de cidadão, na medida 19 em que temas do domínio privado que, por sua incidência e relevância, passam a ser amplamente debatidos na esfera pública podem influenciar o sistema político a torná-los 22 matéria de interesse geral e, no limite, direitos positivados. Em suma, reconhecer a centralidade que assumiu a discussão sobre direitos ajuda a entender a atual onipresença da 25 palavra cidadania. Mas avançar na elucidação desse fenômeno impõe perceber que, ao lado da valorização dos direitos, se desenvolve igualmente a certeza de que o caminho para 28 efetivá-los é a mobilização pública do sentimento de justiça, e não a ativação de métodos personalistas de acesso a eles. Em outras palavras, considera-se cada vez mais importante que os 31 direitos estejam fortemente conectados com a plena autonomia política dos indivíduos, de modo que não sejam vividos como favores concedidos por governantes, filantropos, patronos ou 34 equivalentes. Maria Alice Rezende de Carvalho. Cidadania e direitos. In: André Botelho e Lilia Moritz Schwarcz (Orgs.). Agenda brasileira: temas de uma sociedade em mudança. São Paulo: Companhia das Letras, 2011 (com adaptações) 1. O texto indica como possível motivo para o uso frequente da palavra cidadania a crescente relevância alcançada pelos debates públicos acerca de direitos. Certo. O texto diz que “Na mídia em geral, nos discursos políticos, em mensagens publicitárias, na fala de diferentes atores sociais, enfim, nos diversos contextos em que a comunicação se faz presente, deparamo-nos repetidas vezes com a palavra cidadania.” E afirma que “Em suma, reconhecer a centralidade que assumiu a discussão sobre direitos ajuda a entender a atual onipresença da palavra cidadania.” 2. A maior parte das pessoas emprega a palavra cidadania de modo incorreto em suas conversas informais sobre política. Errado. O texto não faz a afirmação de que a maior parte das pessoas emprega a palavra cidadania de modo incorreto em suas conversas informais sobre política. O que se entende é que: “Observam-se também, nesse contexto, passagens contínuas da condição de indivíduo à de cidadão, na medida em que temas do domínio privado que, por sua incidência e relevância, passam a ser amplamente debatidos na esfera pública podem influenciar o sistema político a torná-los matéria de interesse geral e, no limite, direitos positivados”. 3. Para que sejam efetivos, os direitos não devem ser obtidos por meio de favores concedidos, entre outros, por políticos e benfeitores. Certo. O texto afirma que “em outras palavras, considera-se cada vez mais importante que os direitos estejam fortemente conectados com a plena autonomia política dos indivíduos, de odo que não sejam vividos como favores concedidos por governantes, filantropos, patronos ou equivalentes”. @giancarlabombonato 4. A condição de cidadão é socialmente adquirida, e não herdada de forma natural. Errado. O texto mostra que “observam-se também, nesse contexto, passagens contínuas da condição de indivíduo à de cidadão, na medida em que temas do domínio privado que, por sua incidência e relevância, passam a ser amplamente debatidos na esfera pública podem influenciar o sistema político a torná-los matéria de interesse geral e, no limite, direitos positivados.” 5. No primeiro parágrafo do texto, o referenteda forma pronominal “sua” (R.7) é “vários empregos” (R.6). Errado. O referente de “sua” é a palavra “cidadania”. 6. A correção gramatical e os sentidos do texto seriam prejudicados caso se isolasse por vírgulas a expressão “repetidas vezes” (R.4). Errado. No trecho “deparamo-nos repetidas vezes com a palavra cidadania", a expressão “repetidas vezes” é uma locução adverbial temporal, e o emprego das vírgulas não prejudica a correção e o sentido, por se tratar de um caso facultativo (locução adverbial com até 3 palavras). 7. No texto, a palavra “sustentada” (R.16) foi empregada com o sentido de sólida, duradoura. Certo. No trecho “aponta para uma democratização progressiva e sustentada das repúblicas”, percebe-se que o sentido de “sustentada” equivale a “sólida, duradoura”. 8. Sem prejuízo para a correção e os sentidos do texto, a expressão “e não” (R. 28 e 29) poderia ser substituída por “e nem”. Errado. A expressão “e não” pode ser substituída por “mas não”, já que a conjunção E neste caso tem valor adversativo (ressalva). 9. O pronome “nos” (l. 7) exerce a função de complemento verbal na oração em que se insere. Errado. No trecho “sua capacidade de nos fazer compreender certa ordem de eventos”, há uma construção que traz um sujeito acusativo. Desse modo, o pronome “nos”, nesse trecho em especial exerce a função de sujeito acusativo. Esse sujeito aparece quando há verbos sensitivos ou causativos seguidos de infinitivo ou gerúndio, como ocorre no texto: “de nos fazer compreender” ou “de fazer-nos compreender” (fazer “nós” compreendermos). 10. O termo “afeta” (l. 14) está isolado por vírgulas. Por isso, seria mantida a correção gramatical se as vírgulas fossem substituídas por travessões. Errado. No trecho “O fenômeno é mundial, afeta, de modos e em graus distintos, todas as sociedades e aponta para uma democratização progressiva e sustentada das repúblicas”, a primeira vírgula separa duas orações, e a segunda vírgula faz par com a terceira (as quais isolam a expressão “de modos e em graus distintos”).
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