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O Controle dos Gastos Públicos em conformidade com a Lei n 101200 - Lei de Responsabilidade Fiscal


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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS 
 
 
 
Nilza de Fátima Castro 
Yasmim Guimarães 
Walery Araujo 
Raul Victor Ferreira 
 
 
O Controle dos Gastos Públicos em conformidade com a Lei n° 101/200 - 
Lei de Responsabilidade Fiscal 
 
 
 
 
 
 
RECIFE – PE 
2021 
 
Nilza de Fátima Castro 
Yasmim Guimarães 
Walery Gabriella Soares Araujo 
Raul Victor Ferreira 
 
 
 
 
O Controle dos Gastos Públicos em conformidade com a Lei n° 101/200 - 
Lei de Responsabilidade Fiscal 
 
 
 
 
 
Trabalho acadêmico apresentado ao curso 
de ciências contábeis como requisito para a 
obtenção de nota na disciplina de Finanças 
e Planejamento Público, ministrada pelo 
Professor Severino Lins. 
 
 
 
 
 
 
RECIFE – PE 
2021 
 
Sumário 
 
Introdução ......................................................................................................... 4 
1.Controle dos gastos Públicos ...................................................................... 7 
1.1. O que é controle de gastos públicos .................................................. 7 
 1.2Qual importância do controle de gastos públicos ........................... 8 
 1.3Como é elaborado o controle de gastos públicos no Brasil.............. 9 
2. Lei Da Responsabilidade Fiscal..................................................................10 
3. Emenda Constitucional Do Teto Dos Gastos........................................... 12 
Referências Bibliográficas............................................................................. 15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Introdução 
 
 Em meados da década de 80, o Brasil foi bombardeado por crises financeiras. 
O desequilíbrio fiscal tornou-se um dos assuntos mais discutidos e preocupantes 
da época. Tem-se como exemplo o aumento desenfreado da inflação, gerando 
assim uma alta taxa de juros, culminando para o endividamento público. O 
Estado do bem-estar social entrou em crise, mostrando a ineficácia do Estado 
em atender as demandas sociais da população, ao mesmo tempo em que 
administrava suas contas públicas. 
 
“Na década de 1980, o Brasil passou por uma transição de Governo, 
do militar para o civil. No encerramento do governo militar 1984, a 
situação econômica e financeira do País era uma das mais graves. O 
primeiro governo civil, após o período governado pelos militares, do 
Presidente Sarney foi marcado por vários planos econômicos visando 
controlar a inflação e fomentar o crescimento econômico, os quais não 
deram resultados”. (MATIAS e CAMPELLO, 2000). 
 
 De acordo com Rezende (1997, p. 296) “[...] uma das críticas mais comuns 
à Constituição de 1988 é que ela promoveu uma forte descentralização de 
recursos, mas não de atribuições”, isto é, houve uma divisão econômica onde o 
Estado distribuía a arrecadação para os estados e municípios do país, mas não 
tinha o controle de como e onde essas verbas seriam aplicadas. Gerando assim, 
abertura para corrupção e desvio de verbas públicas. 
 A partir da década de 90, pode-se perceber algumas tentativas de mudança 
no cenário político-econômico do País. O primeiro deles foi a criação do Plano 
Real pelo então presidente Itamar Franco. Por meio dele, foi possível controlar 
a inflação e retomar o controle da economia do país, que na época estava 
beirando o caos. No entanto, ainda era grande a preocupação com a gestão das 
contas públicas, visto que o Brasil ainda não possuía uma lei rígida e expressiva 
capaz de gerenciar os gastos do Governo e seus devidos fins. Nesta mesma 
5 
 
década, houve uma mudança de perspectiva do papel do Estado, 
economicamente e socialmente falando. Através de privatizações ocorridas 
nesse período e com a criação das agências reguladoras, o Estado passou de 
provedor para fiscalizador. 
 
 A política fiscal ganhou lugar destacado na condução da política 
macroeconômica e na estratégia de desenvolvimento. A integração 
subordinada aos mercadores, associada à abertura comercial e 
financeira e à retirada do Estado como agente condutor do 
crescimento, exigiram a adaptação do regime fiscal às alterações da 
estratégia de desenvolvimento e das formas de integração à economia 
mundial. (LOPREATO, 2007, p.4) 
 
 Em outubro de 1998, o então presidente Fernando Henrique Cardoso 
estabeleceu e deu início ao Programa de Estabilidade Fiscal, que tinha por 
objetivo a promoção do equilíbrio fiscal definitivo das contas públicas e a 
estabilidade monetária. Dentro do programa, estava inserido a Lei de 
Responsabilidade Fiscal (LRF). 
 Oficialmente, Lei complementar nº 101, sancionada em 4 de maio de 2000, é 
uma lei criada com o intuito de controle e boa gestão dos gastos públicos em 
todas as suas esferas. Através de ações planejadas e transparentes, a lei busca 
manter o equilíbrio das contas públicas, estipulando limites e metas de resultado. 
A lei obrigada que a União, Estados e Munícipios apresentem detalhadamente 
todas as suas movimentações financeiras ao Tribunal de Contas. 
 Tendo foco em curto, médio e longo prazo, a LFR tem como um de seus 
objetivos o controle dos gastos, assim, as finanças públicas que por ventura 
venham a ser prejudicadas em um determinado Governo, não sejam repassadas 
para o próximo, e sim controladas na gestão em que forem sucedidas. O Artigo 
I § 1o da LRF, mostra de maneira geral o funcionamento desta: 
 
 § 1o A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada 
e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes 
de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de 
6 
 
metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites 
e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas 
com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e 
mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, 
concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar. 
 
 No que diz respeito a dívida pública, a Lei de Responsabilidade Fiscal diz 
que o senado deve estipular limites entre receitas e despesas, e que os 
governantes devem respeitar e cumprir estes limites. Também sendo 
estabelecidas metas trimestrais, com o objetivo de dar ao governante um prazo 
para que possa planejar seus gastos para aquele período específico. Dessa 
forma, as metas fiscais tem como finalidade a criação de métodos facilitadores 
para a prestação de contas do Estado para com a sociedade. 
 Neste trabalho será feito um estudo aprofundado a respeito da Lei de 
Responsabilidade Fiscal (LFR) e suas aplicações, bem como as mudanças 
trazidas por ela para a gestão das finanças do Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. Controle dos gastos públicos 
 
 A necessidade de controle de gastos públicos apareceu acompanhada da 
autorização legislativa para arrecadar impostos, seguida pela regulação da 
maneira como o Estado deve administrar os gastos públicos. Com efeito, esse 
procedimento de controle financeiro permitiu que os órgãos representativos da 
soberania popular, nos sistemas democráticos, realizassem um controle efetivo 
da administração financeira (VALLÈS VIVES, 2001). 
 Ademais, o controle funcionava de maneira que o domínio dos súditos fosse 
mantido pelo soberano. Hoje em dia, a noção de que o controle estatal está 
protegendo os direitos públicos, foi inserida na cultura ocidental, deixando de 
lado a antiga noção de domínio do soberano. 
 
1.2. O que é controle de gastos públicos 
 
 Podemos definir o controle na Administração Pública como: “[...] a faculdade 
de vigilância, orientação e correção que um Poder, órgão ou autoridade exerce 
sobre a conduta de outro.” (MEIRELLES, 2000, p. 610). 
 Para o ex- magistrado Di Pietro (1998, p.478), o controlena Administração 
Pública é: “[...] o poder de fiscalização e correção que sobre ela exercem os 
órgãos dos poderes Judiciário, Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir 
a conformidade de sua atuação com os princípios que lhes são impostos pelo 
ordenamento jurídico”. 
 A ideia do controle da administração pública está ligada diretamente à 
necessidade de assegurar que a Administração atue em consonância com os 
princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico (COSTA, 2006). 
 O controle das atividades do Estado pode ser analisado sob dois enfoques 
complementares: o controle vertical e o horizontal. 
8 
 
 Lemos (2005) descreve que o controle, dentro do princípio democrático, pode 
ser considerado controle vertical quando abrange as relações entre a esfera 
social e a estatal. De maneira análoga, pode ser considerado controle horizontal 
quando se estabelece entre instituições estatais. 
 
1.2 Qual importância do controle de gastos públicos 
 
 O papel do controle é de grande importância para o aperfeiçoamento da 
administração pública. É um recurso democrático que objetiva à limitação do 
poder e à busca de eficiência através da fiscalização, avaliação e monitoramento 
das ações governamentais. De igual modo, o exercício dos controles institucional 
e social é igualmente significativo no combate a atos ilícitos de naturezas 
diversas, tais como as fraudes e a corrupção. 
 A corrupção se estabelece, por exemplo, no suborno ao guarda de trânsito, 
na informação de dados falsos para obter algum benefício, ou até mesmo dentro 
de nossa própria casa, quando mentimos para nossos entes queridos como 
intuito de levar alguma vantagem. Claro que é necessário ter cuidado para não 
misturar as coisas, porque nem tudo é observado como crime de corrupção. Por 
exemplo, ninguém é preso por furar a fila do banco, mas desviar a verba da 
merenda escolar e deixar milhares de crianças sem alimentação é crime e quem 
o pratica está sujeito às penalidades previstas em lei. 
 A Constituição Federal de 1988, também conhecida como Constituição 
Cidadã, apareceu para consolidar direitos e a prever, em diversos dispositivos, 
a participação do cidadão na formulação, efetivação e controle social das 
políticas públicas. 
 Controle social geralmente se refere a mecanismos ou processos sociais e 
políticos que regulam o comportamento individual ou em grupo, na tentativa de 
obter conformidade de cumprimento das regras de uma sociedade dada, Estado 
ou grupo social. 
9 
 
 Os conselhos municipais, formados por representantes da Prefeitura e da 
sociedade civil, contribuem para a definição dos planos de ação da cidade, 
através de reuniões periódicas e discussões. Cada conselho atua de maneira 
diferente, de acordo com a realidade local e com a sua especificação. 
Os conselhos são espaços públicos de composição plural e paritária entre 
Estado e sociedade civil, de natureza deliberativa e consultiva, cuja função é 
formular e controlar a execução das políticas públicas setoriais. 
Uma democracia forte só ocorre quando há grande participação popular na vida 
pública. Cidadãos que sabem o que acontece na administração de suas cidades, 
estados e de seu país podem sugerir melhorias e cobrar dos governantes para 
que elas sejam concretizadas. 
 
1.3 Como é elaborado o controle de gastos públicos no Brasil 
 
 No Brasil, o controle dos gastos na Administração Pública é realizado através 
dos órgãos de Contabilidade, Inspeção Financeira, Orçamento e Auditoria dos 
entes federativos, assim como pelo Poder Legislativo, com o auxílio dos 
Tribunais de Contas, pelo Ministério Público, pelo Poder Judiciário e pela própria 
sociedade, que estão responsáveis pela fiscalização de toda a arrecadação e 
verificação das despesas. Assim, constata-se que há dois mecanismos de 
controle: externo e interno. 
 O Controle interno, também conhecido como controle básico, engloba os três 
âmbitos governamentais: federal, estadual e municipal, para que estes executem 
suas próprias atividades de acordo com os conceitos básicos da Administração 
Pública, previstos no artigo 37 da Carta Magna: Legalidade, Impessoalidade, 
Moralidade, Publicidade e Eficiência. São os próprios órgãos que exercem o 
controle de suas atividades. 
 O controle externo fica sob o comando do Poder Legislativo, com o auxílio dos 
Tribunais de Contas. Além de tal controle, destaca-se a fiscalização que pode 
ser realizada pela população, pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário, que 
10 
 
deverão verificar se as metas previstas em lei estão sendo cumpridas pelos 
gestores, através dos relatórios publicados. 
 Há de se evidenciar que, na esfera jurisdicional, tem-se apenas a verificação 
de legalidade (constitucionalidade e legitimidade), enquanto o controle externo 
realizado pelo Poder Legislativo compreende tanto a legalidade como a 
supervisão político-administrativa. Em outros termos, o controle externo, 
objetiva, fundamentalmente, a averiguação da probidade dos gastos por parte 
da Administração Pública, e o cumprimento da Lei Orçamentária, enquanto o 
Poder Judiciário encarrega-se apenas do controle de legalidade (e da 
constitucionalidade), tendo em vista que a escolha do destino dos gastos 
públicos é ato arbitrário dos gestores. 
 À sociedade também compete à fiscalização dos gastos públicos, que, diante 
de qualquer verificação de ilegalidade ou abuso de poder, poderá denunciar ao 
Ministério Público, aos Tribunais de Contas ou aos órgãos internos competentes 
para a devida responsabilização dos gestores envolvidos. 
 
2. Lei Da Responsabilidade Fiscal 
 A lei complementar nº 101, de 04 de maio de 2000 foi criada no Governo de 
Fernando Henrique Cardoso com o intuito de lutar contra os desarranjos 
encontrados nas contas públicas, antes dessa lei ser criada outra lei vigiava 
sobre as contas públicas, a lei nº 4.320/1964, que ditava as bases e definições 
para o funcionamento das finanças governamentais, todavia, a criação da lei 
complementar nº 101 representava uma mudança de mentalidade e mais 
responsabilidade. 
 
 Além disso, ela trouxe regulamentação ao Art. 163 da Constituição Federal 
de 1988, com regras para os três níveis de governo: Federal, Estadual e 
Municipal. E outros artigos que complementam a lei como o Art.169 definindo 
limites de despesas pessoais e o Art. 165 com o objetivo de estabelecer 
normas de gestão financeira e patrimonial. 
 
 Não só a lei trouxe um aspecto mais promissor no quesito de fiscalização, 
como também se observou uma importância e significância na contabilidade 
pública, atribuindo novas funcionalidades como o controle gerencial, tanto que 
11 
 
ocorreram passos regulatórios para consolidar as necessidades dos 
demonstrativos contábeis. Tendo como exemplo a lei 11.638/2007 que trouxe a 
convergência das normas contábeis ao padrão internacional e também a 
portaria do Ministério da fazenda nº 184/2008, regulamentando diretrizes a 
serem observadas no setor público para tornar as demonstrações contábeis 
convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao 
Setor Público (Ipsas). 
 
 Mesmo com a melhora da lei, ainda assim existem falhas na lei, que 
permitem sua flexibilização, principalmente no cenário Pandêmico em que se 
vive, um dos critérios de pedido de crédito é justamente casos de calamidade 
pública e foi o que aconteceu no ano de 2020 com a Covid-19. 
 
 Todavia, o período em que se vive houve uma flexibilização dessa lei, a 
questão da calamidade pública, pelo vírus da Covid-19, que a partir do ano de 
2020 se fez presente na realidade de todo o mundo, e para efetivar tal despesa 
é preciso que a assembleia legislativa aprove o estado de calamidade pública, 
e essa efetivação ocorreu através de um ofício enviado pelo Tribunal de Contas 
a assembleia propondo a aprovação geral de todosos municípios que a 
solicitarem, porém, como o tempo foi curto devido a proporção que pandemia 
trouxe a população, os Municípios não conseguiram atender a todas as 
exigências trazidas pela LRF, por isso o Poder Executivo Federal impetrou a 
Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal para afastar 
a aplicação dos artigos 14, 16, 17 e 24 da Lei de Responsabilidade Fiscal 
enquanto durar o estado de calamidade pública. 
 
 As sanções instituições para o crime de responsabilidade fiscal são de 
natureza financeira e são expressas em três tipos: suspensão de transferências 
voluntárias(exceto para saúde,assistência social e educação), suspensão de 
contratação de operações de crédito e suspensão de obtenção de garantias. 
Um exemplo é o que está explicíto no Art. 23 da LRF, ao estatuir que, se o ente 
não reduzir o excesso de despesa de pessoal previsto no art. 20 no prazo legal 
(em dois quadrimestres, sendo pelo menos 1/3 no primeiro), este não poderá: I 
– receber transferências voluntárias; II – obter garantia, direta ou indireta, de 
outro ente; III – contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao 
refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas 
com pessoal. 
 
 Um exemplo desse crime, foi expresso pela Ex-presidente Dilma Rouselff que 
cometeu o crime de pedaladas fiscais, o governo matinha dívidas, pois, queria 
executar outras despesas na qual não tinham dinheiro e nisso incorreu uma 
ilegalidade grave. 
12 
 
 
 Tendo como um dos pilares da Lei da responsabilidade o impedimento de 
que o ente controlador utilize sua instituição financeira como fonte de recursos 
para despesas primárias, também houve mudança de regras sobre o cálculo de 
Superávit, que tiveram o objetivo de tornar os resultados fiscais melhores. 
 
3. Emenda Constitucional do Teto dos Gastos 
 
 A Emenda Constitucional 95/2016, conhecida como Emenda 
Constitucional do Teto dos Gastos, aprovada em 16 de dezembro de 2016, objeto 
das PEC’s 241/55, instituiu um novo regime fiscal para vigorar durante os 
seguintes 20 anos de sua aprovação, passando a valer a partir de 2017, com o 
objetivo de limitar os gastos do governo. 
 A emenda, que limita o orçamento da união, exige que os gastos do 
governo, e seus órgãos relacionados, só possam aumentar em um valor 
relacionado à taxa de inflação do ano anterior, podendo ser revista após 10 anos 
de sua publicação, em 2027. Anualmente, seus reajustes são feitos pelo índice 
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial de inflação do país, que 
indica a variação de preços de alimentos e produtos de comércio para o 
consumidor final, acumulado em 12 meses até junho do ano seguinte. 
 Quanto ao funcionamento prático, ELIAS, Juliana, repórter e 
jornalista, explica: 
Na prática, o mecanismo congela os gastos em termos reais por esses 
20 anos – como o crescimento é limitado à inflação, ele apenas 
recompõe os aumentos de preços, mas não muda a quantidade total 
de bens e serviços pagos. Com o tempo, a tendência é que os gastos 
públicos, uma vez congelados em termos reais, fiquem menores em 
relação ao PIB, que deve continuar crescendo. 
 
 Em resumo, o comentário de Elias mostra que a intenção da Emenda é a 
de atualizar anualmente os valores destinados aos bens e serviços pagos 
conforme a inflação, enquanto espera que, com o decorrer dos anos, o 
crescimento do PIB seja suficiente, para cobrir esses gastos anuais. 
 Uma questão a ser notada no cumprimento do teto dos gastos é a 
diferenciação de despesas obrigatórias e não obrigatórias (discricionárias), uma 
13 
 
vez que a constituição define o destino de parte dos recursos do governo 
(despesas obrigatórias), e essas despesas são estimadas em torno de 90% do 
total anual, percentual esse que só cresce, alavancada pela previdência social. 
 As despesas discricionárias, portanto, é de onde pode ser feito os grandes 
cortes, como afirma SALTO, Felipe, diretor executivo do Instituto Fiscal 
Independente (IFI), ao dizer que: “Aí entra tudo: De investimentos a gastos com 
limpeza, conta de água, energia e o custeio geral da máquina”. 
 A fala de Salto, no entanto, exemplifica um problema na manutenção da 
máquina pública, uma vez que dá sequência em dizer que: 
 
Pelo teto, o orçamento do ano que vem deverá ser de R$ 1,485 trilhão, 
sendo que as despesas obrigatórias tomarão R$ 1,410 trilhão. A 
diferença de R$ 75 bilhões é bastante inferior aos R$ 90 bilhões 
necessários para manter a máquina minimamente funcionando. 
 
 O comentário refere-se ao ano corrente, 2021, onde aproximadamente 95% 
das despesas anuais que cabem no teto de gastos são despesas obrigatórias, 
com isso, o valor mínimo preciso para que a máquina pública funcione tem seu 
orçamento previsto em R$ 25 bilhões a menos que o necessário. 
 Há, no entanto, duas pastas que ganharam regras próprias no reajuste 
proposto pela emenda: Saúde e Educação podem ter seu reajuste aumentado 
ou diminuído, desde que, juntas, respeitem o teto, mas devem seguir, no mínimo, 
o reajuste da inflação do ano anterior. 
 O que muda pra essas duas é que, anteriormente, elas cumpriam uma 
porcentagem mínima na arrendação dos impostos, o que significava que o 
orçamento de ambas poderia cair, caso a arrecadação de impostos caísse. Com 
a nova regra, é criado um piso pra ambas, o que garante que os recursos 
destinados em um ano sejam sempre superiores ao do ano anterior. 
 Com a chegada da crise do Covid-19, no começo do ano de 2020, muito 
foi comentado acerca da necessidade de extinção da emenda, pela urgente 
necessidade de gastos emergenciais tanto na área de saúde, quanto em áreas 
indiretas, de pesquisa e sociais. 
 Em dezembro de 2020, utilizando dados do Siga Brasil, portal da 
transparência relacionado à execução orçamentária, a Agência Senado trouxe 
14 
 
alguns recortes, mostrando que os gastos com ações e investimentos de 
combate à pandemia já ultrapassavam os R$ 509,1 bilhões de reais, o que 
representava um total de 90% do orçamento liberado e 81,4% do planejado, em 
especial com despesas com o auxílio emergencial (293,78 bilhões), ajuda direta 
a estados e prefeituras (111,4 bilhões) e ações diretas relacionadas a políticas 
de saúde (63 bilhões). 
 Em 21 de abril de 2021, o presidente Jair Bolsonaro, em ato publicado no 
Diário Oficial da União, sancionou uma lei que retira os gastos do combate à 
pandemia do teto, bem como os com o programa de manutenção de empregos 
e o programa de crédito a micro e pequenas empresas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Referências Bibliográficas 
 
 
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à pandemia. Matéria Publicada em 22/12/2020. Disponível em: < 
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/12/22/governo-federal-ja-
gastou-r-509-bilhoes-no-enfrentamento-a-pandemia >. Acesso em: 08 de Jul. de 
2021. 
 
- LOPREATO, F. A política fiscal brasileira: limites e entraves ao crescimento. 
2007. Disponível em: < 
http://www.iececon.net/arquivos/publicacoes_38_2693801185.pdf >. Acesso 
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- MATIAS, A. B.; CAMPELLO, C. A. G. B. Administração financeira municipal. 
São Paulo: Atlas, 2000. 
- REZENDE, F. C. Descentralização, Gastos Públicos e Preferências Alocativas 
dos Governos Locais no Brasil (1980-1994). Dados, v. 40, n. 3, p. 264- 279, 1997. 
- ELIAS, Juliana. CNN BRASIL. São Paulo. Matéria Publicada em 25/08/2020. 
Business. Como funciona o teto de gastos e por que ele voltou a gerar polêmica. 
Disponível em: < https://www.cnnbrasil.com.br/business/2020/08/25/como-
funciona-o-teto-de-gastos-e-por-que-ele-voltou-a-gerar-polemica > Acesso em: 
08 de Jul. de 2021. 
 
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http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/lei-de-responsabilidade-fiscal >. Acesso em: 03 de julho de 2021 
- LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL. Wikipédia, 15 de julho, 2020. 
Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Responsabilidade_Fiscal 
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- MARIANO, Cynara. SCIELO. Emenda constitucional 95/2016 e o teto dos 
gastos públicos: Brasil de volta ao estado de exceção econômico e ao 
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	3. Emenda Constitucional Do Teto Dos Gastos........................................... 12
	2. Lei Da Responsabilidade Fiscal