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1 FACULDADEÚNICA DE IPATINGA 2 Henrique Dias Sobral Doutorando em História (PPGH-UFMG), Mestre na mesma área pela UFRRJ (2015-2017), licenciado e bacharel em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2010-2015), foi professor em escolas rurais e em iniciativas populares de educação nas cidades do Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Atualmente é membro do Coletivo de Pesquisa Desigualdade Social, Juventudes e Educação de Jovens e Adultos (COLEJA-UFRJ), atua como professor convidado doCurso de Especialização em Saberes e Práticas da Educação Básica / Ensino de História (CESPEB-UFRJ). Tem experiência na área de História e Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: História Social e Política, Didática, Metodologia Científica, Educação de Jovens e Adultos, Educação a Distância, Prática Docente, Juventudes e Cultura Escolar. DOCÊNCIA: CONHECIMENTO, PRÁTICA E ENGAJAMENTO PROFISSIONAL 1ª edição Ipatinga – MG 2022 3 FACULDADE ÚNICA EDITORIAL Diretor Geral: Valdir Henrique Valério Diretor Executivo: William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva Bruna Luiza Mendes Leite Carla Jordânia G. de Souza Guilherme Prado Salles Rubens Henrique L. de Oliveira Design: Brayan Lazarino Santos Élen Cristina Teixeira Oliveira Maria Eliza Perboyre Campos Taisser Gustavo de Soares Duarte © 2021, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização escrita do Editor. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA Rua Salermo, 299 Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 www.faculdadeunica.com.br 4 Menu de Ícones Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao ladodos textos.Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um comuma função específica, mostradas aseguir: São sugestões de links para vídeos, documentos científicos (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo abordado. Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações importantes nas quais você deve ter um maior grau de atenção! São exercícios de fixação do conteúdo abordado em cada unidade do livro. São para o esclarecimento do significado de determinados termos/palavras mostradas ao longo do livro. Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu cotidiano. 5 SUMÁRIO DIDÁTICA, ENSINO E APRENDIZAGEM: CONCEITOS E CONEXÕES ....... 1 1.1 O QUE DIDÁTICA QUER DIZER?.............................................................................. 1 1.2 O QUE É ENSINO?................................................................................................... 5 1.3 O QUE É APRENDIZAGEM?................................................................................... 10 FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 14 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE .......................................................... 20 2.1 A ESCOLA E A DIDÁTICA...................................................................................... 20 2.2 OS DOCENTES E A DIDÁTICA ............................................................................... 22 2.3 OS ESTUDANTES E A DIDÁTICA............................................................................. 24 FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 28 ASPECTOS GERAIS DA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO ......................... 34 3.1 diálogo na escola ............................................................................................... 34 3.2 (IN) DISCIPLINA..................................................................................................... 37 3.3 DIREÇÃO DE TURMA............................................................................................. 40 FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 42 A SALA DE AULA E AS ATIVIDADES PEDAGÓGICAS.............................. 47 4.1 MÉTODOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM............................................................ 47 4.2 RECURSOS PEDAGÓGICOS DIGITAIS E METODOLOGIAS ATIVAS..................... 49 4.3 OBJETIVOS PEDAGÓGICOS................................................................................. 52 FIXANDO O CONTEÚDO.......................................................................... 56 DIDÁTICA E PLANEJAMENTO.................................................................. 61 5.1 PLANEJAMENTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO: ENTRE PLANOS E PROJETOS........ 61 5.2 O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA ESCOLA............................................ 64 5.3 PLANOS: DE CURSO E DE AULA............................................................................ 67 FIXANDO O CONTEÚDO.......................................................................... 72 AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM: CONCEPÇÕES, FUNÇÕES E PRÁTICAS ................................................................................................................. 77 6.1 AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM: HISTÓRICO E IMPRESSÕES GERAIS ............. 77 6.2 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: CONCEPÇÕES E FUNÇÕES......................... 78 6.3 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: PRÁTICAS..................................................... 83 FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 85 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ............................................... 92 REFERÊNCIAS........................................................................................... 93 UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 04 UNIDADE 05 UNIDADE 06 6 CONFIRA NO LIVRO A unidade I apresenta um panorama do conceito de didática, ressaltando elementos históricos e pedagógicos. Serão destacadas considerações bibliográficas sobre o assunto e sua força interpretativa para a pedagogia no tempo presente. A unidade II discute a relação entre a didática e o trabalho docente considerando para isso três eixos: a escola, os docentes e os estudantes. A unidade III debate aspectos gerais da relação professor-aluno. Nesse encontro entre sujeitos diversos e carregados de especificidades, serão expostas questões gerais acerca do diálogo na escola, a (in)disciplina e a direção de turma. Na unidade IV as pessoas que leem são convidados a pensar na sala de aula e as atividades pedagógicas. Encontram-se neste capítulo discussões sobre métodos de ensino-aprendizagem, recursos pedagógicos digitais e metodologias ativas, além disso, serão debatidas questões gerais sobre objetivos pedagógicos. Na unidade V o debate é sobre didática e planejamento. A partir de uma abordagem sócio-política e técnica elementos como planejamento didático pedagógico, o projeto político pedagógico (PPP), além do plano de curso e de aula serão discutidos a partir de suas estruturas e funções. Na unidade VI o mote da discussão será avaliação. Suas concepções, mitos, tipos e particularidades serão debatidas como forma de reforçar e demonstrar que a centralidade da pauta deve ser uma aprendizagem significativa para os estudantes. DIDÁTICA, ENSINO E APRENDIZAGEM: CONCEITOS E CONEXÕES 1.1 O QUE DIDÁTICA QUER DIZER? Neste capítulo, convidamos você a problematizar os significados de didática,ensino e aprendizagem e a relação desses conceitos no contexto da pedagogia. Certamente você já deve ter ouvido frases como “Esse professor não tem didática” ou “Gosto da didática dessa professora” essas expressões fazem parte de um repertório comum em espaços formais de educação e colocam a didática como uma características pessoal e que, por isso, uns sujeitos possuem e outros não. Entretanto, fugir do senso comum que a didática é um “traço da personalidade” e entendê-la sob a ótica da pedagogia é uma demanda para o ofício do pedagogo. Sabe-se que a didática é uma das palavras mais repetidas em um curso de Pedagogia e que, sozinha ou acompanhada por complementos (didática geral, do ensino, dos conteúdos, dentre outros), ela é carregada de significados. Essas matizes interpretativas devem ser (re) conhecidas pelo pedagogo em formação como um elemento central em sua formação e em sua futura atuação profissional (SFORNI, 2015). Desse modo, alguns desses conceitos merecem destaque em nossa reflexão. Inicialmente a didática foi desenvolvida pelos gregos na Antiguidade que, sob a expressão, techné didaktiké, a definiram como a arte de ensinar ou, em sentido mais amplo, tratava-se da arte de ensinar tudo a todos (FERREIRA, et al., 2018). No período moderno, a expressão foi mobilizada inicialmente pelo educador alemão Wolfgang Ratke (1571-1635), em linhas gerais para o estudioso esse era um modo de ensinar, que se conformava como um “[...] instrumento de direção que nos permite aprender a bem administrar os ensinamentos" (RATKE, 1630, p. 01). No mesmo período das análises de Ratke, o estudioso tcheco Comênio (1592- 1670) escreveu a Didática Magna (1657) e nela, dentre outros aspectos, defendeu a ideia de ensinar tudo a todos. Com pretensões de um intelectual que vivia as grandes transformações de seu tempo (expansão marítima, o humanismo, a reforma protestante dentre outras) o autor pretendia que seu método fosse aplicável em UNIDADE 01 distintos ambientes e espaços (FERREIRA, et al., 2018). Para Comênio leitura, escrita e o cálculo deveriam ser ensinados a todos e todas, sem recortes de classe ou gênero e a didática deveria ser entendida como a arte de ensinar. Para o intelectual era necessário propor umaarte universal de ensinar demodo mais fácil, sempráticas invasivas por parte do educador e semque eles encontrassem o desestímulo nos seus aprendizes. Comênio esperava que com isso, fosse possível “conduzir à verdadeira cultura, aos bons costumes, à piedade mais profunda” (COMÊNIO, 2006). Reforçando uma forte intencionalidade de adequação dos sujeitos aos projetos humanistas e dematriz religiosa que ordenavama vida na Europa na Idade Moderna. Com o passar do tempo, alcançamos o século XVIII e nele uma das contribuições para o debate sobre a didática foi realizado pelo importante revolucionário suiço, Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Para o teórico, a despeito de não construir um conceito objetivo sobre o assunto, era necessário produzir um outro conceito de infância (FERREIRA, et al., 2018). Distante de uma perspectiva limitadora e de um vir a ser, a criança passou a ser entendida como um ser em si que, por meio de uma educação que promovesse o desenvolvimento por meio da autonomia, se tornaria um adulto saudável. Logicamente essa discussão demandava uma série de métodos e técnicas que colaborassem com a mudança de concepção dos adultos em relação às crianças e que, ao mesmo tempo, oferecesse uma série de atividades e práticas que melhor se adequassem a essa fase da vida (SFORNI, 2015). Com isso, o debate da didática se desenvolveu em diálogo complementar com a ascensão do conceito de escola como espaço de promoção do desenvolvimento humanista dos sujeitos. Avançando sob o século XIX, esse processo de ensinar e aprender - tão presentes no entendimento contemporâneo sobre o conceito de didática - foram problematizados também por outro suíço, Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827). Leitor de Rousseau, o educador organizou uma série de análises que defendiam a educação escolar como uma forma associada de aprendizagem, juntamente com as referências familiares, para uma educação mais alargada para a vida (SFORNI, 2015). Nesse contexto, Pestalozzi defendeu uma educação baseada no amor e no respeito entre docente e discente, sendo ao ensino entendido como exercício para o aperfeiçoamento da inteligência dos indivíduos e não a pura e simples transmissão de conhecimentos (FERREIRA, et al., 2018). No contexto do debate teórico da pedagogia no século XIX, a didática firmou- se como uma discussão que apontava para a necessidade de reformas escolares (PEREIRA, 2019). Em especial no mundo ocidental, em países da Europa e nos Estados Unidos, passou-se a discutir os limites de uma didática de ordem tradicional - centrada no processo, emaulas expositivas e conformada pela passividade do papel do aluno - e a necessidade de aperfeiçoamento das questões no entorno do processo de ensino-aprendizagem, sob uma ótica interdisciplinar com a psicologia. Sendo pensada em um ambiente da produção intelectual brasileira no século XX e XXI, teremos que a didática pode ser entendida como um processo de ensino- aprendizagem (CANDAU, 1988). Em estudos ainda na década de 1980, Candau lançou as bases da construção da didática não somente como técnica, mas como recurso aglutinador entre aspectos humanos, técnicos e políticos. Para a pesquisadora, era necessário superar uma análise instrumental e tecnicista da didática tornando-a também uma didática fundamental pautada em uma abordagem mais ampla (SFORNI, 2015). Na sequência do pensamento pedagógico de nosso país, a didática passou a ser entendida como uma disciplina pautada na reflexão sobre o processo de ensino-aprendizagem sendo encarada como elemento determinante para a construção das ações pedagógicas (CALDEIRA; AZZI, 1997). Demodo complementar, segundo Castro e Carvalho (2001), o processo de ensino se configura como um desafio à reflexão, sendo esse fenômeno apoiado na didática que, por sua vez, oferece uma reflexão científica para orientar o ensinar. Para Libâneo (1998), a didática se configura como uma disciplina que tem por objeto o processo de ensino- aprendizagem, com destaque para o papel dos estudantes, dos docentes e dos conteúdos. Em meio a esses debates, Pimenta (2008) afirma que, em se tratando de uma disciplina no campo da Pedagogia, o ensino se configura como um elemento determinante para a didática. Dada a complexidade dessa operação, segundo a autora, cabe ao/a pesquisador/a interpretá-lo a partir de suas circunstâncias sócio- políticas (PIMENTA, 2008). Diante do exposto e com base nos autores citados, pode-se dizer que um conceito funcional ao debate aqui empreendido encontra-se no entendimento da Didática como uma área da pedagogia que - por meio da atenção teórico- metodológica com base na humanidade, técnica e política - problematiza o processo de ensino-aprendizagem considerando seus sujeitos, métodos, técnicas e contextos. Pode-se representar alguns dos grandes eixos de análise da didática como as relações de professores, alunos, disciplina/conteúdo, contexto de aprendizagem e estratégiasmetodológicas de ensino-aprendizagem. Compõe ainda essa agenda de pesquisa os campos de estudo das didáticas especiais, dadas conforme as disciplinas curricularizadas, as chamadas didáticas especiais. Diante do exposto, conforme apontou Placco (2008), os conceitos que orientam o que é a didática são amplos e diversos, sendo necessário considerá-los conforme as demandas do tempo em que os autores construíram. Afinal, as interpretações vão sendo alteradas conformeas demandas dos sujeitos e as questões sócio-econômicas e políticas de seu tempo. Assim, longe de defender um conceito fechado e hermético, espera-se que os/as estudantes e pesquisadores/as de pedagogia sintam-se convidados/as a investigar e aprofundar suas análises sobre o que vem a ser a didática.Diante da pluralidade que compõe esse debate, nos próximos tópicos será possível aprofundar considerações gerais sobre o tema a partir de duas perspectivas complementares, o ensino e a aprendizagem. Investigar esses dois eixos é uma demanda nesse campo de estudos, afinal, tratam-se de conhecimentos essenciais para boas práticas pedagógicas (ABREU; MASETTO, 1995). Assim, comecemos pela primeira: o ensino. 1.2 O QUE É ENSINO? Em linhas gerais, entende-se aqui o ensino como um comportamento, uma relação na qual o docente executa uma determinada ação educativa sob o estudante com o objetivo pedagógico de gerar aprendizagem. Quando pedagogos e outros pesquisadores preocupados com o ensino buscam explicações sobre casos de sucesso ou fracasso, necessariamente abre-se uma demanda pela análise da aprendizagem (BUSHELL, 1973; MIZUKAMI, 1986). Desse modo, é importante frisar que ensino e aprendizagem são elementos complementares, sendo a discussão sobre o segundo a ser realizada no tópico posterior. Nesse contexto, ensinar deve ser entendido como um movimento que intenta alcançar a aprendizagem. Segundo Kubo e Botomé “A relação entre o que o professor faz e a efetiva aprendizagem do aluno é o que, mais apropriadamente, pode ser chamado de ensinar” (2001, p.127). Diante dessa assertiva, pode-se dizer que o fazer docente e a aprendizagem do estudante submetido a esse processo, configura-se como ensinar. Figura 1: Ensino e Aprendizagem Fonte: https://bit.ly/3u9eun8. Acesso em: 21 nov. 2021. A imagem anterior colabora com o entendimento da noção de ensino e aprendizagem como um processo compartilhado entre docente e estudante, em uma ação dialógica com finalidades educativas. Afinal, só pode ocorrer ensino se houver aprendizagem e, em meio a isso, alguns protocolos devem balizar o seu processo no contexto de uma formação escolarizada. Assim, espera-se que tal operação seja balizada por objetivos definidos, congregando perspectivas acerca do desempenho dos estudantes, além de suas motivações, trajetórias coletivas e interesses (KUBO; BOTOMÉ, 2001). Sabe-se que o ensino, quando ocorre no contexto da educação escolar, deve ser antecedido por um processo de planejamento pautado por uma intencionalidade específica e formativa (MOURA et al, 2010). Inclui-se nas demandas para execução desse exercício a necessidade de formação acadêmica do docente, a organização da ação educativa e a avaliação, etapas essas fundamentadas pela didática (MOURA et al, 2010). Das análises de acadêmicos e pedagogos, uma série de vertentes de ensino se consolidaram no cenário do ensino brasileiro, vejamos algumas delas na sequência. A mais antiga delas certamente é a abordagem tradicional, egressa das construções do século XVIII e, certamente com variações ao longo do tempo, ela concebe a criança como um “pequeno adulto” e que carece de um professor - detentor do saber e de uma centralidade nesse processo - sendo o papel do estudante responder às demandas e tarefas colocadas pelo docente (LEÃO, 1999). Há assim, uma estrutura verticalizada, pautada em aulas expositivas, em que não são consideradas as especificidades dos estudantes e o processo de transmissão do conhecimento é bastante autoritário. A abordagem tradicional se assenta sob a ideia de uma aquisição de saberes em um modelo no qual a ideia de instrução e a figura do professor tem preponderância e protagonismo (TEIXEIRA, 2018). Sendo o estudante aquele que recebe os conteúdos de assimétrico e com diálogo e interações reduzidas com o professor. O ensino tradicional preocupa-se em especial com a quantidade do aprendizado e não com a reflexão sobre ele. Existe um apelo à aprendizagem por repetição e imitação dosmétodos dos professores, diminuindo qualquer possibilidade de atuação independente e crítico-reflexiva do estudante (TEIXEIRA, 2018). Nesse ambiente, espera-se que a avaliação demonstre a capacidade de reprodução daquilo que foi aprendido em sala de aula, sendo as notas a demonstração meritocrática - e vazia de significado real - desse procedimento. Uma segunda perspectiva é a comportamentalista em que considera-se o planejamento das ações como uma forma de apreensão do conhecimento, sendo ele o resultado bem acabado da experiência (MIZUKAMI, 1986). Sendo assim, no espaço escolar, o ato de transmitir conhecimentos é também acompanhado pelo ensino de comportamentos de ordem ética e cidadã, como formas de instrumentalização para a elaboração de vivências no ambiente que cerca o estudante (SANTOS, 2006). Em forte diálogo com o behaviorismo, a abordagem comportamentalista prevê que professores e estudantes têm papéis específicos, dado que cabe aos primeiros o planejamento e o desenvolvimento do ensino-aprendizado, enquanto aos discentes cabe o acompanhamento e o controle da aprendizagem. Em meio a isso, espera-se que a observação docente colabore com a expansão do aprendizado. Em meio a esse debate se coloca a abordagem cognitivista. Ela encontra-se balizada a partir da proposição de situações - estruturadas pelos professores - que sejam promotoras de aprendizagem. Nesses ambientes, há possibilidades de desenvolvimento de habilidades e competências por parte dos estudantes, dado que os níveis de dificuldade e de aperfeiçoamento são dados pelo professor e por seus objetivos pedagógicos (MIRANDA; BAHIA, 2005). Sendo assim, um ensino de abordagem cognitivista irá priorizar a construção do estudante frente às situações de aprendizagem as quais será exposto. Da parte do professor, este deverá ocupar-se da construção de ambientes e situações de aprendizagem que, por meio da cooperação e reflexão, comporão o processo de ensino-aprendizagem (MIZUKAMI, 1986). Em termos avaliativos, espera-se que essa perspectiva viabilize análises do aprendizado acumulado por meio de realizações, análises e construções dos educandos. Temos ainda a abordagem humanista que, diferente das anteriores, privilegia a bagagem cultural, os saberes e as práticas dos sujeitos, sendo o docente um facilitador do aprendizado. Assim, estamos diante de uma mudança de paradigma, na qual a pessoa do estudante é o centro da aprendizagem e, em meio a isso, espera-se que o educador seja capaz de forçar práticas que levem a construção de responsabilidade, de iniciativa e autonomia (ROGERS, 1985). Essa construção teórico-prática demanda ainda o esvaziamento das pressões e interferências dos professores sob os educandos, de modo que estes possam ser motivados a executar expressões mais livres (CASTAMA; TOMMASINI, 2020). Dito isto, o professor que atua a partir do humanismo deve se aproximar do estudante em sua diversidade, por meio da empatia, da escuta e do acolhimento. Em termos avaliativos, na abordagem humanista os percursos são auferidos por critérios programados entre alunos e professores, sendo bastante frequentes as auto- avaliações. Diante do exposto, há que se citar a abordagem sócio-cultural, método que encontra diversos pontos de contato com a obra de Paulo Freire (1921-1997). Nessa perspectiva, entende-se os sujeitos como participantes ativos de seu tempo histórico e, por isso, devem ser entendidos dentro de seu contexto social e político (FREIRE, 1975; 2010). Ademais, espera-se que a escola seja um espaço de construção coletiva, em que docentes e educandos interagem por meio da escuta sensível, de uma educação socialmente referenciada com vias a construção da autonomia, da liberdade e da criticidade. No contexto das avaliações, espera-se que ela seja estruturada sobre uma análise horizontal entre professor e alunos e que acolha um diálogo crítico, respeitando as experiências dos estudantes (TRINDADE; REZENDE, 2010). Colocadas essas perspectivas é importante situar que o ensino escolar está diretamente coligado com as diretrizes e parâmetros curriculares estabelecidos. Ou seja, ele não é um procedimento nascido de vontades pontuais e boa vontade, ele contém especificidades que devem ser construídas,entendidas e discutidas. Afinal, nada é monolítico quando se fala em ensino, tudo está em processo de constante reflexão. Ao final, pode-se observar a centralidade do ensino em um debate sobre a didática, afinal, tal como apontaram Davidov e Shuare (1987), o ensino configura-se como uma forma relevante de aperfeiçoamento intelectual, por isso, seu modo de organização deve ser planejado e ordenado pelo docente. Desse modo, deve-se considerar agora o papel da aprendizagem, destacando sua relação com o ensino e, no limite, com a didática. 1.3 O QUE É APRENDIZAGEM? De modo amplo, a aprendizagem se estrutura pelo diálogo do conhecimento acumulado no processo escolar e os conhecimentos prévios do estudante. Em meio ao diálogo dessas esferas, o sujeito amplia significados, altera percepções, revê perspectivas e aperfeiçoa-se (MOREIRA, 1999). Em meio a esse processo sabe-se que a efetivação da aprendizagem envolve as circunstâncias sócio-emocionais e o ambiente em que estudante e professor estão inseridos. O aprender é um processo múltiplo e variado que dependerá das circunstâncias de quem ensina, de quem aprende, do ambiente e dos estímulos propostos. Portanto, diretamente associada com o ensino, a aprendizagem é um comportamento individual, inato no ser humano e se estende por toda a vida. Nos termos de Paulo Freire, a correlação desses comportamentos é imbricada a tal ponto que “ensinar inexiste sem aprender e vice-versa. Aprender precedeu ensinar ou, em outras palavras, ensinar se diluía na experiência realmente fundante de aprender”. (FREIRE, 1975, p. 26). A partir das ideias de Vigotski (1992; 2007) temos a aprendizagem como um comportamento que conecta elementos internos e externos, sob a perspectiva da aproximação e internalização de caracteres culturais pelo sujeito que aprende. Nessa conjuntura, o autor bielorusso propõe que a aprendizagem está ligada às circunstâncias sócio-históricas daquele que aprende e, portanto, o processo de formação das funções mentais superiores se dá de modo ativo e pautado na interação (VIGOTSKI, 1992). Ainda sobre esse debate, Libâneo (1994) ressalta que a aprendizagem pode se configurar a partir de duas vertentes: casual e organizada. A primeira se apresenta pormeio de umaaçãoespontânea, como resultado de interações, experimentações do ambiente e vivências dos sujeitos em sociedade, em todo e qualquer ambiente. Por outra parte, a aprendizagem organizada tem seus parâmetros dados pela intencionalidade e planejamento, sendo executada em especial no contexto escolar. Seu objetivo geral concentra-se em construir uma aprendizagem assentada sob conhecimentos curriculares fixados e no ensino de habilidades e competências (LIBÂNEO, 1994). Nessas circunstâncias de interdisciplinaridade da didática coma psicologia do ensino-aprendizagem, não podemos deixar de considerar o papel da intencionalidade, ou seja, há significados por trás dos processos relatados que não podem ser deixados de lado, afinal, todo e qualquer fenômeno do ensino- aprendizagem é um ato político. Essas intenções são tanto dos estudantes quanto dos docentes, assim, em especial para os educadores, há um exercício de planejamento e projeção do que se deseja realizar. Essa intenção, que é por si mesma um ato político, deve colaborar com a construção de um ambiente de escuta, de fala e, acima de tudo, que colabore com a autonomia, a criticidade e a emancipação dos sujeitos. Sabe-se que a educação é um espaço de disputa e, por isso, discutir os desafios do tempo presente, valorizar os grupos subalternos e aproximá-los de instrumentos para análise e reflexão social são necessários para a batalha das ideias na qual estamos imersos em nosso tempo. Afinal, como apontou Candau, “É pensando a prática pedagógica concreta, articulada com a perspectiva de transformação social, que emergirá uma nova configuração para a Didática” (CANDAU, 2002, p. 14). Assim, pode-se depreender que a aprendizagem está diretamente conectada com o processo de ensinar, ou seja, há uma ação conectada e compartilhada que forma a expressão teórica ensino-aprendizagem e tem na figura dos professores e estudantes seus agentes responsáveis. Nesse contexto, a análise de Libâneo (2004) é reeditada, dado que cabe a didática, em perspectiva crítica sobre o processo de ensino-aprendizagem, “[...] investigar como ajudar os alunos a se constituírem como sujeitos pensantes e críticos, capazes de pensar e lidar com conceitos, argumentar, resolver problemas, diante de dilemas e problemas da vida prática”. (LIBÂNEO, 2004, p. 05). Assim, a intenção desse material didático é aproximar os estudantes de pedagogia de uma teoria que seja reflexiva e que dê subsídios para uma prática didática e pedagógica que seja significativa. Estudar didática aqui deve ser um exercício de construção de uma relação complementar entre teoria e prática, afinal, não há ação educativa e didática que não seja amparada por uma teoria que subsidie o fazer docente Nas próximas unidades serão realizados debates que aprofundam tais questões de modo que, por meio da discussão teórica aliada a casos práticos, seja possível o aprofundamento dos aspectos gerais de uma didática engajada e socialmente referenciada. Afinal, não há espaço na construção de uma didática para o nosso tempo em que a formação do professor seja pautada no entendimento de ações isoladas, mas, sim, devemos nos debruçar sobre temas e problemas em seu contexto educacional, social, político e econômico. Assim, espera-se que seja possível encurtar os caminhos entre teoria e prática e que seja possível encontrar uma unidade entre esses elementos e que se valorize seu caminhar unido e potente em termos de uma ação educativa significativa. FIXANDO O CONTEÚDO 1. Elina, aluna do polo Senador Guiomard (AC), está iniciando o curso de graduação emPedagogia e se deparou comadiscussão sobre o conceito de didática. Diante da necessidade de expandir seus conhecimentos, qual alternativa abaixo melhor identifica um possível resumo sobre o tema para a estudante? a) É opcional para o processo de formação de docentes no Ensino Superior. b) É uma disciplina que se propõe a atuar sob termos humanos, técnicos e políticos para promover debates sobre uma série de processos pedagógicos como ensino, aprendizagem, avaliação dentre outros temas. c) Dominar a didática não é o suficiente para o educador, é necessário carisma e energia, elementos esses ensinados na disciplina de legislação para educação. d) A didática, ao se pretender como parte do currículo de pedagogia, tem receitas prontas para o professor ensinar, e, consequentemente, para o aluno aprender. Aquilo que estiver fora dos seus postulados é um erro. e) Didática, para Comênio, trata-se de assumir com desenvoltura a vigilância sobre os estudantes. 2. Preencha o trecho com as palavras faltantes: Segundo Houaiss (2001, p. 22), _______ pode ser definida como “parte da ________ que trata dos princípios científicos que direcionam a atividade educativa, com o objetivo de torná-la mais eficiente”. Deste modo, a __________ é vista como a ciência e a arte da _________, enquanto que a _________ pode ser definida como a arte e a ciência do ensino. PEREIRA, A. S. et al. Didática geral. Porto Alegre: UAB / NTE / UFSM. 2019. p.12. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/19110/Curso_Lic-Ed- Esp_Did%C3%A1tica-Geral.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em 04 jul. 2021. a) pedagogia; aprendizagem; pedagogia; ciência; pedagogia. b) pedagogia; didática; pedagogia; ciência; pedagogia. c) didática; pedagogia; pedagogia; sabedoria; didática. d) didática; pedagogia; pedagogia; educação; didática. e) ciência; didática; pedagogia; ciência; educação. 3. Responda comVou F as seguintes alternativas ligadas à discussão sobre a didática. ( ) A didática se baseia numa concepção de homem e sociedade pautada no autodidatismo e no fim da necessidade de professores.( ) A didática se estrutura sob diferentes concepções sobre a sociedade e o papel do ensino e de seus sujeitos nela, nesse processo, destacam-se questões de ordem sócio-políticas e pedagógicas. ( ) No tempo presente, a boa didática é aquela que é neutra, sendo assim, discute métodos e técnicas, sem contato com qualquer questão de ordem política. ( ) A didática é uma disciplina que demanda contato interdisciplinar como a Psicologia e a Filosofia. ( ) O advogado Paulo Freire é considerado o pai da Didática com a sua obra “Didática Magna - a arte de ensinar tudo a todos”. Assinale a sequência correta: a) F – F – V – V – V. b) F – F – V – V – F. c) V – F – V – F – V. d) F – F – F – V – V. e) F – V – F – V – F. 4. Conforme a discussão de Mizukami (1985), um aspecto do processo de ensino- aprendizagem são as abordagens tradicional, comportamentalista, a humanista, a cognitivista e a abordagem sociocultural. Das alternativas abaixo, qual melhor identifica uma abordagem tradicional? a) O professor Richard mobiliza métodos que reforçam o diálogo, as ideias e as palavras dos estudantes durante suas aulas. b) A professora Lélia faz uso prioritário de aula expositivas em que suas ideias e discussões são colocadas como ideias únicas, nesse contexto seus alunos tem pouco espaço de fala e diálogo. c) A professora Lúcia Helena acredita que os fatores sociais dos estudantes são elementos importantes na sala de aula, estabelecendo pontes entre os conteúdos e essas realidades. d) O professor Dimas estimula a criatividade de seus alunos e entende que a liberdade é um elemento necessário para o processo de ensino-aprendizagem. e) A professora Risoleta dá aulas há 30 anos e entende que os estudantes devem ser aproximados de métodos e técnicas atuais com a predominância de recursos tecnológicos. 5. Leia o trecho a seguir: “É nesse sentido que ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos nem formar é ação pela qual um sujeito criador dá forma; não há docência sem discência, as duas se explicam”. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 35. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996, p.25. Diante do trecho destacado, em articulação com a análise presente na primeira unidade o assunto tratado pode ser coligado com o tema do: a) investimento em escolas públicas. b) ensino na obra de Johann Heinrich Pestalozzi. c) ensino-aprendizagem. d) ensino de biologia. e) conceito de didática Magna. 6. Leia o trecho que segue: “A abordagem que envolve o processo de ensino-aprendizagem promove questionamentos que só são respondidos, quando refletidos e definidos na própria prática de ensinar e no ato de aprender. Dessa forma, importa que gestores e educadores compreendam as relações que englobam o contexto pedagógico. Diante disso, cabe a cada um procurar a melhor forma de trabalho, sendo que os resultados obtidos dessa procura seja de qualidades e possa alcançar o professor na sua pesquisa e que contemple o aluno no seu processo de aprendizagem”. FERREIRA, H. M.; SOUZA, N. N. A didática como fator de qualidade no processo de ensino aprendizagem e na relação professor- aluno em sala de aula. Revista Interface (Porto Nacional), n. 15, p. 114-130, 2018. p.119. Na sequência, identifique a alternativa correta que dialoga com a ideia de construção do processo de ensino-aprendizagem: a) O professor José Mauro, de Macapá (AP), preocupado com o processo de ensino- aprendizagem, está realizando levantamentos sobre a situação socioeconômica e cultural de seus estudantes por meio de discussões em sala de aula e com base em uma análise dos registros de matrícula dos estudantes. b) A professora Josi, de Teotônio Vilela (AL), faz pesquisas no campo da educação mas não nota a necessidade de conectar essas questões com a sua docência. c) A pedagoga Helena, de Barcelos (AM), avalia que o conceito de ensino- aprendizagem deve ser aprimorado somente com a intensificação do processo de ensinar, sendo a aprendizagem menor nesse fenômeno didático. d) O pedagogo Mayke, de Guanambi (BA), entende que o contexto pedagógico está exclusivamente dado no livro didático. e) A coordenadora pedagógica Marisa, de Paracuru (CE), avalia que no ensino fundamental não é possível perceber o processo de ensino-aprendizagem, sendo ele mais perceptível no Ensino Médio. 7. Leia o trecho que segue: “[Após 1964] o modelo político reforça o controle, a repressão e o autoritarismo. A educação é vinculada à Segurança Nacional. Enfatiza-se seu papel de desenvolvimento e são propostas medidas para adequá-la ao novo modelo econômico [...]. E a didática? Agora se enfatiza a produtividade, eficiência, racionalização, operacionalização e controle” (CANDAU, 1984, p.45). CANDAU, V. M. (org.). A didática em questão. Petrópolis, RJ: Vozes, 1984. Sobre essa discussão é importante se pensar que a didática recebe influência do momento sócio-político e histórico experimentado pelos sujeitos em seu tempo. Sendo assim, assinale a alternativa que aponta quais práticas poderiam ser empregadas contra essa didática vigente após-1964, na ditadura civil militar: a) A didática aplicada no período pós-1964 era boa, afinal, não é preciso que o povo tenha uma formação crítica e reflexiva, por meio de uma didática que tenha um referencial político socialmente referenciado. b) Uma didática contrária à citada não era necessária, afinal, aquela que foi aplicada fazia o que era necessário, certificar a população demodo rápido e sem discussões políticas. c) Uma didática contrária à citada deveria ser pautada nos interesses dos governantes militares e dos latifundiários, sem uma participação dos pedagogos e demais pesquisadores sobre a educação. d) Uma didática contrária à citada deveria ser pautada na escuta, na aproximação empática com a realidade dos estudantes e capaz de organizar, com seus métodos e técnicas, formas de ensino-aprendizagem pautados em ações reflexivas e emancipadoras. e) Uma didática contrária à citada deveria ser pautada na escuta, na aproximação empática com a realidade dos estudantes e capaz de organizar uma formação técnica exclusivamente para o mercado de trabalho. 8. Leia o trecho abaixo: “Analisando as falas de alunos que estão nestemomento realizando a licenciatura, pudemos referendar muitas suspeitas. Diz Carla, aluna de pedagogia: o curso de didática é muito teórico, é só blá...blá...blá....de algumas concepções de ensino que não servem para nada quando vamos aos estágios....ou mesmo de Lúcia que faz licenciatura em História: estou cansada de ouvir o professor de Didática falar dos problemas da educação e não dar direção de sentido para isso, são aulas chatas, que não me servem para nada.” FRANCO, M. A. S.; GUARNIERI, M. R. Disciplina de Didática: um estudo exploratório a partir dos planos de ensino. Pesquiseduca, Santos, v. 3, n. 5, p. 27-55, jan-jul. 2011, p.36. Com base nas respostas encontradas pelas pesquisadoras e suas primeiras leituras sobres didática, assinale a alternativa que melhor ilustra a questão: a) Sabe-se que a teoria deve ser sempre superior à prática, afinal, a universidade é superior a escola. b) As estudantes estão reproduzindo um discurso comum quando os estudantes seguempara a prática docente, momento esse emque a educação se apresenta de modo mais tranquilo e menos tenso do que relatado na bibliografia. c) As estudantes entrevistadas estão corretas, afinal, teoria e prática não se reúnem nunca, o que frustra qualquer processo de formação. d) Sabe-se que a prática deve ser sempre superior à teoria, pois a teoria é válida somente na formaçãodo professor e, em seu ofício, somente os elementos práticos importam. e) Dissociar teoria e prática é um equívoco sobre a didática, uma demonstração de que essa unidade não está sendo considerada e os diálogos não estão sendo expressos com qualidade, sendo necessária uma reconexão entre aspectos teórico-práticos. DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE 2.1 A ESCOLA E A DIDÁTICAComo discutido na unidade anterior, se a didática está diretamente relacionada com o processo de ensino-aprendizagem, cabe pensar aqui o lugar da escola e de dois dos sujeitos que a constroem e são afetados diretamente por práticas, qual sejam, professores e estudantes. Sem incorrer nos clichês e nas ideias cristalizadas sobre esses grupos, a intenção é sugerir caminhos e modos de ver a relação desses sujeitos com o ensinar e o aprender. Antes de uma discussão mais detida sobre esses sujeitos, no entanto, é importante situar o lugar das escolas no Brasil, afinal, em 2020, o país tinha em seu território 179.533 escolas de educação básica. Segundo dados do Censo Escolar da Educação Básica (INEP, 2020), a rede municipal é responsável por aproximadamente dois terços das escolas (60,1%), seguida da rede privada (22,9%). Em termos de oferta das modalidades de ensino, a presença da educação infantil se dá em 113.985 unidades escolares, representando 63,5%, seguida pelos anos iniciais do ensino fundamental, com 108.080 (60,2%) estabelecimentos. Ainda segundo o censo, o ensino médio é ofertado por apenas 28.933 (16,1%) escolas. Diante dos quantitativos apresentados, estamos diante de uma rede de UNIDADE 02 escolas que se difundiu pelo território nacional entre as décadas de 1970 e 1990, contudo, ainda carece de avanços em termos de qualidade. Afinal, ainda está por se realizar uma escola que “[...] prepare para o trabalho, para cidadania, cuidando da formação da personalidade nos aspectos afetivos e éticos” (ARANHA,1996, p.73). Essa mesma escola, desde o início dos anos 2000, vê-se às voltas com distintos projetos políticos que tentam ocupá-la. Seja tornando-a uma fábrica de certificados para futuros trabalhadores aptos a funções simples e, por isso, pautada em uma formação aligeirada e tecnicista, seja por projetos baseados emumadidática crítica, assentada sob um processo de ensino-aprendizagem significativos e reflexivos. Em meio a esse embate de concepções e perspectivas sobre a escola, a didática torna-se um elemento de disputa, pois, o modo como se estrutura o currículo e os métodos e técnicas do ensino-aprendizagem alteram-se frente às perspectivas adotadas pelos docentes e pela instituição. Nesse processo, o currículo e os saberes que carrega são assediados por projetos de sociedade que podem ser progressistas, mas também podem ser alvo de interesses conservadores e retrógrados (GARCÍA, 2002; SAVIANI, 2003). Nesse sentido, importa localizar que o currículo é entendido aqui como uma ferramenta capaz de organizar e sistematizar o processo de escolarização, uma vez que se realiza na forma de um documento que “impõe regras, normas e uma ordem” (SACRISTÁN, 2013, p. 18). Ordem essa que dialoga com os anseios político, sociais e econômicos de um determinado período histórico, ou seja, o currículo é um produto da política. Nesse contexto, o saber escolar se dá na relação professor-aluno que, imersa na interação entre saberes, é o resultado da transposição didática realizada com os conteúdos científicos e saberes populares e/ou da comunidade em que a escola está inserida (GAVALDON, 1997). Por meio da didática, esse saber é programado, transformado em saber ensinar e é difundido em sala de aula. Dadas as suas condições de produção, diretamente conectadas com a sociedade na qual está imerso, é periodicamente revisto por meio das reformas curriculares, que revisitam e propõe novos conteúdos conforme as demandas da sociedade e dos governos (VERRET, 1975; CHEVALLARD, 2009). Emdiálogo comas considerações deMonteiro (2003), sabe-se que emdiversos debates o saber escolar foi inferiorizado em relação ao conhecimento científico, por ser analisado como uma simplificação e/ou vulgarização do primeiro, na prática, uma análise preconceituosa e descredenciadora da escola (CHEVALLARD, 2009). Essa visão é simplificadora e merece ser debatida com um entendimento mais abrangente sobre a atuação de professores e estudantes que se relacionam com a didática. Desse modo, vejamos a seguir os modos como os docentes se relacionam com essa temática. 2.2 OS DOCENTES E A DIDÁTICA O perfil dos docentes no Brasil contemporâneo é amplo e merece nossa atenção, afinal, estamos diante de um conjunto de 2.189.005 educadores na escola básica brasileira, conforme dados do Censo Escolar (INEP, 2020). Ainda segundo esse estudo, a maior parte deles atua no ensino fundamental (63%), em que se encontram 1.378.812 (INEP, 2020). Diante desse expressivo número de sujeitos inseridos no ambiente escolar, é importante discutirmos os modos como se relacionam com um eixo central de seu trabalho, qual seja, a didática e o ensino-aprendizagem. Em primeiro lugar, é importante reforçar a análise de Gatti “professor não se inventa por voluntarismos, profissionais professores são formados” (GATTI, 2017, p.1155). Com isso, pensar a relação entre docentes, ensino-aprendizagem e estudantes, passa necessariamente pelo entendimento da didática e da formação desse profissional. Se a didática trabalha com os eixos humano, político-social e técnico, sem dúvidas que o objeto de trabalho do professor está imbricado nessas esferas. Assim sendo, cabe ao docente executar escolhas, mediadas por seu saber e pela didática, para que seja possível construir uma ação pedagógica pautada na dedicação aos discente, além de “[...] dar sua matéria, mas de acordo com os alunos, que vão assimilá-la de maneira muito diferente; deve agradar aos alunos mas sem que isso se transforme em favoritismo; deve motivá-los, sem paparicá-los; deve avaliá-los, sem excluí-los, etc. [...]” (TARDIF, 2002, p.132). Considerando esse quadro, a técnica se expressa por meio dos modos como os docentes mobilizam saberes e práticas, sendo estas construídas em sua formação e em suas experiências no mundo do trabalho e, certamente, pelos contextos socioeconômicos seus e de seus estudantes. Nesse contexto, há uma demanda por uma ação em situação para o docente, tal como proposto por Alarcão (1998, p.104). Afinal, espera-se uma atuação estratégica e calculada por parte do docente que, em meio a signos subjetivos e técnicos, deve executar sua ação pedagógica como um “[...] ser pensante e crítico, com responsabilidades sociais no nível da construção e do desenvolvimento da sociedade” (ALARCÃO, 1998, p. 104). Ademais, espera-se que o docente seja “[...] crítico, reflexivo, pesquisador, criativo, inovador, questionador, articulador, interdisciplinar e saber praticar efetivamente as teorias que propõe a seus alunos” (BEHRENS, 2005, p.66). Sem qualquer idealização, avaliamos que é na universidade que essas características serão elaboradas de modo teórico e técnico, para uma futura mobilização desses saberes em sala de aula. Portanto, cabe à formação na licenciatura instrumentalizar os futuros educadores para a execução desses postulados didáticos. Frente a essa demanda, tal como apontou Shon (2000), a didática deve ser encarada como um elemento significativo e indispensável na formação docente. Tal processo pedagógico deve ser pautado na formação de um professor-pesquisador que, por meio da reflexão e da crítica, construa um processo de ensino- aprendizagem que seja significativo e que acolha os conhecimentos dos estudantes. Reconhecer essa complexidade e a existência de saberes específicos à docência, seja em qual nível ela se apresentar, é um traço importante de valorização da formação integral do professor. Na condição de pedagogos/as em formação, se colocar no centro dessa discussão é determinante como uma forma de reconhecimento crítico acerca do processo de ensino-aprendizagem. No entanto, o grande impasse, ainda é a construção de uma didática, seja nos cursos de Pedagogia ou nas licenciaturas, que agregue elementos de ordem teórica e prática, de modo harmônico e não hierarquizado. Compõe ainda esse processo a necessidade de entendimento da didática como um campo de possibilidades em sala de aula e nãosomente como um corpo de técnicas fechado e castrador de possibilidades de ação educativa. Em nome da superação desses desafios, cabe agora registrar algumas considerações sobre os discentes e suas relação com a didática em sala de aula e, no limite, na escola (SOARES; CUNHA, 2010). 2.3 OS ESTUDANTES E A DIDÁTICA Um dos sujeitos interrelacionados com os docentes no processo de ensino- aprendizagem são os estudantes que, por princípio e definição, apresentam-se na forma de um grupo heterogêneo e plural em saberes, práticas e circunstâncias socioeconômicas. Em 2020, esse grande conjunto se expressou em termos quantitativos por meio de 47,3 milhões de matrículas nas 179,5 mil escolas de educação básica no Brasil (INEP, 2020). Diante desse número expressivo, cabe ao docente reforçar seus estudos no campo da didática como forma de aperfeiçoar a construção de sua relação com esses alunos. Com isso, reforçamos a necessidade de se considerar a multiplicidade dos processos de aprendizagemdos estudantes. Essa advertência de ordemdidática tende a favorecer o reconhecimento dos saberes prévios dos estudantes, suas habilidades e sua relação com os conteúdos. Essas investigações para aproximação com os estudantes não devem ensejar processos educativos uniformes, mas sim, a produção de estratégias didáticas plurais e que dialoguem com as vivências desses sujeitos. Nesse processo, não estamos incentivando um relativismo absoluto que, na prática seria desagregador e de difícil execução para os docentes, na verdade, a recomendação é em nome da equidade dos processos (SOARES; CUNHA, 2010). Ou seja, o professor deve considerar e reconhecer a equivalência como modo de aproximar-se dos discentes. Figura 2: Exemplificação de igualdade e equidade Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3u9fgAy. Acesso em: 21 nov. 2021. No decurso dessa discussão, um dos modos de acolhimento didático dos estudantes concentra-se na elaboração de uma aproximação que fomente um ambiente propício para a promoção de uma equidade que esteja assentada sob a noção de justiça social (CONNELL, 1997). Desse modo, é possível colaborar com a superação do insucesso escolar e com a construção de uma formação significativa, reflexiva e crítica. Diante do exposto, escuta sensível e comunicação empática são elementos definidores para uma aproximação profícua não somente com os estudantes, mas também com os demais grupos da unidade escolar e, quando em contato com menores de idade, que seja possível dialogar com seus responsáveis. Assim, espera- se que seja possível aproximar-se dos discentes por meio de uma didática que seja oriunda de um contato entre o conhecimento de conteúdo com a prática docente e com a cultura dos estudantes. Desse modo, avaliamos ser possível o estabelecimento de uma ação educativa socialmente referenciada, significativa e acolhedora. FIXANDO O CONTEÚDO 1.Carmela é professora de geografia e graduanda em Pedagogia no polo Corumbá (MS), trabalha com os anos iniciais do ensino fundamental e está cursando estágio com estudantes da educação infantil. Em ambos está convivendo com a indisciplina dos estudantes e está recorrendo à didática para pensar em saídas para essa questão. Qual alternativa abaixo se apresenta como um modo didaticamente referenciado para se lidar com essa questão? a) Carmela deve ter um alinhamento pedagógico e didático que envolva o diálogo com os responsáveis, afinal ela não exerce sua profissão para patrulhar alunos. b) A estratégia deve ser por meio da punição, essa técnica não tem diferenciação e funciona em qualquer modalidade de educação, seja no ensino fundamental ou na educação infantil. c) Carmela deve ter um alinhamento pedagógico e didático que envolva o diálogo, ideias claras e precisas e uma observação sensível aos interesses e as motivações que geram indisciplina em seus estudantes na sala de aula. d) Carmela deve ter um alinhamento pedagógico e didático que envolva o diálogo, ideias claras e precisas e uma observação sensível aos interesses e as motivações que geram indisciplina em seus estudantes na sala de aula. Todavia não se pode desconsiderar as especificidades das modalidades, afinal, os limites e possibilidades didáticas colocadas para o ensino fundamental e a educação infantil são distintos. e) Essa é uma questão que deve ser tratada pelos responsáveis em casa, cabe a Carmela separar os estudantes indisciplinados do convívio dos demais. 2. Marcelo, graduando do polo Pentecoste (CE), deseja traçar um perfil da inserção dos professores na educação básica para contextualizar uma pesquisa sobre a relação dos docentes com a didática no Brasil. Diante dessa demanda, qual das alternativas abaixo identifica uma fonte segura e confiável para a construção de tal pesquisa? a) Por meio da realização de entrevistas com estudantes de escolas privadas de elite da cidade. b) Consultas à Wikipédia. c) Por meio de visitas à secretaria municipal de educação. d) Envio de cartas registradas às unidades de ensino em seu estado. e) Por meio de uma análise dos dados do censo escolar produzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). 3. O trabalho docente, entendido como uma atividade pedagógica, tem como elementos didáticos essenciais: a) Colaborar com a construção de uma aproximação crítica e prazerosa com o conhecimento por meio de métodos e técnicas de ensino-aprendizagem. b) Colaborar com práticas de autodidatismo, em que os estudantes exerçam seu processo de aprendizagem de modo autônomo sem a presença constante do professor. c) Garantir aos estudantes um afastamento sistemático da cultura popular em nome de uma formação erudita e atrelada aos saberes das elites. d) Exercer uma operação didática que privilegie somente os conteúdos, afinal, essa é a demanda que um docente deve cumprir. e) Orientar o ensino para a formação de um comportamento passivo e capaz de responder somente às demandas colocadas pelo capital e pelo trabalho. 4. Flávio, graduando em Pedagogia do polo centro de Belo Horizonte (MG), está escrevendo um resumo sobre a relação entre didática e educação infantil. Diante da demanda de escrita do graduando, qual das frases a seguir identifica corretamente a conexão entre os eixos sobre os quais Flávio precisa escrever? a) Uma didática que dialogue com a educação infantil deve considerar a criança como sujeito e destacar o professor como um cuidador que, mesmo sem saber, pode dispensar os conhecimentos em nome do afeto. b) Crianças não são sujeitos históricos e por isso a didática não pode ser mobilizada com elas, sendo necessários somente cuidados maternais e recreação até sua entrada no ensino fundamental. c) Uma didática que dialogue com a educação infantil deve considerar a criança como sujeito e deve instrumentalizar o processo de ensino-aprendizagem por meio da atenção ao desenvolvimento cognitivo, por meio de ações lúdicas, expressivas, afetivas e de saúde. d) A didática não deve se subordinar à educação infantil, afinal, seu papel está na luta pela formação de professores e não na discussão sobre desenvolvimento infantil. e) A brincadeira e o lúdico são os únicos elementos necessários para a educação infantil, sendo da didática dispensável. 5. Elis, pedagoga na cidade de Nova Bandeirantes (MT), observou que os docentes de sua unidade escolar entendemque a didática não é umelemento a ser estudado, pois já dominam os conteúdos de suas respectivas licenciaturas. Preparando-se para uma reunião de planejamento, qual das alternativas abaixo pode ser um caminho de argumentação para a pedagoga em nome da defesa da didática: a) Uma didática deve ser, antes de tudo, um caminho certo, homogêneo, neutro e não passível de discussão. b) “Ignorar os pressupostos didáticos apresentados por outros autores, desde a formulação do campo da didática até as contribuições recentes, é esquecer a necessidade de reconhecer a construçãohistórica, social, cultural e política da educação” (TAKARA; TERUYA, 2015, p.1185). c) É preciso defender a didática como um receituário e como uma certeza que deve ser seguida sem críticas. d) A didática é um processo unicamente técnico e por isso os processos devem seguir, afinal, é a técnica o elemento que deve organizar os saberes em uma escola. e) a didática não deve acolher múltiplos discursos, pois, se caso fizesse perderia sua relação com a técnica. 6. Acerca do papel da didática na formação docente leia as alternativas que seguem: I. O exercício da atividade docente não requer preparo, sendo uma questão, antes de tudo, de sacerdócio e amor. II. “[...] a tarefa de ensinar a pensar requer dos professores o conhecimento de estratégias de ensino e o desenvolvimento de suas próprias competências do pensar.” (LIBÂNEO, 2001, p.36). III. “O próprio discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tem de ser de tal concreto que quase se confunda com a prática” (FREIRE, 1996, p.43-44). IV. Por ser um produto efetuado na prática, dar aula não demanda uma discussão teórica sobre didática na formação do professor. V. “A produção bibliográfica em Didática tem sido profícua, abrangendo questões teóricas e epistemológicas, questões do exercício docente [...]” (LIBÂNEO, 2012, p. 35) É correto o que se afirma somente em: a) I e II. b) I, II, III, IV e V. c) I, III, IV e V. d) II, III e V. e) II e III. 7. Leia o trecho que segue e o enunciado que o acompanha: “Escutar significa a disponibilidade permanente por parte do sujeito que escuta para a abertura à fala do outro, ao gesto do outro, às diferenças do outro. Isto não quer dizer, evidentemente, que escutar exija de quem realmente escuta sua redução ao outro que fala. Isto não seria escuta, mas auto-anulação. A verdadeira escuta não diminui em nada, a capacidade de exercer o direito de discordar, de opor-se, de posicionar-se. Pelo contrário, é escutando bemquemepreparo paramelhor colocar- me, ou melhor, situar-me do ponto de vista das idéias”. CERQUEIRA, T. C. S. O professor em sala de aula: reflexão sobre os estilos de aprendizagem e a escuta sensível. Psic, São Paulo, v. 7, n.1, p. 29-38, jun. 2006. Diante do trecho destacado, o professor dematemáticaMárcio e apedagogaMaria Helena, da cidade de Campos Belos (GO), estão planejando uma ação para discutir com a turma do 8º ano a dificuldade dos estudantes no conteúdo de produtos notáveis. Qual pode ser uma ação didática significativa que atue sobre a questão e que dialogue com a escuta sensível: a) Escutar os estudantes, por meio de uma conversa horizontal, pode ser um caminho para conhecer seus desafios e suas dificuldades frente à aprendizagem dos conteúdos. Contudo, o professor deve deixar claro que sua palavra e autoridade não devem ser contestadas, afinal, horizontal não é sinônimo de falta de liderança. b) Cabe ao docente e à pedagoga repreender os estudantes com notas baixas, afinal, esse é um sinal de falta de comprometimento e, por outra parte, os estudantes com bons rendimentos devem ter regalias nas aulas. c) Escutar os estudantes, por meio de uma conversa horizontal, pode ser um caminho para conhecer seus desafios e suas dificuldades frente à aprendizagem dos conteúdos. Com o acúmulo gerado, cabe ao professor Márcio, com auxílio da pedagoga Maria Helena, aperfeiçoar seus métodos de ensino em diálogo com os comentários dos estudantes, firmando um pacto de co-responsabilidade pelo processo de ensino-aprendizagem. d) Os estudantes dessa idade, notadamente no início da adolescência, não gostam de dialogar e, por isso,tal tarefa pode ser desgastante para a pedagogia e o professor. e) Escutar os estudantes é um tempo mal empregado, afinal, a dificuldade relatada é comum quando se está estudando matemática. 8. A professora Monique da cidade de Marataízes (ES) está planejando suas atividades com a educação infantil, contudo, em observação dos estudantes, ela notou que a colagem de parte dos meninos é deficitária em relação à das meninas de uma determinada turma dessa modalidade de ensino. Preocupada com a construção de uma ação pedagógica pautada na equidade, assinale a alternativa que melhor identifica uma tarefa cabível à professora: a) Monique deve entender que a escola é um espaço de diferenças e se seus estudantes não aprendem igual, resta a ela entender esse processo e não afetar essas aprendizagens. b) Monique deve entender que a colagem não é um processo pertinente na formação da criança na educação infantil, sendo uma questão de distração que pode ser realizada pelos pais em casa. c) Monique deve investigar as origens dessas dificuldades e sua relação com uma possível questão de gênero e, sempre que possível, deve dialogar com a professora anterior da turma e, em caso de necessidade, deve deixar de lado tal tarefa. d) Monique deve investigar as origens dessas dificuldades e sua relação com uma possível questão de gênero e, sempre que possível, deve dialogar com a professora anterior da turma e, por meio da investigação dos comportamentos e falas dos estudantes, deve propor caminhos para uma aprendizagem significativa pelos meninos. e) Monique deve investigar as origens dessas dificuldades e sua relação com uma possível questão de gênero e, sempre que possível, deve dialogar com a professora anterior da turma e, por meio da investigação dos comportamentos e falas dos estudantes, deve propor caminhos para uma aprendizagem significativa pelos meninos. Se possível, a professora pode dialogar com os responsáveis das crianças para que investiguem também a questão no espaço doméstico. ASPECTOS GERAIS DA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO 3.1 DIÁLOGO NA ESCOLA Diferente do que muitos podem pensar, aprender a dialogar é um exercício a ser construído na formação do pedagogo e do professor, afinal, operações de comunicação, sob as mais diferentes apresentações, são essenciais para efetivação do processo educativo. Nesse sentido, o diálogo não pode ser tratado como uma operação unicamente do campo da gentileza e de uma suposta boa educação, mas sim, um exercício que tem em seu escopo métodos e técnicas que precisam ser apropriadas por profissionais da educação (PELIZZOLI, 2012). Afinal, o diálogo é ideológico, ou seja, é carregado das visões e compromissos de classe daquele que expõe suas ideias, desse modo, instrumentalizar esse recurso é uma tarefa da seara da didática. Assim, há que se considerar que a relação professor-aluno é permeada pelo diálogo, sendo carregada por questões de ordem psicológica, em uma integração entre aspectos cognitivos e as ações concretas. Diante do exposto, em diálogo com Moacir Gadotti, um dos mais conhecidos discípulos de Paulo Freire, este afirma que o diálogo trata-se de uma exigência existencial para a comunicação (GADOTTI, 1991). Por outra parte, como se sabe, a sala de aula ainda é atravessada por ecos de uma didática tradicional, pautada na verticalidade do ensino em que o diálogo UNIDADE 03 tem um caráter autoritário e está centralizado na figura do professor. Sendo o estudante colocado em uma posição passiva e submissa no processo de ensino- aprendizagem. Superar essa didática tradicional é um exercício que deve ser realizado pelos pedagogos e professores em nome de uma formação mais significativa para os estudantes. Afinal, quando se entende o diálogo como elemento chave para o processo de ensino aprendizagem é possível construir uma pedagogia mais humanizada. Nela os elementos desse contato, ou seja, professor e estudante, constroem criticidade e reúnem elementos da teoria e da prática em seu fazer pedagógico. Sob uma perspectiva freireana, o diálogo é um dos elementos que distingue uma educação libertadora de uma educação tradicional (FREIRE, 1980). Nesse contexto, é necessário que se reflita sobre o diálogo à luz das pressões que encontram-se presentes no contexto do capitalismo que atua sobre a educação e o educar no século XXI. Nessa intercessão,o educador e o estudante são transportados para uma lógica que dispensa as especificidades e identidades, dando lugar a orientações técnicas, nascidas de livros didáticos e apostilas, quase sempre distantes dos estudantes e de suas trajetórias e bagagens culturais (BUENO, et al., 2005). Nesse ambiente, o processo de ensino-aprendizagem se vê comprometido e, por extensão, o diálogo torna-se frio e sem o contato necessário para a execução de uma prática significativa. Assim, diante desse quadro preocupante, cabe aos professores construírem estratégias de manutenção dos vínculos em nome da construção de ambientes de diálogo qualificado e significativo que proporcione um ambiente de desenvolvimento para os estudantes. Alguns aspectos gerais do diálogo entre docentes e discentes podem ser aprofundados aqui como entender o que o corpo fala e por isso, uma comunicação corporal não agressiva é necessária (SILVA, 2000). Afinal, uma prática expressiva no ato da explicação dos conteúdos, a manutenção de uma postura aberta, a inclusão do caminhar em sala de aula e o estabelecimento do olhar atencioso com os estudantes tende a construir vínculos positivos. Além disso, o uso do tom de voz equilibrado, pautado em objetividade e clareza é uma característica que deve ser ressaltada. É prudente situar que a efetivação da comunicação se dá quando o sujeito entende a mensagem, por isso, modular a voz, exprimir ela de modo tranquilo e com um vocabulário de fácil acesso é definidor para o avanço do contato na sala de aula. Outra vertente a ser destacada é a proposição de um ambiente autônomo e de liberdade para os discentes. A partir de regras e acordos assertivos, pode o professor promover atividades diversas em que o auxílio mútuo, a responsabilidade e o protagonismo individual e coletivo dos estudantes se apresente. Liberdade em sala de aula é uma construção que deve ser realizada com base no respeito, por isso, cabe ao professor, em diálogo com a turma, arquitetar normas e sanções que fortaleçam a boa convivência (ROSSETTO, 2005). Soma-se a isso a necessidade da motivação como um elemento definidor da comunicação. Sobre isso, considere a experiência pessoal de um estudante que não gosta das aulas de matemática, não seria melhor ter uma fala motivadora para aprender os conteúdos de fração, por exemplo? Ou uma aula interativa com recursos tecnológicos ou blocos concretos para observar a materialidade do assunto? Essas são algumas formas que podem trazer a motivação para a comunicação dos conteúdos em sala de aula. Buscar alternativas, repensar práticas e construir junto com os estudantes, dando-lhes oportunidade de escolha são estratégias produtivas para a efetivação de um processo de ensino-aprendizagem significativo (TAPIA, 1999). Todos esses processos estão, em maior ou menor medida, amparados na discussão temática da comunicação não violenta (CNV) uma série de estratégias de diálogo e interação que colaboram com o processo de interação entre os sujeitos, de modo a subsidiar um ambiente de empatia e de eficiência na interação (ROSENBERG, 2006). Essa abordagem foi desenvolvida pelo psicólogo Marshall Bertram Rosenberg e é útil em especial para a mediação de conflitos no espaço da sala de aula, elemento que trataremos no tópico a seguir. 3.2 (IN) DISCIPLINA Disciplina e o seu antônimo indisciplina são termos bastante presentes no cotidiano escolar e merecem atenção cuidadosa do campo da didática. Enquanto a primeira apresenta-se como a execução dos protocolos da cultura escolar, como manter o silêncio, responder prontamente às demandas do professor, dentre outros elementos, a indisciplina é expressa pelo não cumprimento desses padrões, com práticas, interações e gestos de desobediência às regras (KULLOK, 2002). De imediato há que se destacar que o professor não pode esperar imagens bem formadas de seus estudantes em um ambiente fechado e homogêneo de aprendizagem. Ao contrário, a pluralidade e a diversidade da sociedade, com tensões de ordem socioeconômica, cultural, de gênero e política afetam os estudantes de modo amplo (ARROYO, 2004). Não importa o nível em que estejam desenvolvendo sua formação, esses discentes carregam consigo uma bagagem múltipla e diversa e que se atualiza com bastante rapidez - vide a influência da internet e das redes sociais - representando uma necessidade de adaptação por parte dos docentes. Cabe ao professor empatia e um olhar antropológico para essa pluralidade e as dissonâncias entre os comportamentos e as demandas da cultura escolar. Tal como propôs Miguel Arroyo, de fato, “os alunos não são mais os mesmos”, mas o que eles são é importante, relevante e precisa ser considerado, inclusive, quando se pensa a indisciplina (ARROYO, 2004). O estudante idealizado foi e é um personagem irreal que, na prática, não existe, assim, pensar em um modelo de aluno ideal é aderir a uma pedagogia fantasiosa e sem referência no campo do real. Por séculos optou-se na didática, por imagens “perfeitas” de estudantes que, na prática, são discentes possíveis e reais marcados por trajetórias específicas. Ou seja, indivíduos que, em especial na escola pública brasileira, enfrentam uma série de constrangimentos de ordem sócio- econômica, sem contar as carências sócio emocionais e os desafios da violência e da precariedade da vida. Por extensão, esses elementos afetam seus modos de expressão, sendo a indisciplina, muitas vezes, uma forma de exposição pública dos desafios desses públicos. No limite, quando se fala em indisciplina, estamos diante de um conjunto de práticas como “[...] inquietação, questionamento, discordância, conversa ou desatenção por parte do aluno [...]” (REGO, 1996, p. 85). Em meio a essa conceituação é preciso que se incentive entre os docentes uma escuta empática, uma busca pela linguagem do aluno, afinal, esse recurso otimiza o contato e tende a reforçar o vínculo com o professor, além de estratégias de construção do interesse e da participação para esse estudante. Importante destacar que essa experiência pode ser analisada a partir dos princípios já citados da Comunicação Não Violenta (CNV) que está assentada sob as ideias de observação do ocorrido sem interferências de preconceitos e pré- determinações (ROSENBERG, 2006). Cabe ao docente uma postura analítica frente aos casos de indisciplina, demodo amapear o sujeito, a ação e suas consequências, de modo a construir uma perspectiva do caso. Em seguida, se estabelece o momento da identificação dos sentimentos, o que o docente está sentindo? E os estudantes? Entender com maturidade a sensação que o evento da indisciplina suscitou é importante para poder elaborar as ações seguintes (SANTOS, 2018). Em meio a isso, uma observação sobre o contexto sócio-econômico e emocional do estudante pode ser uma chave importante para esse exercício de reconhecimento. Entendidos os sentimentos, cabe uma observação sobre quais eram as demandas, do aluno que cometeu a indisciplina, do professor e da turma (SANTOS, 2018). Nesse momento, pode o professor elaborar junto ao estudante o que ele gostaria de expressar com aquele comportamento, qual a sua necessidade. Sempre demodo empático, claro e acolhedor demodo a alcançar o propósito que terminou por se expressar em indisciplina. Realizado esse percurso, a última etapa é a da realização do pedido, aqui há o ensejo para registrar aquilo que se deseja (ROSENBERG, 2006; SANTOS, 2018). Essa fala não precisa se dar com toda a turma, nem mesmo ser realizada de modo autoritário, ela pode ser construída em um ambiente à parte a sala de aula, deve ser realizada à altura do aluno e preferencialmente com professor e aluno sentados. O pedido deve ser realizado de forma objetiva e clara. Em uma situação hipotética, pode-se dizer: “Renan, quando vejo seu comportamento com seus colegas, acompanhado de chutes e pontapés nas cadeiras, me sinto frustrada, pois preciso de sua colaboração para continuar nossaaula de inglês. Você poderia me ajudar ao longo da nossa aula?” Essa fala deve ser acompanhada de uma escuta ao sentimento do estudante, dos motivos que o levaram à tais ações e, em caso de recorrência, a coordenação pedagógica e a família devem participar desse debate em nome de uma experiência positiva desse aluno em sala de aula. Diante das condições expostas, sabe-se que a pluralidade de experiências de indisciplina é bastante vasta e, por isso, a educação e a informação são aspectos indispensáveis para uma ação pedagógica assertiva. Sendo assim, não se pretende aqui fazer com que o docente seja o profissional capaz de solucionar todas as questões que visitam seu estudante, afinal, essa atitude seria anti-didática e não pedagógica. Ao contrário, o instrumental citado deve ser empregado e, conforme as especificidades das situações, esse exercício deve mobilizar ainda outras redes de profissionais. Sendo assim, o contato entre a escola, o conselho tutelar e a assistência social do município e do Estado são necessários, não só na solução de determinados casos de indisciplina, mas para a interpretação das condições sócio-emocionais experimentadas pelo estudante. Ao final, esse conjunto de iniciativas pode ser empregado como uma forma de dirimir eventuais desafios surgidos da indisciplina e tendem a fortalecer os vínculos entre professores e estudantes. Ao fim e ao cabo, se a comunicação e a disciplina/indisciplina são elementos necessários à reflexão sobre a relação professor- aluno, é necessário debater questões gerais ligadas à direção de turma. 3.3 DIREÇÃO DE TURMA Debater sobre a direção de turma é, antes de mais nada, discutir sobre a formação do professor e do seu preparo para a condução, gestão e liderança desse espaço. Dito isso, um primeiro movimento é separar a docência da vocação. Tal como expressou Miguel Arroyo (2000) atrelar o vocacionado à profissão docente trata-se de um eco do senso comum que faz conexões irreais entre um suposto “dom de educar” e uma aura divinizada sobre aquele que ensina. Essa argumentação se mantém em nossa sociedade desde a Idade Moderna (século XV ao XVIII) e afeta inclusive a imagem que o educador tem sobre si próprio. No limite, trata-se de um desserviço que retira a condição de trabalhador e profissional do professor e faz com que, por exemplo, sua valorização financeira seja “esquecida”, afinal, o sentido de sua ação pedagógica seria exclusivamente o amor por ensinar (RÊSES, 2015). Sendo assim, não acredita-se aqui em destino ou inclinação religiosa, avalia- se aqui que o professor é, antes de mais nada, um trabalhador. Nesses termos, no mundo do trabalho “[...] o professor teria chance de reconstruir autoimagens, porque se veria inserido num coletivo, identificado com um grupo social e autofortalecido por meio da luta pelos direitos dos seus colegas” (LENGERT, 2011, p. 21). Assim sendo, considerando os marcos do capitalismo, cabe entender-se como explorado, subordinado às alterações governamentais e constantemente atacado por políticas de enxugamento de recursos na escola e de cerceamentos ao direito à educação. Diante desse ambiente hostil, o que deve pavimentar a profissão docente é o comprometimento crítico, analítico pautado na leitura, pesquisa e escrita que esse sujeito tem com a construção do processo de ensino-aprendizagem junto aos seus estudantes. Para isso, superar a passividade e a inércia, é um compromisso que deve ser encampado pelos professores, em nome de uma profissão ativa e reflexiva (RÊSES, 2015). Isto posto, cabe ao docente ter em sua formação um cabedal de debates sobre modos de executar uma liderança positiva e democrática no espaço da sala de aula. A regência de turma demanda estratégia, domínio de conteúdo, conhecimento das condições socioeconômicas dos estudantes e afetividade (RÊSES, 2015). Nessas condições, reforça-se aqui as considerações de Oliveira e Ferreira da Silva quando avaliam que ensinar-aprender demanda “[...] militância, consciência e paixão pelo saber, profissionalismo e determinação do educador em não se deixar envolver nas sombras ideológicas que buscam minorar o seu papel diante de seus alunos e da educação de modo geral” (OLIVEIRA; FERREIRA DA SILVA, 2006, p.153). Com isso, pensar em uma liderança positiva na regência de turma é ter uma ação consciente sobre a modalidade de ensino, a faixa etária, um diálogo atento e o ferramental da comunicação não violenta como ferramentas para a prática docente (LENGERT, 2011). Entendendo que, em especial na educação infantil e no ensino fundamental, as crianças aprendem em especial pelos exemplos e com fortes chances de réplica em ações de aprendizagens futuras. Nesse sentido, evitar práticas coercitivas e ações de matriz parental que, na prática, apontempara gestos autoritários e/ou violentos e tambémpara atos próprios do ambiente familiar, é uma demanda a qual o educador deve colocar-se em seu trato com a regência de turma (RÊSES, 2015). Não incorrendo em tais atitudes, o professor terá condições de expandir sua relação com os estudantes de forma motivadora, pautada na responsabilidade, autonomia e liberdade, com possibilidades inúmeros para realizar de modo coerente sua prática docente. FIXANDO O CONTEÚDO 1. Hilda, professora na cidade de Paraguaçu Paulista (SP), deparou-se coma seguinte manchete em um jornal online: 'Minha aluna desmaiou de fome': professores denunciam crise urgente nas escolas brasileiras. CARRANÇA, T. 'Minha aluna desmaiou de fome': professores denunciam crise urgente nas escolas brasileiras. BBC-Brasil, 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-59215351 Acesso em: 12 nov. 2021. Com base na leitura do presente capítulo, como a professora Hilda poderia atuar diante dessa situação: a) A professora Hilda deve entender que as necessidades socioeconômicas dos estudantes são muito grandes e, por isso, pode ajudar os alunos dando comida a todos que sentem fome, afinal, ajudar é o único sentido da profissão docente. b) A professora Hilda deve se surpreender comas necessidades socioeconômicas dos estudantes e, por isso, deve denunciar os pais junto ao conselho tutelar. c) A professora Hilda deve conhecer as necessidades socioeconômicas dos alunos e, por isso, acolher essa estudante, participar à coordenação pedagógica e a direção do caso e, em seguida,dialogar com os responsáveis sobre a situação e cobrar do poder público ações de combate à fome e a pobreza. d) A professora Hilda deve entender que as necessidades socioeconômicas dos estudantes são muito grandes e, por isso, liberar a aluna das aulas é um caminho empático e cuidadoso com a estudante. e) A professora Hilda deve entender que as necessidades socioeconômicas dos estudantes são muito grandes e, por isso, pedir uma transferência de escola para um ambiente mais saudável para ela. 2. O pedagogo Elói, da cidade de Araguatins (TO), se deparou com o seguinte caso em sua escola, um estudante do 9º ano desafiou a professora e, por fim, agrediu a diretora e, após o caso, os responsáveis foram chamados à escola para uma conversa com Elói. Como deve ser o modo de aproximação entre o pedagogo, o estudante e a família frente a situação narrada? Assinale a alternativa correta: a) Elói deve encaminhar com os pais a expulsão do estudante, afinal, escola não é lugar de violência. b) Elói deve agir com rigidez, pois um jovem tem que ser penalizado quando comete um erro. c) Elói deve convidar também os profissionais responsáveis pelo regime socioeducativo da cidade e encaminhar o estudante para tal unidade. d) Elói deve realizar uma sequência de diálogos, inicialmente com a professora, após com o estudante e, em seguida, com os responsáveis, utilizando-se em todas elas de uma comunicação não violenta. Buscando observar se há práticas de reprodução de violência e as condições sócio-econômicas que visitam esse jovem. e) Elói deve realizar uma sequência de diálogos, inicialmentecom a professora, com a direção e posteriormente com a polícia, de modo que ela seja responsável pelo encaminhamento do jovem. 3. Bianca, pedagoga da cidade de Balneário Arroio do Silva (SC), tem em sua unidade o caso de uma aluna do 3º ano e o irmão no 8º ano que eram criados por uma tia, contudo, ela faleceu vítima da covid-19. Diante dessa situação, como pode atuar a profissional? a) Bianca deve entender quais são as suas obrigações e não ser invasiva com um tema delicado como o do falecimento de um responsável de estudante. b) Bianca deve estabelecer uma comunicação informativa com os professores das estudantes, receber as crianças de modo acolhedor e escutá-las em suas demandas e, em seguida, informar-se sobre as redes de apoio e cuidado às quais estão submetidas. Além disso, todo esse processo pode ser dialogado com o conselho tutelar e assistentes sociais. c) Bianca deve avisar aos professores e solicitar que liberem as crianças de qualquer obrigação curricular. d) Bianca deve organizar uma reunião coletiva e expor a questão para todos os estudantes e professores, com a presença das crianças citadas no enunciado, de modo a construir uma saída coletiva. e) De modo solidário, Bianca deve comunicar ao conselho tutelar e encaminhar os estudantes para adoção. 4. Leia o trecho que segue e que ilustra a realidade recente de moradores de uma comunidade na cidade do Rio de Janeiro: Muitos alunos que antes moravam na favela em locais considerados razoáveis tiveram que semudar para esses locais mais vulneráveis, porque lá não paga aluguel, não paga nada. Mas as casas são demadeira, em lugares muito complicados, como barrancos. Então está havendo uma migração interna, dentro da própria favela, de famílias que não estavam conseguindo se manter nos lugares por conta dessa crise econômica toda. CARRANÇA, T. 'Minha aluna desmaiou de fome': professores denunciam crise urgente nas escolas brasileiras. BBC-Brasil, 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-59215351 Acesso em: 12 nov. 2021. Com base na leitura do presente capítulo, na unidade escolar em que essas questões estão sendo observadas, que tipo de diálogo pode ser promovido sobre o tema: a) Cabe à escola difundir essa informação junto aos docentes, observar os modos como essas migrações impactam os estudantes em suas vidas e no processo de ensino-aprendizagem. Pode ser solicitado ainda aos professores de geografia o debate sobre o tema associado com seus conteúdos. Além disso, a secretaria de assistência social do município pode ser notificada sobre a situação. b) Cabe à escola difundir essa informação junto aos docentes. c) Cabe à escola solicitar aos professores de Geografia e História o debate sobre o tema associado com seus conteúdos. d) Cabe à escola solicitar a expulsão desses estudantes, dado que seus endereços tendem a ficar irregulares. e) A escola deve convidar o conselho de engenharia da cidade para análise e as casas devem ser interditadas, afinal, são moradias irregulares que atrapalham o desenvolvimento da cidade. 5. Leandro, da cidade satélite de Águas Claras (DF), é formado no curso de Pedagogia e desde os seus 12 anos deseja ser professor. Hoje, com 35 anos, após a leitura do presente capítulo, entendeu que a docência é: a) um sacerdócio e que deve ser tratado por ele com amor e desprendimento em relação às finanças. b) um dom divino e como tal deve ser respeitado e bem cuidado para que ele possa somente fazer o bem. c) um dom e uma profissão e que o amor reúne as duas sem dicotomias e diferenças. d) uma profissão, mas que deve ser exercida com base única e exclusiva no amor à educação, sem qualquer cobrança. e) umaprofissão e que, em uma sociedade capitalista e desigual, deve ser defendida em termos críticos e analíticos. 6. José, aluno do polo de Guajará Mirim (RO), decidiu dedicar-se aos estudos sobre liderança e direção de turma. Em seus estudos o graduando encontrou as seguintes alternativas. Ajude José e marque as alternativas com (V) verdadeiro ou (F) falso: ( ) “No estilo de liderança autoritário predomina a alta exigência [...]. São professores que valorizam a autoridade, a ordem e a estrutura tradicional sem atentar às demandas da criança.” (BATISTA; WEBER, 2012, p.304). ( ) Na Liderança participativa “[...] buscam a obediência das crianças sem considerar que, nessa etapa da escolarização, eles precisam ensiná-las a seguir regras.” (BATISTA; WEBER, 2012, p.304). ( ) Na liderança violenta “Não estabelecem regras e limites apropriados e não monitoram os comportamentos, realizando os desejos da criança” (BATISTA; WEBER, 2012, p.304). ( ) Uma liderança negligente é aquela que “ os professores não são responsivos nem exigentes” (BATISTA; WEBER, 2012, p.304). Assinale a alternativa correta: a) F – V – V – V. b) F – V – F – V. c) V – F – F – V. d) F – F – F – F. e) V – V – F – F. 7. Leia a matéria de um jornal online do Estado do Espírito Santo, publicada em 24 de outubro de 2020: “Professores abrem canal de denúncia sobre situação das escolas no retorno presencial - Atendimento dos protocolos, assédios e jornada maior de trabalho sem devida remuneração são algumas já recebidas.” (COUZEMENCO, F. Professores abrem canal de denúncia sobre situação das escolas no retorno presencial. Século Diário, 24 de outubro de 2020. Disponível em: https://www.seculodiario.com.br/educacao/professores-abrem-canal-de-denuncia-sobre-situacao- das-escolas-no-retorno-presencial Acesso em: 01 de mar. 2021). Diante do tema exposto e com base no debate sobre a profissão docente assinale a alternativa correta: a) “Um educador não pode ser passivo. Ele tem que enfrentar os desafios diários impostos por seus alunos, pela escola, pela educação, pelas esferas governamentais” (CODO, 1999, p. 371). b) “carrega uma ideologia de “boas moças”, que não brigam, não resistem, não se rebelam, não fazem greve” ( (OLIVEIRA; FERREIRA DA SILVA, 2006, p.153). c) Esses movimentos fragilizama profissão e reforçamoargumento de que professores não gostam de trabalhar. d) Os professores desejam direitos, mas não devem fazer isso criticando as secretarias de educação. e) É injusto um professor fazer greve e deixar os estudantes sem aula, pois, se ele faz isso, está sendo incoerente com o amor à profissão. 8. A professora Laís, da cidade de Santo Amaro da Imperatriz (SC), tem uma prática dialogada com seus estudantes do 5º ano, conhece a realidade deles e está sempre em contato com os responsáveis e vê a comunicação não violenta como um caminho no trato com seus estudantes. Além disso, busca motivar seus estudantes e construir o processo de ensino-aprendizagem de modo participativo. Conforme estudado no presente capítulo, assinale a alternativa que apresenta o tipo de liderança exercido pela professora Laís: a) Liderança animada. b) Liderança autoritária. c) Liderança atenta. d) Liderança positiva. e) Liderança negligente. A SALA DE AULA E AS ATIVIDADES PEDAGÓGICAS 4.1 MÉTODOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM O presente capítulo tem por intenção debater estratégias de ensino- aprendizagem com enfoque na multiplicidade de formas de executar tal operação em sala de aula. Para esse intento, uma série de vertentes serão expostas para uma abordagemmais dinâmica e capaz de dialogar com questões concretas próprias da experiência escolar. Assim, vamos pensar que em uma sala de aula do 8º ano da escola municipal Nova Serrana, o tema a ser tratado era sobre a “água”, sendo o objetivo de aprendizagem elaborado “compreender as relações entre o agronegócio e o consumo excessivo desse recurso". A partir disso, a professora de ciências assumiu uma vertente pedagógica que compreende o “professor como um mediador e o estudante como protagonista do processo de ensino-aprendizagem” (FERREIRA, 2018, p.172). Diante do caso exposto, é importante pensarmos quais seriam possíveis estratégias de ensino-aprendizagem para que os estudantes adquirissem uma aprendizagemsignificativa? Sobre os métodos de ensino-aprendizagem, algumas categorias são expostas por Libâneo em suas considerações sobre a Didática (1994) e merecem destaque aqui. A primeira delas é ométodo expositivo que, centrado na figura do docente, lhe confere a responsabilidade de abordar o assunto por meio da apresentação oral. Sob essa perspectiva, é importante situar que o estudante não necessariamente se apresenta de modo passivo, podendo interagir por meio de perguntas, acréscimos e críticas a discussão realizada pelo educador, no limite, encampando uma atitude dialógica e receptiva. UNIDADE 04 Na sequência, pode-se identificar o método individual de trabalho, nessas circunstâncias o educando é convidado a realizar suas atividades de modo autônomo, mobilizando aprendizagens múltiplas e diversas. Nesse contexto, incluem- se atividades de escrita, leitura, resolução de problemas, desenhos dentre outras propostas. Ao final, esse tipo de metodologia dá a possibilidade do professor estabelecer um diagnóstico sobre a aprendizagem pessoal de cada estudante (LIBÂNEO, 2004). De modo distinto, registra-se aqui o método de elaboração coletiva ou de trabalho em grupo que, de modo contrário ao anterior, pressupõe o contato ativo, a mediação de perspectivas e o diálogo entre os estudantes na construção de uma determinada atividade (ALONSO, 2002). É possível notar o emprego de tal vertente em trabalhos em grupo, projetos transversais, fóruns de debates e ações afins. Ademais, aqui há possibilidades de observação de lideranças entre os estudantes, perfis de trabalho individuais e coletivos e formas de gestão do tempo e das atividades, conforme os parâmetros solicitados pelo educador (ALONSO, 2002). Em seguida, está ométodo das atividades especiais que, demodo geral, pode ser lido como aquele que demanda uma estrutura pouco frequente na sala de aula e na escola. Pensemos por exemplo em visitasmediadas amuseus, centros de ciência e cultura, teatros, uso de laboratório, cinema, jogos didáticos, palestras com profissionais alheios à unidade escolar, recursos tecnológicos. Todas elas tendem a colaborar com a relação extramuros e comaprendizagens diversas que esse contato com o novo pode gerar. Diante do leque apresentado, há que se dizer quemuitos outrosmétodos estão presentes em sala de aula, conforme conteúdos, competências e habilidades próprias de cada disciplina, por exemplo, se considerarmos o exercício de alfabetização (FERREIRA, 2018, p.172). Cabe ao docente aproximar-se dos métodos citados e fazer com que eles sejam mobilizados de modo orgânico com os temas e conteúdos próprios da disciplina a ser tratada em sala de aula. Nesse sentido, o trabalho sobre “água” dos estudantes do 8º ano da cidade de Nova Serrana pode ser amparado, como foi possível notar ao longo do tópico, por uma série de métodos. À vista disso, cabe a docente responsável pela disciplina de ciências optar, em possível diálogo com a turma, por uma metodologia que gere benefícios para uma aprendizagem potente aos estudantes. Cientes disso, é importante situar agora o lugar dos recursos tecnológicos na sala de aula. Sabe-se que eles vêm ganhando cada dia mais centralidade na vida dos sujeitos pelo mundo todo, aportando nas escolas como uma saída para cativar a atenção de crianças e jovens nascidos como nativos digitais (COELHO et al, 2018). Vejamos na sequência algumas especificidades e tipologias de sua presença nos espaços escolares. 4.2 RECURSOS PEDAGÓGICOS DIGITAIS E METODOLOGIAS ATIVAS Por recursos pedagógicos digitais entendemos aqui as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs), um repertório de sites, mídias, softwares e aplicativos que, dentre outros usos, podem ser empregados com finalidades educacionais. Longe de estarem somente nos laboratórios de informática ou nas lousas digitais, esses recursos hoje tem diferentes apresentações e tem colaborado de modo qualitativo com a formação de crianças e adolescentes por todo o país. Vale destacar que no tempo presente, as demandas pela inserção da tecnologia em sala de aula tem se expandido e encontram-se registradas inclusive na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Nesse processo, nota-se uma aposta na “[...] realidade da ciência, no progresso do conhecimento e da técnica, que levaria, necessariamente, à melhoria da precária condição humana” (FERRAZ, 2000, p. 123). Pensando na demanda dos sujeitos do tempo presente e dos seus diálogos com a tecnologia, esse eixo foi inserido e incentivado em tal documento de referência como uma forma de construir uma cultura de tecnologia e incentivo à ela nas escolas e na educação brasileira. Vale dizer que o método de ensino-aprendizagem que potencialmente acolhe essas as TDICs são as metodologias ativas. Tal tema tem sido muito discutido nos espaços de produção do saber sobre a pedagogia e as licenciaturas atualmente. Em síntese, essas metodologias são um conjunto múltiplo e diverso de práticas que pretendem reforçar o protagonismo dos estudantes no tempo presente (VALENTE, et al., 2017). A análise sobre esse método se dá a partir da expansão do uso da internet e da suamultiplicidade de possibilidades em espaços escolares. No bojo desse debate, noções de ensino híbrido e a expansão dacultura digital na educação têm sido cada vez mais discutidas e propagadas (FLORIDI, 2015; ALMEIDA; VALENTE, 2016). A importância dessas metodologias ativas cresceram, em especial, diante da experiência dos seus usos com o distanciamento social e o fechamento de escolas por conta da pandemia, a partir de 2020 (BARROS; VIEIRA, 2021). Ademais, essas metodologias ganharam espaço em especial na elaboração da BNCC em suas diretrizes de utilização e compreensão do uso das TDICs. O documento prevê ainda a necessidade de que esse trato seja realizado de modo crítico e reflexivo por parte dos docentes com seus estudantes (BRASIL, 2019). Nesse sentido, entendê-las é uma maneira de dialogar não só com o documento, mas com propostas que devem ser empregadas em sala de aula no curto e no médio prazo. Para isso, fala-se em uma educação que propicie desafios que passem pelo uso da tecnologia, com discentes conectados e que possam desfrutar de alguns recursos próprios do repertório dessas metodologias. Sendo assim, destaca-se a sala de aula invertida que é baseada na indicação do professor acerca do assunto a ser tratado e, munido dessa proposição, o estudante irá executar buscas online sobre o tema para o futuro debate. Nesse encontro/aula será possível realizar uma discussão sobre os achados de pesquisa e cabem espaços de tiragem de dúvidas (PEREIRA; DA SILVA, 2018). Espera-se que as investigações sejam realizadas de modo autônomo e independente, utilizando-se de recursos tecnológicos próprios e/ou da instituição de ensino. Podendo essa ação ser realizada de modo individual ou coletivo, conforme o comando do educador. Acrescenta-se à anterior, a técnica do ensino híbrido que, na prática, busca balancear o regime presencial e a distância, como forma de dialogar com os estudantes a partir de diferentes suportes. Na prática, por meio de rodízios pré- estabelecidos, um grupo de educandos frequentam as aulas de modo presencial, enquanto outra parte mantém-se em casa, sendo esses grupos escalonados periodicamente (CORTELAZZO et al., 2019; ARRUDA; SIQUEIRA, 2021). Diante dessa prática, espera-se forjar um comportamento ativo, autônomo e responsável entre os estudantes, dada a necessidade de acompanhamento dos calendários do revezamento e dos conteúdos online. Há que se dizer que o ensino híbrido não é um sinônimo do ensino remoto emergencial (ERE), modalidade utilizada por uma série de redes públicas e privadas para a execução do processo de ensino-aprendizagem no período da pandemia em 2020 e 2021 (ARRUDA; SIQUEIRA, 2021). Ao contrário, o ensino híbrido é uma ação planejada e que nasce da disponibilidade dos estudantes, professores e unidade escolar parasua execução de modo qualitativo, com o compromisso de oferecer uma educação de qualidade aos discentes. Outro processo bastante popular é a gamificação, ou seja, a aprendizagem que pode-se dar a partir do uso de jogos digitais. Por meio de recursos interativos e narrativas dinâmicas, os estudantes se motivam no entorno de aprendizagens significativas das disciplinas. Do exercício de jogar, individualmente ou coletivamente ou até mesmo, dependendo das condições, construir um jogo educativo, são múltiplas e diversas as possibilidades de aprendizagem com essas tecnologias (BACICH; MORAN, 2018). Ademais, insere-se nesse conteúdo a oportunidade do contato com novas linguagens, exercícios de concentração, estratégia e colaboração, habilidades essas fomentada pela BNCC (BRASIL, 2019). Ao fim e ao cabo, a tecnologia pode dar a oportunidade de expansão da leitura de mundo de professores e estudantes, contudo, ela sozinha não é capaz de operar mudanças. Em outros termos, a efetivação dela se dará quando estiverem garantidas formações transversais e continuadas para os docentes, incluindo suporte técnico para suas ações e quando os estudantes e responsáveis forem consultados sobre as possibilidades de bomuso das tecnologias em suas residências (MUNIZ, 2021). Ademais, emespecial as redes públicas, carecemde estruturas e aparatos que deem subsídios para a execução das metodologias aqui citadas. Do contrário, a educação tende a ser precarizada e os abismos sociais da exclusão tendem a se aprofundar. Diante do exposto, considerando as especificidades das metodologias ativas, é importante situar que o desafio aqui é não sobrepujar ummétodo aos demais, pois, em todos é possível encontrar possibilidades e limitações em relação a sua execução. Por isso, cabe ao professor em formação (re) conhecer esses gradientes e, sempre que necessário, mobilizar um ou mais em suas ações pedagógicas e que elas sempre estejam amparadas por objetivos claros e consistentes. 4.3 OBJETIVOS PEDAGÓGICOS Se recordarmos o exemplo inicial deste capítulo acerca do 8º ano da escola municipal que recebeu como tema de trabalho a palavra “água”, sendo o objetivo de aprendizagem a ser construído “compreender as relações entre o agronegócio e o consumo excessivo da água", novos elementos precisam ser agregados. Agora temos recursos suficientes para problematizar tal questão em termos metodológicos e uma série de possibilidades de expansão de conhecimento para a referida turma. Independente da resposta metodológica dada, é básico informar que toda e qualquer construção pedagógica deve partir de seus objetivos. É como se o objetivo trouxesse em seu subtexto a expressão “Ao final desse conteúdo o estudante deverá", ou seja, são como metas a serem alcançadas. Uma vez que nosso objetivo é “compreender as relações entre o agronegócio e o consumo excessivo da água" encontra-se incutido nele a demanda para que o estudante compreenda os altos níveis de consumo do recurso natural por parte do agronegócio e a escassez hídrica que esse processo enseja. De modo simultâneo, é possível encaminhar uma reflexão sobre os problemas socioambientais causados pelo agronegócio. Isto posto, vale reforçar que tal objetivo, irá requerer sempre um método que dê a ele a possibilidade e a materialidade para sua execução, construindo a demanda de pensar essas finalidades e os métodos de forma associada. Importante destacar que os objetivos são realizados na forma de verbos no infinitivo e que sejam capazes de expressar comandos claros sobre a atividade pretendida. Para auxiliar na construção de objetivos, sejam eles acadêmicos ou pedagógicos, existe a taxonomia de Bloom. Uma tabela criada pelo psicólogo norte- americano Benjamin Bloom no ano de 1956 que apresenta eixos denominados a partir de habilidades e competência de matriz cognitiva, afetiva e psicomotora que viabilizam a solução de uma determinada questão ou problema pedagógico (ZABALA et al., 2016). Essa tabela passou por adaptações nos anos posteriores a sua concepção e, atualmente, ela apresenta uma hierarquização de objetivos divididos em seis domínios. Vejamos essas categorias e objetivos decorrentes delas: Figura 3: Taxonomia de Bloom Fonte: https://bit.ly/3GceRiZ. Acesso em: 11 nov. 2021. Diante desses domínios, que atualmente estão presentes nas versões mais recentes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), pode o professor registrar os comandos que pretende executar junto aos seus estudantes. Assim, considerando o caso do tema “água” em associação com a discussão sobre o agronegócio, poderiam ser utilizados objetivos como: Analisar e narrar impressões acerca de textos previamente indicados sobre a relação do agronegócio com a água; Pesquisar individualmente sobre os números de consumo de água por parte do agronegócio; Apresentar o resultado das pesquisas; Produzir um comentário por escrito sobre o tema. Note-se que com isso, foi possível organizar aspectos gerais que irão conformar o passo a passo da ação pedagógica. Com isso, é possível observar o papel estruturante dos objetivos frente a um conteúdo didático e a pluralidade de modos como ele pode viabilizar a execução do assunto proposto. Sabe-se que os objetivos apontam para lugares pedagógicos distintos e, por isso, cabe ao docente atenção e cuidado com a relação a ser estabelecida entre eles e os métodos de ensino-aprendizagem. Tal como citado anteriormente, ler previamente a realidade socioeconômica e de interação dos estudantes com os conteúdos é essencial para aderir a uma metodologia. Ademais, o ensino do tema “água” em si é amplo demais, porém, os recortes estabelecidos no entorno do consumo do agronegócio levam o estudante a uma abordagem crítica e analítica mais potente e capaz de instrumentalizá-lo em referências e na expansão de sua leitura de mundo (ZABALA et al., 2016). Deste modo, antes de se pensar pragmaticamente em métodos, é preciso descobrir se os conteúdos e os objetivos de ensino-aprendizagem estão claros e adequados. Este é um passo fundamental para iniciar qualquer debate sobre métodos de ensino. Essa discussão fala, no limite, sobre a necessidade de planejar e avaliar e esses são os temas dos nossos próximos capítulos. FIXANDO O CONTEÚDO 1. Tibério, aluno do polo São Luís/Calhau (MA), está começando a conhecer as metodologias ativas. A pedido do tutor da disciplina, agora ele deve se dedicar a produzir uma atividade a partir de uma prática ativa. Das alternativas abaixo, qual delas identifica um elemento deste método? a) Respeito aos saberes dos educandos. b) Aula expositiva. c) Crítica aos modos de ser dos estudantes. d) Trabalho em grupo para construção de uma maquete. e) Sala de aula invertida. 2. Analise o trecho a seguir: “ [...] ____________________ têmopotencial de despertar a ____________, àmedida que os alunos se inserem na teorização e trazem ____________, ainda não considerados nas aulas ou na própria perspectiva do professor." BERBEL, N. A. N. As metodologias ativas e a promoção da autonomia dos estudantes. Semina: Ciências sociais e humanas, v. 32, n. 1, p. 25-40, 2011. p.28. Assinale a alternativa que completa respectivamente as lacunas: a) Metodologias ativas – curiosidade – elementos novos. b) Método expositivo – tradição – questionamentos. c) Método individual – indisposição – desafios. d) Método coletivo – atenção – inquietações. e) Atividades especiais – afetividade – problemas. 3. Leia o trecho que segue: “O objetivo educacional é definido como metas definidas pelo docente para determinar de forma mais eficaz que nível de conhecimento se deseja alcançar através de um determinado conceito ensinado (ALEXANDRE, 2008)” (RODRIGUES, A. N.; DOS SANTOS, 2013, p. 5). RODRIGUES, A. N.; DOS SANTOS, S. C. Aplicando a taxonomia de Bloom revisada para gerenciar processos de ensino em sistemas de aprendizagem baseada em problemas. Revista Brasileira de Informática na Educação, v. 21, n.01, p. 01, 2013. Diante dessa definição, considere o caso da professora Janete, da cidade de Mendes (RJ). Ela terá que construir um projeto sobre palavras de origem indígenas no 3º ano do ensino fundamental e, diante disso, qual alternativa abaixo é condizente com um objetivo viável para o trabalho pedagógico com esse tema? a) Falar tupi-guarani com os estudantes. b) Ensinar danças indígenas para os estudantes. c) Analisar fonemas e a vocalização de palavras de origem indígena. d) Plantar árvores no jardim da escola. e) Enfeitar os estudantes com penas e roupas indígenas. 4. Leonardo, pedagogo na cidade de Congonhas do Norte (MG), está interessado emconstruir umprojeto de sala de aula invertida na escolamunicipal na qual atua. Contudo a escola dispõe de uma internet de má qualidade e tanto os professores quanto os estudantes têm dificuldades de acesso e de uso de recursos digitais. Diante disso, assinale a alternativa correta sobre a conduta viável para o pedagogo: a) Leonardo deve entender as limitações de sua escola e só utilizar a metodologia expositiva como forma de viabilizar o processo de ensino-aprendizagem. b) Leonardo deve expandir seus conhecimentos sobre outras metodologias para viabilizar um processo de ensino-aprendizagem que seja rico e reflexivo, ainda que conviva com limitações de ordem tecnológica. Ademais, deve cobrar de suas instâncias superiores o aperfeiçoamento dos recursos tecnológicos na unidade escolar. c) Leonardo deve utilizar a metodologia do mesmo modo e, caso gere uma experiência mal sucedida, a responsabilidade é da falta de internet. d) Leonardo deve buscar modelos como a gamificação e o ensino híbrido como formas de driblar a carência de recursos tecnológicos. e) O pedagogo deve buscar uma escola melhor equipada para executar suas atividades. 5. Leia o trecho que segue: “No Museu da Vida, da Fundação Carlos Chagas, no Rio de Janeiro,existe uma reprodução enorme da célula humana, ali também as crianças sobem e descem o tempo todo, transformando a célula gigante num tobogã. Neste museu pude observar, entre outras várias, experiências como uso de novas tecnologias sobre a visão” (VALENÇA, 2006, p. 322). VALENÇA, V. L. C. A criação do Museu das Crianças de Santa Catarina: uma experiência em andamento. Perspectiva, v. 24, n. 1, p. 319-338, 2006. p.322. Uma visita a um museu dialoga com qual metodologia de ensino-aprendizagem: a) Método expositivo. b) Método de trabalho coletivo. c) Método tradicional. d) Metodologia de atividades especiais. e) Método de elaboração individual. 6. Edite é pedagoga de uma escola municipal no município de Goianésia (GO) e pretende propor uma atividade em grupo, partindo da metodologia de trabalho coletivo, para uma turma de EJA. Quais características a pedagoga pode esperar na execução do trabalho em grupo? a) Problemas, brigas e indisponibilidade dos estudantes da EJA. b) Oportunidade de socialização, conversas descontraídas e um trabalho descuidado. c) Desentendimentos, o aumento das dificuldades e a oportunidade de diálogo a partir de diferentes perspectivas. d) Solidariedade somada a uma operação didática frágil. e) Possibilidades de socialização, adaptação às normas estabelecidas, além da aquisição de aptidões e habilidades (DAMIANI, 2008). 7. A professora Arlete gosta do que chama de “passeios” para museus, centros de artes e afins, afinal, ela deixa os alunos livres e pode ficar mais à vontade sem obrigações. Diante da afirmativa, você enquanto futura/o pedagoga/o, pode intervir na percepção da professora Arlete de que forma? a) Devo viabilizar um comentário crítico sobre a professora junto à secretaria. b) Posso oportunizar um espaço de debates e formação sobre o sentido da metodologia de atividades especiais e a importância dela para a ação educativa dos docentes da unidade escolar. c) Prezando pelo silêncio, afinal, o descanso é um direito da professora. d) Devo reprimir a professora na frente dos estudantes. e) Discutindo com a professora, afinal, ela não está realizando suas atividades com atenção, pois, ela deve prezar e vigiar o comportamento dos estudantes em espaços extra-escolares. 8. Leia o trecho que segue: “A expressão inclusão digital, de forma simplista, refere-se ao combate da exclusão digital, que depende de cinco fatores” (LEBIODA et al, 2019, p. 01). LEBIODA, L. et al. A Homogeneidade da Inclusão Digital no Brasil: Sonho ou Realidade?. Revista Informação na Sociedade Contemporânea, v. 3, p. 1-18, 30 dez. 2019. Com base no trecho acima, selecione a alternativa que contém os cinco elementos necessários para a inclusão digital: a) “Existência de infraestruturas físicas de transmissão; o acesso a equipamentos e à conexão individual; a alfabetização digital; a capacitação intelectual e inserção social do usuário e; o desenvolvimento e uso de conteúdos específicos às necessidades dos diversos segmentos da população” (LEBIODA et al, 2019, p. 01). b) Expansão da tecnologia nas escolas; internet discada para professores; aulas de informática; escolas com laboratórios de informática; aulas de robótica. c) Aulas de informática na escola; formação continuada para os professores; um smartphone por estudante; criação de tecnologias para a educação. d) Vontade política; aulas de informática na escola; formação continuada para os professores; um smartphone por estudante; criação de tecnologias para a educação. e) Existência de recursos tecnológicos; vontade política; a capacitação dos estudantes. DIDÁTICA E PLANEJAMENTO 5.1 PLANEJAMENTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO: ENTRE PLANOS E PROJETOS No presente capítulo um de nossos interesses é discutir o conceito, o sentido geral e as especificidades do planejamento didático pedagógico. Planejar as ações pedagógicas não é um recurso somente burocrático e muitas vezes enfadonho para muitos educadores, ao contrário, trata-se de um desenho de organização, com metas e modos de fazer que pretendem estruturar os modos de execução do ensino- aprendizagem em termos didáticos. Nos capítulos iniciais foram tratados dos eixos que orientam a Didática, sendo basicamente três, um ligado à humanidade, a política e a técnica. Considerando que debatemos mais detidamente os dois primeiros aspectos, agora nos dedicaremos ao debate sobre a técnica. Não uma técnica que responda somente a objetivos enquadrados e herméticos, mas aquela que esteja atenta às subjetividades e particularidades dos sujeitos em seus processos de contato com a educação. Para isso, um retorno histórico é recomendado para nossa argumentação. Sendo assim, como citado anteriormente, nas décadas de 1960 e 1970 a didática encontrava-se imersa em um paradigma tecnicista. Sob essa concepção, noções como objetivo educacional, metodologias, recursos e avaliações eram vistos como como saídas para reforçar o lugar científico da educação (VEIGA et al., 2012). Naquele período acreditava-se que a formação do professor deveria acolher esses termos para resultados mais eficazes em termos de ensino. Logicamente não se pode pensar nessas ideias longe do ambiente político, ou seja, esse projeto tecnicista era um produto pedagógico construído e divulgado pela ditadura civil-militar no Brasil (1964-1985). Nesse período histórico interessava aos militares a manutenção de uma escola com perfil técnico na qual a criticidade e a reflexão não fossem estimuladas, pois seu incentivo geraria críticas contundentes ao governo (FUSARI, 1990). Com isso, realizar um planejamento didático-pedagógico, um plano de ensino UNIDADE 05 ou de aula era uma forma de controlar e gerar registros que, em caso de não concordância com as determinações do regime, poderiam ser criticados, denunciados e punidos por parte das coordenações pedagógicas e pelas diretorias. Há nessa iniciativa uma tentativa aberta de enquadramento do trabalho docente e da sua possibilidade de suscitar debates e o aperfeiçoamento da análise problematizadora sobre o mundo (FARIAS, 2009;VEIGA et al., 2012). Comaabertura política (1985) essa concepção do planejamento e dos planos foi sendo revisitada e, em muitos casos, foi sendo deixada de lado dadas as duras críticas que sofreu, passando a serem entendidos como um processo de dominação da prática docente (FARIAS, 2009). Essa noção foi sendo aos poucos revisitada, em especial nos cursos de pós-graduação em educação e nas licenciaturas, e um novo sentido foi sendo atribuído aos documentos de organização da prática docente. Essa nova consciência caminha no sentido de fazer com que esses materiais sejam expressões sinceras das ações e iniciativas que os professores pretendem construir em sala de aula. Sem o sentido autoritário de décadas atrás, no tempo presente, umplano e/ou um planejamento escolar pode ser um aliado do educador para o exercício de sua profissão. Esse é um espaço de exercício do seu protagonismo, no qual ele se desvencilha do uso muitas vezes castrador de ideias do livro didático e dos currículos. Quando se engaja nessa construção, o docente pode apresentar suas concepções e abordagens de modo autoral e autêntico, com a finalidade de promover uma educação significativa para seus estudantes (SILVA et al, 2021). Isto posto, superar a noção do planejamento como uma simples burocracia ou um incômodo da cultura escolar é necessário para a própria dinamização das atividades e também como forma de demonstrar a capacidade de leitura, escrita e pesquisa do docente (SILVA et al, 2021). Assim, entender esse processo como um campo aberto, passível de mudanças, ajustes e reorganizações é necessário para uma profissão docente ativa não só em sala de aula, mas também em termos reflexivos e organizacionais. Destarte, a presente unidade quer afastar uma perspectiva tecnicista e também a negação aos planejamentos e forjar uma noção de que tal documento pode ser um fator de segurança e autonomia docente. Afinal, uma visão atual de planejamento precisa passar pela ideia de refletir “[...] sobre aquilo que existe, sobre o que se quer alcançar, com que meio se pretende agir e como avaliar o que se pretende atingir” (MENEGOLLA; SANT’ANNA, 2014, p. 43). Desse modo, é necessário agora discutir em termos práticos os recursos próprios para a construção do planejamento didático pedagógico. Dado que ele será um registro de orientação ao longo do ano letivo para a disciplina, é importante que ele tenha comandos claros e que não suscitem dúvidas. Podendo estar disposto em uma folha A4, preferencialmente em formato digital - para facilitar correções e envios - contendo os seguintes elementos: objetivos educacionais; conteúdos; metodologia; avaliação; cronograma previsto; bibliografia recomendada (LIBÂNEO, 1994). Cada umdos termos expostos está disposto ao longo do presente livro didático e também poderá ser dialogado mediante o contato do docente com a BNCC e com o livro didático recomendado para o ano com o qual irá executar suas atividades pedagógicas. Sugere-se ainda que o professor tenha ciência das possibilidades tecnológicas e organizacionais da unidade escolar, pois, mediante os modos de funcionamento destes dois eixos, ele pode fazer uso de metodologias ativas e atividades espaciais em seu planejamento. É importante que, caso haja disponibilidade institucional, que o docente enriqueça seu plano com atividades e possibilidades de execução de um ensino- aprendizagem mais significativo. Ademais, um planejamento didático pedagógico não pode ser uma mordaça e, por isso, deve acolher imprevistos, feriados e eventualidades do docente e dos estudantes. Com isso, pode-se pensar em remanejamentos e mais flexibilidade na execução daquilo que foi idealizado, sem gerar frustração ou desmotivação. Em diálogo com o aspecto anterior, cabe ao docente uma investigação informal com seus colegas de profissão, lotados na mesma escola ou em unidades distintas, com a coordenação pedagógica e a direção como forma de conhecer, compartilhar e aperfeiçoar ideias. Ademais, acolher os interesses dos estudantes é uma atitude estratégica e pedagogicamente positiva para o bom funcionamento do planejamento. No mais, este documento pode ser uma oportunidade de dar vazão à criatividade e, por isso, aquele que produz deve se colocar como um professor- pesquisador. Afinal, como destacou Sanmartí (2002) o docente estará selecionando conteúdos, tópicos a serem ensinados, abordagens e, por isso, deve prezar pelo cuidado técnico, ético e político, buscando formas de acolher seu estudante e oferecer a ele uma formação de qualidade. 5.2 O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA ESCOLA A intenção desse tópico é aprofundar a discussão sobre os projetos que orientam as ações pedagógicas da unidade escolar e, por isso, será apresentado aqui o projeto político pedagógico (PPP) da unidade escolar. Se o passo anterior referia-se ao professor, agora, o PPP será um instrumento que baliza o entendimento geral sobre a unidade escolar, sua função e seus objetivos. As três palavras que compõem a sigla aqui registrada não são palavras frias e de sentido difuso, ao contrário, elas são carregadas de significados que colaboram com nosso entendimento geral sobre o assunto. Nesse sentido, é importante situar o projeto como uma representação que visa dar subsídios para a conclusão de um determinado processo, ele colabora como a arquitetura de algo que deve ser executado em um determinado prazo de tempo (VEIGA, 2000). A noção de político está diretamente ligada com as formas de garantia e consolidação do direito à educação. Assim, cabe nesse documento o reforço da função social da escola, a valorização da educação de qualidade e do acolhimento do estudante com o fito de torná-lo um cidadão crítico (VEIGA, 2001). Por último, o pedagógico que, tal como estudamos na primeira unidade, pavimenta toda uma tradição de modos de interação entre professor-aluno, por meio de métodos e técnicas específicas e próprias do campo da Educação (COSTA; MADEIRA, 1997). Diferente da construção, em princípio individualizada, do planejamento didático-pedagógico, o PPP nasce de umdebate amplo, franco e colaborativo entre os múltiplos setores da comunidade escolar. A despeito dos desafios que essa atividade possa apresentar, em termos de tempo e condições de reunião das perspectivas desses sujeitos, realizá-la é um reforço à democracia na escola. Afinal, uma gestão atenta aos sujeitos deve prover uma condução dialogada sobre suas ações, pautando suas práticas em princípios éticos, políticos e sociais (NARCISO et al, 2021). Dado que é uma construção coletiva, esse documento terá o perfil que essa unidade escolar e sua comunidade decidirem e, cabe aos docentes, a coordenação pedagógica e a direção atribuir um sentido que seja inovador a esse texto. Essa afirmativa se dá, pois, para muitos sujeitos da escola essa produção pode ser lida como mera obrigação burocrática e sem peso no campo da realidade da escola (VEIGA, 2001). Essa percepção é recorrente e, infelizmente, tende a afastar a comunidade escolar dessa elaboração e do seu cumprimento, isto é, quando ela está ciente da existência dele. Esse cenário não é fictício, mas sim uma realidade emmuitas escolas e deve ser modificado por uma postura crítica de professores e pedagogos. Cabe a esses profissionais mobilizarem ferramentas de contato, diálogo e participação horizontal para barrar essa cultura do desapego e do descrédito do PPP. Para isso, mobilizar um sentido de inovação pedagógica e emancipatória é um dos caminhos para essa mudança de postura. É preciso sensibilizar os sujeitos envolvidos, quando se fala em inovação no PPP, para a possibilidade de registrar possíveis melhorias que a unidade demanda, como pintura, melhoria em acervos de biblioteca, reforma da quadra de esportes dentre outros elementos similares (NARCISO et al, 2021). O PPP de uma escola dinâmica e que encontra-se sob uma gestão participativa e voltada para a emancipação deve acolhermudanças e negar a perpetuação de elementos paralisantes (como a burocracia excessiva, a inércia, a não responsabilização e o individualismo) que não mais representam tal unidade e seus sujeitos. Acrescenta-se a esse debate, que o PPP ele deve representar um movimento de luta pela valorização e democratização do ensino e da escola, superando desmotivações, angústias e desafios, registrando aquilo que o coletivo deseja e apontando caminhos para se alcançarem tais objetivos (COSTA; MADEIRA, 1997). Seus termos gerais devem acolher ainda a diversidade dos sujeitos que compõem a escola de modo a garantir que suas existências, ideias e propostas sejam respeitadas e tratadas de modo equitativo. Nesse sentido, a coerência, o desejo de mudança e de desenvolvimento da escola como um todo devem estar amparados em tal documento. Isto posto, em termos formais, um PPP deve conter alguns elementos básicos, tais como: identificação da escola; missão da unidade; contexto socioeconômico do público discente; dados de ensino-aprendizagem; recursos pedagógicos disponíveis; diretrizes pedagógicas e plano de ação. Assim, pode-se notar que é um documento commuitos elementos e que todos eles pretendem dar subsídios ao desenvolvimento da escola e de seus sujeitos. Tais dados são encontrados na escola, no censo escolar do município e na observação participativa dos sujeitos e de suas práticas, ou seja, o conteúdo de um PPP mora na escola e nos processos que a conformam como um espaço de educação. Reunidos os seus tópicos, pode-se encontrar um diagnóstico claro sobre a unidade e as formas como essa comunidade pretende avançar e potencializar seu objetivo maior, a construção de uma educação de qualidade. 5.3 PLANOS: DE CURSO E DE AULA Tratamos até aqui de planejamentos e projetos, agora é importante situar os planos que, se em termos gerais podem ser apresentados como sinônimos dos anteriores, na prática, são propostas de ações em níveis mais próximos das disciplinas e dos estudantes. Sendo assim, esse tópico é dedicado ao debate sobre o plano de curso e o plano de aula. O primeiro tem por intenção subsidiar as aulas de uma dada disciplina. Ele é exposto considerando o nome do professor, o ano de escolarização e carga horária. Ademais, carrega consigo conteúdos, objetivos e metodologias que irão pavimentar o ensino de uma determinada matéria (LIBÂNEO, 1994). Pode-se dizer que ele estrutura previsões de ensino para um ano letivo, nesse processo são consideradas as orientações curriculares (municipais, estaduais e federais) e o ano de escolarização e sua relação com o seu referente anterior e posterior, construindo uma trajetória de aprendizagem. Um plano de curso deve abrigar conteúdos curriculares, objetivos gerais e específicos, metodologia, recursos didáticos, avaliação e bibliografia. Acerca dos conteúdos, cabe ao professor selecionar aqueles que devem ser destacados ao longo do ano letivo, sem pretender esgotar livros, apostilas e afins. Nesse processo, explorar conceitos, exemplos, formas de emprego na realidade do estudante e sua presença nomundo que o cerca é uma forma de construir significado sobre o assunto (ZABALA et al., 2016). No limite, essa seleção deve acolher temas e problemas que relacionem-se com a vida dos estudantes, sem o costumeiro sufocamento dos conteúdos sobre as aspirações dos estudantes (LIBÂNEO, 1994). Na sequência, tal como no modelo do planejamento didático-pedagógico, espera-se que os objetivos sejam descritos na forma de sentenças iniciadas com verbos no infinitivo com base na taxonomia de Bloom. Em termos metodológicos, espera-se que o educador empregue os métodos citados na unidade anterior, sempre considerando as condições socioeconômicas dos sujeitos e as condições da unidade escolar. Decorrem disso os recursos didáticos, tais como exibições audiovisuais, jogos, softwares, aplicativos e elementos que deem suporte à prática pedagógica. Sucede o item anterior a avaliação que deverá ser empregada conforme as intenções e propostas pedagógicas do docente. Considera-se aqui avaliações processuais, diagnósticas, formativas e classificatórias e tais eixos poderão ser melhor explorados na unidade posterior (LIBÂNEO, 1994; ZABALA et al., 2016). Por último, recomenda-se o registro da bibliografia que embasa essas reflexões, mais uma vez, um elemento importante que expõe a investigação realizada pelo docente e tende a ratificar sua condição de professor-pesquisador. Por outra parte, na menor escala dos planos e projetos aqui expostos, encontra-se o plano de aula. Ele nasce da necessidade de que cada aula tenha uma organização própria e singular e, por isso, à ela deve ser dado um perfil específico e pedagogicamente referenciado com base nos conteúdos próprios de cada disciplina (TAKAHASHI; FERNANDES, 2004). Isto posto, diante da frequência de uso ummodelo de plano de aula segue na próxima página como modo de orientação geral para executar tal ação. Importa dizer que as formas de realizar um plano de aula são diversas e que o protótipo apresentado é uma dentre diversas possibilidades. O objetivo aqui é fortalecer a confiança do docente e a aprendizagem dos estudantes e, além disso, otimizar o dia a dia do professor em sala de aula colaborando com seu planejamento e a organização de sua ação pedagógica. Sendo assim, vejamos o exemplo que segue na próxima página. IN SE RI R O N O M E D A ES C O LA /C O LÉ G IO A no d e e sc o la riz a ç ã o : M o d a lid a d e d e e d uc a ç ã o : D isc ip lin a : Pr o fe ss o r/ a : Tí tu lo d a a ul a : U ni d a d e o u C a p ítu lo : A ul a nº : D a ta p re vi st a :_ _ / __ /_ __ _ O b je tiv o s G e ra is: A o fin a ld a a ul a ,o a lu no d e ve rá se rc a p a z d e : 1. 2. 3. O b je tiv o s e sp e c ífi c o s Es q ue m a d e c o nt e úd o (C o nt e úd o q ue p o d e se r p a ss a d o no q ua d ro e /o u p ro je ta d o e m a p re se nt a ç ã o in te ra tiv a ) Pr o c e d im e nt o s d id á tic o s Re c ur so s d id á tic o s Tí tu lo d a a ul a : In tr o d uç ã o /D e b a te in ic ia l: I– TÓ PI C O 1 II - TÓ PI C O 2 Bi b lio g ra fia u til iz a d a : 1. A M A D O ,J a n a ín a ;F IG U EI RE D O ,L ui z C a rlo s. A fo rm a ç ã o d o im p é rio p o rt ug uê s (1 41 5- 15 80 ). Sã o Pa ul o :A tu a l, 19 99 . 2. A M A D O ,J a n a ín a ;G A RC IA ,L e d o ni a s Fr a nc o .N a ve g a ré Pr e c is o :G ra nd e s D e sc o b rim e nt o s M a rít im o s Eu ro p e us .1 1 e d .S ã o Pa ul o :A tu a l, 19 94 (C o l. H is tó ria e m D o c um e nt o s) . 3. BO X ER ,C .R .O Im p é rio C o lo ni a lP o rt ug uê s (1 41 5- 18 25 ). Sã o Pa ul o :C o m p a nh ia d a s Le tr a s, 20 02 . 70 Diante do exemplo exposto, temos uma disposição de objetivos gerais, centralizados sob a afirmação “Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de” e, em conjunto com a coluna “objetivos específicos”, forma uma oportunidade de atribuição de comandos, com base na taxonomia de Bloom, de modo a indicar metas a serem alcançadas pelos estudantes. Na sequência, o esquema de conteúdo é uma previsão das frases e parágrafos que, eventualmente, serão projetados ou escritos na lousa, oportunizando ao docente mais agilidade no trato com essas informações centralizando elas no plano de aula (TAKAHASHI; FERNANDES, 2004). Em seguida, o campo “procedimentos didáticos”, tal como no plano de curso, apresenta-se como um espaço a ser preenchido com os recursos pedagógicos a serem empregados como questões, rodas de conversa, sala de aula invertida, trabalhos em grupo, uso de games e outras possibilidades variadas. Note-se que está implícito no plano de aula a metodologia que o docente irá aderir, como uma forma de tornar mais enxuta a sua leitura e visualização e estando ométodo amparado nos recursos. Por último, a bibliografia encerra o plano como a condensação do levantamento de pesquisa e leitura executado pelo professor. Ao final, é necessário situar quea quantidade de páginas de um plano de aula varia conforme a abordagem e a quantidade de tópicos a serem inseridos pelo professor. Ao final do capítulo, avaliamos que a construção desses documentos deve ser uma preocupação sincera do docente com seus modos de ser e estar presente na escola e na sala de aula. Cada um dos planos aqui apresentados, longe de serem meras obrigações, são formas potentes de registro de ideias, propostas e projetos. Longe de serem guardados em gavetas e/ou pastas digitais, merecem ser construídas com afinco e dedicação em nome de uma educação potente em 71 significado para os estudantes e para o docente. 72 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Humberto é pedagogo na cidade de Água Branca (PI) e atualmente está tentando discutir a construção de um novo PPP para sua unidade escolar. Considerando o que foi aprendido ao longo do capítulo, assinale a alternativa que apresenta quais procedimentos gerais podem ser executados pelo profissional: a) Humberto precisa de concentração para produzir de modo individual as reflexões necessárias para um PPP, que significa projeto pedagógico particular. b) Humberto deve dialogar exclusivamente com os estudantes, afinal, eles são os clientes da escola e, por isso, ouvi-los dará respaldo à proposta de PPP do pedagogo. Lembrando que a sigla significa projeto político participativo. c) Humberto deve dialogar com a comunidade escolar e com seus mais distintos sujeitos buscando reunir impressões sobre a escola e as possibilidades de aperfeiçoamento dela. Após esse exercício poderá ser elaborado o PPP, projeto político pedagógico da unidade. d) Em uma reunião de pais, Humberto deve entrevistar os responsáveis e com essas informações construir o projeto pedagógico parental (PPP) da escola. e) Em uma reunião informal com os professores, o pedagogo deve construir uma conversa descontraída sobre a escola e os estudantes e esse registro deve ser a base do projeto papo com os professores (PPP). 2. A pedagoga Anita, da cidade de Caxias do Sul (RS), é a responsável pela análise do plano de curso das disciplinas do ensino fundamental II de sua escola. Todavia, ela notou certa dificuldade de preenchimento dos tópicos do plano por parte de muitos docentes. Sendo assim, o que deve fazer a pedagoga? a) Corrigir todos os planos de curso, afinal, esse é o trabalho dela. b) Corrigir todos os planos de curso e reclamar com os professores dos erros, pois eles deveriam saber fazer um plano de curso. c) Deve deixar os documentos como estão e deixá-los engavetados. d) Anita deve solicitar correções e promover um espaço de debate entre os docentes para reforçar a importância do documento como registro da disciplina e da condição de professor-pesquisador dos docentes da escola. 73 e) Anita deve entender que a dificuldade dos professores passa pela má vontade em colaborar e, por isso, deve denunciá-los à secretaria de educação. 3. Salete, estudante do polo Pauini (AM), está aprendendo sobre o PPP em uma disciplina de Didática. Diante do tema, auxilie a graduanda e leia as sentenças abaixo sobre o tema: I. Desde a ditadura até os dias de hoje o PPP representa uma estrutura engessada e comprometida unicamente com uma abordagem tecnicista e acrítica, sem qualquer discussão contrária nos meios educacionais. II. Com a redemocratização, o PPP e outros planos e planejamentos escolares têm sido relidos sob a ótica da organização e da inovação coma finalidade de promover uma gestão participativa e o avanço de perspectivas críticas em sala de aula. III. O PPP deve ser regido sob uma perspectiva participativa e dialógica devendo conter traços e aspirações da comunidade escolar para o desenvolvimento da unidade. Para auxiliar Salete, e tendo como base as discussões realizadas ao longo desta unidade, está correto o que se afirma em: a) I e II. b) I e III. c) I. d) I, II e III. e) II e III. 4. A pedagoga Leila, da cidade de Luiz Antônio (SP), ouviu os seguintes relatos de professores de uma determinada unidade escolar: “Planejamento? Não vou não, tenho outras coisas para fazer e, além disso, não resolve nada, não muda nada” (professora A) “E se eu for demitido? Trabalho por contrato, não vou fazer mais do que o necessário não” (professor Y) 74 Como servidora responsável pelo assunto na secretaria de educação do município, o que a pedagoga Leila pode fazer frente a esses relatos? Assinale a alternativa correta: a) Leila deve sensibilizar esses docentes para a importância do planejamento didático pedagógico e de suas contribuições para o aperfeiçoamento dos processos pedagógicos da unidade. b) Leila deve encaminhar uma reclamação formal e solicitar a demissão desses docentes. c) Leila deve sensibilizar os professores para que eles participem, porque, do contrário, serão demitidos sumariamente. d) Leila pode sugerir que a direção da escola faça o planejamento didático pedagógico sem incomodar os docentes. e) Leila deve desconsiderar essas falas, afinal, ela não precisa lidar com isso. 5. Leia o trecho abaixo: “[...] São planejamentos de curso, de disciplina, de conteúdos, de atividades, de aulas, de provas, planejamento de reuniões para planejar, planejamento e mais planejamentos, enfim, só se planeja e pouco ou nada se executa a não ser planejar.” MENEGOLLA, M.; SANT’ANNA, I. M. Por que planejar? Como Planejar?. 22. ed. Petrópolis: Vozes, 2014. p.37. Essa é uma impressão bastante comum entre os docentes na educação básica. Diante do trecho, assinale a alternativa que demonstra uma motivação para a situação colocada: a) O trecho trata do mal estar docente em não perceber o cumprimento daquilo que propõem nos planos e planejamentos, sendo a responsabilidade desse fracasso unicamente dos professores que não fazem os planos darem certo. b) O trecho discute o mal estar docente em não perceber o cumprimento daquilo que propõem nos planos e planejamentos. Essa sensação deve ser driblada com a vigilância constante sobre as metas e acordos firmados, de modo que elas sejam executadas no cotidiano escolar e ao longo do ano letivo, de forma leve e significativa para os sujeitos da escola. 75 c) O trecho é um incômodo vazio, afinal, um professor sozinho é capaz de superar essas questões de modo rápido e simples. d) O trecho coloca uma verdade, afinal, os professores são submetidos a uma série de planejamentos e não cabe a eles criar sentido nessa papelada. e) O trecho explora o mal estar docente em não perceber o cumprimento daquilo que propõem nos planos e planejamentos, sendo a responsabilidade desse fracasso exclusivamente das secretarias de educação. 6. Julieta, vive na cidade de São Desidério (BA), e está construindo uma cartilha com alguns aspectos sobre a elaboração de projetos e planejamentos no contexto escolar. Em sua fase de leituras ela encontrou os pontos que seguem: ( ) Construir tais documentos implica em promover um debate amplo e horizontal na escola ouvindo os sujeitos em suas concordâncias e discordâncias. ( ) Os objetivos não podem ser metas inalcançáveis, ao contrário, devem ser perseguidos por todos os membros da comunidade escolar. ( ) A centralidade das decisões é toda da secretaria de educação sem discussão com a comunidade escolar. ( ) Um projeto exige dedicação, trabalho coletivo e ações coordenadas para uma execução organizada e significativa. Das frases acima, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso), quais identificammelhor a proposta de Julieta: a) F – F – V – V. b) V – V – V – F. c) V – F – V – F. d) V – V – F – V. e) V – V – F – F. 7. Elza irá trabalhar em uma aula de sociologia com o tema da pessoa com deficiência na escola, em seu plano de aula ela deseja inserir um objetivo geral, considerando a assertiva “Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de...”e a 76 taxonomia de Bloom. Assinale a alternativa correta que contempla as intenções da professora: a) Compreender que a PCD não deve tomar os postos de trabalho de outras pessoas. b) Se aproximar da PCD com alegria e palavras amenas. c) Entender o que é a sigla PCD. d) Ler sobre a PCD na escola e seus direitos. e) Analisar de modo crítico o preconceito sobre a PCD e combatê-lo. 8. Antônio está atuando com uma turma de educação infantil na cidade de São Miguel do Iguaçu (PR) e preparou um plano de aula considerando o uso da massa de modelar como forma de observar a coordenação motora, a relação com as cores e as formas, dentre outros objetivos. Contudo, no dia da aula a unidade escolar e as crianças não dispunham de tal material. O que deve ser feito por Antônio para organizar-se frente a essa situação? a) Por ter realizado um plano de aula e ter ciência dos objetivos, Antônio pode adaptar sua ação pedagógica para o ensino das cores e das formas a partir de outros suportes, incentivando as crianças em sua coordenação motora por meio do desenho com lápis de colorir, por exemplo. b) Por ter realizado um plano de aula e ter ciência dos objetivos, Antônio pode adaptar sua ação pedagógica oferecendo uma aula sem qualquer semelhança com os objetivos do plano de aula. c) Antônio deve criticar a má gestão da escola devido à sua falta de insumos. d) Antônio deve suspender a aula, dada a sua frustração. e) Por ter realizado um plano de aula, Antônio deve abandoná-lo e fazer outra atividade sem as mesmas finalidade. 77 AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM: CONCEPÇÕES, FUNÇÕES E PRÁTICAS 6.1 AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM: HISTÓRICO E IMPRESSÕES GERAIS Ao longo das unidades anteriores, muito se debateu sobre o processo de ensino-aprendizagem, seus sujeitos, métodos, objetivos e uma série de planos e planejamentos para a escola e, no limite, para alcance de uma educação de qualidade. Sendo assim, nossa última unidade pretende discutir sobre o processo avaliativo. Repleta de preconceitos, medos e inseguranças a avaliação surge no chão da escola sob dois vieses: um ligado aos professores que, em alguns casos, não desejam aperfeiçoar as formas de auferir a aprendizagem e, por outra parte, os estudantes que sentem-se amedrontados e tensos com essa experiência que, muitas vezes, é cercada de imposições e desconfortos. Soma-se a isso, uma determinada cultura escolar que trata avaliação como sinônimo de castigo, de cobrança severa e de ranqueamento meritocrático (ESTEBAN, 2001). Essas concepções não são recentes, elas descendem de uma trajetória de discussões acadêmicas e de sensos comuns construídas em especial ao longo do século XX e das primeiras décadas do século XXI. A despeito da avaliação acompanhar a escola por séculos, a teorização sobre esse procedimento inicia-se em especial na Europa nas décadas de 1930 e 1940 (ESTEBAN, 2001). Nesse período, destacava-se em especial a determinação damedida emque a aprendizagem e os conteúdos poderiam ser avaliados mediante um exame. Nota- se que nesse processo o discente não adquire centralidade, mas sim os currículos e os indicadores de eficácia e eficiência (CHARDENET, 2007). Tal perspectiva se expandiu pelas décadas seguintes com o reforço da noção de uma ação avaliativa que diminuísse as subjetividades e que se dedicasse a critérios a racionalidade dos resultados gerados. UNIDADE 06 78 Essa interpretação foi amplamente difundida no Brasil gerando os discursos temerosos narrados anteriormente e, somente na década de 1980, esse paradigma passou a ser discutido e criticado. Passou-se a entender a avaliação como um elemento de controle, um fator de enquadramento e vigilância que pouco dialogava com uma formação crítica e reflexiva para os estudantes (CIPRIANO, 2007). A chegada do século XXI, com suas inovações tecnológicas e novos recursos didáticos trouxeram novas questões à educação e para a didática, contudo, a avaliação segue sendo um aspecto pouco confortável para estudantes e professores. Diante disso, dialogar e debater sobre esse assunto é sempre uma oportunidade de rever tal questão. Afinal, entende-se aqui como uma questão incontornável escapar dessas concepções negativadas sobre a avaliação. Nesse sentido, consolidar uma aprendizagem sincera, sem os pesos de notas frias que, muitas vezes, não são capazes de alcançar a aprendizagem real dos sujeitos, é uma demanda em uma didática crítica. Deste modo, no próprio tópico serão expostas algumas perspectivas frequentes sobre os tipos de avaliação. 6.2 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: CONCEPÇÕES E FUNÇÕES Avaliar é uma operação básica para conhecer e aperfeiçoar o processo de ensino-aprendizagem e os modos de recepção e diálogo que os estudantes estabelecem com os conteúdos. Sendo assim, (re) conhecer formatos diversos, as formas como os sujeitos podem interagir e construir confiança neles é fundamental para a construção da didática. 79 Para essa tarefa discursiva, há que se destacar três concepções didáticas de avaliação, sendo elas: classificatória, diagnóstica e emancipatória. Cada qual apresenta um perfil e suas especificidades devem ser consideradas na formação do pedagogo e do professor, dadas suas potencialidades para lograr um contato qualitativo com as aprendizagens dos educandos. Se considerada a avaliação classificatória, também chamada somativa, trata-se de uma forma de diferenciação que é dada por meio de notas atribuídas conforme o rendimento na execução de uma determinada atividade. Há que se destacar que o papel da nota e do quantitativo aqui se pronuncia de forma categórica e, muitas vezes, dura para o estudante. Nesse processo, como pode-se depreender, surgem categorias complexas como “bons”, “medianos” e “maus” alunos, chamamentos esses que carregam consigo imagens que podem produzir impactos negativos para a trajetória escolar desses sujeitos (LUCKESI, 2000). Sabe-se que a avaliação classificatória é amplamente utilizada nas escolas brasileiras e seus impactos por décadas têm sido debatidos e criticados (PERRENOUD, 1999). Afinal, sob uma perspectiva sócio emocional, ela pode reforçar segregações, impactar na autoestima dos estudantes e afetar sua segurança, ansiedade e outras questões de ordem psicológica no sujeito. Ademais, constrói-se uma dicotomia pouco operacional entre aprovados e reprovados que, no limite, auxilia pouco no desenvolvimento dos estudantes (SOUSA, 1993). Por outra parte, esse sistema avaliativo pode colaborar com a construção de políticas públicas em educação. Em especial quando se trata de avaliações de grande escala, em especial aquelas voltadas para apreender cenários de aprendizagem em municípios, estados e em nível nacional (BOUGHTON; CINTRA, 2005). Todavia, em diversos exames, o duplo matemática e língua portuguesa ainda é preponderante, excluindo possibilidades de mensuração crítica e reflexiva dos estudantes. Ademais, o ranqueamento não dialoga com o devido auxílio, em capacitação e investimento financeiro, às unidades escolares com índices menos elevados (SOUSA, 1993). FIQUE ATENTO É importante destacar que provas de avaliação em larga escala como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), 80 dentre outras podem ser compreendidas sob uma lógica de avaliação classificatória e como avaliação diagnóstica. Sendo assim há um comprometimento dos governos que propõem tais avaliações em diagnosticar o perfil da aprendizagem dos estudantes e classificá-los conforme critérios específicos. Em síntese, essa perspectiva não deve ser acolhida somente sob uma ótica da concessão de um conceito, ou de uma nota. Posto que essa atribuição é reducionista para com as experiências do estudante ao longo de um determinado período de tempo e transforma o educador em um juiz, com tarefas puramente técnicas (BOUGHTON;CINTRA, 2005). Por isso, pensar formas de avaliar e superar a ideia estática do valor numérico como processo educativo é uma demanda para a educação do nosso tempo. Neste seguimento, apresenta-se a avaliação diagnóstica, pautada no entendimento do perfil de aprendizagem do estudante. Essa modalidade considera aspectos potenciais e os limites do estudante, de modo que, ciente dessas especificidades, o professor tenha condições de aperfeiçoar seu trato com o ensino- aprendizagem desse sujeito. Diante desse método, uma avaliação deve ser seguida de um diagnóstico do docente de modo que, com base na resposta dos estudantes, terá condições de problematizar o desenvolvimento tal como em um “momento de fôlego” na escalada, para, em seguida, ocorrer a retomada da marcha de forma mais adequada, e nunca como um ponto definitivo de chegada, especialmente quando o objeto da ação avaliativa é [...] a aprendizagem.” (LUCKESI, 2000, p. 34-35). A escalada, citada por Luckesi, pode ser entendida como o processo de ensino- aprendizagem, configurando uma forma potente de atenção à subjetividade do discente. Nesse processo, o diálogo, a interação sadia e a construção do saber são elementos indispensáveis para essa prática. Por último, se estabelece a avaliação emancipatória, aquela que visa a superação do estudante e um aperfeiçoamento rumo ao aperfeiçoamento crítico e analítico frente aos conteúdos. Essa tarefa se realiza de modo pragmático, sem utopias, partindo de situações reais que demandam problematização e solução por parte dos educandos. Segundo Saul, há uma oportunidade de protagonismo desse estudante quando interagem com uma avaliação de caráter emancipatório, dado que ele é convidado a propor, discutir e construir saídas (SAUL, 2000). 81 Esse estilo avaliativo demanda um trato acentuado com a pluralidade dos discentes e de suas formas de aprendizagem e, a partir de pesquisas recentes, já se desenham propostas que aprofundam essa dimensão em três perfis: avaliação formativa, dinâmica e mediadora (HOFFMANN, 2005; SAUL, 2015). Sob a compreensão formativa, existem análises acerca da potência dos feedbacks para os estudantes, com apelo à crítica e autocrítica sobre a formação, fomentando a liberdade e o questionamento. Segundo Macedo, o educador que parte de uma abordagem formativa “[...] propõe situações-problema cujo enfrentamento requer uma nova e melhor aprendizagem, possível e querida para quem a realiza” (MACEDO, 2007, p. 118). Com isso se espantam tecnicismos e se constrói uma abordagem verdadeiramente significativa para o estudante e para o docente. Em seguida, apresenta-se a avaliação de matriz dinâmica, que entende o estudante como alguém que aprende enquanto modifica-se, portanto, partindo dessa perspectiva de transformação, a avaliação deve se dar por meio de uma análise da trajetória (LUCKESI, 2000). Partindo desse recorte temporal, o início dessa operação se dá numa abordagem quali-quantitativa. Ou seja, se inicia com uma avaliação quantitativa para auferir o acúmulo desses sujeitos e, posteriormente, dá espaço a uma interação qualitativa, considerando as especificidades, interesses e habilidades do estudante (MÉIER, 2007). Sob essa diretriz, há uma intencionalidade nos modos como se dá o processo de conhecimento executado pelo estudante em seus estilos de aprendizagem. Por último, uma diretriz de avaliação mediadora exige um tempo maior de contato do docente coma turma, sendo oportuno emespecial na educação infantil, dado o tempo mais alargado que esses convivem em sala de aula (SAUL, 2015). Nessa oportunidade a colocação de situações, atividades, leituras e problemas leva o estudante a um processo de busca do conhecimento que é intermediado pelo educador (LUCKESI, 2000). Nessa ação, não cabem práticas paternalistas e/ou autoritárias, pois elas alterariam o caráter da iniciativa avaliativa, ao contrário, o que se espera é um fortalecimento do diálogo, da escuta e da garantia de um espaço de protagonismo para aquele que aprende. Pode-se identificar os principais tipos de avaliação conforme o quadro que segue: 82 Modalidade de Avaliação Função Propósito Período de aplicação Classificatória/ somativa Classificar Mensurar os resultados de aprendizagem atingidos pelos discentes, conforme parâmetros estabelecidos pelo docente. Sugere-se esse tipo de avaliação ao final de unidades de ensino, bimestre ou semestre. Diagnóstica Diagnosticar Averiguar dificuldades ou a presença de acúmulo positivo no processo educativo identificando as causas e as possibilidades de inclusão de novos saberes. Início do ano ou semestre letivo ou de um novo conteúdo. Emancipatória (Formativa, Dinâmica e Mediadora) Promover o acompanhamento interativo com a aprendizagem e com o discente Observar se os objetivos foram alcançados e se há condição de avanço ou recuo no trato com os conteúdos. Durante todo o processo educativo. Fonte: Adaptado de HAYDT (2011) Seja qual for a maneira escolhida, a escuta, observação e diálogo com os estudantes é fundamental para o processo de construção de todo e qualquer ação avaliativa. Por isso, estude sobre eles, conheça e reconheça seus modos de expressão, as tipologias de atividades que cada um deles carrega, sem dúvidas essa investigação irá reforçar uma postura crítica e analítica sobre o tema. Desse modo, se constrói uma educação crítica, pautada emempiria, testagens e abordagens que 83 valorizem os discentes. 6.3 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: PRÁTICAS Diante do leque aqui exposto, a orientação geral é: não cabe aos professores em formação a reiteração de práticas avaliativas usadas de modo automático, sem o estabelecimento da crítica qualificada e pautada em pesquisa. Avaliação é um processo de co-responsabilidade entre docente e discente para uma análise sobre como o processo de ensino-aprendizagem tem se dado num determinado período letivo. Medo, autoritarismo, ansiedade e domínio devem ser retirados do vocabulário dos debates didáticos sobre avaliação. Para afugentar esses “fantasmas” o foco deve ser em pesquisa e leitura, superando os métodos “conhecidos” e investindo naqueles que possam construir significados de aprendizagem orgânicos e autênticos. Sabe-se que as pressões da cultura escolar sobre a monocultura da avaliação classificatória é bastante grande, mas, é preciso ousar, propor e experimentar na ação docente, com a certeza de que são esses os processos que reforçam a condição de uma profissão docente em diálogo com a pesquisa. As formas de “busca pela qualidade”, expressãomuito utilizada nos ambientes de avaliação em grande escala que, por meios tecnicistas tentam expandir e reforçar a avaliação classificatória como única, precisam ser contrapostas com 84 outros métodos de avaliação. Desse modo, o docente se posiciona ao lado de uma avaliação que, reiteramos, deve fazer sentido e carregar as demandas desses sujeitos em processo de aprendizagem, muito mais do que cumprir protocolos alheios e que não dialogam com o chão da escola. 85 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Leia o trecho que segue: A _____________________ entendida como um procedimento valorativo da realidade do processo de ensino e aprendizagem é um instrumento útil de coleta de dados para análise da qualidade do ensino na educação básica. Ela é geralmente realizada pelo educador para diagnosticar os pontos fracos e fortes dos alunos em áreas específicas do conhecimento. RIBEIRO, R. R.; BOVO, C. R. A promoção da educação histórica na escola: os desafios da avaliação diagnóstica em História. Revista História Hoje, v. 2, n. 4, p. 315-338, 2013. p.327. a) avaliação diagnóstica. b) avaliação dialógica. c) avaliação demagógica. d) avaliação epistemológica. e) avaliação agnóstica. 2. Leia o trecho abaixo: “A avaliação formativa deve ser parte de todo o processo educativo como se estivesseinscrita em seu centro, proporcionando contínua articulação entre coleta de informações e remediação. Segundo a coordenadora, houve uma proposta de adoção de “portfólios” em uma reunião pedagógica para que os professores pudessem acompanhar o desenvolvimento de seus alunos demaneira constante; no entanto a proposta foi recusada e criticada pelos professores que alegaram que um trabalho desse tipo exigiria muito tempo e seria inviável em turmas tão numerosas. “Eles têm uma certa razão, são muitos alunos e os professores, ganhando mal como ganham, têm que trabalhar em outras escolas, muitos têm jornada de 40 horas. Fica complicado”, afirmou a coordenadora.” (CASEIRO; ABOU GEBRAN, 2008, p.13). CASEIRO, C. C. F.; ABOU GEBRAN, R. Avaliação formativa: concepção, práticas e dificuldades. Nuances: estudos sobre Educação, v. 15, n. 16, 2008. p.13 86 Diante da realidade colocada na passagem acima, assinale a alternativa que melhor ilustra essa situação: a) Toda avaliação precisa ser realizada conforme as condições sociais, organizacionais e materiais dos docentes, estudantes e da unidade escolar. Por isso, a prova tradicional é uma saída para esses casos. b) A não consolidação de um método não pode ser motivo para o esvaziamento dele, por isso, o recomendado é aplicar o portfólio e deixar que os professores corrijam no menor tempo possível, independente da quantidade de estudantes. c) No trecho em apreciação foi possível observar como a coordenadora age de modo pouco profissional e desatento com a formação dos estudantes de sua escola. d) Toda avaliação precisa ser realizada conforme as condições sociais, organizacionais e materiais dos docentes, estudantes e da unidade escolar. Sendo assim, outras formas de avaliação formativa devem ser buscadas em nome da execução do método. e) O melhor a ser feito é reforçar a prática da avaliação diagnóstica/somativa, aplica-se a prova e logo após a nota é atribuída. 3. Eleanor cursa licenciatura em educação física em Ipatinga (MG) e está realizando uma etapa de estágio e se deparou com o seguinte recorte em um texto: Com efeito, a ___________ é um elemento inerente a qualquer processo de ensino- aprendizagem. Quando um estagiário está a treinar para ser professor, sob a orientação de um orientador, podemos dizer que estamos perante um processo de _________________, em que o primeiro é o aluno e o segundo o professor. Assim, também neste processo vai estar sempre presente a _____________. (ARANHA, 2017, p.159). ARANHA, Á. Orientação de estágios pedagógicos: avaliação formativa versus avaliação somativa. Boletim Sociedade Portuguesa de Educação Física, n. 7-8, p. 157-165, 2017, p.159. O livro que Eleanor está lendo está com algumas palavras quase apagadas. Para auxiliar a graduanda, assinale a alternativa que contém as palavras que faltam no parágrafo: 87 a) avaliação; estágio; correção. b) avaliação; ensino-aprendizagem; avaliação. c) intolerância; formação; avaliação. d) avaliação classificatória; ensino-aprendizagem; avaliação. e) avaliação; ensino-aprendizagem;desatenção. 4. Regina Celi é professora na cidade de Cacoal (RO), e está estudando mais sobre avaliação emancipatória para aplicação junto aos seus estudantes do 2º ano do ensino fundamental. Diante dessa demanda da educadora, qual alternativa correta a seguir define avaliação emancipatória: a) É um estilo de avaliação que não visa a centralidade da professora, por isso, Regina pode deixar que as crianças irão conduzir o processo e irão se organizar, no limite, é um exercício de experimentação da anarquia. b) Trata-se de um exercício de liberdade para os sujeitos, sendo assim, a professora deve propor uma semana de recreação livre para os estudantes, sem qualquer intervenção nesse processo. c) Avaliação emancipatória exige diálogo e, por serem crianças, os estudantes da professora Regina não poderão experimentar com qualidade dessa modalidade avaliativa. d) Avaliação emancipatória exige responsabilidade e, por isso, deve ser utilizada somente no ensino superior. e) É um modelo de avaliação com intencionalidades claras no qual os estudantes são convidados a construir de modo interativo e com protagonismo, considerando suas diferenças e especificidades, comoobjetivo de construir umprocesso de ensino- aprendizagem significativo. 5. Diná é pedagoga em uma escola de EJA em Salgueiro (PE) e tem notado que os docentes consideram a avaliação mediadora um exercício complexo para ser executado, pois avaliam que a relação intensa que o método demanda não seria exequível. Isso em especial por conta das condições materiais, do alto número de estudantes por turma, carga horária reduzida das disciplinas, tempo de atendimento escasso entre professor-aluno e questões afins. Sendo assim, qual alternativa correta pode sugerir algumas possibilidades de saída para a pedagoga Diná? 88 a) Diná deve punir os professores por não cumprirem suas diretivas e inviabilizar projetos que não tenham por base a avaliação mediadora. b) A avaliaçãomediadora é uma forma ultrapassada de contato comos estudantes, devendo ser substituída pela avaliação classificatória/somativa. c) Diná deve fortalecer com os docente a noção de que o acompanhamento deve se dar não como tutela, mas como uma colaboração no “[...] processo de construção de conhecimento implica favorecer o desenvolvimento do aluno, orientá-lo nas tarefas, oferecer-lhe novas leituras ou explicações, sugerir-lhe investigações, proporcionar-lhe vivências enriquecedoras e favorecedoras à sua ampliação do saber” (HOFFMANN, 1994, p. 57). d) A avaliação deve ser um processo dialogado na escola, acolhendo uma construção cuidadosa e sistemática com os estudantes, mas vale dizer, a palavra final deve ser sempre da pedagoga. e) A avaliação mediadora deve ser pensada como um elemento de conexão entre escola e secretaria de educação, afinal, o que deve ser mediado são os conteúdos que essa última instância coloca para os professores e estudantes. 6. A professora Quitéria, da cidade de Bela Vista (MS), tem notado que seus estudantes apresentam comportamento tenso e sinais de nervosismo com a proximidade das provas bimestrais. Diante desse fenômeno, como podemos pensar o cenário da avaliação para o aluno no tempo presente nas escolas brasileiras? Assinale a alternativa correta. a) A avaliação ainda é vista como um elemento de tensão e que diferencia estudantes nas escolas brasileiras atribuindo a eles notas e estigmas por elas. A tensão notada pela professora decorre da reiteração de métodos de avaliação que não dialogam com a pluralidade e diversidade dos educandos. b) O cenário que a professora observou é apenas uma pequena parcela de amostragem, ou seja, somente essa turma possui problemas com a avaliação, não sendo um caso passível de preocupação em termos didáticos. c) A avaliação ainda é vista como um elemento de tensão e que diferencia estudantes nas escolas brasileiras atribuindo a eles notas e estigmas por elas. Desse modo, cabe a eles entenderem que a didática funciona assim e irem se adaptando. 89 d) O caso inspira preocupação e, como é um problema de uma turma, o certo a se fazer é acalmar os estudantes e aplicar a prova em seguida. e) O caso inspira preocupação e, como é um problema de uma turma, ela deve ser punida por ocupar a aula da professora com questões de ordem psicológica. 7. Leia o trecho que segue: Os professores “[...] escola mudou de forma extraordinária os critérios e os meios para uma avalição. O que se propõe com esse texto é exatamente demonstrar que uma forma de avaliação tal como é muitas vezes feita em aula de educação física – como também em aula de desenho, pintura, escultura ou iniciação à informática – é a mais correta maneira de se pensar a avaliação em um sistema de ensino que, tendo como fulcro a aprendizagem significativa” (ANTUNES, 2014, p. 37). ANTUNES, C.Professores e professauros: reflexões sobre a aula e práticas pedagógicas diversas. 9a. ed. Petrópolis: Vozes, 2014, p.37. Considerando o debate de Antunes sobre avaliação, para a execução de uma aprendizagem significativa, é preciso que a avaliação esteja: a) centrada na coordenação pedagógica. b) centrada na direção. c) centrada no currículo. d) centrada no aluno. e) centrada na unidade escolar. 8. Leia o trecho que segue: “Os sistemas educativos deixaram de trabalhar para melhorar a qualidade e a equidade educativa e passaram a trabalhar para o melhoramento dos resultados das avaliações. [...] Os dispositivos e seus produtos têm tido maior impacto na construção do imaginário educativo da sociedade, que na transformação das estratégias educativas.” (IAIES, 2003, p. 18). 90 IAIES, G. Evaluar las evaluaciones. In: Unesco. Evaluar las evaluaciones: una mirada política acerca de las evaluaciones de la calidad educativa. Buenos Aires: IIPE; Unesco, p. 15-36, 2003. p.18. Assinale a alternativa que dialoga de forma correta com o trecho: a) O trecho contém uma crítica vazia ao processo de avaliação em larga escala que é também positivo se considerada a necessidade de incutir uma ação pedagógica tecnicista entre os estudantes. b) O trecho é uma exaltação do método de avaliação classificatória construído em avaliações de escala nacional. c) O texto confunde avaliações escolares com avaliações nacionais, sendo as duas distintas e orientadas por pressupostos pedagógicos diferentes. d) O trecho acima é acrítico sobre o papel da avaliação em larga escala. e) O trecho acima faz um breve balanço crítico sobre o papel das avaliações em larga escala para a educação e seus efeitos que, ao invés de privilegiarem o aperfeiçoamento do processo de ensino-aprendizagem, criam um perfil educativo pautado no puro e simples aumento de notas. 91 92 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO UNIDADE 01 UNIDADE 02 QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 D QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 E QUESTÃO 3 E QUESTÃO 3 A QUESTÃO 4 B QUESTÃO 4 C QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 B QUESTÃO 6 A QUESTÃO 6 D QUESTÃO 7 D QUESTÃO 7 C QUESTÃO 8 E QUESTÃO 8 E UNIDADE 03 UNIDADE 04 QUESTÃO 1 C QUESTÃO 1 E QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 A QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 C QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 B QUESTÃO 5 E QUESTÃO 5 D QUESTÃO 6 C QUESTÃO 6 E QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 B QUESTÃO 8 D QUESTÃO 8 A UNIDADE 05 UNIDADE 06 QUESTÃO 1 C QUESTÃO 1 A QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 D QUESTÃO 3 E QUESTÃO 3 B QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 E QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 C QUESTÃO 6 D QUESTÃO 6 A QUESTÃO 7 E QUESTÃO 7 D QUESTÃO 8 A QUESTÃO 8 E 93 REFERÊNCIAS ALEXANDRE, G. 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