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Revisão AP2- Educação Especial Inclusiva Termos corretos: Pessoa com deficiência e não portador de deficiência Pessoa surda e não surdo-mudo Língua de Sinais e não linguagem de sinal Pessoa com deficiência intelectual e não deficiente mental Aula 18-O processo de ensino e aprendizagem de educandos com deficiência intelectual Quem são os educandos com deficiência intelectual/mental? Você estudou a aula que trata sobre os educandos atendidos pela Educação Especial e verificou que os alunos com deficiência mental/intelectual fazem parte desse contexto. Você viu que há pessoas com algumas condições genéticas, como as síndromes de Down, de Williams, do X Frágil ou, ainda, indivíduos que foram acometidos por infecções ainda no útero materno ou que passaram por problemas no momento do parto ou que sofreram injúrias cerebrais após o nascimento. Essas causas tão variadas levam esses sujeitos a apresentarem dificuldades no raciocínio lógico, no julgamento, na memória, na atenção e na concentração.p 38 No Brasil, com a chegada da psicóloga russa Helena Antipoff, são criados os Centros Experimentais de Psicologia para auxiliar a avaliação dos possíveis “débeis mentais” do sistema de ensino. Esses laboratórios experimentais constituíram-se como o embrião da primeira Sociedade Pestalozzi, fundada em 5 de abril de 1935 para atender alunos com deficiência mental. Em 11 de dezembro de 1954, foi criada a primeira APAE do Brasil, no estado do Rio de Janeiro. Essas instituições, durante algumas décadas, ficaram com a responsabilidade de oferecer educação a esses alunos.p39 A partir da década de 1970 são implantadas nas escolas públicas classes especiais e esses educandos começaram a frequentar as escolas regulares públicas. A partir dos anos 1980/1990, a ênfase tem sido a inclusão nas classes regulares com apoio dos serviços da Educação Especial.p40 Uma ruptura PARADIGMÁTICA no processo de avaliação da deficiência mental: o modelo da Associação Americana de Deficiência Mental de 1992. O conceito de deficiência mental também vem sofrendo mudanças na terminologia, bem como nos níveis de limite do quociente intelectual, no diagnóstico e no comportamento adaptativo.p 43 Adeficiência intelectual não é algo que se expresse ou ocorra no nascimento. Uma pessoa pode manifestá-la até os dezoito anos. As causas podem ser anteriores ao nascimento (denominadas causas pré-natais, geneticamente determinadas, ou infecções ocorridas durante o período gestacional, como rubéola, toxoplasmose ou sífilis); podem ser causas ocorridas no momento do parto (denominadas perinatais, geralmente por insuficiência ou falta de oxigênio) e causas pós-natais (após o parto, por infecções como meningite, encefalite, intoxicações ou traumatismos cranianos por acidentes e violência). Somente um quarto das deficiências intelectuais é de causa genética;p44 Os suportes apropriados durante um período determinado podem melhorar o padrão de vida da pessoa. Algumas das competências vinculadas às dez áreas de capacidades adaptativas: 1. Comunicação, 2. Cuidados pessoais, 3. Atividades de vida doméstica, 4. Habilidades sociais, 5. Uso comunitário, 6. Independência, 7. Saúde e segurança, 8. Funcionalidades acadêmicas, 9. Lazer e 10. Trabalho p.49 Para este sistema de classificação, é tão ou mais importante classificar as necessidades de apoios e suportes do que o próprio diagnóstico em si. Eles podem ser temporários, esporádicos ou permanentes. Eles podem estar no próprio indivíduo (por exemplo, quando ensinamos o autocontrole ao aluno), em outra pessoa (num colega de classe, num professor de apoio), na tecnologia (utilizar o computador, ou adaptação técnica), na organização dos sistemas de suporte (apoios da saúde, da assistência social). Esses apoios podem acontecer no domicílio, na escola e, quando adultos, nos ambientes de trabalho.p.50 Algumas crianças com deficiência intelectual podem apresentar dificuldade em manter o foco da atenção e a concentração, dispersando-se. Então, é importante que o material oferecido tenha letras um pouco maiores e com bastante destaque, e que se evite o excesso de exercícios numa folha de papel porque pode confundi-las. É importante também que o professor deixe bem claro o que deseja no exercício e, se possível, com um modelo. Copiar aulas do quadro pode ser uma tarefa difícil nos primeiros anos, então você pode solicitar que eles copiem de uma ficha. Conteúdos de Estudos Sociais e Ciências também devem ser bastante contextualizados, por meio de linhas de tempo, portfolios, cantinhos de ciência, museus, mapas e maquetes. Lembre-se de que uma aula bem contextualizada atinge não só o aluno com deficiência intelectual, mas toda a turma.p.53 Aula 19- O processo de ensino e aprendizagem de educandos com deficiência visual QUEM SÃO OS EDUCANDOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL? A 10ª revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, da Organização Mundial de Saúde (CID-10) define: Cegueira: acuidade visual desde 3/60 (0,05), no olho de melhor visão e com a melhor correção ótica possível, até ausência de percepção de luz, ou correspondente perda de campo visual no melhor olho com a melhor correção possível. A cegueira corresponde às categorias 3, 4 e 5 de visão subnormal. Visão subnormal: acuidade visual igual ou menor que 6/18 (0,3), mas igual ou maior que 3/60 (0,05) no melhor olho com a melhor correção possível, ou correspondente perda de campo visual menor que 20 graus. Categorias de deficiência visual 1 e 2, de acordo com o CID-210. P. 60 Vygostsky explica esta nova compreensão a partir de uma concepção teórica da substituição dos órgãos dos sentidos, segundo a qual o desaparecimento de uma das funções da percepção ou a falta de um órgão, se compensariam com o funcionamento elevado e o desenvolvimento dos outros órgãos. Como no caso de perda de um dos órgãos pares, por exemplo, os rins e os pulmões; quando o outro órgão bom se desenvolve, amplia suas capacidades e ocupa o lugar do ruim assumindo uma parte de suas funções; também o defeito de uma vista provocaria o desenvolvimento intensificado da outra remanescente, do tato e dos outros sentidos que restavam.p 64 Com a criação do sistema braille, a possibilidade de ler e escrever passou a superar o pressuposto do “sexto sentido” e a agudeza do tato e do ouvido. Valentin Haüy, criador da alfabetização dos cegos, escreveu as seguintes palavras para um menino cego: “Encontrarás a luz na alfabetização e no trabalho."p.64 Em resumo, Vygotsky enfatizou o meio social como primordial para o desenvolvimento da pessoa com deficiência visual, tendo como ênfase os aspectos prospectivos e a ênfase na educação e no trabalho como mecanismos de superação da deficiência.p65 COMO UM PROFESSOR PODE IDENTIFICAR SINAIS DE DEFICIÊNCIA VISUAL EM SEUS ALUNOS? Várias patologias da visão podem ser identificadas através de observações comportamentais de nossos alunos. Então é importante que o professor esteja atento a alguma destas condições em seus alunos. Os olhos podem estar vermelhos, com secreção entre as pálpebras ou entre os cílios; pálpebras frequentemente inchadas, olhos sempre molhados ou com corrimento, estrabismo, pupilas de tamanho desigual, olhos com cobertura palpebral excessiva ou pálpebras caídas. Esfrega os olhos com freqüência, Fecha ou cobre um dos olhos, demonstrando dificuldade de enxergar com aquele olho, ou inclina a cabeça lateralmente ou a projeta para frente. Comportamento facial incomum , Incapacidade de localizar e apanhar um objeto pequeno. Sensibilidade ou dificuldade quanto à luminosidade: Dificuldade de leitura, Mas ele pode se sair muito bem em relação a comandos e tarefas orais. Dificuldade com a realização de trabalho escrito, Dificuldade com visão a distância.p67 Segundo Mariño e Figueiredo, (1988), a Orientação e Mobilidade,podem ser definidas como a capacidade de deslocamento intencional de uma a outra parte, a partir de estímulos internos e externos. Esta capacidade implica e depende do conhecimento do meio (orientação), do domínio de habilidades motoras (mobilidade) e do desejo para se mover. A orientação provém do uso da cognição, da percepção e dos sentidos remanescentes (tato, audição e olfato) para estabelecer posição e relacionamento com os objetos do meio circundante. Requer o conhecimento dos objetos e do espaço, pois isto ajuda a pessoa cega a construir seu mapa mental, fruto de suas imagens mentais, e lhe permite se localizar no ambiente (se está longe ou perto de determinado ponto). Um professor pode ajudar procurando saber do aluno de que lugar ele tem mais facilidade para enxergar o quadro, por exemplo,se sentado à frente da classe. Na escola, verifique se a luz não está gerando reflexos sobre o quadro e você deve garantir que as marcações feitas a giz sejam claras sobre a lousa. Se os olhos do aluno apresentam sensibilidade à luz, posicione o longe da janela. Peça a ele que use um chapéu com aba, a fim de fazer sombra sobre os olhos, ou dê a ele um cartão de papel que ele possa usar como anteparo à luz na hora de ler ou escrever. Certifique-se de que o aluno sabe andar pela escola e como chegar à sala de aula. Os educadores e os alunos que enxergam bem devem conduzir os alunos com deficiência visual, caminhando à frente deles, e se posicionando ligeiramente atrás e ao lado dele segurando-o pelo cotovelo. Devem adverti-los quanto à presença de obstáculos, tais como degraus e portais estreitos. Mas seja preciso: não use expressões como “vire ali” ou “ sente-se aqui”. 68 Foi com a invenção do sistema braille que o problema da educação dos cegos foi resolvido de forma satisfatória. Este processo de leitura e escrita, por meio de pontos em relevo, é empregado até hoje no mundo inteiro, e pode ser adaptado a todas as línguas e espécies de grafias.70 Os símbolos são produzidos dentro da cela braille, que é constituída por seis pontos. Para isto, o aluno cego utiliza a reglete, onde encaixa o papel para escrita de textura 40kg e faz os pontos utilizando um outro instrumento a punção. Assim como caderno, lápis e canetas para videntes, estes são os materiais de escrita do aluno cego.71 ATENDIMENTO EDUCACIONAL AO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL O atendimento educacional ao aluno com deficiência visual tem início na Educação Infantil, em que o professor do atendimento educacional especializado adequará o currículo oferecendo oportunidades de seu aluno explorar seus sentidos remanescentes com ênfase no tato, audição, olfato e gustação. A exploração dos campos sensoriais é fundamental para o bebê cego. 72 Ao longo do ensino fundamental, segundo Martinez (2003), são várias as adaptações curriculares, adequando-se a cada caso concreto. Por exemplo, pode-se construir objetivos específicos para o aluno com deficiência visual que proporcionem atingir o acesso ao currículo: estabelecer um ambiente redundante em códigos alternativos aos visuais, tais como códigos orais, táteis; promover habilidades que permitam ao aluno cego funcionar de forma independente no ambiente no qual se encontra; habilitar espaço suficiente para que os alunos cegos ou com visão reduzida possa utilizar seus recursos da tecnologia assistiva; fornecer tarefas alternativas às visuais para os alunos não videntes; avaliar as respostas educacionais do educando diante da atividade proposta; selecionar materiais escolares adequados aos educandos; no caso de cego total substituir canal visual pelo auditivo e tátil (relevos, descrições gravadas); solucionar a necessidade de fornecimento de sistemas de acesso ao currículo, seja por meio de auxiliares óticos ou mediante a elaboração de materiais específicos; suprir a necessidade de professor de apoio que atenda às necessidades específicas destes educandos (orientação e mobilidade, quando for o caso; técnicas de estudo, organização de recursos). Você pode usar de várias estratégias para ajudar o aluno. Portanto: faça letras grandes no quadro negro ou utilize auxílios à visualização; prepare materiais que o aluno possa ler com facilidade como, por exemplo, impressos com letras grandes. Esses materiais também podem ser produzidos pela ampliação de imagens sobre fotocópias ou usando-se fontes de grandes tamanhos nos documentos impressos por computador, organize cadernos com pautas mais grossas; alguns alunos podem se adaptar bem ao uso de lentes de aumento. Dois tipos de lentes encontram-se à disposição. O primeiro tipoaumenta a página inteira, enquanto o outro amplia apenas uma linha de cada vez, o que pode ser útil como auxílio de leitura; Devem ter a chance de manusear os objetos; coloque o aluno com deficiência visual para trabalhar em dupla com um colega de boa visão que possa assisti-lo na organização de seu trabalho; coloque o sorobã à disposição da criança durante as aulas de Matemática; as aulas podem ser gravadas em fitas cassete ou mp3 para reprodução posterior em casa ou como revisão. Os alunos que experimentam dificuldades com a escrita também podem apresentar seus trabalhos de forma gravada. Versões gravadas de livros às vezes se encontram disponíveis nas bibliotecas; imagens táteis podem ser feitas em papel braile, usando-se um apoio especial e um marcador para a produção de imagem em alto relevo que possa ser percebida ao toque. Imagens semelhantes podem ser produzidas usando-se materiais disponíveis localmente, tais como barbante, areia, palitos e sementes..74,75 Existem diversos materiais à disposição das pessoas cegas, como: relógios e calculadoras sonoros, máquinas especiais que produzem texto em braille, lupas e telelupas para ampliação, termômetros, balança e fitas métricas com marcadores braille, além de materiais para lazer como dominós, dama, cartas adaptadas, e bolas com guizos para prática desportiva. Os computadores oferecem um especial apoio aos estudantes com deficiência visual e cegueira. Os alunos podem imprimir cópias ampliadas, ler texto na tela usando software de ampliação, escutar o texto lido por um sintetizador de voz ou obter a conversão do texto em braile, que você estudará a seguir. A síntese de voz é uma forma de adaptação específica para cegos com saídas de voz. tela do computador. O cego poderá explorar a tela, situar-se no lugar escolhido e acionar um comando escolhendo, assim, a leitura de toda a tela, de várias linhas, uma linha, palavras, letras, bem como indicar a posição do cursor. Existem atualmente alguns programas como o DOSVOX, o Virtual Vision , Jaws e NVDA que, quando instalados no computador, permitem ao cego a leitura da tela. O dispositivo talk de síntese de voz já está também disponível em celulares, como no modelo E65 Talks. Há ainda recursos como máquinas de escrita em braille composta por sete teclas, seis delas correspondem aos pontos da cela braille e há uma tecla para espaçamento. 79, 80 Aula 20- O processo de ensino e aprendizagem de educandos com deficiência auditiva De acordo com o Decreto 5.296/2004: deficiência auditiva é definida como perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500 Hz, 1.000 Hz e 3.000 Hz.84 Podemos afirmar que o processo de audição passa por uma parte de condução mecânica quando o som entra pelo ouvido externo e atinge o ouvido médio. A seguir, a vibração mecânica dos ossículos espalhando-se no líquido dos canais semicirculares transformará esta energia em potencial elétrico. 85 Então, podemos ter dois tipos de surdez: a de condução e a neurossensorial. A perda de condução como o nome diz é toda aquela que envolve os ouvidos externo e médio e a sensorial é quando envolve o nervo auditivo. Além do tipo de perda, é importante saber quando aconteceu esta perda.Se foi em uma criança até dois anos, antes da aquisição da linguagem se denomina surdez pré-linguística; se foi após a aquisição da linguagem, a surdez se denomina pós-linguística. Para o campo da educação, é extremamente importante a diferenciação desses dois casos, bem como as abordagens educacionais decorrentes do fato de uma pessoa que nasceu surda e outra que adquiriu a surdez após a aquisição da linguagem. No caso dos surdos pré-linguísticos, a língua materna (L1) será a Língua Brasileira de Sinais, porque língua materna é aquela aprendida em ambiente natural. A Língua Portuguesa para este grupo será a L2.85 Um professor pode suspeitar que um aluno tenha uma perda auditiva pós-linguística, por comportamentos como solicitar constantemente que lhe faça novamente a pergunta; estar sempre desatento, trocar de fonemas na escrita, olhar mais fixo para a boca do interlocutor. Porém, o otorrinolaringologista e o fonoaudiólogo são os profissionais que poderão identificar a perda por meio de avaliações específicas como a audiometria, realizada por aparelho denominado audiômetro.86 CAUSAS DA SURDEZ A surdez pode ter causas genéticas, ocorrendo em vários membros da família. Algumas síndromes genéticas podem ter a surdez como uma das características, associada a outras deficiências que você estudará um pouco mais na aula de deficiências múltiplas. As outras causas são as ambientais, ocorridas ainda no útero como a rubéola materna, citomegalovírus ou a sífilis que causam surdez neurosssensorial. Há também a surdez causada por meningites ou encefalites traumatismos cranianos. A otite média frequente pode causar surdez, bem como a exposição a ambientes ruidosos (geralmente as perdas auditivas por ambientes ruidosos são indolores).87 A concepção clássica do tratamento do surdo consistia na remissão de seu sintoma, isto é, em dar-lhe audição. A oralização, neste sentido, era meta para o sucesso do tratamento. Esta concepção fundamentava-se numa filosofia “ouvinticentrista”, pautada no modelo da audição como normalidade que marcaria o destino desta pessoa e de seus familiares. Este modelo, conhecido como clínico, possuía a ênfase na surdez como doença a ser “tratada”. Este modelo de intervenção acarretou a inúmeros surdos a impossibilidade da aquisição de um sistema linguístico para comunicação, para a introjeção de regras sociais. 89 Ao longo desta aula, utilizaremos a denominação de surdo para nos referirmos ao aluno com deficiência auditiva severa ou profunda, porque é esta a denominação que as instituições de surdos preferem que seja utilizada, já que implica em uma concepção linguística e social. O termo deficiente auditivo implica numa visão médica e clínica da surdez.89 Mas foi abade de l'Epée, que você estudou nas primeiras aulas do curso que, inconformado com a exclusão vivida pelos surdos, inicia um estudo desta língua e a possibilidade de sua aplicação no processo educacional. A divulgação dos trabalhos de l'Epée criou uma nova ordem mundial. Surgem escolas para surdos, mantidas por professores surdos contribuindo assim, para uma atividade emancipatória deste grupo. Em 1850, foi criado o American Asylum for the Deaf por Thomas Gallaudet. Alguns estudos como os da ilha de Martha's Vineyard (com um grupo significativo de surdos) contribuíram para o desenvolvimento e expansão da Língua de Sinais. Havia aproximadamente 550 professores surdos nesta época e, em 1816, foi criada a primeira universidade para surdos o Gallaudet College. Havia uma contratendência aos trabalhos do abade de l'Epée e a opinião de que os surdos deveriam falar e ler os lábios sendo que a comunicação por sinais deveria ser definitivamente proibida. A partir dos estudos de locução e do ensino da oralização, o aperfeiçoamento de aparelhos sonoros para surdos culminou na invenção do telefone por Grahan Bell, levando o mundo a valorizar a fala e a oralidade como fontes de comunicação. O Congresso de Milão, em 1880, postulou então que a educação de surdos deveria ser ministrada oralmente. O esforço da educação deveria concentrar-se nos esforços de fazer o “surdo falar”. A Língua de Sinais passa a ser perseguida e repudiada em supremacia ao oralismo.90 As lutas de defesa pela legitimidade da Língua Brasileira de Sinais culminaram na promulgação da Lei 10.436 em 24 de abril de 2002 que, no artigo 1o , parágrafo único, enfatiza que a Língua Brasileira de Sinais é uma forma de comunicação e expressão em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades surdas no Brasil.p91 Peculiaridades das Línguas de Sinais A Língua de Sinais possui uma estrutura altamente sofisticada, apesar de não recorrer a sons, mas sim às mãos, à expressão facial, ao corpo, ao espaço e a unidades distintas e significativas, possuindo sintaxe e morfologia tão elaboradas quanto o português, o russo ou qualquer outra língua verbal. A Linguagem de Sinais é independente da linguagem oral. Tanto a Língua de Sinais quanto a linguagem oral são criações de comunidades humanas com o objetivo de preencher as suas necessidades de comunicação.93 Nas Línguas de Sinais, o equivalente à palavra é o sinal. Os sinais são realizados com a mão dominante e produzidos na frente do corpo em relação à cabeça, ao tronco ou aos membros superiores.96 A atual Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva garante a contratação de Assistentes Educacionais para atuarem nas turmas da Educação Infantil com o professor regente. Este assistente geralmente é um adulto surdo, usuário fluente de Libras, que funciona como mediador e modelo linguístico para o aluno.97 As crianças exploram os aspectos viso-espaciais da Língua de Sinais no ato da escrita. Estas particularidades exigirão práticas pedagógicas que considerem a realidade bilíngue do surdo e a característica de sua relação não sonora com a escrita. Para o surdo que teve oportunidade de aprender a Língua de Sinais, ela estará presente desde o início e mediará a relação com a escrita, funcionando como apoio, como reflexão acerca da escrita como um novo objeto de conhecimento.98 Os alunos surdos adaptam-se aos métodos globais de alfabetização em que o professor pode utilizar textos produzidos pelos alunos, subdividí-los em cartelas, cartazes com textos e letras feitos pelos alunos, fichas com vocabulário e dicionário visual, ampla exploração do real e dos diversos contextos de uso das palavras, dramatização 101 Os exercícios devem ser acompanhados com gravuras, por exemplo, às vezes o surdo erra um exercício porque tem dificuldade para entender o que o professor propôs. 101 As tecnologias assistivas são essenciais no processo de inclusão de pessoas surdas. Hoje existem serviços de telefonia para pessoas surdas com mediadores ouvintes em central telefônica por meio de um aparelho adaptado ao telefone público. Os surdos utilizam também artifícios como os torpedos nos celulares, as redes sociais como Orkut e os sistemas de comunicação em tempo real com webcam, como skype. Estes perfis de interação facilitam a comunicação em uma língua que é eminentemente visual. É importante também que o professor utilize formas de avaliação que privilegie esta língua e estas avaliações podem ser registradas por vídeos que podem ser produzidos até por celulares. É importante que o professor privilegie e estimule o uso de recursos visuais da tecnologia como suporte educacional.103 Aula 21-O processo de ensino e aprendizagem de educandos com deficiência física e educandos com necessidades de cuidados especiais de saúde Quem são os educandos com deficiência física? A deficiência física representa um espectro de várias condições. De acordo com o decreto 5.296/2004: Deficiência física é alteração completa ou parcialde um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções (BRASIL, 2004). OS EDUCANDOS COM OSTOMIAS As pessoas com ostomias foram oficialmente reconhecidas na condição de deficientes físicas pelo decreto 5.296/2004. A partir deste decreto, passaram a ter direitos a todas as garantias dadas a pessoas com deficiências: prestação de assistência/LOAS, reserva em concurso público e passe especial. Há alguns anos, a criança e o jovem com ostomia, devido à falta de suportes de saúde e educacionais, tinham seu processo de escolarização comprometido na qualidade.109 A paralisia cerebral é uma condição caracterizada como deficiência física que não implica em perda de órgãos, mas em um comprometimento da função motora por lesão cerebral, durante a gestação, no momento do parto ou nos primeiros anos de vida. Da mesma forma que o termo deficiência mental foi substituído por deficiência intelectual, o termo paralisia cerebral tem sido substituído por encefalopatia crônica da infância, no sentido de descaracterizar a ideia de uma paralisia no cérebro. As causas da encefalopatia crônica da infância podem estar vinculadas ao período pré-natal, devido a infecções por vírus (como citomegalovírus, rubéola, toxoplasmose) e no momento do parto com complicações, resultando em falta de oxigênio para o bebê. Nos primeiros dias de vida, as incompatibilidades sanguíneas mãe-bebê podem afetar áreas importantes do sistema nervoso. P111 Existem alguns filmes interessantes que retratam bem a condição da pessoa com encefalopatia crônica da infância, seus impasses e superações, como é o caso do filme Meu pé esquerdo, que conta a história de vida do escritor e pintor Christy Brown.114 Há deficiências físicas de causa genética, como o nanismo e a acondroplasia, que é um tipo de nanismo raro causado por uma desordem genética. Além de o indíviduo ser pequeno, possui membros e tronco desproporcionais. Podem ocorrer hidrocefalia, deformidades ósseas, infecções, problemas respiratórios, complicações odontológicas e obesidade. Há outras condições como esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica e o disrafismo, onde há perda de funções. Estas crianças necessitam, além do acompanhamento de equipe, de fisiatria, fisioterapia e acompanhamento do serviço de genética.115 Atualmente, são utilizadas ajudas técnicas para jogos e brinquedos, que permitem uma manipulação mínima da criança com alteração motora, mas que oferecem a possibilidade de a criança interferir com uma simples ação no meio ambiente, acionando um carrinho ou uma boneca adaptados. A adaptação de aparelhos domésticos é também fundamental para a acessibilidade de pessoas com deficiência. Por exemplo, folhear um álbum, compartilhar as páginas de uma história, acionar e controlar aparelhos de rádio, videocassete, televisão, folhear revistas e livros de história. Há ajudas técnicas em sistemas especiais com aplicativos para computadores com sintetizadores de voz e outros auxílios que permitem acionar teclas de computadores por meio de mouses adaptados, adaptações no teclado e outras adaptações nas mãos do usuário, ou, ainda, capacetes adaptados que possibilitam acionar o teclado. Estas tecnologias aumentam a via de relação do usuário com o mundo e sua qualidade de vida.116 Ainda no campo das ajudas técnicas, o Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro desenvolveu um software livre, o Microfênix, para facilitar o acesso ao computador para pessoas com deficiências físicas graves e deficiências motoras. O nome é alusivo ao pássaro Fênix, da mitologia, que renasce para mais 500 anos de vida. O ATENDIMENTO EDUCACIONAL A ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS FÍSICAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA Ao receber um aluno com deficiência física, é importante que o gestor avalie as condições de acessibilidade da escola. Algumas adequações razoáveis podem ser realizadas, como verificar qual a sala de aula que oferece maior acessibilidade. Atualmente, as escolas precisam se preparar para oferecer um ambiente acessível a todos, com rampas ou elevadores de acesso, banheiros com circulação para cadeiras de rodas. Enfim, uma rota de acesso a todos os ambientes de forma indiscriminada: O aluno com deficiência física, dependendo das áreas e funções corporais afetadas, necessitará de apoio paralelo de diversas ações e atendimentos nas áreas de saúde, como fisiatria, fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional e neurologia. Tem sido muito comum o uso de adaptação feita com reciclagem de calças jeans com as pernas recheadas de espuma para acomodação da criança. Para aquelas que ainda não verbalizam, pode-se utilizar códigos para a comunicação por meio de pranchas com objetos, desenhos ou símbolos facilitadores da comunicação. 120 Nas séries iniciais do Ensino Fundamental, o aluno poderá necessitar de um planejamento educacional individualizado, objetivando organizações de adequações curriculares. Alunos com deficiência física, com dificuldade motora para escrita, poderão necessitar de cadernos maiores com pautas mais largas. As folhas de exercícios poderão ser presas às carteiras para facilitar a manipulação da criança. Outros alunos que possuem alterações no tônus muscular poderão necessitar de lápis mais grossos adaptados. Alguns alunos poderão necessitar de uso constante do computador para a escrita e deverão usar mouse e teclados adaptados, ou ainda a bancada poderá ser adequada ao seu padrão físico.120 A avaliação também pode e deve ser diferenciada. Sempre que se fizer necessário, pode ser realizada oralmente ou por computador utilizando, recursos de acessibilidade, sempre de forma processual, considerando os objetivos propostos para o(a) aluno(a) no plano de educação individualizado. Nesse sentido, as adequações e ajudas técnicas são fundamentais e esta concepção deve acompanhar todo o ciclo de estudos deste aluno. No Ensino Médio e no Ensino Superior, todas as ações de suporte e apoios destinados a estes alunos continuam tendo sempre como meta a eliminação de barreiras físicas e as adequações de materiais p. 121 Doenças crônicas e infecciosas como asma, fibrosecística , diabete, defeitos cardíacos congênitos, câncer e anemia falciform e , HIV/AIDS e hepatite B, dentre outras, necessitam de cuidados especiais em centros de atendimento específicos, hospitais que demandam uma alteração da rotina de vida da criança e do jovem e que devem ser considerados no ambiente escolar. Algumas destas crianças e jovens passam parte do ano letivo em processo de internação.124 Devido às necessidades especiais de saúde, podem surgir diversas barreiras para a aprendizagem devido à fadiga, ausência às aulas, falta de concentração, fraqueza muscular e perda da condição física. Os professores podem ajudar os alunos, organizando adequações curriculares, reorganizando o tempo escolar, mantendo atitudes positivas para encorajar os alunos, mantendo planejamento com os pais, revendo a complexidade de tarefas.125 O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990, e a resolução de 13 de outubro de 1995, do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, ressaltam o direito destes de desfrutarem de formas de recreação e de educação, bem como acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência hospitalar. A classe hospitalar é um atendimento pedagógico que se diferencia de formas de recreação. A pedagogia no contexto hospitalar é recente.125 A escola inclusivadeverá adaptar-se para acolher os alunos com defi ciência física. Para isso, a Secretaria de Educação Fundamental e a Secretaria de Educação Especial, através de uma ação conjunta, produziram um material didático-pedagógico, “Adaptações Curriculares”, que faz parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs – e que sugere os seguintes recursos para alunos com deficiência física: • Sistemas aumentativos ou alternativos de comunicação adaptados às possibilidades do aluno impedido de falar; sistemas de símbolos (baseados em elementos representativos, em desenhos lineares, sistemas que combinam símbolos pictográficos, ideográficos e arbitrários, sistemas baseados na ortografia tradicional, linguagem codificada); auxílios físicos ou técnicos (tabuleiros de comunicação ou sinalizadores mecânicos, tecnologia microeletrônica); comunicação total e outros. • Adaptação dos elementos materiais: edifício escolar (rampa deslizante, elevador, banheiro, pátio de recreio, barras de apoio, alargamento de portas etc.); mobiliário (cadeiras, mesas e carteiras); materiais de apoio como andador, coletes, abdutor de pernas ( material usado para manter as pernas afastadas), faixas restringidoras (faixas que inibem posturas e movimentos inadequados); materiais de apoio pedagógico (tesoura, ponteiras, computadores que funcionam por contato, por pressão ou outros tipos de adaptação etc.). • Deslocamento de alunos que usam cadeira de rodas ou outros equipamentos, facilitado pela remoção de barreiras arquitetônicas. • Utilização de pranchas ou presilhas para não deslizar o papel, suporte para lápis, presilha de braço, cobertura de teclado etc. Textos escritos complementados com elementos de outras linguagens e sistemas de comunicação. Aula 22 e 28- O processo de ensino e aprendizagem de educandos com Transtornos Globais do Desenvolvimento O Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais – DSM IV (2002) assim define os Transtornos Globais do Desenvolvimento: Comprometimento grave e global em diferentes áreas do desenvolvimento: habilidades de interação social e recíproca, habilidades de comunicação ou presença de estereotipias de comportamento, interesses e atividades. Estes transtornos abordam: – Transtorno autista. – Transtorno de Asperger. – Transtorno de Rett. – Transtorno Desintegrativo da Infância. – Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação.130 Algumas causas dos transtornos globais são relacionadas a causas adquiridas no período gestacional como a rubéola congênita. Injúrias no sistema nervoso do bebê durante o parto causando insuficiência de oxigenação em áreas cerebrais. Há condições genéticas que podem ocasionar quadros de Transtornos Globais de Desenvolvimento como a: esclerose tuberosa, lipoidose cerebral, X frágil. Na realidade as causas para esta condição são multifatoriais, ou seja, envolvendo vários fatores: genéticos e ambientais. O currículo funcional parte da análise destas capacidades para estabelecer as prioridades de aprendizado para o aluno em sua vida social. Existem métodos baseados na comunicação e na estruturação de sistemas e padrões de comunicação, baseados em cartões de comunicação por meio de linguagem visual, com sequências de atividades, oferecendo forte apoio visual para o aluno, como painéis de horários bem definidos:139 Importante estabelecer leituras visuais para situações ou conceitos abstratos. Lembre-se de que nossos alunos autistas possuem dificuldade para entender.140 Você verá, a seguir, alguns exercícios que podem ser aplicados a essas crianças: a) Exercícios para desenvolver a capacidade e a possibilidade de interpretar situações afetivas. • reconhecer retratos e faces de alegria e tristeza, raiva e medo; • reconhecer desenhos em preto e branco; • reconhecer as emoções que um personagem irá sentir (medo, alegria, tristeza e raiva); • interpretar emoções em quadros; • interpretar histórias, o que pensam os personagens. b) Exercícios para interpretação ou entendimento de estados informacionais (percepção, conhecimento crença ou opinião). • tomada simples de perspectiva visual – o que posso ver e o que não posso ver em uma cena; • tomada complexa de perspectiva visual; • entendendo o princípio de ver e levar a conhecer; • prever ações com base no que a pessoa sabe; compreender falsas crenças e capacidade de diferir sistemas falsos de reais. c)Trabalhar com jogos de faz de conta. • jogos sensório- motores; • jogos de faz de conta. Algumas pistas para ajudar seus alunos: • fornecer suas expectativas de forma clara; • explicar as regras da conduta, com painéis e fotos; • utilizar listas de tarefas, calendários, atividades, rotinas diárias seja com fotos, desenhos ou palavras (de acordo com a possibilidade de compreensão); • usar os pares como modelo e apoio. • auxiliar o aluno no controle do seu comportamento, com técnicas para relação (podem ser simples contar até três) para lidar com situações que causam estresse; • auxiliar o aluno a compreender a reação do outro; • usar dicas não verbais para chamar atenção; • oferecer local na parte da frente da sala; • permitir entrada ou saída em horário diferenciado, mais tranquilo; • trazer os pontos de interesse para a sala de aula; • perguntas, cartazes sobre o talento, atividades preferidas; • reduzir a quantidade de tarefas; • mostrar modelos de resolução; • utilizar bastante o concreto, com figuras, gráficos, roteiros, evitando assim sobrecarga verbal; • aproveitar as áreas positivas, como a memória, por exemplo, como ponto forte para aprendizagem; • experiências em que possam fazer escolhas; • auxiliá-lo a lidar com antecipação a eventos como sinais sonoros de aviso de recreio ou troca de aula, que podem causar stress; • estimular atividades físicas; • auxiliar com exercícios para competências de conversação; • gravar conversações para serem avaliadas; • explicar sempre o uso de metáforas, metonímias e figuras de linguagem que dificultam a compreensão. Por exemplo: mostrar fotos da asa da xícara, do pé da cadeira; 140 Aula 23-O processo de ensino e aprendizagem de educandos com deficiências múltiplas De acordo com o Decreto 5296/2004: "deficiência múltipla é a associação de duas ou mais deficiências". Surdo-cegueira é definida como uma deficiência que apresenta a perda do sentido da audição e visão concomitantemente em diferentes graus. O portador de surdo-cegueira não pode ser assemelhado nem a um surdo nem a um cego, pois constitui um caso bastante particular. No caso da surdo-cegueira, a pessoa utilizará os sentidos remanescentes (tato, gustação, olfato) e, se houver, algum resíduo auditivo e visual como um canal para as trocas e participação no meio ambiente. Estratégias de Comunicação para alunos surdos-cegos Os surdos-cegos possuem diversas formas para se comunicar com as outras pessoas. A Libras (Língua Brasileira de Sinais), que você estudou na aula de deficiência auditiva, pode ser utilizada para a comunicação com surdoscegos por meio do tato, foi mais tarde adaptada para o surdo-cego por educadores ingleses e americanos. Consiste em fazer, com a mão direita, um sistema de signos sobre a palma do interlocutor. Tadoma Método de linguagem receptiva onde a pessoa surdo-cega, através do tato, decodifica a fala do seu interlocutor. Consiste em colocar a mão no rosto do locutor de tal forma que o polegar toque, suavemente, seu lábio inferior e os outros dedos pressionem, levemente, as cordas vocais. Este procedimento possibilita a interpretação da emissão dos sons através do movimento dos lábios e da vibração das cordas vocais. Sistema Braille Outra forma de comunicação é por meio do sistema braille, que você estudou na aula de deficiência visual. Você deve lembrar que consiste no arranjo de seis pontos em relevo, dispostos em duas colunas de três pontos. Sistema moon Criado pelo Dr. William Moon, este sistemade comunicação é composto por quatorze caracteres em vários ângulos e com contornos bem nítidos. As letras são substituídas por desenhos em relevo e um sistema pictográfico, por meio de símbolos e figuras para designar os objetos e ações. Guia-intérprete O guia-intérprete tem a função de intermediar a comunicação entre surdos-cegos e demais pessoas e também ser seu guia-vidente durante a locomoção. É por meio deste guia-intérprete que se estabelece a comunicação do surdo-cego pré-linguístico.159 A surdo-cegueira é uma condição muito específica, mas há um grupo de deficiências múltiplas que envolvem perda sensorial auditiva e/ ou visual, acrescidas a distúrbios neurológicos, a transtornos globais do desenvolvimento, à deficiência intelectual e que podem acarretar atraso no desenvolvimento emocional, social, educacional, na independência e na vida vocacional.161 Então, o mais importante para um professor(a), ao receber um aluno com deficiência múltipla, é verificar suas necessidades, mas também aptidões e os suportes que serão utilizados para este aluno, suportes estes muitas vezes não convencionais, mas que farão uma grande diferença.162 Poderá necessitar de um horário diferenciado, uma atividade por vezes bastante individualizada entre professor e aluno, para que aos poucos se alarguem os espaços de confiança. Para estes alunos, nem sempre será possível estar diretamente na classe comum com suporte de sala de recursos no contraturno, pois para muitos destes alunos, dadas as suas especificidades, torna-se intolerante adaptar-se a um esquema de quatro horas diretas em sala de aula.163 O currículo funcional pauta-se na aplicação da vida prática e cotidiana, bem como na educação dos sentidos, da linguagem e da lógica. Você lembra que o modelo da Associação Americana de Deficiência Mental/Intelectual enfatiza a noção de que a funcionalidade está diretamente vinculada ao suporte que uma pessoa com deficiência mental recebe, e sempre de acordo com o grupo do qual ele faz parte. Outro conceito fundamental do currículo funcional são os ambientes naturais, ou seja, é importante trabalhar com seu aluno usando materiais e objetos de seu contexto familiar e, aos poucos, introduzir novos objetos. Você se lembra das áreas de capacidades adaptativas estudadas na aula de deficiência intelectual: a comunicação, os cuidados pessoais, as atividades de vida doméstica, as habilidades sociais, o uso comunitário, a independência e as funcionalidades acadêmicas, a saúde e segurança, o lazer e o trabalho? Construir sinalizadores na escola, calendários com objetos significativos, cardápio adaptado e demais soluções podem auxiliar este aluno. Lembre-se também que a avaliação poderá ser adaptada por meio de diversas perspectivas: fotos, imagens, vídeos e audiogravações. Os portfólios podem ser usados como formas de registros.172 Aula 24-Programas de atividades especiais para altas habilidades PROGRAMAS DE ATIVIDADES ESPECIAIS Seminários especiais; Aproveitamento de recursos humanos da comunidade; Monitorias; Visitas e excursões; viagens; Atividades diversificadas em programas de férias; Grupos especiais – são grupos compostos de portadores de altas habilidades/superdotados cujas necessidades não podem ser atendidas numa classe regular. Grupos homogêneos – os diversos distritos educacionais poderão organizar um ou mais grupos compostos de crianças ou jovens que apresentem as mesmas habilidades, recebendo instrução e materiais específicos, adequados às suas necessidades e interesses.93 Para os alunos com aptidões e talentos específicos para dança, música ou drama, artes plásticas, artes manuais, industriais, artesanato, artes literárias ou lingüísticas, poderão ser planejados programas especiais que atendam ao desenvolvimento das potencialidades desses educandos, podendo ser utilizados cursos fora da escola e demais recursos da comunidade.93 Programa de atendimento interescolar Consiste em um programa centralizado a ser prestado em várias escolas e cuja eficácia dependerá dos seguintes aspectos: • definir a responsabilidade de cada escola ou distrito educacional na implementação do programa; • prever alocação de recursos para transporte, materiais de ensino, equipamento e pessoal para implantação e manutenção do programa; • padronizar os procedimentos para encaminhamento, diagnóstico, permanência ou desligamento do aluno no programa; • estabelecer o consenso relativo à filosofia e à metodologia a serem adotadas no programa; • organizar atividades em horários adequados e viáveis; • prever os mecanismos de manutenção do equipamento, do material e das condições físicas do local; • adotar procedimentos válidos e uniformes de avaliação e de acompanhamento da qualidade do programa, bem como de seleção de pessoal para o trabalho, e prever os meios para garantir a continuidade do programa, mesmo com mudanças na administração escolar, assegurando-se a participação dos pais ao longo do desenvolvimento das atividades previstas. Programas de aprendizagem diferenciada Programas de orientação individual ou grupal Programas de utilização de serviços ou de centros de recursos didáticos Programas-protótipo Abaixo encontram-se sugestões a serem consideradas na prática pedagógica: • procurar, juntamente com os alunos, encontrar tópicos de interesse como ponto de partida. Em seguida, ajudá-los a dimensionar o assunto. O tópico relativo ao Sistema Solar global, por exemplo, é muito amplo, mas o estudo de um planeta como Marte pode ser mais apropriado; • assegurar que a pesquisa desafie a imaginação e a intuição dos alunos e que realmente amplie sua capacidade de pensar, escrever, ler e descobrir; • estimular a freqüência dos alunos a bibliotecas públicas ou particulares; • insistir na exigência de altos padrões de aproveitamento em todas as matérias por parte dos alunos, e não permitir mera cópia de material, por exemplo, de enciclopédias; • deixar cada aluno trabalhar segundo o seu próprio nível e ritmo, na medida do possível; • enfatizar a importância de diversos pequenos relatórios da pesquisa, que são preferíveis a um longo relatório, especialmente se os aluno ainda não desempenha bem esse trabalho; • impedir que seus programas de enriquecimento e aprofundamento degenerem em uma atividade vaga e desorganizada: quanto mais se planejar e se ajudar o aluno a definir seus objetivos, maior será seu rendimento escolar; • levar, tanto quanto possível, o projeto do aluno a um planejamento cooperativo entre os colegas e estimular atividades que propiciem liderança, treinamento e experiência para reforçar a responsabilidade social, e • valorizar os projetos que desenvolvam habilidades relacionadas à investigação independente, à iniciativa, à originalidade e ao trabalho criativo.
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