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143 NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA Unidade IV 7 DIETAS E NUTRIENTES NOS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS 7.1 Dieta e nutrientes para diferentes situações estéticas e enfermidades Para alcançar um ideal de beleza, pessoas procuram diferentes métodos para alcançar suas metas, através de dietas, exercícios físicos, plásticas, cirurgias, entre outros. E há quem considere que a mulher brasileira é campeã na busca de um corpo perfeito (SCHNEIDER, 2009). Para pacientes e clientes para os quais a imagem corporal é requisito para a atividade profissional, como jornalistas, modelos, recepcionistas etc. é válida a implantação de um protocolo de atendimento estético que englobe o todo. Esse protocolo deve atender à exigência de cada grupo individual conforme a particularidade de cada segmento em questão. Por exemplo: no segmento da moda, podem existir diferentes estereótipos corporais considerados ideais de acordo com regiões ou localidades no mundo, e isso deve ser respeitado e individualizado tanto do ponto de vista nutricional quanto estético. 7.1.1 Linha de pesquisa em nutrição estética Atualmente a busca e o aperfeiçoamento do conhecimento que envolve nutrição em estética concentra-se em alguns pontos, como: • Pele: estudo com enfoque no aspecto preventivo e terapêutico, em enfermidades e distúrbios como: acne, dermatites, estrias, cicatrização, hidratação da pele. • Envelhecimento cutâneo: estuda os nutrientes a serem utilizados na prevenção do estresse oxidativo, formação dos radicais livres, e uso de nutrientes antioxidantes. • Síndrome da desarmonia corporal: é o conjunto de condições clínicas que inclui a celulite (nome popular dado à hidrolipodistrofia ou lipodistrofia ginoide), a flacidez cutânea, a gordura localizada e a obesidade. Em relação a esse conjunto de condições clínicas, procura-se identificar aspectos dietéticos relacionado ao seu desenvolvimento em forma de terapia nutricional isolada ou associada aos demais procedimentos estéticos. • Cabelos e unhas: estuda as deficiências nutricionais primárias ou secundárias relacionadas às unhas e aos cabelos. 144 Unidade IV • Saúde da mulher: é a linha que pretende verificar a relação com os aspectos particulares da saúde da mulher, independentemente de quais sejam: transtorno pré-menstrual, menarca, climatério, menopausa com repercussões de alteração do consumo alimentar e do estado nutricional que possa resultar em desordens estéticas (flacidez, rugas etc.). 7.1.1.1 Pele A pele ou cútis é o manto de revestimento do organismo, indispensável à vida e que isola os componentes orgânicos do meio exterior. Ela representa 12% do peso seco total do corpo, com aproximadamente 4,5 quilos, é o maior sistema de órgãos expostos ao meio ambiente. Embora ela represente menos de 15% do peso do corpo, é considerada o maior órgão humano, pois a sua extensão corresponde a uma área de dois metros quadrados (MENDONÇA; RODRIGUES, 2011, p. 69). A pele é constituída por três camadas bem unidas: epiderme, derme e hipoderme. Todas são importantes para o corpo, e cada uma tem características e funções diferentes. Epiderme É a camada mais externa da pele. A principal função da epiderme é formar uma barreira protetora do corpo, protegendo contra danos externos e dificultando a saída de água (do organismo) e a entrada de substâncias e de micróbios no organismo. Na epiderme estão os melanócitos, as células que produzem melanina, o pigmento que dá cor à pele. Derme É a camada intermediária da pele, formada por fibras de colágeno, elastina e gel coloidal, que conferem tonicidade, elasticidade e equilíbrio à pele. Além disso possuem grande quantidade de vasos sanguíneos e terminações nervosas, as quais recebem os estímulos do meio ambiente e os transmitem ao cérebro, através dos nervos. Esses estímulos são traduzidos em sensações, como dor, frio, calor, pressão, vibração, cócegas e prazer. Hipoderme É a terceira e última camada da pele, formada basicamente por células de gordura. Sendo assim, sua espessura é bastante variável, conforme a constituição física de cada pessoa. Ela apoia e une a epiderme e a derme ao restante do seu corpo. Além disso, a hipoderme mantém a temperatura do corpo e acumula energia para o desempenho das funções biológicas. As principais funções da pele são: • Proteção (função mecânica): a queratina da pele protege os tecidos subjacentes contra micro-organismos, calor e substâncias químicas. 145 NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA • Regulação da temperatura corporal: contribui para a regulação homeostática da temperatura corporal, liberando o suor em sua superfície e ajustando o fluxo sanguíneo na derme. • Síntese de vitamina D: a exposição da pele à radiação UV possibilita a síntese de vitamina D na forma de colecalciferol. Essa forma de vitamina é convertida em sua forma ativa, o calcitriol, que auxilia na absorção de cálcio e fósforo do trato gastrointestinal para o sangue. • Sensações cutâneas: são aquelas que se manifestam na pele, incluindo as táteis (toque, pressão, vibração de cócegas), as térmicas (calor e frio) e a dor (indicação de dano tecidual iminente ou real). • Excreção e absorção: a pele em geral desempenha um pequeno papel na excreção, a eliminação de substâncias do corpo; e na absorção, a passagem de materiais externos para as células corporais. Na adolescência, a presença de cravos e espinhas está relacionada ao conhecimento de quatro fatores básicos que podem causar esse distúrbio: a produção exagerada de sebo, a hiperproliferação de células da pele, o aumento da multiplicação de bactérias da espécie Propionibacterium acnes e a inflamação da pele. Esses eventos combinados são essenciais à instalação da acne e podem sofrer influência da alimentação. Sabe-se que uma pele saudável depende de uma hidratação adequada, bem como de uma boa camada externa de lipídios que garanta o pH ácido suficiente para proteger a pele de agentes nocivos externos. Esses aspectos da pele dependem de fatores endógenos e exógenos, entre eles: envelhecimento, exposição solar, exposição a produtos químicos, dietas inadequadas, especialmente com ingestão elevada de alimentos ricos em gorduras e açúcar. Parte dos estudos demonstram que os problemas da pele estão ligados à deficiência nutricional, ou seja, ao consumo inadequado de vitaminas, minerais e ácidos graxos essenciais que causam diversas manifestações dermatológicas. Acne A palavra acne deriva da grega “Akmé”, o que significa eflorescência ou ponto de elevação. Pode ser definida com uma doença multifatorial e manifesta-se clinicamente pela aparição de cravos, pápulas, pústulas, nódulos, cistos e abcessos que podem deixar uma sequência de cicatrizes e sequelas não só físicas, mas psicológicas importantes. É uma doença de predisposição genética e tendência hereditária. A chance do filho de pais com quadro de acne é de 50%. A acne ocorre em todas as raças, porém com menor intensidade entre negros e orientais. Costuma ser mais grave no sexo masculino (SCHNEIDER, 2009, p. 142). 146 Unidade IV Fatores que predispõem o aparecimento da acne: • Consumo excessivo de refrigerantes, açúcares e fast-foods e redução na ingestão de frutas e hortaliças. • Uso de dietas monótonas ou modismo alimentar e a não realização do café da manhã. • Consumo excessivo de alimentos ricos em ômega-6 resulta em acne por serem precursores de inflamação celular. • A falta de ácido pantotênico torna o metabolismo dos ácidos graxos deficiente, o que leva o óleo a depositar-se nas glândulas sebáceas e nos ductos dos folículos, resultando na inflamação. • Dieta com alto índice glicêmico (carboidratos refinados), estresse emocional e a puberdade são fatores importantes no desenvolvimento da acne em adolescentes. • O excesso de leite de vaca e seus derivados, dietas ricas em gordura saturada somado à falta de antioxidantes estão relacionados com o aparecimento da acne em jovens e adultos. Tratamento Uma dieta balanceada e livre de alimentosprocessados com privilégio de alimentos in natura ou minimamente processados ricos em fibras, vitaminas, minerais, proteínas e ômega-3 possuem papel interessante no tratamento da acne. O consumo de alimentos com baixo índice glicêmico, como: cereais integrais, frutas frescas, legumes, carnes magras, peixes e outros alimentos ricos em ômega-3 podem ser considerados alimentos anti-inflamatórios, potencializando o efeito no tratamento. • Ômega-3: é um nutriente essencial, pois estudos mostram sua eficácia na diminuição da inflamação e na prevenção de hiperqueratinização dos folículos sebáceos e redução do risco de acne. Principais fontes de ômega-3: peixes de água salgada como arenque, salmão, atum, sardinha e linguado, nozes, amêndoas, óleo de canola, chia, linhaça. Eles atuam na suavização da aparência das manchas de pele e ajudam a reduzir as linhas de expressão e rugas. • Zinco: auxilia diminuindo a produção de sebo, um dos principais desencadeadores da acne, inibindo a 5-alfarredutase, enzima responsável pela conversão de testosterona em dihidroxitestosterona e que possui ação anti-inflamatória, pois é essencial para a enzima antioxidante SOD-1 (superóxido dismutase citosólica), encarregado de reduzir o radical superóxido a peróxido de hidrogênio e oxigênio, estimular o sistema imunológico e favorecer a renovação celular e a cicatrização. 147 NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA Principais fontes de zinco: carnes vermelhas, frutos do mar, algas, ostras, fontes proteicas de forma geral, gérmen e farelo de grãos integrais. • Vitamina A: é essencial para a manutenção de uma pele saudável e do equilíbrio hormonal adequado. Atua na síntese de novos tecidos, auxilia no tratamento de abscessos, acne e queda de cabelo. Principais fontes de vitamina A: fígado, gema de ovo, provitamina A, betacaroteno (cenoura, moranga, abóbora madura, manga e mamão etc.). • Vitamina B6: reduz a acne ao regular os hormônios implicados em seu desenvolvimento. Principais fontes da vitamina B6: é encontrada em maior proporção em alimentos de origem animal, como carnes, vísceras, leite e derivados. E em menor proporção; em nozes, cereais integrais, batata, aveia e gérmen de trigo. • Magnésio: potencializa a troca de substância entre as células (atua no metabolismo glicídico ao incorporar glicose na forma de glicose-6-fosfato na célula), atua na formação de tecidos, participa do trabalho muscular (contração). Principais fontes de magnésio: nozes, leguminosas, milho, cenoura, frutos do mar. • Selênio: protege as células dos radicais livres, evita a flacidez tecidual e o envelhecimento da pele causada pelo sol. Principais fontes de selênio: grãos integrais, frutos do mar e castanha do Pará. Dietas com alto consumo de carga glicêmica (CG) e índice glicêmico (IG) parecem exacerbar a ocorrência de acne, enquanto dietas de baixa CG e baixo IG promovem redução significativa do número de lesões, sugerindo uma associação entre quadros de hiperinsulinemia e a ocorrência de acne vulgar. Envelhecimento cutâneo A luz solar, ao atingir a pele desprotegida, com ação cumulativa da radiação UV, provoca um processo complexo associado a reações químicas e morfológicas. A radiação UV pode ativar componentes do sistema imune cutâneo, gerando resposta inflamatória por distintos mecanismos, tais como: ativação direta de queratinócitos e outras células que liberam mediadores inflamatórios e redistribuição e liberação de autoantígenos sequestrados de células danificadas pela radiação UV. Podemos definir a fotoproteção como um elemento profilático e terapêutico frente aos efeitos danosos da radiação UV. Como modelo de fotoproteção, podemos citar o uso de protetores solares, vestimentas protetoras e exposição restrita à luz solar. 148 Unidade IV O uso do protetor bloqueia a radiação solar, contudo quando isso está associado a uma alimentação balanceada e rica em nutrientes com ação fotoprotetora e antioxidantes, fortalece os sistemas de defesa das células, principalmente contra as inflamações e os radicais livres. Observação Radicais livres são moléculas instáveis, que apresentam um elétron que tende a se associar de maneira rápida a outras moléculas de carga positiva com as quais pode reagir ou oxidar. Eles são um dos principais aceleradores do envelhecimento cutâneo. Os principais compostos fotoprotetores são: • Flavonoides: têm ação antioxidante mais ativa, sendo capazes de sequestrar os radicais livres. Incluem os compostos quercetina, luteolina e ácido elágico. Principais fontes alimentares são: vegetais, abacaxi, morangos, chá preto, chá verde e vinho tinto. • Carotenoides: o betacaroteno, precursor de vitamina A, atua na formação de melatonina, pigmento responsável por dar cor à pele, tornando-se fundamental para a sua proteção. Principais fontes alimentares: cenoura, abóbora, mamão, manga e vegetais verdes escuros como couve, espinafre e agrião, por conter clorofila, um subtipo de carotenoide. • Vitamina C: é um poderoso antioxidante e ajuda a estimular o crescimento de novas células cutâneas e participa de diversos processos metabólicos, entre eles a formação do colágeno, que tem a estrutura de suas fibras quebradas devido à exposição ao sol. A estrutura dos fibroblastos e do colágeno protege a pele da ação dos raios ultravioletas. Principais fontes alimentares: acerola, goiaba, abacaxi, morango e caju. • Vitamina E: protege as estruturas celulares do ataque de radicais livres, evitando danos à pele. Principais fontes de alimento: azeite, amêndoas, castanhas do Pará (rica em selênio) e outros. • Polifenóis: neutralizam os radicais livres gerados pela radiação UVA/UVB e protegem a pele contra danos celulares e câncer de pele. Principais fontes de alimento: frutas vermelhas, cebolas, chocolate amargo e chá verde. O envelhecimento cutâneo é um processo biológico complexo que afeta várias camadas da pele, embora a maioria dessas mudanças seja percebida apenas na derme. Não há alterações evidentes na estrutura do estrato córneo e ocorre até certos pontos poucas alterações na espessura da epiderme. 149 NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA Lembrete A queratina é uma proteína normal nas unhas e nos cabelos que ajuda na proteção e no crescimento. Os fatores que contribuem para o envelhecimento cutâneo são, de acordo com Pujol (2011): • Estilo de vida: a pele reflete quando o indivíduo está cansado, mal alimentado ou estressado em nível físico ou emocional. Portanto, quando a pele não recebe atenção e cuidados necessários, uma das consequências é o envelhecimento prematuro. A aparência da pele pode determinar conclusões a respeito da idade cronológica e refletir a saúde e os hábitos de um indivíduo. • Hábitos alimentares: o excesso de peso e hábitos não saudáveis podem levar o indivíduo à obesidade. Uma das principais consequências é o aumento do risco de infecções cutâneas e de linfedemas, que contribuem para maior morbidade nessa população. Em pacientes hospitalizados, a obesidade leva ao aumento do risco de úlceras de pressão, além do retardo na cicatrização. • Tabagismo: pode provocar alterações na pele, sendo que a nicotina apresenta-se com um composto responsável pela diminuição do fluxo sanguíneo causado por uma estimulação da vasopressina no vaso, promovendo efeito vasoconstritor. Além disso, ao levar à isquemia crônica dos tecidos, gera lesões nas fibras elásticas e diminuição da síntese de colágeno, razão pela qual as rugas são bem marcadas. Estudos apontam que as mulheres fumantes são mais suscetíveis ao envelhecimento pelo tabagismo do que os homens, em decorrência da diminuição do hormônio feminino na pele causada pela nicotina. • Sedentarismo: a prática de atividades físicas regulares promove o aumento da força e do tônus muscular, aumento da densidade óssea, da capacidade aeróbica e o consumo máximo de oxigênio são benefícios que se relacionam de forma direta com a saúde da pele. • Fatores hormonais: influenciam o envelhecimento principalmentena menopausa/climatério, período em que ocorrem alterações como hipoestrogenismo (o estrógeno na pele tem a função sobre o colágeno), ou seja, a queda dos estrógenos circulantes. Ocorrem alterações na pele, como ressecamento, diminuição da elasticidade e afinamento. Nos casos em que existe um histórico de exposição solar excessiva, podem-se observar manchas, rugas e até fragilidade da pele. • Estresse: sob condição de estresse, a pele pode diminuir sua velocidade de reparo, passando a permitir a permeação de diferentes substâncias e facilitando a perda de água do organismo. Isso permite um gatilho para o disparo de outros processos deletérios sobre a pele. 150 Unidade IV Quadro 17 – Alterações funcionais causadas pelo envelhecimento da pele e escolha alimentar indicada para tratamento Alteração funcional Função Nutriente Fonte alimentar Menor capacidade anti-inflamatória Antioxidantes e anti-inflamatórios Polifenóis Frutas vermelhas arroxeadas, conhecidas como berries, uvas, frutas cítricas, chá verde Antioxidantes e protetores do DNA Vegetais crucíferos ricos em vitamina C, E e K Alho, abacate, cebola, açafrão, rúcula, couve, brócolis, couve de Bruxelas, repolho, couve-flor e agrião Boa para evitar a inflamação da pele Vitamina A Cenoura, tomate, manga, beterraba, couve etc. Menor resposta imunológica Ajuda na produção de glóbulos brancos Vitamina C Frutas cítricas, como laranja, acerola, kiwi, tomate, além de brócolis, couve e pimentão verde e vermelho Atua de maneira decisiva na modulação da resposta imune Zinco Carne, cereais integrais, castanhas, sementes e leguminosas (feijão, lentilha, ervilha, grão-de-bico) Cicatrização deficiente Reduz a inflamação, facilitando a cicatrização Ômega-3 Sardinha, salmão, atum, sementes de chia, linhaça Melhora a qualidade da pele formada Vitamina E Semente de girassol, avelã ou amendoim, óleos vegetais, ovo, folhas verde escuras Melhora a qualidade de regeneração dos tecidos Aminoácido Valina Soja, castanha do Pará, cevada, berinjela etc. Importante na formação do colágeno, que ajuda a pele a ficar mais firme Vitamina C Laranja, morango, abacaxi, kiwi Menor elasticidade Atuam para garantir a sustentação e a elasticidade dos tecidos Proteínas Gelatina: tem função estrutural responsável por manter elasticidade e tensão entre as células. Colágeno Alimentos antioxidantes (agem contra os radicais livres) Vitaminas A, C e E Frutas e vegetais amarelos-alaranjados, como cenoura, mamão, abóbora, laranja, kiwi, sementes e oleaginosas, como amêndoas e amendoim Menor produção de vitamina D Fortalece o sistema imunológico, possui propriedades antimicrobianas, previne a acne e outros tipos de infecção e são anti-inflamatórias Fonte: sol (banho de sol por pelo menos 15 minutos por dia, sem usar protetor solar), gema de ovo, fígado, manteiga, creme de leite e pescados gordos Adaptado de: Pujol (2011). Síndrome da desarmonia corporal Machado et al. (2011, p. 472) explicam que: O conjunto de alguns dos problemas de beleza corporal é denominado síndrome da desarmonia corporal (SDC) e inclui a presença do fibroedema geloide (FEG), da adiposidade localizada, do aumento de gordura corporal total e da flacidez muscular, que frequentemente estão associados e, por isso, os tratamentos estéticos não devem considerar esses fenômenos isoladamente, a fim de promover ou manter a harmonia corporal. 151 NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA Hidrolipodistrofia (celulite) O termo celulite foi utilizado na década de 70 para designar uma certa aparência da pele e aparecia frequentemente no meio médico e na imprensa leiga. Alguns outros termos são utilizados para designar a celulite, na tentativa de adequar o nome às alterações histomorfológicas encontradas: fibro edema geloide, lipoesclerose nodular, hidrolipodistrofia ginoide, paniculopatia edemato-fibroesclerótica e paniculose (BACELAR; VIEIRA, 2006, p. 441). A etiologia da celulite é considerada multifatorial, no entanto pode ser dividida em fatores: predisponentes, determinantes e condicionantes. • Fatores predisponentes: são aqueles que possivelmente originam a celulite. Pode aparecer mais de um ao mesmo tempo, são eles: genético, idade, sexo e desequilíbrio hormonal. — Genético: são fatores fornecidos pela presença de genes múltiplos com capacidade de expressão na pele do tecido celular subcutâneo de certas regiões, dependendo de uma aptidão individual à capacidade de resposta. — Idade: com o passar dos anos há um aumento natural do tecido adiposo, sobretudo nas mulheres. Esse tecido adiposo excedente tende a se depositar nos braços, quadris, glúteos e coxas. — Sexo e desequilíbrio hormonal: maior incidência nas mulheres, pois apresentam um número duas vezes maior de adipócitos do que os homens, além de estarem diretamente ligadas ao estrógeno, principal hormônio presente sobre fator do equilíbrio hormonal. — Uma pessoa que tem fator predisponente para celulite também pode ser influenciada pelo meio, ou seja, por um fator determinante. • Fatores determinantes: os principais fatores são: — Sedentarismo: a falta de exercícios físicos reduz o consumo de energia pelo corpo, o que facilita as sobras alimentares que serão transformadas em gorduras. Também ocorre uma diminuição da massa magra seguida por um aumento da massa gorda, levando ao aumento da flacidez na pele. — Maus hábitos alimentares: comer mais que o necessário, assim como dietas ricas em gorduras ou carboidratos ou maus hábitos alimentares (comer muito à noite e não comer de dia, por exemplo) aumentam a síntese e o armazenamento de gorduras, favorecendo a celulite. — Constipação intestinal: quando o material fecal fica retido mais tempo nos intestinos, ocorre o crescimento das colônias de bactérias patogênicas e a redução das bactérias intestinais normais. As bactérias patogênicas geram a decomposição do material fecal e a liberação de substâncias tóxicas indesejáveis, levando à constipação. 152 Unidade IV — Tabagismo: favorece o aparecimento de celulite ou o seu aumento, principalmente por alteração na microcirculação, diminuição da oxigenação tecidual e aumento da formação de radicais livres. — Excesso de peso: também está correlacionado com o aparecimento de celulites; por esse motivo, manter um peso adequado, realizar uma alimentação balanceada e realizar atividade física regularmente garantem uma diminuição do aparecimento das celulites. • Fatores condicionantes: são aqueles que, a partir de fatores predisponentes e determinantes, podem gerar percepções hemodinâmicas em locais que favorecem o aumento das celulites, podendo ser definidos com: aumento da pressão capilar, acúmulo de tecido adiposo, dificuldade de reabsorção linfática e aumento da permeabilidade capilar, com favorecimento da transudação linfática nos espaços intersticiais (SCHNEIDER, 2009). A dieta tem como objetivo a redução do tecido adiposo, melhorar a função intestinal e diminuir a retenção hídrica. Deve ser rica em fibras, frutas e vegetais, cereais complexos (integrais). Perder peso também pode ser um aliado ao tratamento. Quadro 18 – Alimentos que auxiliam no tratamento da celulite Componentes da dieta Atuação Fonte Fibras insolúveis Fibras solúveis Atuam na prevenção de doenças intestinais como constipação, hemorroidas e câncer de colón Contribuem na prevenção e no tratamento da obesidade e na regulação da glicemia Cereais integrais, leguminosas, hortaliças com talos e frutas com casca Prebióticos Ativam a microflora intestinal, favorecendo o bom funcionamento do intestino Extraídos de vegetais como: raiz de chicória e batata yacon Probióticos Favorecem as funções gastrointestinais e atuam no crescimento das bactérias benéficas ao organismo (bifidobactérias e lactobacilos) Leites fermentados, iogurte e outros produtos lácteos fermentados Potássio Atua na regulação e equilíbrio dos líquidos corporais Damasco, uva passa, tâmara, verduras e legumescrus Ferro Ajuda no combate à celulite por favorecer a oxigenação do sangue Carnes, vísceras, gema de ovo, leguminosas, vegetais verde-escuros, açaí Ômega-3 Melhora a circulação, auxilia no combate às reações inflamatórias e protege os vasos sanguíneos Salmão, bacalhau, sardinha, atum e semente de linhaça Fitoestrógenos Compostos bioativos - possuem propriedades semelhantes aos hormônios (estrogênio) Soja e derivados Polifenóis Protegem os vasos sanguíneos, combatem os radicais livres e auxiliam no combate a celulite Frutas vermelhas arroxeadas conhecidas como berries, uvas, frutas cítricas, chá verde, romã Chás desintoxicantes Auxiliam na queima de gordura corporal e amenizam a celulite. É diurético e eliminador de toxinas Chá de salsa parrilha, de dente de leão, de alecrim e chá verde Chás anticelulíticos São diuréticos e ajudam a eliminar as toxinas O ideal é diversificar, para que o organismo não crie hábitos e o chá deixe de fazer efeito Chá de cavalinha, castanha da Índia e chá de menta, chá dente de leão, chá de limão, chá verde etc. Hidratação Favorece as trocas celulares, o transporte de nutrientes pelo organismo e a destoxificação por meio da urina Água, sucos naturais etc. Adaptado de: Schneider (2009). 153 NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA Para combater a celulite, devemos evitar os seguintes alimentos: • Doces: levam ao aumento da reserva de gordura, favorecendo o aparecimento da celulite. • Gorduras: desencadeiam processos inflamatórios na pele e provocam um acúmulo de gordura. • Cafeína: leva à desidratação do organismo. Quando em excesso, prejudica a circulação. • Sódio: pode levar à retenção de líquidos, influenciando formação de celulite. O ideal é não consumir mais 2 g de sódio por dia (1 colher de chá). Leia os rótulos. • Álcool: pode prejudicar a circulação sanguínea e causar retenção de líquidos. Além disso, o álcool é automaticamente transformado em gordura. Observação A dieta adequada para prevenção da celulite deve ser rica em alimentos de baixo índice glicêmico, frutas, vegetais (ricos em fibras alimentares e prebióticos), leite e derivados (ricos em probióticos) e alimentos anti-inflamatórios e antioxidantes. Alopecia O cabelo é uma fibra morta que tem a função de proteger o couro cabeludo. É composto de queratina e proteínas, as quais têm a finalidade de mantê-lo macio e hidratado. Conforme o tempo e diversos fatores, o cabelo passa por transformações causando danos físicos e químicos que comprometem a beleza dos fios. A alopecia areata (AA) é uma afecção crônica dos folículos pilosos e das unhas, de etiologia desconhecida, provavelmente multifatorial com evidentes componentes autoimunes e genéticos. Determina queda dos cabelos e/ou pêlos, por interrupção de sua síntese, sem que ocorra destruição ou atrofia dos folículos, motivo pelo qual pode ser reversível (RIVITTI, 2005, p. 49). O crescimento capilar é um processo complexo que envolve a atividade do folículo piloso e seu ciclo. Durante a fase anágena hiperproliferativa, o folículo piloso precisa de um equilíbrio fisiológico para que o ciclo capilar se mantenha normal e os fios cresçam saudáveis. A perda de cabelos, ou alopecia, é uma consequência de alterações no folículo piloso. Se as alterações da matriz capilar forem transitórias e não destrutivas, ocorre um novo crescimento. Entretanto, se as 154 Unidade IV alterações provocarem a destruição da matriz, o resultado será a formação de escaras ou atrofia, que acaba por produzir alopecia permanente. O número total de folículos no homem adulto fica em torno de cinco milhões, sendo que um milhão encontra-se na cabeça e cem mil no couro cabeludo. O pelo compõe-se de uma parte livre, a haste, e uma porção intradérmica, a raiz. Ele apresenta três diferentes tipos de células epiteliais de dentro para fora da haste pilosa: medular, cortical e a cutícula. Os pelos cumprem um ciclo característico, em que se alternam períodos de crescimento e repouso. Eles não crescem de modo contínuo, estando sempre em constante modificação. As três fases de crescimento dos pelos são: 1. Anágena: o período de crescimento do cabelo, sendo intensa a divisão celular – as células dentro da raiz são ativas e o novo cabelo é formado. Este processo permanecerá ativo por de dois a seis anos no couro cabeludo. Essa fase corresponde de 80 a 90% dos fios, com uma taxa média de crescimento de um centímetro por mês. 2. Catágena: um período de transição, com divisão celular menos intensa. Os pelos diminuem seu tamanho até um terço, ficam mais superficiais. Este ciclo tem lugar ao longo de duas a três semanas e corresponde a cerca de 1% dos fios. Encerra o crescimento e a raiz do cabelo se desprende da papila. 3. Telógena: a fase de repouso e de eliminação, em que os fios estão mais superficiais. Duração de dois a três meses, corresponde de 10% a 20% dos fios. Nesta fase, o cabelo cai, sendo empurrado por um novo folículo que nasce no mesmo local. O número médio de fios de cabelos está em torno de 100 a 150 mil, a média de perda diária é de 50 a 100 fios nos adultos, e a de crescimento ao redor de 35 mm por dia. Os cabelos das mulheres crescem mais rápido do que os dos homens. O enfraquecimento dos fios de cabelos leva à alopecia. Suas causas são determinadas por muitos fatores, os quais podem incluir fatores genéticos e hormonais que irão determinar os tipos diversos de alopecia. Diversas causas podem levar à alopecia, como: algumas doenças autoimunes, de tipo lúpus ou crônicas, como a diabetes e o hipotireoidismo. Anemia e câncer também podem provocar a alopecia, mudanças hormonais bruscas, problemas emocionais e dietas rigorosas. A alopecia pode ser classificada em congênita e hereditária (cicatriciais e não cicatriciais) e alopecias adquiridas (cicatriciais e não cicatriciais). 155 NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA As principais etiopatogenias podem ser exemplificadas em: • Cicatriciais: — Por agentes físicos ou químicos. — Infecciosas: fúngica, bacteriana viral e protozoária. — Neoplasias: linfomas, tumores metastáticos e carcinomas. Dermatoses de origem incerta ou síndromes clínicas: pseudopeleda de Brocq, foliculite dissecante, lúpus eritematosos e sarcoidose. • Não cicatriciais: ―— Alopecia traumática: por pressão, tração e tricotilomania. — Alopecia difusas ou eflúvio telógeno: hormonal, nutricional, estresse fisiológico, drogas e doenças cutâneas locais. — Alopecia areata. Alopecia androgênica Queda de cabelo produzida pela ação dos hormônios andrógenos circulares. As duas principais causas da queda permanente dos cabelos são a hereditariedade e os hormônios masculinos. Ambos promovem a atrofia dos folículos (bulbos) capilares e aceleram a queda definitiva. Alopecia areata É uma doença caracterizada por uma queda de cabelo rápida, que normalmente ocorre na cabeça, mas que também pode acontecer em outras regiões do corpo que tenham pelos, como sobrancelha, barba, pernas e braços. Eflúvio telógeno É a queda difusa de cabelos e pelos do corpo que acontece quando os folículos anágenos (fase de crescimento) passam prematuramente, para a fase de descanso (telógenos) devido a diversos fatores como: estresse, doença crônica, nutrição deficiente e/ou dieta deficiência de ferro, drogas e cirurgias (anestesia). As três alopecias citadas anteriormente podem estar associadas às questões nutricionais. A deficiência de nutrientes retarda a fase de crescimento (anágena) e acelera a fase de descanso (telógena) levando à queda de cabelo. 156 Unidade IV Alguns nutrientes fazem parte dos fios de cabelos, como: proteínas (alfa-queratina), ferro, cobre, zinco, iodo, aminoácidos, lipídios e água. A ação da nutrição e dietética no sentido de identificar, prevenir e tratar a carência de deficiências nutricionais primárias ou secundárias estão relacionadas às unhas e aos cabelos, pois ambos são formados pelas proteínas fibrosas chamadas de queratina. A queratina compõe a camada exterior da pelee do cabelo. Qualquer tipo de deficiência de macronutrientes, especialmente a proteína e micronutrientes (ferro, vitaminas do complexo B, zinco e outros) irão afetar as unhas e o cabelo. De acordo com Schneider (2009) e Pujol (2011), as principais deficiências de nutrientes que promovem a queda dos cabelos são: • Proteínas: as proteínas do cabelo têm a forma espiralada (alfa-queratina) que dá sustentação ao cabelo, a qual fica imersa na matriz que é composta por células proteicas ricas em tirosina e pelas ligações químicas de hidrogênio. Pontes dissulfeto (S–S) e ligações iônicas, são responsáveis pela estabilidade estrutural, pela forma do cabelo e pela resistência mecânica dos fios. Cerca de 88% dos cabelos são compostos por proteínas, sendo que 27% dos aminoácidos que formam a estrutura da proteína dos cabelos são compostos pelos aminoácidos essenciais (fenilalanina, isoleucina, triptofano, metionina, leucina, valina, lisina e treonina) – uma deficiência nesses aminoácidos leva à diminuição da velocidade de crescimento dos cabelos com afinamento dos cabelos e influência na diferenciação dos cabelos. • Aminoácido cistina e cisteína: queratina é principal proteína do cabelo que tem a forma tridimensional de a-hélice (alfa-queratina), constituída de cerca de 15 aminoácidos, sendo os aminoácidos sulfurados (cisteína e cistina) os mais importantes pois atuam construção dos fios, que ajudam no desenvolvimento das cabelos e também contra a queda capilar. Cerca de 15% da proteína queratina é composta pelos aminoácidos cisteína e cistina, sendo importantes também para a pele e cabelo. Fontes alimentares: carne bovina, clara de ovo, peixe, carne suína, oleaginosas, leguminosas, leite e derivados. • Colágeno hidrolisado: encontra-se na estrutura dos tecidos conjuntivos, cartilaginosos e fibrosos, como pele, ossos, tendões, dentes, vasos sanguíneos, unhas, cabelos etc. O colágeno hidrolisado associado com os aminoácidos sulfurados e com o silício tem demonstrado benefícios ao cabelo como: estímulo ao crescimento e desenvolvimento dos fios com maior diâmetro. Fontes alimentares de colágeno: gelatina e carnes, ossos, cartilagens, tendões de carne, frango e peixe, geleia de mocotó. Fontes alimentares trigo, aveia, arroz, banana e feijão. • Zinco: é um fator de crescimento e desenvolvimento do cabelo. Sua deficiência pode causar cabelos finos, quebradiços, sem brilho e avermelhado. No tratamento da alopecia o zinco também é utilizado com a finalidade de atuar na síntese das proteínas e na conversão dos hormônios tireoidianos, sendo a alteração desses uma das causas de alopecia. Fontes alimentares: carnes 157 NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA bovinas, de frango e peixe, camarão, ostras, fígado, grãos integrais, castanhas, cereais, legumes e tubérculos, leite e derivados, ostras, marisco, cereais, nozes e feijão. • Ferro: é um mineral importante para a saúde do cabelo, pois sua deficiência, mesmo na ausência da anemia, está associada à queda difusa de cabelos. Como diagnóstico e tratamento da queda de cabelos, frequentemente solicitam-se exames bioquímicos com ferritina, ferro sérico e hemograma. Manter os níveis de ferro auxilia na prevenção de queda de cabelo (eflúvio telógeno) e evita que ocorra o comprometimento da barreira capilar. Fontes alimentares: carne bovina, vísceras, feijão, beterraba, vegetais verde-escuros. • Biotina: é importante para o desenvolvimento do folículo piloso. Sua deficiência causa alopecia difusa e despigmentação dos cabelos. A biotina tem propriedade antioxidante, e atua na saúde da pele, dos cabelos e do sistema nervoso. A ingestão excessiva de álcool, café, ovo cru e antibióticos compromete os níveis de biotina e sua absorção no organismo. Fontes alimentares: ovos inteiros, fígado bovino, fígado de porco, rim bovino e fígado de galinha. • Vitamina B12: responsável pela ativação da síntese da queratina, promove a formação do caroteno, que é encarregado do crescimento, resistência e fortalecimento dos fios, do cabelo e das unhas. A deficiência da B12 gera um quadro de alopecia, engrisalhamento precoce, ressecamento cutâneo e fragilidade das unhas. O baixo consumo de vegetais, excesso de café, laxantes e antibióticos contribuem para sua deficiência. Fontes alimentares: alimentos de origem animal como: carnes em geral, fígado, ovos, peixes, produtos lácteos. • Selênio: mantém integridade de unhas e cabelos. Sua falta causa perda de cabelo e deixa as unhas frágeis e sujeitas a fungos. Como mineral antioxidante previne os danos aos folículos capilares causados pela poluição e raios UV. O selênio é utilizado no tratamento de caspa e seborreia e associado à higiene da parte córnea do couro cabeludo. Sua deficiência pode causar clareamento dos cabelos e miopatia, entretanto, com uma suplementação adequada existe a possibilidade da recuperação da cor dos cabelos e cura da miopatia. Fontes alimentares: castanha do Pará (principal fonte), cogumelos, frutos do mar, fígado, leveduras, cereais e espécies crucíferas como mostarda, repolho, brócolis e couve-flor. • Água: importante para o cabelo e pele. A cutícula do fio dos cabelos tem a função importante na retenção de água no cabelo, sendo que os aminoácidos sãos responsáveis por hidratar a cutícula. As características de um cabelo sem hidratação são a falta de brilho e o ressecamento dos fios. O cabelo, além de ser um adorno, tem a função de proteger a cabeça dos raios solares, o que é feito através da melanina presente nele, a qual é também responsável pela sua coloração. Os nutrientes citados anteriormente são elementos importantes na síntese e na qualidade da fibra capilar e podem ser obtidos de forma geral através de uma alimentação rica e diversificada enfatizando as proteínas e outros micronutrientes que atuam em conjunto. 158 Unidade IV Saiba mais Para conhecer mais sobre o assunto, leia: BRENNER, F. M.; SEIDEL, G.; HEPP, T. Entendendo a alopecia androgenética, Surg. Cosmet. Dermatol., Rio de Janeiro, v. 3, n. 4, p. 329-337, 2011. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/2655/265522077008. pdf. Acesso em: 7 set. 2020. 8 ALIMENTOS FUNCIONAIS Os alimentos funcionais são aqueles que, ao serem consumidos nas dietas, além de prover suas funções nutricionais, produzem alguns efeitos metabólicos e fisiológicos no organismo. Estes é que vêm sendo estudados, principalmente nas patologias, como em casos de câncer, diabetes, hipertensão, mal de Alzheimer, doenças ósseas, cardiovasculares, inflamatórias e intestinais. Para que os alimentos funcionais sejam eficazes, é preciso que seu uso seja regular e também que isso esteja associado ao aumento da ingestão de frutas, verduras, cereais integrais, carne, bebida de soja e alimentos ricos em ômega-3. Na década de 1980, vigorosamente ligada à cultura alimentar oriental, quando a população acreditava no poder terapêutico da combinação de uma dieta balanceada e do poder das ervas, pesquisas apoiadas pelo governo japonês mostravam as potencialidades de alguns alimentos influenciarem as funções fisiológicas humanas. Como consequência desses resultados, o Ministério da Saúde e Bem-estar japonês estabeleceu uma categoria de alimentos para o uso dietético especial, que podiam associar o seu consumo a alguns efeitos benéficos de saúde em sua rotulagem. Esses alimentos foram denominados “foods for specified health use”, comumente conhecidos como FOSHU e definidos como qualquer alimento que cumpra a função de causar um impacto positivo na saúde, aumentar o desempenho físico ou melhorar o estado mental de um indivíduo, além da adição do seu valor nutritivo. Mas para poder descrever essas alegações nos rótulos dos produtos, os fabricantes necessitavam passar por uma análise e aprovação governamental, devendo atender a diversas exigências. Estas descrevem que o consumo do alimento deve exercer um efeito melhorador ou regulador de algum processo biológico ou mecanismo de prevenção a uma doença específica; ser um ingredienteou alimento convencional (não comprimidos ou cápsulas) e ser consumido como integrante de uma dieta normal. Na mesma época, a FDA permitia alegações de “redução de risco de doenças” em alimentos que contivessem evidência objetiva, comprovada publicamente e aceita por especialistas de correlações entre os nutrientes ou alimentos de uma dieta e os efeitos propostos. Em 1998 já havia onze correlações aprovadas entre os alimentos ou seus componentes e o controle de doenças, por exemplo, dietas com alto teor de cálcio e redução de osteoporose; baixo teor de gorduras saturadas, colesterol ou gordura; poliálcool e redução de cárie dentária; fibras solúveis e redução de doenças coronárias. 159 NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA Com a disseminação de informações sobre esses alimentos nos últimos anos, os termos “alimentos funcionais”, “nutracêuticos”, “farmaconutrientes” ou “integradores dietéticos” passam a ser utilizados indiscriminadamente, tanto no meio científico como no mercadológico e pela população em geral, para fazer referência a esse novo tipo de alimento. A FDA, nos Estados Unidos, possui uma categoria de produtos alimentícios similares à dos nutracêuticos no Canadá, a qual é denominada “alimento medicinal (medical food)”, definido como um alimento formulado para ser consumido ou administrado sob a supervisão de um médico, com o objetivo de promover uma dieta específica para uma doença ou condição para a qual necessidades nutricionais distintas, baseadas em princípios científicos reconhecidos, são estabelecidas após uma avaliação médica. Apesar de serem considerados alimentos, e sujeitos às mesmas normatizações dos convencionais, eles não possuem os requisitos legais de rotulagem referentes às alegações nutricionais ou de saúde. Os alimentos funcionais diferem dos nutracêuticos por serem formulados e processados para a alimentação parcial ou exclusiva de pacientes via oral ou enteral, que, devido a problemas terapêuticos ou de saúde, não têm condições normais de metabolização de uma dieta tradicional. Já em relação aos alimentos funcionais, os Estados Unidos não possuem uma definição específica ou regulamentação para eles, que são regulados no mesmo contexto dos alimentos convencionais pela FDA. No entanto, a organização estabeleceu três categorias de alegações relacionadas às propriedades funcionais dos alimentos, referentes à saúde, ao conteúdo de nutrientes e à estrutura ou funcionalidade. As alegações de saúde descrevem a relação entre um alimento, um componente dele ou um ingrediente de um suplemento dietético e a redução do risco de uma doença ou condição relacionada à saúde. Para poder apresentar essa alegação, é fundamental a existência de um componente específico relacionado ao controle de uma doença; afirmações sobre o papel de categorias genéricas, tais como frutas ou vegetais, sobre a saúde não são consideradas alegações de saúde, mas, sim, de orientação dietética. As alegações de conteúdo de nutrientes se referem à apresentação do teor de substâncias dietéticas ou nutrientes de um produto em si ou comparado a outro alimento, através de termos como “livre de”, “alto” e “baixo” ou “mais”, “reduzido” etc. Essas alegações só podem ser utilizadas para aqueles nutrientes ou substâncias dietéticas que possuam um valor estabelecido para a dose diária. As alegações de estrutura ou funcionalidade referem-se ao papel de nutrientes ou ingredientes dietéticos que afetam a estrutura normal ou funcional do corpo, como, por exemplo, quando se diz que cálcio é importante para o desenvolvimento de ossos fortes. Essas alegações também podem caracterizar como o componente atua sobre uma determinada função, como afirmar que fibras mantêm a regularidade do intestino ou antioxidantes mantêm a integridade celular. Esse mesmo tipo de alegação permite descrever um benefício relacionado a uma doença causada pela deficiência de um determinado nutriente, desde que seja informada a importância dessa doença. Podemos citar como exemplo o escorbuto, causado pela falta de vitamina C. Isso nos Estados Unidos. No Brasil, a situação da regulamentação de alimentos é ainda mais complexa do que em outros países do mundo (DUARTE, 2019, p. 72). 160 Unidade IV Segundo a Portaria n. 398/1999, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, podemos definir alimento funcional como: “alimento ou ingrediente que além das funções nutricionais básicas, quando consumido como parte de uma dieta habitual, possui efeitos metabólicos e/ou fisiológicos e/ou benéficos à saúde, devendo ser seguro para consumo em supervisão médica”. A Portaria SVS/MS n. 811/2013, do Ministério da Saúde, cita como compostos bioativos presente em alimentos com alegação de propriedade funcional: ômega-3, licopeno, luteína, zeaxantina, fibras alimentares: beta-glucana, dextrina resistente, frutooligossacarídeo (FOS), goma guar parcialmente hidrolisada, inulina, lactulose, polidextrose, psillium e quitosana; fitoesterois, polióis (manitol, xilitol e sorbitol), e cepas de probióticos que incluem Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus casei shirota, Lactobacillus casei variedade rhamnosus, Lactobacillus casei variedade defensis, Lactobacillus paracasei, Lactococcus lactis, Bifidobacterium bifidum, Bifidobacterium animallis (incluindo a subespecie B. lactis), Bifidobacterium longum e Enterococcus faecium e proteína de soja. A seguir, temos o resumo das alegações aprovadas pela Anvisa em relação aos alimentos funcionais. Ácidos graxos Quadro 19 – Alegações de propriedade funcional de ácidos graxos aprovadas pela Anvisa Ômega-3 Alegação Auxilia na manutenção de níveis saudáveis de triglicerídeos, desde que associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. Requisitos específicos Esta alegação somente deve ser utilizada para os ácidos graxos ômega-3 de cadeia longa provenientes de óleos de peixe (EPA – ácido eicosapentaenoico e DHA – ácido docosahexaenoico). O produto deve apresentar no mínimo 0,1 g de EPA e/ou DHA na porção ou em 100 g ou 100 ml do produto pronto para o consumo, caso a porção seja superior a 100 g ou 100 ml. Os processos devem apresentar laudo de análise, utilizando metodologia reconhecida, com o teor dos contaminantes inorgânicos em ppm: mercúrio, chumbo, cádmio e arsênio. Utilizar como referência o Decreto n. 55.871/65 (ANVISA, 1965), categoria de outros alimentos. No caso de produtos nas formas de cápsulas, tabletes, comprimidos e similares, os requisitos anteriormente mencionados devem ser atendidos conforme recomendação diária do produto pronto para o consumo conforme indicação do fabricante. A tabela de informação nutricional deve conter os três tipos de gorduras: saturadas, monoinsaturadas e poli-insaturadas, discriminando abaixo das poli-insaturadas o conteúdo de ômega-3 (EPA e DHA). No rótulo do produto deve ser incluída a advertência em destaque: “Pessoas que apresentem doenças ou alterações fisiológicas, mulheres grávidas ou amamentando (nutrizes) deverão consultar o médico antes de usar o produto”. Adaptado de: Anvisa (2014). 161 NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA Carotenoides Quadro 20 – Alegações de propriedade funcional de carotenoides aprovadas pela Anvisa Licopeno Alegação Tem ação antioxidante que protege as células contra os radicais livres. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. Requisitos específicos A quantidade de licopeno contida na porção do produto pronto para consumo deve ser declarada no rótulo, próximo à alegação. No caso de produtos nas formas de cápsulas, tabletes, comprimidos e similares, deve-se declarar a quantidade na recomendação diária do produto pronto para o consumo conforme indicação do fabricante. Apresentar o processo detalhado de obtenção e padronização da substância, incluindo solventes e outros compostos utilizados. Apresentar laudo com o teor do(s) resíduo(s) do(s) solvente(s) utilizado(s). Apresentar laudocom o grau de pureza do produto. Luteína Alegação Tem ação antioxidante que protege as células contra os radicais livres. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. Requisitos específicos A quantidade de luteína contida na porção do produto pronto para consumo deve ser declarada no rótulo, próximo à alegação. No caso de produtos nas formas de cápsulas, tabletes, comprimidos e similares, deve-se declarar a quantidade na recomendação diária do produto pronto para o consumo conforme indicação do fabricante. Apresentar o processo detalhado de obtenção e padronização da substância, incluindo solventes e outros compostos utilizados. Apresentar laudo com o teor do(s) resíduo(s) do(s) solvente(s) utilizado(s). Apresentar laudo com o grau de pureza do produto. Zeaxantina Alegação Tem ação antioxidante que protege as células contra os radicais livres. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. Requisitos específicos A quantidade de zeaxantina contida na porção do produto pronto para consumo deve ser declarada no rótulo, próximo à alegação. No caso de produtos nas formas de cápsulas, tabletes, comprimidos e similares, deve-se declarar a quantidade na recomendação diária do produto pronto para o consumo conforme indicação do fabricante. Apresentar o processo detalhado de obtenção e padronização da substância, incluindo solventes e outros compostos utilizados. Adaptado de: Anvisa (2014). 162 Unidade IV Fibras alimentares Quadro 21 – Alegações de propriedade funcional de fibras alimentares aprovadas pela Anvisa Fibras alimentares Alegação Auxiliam no funcionamento do intestino. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. Requisitos específicos Esta alegação pode ser utilizada desde que a porção do produto pronto para consumo forneça no mínimo 3 g de fibras se o alimento for sólido ou 1,5 g se for líquido. Na tabela de informação nutricional deve ser declarada a quantidade de fibras alimentares. No caso de produtos nas formas de cápsulas, tabletes, comprimidos e similares, esses requisitos devem ser atendidos na recomendação diária do produto pronto para o consumo conforme indicação do fabricante. Quando apresentadas isoladas em cápsulas, tabletes, comprimidos, pós e similares, a seguinte informação, em destaque e em negrito, deve constar no rótulo do produto: “O consumo deste produto deve ser acompanhado da ingestão de líquidos”. Beta-glucana Alegação Auxilia na redução da absorção de colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. Requisitos específicos Esta alegação pode ser utilizada desde que a porção do produto pronto para consumo forneça no mínimo 3 g de beta-glucana se o alimento for sólido ou 1,5 g se for líquido; aprovado para a beta-glucana presente na aveia. Na tabela de informação nutricional deve ser declarada a quantidade de beta-glucana, abaixo de “fibras alimentares”. Quando apresentada isolada em cápsulas, tabletes, comprimidos, pós e similares, a seguinte informação, em destaque e em negrito, deve constar no rótulo do produto: “O consumo deste produto deve ser acompanhado da ingestão de líquidos”. Dextrina resistente Alegação Auxilia no funcionamento do intestino. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. Requisitos específicos Esta alegação pode ser utilizada desde que a porção do produto pronto para consumo forneça no mínimo 3 g de dextrina resistente se o alimento for sólido ou 1,5 g se for líquido. No caso de produtos nas formas de cápsulas, tabletes, comprimidos e similares, os requisitos devem ser atendidos na recomendação diária do produto pronto para o consumo conforme indicação do fabricante. O uso do ingrediente não deve ultrapassar 30 g da recomendação diária do produto pronto para consumo, conforme indicação do fabricante. Na tabela de informação nutricional deve ser declarada a quantidade de dextrina resistente abaixo de “fibras alimentares”. Quando apresentada isolada em cápsulas, tabletes, comprimidos, pós e similares, a seguinte informação, em destaque, deve constar no rótulo do produto: “O consumo deste produto deve ser acompanhado da ingestão de líquidos”. 163 NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA Frutooligossacarídeo – FOS Alegação Contribui para o equilíbrio da flora intestinal. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. Requisitos específicos Esta alegação pode ser utilizada desde que a porção do produto pronto para consumo forneça no mínimo 3 g de FOS se o alimento for sólido ou 1,5 g se for líquido. No caso de produtos nas formas de cápsulas, tabletes, comprimidos e similares, os requisitos devem ser atendidos na recomendação diária do produto pronto para o consumo conforme indicação do fabricante. Na tabela de informação nutricional deve ser declarada a quantidade de frutooligossacarídeo abaixo de “fibras alimentares”. O uso do ingrediente não deve ultrapassar 30 g da recomendação diária do produto pronto para consumo, conforme indicação do fabricante. Quando apresentado isolado em cápsulas, tabletes, comprimidos, pós e similares, a seguinte informação, em destaque, deve constar no rótulo do produto: “O consumo deste produto deve ser acompanhado da ingestão de líquidos”. Goma guar parcialmente hidrolisada Alegação Auxilia no funcionamento do intestino. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. Requisitos específicos Esta alegação pode ser utilizada desde que a porção do produto pronto para consumo forneça no mínimo 3 g de goma guar parcialmente hidrolisada se o alimento for sólido ou 1,5 g se for líquido. No caso de produtos nas formas de cápsulas, tabletes, comprimidos e similares, os requisitos devem ser atendidos na recomendação diária do produto pronto para o consumo conforme indicação do fabricante; aprovado apenas para a goma guar parcialmente hidrolisada obtida da espécie vegetal. Na tabela de informação nutricional deve ser declarada a quantidade abaixo de “fibras alimentares”. Caso o produto seja comercializado na forma isolada, em sachê ou pó, por exemplo, a empresa deve informar no rótulo a quantidade mínima de líquido em que o produto deve ser dissolvido. Quando apresentada isolada em cápsulas, tabletes, comprimidos, pós e similares, a seguinte informação, em destaque, deve constar no rótulo do produto: “O consumo deste produto deve ser acompanhado da ingestão de líquidos”. Inulina Alegação Contribui para o equilíbrio da flora intestinal. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. Requisitos específicos Esta alegação pode ser utilizada desde que a porção do produto pronto para consumo forneça no mínimo 3 g de inulina se o alimento for sólido ou 1,5 g se for líquido. No caso de produtos nas formas de cápsulas, tabletes, comprimidos e similares, os requisitos devem ser atendidos na recomendação diária do produto pronto para o consumo conforme indicação do fabricante. Na tabela de informação nutricional deve ser declarada a quantidade abaixo de “fibras alimentares”. O uso do ingrediente não deve ultrapassar 30 g da recomendação diária do produto pronto para consumo conforme indicação do fabricante. Quando apresentada isolada em cápsulas, tabletes, comprimidos, pós e similares, a seguinte informação, em destaque, deve constar no rótulo do produto: “O consumo deste produto deve ser acompanhado da ingestão de líquidos”. 164 Unidade IV Lactulose Alegação Auxilia no funcionamento do intestino. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. Requisitos específicos Esta alegação pode ser utilizada desde que a porção do produto pronto para consumo forneça no mínimo 3 g de lactulose se o alimento for sólidoou 1,5 g se for líquido. No caso de produtos nas formas de cápsulas, tabletes, comprimidos e similares, os requisitos devem ser atendidos na recomendação diária do produto pronto para o consumo conforme indicação do fabricante. Na tabela de informação nutricional deve ser declarada a quantidade de lactulose abaixo de “fibras alimentares”. Quando apresentada isolada em cápsulas, tabletes, comprimidos, pós e similares, a seguinte informação, em destaque, deve constar no rótulo do produto: “O consumo deste produto deve ser acompanhado da ingestão de líquidos”. Polidextrose Alegação Auxilia no funcionamento do intestino. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. Requisitos específicos Esta alegação pode ser utilizada desde que a porção do produto pronto para consumo forneça no mínimo 3 g de polidextrose se o alimento for sólido ou 1,5 g se for líquido. No caso de produtos nas formas de cápsulas, tabletes, comprimidos e similares, os requisitos devem ser atendidos na recomendação diária do produto pronto para o consumo conforme indicação do fabricante. Na tabela de informação nutricional deve ser declarada a quantidade de polidextrose abaixo de “fibras alimentares”. Quando apresentada isolada em cápsulas, tabletes, comprimidos, pós e similares, a seguinte informação, em destaque, deve constar no rótulo do produto: “O consumo deste produto deve ser acompanhado da ingestão de líquidos”. Psillium ou psyllium Alegação Auxilia na redução da absorção de gordura. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. Requisitos específicos Esta alegação pode ser utilizada desde que a porção diária do produto pronto para consumo forneça no mínimo 3 g de psillium se o alimento for sólido ou 1,5 g se for líquido. No caso de produtos nas formas de cápsulas, tabletes, comprimidos e similares, os requisitos devem ser atendidos na recomendação diária do produto pronto para o consumo conforme indicação do fabricante. A única espécie já avaliada é o da Plantago ovata. Qualquer outra espécie deve ser avaliada quanto à segurança de uso. Na tabela de informação nutricional deve ser declarada a sua quantidade abaixo de “fibras alimentares”. Quando apresentada isolada em cápsulas, tabletes, comprimidos, pós e similares, a seguinte informação, em destaque, deve constar no rótulo do produto: “O consumo deste produto deve ser acompanhado da ingestão de líquidos”. Quitosana Alegação Auxilia na redução da absorção de gordura e colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. 165 NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA Quitosana Requisitos específicos Esta alegação pode ser utilizada desde que a porção do produto pronto para consumo forneça no mínimo 3 g de quitosana se o alimento for sólido ou 1,5 g se for líquido. No caso de produtos nas formas de cápsulas, tabletes, comprimidos e similares, os requisitos devem ser atendidos na recomendação diária do produto pronto para o consumo conforme indicação do fabricante. Os processos devem apresentar laudo de análise, utilizando metodologia reconhecida, com o teor dos contaminantes inorgânicos em ppm: mercúrio, chumbo, cádmio e arsênio. Utilizar como referência o Decreto n. 55.871/1965 (ANVISA, 1965), categoria de outros alimentos. Deve ser apresentado laudo de análise com a composição físico-química, incluindo o teor de fibras e de cinzas. Na tabela de informação nutricional deve ser declarada a sua quantidade abaixo de “fibras alimentares”. No rótulo deve constar a seguinte frase de advertência, em destaque: “Pessoas alérgicas a peixes e crustáceos devem evitar o consumo deste produto”. Quando apresentada isolada em cápsulas, tabletes, comprimidos, pós e similares, a seguinte informação, em destaque, também deve constar no rótulo do produto: “O consumo deste produto deve ser acompanhado da ingestão de líquidos”. Adaptado de: Anvisa (2014). Fitoesteróis Quadro 22 – Alegações de propriedade funcional de fitoesteróis aprovadas pela Anvisa Fitoesteróis Alegação Auxiliam na redução da absorção de colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. Requisitos específicos A porção do produto pronto para consumo deve fornecer no mínimo 0,8 g de fitoesteróis livres. Quantidades inferiores poderão ser utilizadas desde que comprovadas na matriz alimentar. A recomendação diária do produto, que deve estar entre 1 a 3 porções/dia, deve garantir a ingestão entre 1 a 3 gramas de fitoesteróis livres por dia. Na designação do produto deve ser incluída a informação “… com fitoesteróis”. A sua quantidade contida na porção do produto pronto para consumo deve ser declarada no rótulo, próximo à “alegação”. Os fitoesteróis referem-se tanto aos esteróis e estanóis livres quanto aos esterificados. Deve-se apresentar o processo detalhado de obtenção e padronização da substância, incluindo solventes e outros compostos utilizados. Apresentar laudo com o teor do(s) resíduo(s) do(s) solvente(s) utilizado(s). Apresentar laudo com o grau de pureza do produto e a caracterização dos fitoesteróis/fitoestanóis presentes. No rótulo devem constar as seguintes frases de advertência, em destaque: “Pessoas com níveis elevados de colesterol devem procurar orientação médica”. “Os fitoesteróis não fornecem benefícios adicionais quando consumidos acima de 3 g/dia”. “O produto não é adequado para crianças abaixo de cinco anos, gestantes e lactentes”. Adaptado de: Anvisa (2014). 166 Unidade IV Probióticos Quadro 23 – Alegações de propriedade funcional de probióticos aprovadas pela Anvisa Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus casei shirota, Lactobacillus casei variedade rhamnosus, Lactobacillus casei variedade defensis, Lactobacillus paracasei, Lactococcus lactis, Bifidobacterium bifidum, Bifidobacterium animallis (incluindo a subespécie B. lactis), Bifidobacterium longum, Enterococcus faecium Alegação O probiótico (indicar a espécie do microrganismo) contribui para o equilíbrio da flora intestinal. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. Requisitos específicos A quantidade mínima viável para os probióticos deve estar situada na faixa de 108 a 109 unidades formadoras de colônias (UFC), na recomendação diária do produto pronto para o consumo conforme indicação do fabricante. Valores menores podem ser aceitos, desde que a empresa comprove sua eficácia. A documentação referente à comprovação de eficácia deve incluir laudo de análise do produto que comprove a quantidade mínima viável do microrganismo até o final do prazo de validade e teste de resistência da cultura utilizada no produto à acidez gástrica e aos sais biliares. A quantidade do probiótico em UFC, contida na recomendação diária do produto pronto para consumo, deve ser declarada no rótulo, próximo à “alegação”. Os microrganismos Lactobacillus delbrueckii (subespécie bulgaricus) e Streptococcus salivarius (subespécie thermophillus) foram retirados da lista tendo em vista que, além de serem espécies necessárias para produção de iogurte, não possuem efeito probiótico cientificamente comprovado. Adaptado de: Anvisa (2014). As alegações funcionais consistem na manutenção de níveis saudáveis de triglicerídeos, ação antioxidante que protege as células contra os radicais livres, além de auxiliar no funcionamento intestinal, no equilíbrio da flora intestinal, na redução da absorção de gorduras e colesterol – sempre enfatizando que o consumo desses compostos deve estar associado a uma alimentação equilibrada e a hábitos de vida saudáveis (VIZZOTTO; KROLOW; TEIXEIRA, 2010). O conceito de alimentos funcionais está intimamente relacionado ao conceito de nutracêuticos, o que leva a indústria farmacêutica e cosmética a atuar de forma imponente nesse cenário da nutrição e estética, estimulando a ingestão de compostos bioativos naforma de cápsulas com fins estéticos, tendo em vista que muitas das alegações funcionais contribuem com a redução dos distúrbios estéticos; por exemplo, o ômega-3 no caso de acne e celulite (COZZOLINO, 2016). Saiba mais Para saber mais sobre o assunto, leia: GUPTA, P. K.; MITAL, B. K.; GARG, S. K. Preparation and evaluation of acidophilus yogurt. Journal of Food Science and Technology, Mysore, v. 34, n. 2, p. 168-170, 1997. 167 NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA Lembrete A linhaça (Linum usitatissimum) é a maior fonte de ácidos graxo ômega-3 do Reino Vegetal. É estudada como uma possível aliada na redução de risco de doenças crônicas não transmissíveis (DNCT). Resumo Nesta unidade foram discutidas as principais enfermidades e situações estéticas que podem levar aos distúrbios na pele, cabelo, unha, envelhecimento precoce. Entre os fatores ambientais que atuam de forma negativa, podemos citar: estilo de vida, hábitos alimentares, tabagismo, sedentarismo e ganho de peso. Para o tratamento da acne, celulite e alopecia foram discutidas a importância do ômega-3 na diminuição da inflamação e na prevenção de hiperqueratinização dos folículos sebáceos e da redução do risco de acne. O zinco ajuda a reduzir a produção de sebo, as vitaminas A e B6 atuam na manutenção da pele e na queda do cabelo através da regulação dos hormônios andrógenos. Também foi apontada a importância dos alimentos antioxidantes, anti-inflamatórios e o consumo de alimentos de baixo IG no tratamento estético. Esses alimentos funcionam para proteger as células dos radicais livres, na formação de tecidos e na prevenção da flacidez e do envelhecimento precoce. Em todos os tratamentos descritos, foi mostrada a importância das proteínas e dos aminoácidos essenciais, como a cistina, que atua na construção dos fios de cabelo, unha e que ajudam no desenvolvimento e na síntese de novos tecidos agindo para garantir a sustentação e a elasticidade dos tecidos. Ao final, foi apresentada a importância dos alimentos funcionais que produzem efeitos benéficos à saúde, além de suas funções nutricionais básicas, podendo desempenhar um papel potencialmente benéfico na redução do risco de doenças crônicas degenerativas, como câncer e diabetes, entre outras. Para que seus benefícios sejam alcançados, é necessário que seu consumo seja regular. A maioria dos estudos apontam vegetais, frutas e cereais integrais como os principais alimentos que contêm grande parte dos componentes ativos presentes nos alimentos funcionais. Portanto, esperamos ter contribuindo para o entendimento do que é uma alimentação equilibrada e adequada em nutrientes e de como ela pode ser utilizada como tratamento complementar a técnica utilizada pelo profissional da Estética e Cosmética. 168 Unidade IV Exercícios Questão 1. (Enade 2019, adaptada) Durante a gestação, a mulher experiencia modificações fisiológicas e emocionais importantes, uma vez que o corpo materno se ajusta para possibilitar o crescimento do bebê. Com relação às alterações estéticas que acontecem durante a gravidez, avalie as afirmações a seguir. I – A oleosidade cutânea e a acne são alterações que surgem devido ao aumento da produção de sebo pelas glândulas sebáceas e de suor pelas glândulas sudoríparas, que, juntas, formam o manto hidrolipídico. II – O surgimento de melasma gestacional se deve ao aumento da progesterona e da relaxina, que, juntas, elevam a produção de melanina. III – O edema, frequente no período gestacional, decorre de fatores hormonais próprios desse período e também da compressão da veia cava inferior pelo volume do útero gravídico. IV – As estrias são decorrentes de alterações hormonais e do estiramento da pele, e, inicialmente, são vermelhas ou arroxeadas. É correto o que se afirma em: A) I e II, apenas. B) I e III, apenas. C) II e IV, apenas. D) III e IV, apenas. E) I, II, III e IV. Resposta correta: alternativa D. Análise das afirmativas I – Afirmativa incorreta. Justificativa: a oleosidade na pele e a acne na gravidez surgem pelo aumento dos níveis de progesterona – as alterações de hormônios sexuais são as causadoras da acne gestacional. 169 NOÇÕES DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA II – Afirmativa incorreta. Justificativa: a relaxina não está relacionada com o melasma gestacional. O melasma caracteriza-se pela hiperpigmentação melânica irregular, sendo a luz solar, a predisposição genética e as influências hormonais fatores etiológicos importantes. III – Afirmativa correta. Justificativa: o edema na gravidez ocorre por fatores hormonais (que aumentam a elasticidade das veias) e pela compressão da veia cava inferior pelo útero. IV – Afirmativa correta. Justificativa: as estrias gravídicas estão associadas com a modificação hormonal que ocorre na gestação, e se desenvolvem quando há estiramento da pele. No início são avermelhadas, evoluem para nacaradas, e se tornam esbranquiçadas. Questão 2. (Enade 2016, adaptada) Um esteticista é procurado por uma cliente de pele negra que deseja a suavização de algumas rugas da face e não quer se submeter a processos agressivos. O profissional sugeriu-lhe um plano de tratamento com a realização de peeling químico superficial com ácido glicólico 10%. Considerando essa situação, avalie as afirmativas a seguir e a relação proposta entre elas. I – A proposta de aplicação do ácido glicólico 10%, feita pelo esteticista, adequa-se à expectativa da cliente por ser um procedimento menos agressivo e indicado a esse fototipo cutâneo. PORQUE II – O uso do ácido glicólico 10%, bem como de outras formas de peelings não profundos, contribui para a eliminação das camadas mais superficiais da epiderme e, assim, estimula a renovação celular e a suavização das rugas. A respeito dessas afirmativas, assinale a opção correta. A) I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. B) I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. C) I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. D) I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. E) I e II são proposições falsas. Resposta correta: alternativa D. 170 Unidade IV Análise das afirmativas I – Afirmativa incorreta. Justificativa: o ácido glicólico não deve ser aplicado em peles com fototipo acima do nível III (classificação de Fitzpatrick de tipos de pele). O ácido glicólico pode fotossensibilizar a pele e agravar o dano. II – Afirmativa correta. Justificativa: o ácido glicólico é um alfa-hidroxiácido extraído da cana-de-açúcar que pode favorecer a biossíntese de glicosaminoglicanas dérmicas e outras substâncias responsáveis pela diminuição de rugas finas. O peeling com ácido glicólico ocasiona uma leve descamação da pele e promove o efeito de renovação celular. 171 FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 2 PALERMO, J. R. Bioquímica da nutrição. São Paulo: Atheneu, 2014. Adaptada. Figura 3 PALERMO, J. R. Bioquímica da nutrição. São Paulo: Atheneu, 2014. p. 75. Figura 4 PALERMO, J. R. Bioquímica da nutrição. São Paulo: Atheneu, 2014. Adaptada. Figura 6 PALERMO, J. R. Bioquímica da nutrição. São Paulo: Atheneu, 2014. p. 95. Figura 8 MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, R., J. L. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. 13. ed. Elsevier: Barcelona, 2012. p. 392. Figura 9 PHILIPPI, S. Pirâmide dos alimentos: fundamentos básicos da nutrição. Barueri: Manole, 2014. p. 19. Figura 10 ALMEIDA, J. C. et al. Revisão sistemática de dietas de emagrecimento: papel dos componentes dietéticos. Arq. Bras. Endocrinol. Metab., São Paulo, v. 53, n.5, p. 663-687, 2009. Disponível em: http:// www.scielo.br/pdf/abem/v53n5/20.pdf. Acesso em: 25 set. 2020. Adaptada. Figura 11 MUSSOI, T, D. Avaliação nutricional na prática clínica: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. p. 83. Figura 12 A) LOPES, A. L.; RIBEIRO, G. S. Antropometria aplicada à saúde e ao desempenho esportivo: uma abordagem a partir da metodologia ISAK. Riode Janeiro: Rubio, 2014. p. 80. 172 B) LOPES, A. L.; RIBEIRO, G. S. Antropometria aplicada à saúde e ao desempenho esportivo: uma abordagem a partir da metodologia ISAK. Rio de Janeiro: Rubio, 2014. p. 80. Figura 13 MUSSOI, T. D. Avaliação nutricional na prática clínica: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. p. 104. Figura 14 MUSSOI, T. D. Avaliação nutricional na prática clínica: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. p. 105. Figura 15 MUSSOI, T. D. Avaliação nutricional na prática clínica: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. p. 105. Figura 16 MUSSOI, T. D. Avaliação nutricional na prática clínica: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. p. 106. REFERÊNCIAS Textuais ALMEIDA, J. C. et al. Revisão sistemática de dietas de emagrecimento: papel dos componentes dietéticos. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, São Paulo, v. 53, n. 5, p. 663-687, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abem/v53n5/20.pdf. Acesso em: 20 jan. 2020. ALMEIDA, P. A.; PIRES, C. M. R. 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