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Princípios da Percepção Musical

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PRINCÍPIOS DA PERCEPÇÃO 
MUSICAL 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Alysson Siqueira 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
 Aproximadamente na segunda metade da gestação, após a vigésima 
semana, dá-se início à experiência auditiva do ser humano. A literatura diverge 
quanto ao momento exato do início dessa jornada, mas, de fato, assim que o 
aparelho auditivo do futuro bebê se encontra formado, informações sonoras de 
todo tipo passam a ser percebidas por ele. Não apenas os sons externos, 
incluindo estímulos musicais, que chegam até seu aparelho auditivo depois de 
percorrer os tecidos da mãe e o líquido amniótico, mas também os sons internos 
– do seu próprio corpo e de sua genitora. 
 A partir do nascimento, este e todos os outros sentidos passam a se 
desenvolver. O ato de ouvir, receber os sons passivamente, vai evoluindo para 
uma escuta ativa e focada em detalhes do complexo ambiente sonoro em que 
estamos inseridos. A música se destaca nesse processo, não como única 
protagonista, mas com sons particularmente diferenciados e organizados com 
as mais diversas propostas, como brincar, ninar, dançar, entre outras. 
 A percepção musical inicia, portanto, no processo ativo da escuta – em 
concentrar-se nos detalhes, entender, analisar e reproduzir estruturas sonoras 
musicais. Para compreendermos melhor essa atividade, no Tema 1 iniciaremos 
compreendendo os mecanismos de percepção sonora do ser humano. Nos 
próximos quatro temas, abordaremos a percepção das características do som: 
intensidade, duração, altura e timbre. Todos esses assuntos serão tratados com 
duplo objetivo: fomentar a percepção do leitor e fornecer material teórico-prático 
para utilizar na atividade docente. 
TEMA 1 – COMO PERCEBEMOS O SOM? 
 Diferentemente da visão, em que precisamos abrir as pálpebras e 
direcionar nosso olhar para aquilo que desejamos ver, a audição não requer uma 
intencionalidade explícita para que os sons sejam percebidos. Nosso aparelho 
auditivo, salvo em algumas exceções, está sempre disponível. 
 Por outro lado, os dois sentidos atuam de forma semelhante em relação 
à intencionalidade. Ao abrir os olhos, é possível enxergar diversos objetos, 
paisagens e pessoas, entretanto costumamos nos ater a detalhes e olhar apenas 
aquilo que nos interessa, ou, nas palavras de Laplantine (2002, p. 18): 
 
 
 
3 
Olhar em francês é regarder, palavra forjada na Idade Média e cujo 
sentido permanece até hoje. Regarder, como olhar, é guardar de 
novo, ficar de guarda, tomar conta de manifestar interesse por prestar 
atenção, consideração, vigiar. O olhar demora no que vê. 
O mesmo acontece com a audição. Ouvir corresponde a uma atitude 
passiva, independente da intenção, própria das pessoas que possuem o aparato 
auditivo em funcionamento, ao passo que escutar é o ato intencional de se 
concentrar em detalhes dentre o todo sonoro no qual estamos imersos. Quando 
estamos em uma palestra, por exemplo, escutamos a fala do palestrante, 
enquanto ouvimos passivamente vários outros sons, como o ruído do projetor e 
do computador, o som das pessoas se movendo na sala, o som do trânsito na 
rua, entre outros. Embora todos esses sons estejam presentes, nossa percepção 
está direcionada à palestra. 
 É justamente essa escuta ativa e direcionada que precisamos ativar para 
a percepção musical e, por essa razão, vamos compreender seu funcionamento. 
1.1 O ouvido humano 
 O ouvido, chamado também de orelha, é o órgão responsável pela 
audição. É importante entendermos o seu funcionamento, sobretudo os aspectos 
que irão influenciar direta ou indiretamente na escuta musical. 
 O sistema auditivo humano é dividido em duas grandes partes: 
1.1.1 Sistema auditivo periférico 
É no sistema auditivo periférico que ocorrem os processos mecânicos de 
captação das vibrações e conversão em impulsos elétricos, e o central, no qual 
acontece a interpretação desses sinais elétricos. Esse sistema é dividido em três 
partes, como podemos ver na figura a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
Figura 1 – Sistema auditivo periférico 
 
 
Fonte: Wikipedia, 2019. 
 
 O primeiro contato do som com o sistema auditivo humano é através do 
ouvido externo. A orelha, ou pavilhão auditivo, tem sua anatomia projetada para 
a captação das vibrações sonoras que seguem pelo tubo auditivo externo até 
chegar ao ouvido médio. 
 O ouvido médio é constituído, primeiramente, pela membrana timpânica, 
ou tímpano. Essa membrada capta o som de maneira similar a um microfone. A 
vibração é transmitida a um conjunto de três ossículos auditivos chamados de 
martelo, bigorna e estribo, que irá conduzir o impulso até o ouvido interno. 
 Até este ponto, o processo é totalmente mecânico, com a transmissão das 
vibrações pelas estruturas dos ouvidos externo e médio. É no ouvido interno que 
ocorre a transformação desses impulsos vibratórios em sinais elétricos. O 
principal elemento com essa função é a cóclea – estrutura em forma de caracol 
que capta e transforma som em sinal elétrico. O processo dentro da cóclea 
acontece de maneira localizada, sendo que os sons mais agudos são 
 
 
5 
processados nas regiões mais externas e os mais graves são processados na 
parte mais interna – fenômeno chamado de tonotopia. 
 Saindo da cóclea, o nervo vestibulococlear, ou nervo auditivo, conduz os 
impulsos elétricos até o sistema auditivo central. 
1.1.2 Sistema auditivo central 
No sistema auditivo central acontecem diversos fenômenos, em 
diferentes estruturas do cérebro, resultando na interpretação dos sinais elétricos 
produzidos pelo sistema periférico como som. 
Os sinais elétricos percorrem as estruturas cerebrais mantendo a 
organização tonotópica, ou seja, sons graves e agudos seguem seu percurso 
por filamentos nervosos próprios. 
 É no cérebro também que são interpretadas outras características do 
som, como a localização espacial da fonte sonora, a análise de sons complexos, 
a junção das informações provenientes dos dois ouvidos, a decodificação das 
informações sobre o som (intensidade, duração e altura), além de outras 
decodificações necessárias para a compreensão linguística e musical. 
 O ponto final do sistema auditivo é o córtex cerebral. Nesse ponto, as 
informações já completamente decodificadas estão prontas para dialogar com 
outras regiões e funções cerebrais, dentre as quais está a memória – essencial 
para a percepção musical. 
1.2 Escuta tridimensional 
 O fato de termos dois ouvidos dispostos em lados opostos de nosso crânio 
é o que permite a localização tridimensional do som. Vimos que essas 
informações são decodificadas no sistema auditivo central e sabemos que essa 
percepção é essencial para a vida humana, já que nos permite localizar, dentre 
tantos sons, perigos eminentes. 
 Porém, todo esse processo fisiológico da audição que descrevemos até 
aqui representa aquilo que já definimos como ato passivo de ouvir. O sistema 
auditivo capta e processa os sons independentemente da nossa vontade. Mas 
quando nos concentramos em escutar determinados sons, particularmente 
quando estes compõem uma música, há, essencialmente três parâmetros, ou 
propriedades sonoras, que nos permitem qualificar e classificar os sons. 
 
 
6 
 A primeira dessas propriedades sonoras é a intensidade. Relacionada 
com a quantidade de energia da vibração do ar (ou outro meio de propagação), 
a altura nos permite classificar os sons entre os mais fracos, aqueles que 
conseguimos minimamente perceber, e os mais fortes, aqueles que ultrapassam 
o limiar da dor, ou seja, que provocam dores no ouvido. Entre os mais fortes e 
os mais fracos existe uma infinidade de intensidades que aprendemos a 
escalonar conforme nossa percepção se torna mais aguçada. 
 Outra propriedade é a duração que, como o próprio nome indica, significa 
o tempo que se passa entre a produção do som e sua extinção. Os de menor 
duração são chamados de curtos eos de maior duração são os longos. A 
exemplo da intensidade, entre sons curtos e longos há uma infinidade de 
durações cuja percepção também aguçamos ao longo do tempo. 
 Por fim, a terceira propriedade é a altura, que está relacionada à 
frequência de vibração da onda sonora. Sem entrar em maiores desdobramentos 
sobre acústica, podemos dizer que a onda sonora faz o ar (ou outro meio de 
propagação) vibrar. Essa vibração ocorre a uma determinada quantidade por 
segundo – o que chamamos de frequência, cuja unidade de medida é o hertz 
(Hz). Um som que faz o ar vibrar 100 vezes por segundo tem frequência de 100 
Hz. Outro, cuja vibração é de 200 ciclos por segundo, tem frequência de 200 Hz. 
O segundo som é mais agudo que o primeiro, que o mais grave entre os dois. 
Para explicar essa percepção entre graves e agudos, é comum utilizarmos 
recursos sinestésicos, como associar o grave à palavra grosso e o agudo à 
palavra fino. É comum também chamarmos sons graves de baixos e agudos de 
altos. 
Saiba mais 
Sinestesia é a prática de relacionar a percepção de um sentido, no caso 
a visão ou o tato, com parâmetros de outro, no caso a audição 
 Assim, quando falamos em escuta tridimensional, nos referimos a estas 
três dimensões do som: intensidade, duração e altura. É possível considerar uma 
quarta: o timbre, que confere a identidade a cada som. Devido a essa 
propriedade, podemos identificar, por exemplo, se a mesma nota musical foi 
produzida por um piano, uma flauta ou um violino. Porém, para compor um 
 
 
7 
timbre, é necessária uma associação entre altura, intensidade e duração, sendo, 
portanto, ele mesmo tridimensional. 
 Embora consideremos apenas três dimensões da escuta sonora, a seguir 
iremos tratar da percepção de cada uma delas e também do timbre, por se tratar 
de uma propriedade do som essencial para a estruturação musical. 
TEMA 2 – PERCEBENDO A INTENSIDADE 
A quantidade de energia presente nos sons determina sua intensidade, a 
qual é transmitida proporcionalmente à membrana timpânica. Perceber e 
diferenciar sons fracos de fortes é um processo natural. Ao ouvirmos um trovão, 
logo imaginamos se o raio caiu perto ou longe de acordo com a intensidade do 
som. Se alguém fala muito fraco, logo pedimos para falar mais forte. Mas a 
percepção da intensidade sonora que desejamos tratar é relativa à música. 
Antes, porém, é preciso desenvolver alguns conceitos. 
É comum que as pessoas peçam às outras para falarem mais alto ou mais 
baixo. Como vimos no tema anterior, a noção de alto e baixo está relacionada à 
altura sonora, porém erroneamente a relacionam com a intensidade. A confusão 
se deve a uma outra grandeza que se utiliza para medir a intensidade sonora: o 
volume. Todos os equipamentos eletrônicos de reprodução sonora possuem 
este botão, e aumentar e diminuir o volume significa deixar o som mais forte ou 
mais fraco. Faz sentido, portando, escutar música com volume alto ou baixo, 
porém o som será forte ou fraco. Clarear essa confusão é uma das primeiras 
missões do educador musical com relação à intensidade. 
A seguir, traremos algumas alternativas para o seu desenvolvimento 
neste quesito e estratégias para ensinar a percepção da intensidade. 
2.1 Escuta da intensidade sonora 
Embora a percepção da intensidade inicialmente seja automática, 
buscamos aqui uma percepção intencional, que busca identificar, qualificar e 
classificar sons. Essa é a razão de aguçar essa percepção. Na sequência, 
sugerimos algumas atividades, as quais podem ser diretamente executadas ou 
servir de inspiração para a criação de outras. 
 
 
 
8 
2.1.1 Medindo a intensidade sonora 
A intensidade é medida em decibéis (dB), e o aparelho que faz essa 
medição é o decibelímetro. Há aplicativos gratuitos para celulares e tablets que 
simulam esses aparelhos. Sua primeira atividade como estudante de música 
será baixar um desses aplicativos e medir a intensidade de diversos sons do seu 
cotidiano. Será que o som da geladeira é mais forte que o do relógio de parede? 
Faça seus próprios questionamentos e comparações. Meça também os limites 
da sua voz. 
2.1.2 Classificando os sons do ambiente 
 Em todo ambiente em que estamos inseridos, diversos sons coexistem 
compondo aquilo que Schafer (1990) denomina “paisagem sonora”. Feche os 
olhos e se concentre nos sons que chegam até seus ouvidos. Determine quais 
são os mais fortes e os mais fracos. Reflita sobre como essa classificação de 
intensidade está relacionada com a distância da fonte geradora do som. Propor 
essa atividade com diversas pessoas ao mesmo tempo (em sala de aula, 
inclusive) pode gerar percepções diferentes e provocar debates enriquecedores. 
2.1.3 Classificando a intensidade de instrumentos 
 Utilizar material reciclável para produzir som é alternativa sustentável para 
as aulas de musicalização. A sugestão é produzir diversos chocalhos com potes 
do mesmo enlatado, como os de vegetais em conserva (milho, ervilha, etc.) ou 
os de extrato de tomate. Dentro de cada um deles colocaremos materiais 
diferentes, como arroz, feijão, milho, pedaços de borracha, clipes, pedras, 
chumbinhos de pesca e outros, de acordo com sua criatividade. Peça para os 
alunos fecharem os olhos. Toque os chocalhos um por vez e peça para 
identificarem o mais forte e o mais fraco. Depois, peça para que o grupo coloque 
os chocalhos enfileirados em ordem: do que produz o som mais fraco ao de 
maior intensidade sonora. Guarde o material, pois ele será útil para outras 
atividades de percepção. 
 
 
 
9 
2.2 Experimentando a intensidade sonora 
A percepção sonora é uma via de duas mãos. Ao mesmo tempo que 
refinamos nossa escuta, devemos aguçar nossa capacidade de reproduzir esses 
sons, seja com o próprio corpo, seja com o auxílio de objetos, entre os quais, os 
instrumentos musicais. Essa é a finalidade das atividades que seguem. 
2.2.1 Regendo e reagindo com a intensidade 
Escolha uma música com bastante variação de intensidade, por exemplo, 
sinfonias de Beethoven e obras de Wagner. Coloque-a para reproduzir em um 
bom aparelho de som. Você vai reger apenas a intensidade da música com uma 
das mãos. Na verdade, será uma regência reativa, ou seja, ao perceber as 
mudanças de intensidade, sua mão irá reagir. O gestual mais comum para 
realizar esta atividade consiste em posicionar uma das mãos na horizontal e 
movimenta-la para cima quando a intensidade aumenta e para baixo quando o 
som fica mais fraco. 
Depois de treinar individualmente, você pode experimentar com os alunos 
e seguir para a próxima atividade. 
2.2.2 Regendo a intensidade 
Nessa atividade, você pode utilizar os mesmos chocalhos produzidos no 
item 2.1.3. Distribua os instrumentos entre os alunos e demonstre que é possível 
produzir sons de diferentes intensidades de acordo com a amplitude e a 
velocidade do movimento. Depois peça para que todos toquem e demonstre 
como se rege a intensidade do som, da mesma forma descrita no item 2.2.1. 
Deixe que cada aluno experimente reger o grupo pelo menos uma vez. Essa 
atividade também pode ser executada com palmas, cantando ou com outros 
instrumentos musicais. 
2.2.3 Desenhando o som 
 Relacionar sons com símbolos gráficos é uma atividade comum e 
importante para a música – é leitura e escrita musical. Para introduzirmos as 
crianças nesse universo, podemos utilizar desenhos de formas que já sejam 
conhecidas por elas. Uma espiral, por exemplo, pode ser relacionada a um 
 
 
10 
determinado som vocal. Isso pode ser convencionado entre professor e alunos. 
Podemos, então, utilizar diversas folhas de papel, com uma espiral desenhada 
em cada uma delas. Cada desenho terá um tamanho diferente. A espiral menor 
será o comando para produzir o som mais fraco, e a maior para o mais forte. 
Assim, quando o professor mostrar uma espiral, os alunos deverão responder 
produzindo o som na intensidade correspondente ao tamanho do desenho.Há uma série de atividades que você pode pesquisar e desenvolver para 
a percepção da intensidade. Tome muito cuidado para não exagerar nos sons 
fortes, pois eles podem causar danos auditivos tanto nos alunos quanto nos 
professores. 
TEMA 3 – PERCEBENDO A DURAÇÃO 
Todo som é produzido por um movimento que provoca vibração no ar (ou 
em outro meio de propagação). Alguns movimentos são pontuais e produzem 
um som curto, como bater palma. Nesse caso, o som é produzido no exato 
instante em que a palma de uma mão encontra a outra, gerando um som de 
frações de segundo. Porém, se fizer um movimento similar com a palma de uma 
das mãos sobre a pele de um tambor, o som irá permanecer, embora mais fraco, 
por mais alguns instantes depois do golpe. Isso ocorre porque, após o 
movimento inicial, a pele do instrumento continua vibrando e, 
consequentemente, produzindo som. Assim também ocorre com o violão e o 
piano, cujas cordas seguem emitindo som logo após serem percutidas. Já com 
instrumentos de sopro, é possível sustentar o som por muito mais tempo, 
enquanto houver fôlego, e com praticamente a mesma intensidade inicial. 
Na música, há uma forma muito particular de quantificar essa duração, 
mas isso é assunto para a sequência dos estudos. Por hora, vamos nos ater em 
perceber e produzir sons curtos e sons longos. 
3.1 Escuta da duração sonora 
Antes de oferecermos à percepção uma unidade de medição de tempo 
própria da música, e distante de cronometrarmos a duração de eventos sonoros 
utilizando o Sistema Internacional de Medidas, queremos apenas desenvolver a 
noção intuitiva sobre sons curtos e longos. Com essa finalidade, trazemos 
algumas sugestões de atividades de escuta e de prática musical. 
 
 
11 
3.1.1 Classificando durações de instrumentos 
O professor de música, ao longo da sua profissão, acaba se tornando um 
colecionador de objetos sonoros e instrumentos musicais. Selecione alguns 
desses objetos e instrumentos e peça para os alunos os organizarem em ordem 
do que produz o som mais curto em diante. Algumas sugestões: sinos, tambores, 
instrumentos de corda, xilofone, metalofone etc. 
3.1.2 Classificando durações no mesmo instrumento 
Como já introduzimos, os instrumentos de sopro são bastante versáteis 
quanto à produção de sons de diversas durações. Nesse sentido, e também pela 
facilidade de acesso, o uso da flauta doce se torna protagonista para a educação 
musical. Se você ainda não toca um instrumento de sopro, a flauta doce é um 
excelente investimento. E essa é uma das primeiras atividades em que você 
pode utilizá-la. Escolha uma nota e toque-a com cinco durações diferentes. Peça 
para os alunos classificarem os sons mais longos e mais curtos. Essa atividade 
também pode ser executada com outros instrumentos que ofereçam controle da 
duração e mesmo com a voz. 
3.2 Experimentando a duração sonora 
Agora é hora de você e seus alunos praticarem a produção de sons de 
diferentes durações. 
3.2.1 Concurso do pulmão 
Peça para os alunos cantarem a vogal a, sem se preocupar ainda em 
estabelecer uma nota musical. Quem aguentar mais tempo ganha o prêmio som 
longo. Faça mais uma rodada para escolher vencedor do som médio-longo e 
repita o processo para premiar o médio, o médio-curto e o curto. Termine a 
atividade explicando que na música todos esses sons são importantes e, sendo 
assim, nessa atividade todos são vencedores. 
3.2.2 Contando passos 
 Essa atividade irá auxiliar também na introdução à noção de pulso em 
música. Forme um círculo e convide os alunos a marchar no mesmo lugar. 
 
 
12 
Vamos cantar as vogais a, i e u. O som do a deve durar quatro passos, do i, dois, 
e do u, um passo. Se você perceber que pode aumentar o nível de dificuldade, 
utilize todas as vogais e acrescente as durações ímpares, em passos. 
 Assim como no capítulo anterior, as possibilidades não se esgotam aqui. 
Você pode e deve pesquisar e desenvolver outras atividades para a percepção 
das durações. 
TEMA 4 – PERCEBENDO A ALTURA 
A percepção da altura do som é o que vai possibilitar ao estudante de 
percepção compreender escalas musicais, modos litúrgicos, notas musicais das 
melodias, harmonias, entre outros aspectos que estruturam a música que nós 
escutamos e produzimos. Entretanto, nesse estágio inicial, vamos dedicar nossa 
atenção à percepção mais elementar da altura, aquela que nos permite ordenar 
sons do mais grave ao mais agudo. Pensando nisso, sugerimos algumas 
atividades de escuta e de produção de diferentes alturas sonoras. 
4.1 Escuta da altura sonora 
Intuitivamente, nossa percepção de alturas sonoras é desenvolvida 
paralelamente ao desenvolvimento da fala. Tome como exemplo a frase “Eu sou 
inteligente”. Se começarmos a falar a frase numa região aguda e terminarmos 
no grave, ela soará como afirmação. Entretanto, se a fala seguir no sentido 
ascendente, em termos de altura, ela soará como interrogação. Essa melodia 
dia da fala é, portanto, importante para a comunicação, e sem domínio sobre ela 
não nos fazemos entender por completo. Há casos mais evidentes, como os das 
chamadas línguas tonais. Em certos idiomas, como no mandarim e no taiwanês, 
há significados diferentes para palavras compostas pelos mesmos fonemas, 
porém com alturas diferentes. Portanto, nos idiomas tonais ou não, aprendemos 
naturalmente a diferenciar sons graves e agudos. 
Mas precisamos ir além dessa noção empírica – talvez possamos utilizá-
la como aliada. Nosso objetivo é desenvolver uma percepção musical da altura, 
e é disso que iremos tratar nas sugestões de atividades que trazemos a seguir. 
 
 
 
13 
4.1.1 Encontrando os graves e agudos do ambiente 
Podemos utilizar a mesma ocasião da atividade do item 2.1.2 e pedir para 
os alunos encontrarem um som grave e um som agudo da paisagem sonora em 
que estão inseridos. Novamente teremos resultados diferentes e um debate 
sobre o assunto. É possível que associar o som grave à palavra grosso e o agudo 
à palavra fino seja proveitoso. Outra dica é que, ao mencionar a palavra grave, 
o professor use também uma voz grave, e que a voz aguda seja utilizada para 
entoar a palavra agudo. 
4.1.2 Classificando alturas musicais 
Se soprarmos uma garrafa de vidro posicionada perpendicularmente aos 
lábios, vamos obter um som com altura definida. Separe garrafas de diversos 
tamanhos e leve para a atividade. Toque cada uma delas e peça para os alunos 
identificarem as mais graves e mais agudas. Se houver muitas garrafas iguais, 
você também pode variar a afinação enchendo-as parcialmente com água. Com 
um pouco mais de tempo e paciência, você pode afinar as garrafas de acordo 
com uma escala musical. Mas isso não será necessário nesse estágio em que 
apenas buscamos a percepção elementar da altura sonora. 
4.1.3 Classificando alturas de ruídos 
A percepção de graves e agudos nem sempre necessita de sons com 
alturas definidas. Quando ouvimos ruídos, aqueles sons em que não se percebe 
uma altura sobressaindo, também temos a capacidade de ordená-lo entre outros 
do mais grave ao mais agudo. Utilize os chocalhos de latas produzidos para item 
2.1.3 e proponha aos alunos que ordenem as latas de som mais grave para o 
mais agudo. 
4.2 Experimentando a altura sonora 
Seguem algumas atividades para que você e seu aluno possam praticar 
a percepção de alturas sonoras. Um recurso tecnológico útil para demonstrar as 
diferenças de altura é o aplicativo de afinador. Desenvolvidos principalmente 
para instrumentos de corda que precisam ser constantemente afinados, os 
afinadores eletrônicos indicam com precisão a frequência do som que está sendo 
 
 
14 
produzido. Use como recurso ilustrativo, já que queremos desenvolver a 
percepção da altura e não uma precisão monitorada por aparelhos. 
4.2.1 Conversa sem palavras 
Essa é uma atividade que visa demonstrar a importância de utilizar a 
variação de alturas sonoras, chamada de entonaçãona fala. Crie uma situação 
hipotética, por exemplo, dois vizinhos se encontram no elevador e começam a 
conversar sobre o que fizeram no fim de semana. Junte os alunos dois a dois e 
promova um ensaio dessa conversa improvisada. Só mais uma regra: não pode 
usar palavras – apenas sílabas predeterminadas, como blá e ti, por exemplo. 
Depois do ensaio, convide os alunos para apresentar sua encenação. Não se 
esqueça de sempre puxar as palmas após cada uma delas. Ao término das 
apresentações, demonstre o quanto foi importante variar entre sons graves e 
agudos para simular uma conversa. 
4.2.2 Xilofone de garrafas 
 Já demonstramos que é possível afinar garrafas para obter a altura 
desejada. Depois de afinadas e devidamente ordenadas, é hora de propor um 
jogo. Além das garrafas, você precisará de uma colher para percuti-las e cartas 
de baralho. O professor deve começar percutindo a nota central. Em seguida, irá 
passar a colher para o próximo jogador, que irá tirar uma carta do baralho. Se a 
carta for vermelha, ele deverá tocar uma garrafa mais grave; se for preta, deverá 
tocar uma mais aguda. Se ele errar, está eliminado da rodada; se acertar, passa 
a colher para o próximo jogador. Se a última garrafa percutida for a mais grave 
e o próximo jogador tirar uma carta vermelha do baralho, este também será 
eliminado. O último que restar é o vencedor. 
 Muitos outros materiais alternativos podem ser utilizados em atividades 
para aguçar a percepção de altura, como tubos de pvc de diversos tamanhos, 
percutidos com as mãos ou chinelos de borracha e diversos instrumentos 
musicais. Use a criatividade para inventar ou modificar atividades. Crie seu 
próprio repertório. 
 
 
 
15 
TEMA 5 – PERCEBENDO O TIMBRE 
A percepção da altura do som é o que vai possibilitar ao estudante de 
percepção compreender escalas musicais, modos litúrgicos, notas musicais das 
melodias, harmonias, entre outros aspectos que estruturam a música que nós 
escutamos e produzimos. Entretanto, nesse estágio inicial, vamos dedicar nossa 
atenção à percepção mais elementar da altura, aquela nos permite ordenar sons 
do mais grave ao mais agudo. Pensando nisso, sugerimos algumas atividades 
de escuta e de produção de diferentes alturas sonoras. 
5.1 Escuta do timbre 
Caracterizar o timbre como a propriedade do som responsável pela 
identificação da fonte sonora é sua definição mais usual. Entretanto, o timbre 
também é importante para a identificação das vogais. Faça um exercício: escolha 
uma nota musical e, mantendo a mesma altura, cante todas as vogais. Você 
sustentou a mesma nota, com uma duração aproximadamente igual para cada 
som e uma intensidade também constante, e as modificações feitas no seu 
aparelho fonador influenciaram apenas no timbre do som. Portanto a nossa 
percepção de timbre é tão precisa que podemos modificar nossa voz a ponto de 
produzir sons tão particulares quanto os sons das vogais. Nossa percepção de 
timbre também é aguçada a ponto de diferenciarmos as vogais com precisão na 
maioria dos casos. 
A identificação, a associação e a produção de timbres são alguns dos 
principais elementos constituintes da música – motivo pelo qual nós, na condição 
de musicistas, devemos treinar e aguçar sua percepção. Seguem algumas 
sugestões de treinamento. 
5.1.1 Identificando as vozes 
Essa atividade funciona melhor quanto mais os colegas de turma se 
conhecem. Será necessário o uso de vendas e um espaço sem obstáculos. 
Coloque a venda nos alunos e os posicione espalhados na sala. Quando o 
professor tocar a cabeça de um aluno, este terá que dizer uma frase, por 
exemplo, “Quem sou eu?”. Os outros colegas tentam adivinhar de quem é aquela 
voz. Se quiser, pode ser feito um placar para saber qual aluno acertou mais. 
 
 
16 
5.1.2 Identificando instrumentos 
Leve alguns instrumentos para a aula e apresente cada um deles aos 
alunos. Conte sua origem, como se toca e em que tipo de música se usa. Em 
seguida, dê um tempo para as crianças manipularem cada um deles. Depois 
disso, peça para que todos virem de costas. Toque a mesma melodia conhecida 
em cada instrumento, por exemplo, “Marcha Soldado” ou “Atirei o pau no gato”. 
Peça para os alunos adivinharem em qual instrumento a melodia foi tocada. 
Sugestões de instrumentos: violão, escaleta, xilofone, metalofone, teclado, flauta 
doce e o instrumento que você toca. 
5.1.3 O segredo das latas 
Dando sequência à atividade com latas, iremos trabalhar o timbre. Toque 
as latas uma a uma e peça para os alunos adivinharem o que existe dentro de 
cada uma. Quando alguém acertar, abra a tampa e mostre o conteúdo. Faça 
considerações sobre como a natureza dos materiais provoca timbres diferentes 
ao bater na lata. 
Outras atividades envolvendo a apreciação musical podem extrair 
informações sobre os timbres, mas lembre-se sempre de que, antes de pedir 
para identificar um instrumento pelo seu timbre, os alunos devem minimamente 
conhecê-lo, mesmo que, para isso, seja preciso utilizar recursos audioviduais. 
5.2 Experimentando o timbre 
Produzir sons de intensidades, durações e alturas distintas é, em geral, 
mais simples do que produzir timbres diferentes. A voz é um instrumento versátil 
nesse quesito e, com ela, é possível criar uma série de atividades. Para produzir 
sons diferentes, são necessários instrumentos minimamente diferentes – o que 
nos leva a imaginar atividades de alto custo. Novamente, vamos recorrer ao 
material reciclável com alternativa viável e sustentável para a musicalização. 
5.2.1 Mudando a voz 
A atividade 4.2.1 pode sofrer uma variação para exercitar a produção de 
timbres diferentes com a voz. Em vez de não utilizar palavras, o critério passa a 
ser falar com estereótipos vocais, como: voz bebê, voz de palhaço, voz de bruxa 
 
 
17 
etc., mas sempre tomando o cuidado de não escolher estereótipos vocais que 
retratem preconceito, como voz de velhinha, por exemplo. O objetivo dessa 
atividade é demonstrar que podemos produzir diferentes timbres com a voz. 
5.2.2 Criando chocalhos 
 Construir instrumentos é uma maneira de criar timbres. Já falamos de 
chocalhos feitos de lata e preenchidos com diversos tipos de materiais. Podemos 
ampliar a diversidade de materiais e também o material da cápsula do 
instrumento. Cada aluno pode construir o seu escolhendo uma combinação de 
materiais. Em seguida, pode-se propor alguma atividade de percepção de 
timbres para que os alunos possam identificar o seu próprio chocalho apenas 
pelo som. 
 Por fim, é sempre possível criar atividades que trabalhem a percepção de 
mais de uma das dimensões (ou propriedades) do som. Um exemplo disso é o 
que propusemos a fazer com as latas. Mesmo assim, sempre deixe bem claro 
com qual parâmetro do som está trabalho em determinado momento: 
intensidade, duração, altura ou timbre. 
NA PRÁTICA 
O professor de música deve estar preparado para atuar além da sala de 
aula do ensino básico. Imagine que você foi convidado para ministrar uma oficina 
de duas horas para crianças do Ensino Fundamental 1 (primeiro ao quinto ano) 
que nunca tiveram aula de música. Seu objetivo é trabalhar as noções 
elementares de música que vimos neste capítulo. 
Se você ainda não teve a oportunidade de fazer um plano de aula, seguem 
algumas dicas sobre o que deve conter neste documento: 
 O plano de aula deve iniciar com as informações sobre a atividade: nome 
(aula, oficina, workshop etc.), local, data, horário, professor responsável, 
faixa etária dos alunos, tema da aula etc.; 
 Objetivos: o que você pretende desenvolver nessa aula; 
 Conteúdo: quais os conteúdos serão trabalhados; 
 Métodos ou estratégias: como você irá trabalhar os conteúdos para atingir 
os objetivos. Aqui você irá descrever as atividades; 
 
 
18 
 Recursos didáticos: materiais e outros recursos, como projetor, aparelho 
de som, vídeo, instrumentos musicais etc.; 
 Avaliação: como oprofessor irá avaliar o aprendizado do aluno. 
Capriche na atividade, compartilhe com colegas e tutores e, caso tenha a 
oportunidade, execute o plano. 
FINALIZANDO 
Esta aula trouxe noções fundamentais, com objetivo de fornecer uma 
base sólida para o desenvolvimento dos conteúdos. Desse modo, vimos que a 
percepção deve estar pautada numa escuta ativa e focada e não em 
simplesmente ouvir passivamente os sons que nos cercam. 
Compreendemos como funciona a audição humana, que os processos 
mecânicos estão atrelados aos ouvidos externo e médio e que a conversão para 
impulsos elétricos ocorre no ouvido interno. Todos esses elementos constituem 
o sistema auditivo periférico. No sistema auditivo central acontece a 
decodificação dos impulsos elétricos em informações sonoras. É no córtex 
cerebral que o som está totalmente decodificado e pronto para dialogar com 
outras regiões do cérebro, entre elas a memória, o que é fundamental para a 
percepção musical. 
Em seguida, demonstramos que o som pode ser compreendido em três 
dimensões: intensidade, altura e duração. Mencionamos ainda a possibilidade 
de uma quarta dimensão, que seria o timbre. 
Por fim, tratamos das especificidades de cada uma das propriedades 
sonoras e trouxemos exercícios de escuta e de experimentação para cada uma 
delas, com a finalidade de desenvolver a percepção de estudantes de música e 
dos alunos do futuro licenciado em música. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
LAPLANTINE, F. A descrição etnográfica. Tradução de João Manuel Ribeiro 
Coelho e Sergio Coelho. São Paulo: Terceira Margem, 2004. 
SCHAFER, M. O ouvido pensante. Tradução de Marisa Trench de O. 
Fonterrada (e outros). São Paulo: UNESP, 1990 
WIKIPEDIA. Oído medio. Wikipedia, 10 jul. 2019. Disponível em: 
<https://gl.wikipedia.org/wiki/O%C3%ADdo_medio>. Acesso em: 30 jan. 2020.

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