Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
26 Unidade II Unidade II 3 PADRONIZAÇÃO DAS NORMAS DE QUALIDADE Oliveira (2012) destaca que, em uma economia cada vez mais globalizada, caracterizada pela acirrada competitividade e por um ambiente altamente turbulento, a contínua busca da eficácia fez emergir nas empresas uma maior preocupação com a qualidade dos seus produtos em relação ao mercado consumidor. Ainda de acordo com o autor, é nesse cenário que as normas ISO 9000 têm sido objeto de atenção dos gestores. Diversos países reúnem-se em blocos econômicos para somar esforços e se ajudar mutuamente, de modo que possam competir com condições melhores nos mercados mundiais. As normas da série ISO 9000 surgiram como importante instrumento de referência para nivelamento dos sistemas produtivos de países integrantes de determinado bloco e também para regular o intercâmbio de mercadorias e serviços entre bloco econômico/bloco econômico, bloco econômico/país ou de país/país. 3.1 Conceito de padronização e padrões nas atividades das empresas De acordo com Silva (2017), a padronização é um elemento imprescindível para a garantia dos processos e da qualidade dos produtos. Segundo Campos (2004 apud SILVA, 2017, p. 25): “nas empresas modernas do mundo, a padronização é considerada a mais fundamental das ferramentas gerenciais. Na qualidade total a padronização é a base para a rotina (gerenciamento da rotina do trabalho diário)”. Silva (2017) coloca que, para entender a importância da padronização, devemos analisar os seguintes aspectos: Padronização para o cliente Padronização para a empresa Padronização para os processos Figura 6 Vejamos o que significa cada um desses itens, segundo Silva (2017): • Padronização para o cliente: consiste em produtos fabricados exatamente iguais, principalmente produtos de consumo frequente ou até mesmo peças de reposição. Temos como exemplo os diferentes tamanhos de embalagens de leite ou biscoitos, interruptores e 27 NORMAS DE QUALIDADE – AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO tomadas residenciais, pneus, botijão de gás de cozinha e uma infinidade de outros produtos. Sabemos que, aos olhos do cliente, padronização é sinônimo de qualidade. Figura 7 • Padronização para a empresa: significa utilizar sempre a mesma quantidade de insumos, o mesmo número de horas-homem e horas-máquina, a mesma quantidade de embalagens etc. O mais importante é a garantia de que o produto sofra a menor variabilidade de processo possível. Figura 8 • Padronização para o processo: significa garantir que um colaborador utilizará sempre a mesma rotina para montar/fabricar um produto. Isso reduz consideravelmente as falhas do processo, além de facilitar a rastreabilidade de algum desvio, caso ocorra. Figura 9 28 Unidade II Assim, a padronização é uma maneira de descrever como as atividades/rotinas devem ser executadas de uma forma simples e eficaz. Um exemplo que podemos citar sobre a falta de padronização é o caso da indústria de confecção brasileira, cujos tamanhos de referência, P, M e G, sofrem uma variação enorme. Para que isso não ocorra, determinada empresa pode adotar a padronização de seus processos como forma de se tornar mais competitiva em relação à concorrência. Mas, qual a diferença entre padronização e normalização? Na verdade, padronização consiste no processo de desenvolvimento e implementação de normas técnicas. Assim, a padronização tem como objetivo definir especificações técnicas que auxiliem na maximização, compatibilidade, reprodutibilidade, segurança ou qualidade de determinado processo, produto ou serviço. A definição da normalização, segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), consiste em: Atividade que estabelece, em relação a problemas existentes ou potenciais, prescrições destinadas à utilização comum e repetitiva com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem em um dado contexto. Consiste, em particular, na elaboração, difusão e implementação das Normas. A normalização é, assim, o processo de formulação e aplicação de regras para a solução ou prevenção de problemas, com a cooperação de todos os interessados, e, em particular, para a promoção da economia global. No estabelecimento dessas regras recorre-se à tecnologia como o instrumento para estabelecer, de forma objetiva e neutra, as condições que possibilitem que o produto, projeto, processo, sistema, pessoa, bem ou serviço atendam às finalidades a que se destinam, sem se esquecer dos aspectos de segurança. Norma é o documento estabelecido por consenso e aprovado por um organismo reconhecido, que fornece regras, diretrizes ou características mínimas para atividades ou para seus resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto. A norma é, por princípio, de uso voluntário, mas quase sempre é usada por representar o consenso sobre o estado da arte de determinado assunto, obtido entre especialistas das partes interessadas (ABNT, [s.d.]c). 29 NORMAS DE QUALIDADE – AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO Observação Padronização: técnica que busca a redução de variabilidade nos processos, descrevendo suas atividades sequencialmente para auxiliar em sua execução. Oliveira (2012) enfatiza que essas normas são acordos feitos entre duas partes (fornecedor e cliente) e possuem o papel fundamental de definir sob quais condições mínimas de gestão os produtos e serviços devem ser produzidos e comercializados, de maneira a se garantir sua padronização e, consequentemente, levar garantias de qualidade para os clientes. Já a ABNT ([s.d.]) coloca que o objetivo da normalização é o estabelecimento de soluções, por consenso das partes interessadas, para assuntos que têm caráter repetitivo, tornando-se uma ferramenta poderosa na autodisciplina dos agentes ativos dos mercados ao simplificar os assuntos e evidenciar ao legislador se é necessária regulamentação específica em matérias não cobertas por normas. Qualquer norma é considerada uma referência idônea do mercado a que se destina, sendo por isso usada em processos: de regulamentação, de acreditação, de certificação, de metrologia, de informação técnica e nas relações comerciais cliente-fornecedor. 4 NORMALIZAÇÃO COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO 4.1 Objetivos da normalização Segundo Oliveira (2014, p. 94 apud SILVA, 2017), a normalização “é a atividade que estabelece, em relação a situações existentes ou potenciais, recomendações destinadas à atualização comum e repetitiva com objetivo de obtenção do grau ótimo em um dado contexto”. Silva (2017) nos diz que a normalização faz parte das atividades diárias empresariais ou pessoais. As normas asseguram as características desejáveis de produtos e serviços, como qualidade, segurança, confiabilidade, eficiência, intercambiabilidade, bem como respeito ambiental – e tudo isso a um custo econômico. 30 Unidade II Os objetivos da normalização podem ser vistos na figura a seguir: Objetivos da normalização Comunicação Proteção do produto Eliminação de barreiras técnicas e comerciais Proteção do meio ambiente Compatibilidade Controle da variedade Segurança Intercambialidade Figura 10 Segundo Oliveira (2012), os objetivos têm como finalidade: • Economia: proporcionar a redução da crescente variedade de produtos e procedimentos. • Comunicação: proporcionar meios mais eficientes na troca de informação entre o fabricante e o cliente, melhorando a confiabilidade das relações comerciais e de serviços. • Segurança: proteger a vida humana e a saúde. • Proteção ao consumidor: prover a sociedade de meios eficazes para aferir qualidade aos produtos. • Eliminação de barreiras técnicas e comerciais: evitar a existência de regulamentos conflitantes sobre produtos e serviços em diferentes países, facilitando, assim, o intercâmbio comercial. Observação As barreiras técnicas são barreiras comerciais derivadas da utilização de normas ou regulamentos técnicos não transparentes ou não embasados em normas internacionalmenteaceitas ou, ainda, decorrentes da adoção de procedimentos de avaliação da conformidade não transparentes e/ou demasiadamente dispendiosos, bem como de inspeções excessivamente rigorosas. 31 NORMAS DE QUALIDADE – AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO Marshall Junior (2012) também destaca esses objetivos da normalização, segundo a ABNT. Quadro 2 Objetivo Significado Economia Proporcionar a redução da crescente variedade de produtos e procedimentos. Comunicação Proporcionar meios mais eficientes de troca de informações entre o fabricante e o cliente, melhorando a confiabilidade das relações comerciais. Segurança Proteger a vida e a saúde. Proteção ao consumidor Prover a sociedade de meios eficazes para aferir a qualidade dos bens e serviços. Eliminação de barreiras técnicas e comerciais Evitar a existência de regulamentos conflitantes sobre bens e serviços em diferentes países, facilitando, assim, o intercâmbio comercial. Adaptado de: Marshall Junior (2012, p. 103). Como enfatiza Marshall Junior (2012), na prática, a normalização está presente na elaboração dos produtos (bens ou serviços), na transferência de tecnologia e na melhoria da qualidade de vida, por meio de normas relativas à saúde, à segurança e à preservação do meio ambiente, entre muitas outras. Saiba mais Pesquise sobre o Comitê de Coordenação sobre Barreiras Técnicas ao Comércio/GATT, que foi criado pela Resolução Conmetro nº 3, de 14 de abril de 1983, com a missão de coordenar as ações do Governo e do setor privado relacionadas com a participação do Brasil no Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio da Organização Mundial do Comércio (OMC): INMETRO. Acordo sobre barreiras técnicas ao comércio. Rio de Janeiro, [s.d.]a. Disponível em: http://www.inmetro.gov.br/barreirastecnicas/asbtc. asp. Acesso em: 15 ago. 2017. Colaborando com a definição de normas, Paladini e Carvalho (2012) colocam que norma é um documento estabelecido por consenso e aprovado por um organismo reconhecido, que fornece, para uso comum e repetitivo, regras, diretrizes ou características, para atividades ou seus resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto, conforme define o guia ISO/IEC 2 (ABNT; SEBRAE, 2012). Ainda de acordo com Paladini e Carvalho (2012), as normas podem ser internacionais (normas ISO), regionais (por exemplo, Mercosul), nacionais (por exemplo, ABNT) etc. 32 Unidade II Entendemos por nível de normalização, segundo a ABNT ([s.d.]c), o alcance geográfico, político ou econômico de envolvimento na normalização, que pode ser realizada no âmbito de: • um país específico – denominada Normalização Nacional; • uma única região geográfica, econômica ou política do mundo – denominada Normalização Regional; • vários países do mundo – denominada Normalização Internacional. De forma sistematizada, a normalização é executada por organismos que contam com a participação das partes interessadas no assunto objeto da normalização e que têm como principal função a elaboração, aprovação e divulgação de normas. Os níveis da normalização costumam ser representados por uma pirâmide, conforme figura a seguir, que tem em sua base a normalização empresarial, seguida da nacional e da regional, ficando no topo a normalização internacional. Empresarial Associação (ASTM, API, ...) M ais exigente (restritiva) M en os ex ig en te (g en ér ica ) Nacional (ABNT, AFNOR, IRAM, IPQ ...) Regional sub-regional (COPANT, AMN, CEN, ...) Internacional (ISO, IEC, ITU, ...) Figura 11– Níveis de normalização Saiba mais Acesse o site da ABNT e fique por dentro dos níveis de normalização e saiba mais sobre como elaborar normas: www.abnt.org.br 33 NORMAS DE QUALIDADE – AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO Considerando que as normas nacionais refletem o consenso em um determinado país e são baseadas na experiência acumulada por aquela sociedade, nem sempre o que é ótimo para uma nação é adequado a outra. Nesse sentido, Paladini e Carvalho (2012) destacam que, em 1947, foi estabelecido o fórum internacional de normalização. Lá, os organismos de normalização dos países interessados na normalização internacional estabelecem normas de comum acordo para facilitar o diálogo entre os povos, o comércio internacional e o avanço da ciência e tecnologia. Os autores enfatizam que esse organismo internacional de normalização, com sede em Genebra, Suíça, constituído por 162 países (em 31/12/2009), é uma organização não governamental denominada International Organization for Standardization (ISO). Os princípios da normalização internacional são: Quadro 3 Princípios Significado Igualdade de direitos dos membros Qualquer membro da ISO tem direito a participar de quaisquer comitês técnicos que desenvolvam normas que julgar de interesse para seu país. Cada país tem direito a um voto, independentemente do tamanho e da riqueza de sua economia. Normas voluntárias, todas as normas Todas as normas desenvolvidas pela ISO são de caráter voluntário e adotadas pelas empresas e nações apenas se desejarem. Direcionamento ao mercado A ISO só desenvolve normas quando há interesse do mercado. São reunidos especialistas e representantes de agências governamentais e da academia, dos consumidores e de laboratórios, para a elaboração das normas. Adaptado de: Paladini e Carvalho (2012, p. 159). As normas ISO são desenvolvidas a partir do consenso das partes envolvidas, o que resulta, apesar do caráter voluntário, em uma enorme penetração no mercado mundial. Por último, Paladini e Carvalho (2012) apontam que as normas ISO se constituem como um acordo técnico que dá a base para uma tecnologia compatível internacionalmente. Diante do exposto, podemos observar a importância da padronização das normas da qualidade e sua relevância para as organizações quando da sua utilização. Conforme destaca Oliveira (2012), geralmente, quando os produtos e serviços atendem às nossas expectativas, tendemos a tomar isso certo e a não ter consciência do papel das normas. No entanto, quando os produtos são de má qualidade, nos damos conta da importância delas. Por outro lado, Lobo e Silva (2015) destacam que a padronização busca criar padrões e modelos bem definidos para diminuir as variações dos processos produtivos, ou seja, padronizar é elaborar 34 Unidade II documentos descrevendo a forma que uma atividade, processo, tarefa ou função precisa ser executada e implantá-los na empresa. Segundo os autores, com a padronização, conseguimos produzir um produto, da mesma forma, em uma fábrica no Brasil ou em qualquer lugar do mundo. Também garantimos que, ao produzir 10.000 unidades, por exemplo, todas serão feitas da mesma maneira. Um bom exemplo são as montadoras de veículos, que produzem milhares de unidades de um mesmo modelo, sempre da mesma forma e todos iguais. A padronização traz vários benefícios, entre eles: • produção uniforme; • redução do consumo de materiais e insumos; • melhoria da qualidade; • aumento da produtividade; • redução dos desperdícios; • controle de processos. 4.2 Benefícios da padronização Oliveira (2012) destaca que, quando produtos, sistemas, máquinas e dispositivos trabalham bem e com segurança, quase sempre é porque eles atendem às normas. Segundo a ABNT ([s.d.]c), as normas têm uma contribuição enorme e positiva para a maioria dos aspectos de nossas vidas, trazendo vários benefícios quando são utilizadas de acordo com as regras previstas pelos órgãos que as regulam. Vamos destacar os benefícios da normalização, que podem ser: Qualitativos Quantitativos Figura 12 Os benefícios qualitativos são aqueles que permitem utilizar adequadamente os recursos, como equipamentos, materiais e mão de obra; uniformizar a produção; facilitar o treinamento da mão de obra, melhorando seu nível técnico; registrar o conhecimento tecnológico e facilitar a contratação ou venda de tecnologia. 35 NORMAS DE QUALIDADE– AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO Por outro lado, os benefícios quantitativos permitem reduzir o consumo de materiais e o desperdício, padronizar componentes e equipamentos, reduzir a variedade de produtos, fornecer procedimentos para cálculos e projetos, aumentar a produtividade, melhorar a qualidade e controlar processos. Vejamos alguns exemplos de benefícios. A padronização das roscas de parafusos ajuda a fixar cadeiras, bicicletas para crianças e aeronaves, bem como resolve os problemas, para os fabricantes e usuários de produtos de reparo e manutenção, causados pela falta de padronização. Figura 13 As normas que estabelecem um consenso internacional em terminologia tornam a transferência de tecnologia mais fácil e segura. Elas são uma etapa importante no avanço de novas tecnologias e na difusão da inovação. O uso da terminologia adequada facilita o acesso a produtos e serviços de forma mais fácil; o entendimento será o mesmo em qualquer lugar. Figura 14 36 Unidade II Sem as dimensões padronizadas de contêineres de carga, por exemplo, o comércio internacional seria mais lento e mais caro. As dimensões padronizadas facilitam a cotação de preços nos procedimentos para utilização dos diferentes modais de transporte utilizados no mercado internacional, como navios, aeronaves, caminhões etc. Dessa forma, é de extrema importância que os gestores que atuam na área de comércio exterior e logística tenham conhecimento das normas que regulam tais procedimentos. Figura 15 Sem a normalização de telefones e de cartões bancários, a vida seria mais complicada. Observe que a padronização desses serviços segue uma mesma dinâmica pelas empresas ofertantes. Podemos verificar no caso dos cartões bancários, de crédito, débito etc., que as características do produto seguem uma mesma normalização, o que diferencia é a bandeira da empresa. Nesse sentido, a falta de normalização pode até afetar a própria qualidade de vida de pessoas com deficiência, por exemplo, quando são barradas no acesso a produtos de consumo, transportes e edifícios públicos se as dimensões das cadeiras de rodas e as entradas não forem padronizadas. Figura 16 37 NORMAS DE QUALIDADE – AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO A questão da acessibilidade é muito importante na elaboração de projetos para a execução de obras e serviços de engenharia. É regida por norma específica, que deve ser observada por empresas privadas e públicas na contratação e elaboração dos projetos básicos, executivo, memorial descrito e entre outros documentos relativos à contratação Vejamos outros exemplos. Símbolos normalizados fornecem avisos de perigo e informações através das fronteiras linguísticas. Você pode observar a aplicação dessa normalização nos locais em que frequenta, como empresas, repartições públicas, escolas, clubes, transporte etc. Figura 17 O consenso sobre os graus de diferentes materiais permite uma referência comum para fornecedores e clientes nos negócios. Nesse aspecto fica mais fácil a elaboração de projetos, cotações de preços para aquisição de materiais e contratação de serviços. Um acordo sobre um número suficiente de variações de um produto para atender às aplicações mais atuais permite economias de escala com benefícios no custo para produtores e consumidores. Um exemplo é a padronização dos tamanhos de papel. Lembrete Economia de escala é aquela que organiza o processo produtivo de maneira que se alcance a máxima utilização dos fatores produtivos envolvidos no processo, procurando como resultado os baixos custos de produção e o incremento de bens e serviços. A normalização dos requisitos de desempenho ou de segurança de equipamentos garante que as necessidades dos usuários serão atendidas, ao mesmo tempo em que permite que fabricantes, 38 Unidade II individualmente, tenham a liberdade de projetar suas próprias soluções sobre como atender a essas necessidades. Podemos citar como exemplo os requisitos de desempenho de um celular, independentemente de marca, modelo etc. Os fabricantes deverão observar as normas sobre o assunto, evitando, assim, a não conformidade dos seus produtos. Outro item importante trata dos protocolos de computador normalizados, que permitem que os produtos de diferentes fornecedores “conversem” entre si. Essa é uma variável importante na decisão de compra pelo consumidor, seja individual ou corporativo. Figura 18 Documentos normalizados aceleram o trânsito de mercadorias ou identificam as cargas sensíveis ou perigosas que podem ser manuseadas por pessoas que falam línguas diferentes. Podemos citar como exemplo os documentos apresentados nas importações e exportações, cujas informações devem ser claras e objetivas e são conhecidas pelas pessoas que atuam na área de comércio internacional, em qualquer país. A padronização de conexões e interfaces de todos os tipos assegura a compatibilidade dos equipamentos de origens diversas e a interoperabilidade de diferentes tecnologias. Observação Interoperabilidade é a capacidade de um sistema (informatizado ou não) de se comunicar de forma transparente (ou o mais próximo disso) com outro sistema (semelhante ou não). Um acordo sobre métodos de ensaio permite comparações significativas de produtos ou desempenha um papel importante no controle da poluição por ruído, vibração ou emissões de poluentes. 39 NORMAS DE QUALIDADE – AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO Figura 19 As normas de segurança para máquinas protegem as pessoas no trabalho, no lazer, no mar e até mesmo no dentista. Figura 20 Sem o acordo internacional contido nas normas técnicas sobre grandezas e unidades métricas, as compras e o comércio seriam puro acaso, a ciência não seria científica e o desenvolvimento tecnológico seria deficiente. Figura 21 40 Unidade II Vimos, até o momento, a importância da padronização das normas da qualidade e os benefícios oriundos da sua utilização. Verificaremos a seguir quem são os beneficiários nesse processo. 4.3 Beneficiários da padronização São vários os beneficiários da normalização, pois, ao adquirir um produto ou serviço, o consumidor deseja que os requisitos do produto sejam atendidos de acordo com a sua expectativa. Segundo a ABNT ([s.d.]b), para as empresas, a adoção de normas significa que os fornecedores podem desenvolver e oferecer produtos e serviços que atendam às especificações que tenham ampla aceitação em seus setores. Empresas que utilizam Normas Internacionais podem competir em muito mais mercados ao redor do mundo. Da mesma forma, para os inovadores de novas tecnologias, as normas sobre aspectos como terminologia, compatibilidade e segurança, aceleram a disseminação das inovações e seu desenvolvimento em produtos possíveis de serem fabricados e negociados. Para os clientes, a compatibilidade da tecnologia em todo o mundo, que é atingida quando produtos e serviços são baseados em normas, fornece aos clientes uma gama de ofertas. Eles também se beneficiam dos efeitos da concorrência entre fornecedores. Outro segmento importante é o governo; nesse caso, as normas proporcionam as bases tecnológicas e científicas que sustentam a saúde, a segurança e a legislação ambiental. Para o comércio internacional, as Normas Internacionais criam uma “igualdade” para todos os concorrentes nesses mercados. A existência de normas nacionais ou regionais divergentes pode criar barreiras técnicas ao comércio. As Normas Internacionais são os recursos técnicos pelos quais a política de acordos comerciais pode ser colocada em prática. Lembrete Comércio internacional: relação comercial do Brasil com o resto do mundo; engloba exportações e importações. Figura 22 41 NORMAS DE QUALIDADE – AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO Para os países em desenvolvimento, as Normas Internacionais que representam um consenso internacional sobre o estado da arte são uma fonte importante de know-how tecnológico. Ao definir as características dos produtos e serviços esperadospara atender aos mercados de exportação, as Normas Internacionais fornecem aos países em desenvolvimento uma base para tomar as decisões certas ao investir seus escassos recursos e, assim, evitar desperdícios. Para os consumidores, a conformidade dos produtos e serviços de acordo com as normas oferece garantias sobre sua qualidade, segurança e confiabilidade. Atualmente, os consumidores estão cientes dos seus direitos em relação ao cumprimento das especificações dos produtos e serviços adquiridos, sendo necessário que as empresas sigam as normas de forma a não perder mercado. Para qualquer pessoa, as normas contribuem para a qualidade de vida, em geral, assegurando que o transporte, máquinas e ferramentas utilizados sejam seguros. Figura 23 Para o planeta que habitamos, as normas sobre a qualidade do ar, da água e dos solos, sobre as emissões de gases e de radiação e sobre os aspectos ambientais de produtos, podem contribuir para os esforços em preservar o meio ambiente. A não observância das normas pertinentes às questões ambientais pode ocasionar grandes danos a população, bem como prejuízos à empresa com os custos da não qualidade. Figura 24 42 Unidade II Como vimos, a normalização está presente na fabricação dos produtos, transferência de tecnologia e melhoria da qualidade de vida por intermédio de normas relativas à saúde, à segurança e à preservação do meio ambiente. No entanto, é importante salientar que a normalização possui relação direta com o grau de desenvolvimento da qualidade em determinado segmento produtivo, ou seja: quanto mais abrangente, estruturado e eficaz for o sistema de normalização, mais ele pode apoiar o desenvolvimento da qualidade em determinado setor, pela exigência de padrões mínimos de projeto, execução e avaliação durante o desenvolvimento e uso de produtos e serviços, deixando para empresas e profissionais capacitados as decisões que estariam acima do padrão mínimo de qualidade estabelecido por normas. Nesse sentido, a importância do conhecimento na aplicação das normas requer das empresas investimentos em profissionais especializados. Exemplo de aplicação Faça uma pesquisa na internet e verifique quais os países ou blocos econômicos que exigem a padronização dos produtos brasileiros. Resumo Nesta unidade, vimos a importância da padronização das normas de qualidade. Destacamos o conceito de padronização e normalização, os objetivos, benefícios e beneficiários da padronização. Importante destacar que a normalização permitiu a redução de desperdícios, contribuindo de forma positiva para o aumento da competitividade das empresas no cenário nacional e internacional. Destacamos, ainda, o cenário internacional, cujas normas devem ser observadas pelas empresas que atuam nesse segmento, pois diversos países não aceitam produtos ou serviços que estejam fora dos padrões estabelecidos pelas normas vigentes. Assim, a adequada observação da normalização contribui para a formulação de estratégias adequadas para as empresas, independentemente do segmento de atuação. 43 NORMAS DE QUALIDADE – AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO Exercícios Questão 1. (Enade 2009, adaptada) Uma empresa comercial vende o produto Omega pelo prazo unitário de R$10,00. Nos últimos 5 anos, uma parcela de suas vendas efetuadas a prazo não foi recebida dos clientes, conforme exposto na tabela a seguir. Ano 01 Ano 02 Ano 03 Ano 04 Ano 05 Vendas (R$) 240 260 300 240 320 Parcela não recebida (R$) 12 14 16 10 16 Analisando os dados, com o objetivo de acrescentar o custo de inadimplência ao preço do produto, o gerente de vendas pode chegar a qual conclusão? A) Em 50% dos anos, o percentual de não recebimento foi menor do que 4,17%. B) No mínimo, 7% das vendas não são recebidas pela empresa. C) O percentual de recebimentos, em média, equivale a 95% das vendas. D) O preço unitário do produto deve ser ajustado, em média, para R$ 10,25. E) Para cada R$ 100,00 vendidos, a empresa deixou de receber R$ 46,00 no último ano. Resposta correta: alternativa C. Análise das alternativas Percentual de n o pagamentoã = = 12 240 100 5. % % Ano 02 Percentual de n o pagamentoã = = 14 260 100 5 38. % , % Ano 03 Percentual de n o pagamentoã = = 16 300 100 5 33. % , % 44 Unidade II Ano 04 Percentual de n o pagamentoã = = 10 240 100 4 17. % , % Ano 05 Percentual de n o pagamentoã = = 16 320 100 5. % % Verifica-se, portanto, que o percentual de inadimplência oscila em torno de 5% em cada ano. A) Alternativa incorreta. Justificativa: não houve casos em que o percentual de não recebimento foi menor do que 4,17%. B) Alternativa incorreta. Justificativa: o maior percentual de não recebimento foi de 5,38%. C) Alternativa correta. Justificativa: os cálculos efetuados mostraram que o percentual de inadimplência gira em torno de 5%. Logo, 95% dos valores são pagos pelos clientes. D) Alternativa incorreta. Justificativa: como o índice de inadimplência gira em torno de 5%, esse percentual deveria ser usado para calcular o aumento no preço do produto. Dessa forma, teríamos um aumento de R$ 0,50 (5% de R$ 10,00), o que elevaria o preço final a R$ 10,50. E) Alternativa incorreta. Justificativa: no último ano, o percentual de inadimplência foi de 5%, ou seja, para cada R$ 100,00 vendidos, a empresa deixou de receber R$ 5,00. Questão 2. (Enade 2009) A Gatos e Cães S.A. analisa o projeto de um novo tipo de ração para cachorros. O gerente financeiro responsável estimou o seguinte gráfico para o Valor Presente (VP) das saídas de caixa e o Valor Presente de entradas de caixa em função do custo de capital: 45 NORMAS DE QUALIDADE – AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO 5.000 0% 10% 20% 30% 40% custo de capital VP saídas de caixa VP entradas de caixa 50% 60% 70% 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 40.000 45.000 50.000 R$ Com base nesse gráfico, qual é a decisão que o gerente financeiro deve tomar em relação ao projeto da nova ração? A) Abandonar o projeto, se o custo de capital for igual a 30%. B) Abandonar o projeto, se o custo de capital for menor que 10%. C) Investir no projeto, se o custo de capital for igual a 20%. D) Investir no projeto, se o custo de capital for maior ou igual a 40%. E) Investir no projeto, se o custo de capital for menor que 50%. Resposta correta: alternativa C. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: nessa situação, a leitura do gráfico mostra que as entradas de caixa serão superiores às saídas (aproximadamente R$ 22.000 contra R$ 20.000, respectivamente). Não há motivo, portanto, para que se abandone o projeto. 46 Unidade II B) Alternativa incorreta. Justificativa: nessa situação, a leitura do gráfico mostra que as entradas de caixa serão superiores às saídas (R$ 50.000,00 e R$ 35.000,00, respectivamente). É a melhor situação possível para as informações dadas. Não tem sentido abandonar o projeto. C) Alternativa correta. Justificativa: quando o custo do capital for igual a 20%, as entradas de caixa serão de R$ 35.000,00 e as saídas, de R$ 27.000,00, respectivamente. É, portanto, uma situação favorável. D) Alternativa incorreta. Justificativa: para um custo de capital maior ou igual a 40%, as entradas de caixa são inferiores às saídas. Para um custo de capital de 40%, as entradas de caixa são da ordem de R$ 12.000,00 e as saídas, de R$ 15.000,00. Essa diferença aumenta de modo diretamente proporcional ao aumento da taxa: se os custos de capital são iguais ou acima de 40%, o investimento no projeto não é recomendável. E) Alternativa incorreta. Justificativa: o ponto de equilíbrio entre entradas e saídas de caixa ocorre para a taxa de, aproximadamente, 32%. Em conclusão, caso haja qualquer taxa acima desse valor, não se recomenda que se invista no projeto.
Compartilhar