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Allana Cristina - ATM 25/2 - Nefrologia HIPOCALEMIA Definição: é a concentração sérica/plasmática de potássio (K) < 3,5 mEq/L. → Pode ocorrer pseudo-hipocalemia em vários tipos de leucemia e situações com contagem extremamente elevada de células (captação aumentada de K para o LIC). Classificação De acordo com a concentração de potássio: Leve 2,5 - 3,5 mEq/L Moderada 1,5 - 2,5 mEq/L Grave < 1,5 mEq/L Alterações Eletrocardiográficas Leve Maior amplitude da onda U, depressão do segmento ST Moderada Onda T achatada Grave Prolongamento do QRS, onda U superposta à onda T Etiologias → Diminuição da ingesta: dieta pobre em K; → Captação do K para dentro das células: ● excesso de insulina (insulina estimula a bomba Na-K, mais K jogado para o LIC); ● atividade adrenérgica aumentada (ex hipotermia e estresse); ● elevação do pH extracelular (queda do K); ● paralisia periódica hipocalêmica (doença familiar rara); ● proliferação celular acentuada (muito K sendo jogado para o LIC); ● intoxicação por cloroquina (ser gado de político). → Perdas gastrointestinais: vômitos e diarréias; → Perdas urinárias: ● diuréticos; ● hiperaldosteronismo primário; ● hipomagnesemia; ● perda de secreção gástrica; ● ânions não reabsorvíveis; ● acidose tubular renal; ● nefropatias perdedoras de sal; ● poliúria. → Diálise; → Plasmaferese. Paralisia Periódica Hipocalêmica: doença genética (mutação de um canal de cálcio). Ocorre hipocalemia desencadeada por exercícios físicos ou grande ingesta de carboidratos. Manifestação neuromuscular: crises de paralisia flácida. Causas renais → Diuréticos; → Hiperaldosteronismo; → Hipertensão renovascular → Hipomagnesemia → Acidose Tubular Renal: ● tipo 1 (não há secreção de H+ no TCD pela bicarbonatúria); ● tipo 2 (não há reabsorção de bicarbonato pelo TCP). → Síndrome de Bartter : mutação ativadora do sensor na alça de Henle, semelhante à Furosemida; 1 Allana Cristina - ATM 25/2 - Nefrologia → Síndrome de Gitelman: mutação do co-transportador Na-Cl, semelhante à Hidroclorotiazida; → Síndrome de Liddle: hiperatividade do ENac, cursa com hipertensão + aldosterona baixa. Quadro Clínico O quadro clínico pode ser inespecífico e até se confundir com a doença de base: → Alterações cardiovasculares: alargamento do QRS, depressão do segmento ST, redução da onda T; → Alterações gastrointestinais: náuseas, vômitos e distensão abdominal; → Alterações neuromusculares: apatia, fraqueza e tetania. Diagnóstico e Avaliação *ATR: acidose tubular renal Como regra geral, para cada 1 mEq/L de redução na concentração sérica de potássio, há um déficit corpóreo total de 200-400 mEq. Podem ser necessários vários dias de reposição para recompor os estoques corpóreos do íon no compartimento intracelular. Tratamento O tratamento é feito com a reposição de potássio. Sempre tratar a causa de base concomitantemente com a correção do balanço eletrolítico! → Cálculo do déficit de potássio: Concentração sérica total: 3,5-5,5 mEq/L. Concentração corporal total: cerca de 50 mEq/Kg. O déficit varia de acordo com a gravidade da hipocalemia: [ ] de K sérico Déficit esperado 2,5 < [K] < 3,5 déficit 10% do total 1,5 < [K] < 2,5 déficit 15% do total [K] < 1,5 déficit 20% do total → Fórmula: Como o potássio é mais presente no LIC, a reposição deve levar em conta o percentual total de potássio corporal do paciente a fim de não subestimar o déficit! → Hipocalemia leve: reposição via oral. ● Xarope de KCl 6% (5mL tem 4 mEq): fazer após as refeições, de 3 a 4 vezes ao dia; 2 Allana Cristina - ATM 25/2 - Nefrologia ● KCl comprimido (1 compr. tem 6 mEq): fazer após as refeições, de 3 a 4 vezes ao dia. → Hipocalemia moderada-grave: reposição endovenosa. ● KCl 10% (ampola 10mL tem 13 mEq de K); ● KCl 19,1% (ampola 10mL tem 25 mEq de K). Realizar diluição em soro (Regra 20-40-60): correr na velocidade de até 20 mEq/h, na concentração de 40 mEq/L em veia periférica e 60 mEq/L em veia central. Ex: KCl 10% 30mL (39 mEq) + 1L SF 0,9% IV em BIC por 2h HIPERCALEMIA Definição: é a concentração sérica/plasmática de potássio (K) > 5,5 mEq/L. → Pseudo hipercalemia: tempo prolongado até análise, torniquete para coleta, situações com hipercelularidade: trombocitose (plaquetas > 1.000.000) e leucocitose (leucócitos > 100.000. Classificação De acordo com a concentração de potássio: Leve 5,5 - 6,0 mEq/L Moderada 6,1 - 7,0 mEq/L Grave > 7,0 mEq/L Etiologias → Aumento da liberação de K pelas células: ● pseudo-hipercalemia; ● acidose metabólica; ● deficiência de insulina. → Excreção urinária de K reduzida: ● insuficiência renal; ● hipoaldosteronismo; ● distúrbio de excreção tubular de potássio. → Aumento da ingestão de K (substitutos do sal de cozinha). → Mudança transmembrana: ● succinilcolina; ● betabloqueador; ● intoxicação digitálica. → Redução na excreção: ● AINEs; ● heparina; ● espironolactona, amilorida; ● trimetoprim. → Lise celular (radiação e quimioterapia). Quadro Clínico As manifestações ocorrem em tecidos excitáveis, sendo o coração o tecido mais sensível a essas modificações. O tratamento baseia-se muito mais nas alterações do ECG do que nos níveis séricos. Na hipercalemia grave e/ou sintomática, as medidas urgentes para redução do K sobrepõem-se a qualquer procedimento para diagnóstico até resolução do quadro agudo! 3 Allana Cristina - ATM 25/2 - Nefrologia Diagnóstico e Avaliação Tratamento Sempre tratar a causa de base concomitantemente com a correção do balanço eletrolítico! → “Solução polarizante” ou "Glicoinsulina": ● Insulina Regular 10 UI + Glicose 50% 50mL; ● Atentar à hipoglicemia. → Beta 2 agonistas: ● Salbutamol (5mg/mL) 10-20mg + SF0,9% 4mL inalatório. → Bicarbonato de Sódio: ● 400 mEq IV em (15-20min se acesso central). → Resina de Troca: ● Poliestirenossulfonato de Cálcio (Sorcal®); ● Tenta promover perda gastrointestinal. → Diálise. Exemplos 1. Paciente masculino, 85 Kg, [K] = 1,9 mEq/L. a. Distúrbio: hipocalemia (< 3,5 mEq/L). b. Classificação: moderada (1,5 - 2,5 mEq/L). c. Cálculo de déficit: 15% do total. Déficit = 85 x 50 x 15% = 637,5 mEq 2. Paciente feminina, 60 Kg, [K] = 7,8 mEq/L. a. Distúrbio: hipercalemia (> 5,5 mEq/L). b. Classificação: grave (> 7,0 mEq/L). 3. Paciente masculino, [K] = 2,9 mEq/L. Acesso venoso periférico, KCL 19,1% disponível: KCL 19,1% = 2,5 mEq/mL → [ ] máxima em veia periférica de 40 mEq/L. Nessa concentração, administrar 16 mL de KCl 19,1% em 1 litro de soro. Obedecendo o tempo, correr o soro em 2 horas (20 mEq/h). 4
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