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José Gabriel Corado Freitas | Clínica Integrada II | ITPAC-Palmas| 7º Período MARC 7: DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS OBJETIVOS: 1- Entender a relação dos distúrbios hidroeletrolíticos com TC 2- Compreender as manifestações clínicas dos distúrbios hidroeletrolíticos. 3- Diferenciar o Edema Vasogênico do Edema Citotóxico. FISIOLOGIA DO EQUILÍBRIO HÍDRICO Regra geral: Entrada = Eliminação; Objetivo: Manter a osmolaridade/tonicidade plasmática entre 285 e 290- mOsm/kg. Vasopressina (ADH): Produzido pelo hipotálamo e também ação nos receptores V2 dos túbulos coletores, aumentando a reabsorção de água pela expressão maior de aquaporinas. ↑ DE OSMOLARIDADE/DESIDRATADO- Sede + ↑ ADH ↓ DE OSMOLARIDADE/DILUÍDO- Supressão da sede + Supressão de ADH. DISTÚRBIOS DA ÁGUA E DO SÓDIO Na+ é mantido pelo organismo em níveis estreitos (Na = 136 a 145 mEq/1). O metabolismo da água é avaliado pelo sódio sérico e pela osmolaridade, enquanto que o do sódio (Na+) é avaliado pelo exame físico (hipo/hipertensão, edema, hidratação, volume extracelular). HIPERNATREMIA Na+> 145mEq/L. Geralmente leva a um aumento da osmolaridade sérica (geralmente acima de 300mOsm/kg). Osm= 2xNa + Glicose/18 + Ureia/6 Diversas etiologias e 3 mecanismos principais. 1.0 Hipernatremia Hipervolêmica o Aumento da água e do sódio corporal total. o Forma menos comum de Hipernatremia. o Uso de bicarbonato de sódio. o Síndrome de Cushing (Excesso de Mineralocorticoides). o Hiperaldosteronismo primário. 2.0 Hipernatremia Hipovolêmica o Redução da água corporal total, com perda de sódio. o Causas mais comuns: 1. Diarreias 2. Vômitos 3. Sudorese profunda 4. Diuréticos 5. Grandes Queimados 3.0 Hipernatremia Euvolêmica o Sódio corporal total em geral está normal o Diabetes Insipidus (DI)* o Perda de água livre pelos rins por deficiência central ou resistência tubular ao ADH. o Poliúria e Polidipsia- relação com deficiência de ADH. o Sede Excessiva. DI central- Deficiência na produção central de ADH. o Podendo ser causada por TCE, tumores do SNC, Aneurismas, TB de SNC, granulomas, meningite e encefalite. DI nefrogêncio- Resistência tubular à ação do ADH. José Gabriel Corado Freitas | Clínica Integrada II | ITPAC-Palmas| 7º Período o Congênito ou Adquirido- Doença cística medular Anfotericina e foscarnet. o Lítio- Causa mais comum de DI nefrogênico. APRESENTAÇÃO CLÍNICA Sintomatologia e gravidade do quadro também tem relação com velocidade de instalação da Hipernatremia. Os sintomas normalmente aparecem com elevação rápida ou acima de 160 mEq/L e osmolaridade >320mOsm/L - Anorexia. - Déficit neurológico focal. - Sede relacionada a hiperosmolaridade. - Fraqueza Muscular. - Convulsões - Inquietação. - Náusea e Vômitos. - Torpor e Coma. - Desidratação grave. - Alteração do estado mental, letargia, irritabilidade, estupor e coma. Complicação mais grave- hiperosmolaridade plasmática- saída de água do neurônio para o plasma hiperosmolar- desidratação neuronal. TRATAMENTO Interromper a perda de água livre; Repor a água perdida; Tratar a causa de base; Reduzir a concentração do sódio sérico; Diabetes Insipidus Central Reposição do hormônio ADH. Desmopressina- DDAVP. Diabetes Insipidus Nefrogênico Suspensão da droga envolvida (Atenção ao lítio); Restrição de sódio na dieta; Pode associar a um tiazídico, pois eles aumentam a natriurese. Usos de Amilorida para DI associado ao lítio. HIPONATREMIA Concentração de sódio inferior a 136 mEq/1 no soro; Mais comum na prática; Osm= 2xNa + glicose/ 18 + ureia/6 Para avaliar as causas de Hiponatremia, temos que acessar o perfil volêmico dos pacientes. 1. Hiponatremia Hipotônica Hipervolêmica José Gabriel Corado Freitas | Clínica Integrada II | ITPAC-Palmas| 7º Período o - Aumento de água corporal; Edema; o - Causas: ICC, Hepatopatias crônicas, Síndrome Nefrótica, DRC avançado, Gestação. o - Aumento do Sódio corporal total, porém o mecanismo de hiponatremia é DILUCIONAL. 2. Hiponatremia Hipotônica Hipovolêmica o Redução da água corporal total com perda de sódio. o Perda de Sódio e Água. o Dosar Sódio Urinário. - Na <10mEq/L Perda extrarenal (diareia, vômito, desidratação). - Na >10 mEq/L Perda Renal (Diuréticos, Nefropatia perdedora de Sal). 3. Hiponatremias Hipotônicas Euvolêmicas o Água corporal total aumentada, sem desenvolver edema. o Sódio corporal total pode estar normal ou baixo. o Causa mais comum: SIADH (Síndrome da Secreção Inapropriada do ADH). Síndrome da Secreção Inapropriada do ADH Causa mais comum de hiponatremia no ambiente hospitalar. Causas: 1. Carcinomas, Distúrbios Pulmonares, Distúrbios do SNC, Neoplasias, Infecções pulmonares, tumores de pequenas células, pós trauma e acidente vascular encefálico, Critérios para diagnóstico: 1. Osmolalidade abaixo de 270 mOsmol/kg. 2. Concentração urinária de sódio inapropriada >100 mOsmol/kg. 3. Euvolemia clínica (Ausência de sinais de edema, hipotensão ortostática ou desidratação). 4. Ausência de doença suprarrenal. Pituitária, insuficiência renal ou uso de diuréticos. A osmolalidade efetiva ou tonicidade refere-se à contribuição da osmolalidade dos solutos, tais como sódio e glicose, que não podem se deslocar livremente através das membranas celulares, induzindo, portanto, deslocamentos transcelulares de água. A Hiponatremia dilucional, a causa mais comum desse distúrbio, é provocada por retenção de água. Se a capacidade renal de excretar água é menor do que a ingestão, ocorre diluição dos solutos no organismo, provocando hiposmolalidade e hipotonicidade. ASPECTOS CLÍNICOS Assintomáticos, exceto em casos graves. Geralmente até a concentração de 125 mEq/l não há sintomas. Os sintomas que podem ser vistos são primariamente neurológicos e relacionados à gravidade e, particularmente, à rapidez na mudança da concentração plasmática de sódio (horas). A queda na osmolalidade plasmática cria um gradiente que favorece a entrada de água para dentro das células, levando ao edema cerebral. Sinais e Sintomas: 1- Letargia; Apatia; Desorientação; 2- Cãimbras musculares; Anorexia; 3- Náuseas e Agitação; 4- Sensório Anormal; 5- Reflexos profundos deprimidos; 6- Respiração de Cheyne Stokes; 7- Hipotermia; Reflexos patológicos; 8- Paralisia Pseudobulbar; 9- Convulsões; A gravidade dos sintomas tem relação com a velocidade de instalação e com a intensidade da alteração. Edema cerebral é o ponto de complicação mais importante. AGUDA Se tenho um neurônio hiperosmolar e um plasma hipo, a água passa do José Gabriel Corado Freitas | Clínica Integrada II | ITPAC-Palmas| 7º Período plasma para dentro do neurônio, causando um edema. TRATAMENTO Sintomas e tempo de instalação determinam o tratamento. 1- Hiponatremias crônicas assintomáticas. Restrição Hídrica Redução da água corporal total Uso de Furosemida Aumenta a eliminação renal de água livre. Tolvaptan Antagonista dos receptores V2 do ADH. Suspensão de Tiazídicos Aumentam a Natriurese (eliminação de sódio). - Nas formas hipervolêmicas, manejo clínico das causas de base + uso de furosemida. 2. Hiponatremias Crônicas ou Agudas Sintomáticas (Graves) o Correção cautelosa o Aumentar Na sérico em 1 mEq/L/hora nas 3 primeiras horas. o Depois, aumentar 0,5 mEq/L/hora até completar 24h (Máximo 12 mEq/L em 24h). o Utilizar salina hipertônica (3%). OBS: 1L da solução salina a 3% tem 513mEq. o Associar furosemida (0,5-1,0 mg/kg EV) em SIADH- eliminação de água livre se paciente estiver com retenção hídrica. FÓRMULA DE ADROGUE PARA CORREÇÃO SEGURA DE SÓDIO Síndrome de perda de Sal de Origem Cerebral Essa síndrome é caracterizada por elevada concentração de sódio na urina, causada pela alteraçãona reabsorção de sódio tubular mediada pela liberação de um hormônio natriurético, talvez, um peptídeo originado no sistema nervoso central, com conseqüente hiponatremia e perda de volume. Os níveis séricos de ADH não são úteis na diferenciação entre as duas síndromes. Os níveis séricos de ácido úrico, geralmente, estão normais na síndrome de perda de sal, de origem cerebral. DISTÚRBIOS DO POTÁSSIO - Importância no potencial de repouso das membranas celulares. - 70% do potássio corporal está nos compartimentos musculares, por isso que lesões musculares maciças como grandes queimados, esmagamento, choque elétrico, traumas e outras causas de rabdomólise maciça, causam hipercalemia, com saída de potássio do meio intracelular para o extracelular; - 1 a 2% do potássio corporal encontra-se no líquido extracelular (3,5-5,5). Esse que é o potássio dosado. REGULAÇÃO DO POTÁSSIO CORPORAL Absorção intestinal Excreção e reabsorção tubular renal Shift entre o extra e o intracelular José Gabriel Corado Freitas | Clínica Integrada II | ITPAC-Palmas| 7º Período HIPOCALEMIA Potássio sérico <3,5 mEq/L Mecanismos: - Perda renal de potássio Principal causa de hipocalemia e gera uma alta excreção desse cátion na urina (Ku> 14mEq/L). Pode ser causado por: 1. Uso de diuréticas de alça e tiazídico; 2. Antibióticos- Aminoglicosídeos e Anfotericina B. 3. Excesso de Aldosterona- Hiperaldosteronismo 4. Hipomagnesemia 5. Nefropatias perdedoras de sal. - Perdas Gastrointestinais (Ku <15 mEq/L): Diarreias Vômitos Sonda Nasogástrica aberta com alto débito Sudorese Excessiva - Mecanismos de Redistribuição (Shift) de potássio do plasma para o intracelular. Hiperinsulinemia Beta-2- agonistas Alcalose MANIFESTAÇÕES Alteração no potencial de repouso celular, principalmente em células nervosas, vasculares e cardíacas. A gravidade da apresentação clínica tem relação com velocidade de instalação e intensidade da hipocalemia (<3mEq/L). - Quanto mais agudo, pior prognóstico. Cardiopatia e uso de digitálicos pioram apresentação clínica nas hipocalemias. QUADRO CLINICO o Fraqueza Muscular o Câimbras o Íleo Paralítico o Poliúria- dano tubular o Rabdomiólise o Distúrbio de ritmo cardíaco ALTERAÇÕES NO ECG EM HIPOCALEMIAS o Onda U o Achatamento de onda T o Depressão do segmento ST o Arritmias o AESP ou Assistolia. Onda U TRATAMENTO E MANEJO Corrigir causa de base- Diarreia, vômitos, etc. Suspender medicamentos implicados. PRINCÍPIOS BÁSICOS DE REPOSIÇÃO DE POTÁSSIO - Sempre que possível, VO é prioridade, pois é mais seguro. - Evitar usar potássio intravenoso quando a concentração sérica está acima de 3 mEq/L. - Soluções de potássio muito concentradas devem ser evitadas na administração periférica, pois podem causar flebite e são extremamente dolorosas; - Concentração recomendada em veia periférica: 20-40 mEq/L - Concentração máxima em veia periférica: 40 – 60mEq/L - Concentração recomendada em veia central: 100-200 mEq/L. - Concentração máxima em veia central: 200 a 0 mEq/L. - Velocidade ideal para reposição de potássio: 5 a 20mEq/h. - Velocidade máxima para reposição de potássio: 40-100 mEq/h deve ser utilizada apenas se o paciente apresentar paralisia ou arritmias graves secundárias a hipocalemia. HIPERCALEMIA Potássio sérico >5,5 mEq/L. Fatore de risco: Doença Renal Crônica José Gabriel Corado Freitas | Clínica Integrada II | ITPAC-Palmas| 7º Período Mecanismos: Consumo excessivo, alimentos ricos em potássio (Legumes, Frutas, Verduras e Hortaliças), principalmente em pacientes com DRC em estágio avançado. Redução da eliminação renal. 1. DRC em estágio avançado. 2. Medicações- IECA/BRA/Espirolactona 3. Hipoaldosteronismo ETIOLOGIA e ASPECTOS GERAIS - Principal: Injúria celular maciça (Rabdomiólise, Isquemia, Hemólise maciça, Lise tumoral). - Mecanismos de redistribuição de potássico do intra para o extracelular: Acidose Hiperglicemia B-Bloqueadores. - As drogas comumente associadas a hipercalemia são digitáicos, espirolactona, betabloqueadores, IECAS, BRAS e Ciclosporinas. QUADRO CLÍNICO - Gravidade da apresentação clínica tem relação com a velocidade de instalação e intensidade da hipercalemia (>6 mEq/L). - Assintomáticos - Sintomas musculares- Dores, cãibras, etc. - Alterações n sistema de condução cardíaco, gravidade relacionado com o risco de arritmias. ALTERAÇÕES NO ECG PELO POTÁSSIO TRATAMENTO 3 Mecanismos diferentes: 1- Realizar ECG sempre que houver hipercalemia. 2- Cardioproteção- Gluconato de Cálcio (Serve para estabilizar a membrana do sistema de condução cardíaco e diminuir o risco de arritmia grave). 3- Medidas de shift celular e colocação do potássio novamente pra o intracelular. Glicoinsulinoterapia Desloca o Potássio para dentro da célula com ativação da enzima sódio- potássio-ATPase para jogar K+ pro intracelular. Início de 15-60 min, duração de 4—6h, Indicado para hipercalemia moderada. Prescrição de 10 UI de insulina regular + 100mL de glicose 50% EV em 1h Bicarbonato de Sódio Alcaliniza o meio, desloca K+ pra dentro da célula, age em 15- 30min e dura por volta de 1-2h. Inalação com B2 agonista. Desloca K+ pra dentro da célula, age em 15- 30min e dura por volta de 2-4h. 4- Medidas de espoliação intestinal ou renal de potássio. REFERÊNCIA: MEDCEL E DISTÚRBIOS DO EQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO: CAP 2 (MED, RIBEIRÃO PRETO).
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