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OS DONOS DA TERRA: A DISPUTA PELA PROPRIEDADE E PELO DESTINO DA FRONTEIRA – A LUTA DOS POSSEIROS EM TROMBAS E FORMOSO 1950/1960
CLÁUDIO LOPES MAIA
DISCIPLINA: Historiografia da propriedade da terra em Goiás
ORIENTADOR: Edson Batista da silva
MESTRANDA: Leticia Garces de Souza
SOBRE A OBRA:
Trata-se de tese de doutorado que aborda a luta pela terra em Trombas e Formoso, com destaque para a disputa pela propriedade e pelo destino da fronteira nas décadas de 1950 e 1960. Local onde se desenvolveu uma luta de posseiros contra um processo de expropriação levado à frente por um grupo de grileiros. 
CAPÍTULO II
A disputa da propriedade e do destino da fronteira: experiências, conflitos e disputas nas “terras livres”
2.1 A constituição de uma solidariedade camponesa em Trombas
A Colônia Agrícola Nacional de Goiás - CANG criada em 1941, já saturada por não conseguir absorver todos os camponeses que chegavam e passava por desajustes administrativos.
Na região de Trombas e Formoso a terra não tinha patrão, que os camponeses posseiros chamavam de “terras livres”, iniciando a partir de 1948 um movimento de mudanças dos que estavam à margem da CANG e também migração de parentes e familiares que estavam em outros estados.
Um elemento essencial como forma de organização própria do camponês, identificando elementos de uma solidariedade camponesa além dos mutirões e das traições, os conselhos serviam para além das questões relacionadas à produção, mas também para a mobilização para a luta e resistência.
2.2 As terras da frente de expansão - uma periodização histórica sobre sua ocupação
Na acepção dos latifundiários, só havia camponês como agregado e nunca como livre posseiro.	
O termo terra livre, não significava zona vazia, apenas que a área não foi apropriada de forma individual, mas não significava terras sem presença de homem ou outra forma de apropriação, que apesar de submetidas a um determinado uso, mantinham sua condição de livres.
O arrendo baseado no confisco de parte da produção pelo “dono da terra”, sendo este o típico conflito enfrentado pelos posseiros nas terras da frente de expansão assim que chegaram a Trombas.
O uso era o elemento principal da definição de propriedade, e a partir do uso que se davam as disputas, a terra em si não se configurava como elemento essencial de formação e de delimitação da propriedade.
2.3 Os primeiros conflitos de terra em Trombas - a disputa pelo destino das terras na frente de expansão
O primeiro conflito enfrentado pelos posseiros era o de garantir a posse como livre da dominação dos fazendeiros/latifundiários, em primeiro momento a preocupação não era com a expropriação.	
Nessa primeira fase, denominada pelo autor de fase da Legalidade (1951-1954), havia a presença de várias lideranças e movimentos contra o arrendo, ressaltando JOSÉ FIRMINO, BIINHA e JOSÉ PORFÍRIO, esse último que liderou o movimento em diversas fases do conflito, sendo uma dos principais figuras de todo o confronto de Trombas e Formoso.
2.4 De fazendeiros de gado a proprietários de terra - a historicidade do fechamento da frente de expansão em Trombas
Em 1956, os camponeses sob a liderança de JOSÉ PORFÍRIO reconhecem a legitima como propriedade dos grileiros/fazendeiros na região do conflito, a sesmaria das Onças, localizada na margem direita do Ribeirão da Onça.	
O processo de grilagem em Trombas contava com todo um aparato institucional, numa aliança dos poderes municipais, com raízes profundas.
Em 1954 é realizado o Registro Torrens da fazenda Onça.
Em 1953 JOSÉ PORFÍRIO requereu a legalização das posses, das terras livres que não foram abarcadas pelo registro da fazenda Onça, conseguindo a expedição de títulos provisórios, entretanto não conseguiu registrar no cartório de Uruaçu devido a negativa do “fazendeiro Sebinhas" dono do cartório.
A busca pela legalidade das posses pode ser considerada como uma consequência da busca pela garantia do caráter devoluto das terras, e não uma busca individual por propriedade.
Os procedimentos de registro de terras em Trombas, considerado, pitoresco, deixaram exposto uma articulação de indivíduos de formação social diversa, todos com um único propósito: grilagem e produção de títulos de propriedades fraudulentos essenciais para constituição de um mercado de terras cujas bases foram lançadas pelas inovações capitalistas.
Sugestões de documentário:
Documentário sobre a trajetória do líder camponês e deputado JOSÉ PORFÍRIO DE SOUZA, cassado pelo regime militar em 1964. Desaparecido político brasileiro desde 1973. Dirigido por Hélio Brito. https://www.youtube.com/watch?v=a23K24gWCxQ