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Aspectos Reprodutivos de Bovinos 2 Aspectos reprodutivos de touros Conhecendo o sistema reprodutivo de touros Legenda - Aparelho reprodutor do touro: testículo (T), epidídimo (E= cauda do epidídimo), músculo cremaster (MC), cordão espermático (CE), ducto deferente (DD), glândulas anexas (A=ampola; GV=glândula vesicular; CP=corpo da próstata) e pênis (MU=músculo uretral; MIc=músculo isquiocavernoso; MRP= musculo retrator do pênis; FSi= flexura sigmoide; GP=glande do pênis), sendo a sigla V usada para vesícula (bexiga). FONTE: Imagem elaborada pela própria autora, 2018 Os testículos são em número de dois e apresentam-se fora da cavidade abdominal no interior do saco escrotal em temperatura de 4-5ºC inferior a temperatura corporal. A descida testicular do abdômen para o saco escrotal ocorre antes do nascimento. É nos testículos que ocorre a formação dos espermatozoides e a produção hormonal responsável pelas características do touro como, por exemplo, a testosterona. Os epidídimos (em número de 2) são formados por cabeça, corpo e cauda. Basicamente, enquanto na cabeça e corpo ocorre a translocação da gota citoplasmática e os espermatozoides adquirem motilidade, na cauda do epidídimo ocorre o armazenamento espermático. Os ductos deferentes (em número de 2) conduzem os espermatozoides até a uretra prostática, onde os espermatozoides entram em contato com o plasma seminal produzido pelas glândulas anexas e seguem pela uretra peniana. As glândulas anexas são as ampolas, glândulas vesiculares, próstata e glândulas bulbouretrais. Entre elas, destacamos as glândulas vesiculares que são grandes (10-15cm de acordo com a idade) e lobuladas, bem como fáceis de serem identificadas durante a palpação retal. As glândulas anexas são responsáveis por conferir volume ao ejaculado dos touros e auxiliam mecânica e metabolicamente para que ocorra a fecundação. O pênis é fibroelástico e se mantém no interior do prepúcio em flexura sigmoide (“S” peniano) devido a inserção do músculo retrator do pênis. O prepúcio é a porção visível, externa do órgão reprodutivo dos touros. P prepúcio não deve ser Aspectos Reprodutivos de Bovinos muito pendular e próximo do chão para evitar lesões e contaminações. Entendendo o sistema reprodutivo de touros - Quais os requisitos necessários para aproveitarmos todo potencial genético dos touros? Os touros também precisam atingir a puberdade assim como as vacas. A puberdade ocorre por volta dos 15 meses, mas também existem bastante variáveis envolvidas como a raça e manejo nutricional. Ainda, é válido lembrar que existe uma hierarquia que merece atenção entre os touros. Isso pode afetar a atividade reprodutiva dos touros jovens. Também precisamos respeitar um número aproximado de 25-30 vacas por touro quando optarmos por monta natural. Assim como as vacas, os touros necessitam de sombra, alimento balanceado e água disponível no seu piquete. Os touros deve estar livres de doenças, principalmente as transmissíveis através do sêmen como, por exemplo, a brucelose. Imaginem que se um touro serve 30 vacas, um touro infectado pode contaminar as 30 vacas e, certamente, teremos resultados reprodutivos desastrosos neste caso. - O que o perímetro escrotal pode nos dizer? O perímetro escrotal (ilustrado na figura abaixo) nos indica basicamente o tamanho dos testículos. Desta forma, isso ganha importância quando associamos a função dos testículos de produzir espermatozoides ajustado à idade e ao peso do reprodutor. O perímetro escrotal é uma medida de desenvolvimento do reprodutor e deve variar entre 32-36 cm de acordo com a raça, idade e manejo. - Como ocorre a formação dos espermatozoides? A espermatogênese (formação dos espermatozoides) ocorre nos túbulos seminíferos dos testículos e tem uma duração de aproximadamente 60 dias. Em função disso, recomenda-se fazer exame andrológico (avaliação da capacidade reprodutiva dos touros) com intervalos de no mínimo 60 dias. As espermatogônias sofrem sucessivas mitoses e, assim, proliferam. Os espermatócitos primários se formam a partir das espermatogônias e sofrem a primeira divisão meiótica (reduzem o número de cromossomos pela metade) - meiose I – originando os espermatócitos secundários, os quais sofrem a segunda divisão meiótica – meiose II – e dão origem aos espermátides. As espermátides, por sua vez, se transformam em espermatozoides. As células de Leydig e células de Sertoli estão presentes nos testículos e auxiliam neste processo de formação dos espermatozoides. Observe a figura abaixo representando a espermatogênese nos túbulos seminíferos dos testículos dos touros. - Onde ocorre a formação dos espermatozoides? A espermatogênese ocorre nos túbulos seminíferos dos testículos. Quando formados, eles ocupam a luz Aspectos Reprodutivos de Bovinos destes túbulos e à medida que são produzidos, são conduzidos para os túbulos retos, rede testicular, ductos eferentes e seguem para a cabeça, corpo e cauda do epidídimo. Lembre- se, os espermatozoides só adquirem motilidade na cabeça e corpo do epidídimo. Quando ocorre a ejaculação, os espermatozoides armazenados na cauda do epidídimo seguem seu caminho pelos ductos deferentes. Observe a figura seguinte representando testículos suspensos no interior da bolsa escrotal e demonstrando o trajeto dos espermatozoides desde sua formação nos 1) túbulos seminíferos, 2)túbulos retos, 3) rede testicular, 4) ductos eferentes, pelos quais os espermatozoides são conduzidos do testículo ao epidídimo (5-Cabeça, 6- corpo e 7-cauda) e seguem pelos ductos deferentes em direção à uretra. - Como ocorre a produção hormonal nos testículos? Aqui também temos a participação do eixo hipotalâmico-pituitário- gonadal. O Hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) produzido pelo hipotálamo (estrutura presente no cérebro), sinaliza para a produção de hormônio luteinizante (LH) e hormônio folículo estimulante (FSH) pela adeno-hipófise (também localizada no cérebro). O LH age sobre as Células de Leydig que fica no compartimento intersticial (mais distante dos espermatozoides) dos testículos e produz testosterona. A testosterona age sobre a libido dos touros (manifestação de desejo sexual), bem como exerce efeito sobre as características de touros adultos. Se a principal função do touro é cobrir maior número possível de vacas, a testosterona (libido) se torna crucial para determinar a aptidão reprodutiva dos mesmos. O FSH, por sua vez, age sobre as Células de Sertoli, que produzem entre outros hormônios, o estrogênio e auxilia na espermatogênese. Isso pode justificar seu contato direto com os espermatozoides em formação no compartimento adluminal dos testículos. A ponta deste eixo é o efeito negativo que a testosterona e o estrogênio exercem sobre o hipotálamo. Por isso, a produção de testosterona, por exemplo, ocorre em picos: alta testosterona = menor liberação de GnRH; baixa testosterona = maior liberação de GnRH. Parâmetros espermáticos O número total de espermatozoides que pode ser encontrado em um ejaculado de touro é de 6-7 bilhões de espermatozoides em um volume total de 4 a 10 mL. É importante ressaltar que há uma grande variação de volume e concentração espermática de acordo com o Aspectos Reprodutivos de Bovinos método de coleta do sêmen (vagina artificial ou eletroejaculador), raça e o manejo (reprodutivo, nutricional e sanitário) adotado na criação dos reprodutores. A avaliação do sêmen faz parte do exame andrológico e é rigorosamente realizada nas centrais de inseminação artificial idôneas. Esta prática busca assegurar a viabilidade espermática do sêmen e capacidade de fecundação dos espermatozoides que serão congelados em palhetas de sêmen para serem, posteriormente, comercializados. A dose inseminante (sêmen congelado comercializado) deve conter 20 a 40 milhões de espermatozoides, apresentando no mínimo30 % de motilidade progressiva e 3 % de vigor. A porcentagem de defeitos espermáticos maiores não devem exceder 20 % (de um total de 200 espermatozoides contados), para dose com o mínimo de 10 milhões de espermatozoides com motilidade progressiva. No vídeo abaixo você poderá ver um exemplo da visualização para avaliação da motilidade espermática de um touro realizada através de microscópio óptico. O caminho para a fecundação Já pararam para pensar no extenso caminho que os espermatozoides devem percorrer até chegar no local onde ele está predestinado a encontrar e penetrar no óvulo? É um longo caminho, sim! Tudo começa nos testículos dos touros, onde os espermatozoides são produzidos. Nos testículos, os espermatozoides ainda não apresentam motilidade, apenas são produzidos e conduzidos até os epidídimos. Nos epidídimos, os espermatozoides maturam e adquirem motilidade para seguir seu caminho até o óvulo. É tudo uma questão de preparação! Quando não ocorre ejaculação os espermatozoides vão sendo degenerados, reabsorvidos e eliminados na urina. Entretanto, quando ocorre a ejaculação, bilhões de espermatozoides competem entre si para entrar em contato com o óvulo em primeiro lugar. Uma vez que, somente um será o vencedor! Os espermatozoides seguem pelos ductos deferetes e entram em contato com o plasma seminal, que dará suporte para os espermatozoides sobreviverem no trato reprodutivo da fêmea. Neste momento, os espermatozoides em contato com o plasma seminal são descapacitados para, então, serem recapacitados no trato reprodutivo da fêmea. O ejaculado será depositado na vagina da vaca pelo pênis do touro. O primeiro grande obstáculo será atravessar a cérvix. Embora, no cio, ela esteja um pouco aberta, a cérvix ainda possui anéis cartilaginosos que tornam esse caminho tortuoso. Muitos espermatozoides ficarão para trás! Aqueles que passaram a cérvix, seguem pelo corpo do útero e cornos uterinos até o oviduto correspondente ao ovário com folículo pré-ovulatório. Os espermatozoides terminam sua recapacitação no oviduto e, logo, estarão prontos para fecundar o óvulo. Quando um único espermatozoide entrar em contato com o óvulo que foi liberado na ovulação, ocorrerá reação de Aspectos Reprodutivos de Bovinos acrossoma. A reação de acrossoma é a liberação de enzimas da parte que fica na frente, ou logo acima, da cabeça dos espermatozóides. Estas enzimas auxiliam para a penetração dos espermatozoides no óvulo. O óvulo não deseja mais a penetração de nenhum outro espermatozoide. Para isso, o óvulo sofre despolarização da membrana em um processo chamado bloqueio vitelínico e libera enzimas capazes de alterar sua estrutura através da reação cortical. O material genético do espermatozoide se unirá ao material genético do óvulo e, assim, teremos a formação de um embrião.
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