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Anne Karolyne Morato – P4 Tutoria Conhecer o CA de próstata, tipos e seu prognostico: Introdução: → A próstata é um órgão retroperitoneal que envolve o colo da bexiga e a uretra e não possui uma cápsula distinta. → No adulto, o parênquima prostático pode ser dividido em 4 zonas ou regiões biológica e anatomicamente distintas: 1. Zona central (ZC); 2. Zona periférica (ZP); 3. Zona de transição (ZT); 4. Zona periuretral. → Os tipos de lesões proliferativas são diferentes em cada região. Exemplo: a maioria das hiperplasias surge na ZT, enquanto a maioria dos carcinomas se origina na ZP. → Histologicamente, a próstata é composta por glândulas revestidas por 2 camadas de células, posicionadas respectivamente: 1. Camada basal de epitélio cuboide baixa; 2. Camada de células secretoras colunares. → Essas glândulas são separadas por um estroma fibromuscular abundante. → Os andrógenos testiculares controlam o crescimento e a sobrevida das células prostáticas. → Três processos patológicos afetam a glândula prostática com frequência: Inflamação, aumento nodular benigno e tumores. Adenocarcinoma prostático: → É a forma mais comum de câncer em homens, representando 29% dos casos de CA nos EUA em 2012. → Há uma probabilidade de que 1 em 6 homens seja diagnosticado com CA de próstata ao longo da sua vida. → O CA de próstata é tipicamente uma doença de homens com >50 anos. → Com base em estudos de autopsia, sua incidência aumenta de 20% em homens na faixa dos 50 anos, para aproximadamente 70% em homens entre os 70 e 80 anos de idade. → Existe diferencias nacionais e raciais notáveis e intrigantes na incidência. É raro em asiáticos e ocorre mais frequentemente entre negros. → Em aproximadamente 70% dos casos, o carcinoma da próstata surge na ZP da glândula, classicamente em uma Anne Karolyne Morato – P4 localização posterior, onde pode ser palpável ao exame retal. → No corte transversal da próstata, o tecido neoplásico é granuloso e firme, mas quando embutido no interior da substancia prostática, sua visualização pode ser extremamente difícil, sendo mais facilmente aparente à palpação. → A extensão local envolve mais frequentemente o tecido periprostático, as vesículas seminais e a base da bexiga urinária, o que pode produzir obstrução uretral na doença avançada. → As metástases se disseminam via linfática, inicialmente para os linfonodos obturadores e eventualmente para os linfonodos paraaórticos. → A disseminação hematogênica ocorre principalmente para os ossos, em particular para o esqueleto axial, porem algumas lesões disseminam-se amplamente para as vísceras. A disseminação visceral maciça é uma exceção, e não a regra. → As metástases ósseas são tipicamente osteoblásticas, uma característica que em homens aponta fortemente para uma origem prostática. → Os ossos comumente envolvidos, em ordem descendente de frequência: 1. Coluna lombar; 2. Fêmur proximal; 3. Pelve; 4. Coluna torácica; 5. Costelas. Patogenia: → Os andrógenos desempenham um papel importante no CA de próstata. Como seus equivalentes normais, o crescimento e a sobrevida das células do CA de próstata dependem de andrógenos, que se ligam ao receptor androgênico (RA) e induz a expressão de genes pró- crescimento e pró-sobrevida. → Os andrógenos são importantes na manutenção do crescimento e sobrevida das células do CA de próstata, isso pode ser observado no efeito terapêutico da castração ou do tratamento com antiandrogênicos, que geralmente induzem a regressão da doença. Infelizmente, a maioria dos tumores se torna resistente a bloqueio androgênico. Os tumores podem escapar por uma variedade de mecanismos: • Hipersensibilidade em níveis baixos de andrógeno (por amplificações do gene de RA); • Ativações de RA independente de ligante (por via de ligações variantes que bloqueiam o domínio de ligação do ligante); • Mutações em RA que permitem sua ativação por ligantes não androgênicos; • Outras mutações ou alterações epigenéticas que ativam as vias de sinalização alternativas, que podem evitar completamente a Anne Karolyne Morato – P4 necessidade de RA (exemplo, uma alteração que leva ao da ativação da via de sinalização PI3K/AKT (tal como o gene supressor de tumor PTEN). • Nos estágios avançados da doença são comuns a perda da TP53 por deleção ou mutação. Apontar os fatores de risco associados ao CA de próstata: → Os conhecimentos sobre as causas do CA de próstata está longe de ser completo. → Suspeita-se de vários fatores, incluindo: Idade; Raça; • 70% > em negros e 70% < em índios, quando comparada com a frequência em brancos. História familiar; • Comparando com homens sem história familiar, os que possuem parentes de 1º grau com CA de próstata apresentam o dobro do risco, aqueles com 2 parentes de 1º grau possuem 5 vezes o risco de desenvolver o CA de próstata. • Inclusive, no problema, o pai e o tio do paciente faleceram de CA de próstata, então, acredito que ele tinha 5 vezes mais chance de desenvolver o CA de próstata. • Homens com forte história familiar de CA de próstata também tendem a desenvolver a doença em idade mais precoce. Níveis hormonais; Influencias ambientais; Dieta; Entender o quadro clinico e associar ao caso (exame físico): → O CA prostático localizado é assintomático, e geralmente é descoberto pela detecção de um nódulo suspeito ao exame retal ao pelo do nível sérico de PSA. → A maioria dos CA prostáticos surge perifericamente e longe da uretra, e, portanto, sintomas urinários ocorrem tardiamente. Pacientes com o CA de próstata clinicamente avançado podem apresentar sintomas urinários, como: • Dificuldade em iniciar ou interromper a micção; • Disúria; • Frequência; • Hematúria. → Atualmente é raro que os pacientes procurem cuidados médicos devido a dor nas costas causada por metástases vertebrais. O achado de metástases osteoblásticas em exames do esqueleto ou pelo método de cintilografia óssea por radionuclídeo, muito mais sensível, é virtualmente diagnóstico desse tipo de CA. Anne Karolyne Morato – P4 Identificar os principais exames diagnósticos e estadiamento (correlacionar com o prognostico e metástase): Exames diagnósticos: → O diagnostico em amostras de biopsias é difícil devido a vários fatores, muitas vezes existe apenas uma quantidade escassa de tecido para o exame histológico em biópsias por agulha, e glândulas malignas podem ser misturadas com inúmeras glândulas benignas. → Alguns achados histológicos na biópsia são específicos para o CA de próstata, como a invasão perineural, mas em geral o diagnóstico é feito com base em uma constelação de achados arquiteturais, citológicos e auxiliares. Uma característica diferencial entre as glândulas prostáticas benignas e malignas é que as glândulas benignas contem células basais, que estão ausentes no câncer. Essa distinção pode ser evidenciada usando-se vários marcadores imuno-histológicos para rotular as células basais. → Exame retal digital: Pode detectar alguns carcinomas prostáticos precoces, devido a sua localização posterior, mas o exame sofre tanto de baixa sensibilidade quanto de baixa especificidade. → Ultrassonografia transretal: Mostra achados característicos nos pacientes com CA prostático, mas também possui baixa sensibilidade e especificidade. Tipicamente, uma biópsia por agulha transretal é necessária para confirmar o diagnóstico. → Níveis séricos de PSA: É amplamente usado para auxiliar no diagnóstico e tratamento. O PSA é um produto do epitélio prostático e é secretado normalmente no sêmen. Ele é especifico do órgão,mas não especifico do câncer. Em homens normais, apenas quantidades mínimas de PSA circulam no soro. Os níveis de PSA ocorrem em associação ao CA localizado, assim como CA avançado. No entanto, como rastreamento do CA de prostata, o uso de PSA continua a ser controverso, dado que carece de sensibilidade e especificidade. → Genes e proteínas: Que podem servir como biomarcadores do CA de próstata. Exemplo: PCA3 é um RNA não codificante, que é superexpresso em 95% dos CA de próstata. Um teste de diagnostico que quantifica o PCA3 na urina é atualmente utilizado como um biomarcador adicional em pacientes suspeitos de CA de próstata devido ao PSA , mas que tiveram a biópsia negativa. Anne Karolyne Morato – P4 Estadiamento: → O paciente do problema estava T4N1M1. → O grau e o estádio são os melhores indicadores de prognóstico. Entre 46 e 60% dos pacientes com estágios em T3 evidenciam acometimento dos linfonodos ilíacos. T – Extensão do tumor primário T1 Lesão clinicamente inaparente T1a Envolvimento <5 do tecido ressecado. T1b Envolvimento >5 do tecido ressecado. T1c Carcinoma presente na biópsia por agulha, após PSA T2 CA palpável ou visível T2a Envolvimento de <5% de um lobo T2b Envolvimento de >5% de um lobo, mas unilateral T2c Envolvimento de ambos os lobos T3 Extensão extraprostática local T3a Extensão extracapular T3b Invasão vesical seminal T4 Invasão de órgãos contíguos e/ou estruturas de apoio, incluindo colo da bexiga, reto, esfíncter externo, músculos elevadores, ou assoalho pélvico. N – Estado dos linfonodos regionais N0 Ausência de metástases regionais N1 Metástase em linfonodos regionais M – Metástases distantes M0 Ausência de metástases distantes M1 Presença de metástases distantes M1a Metástases para linfonodos distantes M1b Metástases ósseas M1c Outros locais distantes Conhecer a escala de Gleason e associar ao caso (paciente = 8) → O adenocarcinoma de próstata é graduado de acordo com o sistema de Gleason, que estratifica o CA de próstata em 5 graus com base nos padrões glandulares de diferenciação. → A maioria contem mais de um padrão, um grau primário atribuído ao padrão dominante e um grau secundário ao segundo padrão mais frequente. Soma os 2 graus para obter a pontuação. → Tumores com apenas 1 padrão são tratados como se os graus fossem os mesmos, então o número é dobrado. → Se ocorre a presença de 3 padrões na biópsia, o grau mais comum e o maior são somados para chegar à pontuação. Agressividade: → Embora existam evidencias de que o CA de próstata possa se tornar mais agressivo com o tempo, é mais comum que a pontuação de Gleason permaneça estável durante um período longo. 2 – 4 = crescimento provavelmente lento; cerca de 25% de chance de disseminação em 10 anos. 5 – 7 = crescimento lento ou rápido, a depender de outros fatores; cerca de 50% de chance de disseminação em 10 anos. 8 – 10 = crescimento muito rápido; cerca de 75% de chance de disseminação em 10 anos. Anne Karolyne Morato – P4 Grau: Características: 1 Células uniformes e pequenas, formação de glândulas regulares, pouca variação de tamanho e forma, com bordos bem definidos, densamente agrupadas, distribuídas homogeneamente e com pouco estroma. 2 Células variam mais em tamanho e forma, glândulas uniformes frouxamente agrupadas e com bordos irregulares. 3 Células variam ainda mais em tamanho e forma, glândulas muito pequenas, uniformes, anguladas u alongadas, individualizadas e anarquicamente espalhadas pelo estroma. Podem formar massas fusiformes ou papilíferas, com bordas lisas. 4 Muitas células fusionadas em grandes massas amorfas ou formando glândulas irregulares, distribuídas anarquicamente, com infiltração irregular e invasão de tecidos adjacentes. As glândulas podem apresentar células pálidas e grandes, com padrão hipernefroide. 5 Tumor anaplásico. Células agrupadas em grandes massas com invasão dos órgãos e tecidos vizinhos, podendo exibir necrose central. A diferenciação glandular pode não existir, exibindo padrão de crescimento infiltrativo do tipo células soltas. Interpretação clinica do Escore de Gleason: Grau 1 = tumores bem diferenciados. Grau 2-4 = tumores bem diferenciados. Grau 5-6 = diferenciação intermediaria. Grau 7 = pouco diferenciado. Grau 8-10 = tumores indiferenciados. Grupos de grau/prognóstico: Grupo 1 – Gleason < ou igual 6. Grupo 2 – Gleason 3 + 4 = 7 Grupo 3 – Gleason 4 + 3 = 7 Grupo 4 – Gleason = 8 Grupo 5 – Gleason 9 ou 10. → Graus de 2 a 6 = excelente prognóstico. Em amostras cirúrgicas, a pontuação de Gleason entre 2 e 4 compreendem tumores pequenos. → Graus de 8 a 10 = comportamento biológico agressivo. Tendem a representar canceres avançados com pouca probabilidade de cura. A – Gleason 1 + 1 = 2 B – Gleason 3 + 3 = 6 C – Gleason 5 + 5 = 10 Anne Karolyne Morato – P4 Citar os principais tratamentos: → Cirurgia; → Radioterapia; → Manipulações hormonais. → Mais de 90% dos pacientes que recebem essas terapias podem esperar viver por + de 15 anos. → Atualmente, o tratamento mais comum para o CA de próstata clinicamente localizado é a prostatectomina radical. O prognostico após a prostatectomina radical é baseado no estagio patológico, estado das margens e grau de Gleason. → Tratamentos alterativos consistem em radioterapia com feixe externo ou radioterapia intersticial. Entender as politicas de rastreio e prevenção do CA de próstata: → A prevenção do CA prostático não pode ser feita de forma eficiente, pelo fato de ainda não ser conhecido os fatores que modificam a maquinaria celular, tornando-a maligna. → Hábitos dietéticos específicos talvez possam reduzir os riscos; nesse caso, indica-se uma alimentação com baixo teor de gordura animal (habito comum nos países onde a incidência da doença é baixa). → O consumo abundante de tomate cozido e seus derivados parece diminuir em 35% os riscos de CA de próstata, segundo estudos realizados em Harvard. → Complementação dietética com vitamina E + selenium talvez tenham um efeito protetor contra o CA de próstata, reduzindo o risco de ocorrência. → Como a testosterona contribui para o crescimento do CA de prostata, é possível que o bloqueio parcial desse hormônio possa reduzir a incidência da doença. Com essa perspectiva, o Southwest Oncology Group, dos EUA, estabeleceu um projeto para explorar o eventual papel da finasterida na prevenção dos tumores malignos da prostata. Tal medicação bloqueia a enzima 5- alfa-redutase (responsável pela ação da testosterona na célula prostática) e não interfere significativamente coma função sexual, comum quando utilizam outros antagonistas da testosterona. Mas notou-se uma piora histológica do tumor, então essa medicação não deve ser utilizada na prevenção do CA de próstata até que descubram o causa desse impacto histológico. TRATADO DE ONCOLOGIA → O rastreamento do câncer de próstata, como qualquer intervenção em saúde, pode trazer benefícios e malefícios/riscos que devem ser analisados e comparados antes da incorporação na prática clínica e como programa de saúde pública. Anne Karolyne Morato – P4 → O benefício esperado é a redução na mortalidade pelo câncer de próstata. → Os possíveis malefícios incluem: Resultados falso-positivos; Infecções e sangramentos resultantes de biópsias; Ansiedade associada ao sobrediangóstico de câncer; Danos resultantes do sobretratamento de cânceres que nunca iriam evoluir clinicamente. → Por existirem evidências científicas de boa qualidade de que o rastreamento do câncer de próstata produz mais dano do que benefício, o Instituto Nacional de Câncer mantéma recomendação de que não se organizem programas de rastreamento para o câncer da próstata e que homens que demandam espontaneamente a realização de exames de rastreamento sejam informados por seus médicos sobre os riscos e benefícios associados a esta prática. → O INCA apoia a iniciativa de aprimorar as estratégias de comunicação sobre os benefícios e malefícios do rastreamento do câncer de próstata (e de outros cânceres) e da decisão informada e compartilhada em situações individuais. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER https://www.gov.br/inca/pt-br Referências: 1. Robbins & Cotran Patologia – Bases Patológicas das Doenças – 9ª edição. 2. Tratado de oncologia – Paulo Marcelo Gehm Hoff – 1ª edição. https://www.gov.br/inca/pt-br
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