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MÓDULO 24 - EMERGÊNCIAS Júlia Loureiro TUTORIA 3 1. EPIDEMIOLOGIA DO TRAUMA ❖ Trauma ▪ Lesão caracterizada por alterações estruturais ou desequilíbrio fisiológico, decorrente de exposição aguda a várias formas de energia (mecânica, elétrica, térmica, química, irradiações). ▪ Afeta superficialmente partes moles ou lesa estruturas nobres e profundas do organismo. ▪ O politraumatizado apresenta lesões em dois ou mais sistemas de órgãos, é necessário que pelo menos uma ou a combinação dessas lesões, represente risco vital. ❖ Epidemiologia ▪ No Brasil, o número de mortes por acidentes está em terceiro lugar (1°-doenças cardiovasculares 2° - câncer). ▪ Dentre as causas de trauma, os homicídios (ou tentativas) respondem pela maioria dos casos, seguidos por acidentes de trânsito. ▪ Predomínio do sexo masculino. ▪ Triplica nos finais de semana. ▪ Relacionada com uso de álcool. ▪ 20-30% dos óbitos ocorrem por falta de uma melhor integração entre atendimento pré- hospitalar e hospitalar. ▪ É a principal causa de morte na faixa etária de 15-29 anos. ▪ As taxas de morta-lidade são maiores em países com menor grau de desenvolvimento. ▪ Estima-se que 49% das vítimas de acidentes de trânsito sejam pedestres, ciclistas ou motociclistas. ▪ As principais causas de morte após o trauma são traumatismo craniano, lesão torácica e sangramento por lesões vasculares. ❖ Epidemiologia por faixa etária ▪ Menores de 2 anos estão sujeitos a riscos impostos por terceiros, como queimaduras, intoxicações, colisão de automóvel e quedas. ▪ Pré-escolares (de 2 a 6 anos) sofrem mais atropelamentos, acidentes de submersão, qued as de lugares altos, ferimentos, lacerações e queimaduras. ▪ Crianças na idade escolar (de 6 a 10 anos) podem ser vítimas de atropelamentos, quedas d e bicicletas, quedas de lugares altos, traumatismos dentários, ferimentos com armas de fogo e lacerações. ▪ Meninos estão mais propensos a sofrer acidentes do que as meninas. Faixa etária mais acometida ▪ O trauma é a principal causa de óbito entre 1 e 40 anos de idade. ▪ Crianças são vítimas frequentes. ▪ E corresponde a 30% das mortes em idosos. ▪ É também a maior causa de anos potenciais de vida perdidos. ❖ Magnitude e Transcendência ▪ Magnitude – avaliação da dimensão do problema saúde-doença – onde se leva em conta a sua incidência, prevalência, morbidade e a mortalidade. ▪ Transcendência - é a medida da relevância social, da importância, do reconhecimento que determinada população dá a um evento, é o Valor Social. ▪ O trauma é uma doença que representa um problema de saúde pública de grande magnitude e transcendência no Brasil, que provoca forte impacto na morbidade e na mortalidade da população. ❖ Custos para os serviços de saúde ▪ Os custos incluem hospitalização, administração de seguros, encargos trabalhistas e redução de produtividade. ▪ No Brasil, cerca de 56 bilhões são gastos anualmente. ❖ Ondas de mortalidade no trauma ▪ As mortes determinadas pelo trauma ocorrem em três períodos de tempo distintos - distribuição trimodal. 1ª onda ▪ Dentro de segundos a minutos do evento. ▪ 50% dos óbitos. ▪ Causas mais comuns: o Lacerações da aorta. o Traumatismo cardíaco. o Lesões da medula espinhal e do tronco encefálico. o Insuficiência respiratória aguda. Otávio Barcelos Retângulo ▪ Na maior parte dos casos os pacientes não conseguem ser salvos devido à gravidade do trauma. ▪ A única forma de reduzir essa mortalidade é através de medidas preventivas (sinalização das estradas, campanhas para uso de cintos de segurança). 2ª onda ▪ Dentro de minutos a horas do acidente. ▪ 30% dos óbitos. ▪ A maioria das lesões são potencialmente tratáveis. ▪ Causas mais comuns: ▪ Hemorragia – por ruptura esplênica, lacerações hepáticas, fraturas pélvicas. ▪ Lesões abdominais. ▪ Hemopneumotórax. ▪ Hematomas epidural e subdural. o Um atendimento adequado, com rápida avaliação e medidas de ressuscitação podem reduzir a mortalidade - hora de ouro, com enfoque no ATLS. 3ª onda o Dentro de várias horas a semanas do acidente. o A maioria das mortes, nesse momento, ocorre após 24h o trauma. o Causas mais comuns: ▪ Sepse. ▪ Trombose (complicação). ▪ Tromboembolismo pulmonar. ▪ Disfunção sistêmica de múltiplos órgãos. o Os cuidados tomados durante as fases anteriores do atendimento podem influenciar o prognóstico desses pacientes. ❖ Cinemática ▪ O trauma advém da liberação de formas específicas de energias ou de barreiras físicas ou fluxo normal de energia. ▪ Mecanismos: o Asfixia e hipotermia. o Mecânica: colisão. o Química. o Térmica. o Irradiação. o Elétrica. Cinemática, biomecânica ou mecanismo do trauma ▪ Avaliação da cena, do tipo de trauma e das circunstâncias que aconteceram. ▪ Estabelece uma relação entre os eventos ocorridos e possíveis lesões apresentadas pela vítima. ▪ Os danos no veículo podem apresentar pistas das lesões apresentadas pela vítima. ▪ Orienta a pesquisa de lesões potenciais, que não estão visíveis no paciente, mas que de acordo com o mecanismo do trauma devem ser pesquisadas. ▪ Cavidade ou deformação pose ser visível - permanente ou não visível – temporária. ▪ As lesões traumáticas podem ser classificadas em contusas, penetrantes ou por explosão. Leis da física aplicadas ao trauma: Acidente com veículos: ▪ O veículo com alta velocidade, perde sua velocidade transferindo-a para outro objeto em forma de energia, no caso para o corpo humano. ▪ Um volante deformado sugere impacto no tórax. ▪ Uma rachadura circular no para-brisa sugere impacto da cabeça e possível lesão de crânio e coluna cervical. ▪ Uma deformidade na parte mais baixa do painel sugere possível luxação de joelho, coxo-femoral ou até fratura de fêmur. ▪ Uma deformidade na porta sugere lesão toraco-abdominal-pélvica e de coluna cervical. 2. ABORDAGEM DO POLITRAUMATIZADO ❖ Atendimento pré-hospitalar móvel (APH-M) ▪ O atendimento prestado pelas equipes de APH segue exatamente os mesmos princípios do que é preconizado para o intra-hospitalar. ▪ A diferença é o ambiente em que esse atendimento é realizado. Meio de transporte APH – ambulâncias: Etapas do APH: ▪ O atendimento pré-hospitalar é dividido em etapas. ▪ Recebimento do chamado pela central de regulação. ▪ Triagem e acionamento das equipes de atendimento. ▪ Deslocamento das equipes até o local de atendimento. ▪ Avaliação da segurança, cena e situação. ▪ Atendimento ao(s) paciente(s). ▪ Definição do destino mais adequado ao paciente. ▪ Contato com estabelecimento de saúde de destino. ▪ Transporte do paciente. ▪ Passagem do caso à equipe do serviço que recebe. ▪ Regresso à base. ❖ Contato com o serviço de APH ▪ Realizada pelo médico regulador e demais profissionais da Central de Regulação (técnico auxiliar de regulação médica – TARM e despachadores). ▪ O contato do solicitante com a Central de Regulação é feito através dos números 192 (SAMU) e 193 (Corpo de Bombeiros). ▪ Os TARM fazem a identificação do solicitante e da queixa principal, na maioria das vezes auxiliados por um software específico, com questões predefinidas, que levam a uma orientação quanto ao nível de gravidade do problema. ▪ O médico regulador coleta mais informações do solicitante e orienta as primeiras ações a serem tomadas antes da chegada das equipes de atendimento, caso necessário. ▪ O médico regulador define qual tipo de suporte será acionado. ▪ Os despachadores identificam a equipe de atendimento disponível mais próxima e realizam o acionamento. ▪ Deslocamento da equipe de atendimento APH. ▪ Critérios para acionamentode equipes de suporte avançado de vida no Corpo de Bombeiros: ❖ Atendimento na cena ▪ Os “três ‘S’” do APH (Safety, Scene & Situation). Segurança: ▪ A segurança é etapa fundamental e obrigatória, os profissionais envolvidos no atendimento não podem se tornar outras vítimas. ▪ Estacionamento em posição e local adequados: posicionar viatura antes do local do atendimento, em 45° em relação ao eixo da via, com os sinais luminosos ligados. ▪ Sinalização correta do local e isolamento da área (cones, fitas de isolamento, sinais luminosos). ▪ Utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) adequados ao tipo de situação. Cena e situação: ▪ Local no qual ocorreu a emergência (estrada, rua, residência, ambiente fechado ou aberto). ▪ Mecanismo da lesão, caso seja vítima de trauma: ▪ Presença de outras vítimas não identificadas de imediato. ▪ Cronologia dos acontecimentos. ▪ Coletar informações e elencar procedimentos já realizados. ❖ Atendimento as vítimas ▪ Segue os mesmos passos do ATLS. ▪ São ações do atendimento pré-hospitalar: o Manutenção das vias aéreas. o Estabilização da coluna cervical. o Controle da hemorragia externa. o Imobilização do paciente para o transporte. o Remoção ao hospital mais próximo. ❖ Como definir o transporte das vítimas ▪ É responsabilidade do médico regulador definir o local para onde o paciente vai ser transportado. ▪ Para isso, usa as informações fornecidas pelas equipes de atendimento, a grade de recursos disponíveis naquele momento e a localização tanto da equipe como do estabelecimento de saúde. ▪ Os pacientes, conforme critérios estabelecidos, devem ser transportados para centros de trauma após a estabilização inicial. ▪ Alguns índices de gravidade e fluxograma de triagem podem au-xiliar as decisões do médico regulador - MGAP e Triage RTS. MGAP (Mechanism, Glasgow, Age, Pressure) ▪ Podem ser obtidos valores entre 3 e 29. ▪ Leve: 3-17. ▪ Moderado: 18-22. ▪ Grave: 23-29. Escore de Trauma Revisado (t-RTS – Triage RTS) ▪ Varia de 0 a 12, sendo que valores menores do que 11 têm indicação de transporte a um centro de trauma. ❖ Preparação hospitalar ▪ A equipe que está atendendo a vítima no local do acidente deve comunicar a transferência desta ao hospital, para que a equipe de trauma possa se organizar. ▪ Informações a respeito da hora em que ocorreu o acidente e suas circunstâncias, mecanismos do trauma, lesões suspeitas, sinais vitais, sintomas clínicos, achados de exames e tratamentos realizados na cena. ▪ Preparação de equipes de cirurgia de trauma, obstetrícia e radiologia, entre outras. ▪ Os recursos para o atendimento, como centro cirúrgico, ultrassonografia e drenos, entre outros, além de hemoderivados, devem ser preparados antes da chegada do paciente. ▪ Preparo da sala de trauma. ▪ Materiais de reanimação (Ringer lactato aquecido). ▪ Matérias de acesso a via aérea (tubo, laringoscópio e material para acesso cirúrgico). ▪ Equipamentos para monitoração e ventilação. ▪ As precauções universais como aventais, gorros e máscaras devem fazer parte da preparação da equipe de trauma. ▪ A equipe deve ter um líder claramente designado que determine o plano geral de manejo e atribua tarefas específicas. ▪ O bom atendimento começa com um briefing pré-chegada e a atribuição de papéis gerais e tarefas específicas. ❖ Triagem ▪ Método START: ▪ A triagem classifica os pacientes de acordo com o tipo de tratamento necessário e os recursos disponíveis. ▪ De forma geral, duas situações de triagem acontecem na prática: o Há múltiplas vítimas e o hospital é capaz de oferecer atendimento a todas - os pacientes com risco de vida iminente e aqueles com lesões multissistêmicas serão atendidos primeiro. o O número de vítimas ultrapassa a capacidade de atendimento hospitalar - as vítimas com maior probabilidade de sobreviver serão atendidas primeiro. ❖ Intra-hospitalar ▪ Atendimento orientado conforme o ATLS. ▪ Etapas o Preparação. o Triagem. o Exame Primário. o Reanimação. o Medidas Auxiliares ao Exame Primário e à Reanimação. o Exame Secundário. o Medidas Auxiliares ao Exame Secundário. o Reavaliação e Monitoração Contínuas após Reanimação. o Cuidados Definitivos. 3. ATLS ❖ AVALIAÇÃO PRIMÁRIA ▪ A avaliação primária tem como objetivo a identificação e tratamento prioritário das lesões que implicam em maior risco de morte. ▪ Deve ser sempre conduzida através do ABCDE do trauma. ▪ Caso seja identificada uma parada cardiorrespiratória, passamos imediatamente às manobras de reanimação cardiopulmonar. A → Estabilização da coluna cervical e Avaliação das vias aéreas ▪ A abordagem da via aérea é prioridade no exame primário, pois qualquer outro esforço de ressuscitação torna-se inútil sem este primeiro passo. ▪ A hipoxemia mata o paciente primeiro. Estabilização da coluna cervical: ▪ SEMPRE fazer proteção da coluna cervical. ▪ Utilização de colar cervical. ▪ O padrão-ouro é a estabilização com colar e prancha rígida, mas se não for possível, a simples estabilização manual é indicada. ▪ Habitualmente, os pacientes já chegam à Sala de Emergência com o colar cervical (atendimento pré-hospitalar). ▪ Na Sala de Trauma, o paciente deve ser retirado da prancha longa devido ao risco de aparecimento de úlceras de pressão. ▪ Importância: em pacientes com fraturas, movimentações intempestivas do pescoço podem comprometer de forma fatal a medula espinhal alta. ▪ Epidemiologia: as fraturas da coluna são mais observadas em acidentes com veículos em alta velocidade. o 80% dos óbitos por lesão traumática da coluna deve-se a luxações do atlas- occipital e fraturas de C1-C2. o A fratura de Hangeman (avulsão de arcos de C2 e fratura de C2 sobre C3) é a segunda fratura cervical mais comum e geralmente está associada a fraturas de crânio e mandíbula. ▪ Retirada do colar: o colar cervical pode ser retirado em pacientes alertas, sem dor cervical, sem abuso de álcool / drogas e com exame neurológico normal. o Glasgow > 15 e não tem dor cervical. o Nesses casos o estudo radiológico da coluna cervical não precisa ser realizado. ▪ Os pacientes que não preencham os critérios de retirada do colar devem fazer estudo radiológico (RX com incidência lateral) para visualização dos ossos da coluna cervical (7 vértebras). ▪ Suspeita de fratura de cervical: vítimas de traumatismos multissistêmicos, trauma com grande componente cinético, nível de consciência alterado ou inconsciente, dor cervical, déficit neurológico e traumatismos fechados acima da clavícula. Avaliação de via aérea: ▪ 1° deve-se tentar conversar com o paciente - indivíduos sem prejuízo na fonação dificilmente apresentarão obstrução significativa das vias aéreas. ▪ Administração de oxigênio, sob máscara facial a 11 L/min. ▪ Comprometimento súbito das vias aéreas. ▪ Comprometimento progressivo das vias aéreas: agitação, na presença de hipóxia, ou letargia, na presença de hipercapnia (↑ CO2). ▪ Em vítimas com rebaixamento do nível de consciência, a abertura da via aérea deve ser estabelecida rapidamente, com medidas de elevação do queixo (chin-lift) e tração da mandíbula (jaw-thrust), sempre mantendo a coluna cervical estabilizada. ▪ Inspeção da via aérea para a presença de corpos estranhos, vômitos, acúmulo de saliva e sangue, os quais devem ser aspirados (laringoscopia direta seguida de sucção). o Vômitos intensos requerem a lateralização em bloco da prancha rígida e aspiração da via aérea. ▪ Realizar acesso definitivo às vias aéreas: o Apneia. o Proteção das vias aéreas inferiores contra aspiração de sangue ou conteúdo gástrico. o Comprometimentoiminente das vias aéreas (lesão por inalação, fraturas faciais ou convulsões reentrantes). o TCE grave com Glasgow ≤ 8. o Incapacidade de manter oxigenação adequada com ventilação sob máscara (desaturação). *Atenção para trauma maxilofacial ou pescoço, o paciente pode evoluir para obstrução de vias aéreas. Métodos de acesso definitivo a via aérea: ▪ Uma via aérea definitiva implica em uma cânula endotraqueal (com balão insuflado) fixada e conectada a um sistema de ventilação assistida com mistura enriquecida em O2. ▪ Oxigene seu paciente antes de obter a via aérea artificial - máscara ou ambu. ▪ Par intubar deve-se retirar colar cervical e fazer imobilização manual da coluna cervical. Intubação orotraqueal: ▪ Forma preferencial. ▪ Cuidado para se evitar o agravamento de potencial lesão da medula cervical. ▪ Intubação com hiperextensão da coluna cervical. ▪ Em casos de via aérea de difícil acesso, a videolaringoscopia pode ser utilizada. ▪ Intubação assistida por droga anestésica, rápida e não traumática, não necessita de movimento da cervical. o Etomidato - 0,3 mg/kg (anestésico). o Succinilcolina - 1 a 2 mg/kg ou rocurônio 1 mg/kg (bloqueadores neuromusculares). ▪ Combitubo ou tubo esôfago-traqueal: permite um acesso às cegas - dois tubos: um distal vai ocluir o esôfago e o outro proximal vai ser posicionado na laringe. ▪ Introdutor de tubo traqueal de Eschmann, ou Guia para a Intubação Traqueal ou Bogi (GIT) – deve ser usado quando as cordas vocais não são visualizadas na laringoscopia direta. ▪ Máscara Laríngea (ML) é uma alternativa após múltiplas tentativas de intubação - a ponta da máscara oclui o esôfago e permite que o ar insuflado vá para traqueia. ▪ A ML e o combitubo, não são considerados via aérea definitiva. ▪ Sempre confirmar o posicionamento do tubo. Intubação nasotraqueal: ▪ Menos utilizado. ▪ O paciente deve estar alerta e colaborativo. ▪ Complicações como necrose por pressão do tubo em partes moles e sinusite podem surgir. ▪ Contraindicações: apneia e trauma de face. ▪ Quando a intubação endotraqueal não for conseguida ou não puder ser obtida, deve-se utilizar os acessos cirúrgicos à via aérea. ▪ Indicações de via aérea cirúrgica: o Trauma maxilofacial extenso (com fragmentos dentários e muita secreção e sangue na via aérea). o Presença de distorção anatômica resultante de trauma no pescoço. o Incapacidade de visualização das cordas vocais, devido ao acúmulo de sangue e secreções, ou pelo edema da via aérea. Cricotireoidostomia cirúrgica: ▪ Obtida de forma rápida através de incisão transversa sobre a membrana cricotireoide. ▪ O orifício deve ser dilatado com pinça hemostática para inserção de um tubo ou cânula. ▪ O tubo utilizado em adulto (7-8 mm). ▪ Idade inferior a 12 anos é uma contraindicação relativa. Traqueostomia: ▪ Deve ser evitada - método de exceção. ▪ Pode ser utilizada em crianças < 12. Cricotireoidostomia por Punção (CP): ▪ Punção da membrana cricotireoide com agulha e passagem de cânula de grosso calibre em direção à traqueia para ventilação intermitente a jato (fonte de oxigênio de alta pressão). ▪ A CP não é considerada via aérea definitiva. ▪ Ocorre retenção de CO2, uma vez que a fase expiratória é curta. ▪ Utilizada somente entre 30 - 45 min. ▪ Pode ser empregada em crianças menores de 12 anos. ▪ Como é uma via rápida de ser conseguida é indicada quando há indicação de via aérea cirúrgica e o paciente entra em apneia. ▪ Dessaturação após obtenção de via aérea: o Deslocamento do tubo. o Obstrução do tubo por coágulos e/ou secreções espessas. o Agravamento de pneumotórax hipertensivo (precipitado por ventilação mecânica com pressão positiva). o Falha do equipamento (dobras do tubo, tubo de calibre pequeno e tanque de oxigênio vazio). B → Ventilação e Respiração ▪ Garantir uma ventilação adequada. ▪ Todas as vítimas de trauma devem receber oxigênio suplementar, máscara facial ou tubo endotraqueal, e monitorização com oximetria de pulso e eletrocardiografia contínua. ▪ Inspeção, palpação, percussão e ausculta da região torácica. ▪ Solicitar radiografia de tórax em AP. ▪ Casos não complicados: esforço respiratório simétrico e murmúrio vesicular bilateralmente audível. ▪ Três situações podem comprometer a ventilação/oxigenação - armadilhas da fase B: pneumotórax hipertensivo, pneumotórax aberto e tórax instável. ▪ O hemotórax e o pneumotórax simples podem também prejudicar a ventilação, porém em menor grau. ▪ Lesão de árvore traqueobrônquica: ▪ Pneumotórax hipertensivo: o ar penetra na cavidade pleural e um mecanismo valvular o impede de sair (unidirecional) - acúmulo de grande quantidade de ar sob pressão na cavidade pleural. o Colapso do pulmão ipsilateral ao pneumotórax. o Desvio do mediastino com compressão do pulmão saudável, gerando insuficiência respiratória. o Desvio do mediastino provocando angulação dos vasos da base - dificulta o retorno venoso e ocasiona ↓débito cardíaco com hipotensão e/ou choque. o Aumento de pressão intratorácica - diminuição do retorno venoso. o Suspeitado quando houver dispneia acompanhada de um ou mais achados: ➢ Desvio contralateral da traqueia. ➢ Enfisema subcutâneo. ➢ Hipertimpanismo à percussão do hemitórax acometido. ➢ Ausência ou diminuição do murmúrio vesicular no hemitórax acometido. ➢ Turgência jugular (dificuldade no retorno venoso por angulação dos vasos da base). ➢ Hipotensão ou choque. o Etiologia: mais frequente nos traumatismos torácicos fechados e ventilação mecânica com pressão positiva em pacientes com lesões pleuropulmonares assintomáticas ou não percebidas durante o atendimento o Diagnóstico: clínico, não deve aguardar o exame radiológico para instituição da terapêutica. o Tratamento imediato: punção do hemitórax acometido (toracocentese) com agulha calibrosa, no 2° espaço intercostal, na linha hemiclavicular - transforma o pneumotórax em aberto. ➢ 10ª edição do ATLS: 5º espaço intercostal, na linha axilar média. ➢ Em crianças continuará a ser realizada no 2º espaço intercostal. o Tratamento definitivo: toracostomia (inserção de um tubo no espaço pleural para drenar ar ou líquido do tórax) com drenagem em selo d’água (drenagem fechada) - o dreno é inserido na incisão do 5º espaço intercostal. ➢ O dreno é posicionado próximo à superfície superior do arco costal, pois o feixe neurovascular intercostal passa pela borda inferior. ➢ O cirurgião divulsiona os tecidos com uso de pinça hemostática, até alcançar a cavidade pleural e introduz o dedo indicador, após isso posicionar dreno torácico. ▪ Pneumotórax aberto: ferida torácica aspirativa ou pneumotórax perfutarivo. o Há uma solução de continuidade (ferida) em sua parede torácica, o que permite que o ar atmosférico atinja a cavidade pleural, provocando pneumotórax. o Se a abertura na parede torácica medir 2/3 do diâmetro da traqueia, haverá “competição” pelo ar, entre a ferida e a via aérea do paciente - quando o doente inspirar, o ar seguirá pela abertura torácica e não pela traqueia (alta resistência) → leva rapidamente à insuficiência respiratória. o Tratamento imediato: oclusão da ferida com curativo quadrangular fixado apenas em três pontas. ➢ Este curativo gera um mecanismo valvular, permite que o ar saia da cavidade pleural durante a expiração, mas não entre na inspiração. ➢ A oclusão completa da ferida pode transformar um pneumotórax aberto em um hipertensivo. ➢ Pode ser realizado no pré-hospitalar. o Tratamento definitivo: toracostomia com drenagem em selo d’água seguida de fechamento cirúrgico da ferida. ▪ Tórax instável (flail chest):ocorre quando há fratura em dois ou mais arcos costais consecutivos (com cada arco fraturado em dois ou mais pontos) ou separação dos arcos costais do esterno (disjunção costocondral). o As múltiplas fraturas levam a perda de continuidade de arcos costais fraturados com o restante da caixa torácica. o Respiração paradoxal: na inspiração o segmento fraturado colaba e na expiração, há abaulamento desta região. o Ocorre devido a trauma de grande intensidade e é comum ser associado a lesão do parênquima pulmonar subjacente - contusão pulmonar (sangue nos alvéolos e interstício do pulmão). ➢ O extravasamento de sangue dificulta as trocas gasosas e causa insuficiência respiratória aguda. o Tratamento: analgesia, para que o paciente respire sem dor. ➢ Opiáceos via intravenosa ou epidural. ➢ Casos mais brandos requerem apenas bloqueios intercostais. ➢ Em pacientes taquipneicos e hipoxêmicos devemos suspeitar de contusão pulmonar – deve-se fazer intubação endotraqueal e ventilação com pressão positiva. ➢ A fixação cirúrgica dos arcos costais é motivo de controvérsia. ➢ O uso de ataduras sobre as fraturas costais é contraindicada. C → Circulação com Controle da Hemorragia ▪ Avaliação hemodinâmica da vítima. ▪ Na presença de instabilidade hemodinâmica, a reposição volêmica deve ser feita por acessos periféricos. ▪ Hematoma é um sinal físico de hemorragia. ▪ Acessos periféricos: o Quantos acessos forem necessários do membro superior (veia antecubital e as veias do antebraço). o É recomendado um acesso. o Na ausência de acessos periféricos, recomenda-se a punção de acessos venosos profundos pela técnica de Seldinger (veia femoral, jugular interna ou subclávia) ou dissecção de veia safena. o Em crianças < 6 anos com acessos periféricos difíceis, a colocação de uma agulha intraóssea deve ser tentada antes da obtenção de um acesso central – punção a três dedos da tuberosidade tibial (não pode ser realizado em locais de fraturas ou infecções - risco de osteomielite). o O acesso intraósseo pode ser considerado em adultos com acessos periféricos e centrais difíceis. ▪ Colher amostras de sangue para avaliação laboratorial (hematócrito, tipagem sanguínea, teste de gravidez em mulheres em idade reprodutiva, gasometria venosa e dosagem do lactato) e testes toxicológicos. o Prova cruzada: exame para testar, antes de transfusão sanguínea ou transplante de órgãos, se o sangue do doador é compatível com o sangue do receptor - avalia se o receptor não é sensibilizado contra os Ag de histocompatibilidade do doador. ▪ A princípio, todo politraumatizado em choque é portador de CHOQUE HIPOVOLÊMICO HEMORRÁGICO. ▪ No atendimento pré-hospitalar de pacientes com hemorragia externa, deve-se fazer controle da perda sanguínea através de compressão da ferida e curativos compressivos. o O torniquete pode ser utilizado no pré- hospitalar para o controle da perda de sangue por lesão em extremidades. o O sangramento continuado da ferida deve ser abordado somente em centro cirúrgico, devendo-se evitar as abordagens às cegas na Sala de Emergência. ▪ Na suspeita de fraturas pélvicas, existe um dispositivo de estabilização pélvica. o Na ausência deste dispositivo, a equipe pré-hospitalar pode estabilizar as fraturas envolvendo a pelve com um lençol e dando um nó apertado. ▪ Classificação da hemorragia: o Estima a perda volêmica. o Atenção para sangramento continuado. o A perda hemorrágica é a causa mais frequente de choque em vítimas de politrauma. o As fontes habituais são lesões intra- abdominais (fonte mais comum), lesões em tórax provocando hemotórax maciço, fraturas pélvicas e múltiplas fraturas de ossos longos. o A prioridade do tratamento é conter o sangramento. ▪ Hemorragia classe I: é como se o indivíduo tivesse “doado sangue” - não representa risco inicial. o O paciente pode precisar de cristaloides, mas em muitos casos os mecanismos compensatórios restauram o volume sanguíneo em 24 horas. ▪ Hemorragia classe II: é considerada uma perda não complicada. o Taquicardia, taquipneia e redução da pressão de pulso. o Aumento da pressão diastólica (devido aumento de catecolaminas circulantes) e pouca ou nenhuma alteração da pressão arterial sistólica nas fases inicias do choque hemorrágico. o Se não houver perda líquida de outras fontes, os pacientes se estabilizam apenas com a reposição de cristaloides. ▪ Hemorragia classe III: pode ser de extrema gravidade. o Sinais clássicos de má perfusão: queda na pressão arterial sistólica, taquicardia, taquipneia e alteração no estado mental. o Candidatos à transfusão. o A prioridade no tratamento é interromper a hemorragia, através de cirurgia ou embolização. ▪ Hemorragia classe IV: ameaçador à vida. o Sinais de hipoperfusão tecidual mais acentuados: grande queda da pressão arterial sistólica, redução da pressão de pulso (ou às vezes a pressão arterial diastólica não é audível), débito urinário desprezível, rebaixamento do nível de consciência e pele fria, cianótica e úmida (extremidades). o Necessitam de rápida transfusão e intervenção cirúrgica imediata. ▪ Solução cristaloide: o A primeira escolha é Ringer lactato (composta de cloreto de potássio, cloreto de sódio, cloreto de cálcio e lactato de sódio) aquecido a 39ºC. o Fornece expansão transitória do volume intravascular e repõe as perdas de líquidos nos espaços intersticiais. o O Soro Fisiológico (SF) pode também ser utilizado. ➢ A infusão de grandes volumes de soro fisiológico pode levar à acidose hiperclorêmica, principalmente se houver disfunção renal associada. o O volume de líquido aquecido deve ser administrado o mais rápido possível. o A dose é de 1 a 2 litros no adulto e de 20 ml/kg na criança. o Avaliação da reposição volêmica é feita pelos parâmetros: débito urinário, nível de consciência, perfusão periférica e valores do lactato e deficit de bases. o A diurese que indica boa resposta a ressuscitação volêmica é de pelo menos 0,5 ml/kg/h em adultos, 1 ml/kg/h em menores de 12 anos e 2 ml/kg/h em menores de 1 ano. o Atenção: durante a ressuscitação volêmica, a elevação muito rápida da PA sem o controle da hemorragia, faz com que a perda sanguínea se exacerbe e o paciente vá a óbito. o A infusão de volume visa uma pressão arterial alvo inicialmente “menor do que a normal”, enquanto o controle do foco de sangramento ainda não foi conseguido pelo cirurgião. o No trauma penetrante com sangramento significativo, a ressuscitação com grandes volumes deve ser adiada até o controle definitivo da perda sanguínea (através de cirurgia). o A infusão de líquidos deve ser suficiente para evitar a hipoperfusão de órgãos e não agravar o sangramento - ressuscitação balanceada ou controlada. ▪ Transfusão sanguínea: o Os pacientes classe III e IV necessitam de transfusão precoce e uso de ácido tranexâmico (agente antifibrinolítico). o 30% das vítimas de politrauma com hemorragia importante desenvolvem coagulopatia. ➢ São fatores de risco para o desenvolvimento de coagulopatia: administração de grandes volumes de líquido (levando à diluição de plaquetas e fatores da coagulação) – e hipotermia (ocasiona disfunção plaquetária e da coagulação). o Em pacientes que não necessitam de transfusão maciça, o uso de plaquetas, plasma fresco congelado e crioprecipitado deve ser guiado por exames da hemostasia (contagem de plaquetas, fibrinogênio, PTTa, TAP e INR). o Um pequeno grupo de pacientes em choque pode necessitar de transfusão maciça (> 10 UI de concentrado de hemácias nas 24 horas ou ≥ 4 UI em uma hora), o emprego precoce de plasma fresco congelado eplaquetas, e a infusão menos agressiva de cristaloides, são medidas que aumentam a probabilidade de sobrevivência. o Esforços concomitantes para o controle da hemorragia, o tratamento da acidose e a reversão da coagulopatia. o Depois de controlada a perda hemorrágica, a hipotensão refratária à infusão de volume tem como causas o choque obstrutivo e o cardiogênico. ➢ Pneumotórax hipertensivo. ➢ Tamponamento cardíaco. ➢ Contusão ou infarto agudo do miocárdio. ➢ Embolia gasosa. ➢ Choque neurogênico. ➢ Insuficiência suprarrenal. ▪ Exames: o Fast. o Lavado peritoneal. ▪ Tamponamento cardíaco: o sangue na cavidade pericárdica “comprime” o coração, aumenta suas pressões intracavitárias e impede um enchimento diastólico adequado. o Suspeitado em vítimas de trauma torácico penetrante (mais comum) ou fechado que apresentem hipotensão, turgência jugular e abafamento das bulhas cardíacas (tríade de Beck). o Ultrassonografia abdominal utilizando janela subxifoidiana confirma o diagnóstico. o No tamponamento, a reposição volêmica pode melhorar de forma transitória os parâmetros hemodinâmicos, o atrasa o diagnóstico. o Condição potencialmente fatal. o Tratamento emergencial: toracotomia (primeira opção) ou pericardiocentese com agulha para estabilizar a vítima até a realização da cirurgia, punção abaixo do apêndice xifoide. ➢ A retirada de apenas 15-25 ml de sangue do saco pericárdico restabelece a hemodinâmica normal. ▪ Contusão miocárdica: o Ocorre em até 1/3 dos pacientes com trauma fechado torácico. o O diagnóstico deve ser suspeitado no paciente com trauma torácico com alterações eletrocardiográficas (arritmias ventriculares, fibrilação atrial, bradicardia sinusal ou bloqueio de ramo direito). ▪ Embolia aérea: fístula entre um brônquio e um ramo da veia pulmonar. o Complicação rara e geralmente fatal do trauma pulmonar. o Tratamento: toracotomia de emergência, com o paciente em posição de Trendelenburg, faz-se clampeamento do hilo pulmonar do pulmão lesado e aspiração do ar acumulado no ventrículo e arco aórtico. D → Incapacidade / Estado Neurológico – Disability ▪ Um exame neurológico rápido deve ser realizado. ▪ Escala de coma de Glasgow, observação do tamanho da pupila e da movimentação das extremidades. ▪ A presença de tubo orotraqueal e o uso de bloqueadores neuromusculares atrapalham a avaliação da escala de coma de Glasgow. ▪ Condições como hipoxemia, hipotensão e uso de álcool e/ou drogas podem levar a rebaixamento do nível de consciência no paciente vítima de lesões multissistêmicas. ▪ Excluídas essas causas, alterações do exame neurológico devem ser atribuídas a traumatismo do sistema nervoso central. E → Exposição / Controle do Ambiente ▪ A vítima é despida e examinada rapidamente dos pés à cabeça. ▪ Observar especialmente lesões em região dorsal, envolvimento do períneo e traumas penetrantes. ▪ Após esta avaliação, o paciente deve ser aquecido com cobertores térmicos e a temperatura da sala de reanimação deve estar adequada (medidas que previnem a hipotermia). ❖ REANIMAÇÃO ▪ A reanimação envolve o acesso às vias aéreas, ventilação adequada e infusão de fluidos no combate à hipovolemia/choque. ❖ RESUMO ATLS ❖ MEDIDAS AUXILIARES 1 ▪ Monitoração eletrocardiográfica: em todas as vítimas de politrauma. o A presença de arritmias pode ser um indício de contusão miocárdica. o A Atividade Elétrica Sem Pulso (AESP), a ausência de pulsos centrais com ritmo sinusal ao monitor, pode ser consequência de tamponamento cardíaco, pneumotórax hipertensivo ou hipovolemia grave. ▪ Cateter urinário: utilizado para aferição do débito urinário, medida fundamental para avaliação da reposição volêmica. o Todavia, na suspeita de lesão uretral, este procedimento está contraindicado. o Suspeita de lesão da uretra: ➢ Sangue no meato uretral. ➢ Equimose perineal. ➢ Sangue no escroto. ➢ Fratura pélvica. o O toque retal para se avaliar uma próstata em posição alta (evidência de trauma uretral), não é mais recomendado. o Na suspeita de lesão uretral, a uretrografia retrógrada deve ser realizada para diagnóstico. o Em vítimas instáveis, realizar punção suprapúbica para monitorização do débito urinário. o Em vítimas estáveis, realizar cateterismo da via urinária através de cistostomia suprapúbica. ▪ Cateter gástrico: descomprime o estômago e evita a broncoaspiração. o Vítimas de trauma podem apresentar gastroparesia intensa devido aos níveis elevados de catecolaminas. o Na suspeita de fraturas de base do crânio e envolvimento da lâmina crivosa a via nasogástrica está contraindicada – utilizar via oragástrica. ▪ Monitoração de: frequência ventilatória, saturação de oxigênio no sangue (oximetria de pulso), gasometria arterial, pressão arterial e débito urinário. o Repetidas periodicamente. ▪ Exames radiológicos: o Durante o exame primário, a utilização de radiografias não deve retardar a reanimação do paciente. o Em vítimas de trauma fechado, três radiografias devem ser solicitadas: ➢ Coluna cervical em incidência lateral, tórax em incidência anteroposterior (AP) e pelve em AP. o O lavado peritoneal diagnóstico e a ultrassonografia abdominal são exames rápidos que identificam sangramento oculto intra-abdominal. ▪ Fast: o Ultrassom portátil a beira do leito. o Extensão do protocolo FAST, denominado FAST-Estendido (EFAST), amplia a avaliação do paciente antes reservada à parede abdominal e cardíaca para a cavidade torácica, possibilitando a detecção de pneumotórax, hemotórax e ruptura diafragmática. o Indicações do EFAST: ➢ Trauma cardíaco penetrante. ➢ Trauma cardíaco fechado. ➢ Trauma abdominal fechado. ➢ Trauma torácico. ➢ Pneumotórax / Hemotórax. ➢ Hipotensão de causa não definida. o Avalia a presença de líquido livre em cavidade. o Locais avaliados FAST X EFAST: 1. Recesso hepatorrenal. FAST. 2. Linha axilar direita anterior (transição fígado- pulmãodiafragma). 3. Linha hemiclavicular anterior direita entre o 3º e o 5º espaço intercostal (avaliação anterior do hemitórax direito). 4. Recesso esplenorrenal. FAST. 5. Linha axilar esquerda anterior, transição baço- pulmão. 6. Linha hemiclavicular anterior esquerda entre o 3º e o 5º espaço intercostal (avaliação anterior do hemitórax esquerdo). 7. Espaço retrovesical (espaço de Douglas). – FAST. 8. Janela pericárdica (corte subxifoide 4 câmaras cardíacas). – FAST. ▪ FAST positivo denota sangramento intracavitário e necessidade de laparatomia exploradora para paciente instável ou TC para paciente estável. ▪ Lavado peritoneal diagnóstico (LPD): o Investiga presença de hemorragia abdominal. o Fazer descompressão urinária e gástrica prévias, prevenção de complicações. o Exame invasivo. o Requer especialidade cirúrgica para execução. o Indicado em pacientes hemodinamicamente estáveis para avaliação abdominal em ambientes onde FAST e tomografia TC não estão disponíveis. o O LPD pode ser executado em pacientes com estabilidade ou instabiliadade hemodinâmico e vítimas de trauma penetrante ou contuso. o Contraindicações relativas: operações abdominais, obesidade mórbida, cirrose avançada e coagulopatia preexistente. o Introdução de um cateter infraumbilical e aspiração (pacientes com faturas pélvicas abordagem supra-umbilical). o Caso não se aspire secreção anormal, são introduzidos 1000 mL de solução cristaloide isotônica aquecida. o Movimentar o paciente, se possível. o Aspira-se o liquido que foi injetado e manda o material para análise quantitativa pelo laboratório. o Lavado +: indica laparotomia. ➢ Aspiração de conteúdo gastrointestinal,fibras vegetais ou bile através da lavagem cateter. ➢ Aspiração de 10 mL ou mais sangue em pacientes hemodinamicamente instáveis. ➢ Mais de 100 mil hemácias, 500 leucócitos ou um Gram positivo para fibras alimentares ou bactérias indicam conduta cirúrgica. ➢ Uma lavagem negativa não exclui a necessidade de cirurgia. ❖ EXAME SECUNDÁRIO ▪ Exame Secundário (da cabeça aos pés). ▪ Deve ser realizado somente nos pacientes que, após as medidas de reanimação, demonstrem normalização de suas funções vitais. ▪ História clínica somada a exame físico. ▪ Avaliação neurológica cuidadosa. ▪ AMPLA. ▪ Focar, junto aos socorristas responsáveis no atendimento pré-hospitalar no mecanismo do trauma: o Trauma fechado: uso de cinto de segurança? Houve deformação no volante? O airbag foi acionado? Qual a direção do impacto? Qual o estado do veículo? A vítima foi ejetada? Qual a altura da queda? o Trauma penetrante: tipo de arma de fogo. Qual a distância e número dos disparos? Tipo e comprimento da lâmina o A história do mecanismo do trauma pode ser colhida com a própria vítima ou com o pessoal de atendimento pré-hospitalar ou com familiares. ▪ Atenção especial também deve ser dada à história medicamentosa (destaque para antiplaquetários e anticoagulantes), alergias e antecedentes clínicos e cirúrgicos. ▪ Exame físico detalhado: ▪ Exames complementares: o Radiografias: avaliar pelve e extremidades quanto a fratura, deslocamentos e corpo estranho. o Suspeitas de fratura cervical deve ser investigadas com tomografia computadorizada, a radiografia não é mais indicada. o Tomografia computadorizada de corpo inteiro: esta abordagem parece ser benéfica nas vítimas de trauma de alto risco (explosões, colisões em alta velocidade, queda de grandes alturas). o A estabilidade clínica, principalmente hemodinâmica, é condição básica para a transferência à sala de tomografia. • MEDIDAS AUXILIARES 2 o Exames diagnósticos mais especializados. ▪ Radiografias adicionais da coluna cervical e das extremidades. ▪ Tomografia computadorizada da cabeça, do tórax, da coluna e do abdome. ▪ Urografia excretora. ▪ Ecocardiograma transesofágico. ▪ Broncoscopia. ▪ Esofagoscopia. o O transporte do paciente para outros setores do hospital é feito somente com os doentes hemodinamicamente estáveis. • REAVALIAÇÃO o O paciente politraumatizado deve ser reavaliado constantemente. o Impede que alterações recentes passem despercebidas ou que condições preexistentes se agravem. o A monitoração continuada dos sinais vitais, oximetria de pulso e da diurese horária é essencial. • TRATAMENTO DEFINITIVO o Após a identificação das lesões do paciente, da resolução dos problemas que implicam em risco de vida e da obtenção dos resultados laboratoriais e de exames complementares, o tratamento definitivo deve ser realizado. o Reconstruções intestinais, craniotomia com drenagem de hematomas intracranianos e correções de fraturas. ATLS 10ª ed – 2018 o Último é de 2012. → Cap 2: vias aéreas e controle da coluna cervical. o Ressalva com destaque para importância da imobilização manual da coluna cervical. o Intubação em sequencia rápida muda para Intubação assistida com drogas – muda apenas o termo, o procedimento é o mesmo. o Uso da videolaringoscopia para intubação. → Cap 3: choque. o Administração de 1 litro de cristaloide – antes era 1-2 litros e depois de 1 litro já começa a pensar em hemotransfusão. o Uso do ácido tranexâmico @transamin (anti-frinolítico), está associado a redução da mortalidade, inclusive pré-hospitalar. o Cateter Jelco 18 (antes 14 – mais grosso). o Um acesso periférico. o Protocolo de transfusão maciça (>10 concentrados de hemácias ou 4 concentrados de hemácias na ultima hora) o Regra 3:1 (repor 3ml para cada ml perdido) mudou para 1:1:1 (concentrado de hemácia: plaquetas: plasma fresco congelado). o Logo que classificado o paciente em classe III ou IV iniciar transfusão, não esperar prova cruzada, transfundir sangue 0-. → Cap 4: trauma torácico. o Toracocentese no 5° espaço intercostal entre a linha axilar anterior e média (antes era no 2°). o Lesão da arvore traqueobrônquica – lesão ameaçadora à vida. o Tórax instável – lesão potencialmente ameaçadora a vida (inverteu). o Calibre de dreno 28 a 32. o E-Fast (estendido) é melhor e mais rápido do que RX tórax no diagnostico de pneumotórax e hemotórax. o Novo algoritmo para PCR. o Pneumotórax só vai drenar em pacientes em ventilação mecânica (ventilação espontânea não) – antes era em todos. → Cap 5: trauma abdominal e pélvico. o É necessário que haja serviço de laparoscopia disponível (o paciente deve estar estável). o Deve-se preferir o Fast ao lavado peritoneal. o Toque retal com próstata alta é mais indicativo de lesão uretral. o Fratura pélvica com choque hipovolêmico pode-se usar arteriografia. → Cap 6: trauma craniano. o Glasgow: resposta motora à pressão (não à dor) no trapézio, ungeal (inicio da unha) ou supraorbitária. → Cap 7: trauma vertebromedular. o O termo imobilização da coluna passa a ser restrição de movimento da coluna. o Novo diagrama de miótomos. o Regra canadense para retirada de colar cervical. → Cap 9: lesões térmicas. o Fórmula de Parkland: reposição volêmica para pacientes queimados (2ml x peso (kg) x % SCQ (superfície corpórea queimada). → Cap 10: trauma pedriátrico. o A toracocentese continua no 2º espaço intercostal. o Reposição volêmica 20ml/kg. o Choque refratária, fazer transfusão. 4. URGÊNCIAS ❖ HEMATOMA SUBDURAL ▪ Os hematomas subdurais são mais comuns que os hematomas epidurais ocorrendo em aproximadamente 30% dos TCE graves. ▪ Idosos e alcoólatras, por aumento do espaço subdural devido à atrofia cerebral, e pacientes em uso de anticoagulantes representam a população mais suscetível. ▪ O hematoma subdural geralmente é consequência de lesão de pequenas veias localizadas entre a dura e a aracnoide, fenômeno que provoca acúmulo progressivo de sangue no espaço subdural. ▪ A lesão é unilateral em 80% das vezes (bilateral em 20%) e a localização mais comum é a região frontotemporoparietal. Achados clínicos ▪ Alteração no nível de consciência, deficits lateralizados, anisocoria, posturas patológicas e arritmia respiratória são encontrados em combinações variadas. ▪ Dependendo do volume e da velocidade de instalação do hematoma, pode ocorrer efeito de massa significativo, com o desenvolvimento de síndrome de hipertensão intracraniana; esta se manifesta muitas vezes por meio da tríade de Cushing: hipertensão arterial, bradicardia e bradipneia. o A tríade de Cushing está relacionada à presença de hipertensão intracraniana grave, com herniação transtentorial (através da tenda do cerebelo) iminente. Diagnóstico ▪ A TC de crânio é o exame de escolha. ▪ O método evidencia, na totalidade dos casos, imagem hiperdensa que acompanha a convexidade cerebral. ▪ Edema cerebral e desvios da linha média usualmente são encontrados. ▪ A RM pode ser solicitada em pacientes estáveis. Tratamento ▪ A abordagem do hematoma com desvio da linha média de 5 mm ou mais é cirúrgica. ▪ A drenagem deve ser realizada através de craniotomia ampla. ▪ Deve-se ressaltar que o prognóstico é sombrio, geralmente por conta das lesões parenquimatosas adjacentes (hematomas intraparenquimatosos, LAD grave etc.), sendo a mortalidade de até 60%. ▪ Estudos demonstraram que a fenitoína reduziu a incidência de convulsões durante a primeira semana após o trauma craniano, mas não após este período. ❖ PNEUMOTÓRAX ABERTO ▪ Grandes ferimentos da parede torácica, que permanecem abertos resultam em pneumotóraxaberto, também denominado ferida torácica aspirativa. ▪ Há uma solução de continuidade (ferida) em sua parede torácica, o que permite que o ar atmosférico atinja a cavidade pleural, provocando pneumotórax. ▪ Nessas condições, o equilíbrio entre as pressões intratorácica e atmosférica é imediato. ▪ O ar tende a passar pelo local de menor resistência; por isso, se a abertura da parede torácica é de aproximadamente dois terços do diâmetro da traqueia ou maior, nos esforços ventilatórios o ar passa preferencialmente pela lesão da parede. ▪ Por isso, a ventilação efetiva é prejudicada, resultando em hipóxia e hipercapnia. ▪ Caso a ferida possua diâmetro igual ou superior a 2/3 do diâmetro da traqueia, o ar seguirá preferencialmente pela abertura torácica, o que levará à insuficiência respiratória. ▪ Penetrações por objetos contusos e lesões por projéteis de arma de fogo de alta velocidade estão entre as diversas causas de pneumotórax aberto. Tratamento ▪ Tratamento imediato o Deve ser realizado no pré-hospitalar se possível. o O tratamento inicial do pneumotórax aberto constitui-se no fechamento imediato da lesão através de um curativo estéril quadrangular fixado apenas em três pontas. o O curativo deve ser grande o suficiente para encobrir todo o ferimento e fixado com fita adesiva em três de seus lados para produzir um efeito de válvula unidirecional. o Quando o doente inspira, o curativo oclui o ferimento, bloqueando a entrada de ar. o Na expiração, o lado que não está fixado permite o escape de ar de dentro da cavidade pleural. o A fixação dos quatro lados do curativo pode causar acúmulo do ar no espaço pleural, resultando num pneumotórax hipertensivo, a menos que o tórax esteja drenado. o Qualquer curativo oclusivo (gaze vaselinada, lâmina de plástico, etc. ) pode ser usado como medida temporária de modo a permitir que a avaliação prossiga rapidamente. ▪ Tratamento definitivo o Um dreno de tórax deve ser inserido longe do ferimento assim que possível. o O tratamento definitivo se dá com a toracostomia com drenagem em selo d’água seguida por fechamento cirúrgico da ferida. ❖ PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO ▪ O pneumotórax hipertensivo é uma verdadeira emergência cirúrgica e requer diagnóstico e tratamento imediatos. ▪ O pneumotórax hipertensivo ocorre quando há vazamento de ar, tanto do pulmão como através da parede torácica, para o espaço pleural por um sistema de “válvula unidirecional”. ▪ O ar entra para a cavidade pleural sem possibilidade de sair, colapsando completamente o pulmão. ▪ O mediastino é deslocado para o lado oposto, diminuindo o retorno venoso e comprimindo o pulmão contralateral. ▪ O choque decorrente dessa situação é consequente à acentuada diminuição do retorno venoso, determinando uma queda do DC, e é denominado choque obstrutivo. Causas ▪ A causa mais comum de pneumotórax hipertensivo é a ventilação mecânica com pressão positiva em doentes com lesão da pleura visceral. ▪ No entanto, o pneumotórax hipertensivo pode constituir-se em complicação de um pneumotórax simples devido a trauma penetrante ou fechado do tórax no qual não ocorreu o fechamento da lesão do parênquima pulmonar ou após tentativas mal direcionadas de inserção de cateter venoso central, seja por via subclávia ou jugular interna. ▪ Ocasionalmente, o pneumotórax hipertensivo pode resultar de lesões traumáticas da parede torácica, seja porque a lesão constitui um mecanismo valvular unidirecional ou porque foi recoberta, incorretamente, por um curativo oclusivo. ▪ Pode também resultar de fraturas com grande desvio da coluna torácica. Achados clínicos ▪ O pneumotórax hipertensivo é caracterizado por alguns ou todos os seguintes sinais e sintomas: o Dor torácica. o Dispneia importante. o Desconforto respiratório. o Taquicardia. o Hipotensão. o Desvio da traqueia para o lado contrário à lesão. o Enfisema subcutâneo. o Ausência unilateral de murmúrio vesicular. o Elevação do hemitórax sem movimento respiratório. o Presença de timpanismo a percussão do hemitórax acometido. o Distensão das veias do pescoço – turgência jugular. o Cianose como manifestação tardia. ▪ Nos pacientes em ventilação mecânica, usualmente sedados, muitas vezes nota-se uma incapacidade de se estabelecer parâmetros adequados de ventilação e desenvolvimento de hipotensão ou choque. ▪ Pela semelhança dos sinais e sintomas, o pneumotórax hipertensivo pode, inicialmente, ser confundido com tamponamento cardíaco. o A diferenciação pode ser feita por timpanismo notado à percussão, desvio da traqueia e ausência de murmúrio vesicular no hemitórax afetado, que são os sinais de pneumotórax hipertensivo. Diagnóstico ▪ É puramente clínico. ▪ Não se deve esperar a confirmação radiológica para a descompressão torácica. ▪ Quando o ultrassom estiver disponível, pode diagnosticar pneumotórax hipertensivo usando o FAST estendido (eFAST). Tratamento ▪ Tratamento imediato o O pneumotórax hipertensivo exige descompressão imediata e pode ser tratado inicialmente pela rápida inserção de uma agulha no espaço pleural (toracocentese). ➢ Em adultos: 5º EIC na linha axilar média. ➢ Em crianças: 2º EIC. o Entretanto, em virtude de variabilidade da espessura da parede torácica, dobramento do cateter e outras complicações técnicas ou anatômicas, essa manobra pode não ser bem- sucedida. o Quando bem sucedida, essa manobra converte a lesão em um pneumotórax simples; contudo, há a possibilidade de ocorrer pneumotórax subsequente à própria inserção da agulha. o E necessário proceder a reavaliações sucessivas. o A espessura da parede torácica influencia a probabilidade de sucesso da descompressão com agulha. ▪ Tratamento definitivo o Requer a inserção de um dreno torácico no 5º EIC (normalmente no nível do mamilo), imediatamente anterior à linha axilar média. o O dreno é posicionado próximo à superfície superior do arco costal, pois o feixe neurovascular intercostal passa pela borda inferior. o O cirurgião divulsiona os tecidos com uso de pinça hemostática, até alcançar a cavidade pleural e introduz o dedo indicador, após isso posicionar dreno torácico. o No acompanhamento do paciente em drenagem intercostal, em selo d’água, é importante a avaliação periódica do débito pelo dreno. o Caso, após drenagem eficaz, o pneumotórax hipertensivo persista, deve-se suspeitar imediatamente de lesão de via aérea de grosso calibre se comunicando com a cavidade pleural. o Esta situação exige toracotomia em centro cirúrgico para a abordagem do defeito. ❖ ABDOME AGUDO HEMORRÁGICO – TRAUMA ABDOMINAL ▪ O traumatismo do abdome pode ser: o Fechado (contusão abdominal), determinado por forças de desaceleração ou transmissão de choque pela parede abdominal. o Aberto (penetrante ou ferida abdominal), geralmente ocasionado por lesões por Projéteis de Arma de Fogo (PAF) ou arma branca. ▪ O acometimento de estruturas abdominais pode determinar sangramento importante, por lesões de vísceras sólidas ou de grandes vasos. ▪ O sangramento ou o conteúdo líquido proveniente de alças lesadas dentro da cavidade abdominal produz irritação peritoneal. ▪ A avaliação diagnóstica inicial do trauma abdominal não visa determinar precisamente o órgão acometido, e sim se existe ou não indicação cirúrgica. Trauma abdominal aberto ▪ Na avaliação de uma vítima de ferida abdominal, os critérios que devem nortear a decisão cirúrgica são o tipo de trauma aberto (PAF e arma branca) e a existência ou não de instabilidade hemodinâmica ou de sinais de irritação do peritônio. • Ferida por Armas de Fogo (PAF) ▪ A exploração cirúrgicaestá indicada nas lesões por arma de fogo com violação da cavidade peritoneal (feridas no abdome anterior), uma vez que em mais de 90% dos casos existe lesão intra-abdominal significativa. ▪ ATLS - os órgãos mais frequentemente envolvidos incluem o intestino delgado (50%), o cólon (40%), o fígado (30%) e estruturas vasculares abdominais (25%). ▪ Na dependência da localização da ferida, o tórax pode ser avaliado na busca de lesões mediastinais ou pleuropulmonares. ▪ O cirurgião imediatamente antes da laparotomia tenta determinar o trajeto do projétil para orientar sua a exploração cirúrgica. ▪ Se houver tempo hábil, radiografias nos auxiliam na localização e possível trajetória do PAF. ▪ Feridas no flanco ou dorso do abdome: o Vítimas que se encontram estáveis hemodinamicamente devem se submeter à TC de abdome para determinar se há lesões de vísceras na cavidade peritoneal e no retroperitônio e comprometimento de outras estruturas retroperitoneais como coluna vertebral, medula espinhal e grandes vasos abdominais e pélvicos. o Pacientes nos quais claramente penetrou o abdome, lesando estruturas viscerais devem ser operados. • Feridas por Arma Branca ▪ As feridas ocasionadas por arma branca que acometem a região anterior do abdome têm menor probabilidade de causar lesão a vísceras abdominais. ▪ Existem três indicações inquestionáveis de laparotomia exploradora nesses doentes: instabilidade hemodinâmica, evisceração (exteriorização de vísceras através da ferida) ou sinais de peritonite. ▪ ATLS - lesões no fígado (40%), no intestino delgado (30%), no diafragma (20%) e no cólon (15%). ▪ Quando não há indicação imediata de laparotomia, o cirurgião calça uma luva e explora a ferida sob anestesia local para determinar se houve ou não violação da cavidade peritoneal. ▪ Uma exploração negativa – a aponeurose do músculo reto do abdome está íntegra – indica alta hospitalar após cuidados locais com a ferida. ▪ Em casos positivos ou em interpretações duvidosas, o paciente deve ser avaliado periodicamente - exames físicos seriados e dosagem dos níveis de hemoglobina a cada oito horas. o Se durante o tempo de observação, surgirem sinais peritoneais ou instabilidade hemodinâmica, a laparotomia exploradora deve ser realizada de imediato. ▪ Os pacientes estáveis hemodinamicamente que apresentarem queda maior do que 3 g/dl nos valores de hemoglobina ou leucocitose merecem avaliação cuidadosa - existe probabilidade aumentada de lesão intra- abdominal e recomenda-se a realização de uma TC de abdome ou de lavado peritoneal diagnóstico. o Em caso de positividade para comprometimento de estruturas abdominais, a laparotomia exploradora se encontra indicada. ▪ Feridas no flanco ou dorso do abdome: o Em pacientes hemodinamicamente estáveis e sem sinais de peritonite, a avaliação de ferida por arma branca requer o auxílio de exame de imagem. o Um trauma penetrante nesses sítios pode acometer tanto estruturas retroperitoneais quanto intraperitoneais. o A TC de abdome de triplo contraste (intravenoso, oral e retal) está indicada. o A TC é exame de grande sensibilidade na identificação de lesão de estruturas intra e retroperitoneais (porção retroperitoneal do cólon, duodeno, trato urinário, pâncreas). o Na avaliação de traumas penetrantes no dorso e em flanco, a exploração digital da ferida, a Ultrassonografia (USG) e a laparoscopia diagnóstica não são métodos precisos. Trauma abdominal contuso ou fechado ▪ Na contusão abdominal, os órgãos mais frequentemente acometidos incluem o baço (40 a 55%) e o fígado (35 a 45%). ▪ Envolvimento do delgado (5 a 15%) e hematomas em retroperitônio também são observados. ▪ No paciente desperto, estável hemodinamicamente e sem lesões em outros sistemas (somente contusão abdominal), o exame físico é suficientemente sensível para o diagnóstico de lesão intra-abdominal grave. ▪ O exame físico abdominal deve ser realizado de forma meticulosa, sistemática e em uma sequência padrão. o Inspeção: o doente deve estar completamente despido – inspecionar abdome anterior e posterior, parte inferior do tórax e períneo, à procura de abrasões e contusões pelos dispositivos de contenção (cinto de segurança), de lacerações, de feridas penetrantes, de corpos estranhos empalados, de evisceração de epíploo ou de intestino delgado e se existe evidência de gravidez. ➢ O doente deve ser rolado em bloco cuidadosamente para facilitar o exame completo. ➢ Após o término do exame fisico, o doente deve ser coberto com cobertores para prevenir a hipotermia. o Ausculta: confirmar a presença ou a ausência de ruídos hidroaéreos. ➢ Sangue intraperitoneal livre ou conteúdo gastrointestinal podem produzir um íleo com perda dos ruídos hidroaéreos. ➢ Esses resultados são mais úteis quando são normais no exame inicial e alteram- se ao longo do tempo. o Percussão: a percussão abdominal causa um leve movimento do peritônio, podendo provocar sinais de irritação peritoneal. o Palpação: a defesa abdominal voluntária por parte do doente pode fazer com que o exame abdominal seja pouco confiável - por outro lado, defesa involuntária é um sinal confiável de irritação peritoneal. ➢ A palpação também pode revelar e distinguir dor superficial (parede abdominal) ou profunda. ▪ O Lavado peritoneal (LPD) é um método empregado no trauma fechado para avaliar a presença de lesões a vísceras abdominais em pacientes que obviamente não possuem, de imediato, indicação cirúrgica. o O exame é normalmente utilizado em indivíduos não responsivos (TCE, intoxicação exógena) e/ou hipotensos sem causa aparente. o Pacientes comatosos com lesões multissistêmicas, hipotensos ou chocados, em que o sangramento pode ser proveniente de qualquer uma das principais fontes (abdome, fraturas pélvicas, etc.), também devem ser submetidos ao LPD. o O LPD é realizado através de colocação de um cateter de diálise peritoneal na cavidade do peritônio, através de pequena incisão infraumbilical. o Durante a aspiração inicial, o retorno de > 10 ml de sangue é um sinal imediato de positividade, e frequentemente se encontra presente em doentes chocados com hemorragia abdominal. o Caso isso não ocorra, devemos infundir 1.000 ml de solução de Ringer lactato aquecida (10 ml/kg na criança). o A compressão abdominal e a rotação lateral do paciente facilitam a mistura da solução infundida com o conteúdo intra- abdominal. o Em seguida, um mínimo de 200 ml de líquido de retorno (efluente) deve ser obtido para o sucesso do exame. o O efluente é enviado ao laboratório para análise bioquímica, com dosagem de amilase e fosfatase alcalina, e contagem celular. o A presença de 100.000 hemácias/mm3 ou mais, 500 leucócitos/mm3 ou mais, amilase acima de 175 U/dl ou pesquisa positiva para bile, bactérias ou fibras alimentares torna o LPD positivo para lesão intra-abdominal, estando indicada a laparotomia exploradora. o O LPD apresenta sensibilidade de 98% para detecção de sangramento intra- abdominal em pacientes hipotensos. o Pode não diagnosticar lacerações diafragmáticas, lesões da porção extraperitoneal da bexiga, hematomas retroperitoneais, pequenas lesões intestinais e lesões em pâncreas, rim e duodeno. o A contraindicação absoluta para a realização do LPD é a presença de sinais ou sintomas que, por si só, já indiquem laparotomia exploradora, como pneumoperitônio, exame físico confiável e compatível com peritonite e trauma penetrante com evisceração. o Contraindicações relativas incluem cirurgia abdominal prévia, obesidade mórbida, cirrose avançada e presença de coagulopatia. ▪ O FAST tem sido utilizado no pronto-socorro ouna sala de trauma rotineiramente e vem substituindo o LPD. o O objetivo principal do método é identificar líquido livre na cavidade abdominal, que pode ser tanto sangue quanto conteúdo extravasado de víscera oca. o As áreas examinadas correspondem ao espaço hepatorrenal, ao espaço esplenorrenal e à pelve (fundo de saco de Douglas), o espaço pleural e o pericárdio também são examinados. o Na cavidade abdominal e pelve, o FAST detecta com maior sensibilidade coleções superiores a 250 ml. o O método é observador dependente e obesidade e grande quantidade de ar são condições que podem dificultar a interpretação dos achados. ▪ A TC de abdome está indicada somente nas vítimas estáveis hemodinamicamente, com LPD ou FAST positivos. o A TC apresenta vantagens, como visualização adequada do retroperitônio, além de uma avaliação pormenorizada de lesões de vísceras sólidas, com grande especificidade para o envolvimento do fígado, baço e rim. o Espessamento da parede do intestino, inflamação do tecido adiposo em torno de alças e presença de líquido livre em cavidade (na ausência de lesão às vísceras sólidas) são sinais altamente sugestivos de envolvimento do intestino. o Com frequência, uma combinação desses achados com sinais abdominais, como equimoses (sinal do cinto de segurança) e dor à palpação, indicam a exploração cirúrgica. ❖ FRATURA DE BACIA/PELVE ▪ A pelve é formada pelo sacro e dois ossos inominados, cada um deles constituído pela fusão do ísquio, do ilíaco e do púbis. ▪ Os ossos inominados juntam-se ao sacro, posteriormente, através das articulações sacroilíacas, e, anteriormente, unem-se pela sínfise púbica. ▪ A disposição dessas estruturas dá à pelve o aspecto de anel. ▪ Devido à proximidade das estruturas osteoligamentares da pelve com vasos, órgãos e nervos, as lesões do anel pélvico podem vir acompanhadas de complicações graves, tanto imediatas quanto tardias. ▪ Dentre as complicações imediatas, destaca- se a hemorragia, que encerra uma mortalidade de 50%. ▪ Além disso, em vítimas de fraturas pélvicas frequentemente são encontradas lesões em outros segmentos corporais, principalmente abdome, tórax e encéfalo. ▪ As fraturas pélvicas são resultado de forças compressivas externas, que podem agir na pelve em três direções: Anteroposterior (AP), Lateral (L) e Vertical (V). o Uma lesão traumática por compressão AP pode ser causada por colisões de motocicletas, atropelamentos, esmagamento direto da pelve ou queda de alturas superiores a 3,6 metros. o Lesões traumáticas por compressão L, muitas vezes, resultam de colisões automobilísticas e levam à rotação interna da hemipelve envolvida. o Uma força de cisalhamento de grande energia aplicada num plano V através das faces anterior e posterior do anel pélvico resulta na ruptura dos ligamentos sacroespinhosos e sacrotuberosos, provocando instabilidade pélvica, geralmente como resultado de uma queda. ▪ Estas forças podem resultar em fraturas estáveis, quando o anel pélvico está alinhado e a abertura da sínfise púbica é igual ou inferior a 2,5 cm, ou instáveis, quando há deformidade importante do anel pélvico ou abertura da sínfise púbica superior a 2,5 cm. Classificação ▪ A classificação das fraturas pélvicas é feita através do esquema proposto por Young e Burgess. ▪ Este esquema leva em consideração o mecanismo de fratura, o grau de deformidade do anel pélvico e as estruturas lesadas, permitindo assim uma compreensão completa da fisiopatologia da fratura. ▪ As fraturas resultantes de forças laterais são classificadas como tipo A, as decorrentes de força AP como tipo B e as de direção vertical como tipo C. ▪ Cada um destes tipos é divido em tipo I, fraturas estáveis, e tipos II e III, fraturas instáveis. Achados clínicos ▪ Clinicamente, os diversos tipos de acometimento da pelve se comportam de forma diferente. ▪ As lesões mais graves são as do tipo B, decorrentes de força AP. o Estas fraturas levam a abertura do anel pélvico e, consequentemente, se relacionam a um maior esgarçamento dos ligamentos e dos vasos do plexo sacro, podendo determinar hemorragia para retroperitônio (observado somente nas fraturas instáveis). o São conhecidas como fraturas em “livro aberto”. ▪ As fraturas dos tipos A e C, decorrentes de forças laterais e verticais, respectivamente, têm menor risco de sangramento importante, mas como “fecham” a pelve estão associadas a uma maior incidência de lesões de vísceras pélvicas e intra-abdominais. Diagnóstico ▪ Na avaliação do paciente politraumatizado, a presença de fratura pélvica deve ser suspeitada em todos os casos com instabilidade hemodinâmica importante ou que apresente contusão e equimoses em região pélvica. ▪ Outros achados sugestivos incluem discrepância no tamanho de membros inferiores, e um dos membros em rotação lateral, e presença de sinais clínicos de lesões de vísceras pélvicas (uretrorragia, metrorragia e sangramento retal). ▪ A radiografia simples em AP no momento do exame primário identifica a fratura com clareza e permite iniciar o planejamento terapêutico. ▪ Pacientes estáveis são submetidos à TC – o exame define melhor o tipo de fratura e avalia possíveis lesões associadas. Tratamento ▪ No tratamento das fraturas pélvicas devemos considerar o tipo de fratura e o estado hemodinâmico do paciente. ▪ Fraturas estáveis (tipo I) não são abordadas cirurgicamente, sendo tratadas com repouso no leito. ▪ As fraturas instáveis (tipos II e III) necessitam de tratamento cirúrgico, geralmente com uso de fixador externo anterior, associado ou não à fixação interna (através de placas e barras). ▪ Antes de transferir o paciente, técnicas simples podem ser usadas para estabilizar a pelve – métodos temporários. o A tração longitudinal aplicada através da pele ou do esqueleto é considerada o método de primeira linha. o Como nessas lesões a hemipelve está rodada externamente, a rotação interna dos membros inferiores também pode reduzir o volume pélvico. o Um lençol, cinta pélvica ou outro dispositivo pode ser aplicado no nível dos trocânteres maiores dos fêmures para se estabilizar a pelve instável. ➢ É preciso tomar cuidado com as cintas, pois quando muito apertados podem causar ruptura da pele e ulceração sobre as proeminências ósseas. ➢ Consequentemente, os doentes com cintas pélvicas devem ser cuidadosamente monitorados. ▪ Nos pacientes em choque hipovolêmico, a prioridade é a reposição volêmica vigorosa. ▪ Como as vítimas de fraturas pélvicas geralmente são politraumatizadas, o comprometimento abdominal é relativamente comum. ▪ Sendo assim, o FAST (ou LPD) é realizado na sala de trauma para pesquisa de sangramento intra-abdominal associado. ▪ Caso o exame seja positivo, o doente é imediatamente submetido à laparotomia, que é seguida da colocação do fixador pélvico pelo ortopedista. ▪ O achado de hematoma pélvico durante a cirurgia é motivo de extrema cautela. ▪ Este não deve ser abordado cirurgicamente, já que sua violação pode levar a sangramento catastrófico. ▪ O papel do fixador externo nas fraturas pélvicas é a redução da fratura, realinhando o anel pélvico. ▪ Com o procedimento, é possível fechar a pelve e controlar a hemorragia, que é de origem venosa em 90% dos casos (plexo venoso retroperitoneal). ▪ Caso o paciente permaneça em choque hipovolêmico – com necessidades crescentes de volume e hemoderivados (4 a 6 unidades de hemoconcentrados em 2 horas) –, mesmo após o alinhamento da fratura com o uso do fixador, existe possibilidade de lesão arterial associada (sistema ilíaco interno). ▪ Nestes casos, há indicação de angiografia com embolizaçãodos vasos sangrantes. ▪ O procedimento apresenta ótimos resultados, sendo o único recurso capaz de salvar a vida desses doentes. ❖ FRATURA DE FÊMUR ▪ O fêmur é o maior e mais forte osso do corpo humano, sendo a sua principal função o suporte de carga e a marcha. ▪ Para que este osso execute a sua função de forma plena, ele precisa manter a sua forma e a sua angulação em relação à articulação do quadril, para que sirva adequadamente como braço de alavanca para a musculatura da coxa. ▪ As fraturas do fêmur podem ser divididas em proximais (fraturas do quadril), diafisárias (fraturas do fêmur propriamente ditas) e distais (pertencentes ao grupo das fraturas do joelho). o As proximais têm como principais representantes a fratura do colo femoral, a intertrocanteriana (transtrocanteriana) e a subtrocanteriana. o As distais ocorrem num quadrado imaginário (“quadrado epifisário”), que tangencia a borda inferior da epífise distal e incluem as fraturas supracondilianas, condilianas e intercondilianas. o As fraturas diafisárias ocorrem no corpo do fêmur entre as proximais e distais. ▪ As fraturas de fêmur, no geral, podem ser imobilizadas temporariamente com talas de tração. ▪ A força de tração exercida pelo dispositivo é aplicada distalmente, no nível do tornozelo ou na superfície da pele. ▪ Na sua porção proximal, a tala é empurrada contra a coxa e o quadril por meio de um anel que se apoia nas nádegas, no períneo e na virilha. ▪ Uma tração excessiva pode provocar lesão da pele do pé, do tornozelo ou do períneo. ▪ O estiramento dos nervos periféricos pode resultar em comprometimento neurovascular. Fratura de colo femoral (intracapsular) ▪ Esta fratura predomina nos idosos e no sexo feminino, tendo como principal fator predisponente a osteoporose. ▪ O mecanismo mais comum é a queda da própria altura (trauma de baixa energia). ▪ O tratamento é sempre cirúrgico. Fratura Intertrocanteriana (transtrocanteriana) ▪ Tal como a fratura de colo do fêmur, a fratura intertrocantérica é bem mais comum em idosos do sexo feminino, e se relaciona à osteoporose. ▪ O mecanismo principal é o mesmo: queda da própria altura. ▪ O tratamento cirúrgico é a terapia de escolha. Fratura Subtrocanteriana ▪ É a menos comum das fraturas proximais do fêmur (3-5% dos casos) e a sua ocorrência deve levar à suspeita de uma fratura patológica (sobre um osso com doença prévia). ▪ O tratamento é cirúrgico. Fratura da Diáfise Femoral ▪ Geralmente resulta de trauma de alta energia, pois só assim este osso pode ser fraturado. ▪ Portanto, pacientes com fratura diafisária de fêmur devem ser bem avaliados quanto a outros traumas (tórax, abdome etc.). ▪ O exame vascular deve ser prontamente executado neste tipo de fratura, principalmente quando engloba o terço distal da diáfise, onde a artéria femoral encontra- se mais próxima do osso (canal de Hunter) e pode ser lesada ou rompida. ▪ O sequestro sanguíneo (hematoma extrafraturário) pode chegar a 2,4 L, culminando algumas vezes em grave hipovolemia, choque hemorrágico e síndrome compartimental. ▪ Quando a fratura é exposta, a lesão da artéria femoral é observada em 10% dos casos. ▪ Pode ocorrer também lesão do nervo ciático (mais comum) e do nervo femoral. ▪ Em relação à consolidação, as fraturas diafisárias de fêmur possuem um ponto bom e um ponto ruim. o O ponto bom é que a diáfise femoral é recoberta por grande quantidade de tecido mole da coxa (músculos, gordura etc.), permitindo boa consolidação. o O ponto ruim é que essas fraturas são via de regra instáveis (tendem ao desvio, geralmente angular ou rotacional), necessitando de fixação interna para garantir uma consolidação em posição funcional. ▪ Diagnóstico: é suspeitado pela história de trauma de alta energia, com o exame revelando deformidade angular ou rotacional do membro, instabilidade dos fragmentos fraturários, aumento do volume da coxa e dor associada à impotência funcional. o O diagnóstico se firma pela radiografia simples em AP e perfil. ▪ Tratamento: o de escolha é o cirúrgico. o Fraturas diafisárias do fêmur devem ser fixadas precocemente (no máximo, em 48h) em pacientes politraumatizados, pois a demora no procedimento aumenta o risco de complicações clínicas graves (ex.: SARA, embolia gordurosa). Fratura Supracondiliana ou Intercondiliana do Fêmur ▪ Esta fratura ocorre pelo trauma direto ao joelho, de alta energia nos jovens ou de baixa energia em idosos. ▪ Um mecanismo comum é a queda de altura considerável sobre o joelho fletido, sendo comum neste caso a associação com fratura patelar. ▪ Acidentes automobilísticos e atropelamentos também estão na lista dos mecanismos destas fraturas. ▪ A artéria poplítea pode ser lesada, tornando o exame vascular essencial na abordagem inicial. ▪ O paciente não pode suportar peso e sente muita dor no joelho. ▪ Ao exame, há aumento do volume do joelho e/ou porção distal da coxa, eventualmente com hemartrose, e deformidade em valgo ou em varo. ▪ Diagnóstico: é feito pela radiografia em AP e perfil. ▪ Tratamento: é cirúrgico. 5. TIPOS DE CHOQUE ▪ Choque: anormalidade do sistema circulatório, que resulta em perfusão orgânica e oxigenação tecidual inadequadas. ▪ Hemorragia: perda aguda de volume sanguíneo. ▪ A perfusão efetiva de um órgão ou tecido depende de dois fatores: fluxo sanguíneo total para o órgão e distribuição adequada deste fluxo através do órgão ou tecido. ▪ Trata-se de uma emergência médica potencialmente ameaçadora à vida. ▪ Os efeitos da hipóxia tecidual são inicialmente reversíveis, mas rapidamente podem se tornar irreversíveis, resultando em falência orgânica, síndrome de disfunção de múltiplos órgãos e sistemas e morte. ▪ Choque não é sinônimo de hipotensão arterial. o É possível estar hipotenso, sem estar chocado, e estar chocado sem diminuição da PA (ex.: hipertensos). ▪ Em sua maioria, os traumatizados em choque apresentam hipovolemia; entretanto, podem apresentar também choque cardiogênico, obstrutivo, neurogênico e, ocasionalmente, séptico. ▪ O pneumotórax hipertensivo e o tamponamento cardíaco podem produzir choque obstrutivo, aquele por reduzir o retorno venoso e este porque o sangue no saco pericárdico inibe a contratilidade e o débito cardíaco. ▪ O choque neurogênico resulta de lesão extensa da medula espinhal no nível da coluna cervical e torácica alta. ▪ Os mecanismos de choque não são exclusivos, e muitos pacientes com insuficiência circulatória apresentam mais de uma forma de choque. ❖ Epidemiologia ▪ Mais de 1 milhão de pacientes apresentam- se em choque ou desenvolvem o choque em hospitais americanos a cada ano, com um custo anual ao país de mais de 100 bilhões de dólares. ▪ O choque é particularmente comum em UTIs, afetando cerca de um terço dos pacientes nas unidades de cuidados intensivos. ❖ Tipos de choque ▪ O choque pode ser classificado em quatro categorias de acordo com o mecanismo predominante responsável pela hipoperfusão orgânica generalizada. ▪ A hemorragia (choque hemorrágico) é a causa mais comum de choque em um traumatizado. ▪ Choques hipodinâmicos: choque hipovolêmico, cardiogênico e obstrutivo. o Nestes tipos de choque, o DC está comprometido, seja por uma redução primária do retorno venoso (hipovolêmico), seja por um defeito na bomba cardíaca (cardiogênico), seja uma obstrução mecânica à circulação de sangue (obstrutivo). o Diminuição do DC. o Há aumento da RVS (vasoconstricção). ▪ Choques hiperdinâmicos: choques distributivos (séptico, anafilático e neurogênico). o Inicialmente o DC costuma ser alto, podendo reduzir como resultado de depressão miocárdica associada.
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