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Letícia Nano – Medicina Unimes Perguntas Urgência e Emergência - ATLS Avaliação inicial ao politraumatizado 1. Como avaliar as vias aéreas de um paciente politraumatizado? Identificar se as vias aéreas estão pérvias (primeiramente ao estabelecer contato com paciente, a comunicação sem dificuldades no paciente em alerta e orientado diminui a chance de obstrução das vias aéreas), procurar lesões na cabeça e pescoço, presença de corpos estranhos, sangramento ativo na via aérea ou demais causas de obstrução. 2. Como abordar as vias aéreas de um paciente politraumatizado? Administrar oxigênio suplementar em todo paciente politraumatizado, através da máscara de oxigênio, utilizar técnicas manuais como Chin-lift e Jaw-thrust para melhorar a passagem de ar nas vias aéreas, uso de dispositivos básicos, se necessário, como cânula orofaríngea (Guedel), nasofaríngea ou via aérea definitiva. Durante toda abordagem das vias aéreas, a coluna cervical deve ser protegida pelo colar cervical e estabilização da cabeça por um membro da equipe de atendimento. 3. Como é realizado a avaliação secundária do paciente politraumatizado? A avaliação é minuciosa, através do exame físico da cabeça aos pés, identificar história clínica completa do paciente (AMPLE- alergias, medicações, histórico médico, última refeição, e eventos relacionados ao trauma) e informações sobre o trauma (uso de cinto, deformidade do automóvel/local, direção do impacto, mortes no local do trauma etc). 4. Qual a importância do colar cervical no trauma? Quando está indicado? O colar cervical permite a imobilização da coluna cervical prevenindo lesões cervicais durante o atendimento e transporte do paciente, assim como evitando maiores danos aos que já possuem algum tipo de lesão cervical. Em pacientes politraumatizados, o colar cervical é sempre indicado. 5. Qual a importância do toque retal no paciente politraumatizado? Avaliar cavidade intestinal (presença de sangramentos, espículas ósseas etc), integridade da parede retal, e qualidade do tônus de esfíncter anal. Vias áereas 6. Quais são as técnicas básicas manuais para aumentar a perviedade das vias aéreas? Chin-lift e Jaw-thrust. A manobra de Jaw-Thrust consiste na tração de mandíbula (Jaw-Thrust), promovendo a desobstrução das vias aéreas por projetar a mandíbula anteriormente, deslocando também a língua. Tem como vantagem o fato de não mobilizar a coluna cervical, mas é tecnicamente mais difícil de executar se comparada à manobra de Chin lift, pois necessita de duas mãos na manutenção da manobra. 1) Apoiar a região tenar da mão sobre a região zigomática da vítima, bilateralmente, estando posicionado na sua “cabeceira”; 2) Colocar a ponta dos dedos indicador e médio atrás do ângulo da mandíbula, bilateralmente, exercendo força suficiente para deslocá-la anteriormente; 3) Apoiar os polegares na região mentoniana, imediatamente abaixo do lábio inferior e promover a abertura da boca. Já a manobra de inclinação da cabeça e elevação do mento (Chin Lift) tem como vantagens ser tecnicamente mais fácil de se executar sozinho. 1) Manter o controle cervical com uma das mãos posicionada sobre a região frontal da vítima; 2) Posicionar o polegar da outra mão no queixo e o indicador na face inferior do corpo da mandíbula; 3) Pinçar e tracionar anteriormente a mandíbula promovendo movimento discreto de extensão da cabeça, o suficiente para liberar as vias aéreas. 7. Qual é o volume urinário esperado em um paciente adulto? 0,5mL/kg/h Crianças: 1mL/kg/H 8. Como prever uma via aérea difícil? Em pacientes com lesão de coluna cervical, trauma significante mandibular ou maxilofacial, abertura da boca limitada, retrognatismo, obesidade, variações anatômicas (pescoço curto- brevelíneos), pacientes pediátricos etc. 9. Como agir diante de uma via aérea difícil? Pedir ajuda à equipe médica, sobretudo dos anestesistas, considerar a possibilidade de via aérea cirúrgica, e material disponível. Letícia Nano – Medicina Unimes 10. Para que serve o oxímetro? Qual sua indicação? O oxímetro de pulso é um dispositivo que mensura indiretamente a quantidade de oxigênio que é transportada pelo seu sangue, ou seja, saturação de oxigênio na hemoglobina no sangue, e também fornece os valores do pulso arterial. É sempre indicado no atendimento inicial do trauma, para monitoramento da oxigenação do paciente. 11. Para que serve a cânula de Guedel? Qual sua indicação? Indicado para desobstruir vias aéreas temporiamente em pacientes inconscientes, antes de estabelecer a via aérea definitiva. Usado principalmente para afastar queda da língua. 12. Para que serve a máscara laríngea? Qual sua indicação? Indicado para ventilação temporária alternativa ao sistema bolsa-válvula-máscara facial, ou quando intubação traqueal é difícil. 13. Quando é indicado a utilização de máscara de oxigênio no paciente politraumatizado? Qual o volume e saturação adequados? Em pacientes politraumatizados, o oxigênio suplementar é sempre indicado, através da máscara facial de oxigênio com fluxo de 10L/min e saturação a 100% 14. Quais são os sinais objetivos de obstrução de vias aéreas? Lesões maxilofacial ou cervical evidente, presença de corpo estranho em via aérea, alterações de voz, respiração ruidosa (roncos e estridor), rouquidão, dispneia, agitação neuropsicomotora, obnubilação ou cianose (tardio). 15. Quais são os sinais objetivos de lesão laringotraqueal? Lesão traqueia: rouquidão, enfisema subcutâneo, fratura palpável (crepitação óssea). 16. Defina via aérea definitiva. Presença de tubo na traqueia com cuff inflado abaixo das cordas vocais, conectado a um ventilador enriquecido com oxigênio. Pode ser 3 tipos: tubo orotraqueal, nasotraqueal e via aérea cirúrgica (cricotireoidostomia e traqueostomia). 17. Quais são as indicações de via aérea definitiva? Indicado na incapacidade de manter a via aérea por outros meios como comprometimento das vias aéreas (como lesão por inalação, lesão facial ou hematoma retrofaríngeo), incapacidade de manter a oxigenação adequada mesmo com máscara facial, na presença de apneia, em estado de obnubilação, ou TCE < OU =8. 18. Quais são as indicações de via aérea cirúrgica? Indicado em casos de edema de glote, fratura de laringe, hemorragia severa de orofaringe, ou incapacidade de intubação endotraqueal. 19. Como saber se o tubo está devidamente posicionado? Visualização do tubo através das cordas vocais, observação da movimentação adequada da parede torácica, ausculta adequada, oxímetro de pulso, detector de CO2 e também radiografia de tórax, se necessário. 20. Quando é indicado a intubação com auxílio de drogas? Quais drogas são utilizadas? Quando o paciente possui os reflexos intactos mas necessita da via aérea definitiva. São utilizados etomidate ,3mg/kg ou sedativos e succinilcolina 1-2mg/kg Trauma torácico e respiração 21. Quais são os sinais objetivos de ventilação inadequada? Lesões evidentes importantes no tórax, elevação e expansão assimétrica do tórax, sons respiratórios ausentes ou diminuídos em um ou ambos hemitórax, presença de taquipneia, baixa perfusão periférica evidenciada no oxímetro de pulso etc. 22. Qual é a consequência mais séria do trauma torácico? Hipoxemia 23. Quais são as lesões torácicas com risco de vida imediato? Lesão laringotraqueal, pneumotórax hipertensivo, pneumotórax aberto, tórax instável e contusão pulmonar, hemotórax maciço e tamponamento cardíaco. 24. Quais são os sinais objetivos de lesão da arvore traqueobrônquica? Hemoptise, enfisema cervical subcutâneo, pneumotórax hipertensivo e/ou cianose. 25. Quais são os sinais objetivos de pneumotórax hipertensivo? Dor torácica, angústiarespiratória, taquipneia, taquicardia, hipotensão, desvio da traqueia para lado oposto, ausência unilateral de sons respiratórios, distensão veias pescoço, e cianose. 26. Qual é a causa mais comum de pneumotórax hipertensivo? Ventilação mecânica por pressão positiva em pacientes com lesão pleura visceral (pneumotórax não identificado). 27. Quais são os sinais objetivos de pneumotórax aberto? Dor, dispneia, taquipneia, sons respiratórios diminuídos. 28. Qual deve ser a conduta inicial em um pneumotórax aberto? Letícia Nano – Medicina Unimes Cobrir a ferida com curativo oclusivo estéril retangular que é fechado com fita em apenas três lados (curativo 3 pontas). A drenagem do tórax deve ser feita quando o paciente estiver estabilizado. O ferimento pode necessitar de reparo cirúrgico posterior. 29. Como é definido o hemotórax maciço? Volume de hemotórax estimado de 1500 ml ou mais, ou sangramento > 200 mL/h durante > 2 a 4 h causando comprometimento respiratório ou hemodinâmico. Suspeita-se quando há choque associado à ausência de sons respiratórios em hemitórax e macicez à percussão. 30. Qual a conduta adequada diante de um hemotórax maciço? Repor volume perdido (cristalóides e transfusão sanguínea) e descomprimir a cavidade torácica. Na ausência de resposta, realizar toracotomia. 31. Como diferenciar um pneumotórax hipertensivo e um hemotórax maciço? Principalmente pela percussão: pneumotórax hipertensivo- timpanismo, hemotórax maciço- macicez. 32. Como diferenciar um pneumotórax hipertensivo de um tamponamento cardíaco? Percussão novamente e verificar abafamento bulhas cardíacas no tamponamento cardíaco. 33. Qual a conduta adequada diante de um tamponamento cardíaco? ** Toracotomia ou esternotomia se cirurgião presente. Se não, pericardiocentese (não definitivo). 34. Como monitorar um paciente vítima de lesão contusa no coração? Monitorar com eletrocardiograma e ecocardiograma. 35. Qual exame deve ser indicado na investigação de ruptura traumática de aorta? Angiografia. 36. Qual exame deve ser indicado na investigação de lesão traumática de diafragma? Radiografia com contraste 37. Descreva a técnica de drenagem torácica. 1. Posicionar o paciente deitado com o membro superior ipsilateral em abdução (braços abertos) 2. Localize o 4º ou 5º EIC, na linha axilar média, na borda superior do arco costal inferior. 3. Realize a medida do comprimento do dreno que será inserido. A medida é realizada do meio da clavícula até o local escolhido para a inserção. 4. Realize anestesia local com lidocaína 1 ou 2%. 5. Faça uma incisão de 1-2 cm paralela ao arco costal e realize a dissecção dos planos, do tecido subcutâneo e da musculatura acima do arco costal, utilizando uma pinça hemostática curva. 6. Posteriormente, utilizando uma pinça com ponta romba do tipo “Kelly curva”, faça uma abertura com cerca de 1,5 cm na pleura e introduza o dedo na cavidade pleural. A introdução do dedo permite o inventário da cavidade torácica, além de confirmar se a cavidade pleural realmente foi atingida. Não usar bisturi ou algo afiado para acessar a cavidade pleural. 7. Faça a clampagem da extremidade do dreno com a pinça hemostática curva e utilize-a para direcionar a inserção do dreno. Introduza o dreno em direção cranial e posterior. Avance o dreno até o local marcado anteriormente. 8. Faça um ponto em “U” circundando o dreno para fechar a incisão e, em seguida, faça um nó em “bailarina” em torno do dreno, usando o mesmo fio. 9. Realize radiografia de tórax, para confirmação do posicionamento do dreno. Choque e estado circulatório 38. Qual é o conceito de choque? Choque é um estado de má perfusão tecidual. 39. Como identificar clinicamente o choque no paciente traumatizado? Palidez cutânea, sudorese fria, alterações do nível de consciência -> agitação, prostração, coma, taquicardia, taquipneia, diminuição do volume urinário, hipotensão. 40. Qual a principal causa de choque no paciente traumatizado? Hemorragia. 41. Qual deve ser a primeira conduta ao identificar um choque hemorrágico? Estancar sangramento. 42. Como realizar a reanimação circulatória no choque? Após parar o sangramento externo, deve-se obter acesso periférico para reposição volêmica, com um catéter periférico número 18, sendo a 1ª opção na região do cotovelo, as veias antecubitais. Antes de iniciar a infusão, retirar uma quantidade de sangue com seringa, para tipagem sanguínea, teste de gravidez para as mulheres em idade fértil e teste toxicológico para álcool e outras drogas. Iniciar então a infusão de 1L de ringer lactato ou soro fisiológico (NaCl a 0,9%) aquecido a 39 graus. Dependendo do estado circulatório, repetir em outra veia periférica e infundir mais 1 L de soro fisiológico. Avaliar a resposta à reanimação do paciente e procurar outras fontes de sangramento. 43. Quando suspeitar de hemorragia interna? Choque e perfil hemodinâmico incompatível com sangramento de origem externa tamponado, choque refratário à reposição volêmica e traumas fechados. Letícia Nano – Medicina Unimes 44. Quais os locais mais comuns de hemorragia interna? Tórax, abdome, pelve (e retroperitônio), e ossos longos (principalmente fêmur). 45. Por que é importante estimar a perda sanguínea? Orientar a conduta e volume de reposição volêmica. 46. Por que a hipotensão não é um bom parâmetro clínico de choque? A hipotensão é um sinal tardio de choque, sendo necessário a perda de 1500 ml de sangue (grau III de hemorragia) para que haja alteração da pressão sanguínea. 47. Qual é o volume sanguíneo necessário a ser perdido para que haja repercussão na pressão arterial sistólica? 1500ml. 48. Como saber o volume de fluidos a ser administrado nesses pacientes? Depende da resposta hemodinâmica à reposição volêmica, no entanto, não deve exceder 1-2 L. 49. Quais são os tipos de resposta possíveis após a tentativa de ressuscitação volêmica? Satisfatória, moderada ou sem resposta. 50. Um trauma craniano é capaz de gerar repercussões hemodinâmicas como o choque? Não, pois o volume perdido na hemorragia intracraniana não é suficiente para causar choque. 51. Como agir diante de um paciente com choque na ausência de resposta à reposição volêmica? Reavaliar paciente, procurando fontes de hemorragia interna, solicitar avaliação rápida de cirurgião geral e realizar laparotomia exploratória. 52. O que é hipotensão permissiva no choque? Após a ressuscitação volêmica é aceitável valores de pressão arterial inferiores aos valores normais (<120/80 mmHg), pois há evidências científicas de que a hiperdiluição e hiper-hidratação não é benéfica nesses pacientes. 53. Como é realizado o monitoramento do paciente em choque? Oxímetro de pulso, monitorização cardíaca e sondagem vesical. 54. Quais são as causas de choque não hemorrágico? Pneumotórax hipertensivo, tamponamento cardíaco, choque neurogênico e choque séptico. Trauma de abdome e pelve 55. Como podem ser classificados os traumas abdominais? Traumas contusos e ferimentos penetrantes. 56. Quais são as características dos traumas contusos? Ocorrem em traumas de alta energia, em que não há sinais de perfuração ou comunicação com meio externo, e vísceras sólidos com pedículos sofrem impactos de desaceleração (como o baço). 57. Quais são as características dos ferimentos penetrantes? Ocorre perfurações da cavidade abdominal, geralmente em vísceras ocas. 58. Quais são as indicações de laparotomia em traumas de abdome ou cavidade pélvica? Anormalidades hemodinâmicas, ferimento por arma de fogo com trajetória transperitoneal, sinais de peritonite e sinais de penetraçãoperitoneal (como evisceração). 59. Quais exames subsidiários podem ser indicados quando não certeza de indicação de laparotomia? Lavado peritoneal diagnóstico, TC de abdome, e ultrassonografia (FAST). Qual é a importância do tipo de ferimento abdominal em relação à conduta cirúrgica? Lesões por arma de fogo quando intraperitoniais resultam em 98% dos casos resultam em lesões intraperitoniais importantes, a maioria necessitando laparotomia. Já os ferimentos por arma branca, somente 30% resulta em lesões intraperitoniais. 60. Quais são as indicações para os exames acima? Exame físico duvidoso, nível de consciência alterado (inviabiliza exame físico como sinais de peritonite, localização da dor), alteração de sensibilidade (tetraplegia ou paraplegia), associação com fraturas múltiplas de costela, pelve e coluna lombar (risco altíssimo de lesão abdominal), sinal da marca do cinto de segurança (trauma alta energia), e caso o paciente vá realizar uma cirurgia demorada (como neurocirurgia), podendo complicar o quadro abdominal sem acompanhamento. 61. Quais são as contra-indicações das solicitações dos exames subsidiários? Indicação clínica de laparotomia já esclarecida. Uma vez que se determina a necessidade de laparotomia, realizar esses exames subsidiários implica em atraso na conduta. 62. O que é FAST? Como é realizado? O FAST (Focused Assessment with Sonography for Trauma) é um exame ultrassonográfico voltado ao trauma, utilizado para identificar a presença de líquido livre na cavidade abdominal, pélvica e pericárdica (liquido livre no trauma é sangue até que se prove o contrário) em 4 pontos específicos: 1 – Quadrante superior direito (fígado e rim direito) e espaço de Morison (janela hepatorrenal) 2 - Quadrante superior esquerdo (rim esquerdo e baço) e espaço esplenorrenal. Letícia Nano – Medicina Unimes 3 – Região suprapúbica (bexiga) e recessos retrouterino e retrovesical 4 – Corte transverso subxifóide (derrame pericárdico) e lobo esquerdo do fígado. Pode ser realizado em até 5 minutos, mas é examinador-dependente. 63. Como é realizado o lavado peritoneal? Quando realizar? Anestesia local, incisão de 2-3 cm na região inferior à cicatriz umbilical, dissecação estruturas moles até alcançar a cavidade peritoneal. É colocado um cateter dentro da cavidade peritoneal, onde será injetado 1L de soro fisiológico aquecido. Esse líquido será removido por outro cateter, e a presença de coloração avermelhada indica sangue livre na cavidade abdominal. É um exame muito sensível, rápido, realizado pelo cirurgião geral, na ausência de disponibilidade da TC ou FAST. 64. Qual a utilização da TC no trauma abdominal ou de pelve? Tem melhor sensibilidade em comparação ao raio x, mas por ter duração de 20 minutos, necessita que o paciente esteja com estado hemodinâmico adequado. Há também necessidade de infusão de iodo e é radioativo. 65. Quando suspeitar de trauma de pelve? Discrepância no comprimento dos membros inferiores ou rotação na ausência de fratura da extremidade ou instabilidade pélvica na manobra de compressão-tração (movimento das cristas ilíacas para dentro e para fora). Obs.: esta manobra deve ser efetuada uma só vez pelo risco de acentuar hemorragia. Hematomas escrotais (sinal de Destot) ou de lábios maiores pode indicar fratura de pelve. 66. Qual é a conduta inicial frente a uma suspeita de fratura de pelve? É feita a estabilização mecânica do anel pélvico e aplicação de pressão externa sobre a pelve com um dispositivo que a comprima, normalmente, amarra-se com lençol ou toalha sobre as cristas ilíacas. Após estabilização externa, utiliza-se fixadores externos. A arteriografia com embolização pode ser realizada quando ineficiente a estabilização hemodinâmica do paciente após a sua estabilização mecânica. 67. Quando suspeitar de trauma uretral? Saída de sangue pelo meatro uretral, hematoma infra púbico/escrotal importante, rompimento de bexiga e não localização manual da próstata durante o toque retal. Obs.: a ausência de sangue no meato uretral não descarta trauma de uretra. 68. Quando não realizar a sondagem vesical? Quando há suspeita de trauma uretral. Pode ser realizada a punção suprapúbica. Traumatismo crânioencefálico 69. O que é TCE? Qualquer agressão que acarrete lesão anatômica ou comprometimento funcional do couro cabeludo, crânio, meninges ou encéfalo. 70. Qual é a importância de se realizar atenção primária no traumatismo cranioencefálica (TCE)? Prevenir lesões secundárias. 71. Quais são as causas mais frequentes de TCE? Acidentes automobilísticos (50%), quedas (principalmente nos extremos de idade), violência interpessoal (20%, com metade por armas de fogo), e esportes e recreação. 72. Quais são os principais mecanismos de trauma do TCE? Impacto direto e efeito de aceleração-desaceleração. 73. Como ocorre os mecanismos compensatórios de pressão de perfusão cerebral? A pressão de perfusão cerebral (PPC) é definida pela pressão arterial média (PAM) menos a pressão intracraniana (PIC). É necessário que a PPC tenha valores entre 50 a 150 mmHg para manter o fluxo sanguíneo cerebral constante. As artérias e veias Quando há elevação da PIC por um hematoma, o volume em expansão é forçado a sair, pela drenagem venosa ou circulação do líquor, sendo a compensação. Os vasos cerebrais pré capilares têm a capacidade reflexa de contrair ou dilatar em resposta a mudança na PPC e em resposta à PaCO2, sendo mais um mecanismo compensatório. 74. Quais os mecanismos fisiopatológicos do TCE a nível de PPC? Quando os mecanismos compensatórios não são suficientes, e há aumento exponencial da PIC (como ocorre em hematomas em expansão), menor é a PPC, proporcionalmente, e menor é a perfusão cerebral, predispondo, portanto, à isquemia do tecido cerebral. Já em lesões cerebrais traumáticas graves, os mecanismos autorregulatórios podem ser quebrados diretamente pela inflamação e permeabilidade vascular progressiva, que gera o edema cerebral, pela PIC elevada intratável e morte. 75. Como ocorre a avaliação inicial do TCE? Pela aplicação do ABCDE do ATLS, e após, identificar lesões que necessitem de cirurgia (tc crânio). Obs.: fornecer oxigenação adequada e manutenção de pressão arterial suficiente para garantir a perfusão cerebral. * não colocar cânula nasofaringea em suspeita de fratura de base de crânio. 76. Como é realizada a avaliação neurológica do TCE? Letícia Nano – Medicina Unimes Através da Escala de Coma de Glasgow, avaliação pupilas e déficits motores. 77. Quais medidas gerais diminuem a mortalidade por TCE? Atendimento primário adequado, uso de capacetes, uso de cintos e airbags. 78. Quais informações à cerca do paciente devem ser relatadas ao neurocirurgião disponível? Idade, mecanismo de trauma, tempo decorrido do trauma, condições ventilatória e cardiovascular (especialmente PA e saturação de O2), resultados de exame neurológico (score escala coma Glasgow), com ênfase particular na resposta motora e tamanho das pupilas e resposta à luz, presença e natureza de lesões associadas, resultados de estudos, diagnósticos, em particular a TC (se possível) e tratamento de hipotensão ou hipóxia. 79. Quais são os tipos de fratura de crânio? Lineares, cominutivas (vários fragmentos), depressivas (compressão da dura-máter e cérebro) e compostas (invadem seios paranasais e região da orelha média). 80. Quando deve ser feita a internação de pacientes com fratura de crânio? ▪ Sempre, independente do estado neurológico. *Fratura linear de calota craniana em doentes conscientes aumenta 400 vezes a possibilidade de ocorrência de hematomaintracraniano 81. Quais são os sinais clínicos de fratura de base de crânio? Sinal do guaxinim – equimose periorbital (seio venoso anterior) e sinal de batalha- hematoma retroauricular. 82. Quais são as complicações das fraturas cranianas? Liquorreia no nariz e ouvido (aumenta chance de infecções, abcesso e meningite) e lesão de nervos cranianos (levando à anosmia ou paralisia facial) 83. Como diferenciar hematoma epidural de subdural pelo quadro clínico? Hematoma epidural: quadro agudo alterações do nível de consciência com Intervalo de lucidez, déficits motores e alterações pupilares, cefálicas, vômitos, convulsões, resposta de Cushing (hipertensão, bradicardia e bradipneia) Subdural: quadro agudo, subagudo (sintomas aparecem 7 dias depois) e crônico (2-3 semanas). Sintomas: história de trauma + perda ou alterações do nível de consciência, sinais de localização, como déficits motores (ex: hemiparesia, hemiplegia), alterações pupilares (ex: midríase) e sinais de hipertensão intracraniana (cefaléias, vômitos, hipertensão arterial). Crônico: pode manifestar cefaléia progressiva, alterações de comportamento, hemiparesia/ hemiplegia, sinais de hipertensão intracraniana. 84. Como diferenciar hematoma epidural de subdural pela alteração tomográfica? Epidural: hematoma em formato biconvexo (“limão”) com imagem hiperdensa (branco) Subdural: hematoma acompanha circunferência da calota craniana (“ banana”) com imagem hiperdensa (branco) Subdural crônico: imagem hipodensa (mais escura) devido a transformação da oxihemoglobina no sangue em metahemoglobina. 85. Quais fatores indicam mau prognóstico nos hematomas epidurais? Idade mais avançada, progressão clínica mais rápida, anormalidades pupilares, hipertensão intracraniana, glasgow baixo na admissão. 86. Quais são as causas de hematoma subdural não traumáticas? Coagulopatia, hemofilias, alcoólicos, e usuários de anticoagulantes. 87. Quando suspeitar de lesão axonal difusa (LAD)? Quadro clinico neurológico ruim associado a normalidades ou pobreza de lesões na tomografia de crânio (dissociação clínico - tomográfica). 88. Quais as diferenças entre contusão e concussão cerebral? Contusão: processo de desorganização focal do tecido encefálico, em que se observa uma desestruturação heterogênea do tecido nervoso e de vasos sanguíneos, levando à presença de áreas de necrose, infarto, hemorragia e de isquemia. Podem ser provocados por lesão por golpe ou contra-golpe. Concussão: definida clinicamente, como a perda imediata da consciência consequente ao trauma. O termo é usado para indicar o efeito físico da ação mecânica sobre o sistema nervoso ou a resposta fisiológica à mesma. Não há lesão anatômica, só fisiológica 89. Como podem ser classificados o TCE quanto a gravidade? Leve: GCS 13-15, paciente acordado e pode estar orientado Moderado: GCS 9-12 Grave: GCS 3-8 desacordado 90. Quais são as indicações para realização da tomografia de crânio no TCE? TCE leve: se há risco moderado ou grave para intervenções cirúrgicas como: GCS menor que 15 mesmo após 2 horas do trauma, suspeita fratura exposta ou afundamento, fratura base de crânio, mais que 2 episódios de vomito, idade superior a 65 anos, amnésia para fatos anteriores ao impacto por mais que 30 minutos, mecanismo de trauma grave (ejeção veículo etc) ou evidência de trauma acima das clavículas. Moderado: sempre Grave: sempre Letícia Nano – Medicina Unimes 91. Quais são os critérios de internação no TCE leve? TC indisponível, alterações observadas na TC, traumas penetrantes, piora do nível de consciência, cefaleia moderada ou grave, intoxicação por álcool e drogas, fratura de crânio, liquorreia, traumatismos significativos associados, acompanhante não confiável em casa, GCS anormal <15, déficits neurológicos focais. 92. Quais condutas clínicas podem ser utilizadas no TCE? Soluções salina intravenosas- reanimar, manter normovolemia (ringer lactato), hiiperventilação- deve ser usada com moderação e por período limitado, manter Paco2 em 35 mmHg, Manitol- utiliza-se a 20% dose: 0,25 a 1 g/kg, via endovenosa em bolus; Barbitúricos; Anticonvulsivantes- fenitoína, dose de ataque- adultos: 1g IV com velocidade não superior a 50mg/min, dose de manutenção- adultos: 100mg de 8/8h.
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