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TRABALHO - FILOSOFIA

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO DA ASSEMBLEIA DE DEUS EM JUAZEIRO DO 
NORTE- STADEJN 
CURSO DE BACHAREL EM TEOLOGIA 
 
 
 
GINETE CAVALCANTE NUNES 
 
 
 
 
 
 FILOSOFIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JUAZEIRO DO NORTE- CE 
 2022.2 
 
 
 
 
 
GINETE CAVALCANTE NUNES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FILOSOFIA 
 
 
 
 
Trabalho desenvolvido durante a disciplina 
de Filosofia, no Curso de Bacharel em 
Teologia, referente ao módulo em questão. 
Professor: Marcelo Beltrão 
 
 
 
 
 
JUAZEIRO DO NORTE-CE 
2022.2 
 
ESCOLÁSTICA E PATRÍSTICA 
 
"Por conta da valorização cultural e do ensino, além do resgate à Aristóteles, 
imperou durante a Escolástica uma intensa mobilização para o conhecimento das questões 
metafísicas e das ciências naturais. A fé, já abordada nos escritos dos pensadores cristãos 
desde o século II, passa a ser encarada em conjunto com a razão. 
Nesse sentido, pensadores como Alberto Magno, Santo Anselmo e Tomás de 
Aquino defenderam que o combate às heresias, ao paganismo e à não aceitação de Deus 
ocorreria por meio da formulação de teorias racionais e do conhecimento científico. 
As invasões mouras, que levaram os árabes a disputarem o domínio de partes do 
atual território espanhol e português, ocorridas a partir do século VII, foram fundamentais 
para a construção do pensamento escolástico, pois os árabes levaram consigo os estudos 
mais profundos das obras de Aristóteles. 
Como exemplo, podemos destacar Averróis, filósofo árabe do século XII, que 
influenciou os pensadores escolásticos com seus comentários sobre Aristóteles. Tomás 
de Aquino, o mais importante nome da Escolástica, operou uma junção de sua 
interpretação de Aristóteles com ideias autorais, o que resultou no chamado tomismo 
aristotélico. 
O ensino escolástico estava baseado no estudo das chamadas artes liberais, que 
eram formadas pelos sete campos do conhecimento divididos em dois grupos, descritos 
abaixo: 
O trívio consistia no estudo de Gramática, Retórica e Lógica, artes voltadas para 
a linguagem; 
O quadrívio consistia no estudo de Aritmética, Geometria, Astronomia e Música, 
artes voltadas para as ciências exatas e suas aplicações naturais. 
 
A questão dos universais 
 
A questão ou “querela” dos universais parte de uma discussão iniciada por 
Porfírio, pensador patrístico neoplatônico, sobre sua interpretação das proposições de 
Aristóteles sobre as afirmações acerca da existência de categorias universais. 
As categorias universais são, para Aristóteles, classificações gerais que organizam 
os seres existentes no mundo. Por exemplo, nós temos a categoria “cor” e a categoria 
“animal”. Nós podemos analisar um cavalo branco sob suas duas categorias: cor e animal. 
Pode haver uma confusão lógica se as categorias forem misturadas, como no seguinte 
exemplo: o cavalo de Napoleão é branco. Branco é uma cor. O cavalo de Napoleão é uma 
cor. Nesse caso, houve uma confusão de categorias. Todo esse debate metafísico foi 
retomado pelos escolásticos tomando por base a filosofia grega antiga, em especial a 
filosofia aristotélica. 
 
Essas questões, que geraram discussões divididas em diferentes grupos, foram 
amplamente disputadas durante a Escolástica, promovendo o que os pensadores da época 
chamaram de Quaestio Disputata (questões disputadas). Os intelectuais promoviam 
debates sobre assuntos, como a questão dos universais, que motivavam o estudo e a 
pesquisa de Metafísica, Lógica e Retórica. 
Acerca da interpretação dos universais, dois grupos formaram-se entre os escolásticos: 
 
Realistas 
Eles defendiam a existência factual dos universais enquanto instâncias 
metafísicas, que eram em si a definição, por exemplo, da ideia universal de brancura, que 
se aplicaria a qualquer objeto branco, mas sem a necessidade da presença ou existência 
de objetos brancos para que ela existisse. 
A metafísica, área comum com a ontologia, é aquilo que na Filosofia estuda o ser 
enquanto ser, isto é, é um estudo que estuda as coisas que existem no mundo, mas sem 
recorrer a qualquer observação ou experiência sensível com estas coisas, utilizando 
apenas raciocínios e argumentos. 
No exemplo dado dos universais, os filósofos não foram observar a cor branca 
para definir o que é brancura, mas ficaram lançando argumentos que definam um conceito 
de brancura. A partir desse conceito que, segundo os metafísicos, era universal e 
inquestionável, era possível partir para a experiência prática para observar as coisas do 
mundo e tentar relacioná-las com o conceito de brancura, isto é, eu só consigo determinar 
que uma parede, um cavalo ou uma folha de papel é branca, porque existe um conceito 
do que é ser branco anterior à minha experiência de ver a parede, o cavalo ou a folha de 
papel. 
 
Nominalistas 
Eles defendiam que os universais eram apenas nomes criados para representar e 
agrupar os objetos que tinham características comuns, não havendo qualquer 
possibilidade de existência e definição metafísica de conceitos universais. Eram apenas 
palavras advindas de convenções humanas. 
 
Fases da Filosofia Escolástica 
Para efeito didático de catalogação, os historiadores da Filosofia Medieval 
dividem a escolástica em três períodos distintos: 
 
Primeira fase 
Essa fase foi caracterizada pela plena convicção da harmonia estabelecida entre a 
fé e a razão, advinda, principalmente, das ideias patrísticas. São pensadores marcantes 
dessa primeira fase Duns Scotus e Santo Anselmo (filósofo que elaborou, em sua época, 
um argumento ontológico que provaria a existência de Deus). 
Um argumento ontológico é aquele que não é baseado na experiência sensível, 
mas é formulado apenas pelo raciocínio. Não é preciso estabelecer causas existentes e 
observáveis para se propor um argumento ontológico, mas apenas propor um raciocínio 
que faça sentido a partir de elementos abstratos, como Deus. O argumento ontológico de 
Santo Anselmo pode ser assim descrito: 
 
a) Imagine algo tão grande, mas tão grande, que não se pode imaginar nada maior. 
 
b) Se este algo tão grandioso existe apenas em nossa imaginação, ele não é tão grande 
assim, visto que o que existe fora de nosso intelecto é maior. 
 
c) Então, se você consegue imaginar algo tão grande (que não possa existir algo maior 
que isso), este algo deve existir fora de sua mente e imaginação. 
 
d) Este algo imenso, que existe na sua imaginação e fora dela, e que de tão grandioso não 
existe algo maior, é Deus. 
 
Segunda fase 
Foi na segunda fase que apareceram os mais complexos sistemas filosóficos, 
ficando conhecida também como período tomista. Os principais nomes dessa fase são 
Tomás de Aquino e seu mestre Alberto Magno. 
 
Terceira fase 
A terceira fase foi caracterizada pelo início da decadência da Escolástica na Idade 
Média. Foi nessa época que o domínio e a expansão da Igreja Católica mostram-se 
demasiadamente rígidos, coibindo muitos aspectos dos estudos filosóficos e controlando 
todos os aspectos da vida intelectual e cultural na Idade Média. Um importante nome 
dessa última fase é Guilherme de Ockham. 
 
Escolástica e Tomás de Aquino 
Tomás de Aquino, monge dominicano, grande escritor e filósofo católico da Idade 
Média foi, sem dúvida, o maior pensador escolástico. Estudioso e comentador das obras 
de Aristóteles, São Tomás de Aquino foi além, ao imprimir em sua obra uma mistura de 
suas próprias ideias, das ideias do filósofo grego antigo Aristóteles e do pensamento 
cristão, baseado na Bíblia e nos dogmas da Igreja Católica. 
Aquino era um erudito conhecedor do trívio e do quadrívio, além de ter estudado 
Aristóteles por meio das traduções árabes. Também teve uma formação voltada para a 
descoberta das Ciências Naturais, influenciada pelo seu mestre Alberto Magno. 
A distinção entre essência e existência, já presente na obra aristotélica, influenciou 
o pensamento de Aquino, que desenvolveu uma conexão direta entre Aristótelese a 
teologia cristã. Aquino também operou uma junção da ideia de causalidade proposta pelo 
argumento do motor primeiro, de Aristóteles, para elaborar as “Cinco Vias que Provam a 
Existência de Deus”, estabelecendo uma conexão direta entre a obra aristotélica e a 
existência de Deus. 
 
A matriz aristotélica até Deus 
 
Tomás de Aquino enxergou na obra aristotélica a possibilidade de uma via 
racional que levaria à prova da existência de Deus. O princípio de causalidade e a ideia 
de motor imóvel, já discutidas na obra aristotélica, despertaram o intelecto de Aquino 
para a formulação de suas “Cinco vias que provam a existência de Deus”. O princípio de 
causalidade é, para a Filosofia, um princípio elementar que admite que para todo efeito 
ocorrido no mundo, existe uma causa anterior. Ou seja, se algo aconteceu, existiu um 
fenômeno anterior que provocou o acontecimento. 
Isaac Newton também retomará este princípio, porém invertendo a sua ordem, ao 
descobrir a sua terceira lei: a Lei de ação e reação. Para o físico moderno, toda ação gera 
uma reação contrária e em igual intensidade, o que nos remete à causalidade, pois a reação 
(o efeito) foi gerada por uma ação (a causa). 
 
São as cinco vias tomistas: 
O primeiro motor imóvel: em todo o Universo, há movimento. Partindo de um 
raciocínio causal, é preciso estabelecer que, para que haja movimento, é necessário haver 
um movente (motor). Nesse sentido, se tentarmos encontrar as causas de todos os 
movimentos do Universo, nunca findaríamos essa tarefa infinita, o que faz necessário 
pensar que para todo o movimento existiu um primeiro motor, imóvel, que deu origem a 
todo o movimento posterior. Esse primeiro motor era Deus. 
 
A primeira causa eficiente: no mesmo raciocínio anterior, pensamos que para toda 
causa há um efeito e, para evitar a fadiga desnecessária da busca infinita pela causa 
primeira, devemos pensar que essa causa existe e que não foi causada por mais nada. Essa 
causa seria Deus. 
Ser necessário e seres possíveis: o ser necessário seria Deus. Os seres possíveis 
seriam a criação divina, pois são possibilidades na medida em que somente existem pela 
vontade do ser necessário. 
Graus de perfeição: os diferentes seres existentes são classificados por uma 
complexa hierarquia que estabelece Deus como o ser perfeito e todos os outros seres em 
uma escala, de acordo com a sua perfeição e proximidade ou distância de Deus. 
Governo supremo: todo esse Universo, infinito e racional, somente poderia se 
manter organizado, na visão de Aquino, mediante um governo maior, supremo, que 
manteria tudo em seu pleno funcionamento, ou seja, o governo divino." 
 
Características da Patrística 
A Patrística é considerada a primeira fase da filosofia medieval. Sua principal 
característica era a expansão do Cristianismo na Europa e o combate aos hereges. 
Por isso, essa doutrina filosófica foi representada pelo pensamento dos Padres da 
Igreja, que gradualmente auxiliaram na construção da teologia cristã. 
Baseada na filosofia grega, os filósofos desse período tinham como objetivo 
central compreender a relação entre a fé divina e o racionalismo científico. Ou seja, eles 
buscavam a racionalização da fé cristã. 
Portanto, os principais temas explorados estavam ancorados nas vertentes do 
maniqueísmo, ceticismo e neoplatonismo. São eles: criação do mundo; ressurreição e 
encarnação; corpo e alma; pecados; livre arbítrio; predestinação divina. 
A Patrística e Santo Agostinho 
Santo Agostinho (354-430) foi teólogo, bispo, filósofo e o principal expoente da 
Patrística. Seus estudos estiveram voltados para a luta do bem e do mal (maniqueísmo), 
bem como do neoplatonismo. 
Além disso, ele focou no desenvolvimento do conceito de “pecado original” e do 
“livre arbítrio” como forma de livrar do mal. A “predestinação divina”, associada à 
salvação dos homens pela graça divina, também foi um dos temas explorados por 
Agostinho. 
Acreditava na fusão da fé (representada pela Igreja) e da razão (representada pela 
Filosofia) para encontrar a verdade. Ou seja, as duas poderiam trabalhar juntas, cuja razão 
auxiliaria a busca da fé, que por sua vez, não poderia ser atingida sem o pensamento 
racional. 
 
Patrística e Escolástica 
https://www.todamateria.com.br/cristianismo/
https://www.todamateria.com.br/ceticismo/
https://www.todamateria.com.br/neoplatonismo/
https://www.todamateria.com.br/santo-agostinho/
A Patrística foi o primeiro período da filosofia medieval que permaneceu até o 
século VIII. Durante sete séculos, a filosofia esteve voltada para os ensinamentos dos 
“homens da Igreja” (teólogos, padres, bispos, etc.). 
Logo depois, surgiu a Escolástica no século IX e permaneceu até o início do 
Renascimento, no século XVI. 
São Tomás de Aquino (1225-1274), chamado de “Príncipe da Escolástica”, é o 
maior representante dessa escola e seus estudos ficaram conhecidos como Tomismo. Ele 
foi nomeado Doutor da Igreja Católica, em 1567. 
Como a Patrística, a filosofia Escolástica também esteve inspirada na filosofia 
grega e na religião cristã. Seu método dialético de unir a fé e a razão tinha como intuito o 
crescimento humano. 
Importante destacar que seus estudos estiveram inspirados no realismo 
aristotélico, enquanto os de Santo Agostinho estavam voltados para o idealismo de Platão. 
Sendo assim, a Patrística focou na disseminação dos dogmas associados ao 
Cristianismo, por exemplo, defendendo a religião cristã e refutando o paganismo. 
Já a Escolástica, através do racionalismo, tentou explicar a existência de Deus, do 
céu e do inferno, bem como as relações entre o homem, a razão e a fé. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.todamateria.com.br/sao-tomas-de-aquino/
REFERÊNCIAS 
 
 
Sites: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/escolastica.htm 
 
 
	Características da Patrística
	A Patrística e Santo Agostinho
	Patrística e Escolástica

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