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PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL – NP2 Matheus Ragazzini | Psicologia | 4º semestre CONTROLE COERCITIVO Coerção refere-se ao controle do comportamento por meio de reforçamento negativo e punição. Nesse sentido, estando presente em nossa sociedade, o predomínio do controle coercitivo nos leva a aceitar punição e a ameaça como naturais e inevitáveis. Ao ponto de se imaginar como sendo a única opção. Ou seja, tentamos eliminar um comportamento indesejável, sem perceber a possibilidade de que poderíamos nos livrar do comportamento indesejado através da construção de um novo comportamento para substituí-lo. Os múltiplos produtos da punição e do reforçamento negativo nos fornecem bases racionais para concluir que estes tipos de controle contribuem para muitos problemas e enfermidades sociais. O sucesso imediatamente visível da coerção muitas vezes parece justificar seu uso, mas os efeitos colaterais – violência, agressão, opressão, depressão, inflexibilidade emocional e intelectual, autodestruição e destruição dos demais, ódio, doenças e estado geral de infelicidade – que muitas vezes aparecem depois, anulam seu êxito imediato. Reforçamento negativo, reforçamento positivo e punição são três fontes poderosas de controle comportamental. Reforçadores negativos: fortalecem quaisquer ações que os façam cessar ou desaparecer. Reforçadores positivos: fortalecem quaisquer ações que os tenham produzidos, nos deixa com algo que desejamos, ou em condição de fazer ou obter algo vantajoso, com comportamentos e recursos que nos ocupam produtivamente e com sentimentos de satisfação. Nesse sentido, é possível alcançar o mesmo fim com reforçadores positivos, sem que haja os indesejáveis efeitos colaterais trazidos pela coerção, sejam eles nas contingencias de crianças, em instituições ou até mesmo na lei. COMPORTAMENTO VERBAL Comportamental verbal é um tipo de comportamento operante, pertencente à categorial comportamental mais ampla que poderia ser chamada de comunicação Comunicação: ocorre comunicação quando o comportamento de um organismo gera estímulos que afetam o comportamento de outro organismo. Todo comportamento verbal pode ser chamado de comunicação, mas nem toda comunicação pode ser caracterizada como comportamento verbal. O comportamento verbal, sendo de caráter operante, tende a ocorrer apenas em circunstâncias em que há a possibilidade de seu reforçamento. Skinner (1957) definiu o comportamento operante que exige a presença de outra pessoa para ser reforçado. Essa outra pessoa, que reforça o comportamento verbal do falante, é o ouvinte. Para que uma ação seja considerada verbal, seu reforço tem de ser dispensado por outra pessoa. Ou seja, a maior parte do comportamento verbal depende de reforço social. Como qualquer outro comportamento operante, o verbal exige apenas reforço intermitente para ser mantido. É extremamente persistente e com frequência é reforçado apenas intermitentemente. O comportamento verbal exige menos esforço quanto sua manutenção do que para sua obtenção. Os ouvintes reforçam as verbalizações dos falantes à sua volta. o comportamento do ouvinte, em outras palavras, vem a responder a verbalizações ouvidas dos outros como contexto ou estímulos discriminativos verbais. É possível discriminar entre vocalizações e ruídos e entre uma vocalização e outra. As atividades verbais são unidades funcionas e, sendo assim, a mesma atividade verbal contém muitas verbalizações, cada uma das quais estruturalmente únicas. PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL – NP2 Matheus Ragazzini | Psicologia | 4º semestre Verbalizações estruturalmente semelhantes podem pertencer a atividades verbais diferentes, dependendo do contexto em que ocorrem. A variação do contexto pode modular as variações estruturais da atividade verbal que ocorrerão, ou seja, estão sujeitas a controle de estímulos. Uma gramática diz respeito a um conjunto de regras que podem gerar todas as sentenças consideradas corretas pelos falantes da língua. Ela descreve quanto a estrutura do comportamento verbal real. OPERANTES VERBAIS BÁSICOS O comportamento verbal foi categorizado por Skinner (1957/1978) em sete operantes verbais básicos: tato, mando, ecóico, textual, cópia, ditado e intraverbal. Para o presente resumo, faz-se necessária a descrição apenas do ecóico, tato e mando. O ecóico é o operante verbal controlado formalmente por estímulos verbais sonoros, ou seja, existe correspondência ponto-a-ponto com o estímulo verbal vocal que antecede a resposta, também vocal. Ex. Um falante pode emitir a resposta "casa" após ter ouvido alguém dizer "casa". O mando está sob controle antecedente de estados motivacionais e seu reforço é específico em relação à resposta. Para Skinner (1953/2000), um estado motivacional se refere simplesmente às operações de privação, saciação e estimulação aversiva. Esse operante verbal permite ao falante a emissão de uma resposta que especifique o estímulo reforçador para a solução do estado motivacional. Ex. Um falante sedento pode pedir água a um ouvinte e seu comportamento ser reforçado ao receber um copo de água. O tato é o operante verbal que faz contato com o mundo, ou seja, pode descrevê-lo. É possível emitir tatos de estímulos físicos, de acontecimentos sociais, de eventos privados, e até mesmo de outros tatos. Seu controle ocorre por estímulos antecedentes não-verbais e seu reforço se caracteriza por ser generalizado. Ex. Na presença de um cachorro, o falante pode emitir a resposta verbal "Isto é um cachorro" e receber reforçadores generalizados como a atenção e/ou verbais, "isto mesmo, você está certo". COMPORTAMENTO CONTROLADO POR REGRAS Dizer que um comportamento é controlado por regras é dizer que está sob controle do estímulo regra e que a regra se refere a um tipo de estímulo discriminativo, ou seja, um estímulo discriminativo verbal. Nesse sentido, governam o comportamento da mesma forma que estímulos discriminativos controlam o comportamento, sendo elas faladas ou escritas. Ex. Placa de “não fume” dentro do elevador. O comportamento controlado por regras pode ser diferenciado do comportamento modelado implicitamente, que deriva diretamente do contato com as relações de reforçamento e punição não- verbalizadas. Estritamente falando, qualquer comportamento – até mesmo o controlado por regras – é modelado por contingências. Nesse sentido, convém dizer que, “modelado por contingencias” refere-se ao comportamento que é modelado e mantido a partir de consequências relativamente imediatas, que não requer outra pessoa, apenas uma interação de contingências. O comportamento controlado por regras envolve duas contingências: Longo prazo: contingência última, a razão primeira da regra. A relação indicada por uma regra (a relação última) é sempre de longo prazo ou pouco nítida, mas é importante por afetar. MANDO Sd verbal ou não-verbal Resposta verbal Reforço específico Visão de um taxi Resposta verbal: "Taxi!" Taxi parar TATO Sd não-verbal Resposta verbal Reforço generalizado Visão de um taxi Resposta verbal: "Taxi" Sim, isso é um taxi. PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL – NP2 Matheus Ragazzini | Psicologia | 4º semestre Curto prazo: contingência próxima do reforço para seguir regra. A regra é o contexto de uma relação de reforçadores mais imediata (a relação próxima), que provê reforçadores, como aprovação e dinheiro, ajudando a colocar o comportamento em contato com o reforço último. PENSAMENTO E RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS Os behavioristas molares consideram que a resolução de problemas como algo integrado à história prévia, ou seja, adquirindo experiência com determinadostipos de situações e com a ação de determinadas maneiras. Sob essa perspectiva, a resolução de problemas, portanto, é apenas um passo ao longo do caminho e não é particularmente relevante. A interpretação molecular de Skinner (1969), trata a resolução de problemas como comportamento controlado por regras em um sentido diferente, mais imediato. Levando em consideração que Skinner aceitava a ideia de que falar consigo pode ser considerado como um comportamento verbal e que uma pessoa pode exercer simultaneamente os papéis de falante e ouvinte, sua interpretação se baseia no conceito de autoinstrução: como falantes, damo-nos regras como ouvintes. COMPORTAMENTO PRECORRENTE Skinner (1969) chamou a atividade de falante que gera estímulos discriminativos de precorrente, no sentido de que ocorre antes da solução. A atividade precorrente permite que a resolução de problemas (atividade de ouvinte) varie sistematicamente, em vez de aleatoriamente. Embora a variação aleatória possa ser útil, assim como mexer e girar a chave em uma fechadura velha acabe por abrir a porta, a resolução de problemas geralmente é sistemática, no sentido de que as tentativas de solução seguem padrões, especialmente padrões que tenham funcionado anteriormente. A conexão entre comportamento precorrente e comportamento controlado por regras encontra-se nos estímulos discriminativos produzidos. Comportamento precorrente, portanto, é como formular regras. REFERÊNCIAS Sidman, M. (1995). Coerção e suas implicações. Campinas, SP: Editorial Psy. BAUM, W. M. (1999). Compreender o behaviorismo: comportamento, cultura e evolução. Porto Alegre: Artmed.
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