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Aos meus pais Júlio Gadelha dos Santos Filho e Rosa Giannotti Gadelha dos Santos Pelo esforço e confiança que me deram para a realização dos meus sonhos. E à minha filha, Estela F. Gadelha, que enche meu mundo com alegria! Muito obrigado! SUMÁRIO Capa Folha de Rosto Créditos 1. INTRODUÇÃO 1.1 GINÁSTICA LABORAL 1.2 DORT E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO 1.2.1 Qualidade de vida no trabalho 1.2.2 A prevenção no local de trabalho 1.2.3 Lesões musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho 1.3 ATIVIDADE FÍSICA E DORT 2. DESENVOLVIMENTO DO INSTRUMENTO PARA MENSURAR OS EFEITOS DA APLICAÇÃO DE UM PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL NA EMPRESA 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 CASUÍSTICA 3.2 PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO 3.3 VALIDAÇÃO 3.4 A APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO 3.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO 3.6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO 3.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA 3.8 INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO 3.9 GERAÇÃO DE ITENS E QUESTÕES 3.10 REPRODUTIBILIDADE 3.11 VALIDADE 3.12 SENSIBILIDADE PARA MUDANÇAS 4. RESULTADOS 4.1 REPRODUTIBILIDADE 4.2 CONSISTÊNCIAS INTERNA 4.3 ESCORES MÉDIOS 4.4 TEMPO DE APLICAÇÃO 5. DISCUSSÃO 6 . CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXOS ANEXO 1 ANEXO 2 ANEXO 3 Landmarks Capa Folha de Rosto Página de Créditos Sumário Bibliografia Lesões por esforços repetitivos (LER) ou também chamadas de doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT), são responsáveis por gastos com afastamentos e tratamentos de empregados. Neste contexto, está inserido o programa de ginástica laboral, que atua como uma atividade capaz de prevenir o acometimento por DORT, onde suas atividades também promovem maior socialização entre os funcionários e diminuição da tensão física e mental no ambiente de trabalho. Esta obra apresenta uma proposta para mensurar os efeitos da aplicação do programa de ginástica laboral, pois instrumentos específicos para este fim não foram encontrados na literatura. Para atingir este fim, desenvolvemos um instrumento de fácil utilização onde em sua criação e validação foi utilizada uma amostra probabilística por conglomerado, constituída de 28 indivíduos, sendo 10 homens (35,71%) e 18 (64,29%) mulheres, com média de idade de 27,68 anos (DP ± 8,73) os quais responderam em dois momentos (A1 e A2) o questionário QPGL que foi criado com a participação de um grupo de profissionais da saúde do trabalho. Como resultados observamos que o coeficiente alfa de Chronbach foi de 0,666 demonstrando uma boa consistência interna para uma escala de poucos itens e não foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre as aplicações A1 e A2 do Questionário sobre os Efeitos do Programa de Ginástica Laboral - QPGL, onde o valore de R foi de 0.984, indicando um bom nível de reprodutibilidade (teste – reteste) do instrumento. Desta maneira, o questionário sobre os efeitos do programa de ginástica laboral - QPGL é um instrumento capaz de mensurar os efeitos da aplicação de exercícios no ambiente de trabalho assim como a influência de fatores externos que podem interferir no desempenho do trabalho. 1. INTRODUÇÃO 1.1 GINÁSTICA LABORAL A ginástica Laboral (GL) ou ginástica do trabalho, segundo Canete (2001) é a denominação dada à realização de exercícios no ambiente de trabalho. Os dados sobre o início desta atividade são controversos, segundo Canete (2001), em 1925 na Polônia, surgiram os primeiros registros de que operários realizavam uma atividade conhecida como “ginástica de pausa”. No Japão esta atividade teve início em 1928 onde os funcionários dos correios começaram a participar diariamente de sessões de ginástica, com o objetivo de descontração e cultivo da saúde. A mesma autora relata que no Japão, a ginástica laboral foi difundida em todo o país somente após a II Guerra Mundial, onde a ginástica trazia como resultado a diminuição dos acidentes de trabalho, melhoria do bem-estar geral dos funcionários e aumento da produtividade nas empresas do Japão. Países como a França, a Bélgica e a Suécia adotam a ginástica e promovem estudos sobre este tema que demonstram a influência positiva da ginástica sobre o tempo de reação, a coordenação, a sensibilidade e a atenção, agindo também como estimulante de ordem psicológica, promovendo facilidade para realizar o trabalho e obtendo também diminuição da fadiga. Existem relatos ainda de pesquisas na Bélgica e na antiga URSS mostrando que a reação visomotora melhora de 42 a 65% das pessoas que se submetem ao programa de ginástica de pausa (Canete, 2001). De acordo com a autora, no Brasil, a ginástica laboral foi introduzida por executivos nipônicos em 1969, porém não foi tão difundida no país, onde a escassez de pesquisas sobre o assunto e a falta de informação sobre esta atividade, fez com que somente na década de 90 a ginástica surgisse com força total. Lima (2003) descreve em sua obra as primeiras manifestações no Brasil de atividades esportivas no interior de empresas, onde relata que no ano de 1901 na fábrica de tecido Bangu, situada no Rio de Janeiro, os funcionários desta indústria têxtil de capital e gestão inglesa, se reuniam em torno de um campo de futebol para realizar atividades físicas. Canete (2001) afirma ainda que a ginástica laboral vem sendo adotada pelas empresas como uma forma de se enquadrarem nos programas de qualidade total como o ISO 9000 e também para tentar minimizar os efeitos das inadequações de postos de trabalho e excesso de horas extras. Altos índices de acidentes de trabalho e a preocupação com a melhoria da qualidade de vida dos funcionários, também são fatores que influenciam na decisão de implantar a ginástica laboral. Segundo a mesma autora, a ginástica laboral pode ser descrita como uma atividade de baixa intensidade onde sua duração varia em torno de 10 minutos. Outros autores como Rocha (apud OCHOA, 2002), conceitua ginástica laboral como a prática de uma atividade física voltada para o ambiente de trabalho cujo objetivo é a melhora do bem-estar físico e psíquico dos trabalhadores através de exercícios específicos. Já para Kolling (1983), a Ginástica Laboral representa repouso ativo com pausas regulares durante a jornada de trabalho cujo objetivo é a prevenção da fadiga através do exercício de músculos que se encontram em contração durante o trabalho. Ochoa (2002), com uma visão social e socializadora sobre a Ginástica Laboral, descreve a atividade como um momento de reunião de funcionários para o desenvolvimento de atividades físicas e lúdicas agradáveis, para com isso ter a valorização do grande grupo e de cada um em particular. Quanto ao momento de sua aplicação Canete (2001) e Lima (2003) descrevem a aplicação da ginástica laboral em três momentos, são eles: 1. Ginástica preparatória (GP), diz respeito a uma série de exercícios que servirão para preparar o indivíduo conforme suas necessidades para o trabalho. 2. Ginástica compensatória (GC), diz respeito as atividades cujo objetivo é impedir que se instalem vários vícios de postura. Aqui são empregados exercícios que proporcionam atividades sinérgicas de músculos pouco solicitados e relaxamento dos músculos que são utilizados em demasia. 3. Ginástica corretiva (GR), a qual diz respeito a atividade que tem por finalidade restabelecer o antagonismo muscular, utilizando exercícios específicos. Zilli (2002), indica ainda as pausas ou micro pausas, como uma ferramenta de prevenção. O autor ainda cita que estas pausas ou micro pausas podem ser ativa ou passivas, onde as pausas ativas servem para mudança de postura, alternância dos músculos sobrecarregados e alongamentos sem necessariamente sair do posto onde trabalha e as pausas passivas são aquelas para as necessidades fisiológicas e ainda, para o relaxamento das estruturas sobrecarregadas, sem a necessidade de execução de exercícios. Poletto (2002), em sua pesquisa, aborda a relação entre os horários em que as pausas e exercícios são realizados, em um programa de ginástica laboral, com o maior conforto físico, disposição e satisfação para o trabalho. A autora verificou que quandorealizado duas vezes por dia, os melhores horários são entre o início do expediente e a pausa para o almoço e o outro período, entre o almoço e o final da jornada de trabalho. A autora também aponta o aumento da preocupação com a saúde pelos trabalhadores, onde seus estudos apontam o aumento de 20 % para 30%, o número de pessoas ativas fisicamente na empresa. Quanto aos objetivos da ginástica laboral, Lima (2003) cita que o objetivo da atividade é promover adaptações, fisiológicas, física e psíquicas, por meio de exercícios dirigidos e adequados para o ambiente de trabalho. Verificou-se, junto a empresas que aplicam este programa de exercícios, que a busca pela atividade também se dá para prevenção de doenças ocupacionais, melhora das relações interpessoais, melhora da motivação para o trabalho e melhora da imagem institucional junto à sociedade. Martins (2001), Lima (2003) e Canete (2001) relatam que a aplicação da ginástica laboral faz parte de um conjunto de medidas capaz de prevenir o acometimento por doenças músculo esqueléticas, diminui níveis de estresse, melhora a motivação dos funcionários e altera o estilo de vida sugerindo o estímulo à prática de exercícios e melhora de hábitos alimentares. 1.2 DORT E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO 1.2.1 Qualidade de vida no trabalho Desde o início do século XX, com a revolução industrial e as mudanças implementadas com o Taylorismo e Fordismo, já existia de alguma maneira, a preocupação com a satisfação e a qualidade de vida dos trabalhadores. Henry Ford, como relata Guimarães (2001), demonstrando preocupação com a qualidade de vida dos próprios trabalhadores melhorando as condições de trabalho dos mesmos. Também instituiu departamentos médicos e de sociologia na empresa, aumentou os salários de dois para 5 dólares/dia e reduziu a jornada de trabalho de 10 para 8 horas/dia, permitindo ao pessoal viver mais tempo fora da fábrica (Guimarães, 2001). Porém, a inviabilização da intervenção dos operários nos processos de concepção e elaboração de suas atividades associadas à padronização de processos e a especialização da classe operária, tornou este processo de Ford estressante, rotineiro e rigoroso, fazendo com que o trabalhador fosse incapaz de melhorar seu ambiente de trabalho. No desenvolvimento das teorias administrativas, identificou-se que o ser humano passou da posição de mero fator de trabalho para ponto-chave e principal do processo. Hoje, devido à necessidade de se aumentar à produtividade e a qualidade das organizações, o ser humano e seu comportamento têm sido mais bem estudados pela ciência administrativa onde um dos estudos nesta área é a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT). Pereira (1999) relata que o grau de exigência de funcionários vem crescendo constantemente, onde nunca se exigiu tanto das pessoas quanto agora, segundo o autor a globalização dos mercados e a busca da qualidade total dos produtos e serviços fez com que o grau de exigência dos funcionários de uma empresa cresça dia a dia. (Pereira, 1999). Com isso Chaves (2001) descreve que essas grandes transformações ocorridas, aliadas ao desenvolvimento de novos processos industriais, resultaram na racionalização da produção e na reação dos trabalhadores frente a sua tarefa de trabalho. Tais mudanças influenciaram o desenvolvimento e preocupação com a QVT (Chaves, 2001). Tolfo (1995) também investigou o conceito de QVT presente na prática profissional dos empregados de uma empresa estatal de Santa Catarina. Ele verificou que as dimensões mais significativas do trabalho estão relacionadas à oportunidade imediata de utilizar e desenvolver as capacidades humanas, no sentido de dominar integralmente o processo de trabalho. De acordo com Quelhas e Morgado (1993), a Qualidade de Vida no Trabalho pode ser entendida como um bem-estar relacionado ao emprego do indivíduo e a extensão em que sua experiência de trabalho é compensadora, satisfatória, despojada de estresse e outras consequências negativas. Fernandes e Gutierrez (1988), consideram que o desempenho eficaz de um trabalhador depende acima de tudo do “querer fazer” e não tanto do “saber fazer”, onde o emprego da QVT pode ser utilizado exatamente para que as pessoas queiram fazer mais, como decorrência de um envolvimento maior com o trabalho que realizam, e pela existência de um ambiente de trabalho favorável, fazendo que os indivíduos sintam-se estimulados e motivados a produzir, satisfazendo seus anseios e necessidades e ao mesmo tempo indo ao encontro dos objetivos organizacionais. 1.2.2 A prevenção no local de trabalho Silva e Marchi (1999), afirmam que as pessoas que trabalham em escritórios ou mesmo em linhas de produção, praticamente paradas, se não se exercitarem regularmente, seja no local de trabalho ou fora dele, não terão boas condições físicas. As autoras relatam que o estilo de vida sedentário pode influenciar negativamente a motivação para serem funcionários produtivos e assumirem as responsabilidades das suas funções. Além disso, tendem a apresentar, em comparação aos empregados não-sedentários, maior prevalência de dores corporais generalizadas, cefaleias e cansaço. Problemas posturais podem ocorrer como consequência da utilização de posturas biomecanicamente incorretas, como se sentar durante muito tempo na mesma posição ou de forma desequilibrada e não alinhada ou ereta. A mobilidade no trabalho, com carga, ou ainda a falta de mobilidade com posturas estáticas, aparece como uma das principais causas de tensão corporal, dores musculares, rigidez cervical e dores lombares. Aqui a preocupação com a atividade física no local de trabalho deve-se principalmente à postura e à mobilidade. Neste contexto os benefícios da atividade física tornam-se claros convergindo com os relatos obtidos os programas de Saúde Ocupacional que vinculam a prática de atividade física regular no local de trabalho ao aumento da produtividade e à diminuição do absenteísmo (Cailliet, 2001). Visto que a ergonomia considera as capacidades humanas e seus limites, como a capacidade física, a força muscular, as dimensões corporais, a possibilidade de interpretação de informações pelo aparelho sensorial (visão, audição), a capacidade de tratamento das informações em termos de rapidez e complexidade, analisando as exigências das tarefas e os diferentes fatores que influenciam nas relações homem versus trabalho; os profissionais da área da saúde, tais como os fisioterapeutas, têm condição de contribuir positivamente e de forma significativa com a ergonomia. Principalmente, no que diz respeito a sua fundamentação e direcionamento à saúde do trabalhador. Esse profissional pode atuar de forma preventiva, curativa e reabilitadora através da correção e conscientização de hábitos posturais e biomecânicos, orientando e adaptando as situações de trabalho em conjunto com outros profissionais. Ranney (2000) descreve a prevenção no local de trabalho como: Prevenção primária, por meio da identificação de atividades ocupacionais de alto risco. A avaliação de primeiros socorros e relatórios do supervisor da empresa, sobre a investigação de acidentes, contribui para determinar o número total de casos de lesões osteomusculares relatados pelos trabalhadores. Também é de fundamental importância conhecer as atividades externas do trabalhador, ou seja, atividades fora do horário de trabalho. Prevenção secundária, quando o trabalhador se apresenta no consultório médico, constata-se que prevenção primária se tornou ineficaz e o mesmo está em busca de auxílio médico. Os provedores de saúde deverão fazer um exame clínico para diagnosticar caso haja algum tipo de distúrbios osteomusculares. Assim, um programa de reabilitação é elaborado para, se possível, manter trabalhadores lesados no trabalho, e, caso contrário, assegurar que retornem a uma atividade adequada o mais breve possível. Prevenção terciária, infelizmente ocorrem nos trabalhadores com lesões osteomusculares repetitivas que continuam a trabalhar em suas atividades regulares, até quese tornem incapazes de exercer suas atividades no trabalho e na vida diária. Quase sempre, esses trabalhadores não poderão retornar as suas atividades originais. Ainda, segundo Ranney (2000), se o trabalhador não retornou à atividade regular serão necessárias alterações nos processos de trabalho onde o auxílio de um ergonomista será importante na adequação da logística de trabalho a fim de corrigir problemas e evitar que outros trabalhadores sejam acometidos. 1.2.3 Lesões musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho O médico italiano Ramazzini (apud CUNHA, 1992) já alertava sobre as doenças dos trabalhadores assentadas em evidências indiscutíveis de que o exercício de qualquer atividade profissional, sem o preparo adequado e sem condições físicas apropriadas para a função por tempo prolongado, expõe o trabalhador a distúrbios musculoesquelético de natureza complexa que frequentemente assume características sugestivas de fenômenos inflamatórios que acometem: tendões, bursas, fáscias e nervos dos membros superiores. A dor é o sintoma comum a todas as manifestações clínicas deste fenômeno biopsicossocial que, no Brasil recebeu a denominação LER-Lesões por Esforços Repetitivos (Vieira, 1999). Para os mesmos autores, a prática mostra que nem sempre se consegue identificar uma causa de base anatômica para explicar o quadro doloroso e/ou inflamatório presente no caso. Embora os membros superiores, em particular as mãos, sejam as estruturas afetadas com maior frequência, o pescoço e a região lombar também fazem parte do quadro. Essa tendência tem sido bem evidenciada desde os relatos de Ramazzini (apud CUNHA, 1992), no século XVII seguindo até os dias atuais com as constantes mudanças nas atividades industriais, em especial com a expansão da informática e acentuação do estresse psicológico pelas crescentes disputas profissionais. Discorrendo sobre a doença dos que trabalham sentados, Ramazzini (apud CUNHA, 1992) assim expressou: “Aqueles que levam vida sedentária e por isso são chamados de artesãos de cadeira, como sapateiros, alfaiates, e os notários, sofrem de doenças especiais, decorrentes de posições viciosas e da falta de exercícios”. Em 1986, Sobaine citado por Vieira (1999), definia as LER como lesões musculotendinosas ou neurovasculares causadas pelo uso repetitivo ou manutenção de posturas inadequadas, que resultam em dor, fadiga e declínio da produção. De modo mais simplista, pode-se dizer que se trata de um estresse biomecânico que excede a capacidade biológica do paciente. A partir de 1980, as LER tornaram-se as mais frequentes causas de afastamento do trabalho no mundo; e, em 1995 ocasionaram 56% dos casos de doenças ocupacionais nos Estados Unidos. Em 1992, elas atingiram 282 mil trabalhadores norte-americanos, representando um custo de sete bilhões de dólares em perdas de produtividade e serviços médicos. Cerca de dois mil processos de indenização tramitam nos tribunais americanos, motivados por LER. A estimativa prevê que as empresas acionadas devam gastar US$ 20 bilhões (Beirão e Silva apud Vieira 1999). É importante salientar que LER é uma terminologia e, segundo as normas técnicas sobre LER do INSS (1993), ela cobre as afecções que podem acometer tendões, sinovias, músculos, nervos, fáscias, ligamentos, de forma isolada ou associada, com ou sem degeneração dos tecidos. Tais afecções atingem principalmente, porém não somente, os membros superiores, região escapular e pescoço, de origem ocupacional. Estão relacionadas de forma combinada ou não, uso repetido e forçados de grupos musculares e, de manutenção de postura inadequada. Além da repetitividade, a sobrecarga estática, o excesso de força para execução de tarefas, o trabalho sob temperaturas extremas, ou uso prolongado de instrumentos com vibração excessiva, podem contribuir para o aparecimento de enfermidades músculo esqueléticas. Com referência à Instrução Normativa INSS/DC nº098 de 05 de dezembro de 2003 as Lesões por Esforços Repetitivos (LER) ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) representam um grande problema da saúde pública. A terminologia DORT tem sido a preferida em relação a outras como: Lesões por Traumas Cumulativos (LTC), Lesões por Esforços Repetitivos (LER), Doença Cervicobraquial Ocupacional (DCO), e Síndrome de Sobrecarga Ocupacional (SSO), por evitar que a denominação seja apontada como a causa dos sintomas. A síndrome relacionada com o trabalho, DORT, é caracterizada, segundo esta normativa, pela ocorrência de vários sintomas concomitantes ou não, tais como: dor, parestesia, fadiga e sensação de peso. Segundo Martins (2001), Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), é a denominação instituída no Brasil com a finalidade de substituir a antiga denominação Lesões por Esforços Repetitivos (LER). O autor relata que esta troca aconteceu devido a abrangência das nomenclaturas, onde a sigla LER abrange apenas a repetitividade e não inclui outros tipos de sobrecargas biomecânicas como: sobrecarga dinâmica, sobrecarga estática, excesso de força para execução de tarefas, trabalhos sob temperatura, umidade e ventilação inadequadas e utilização prolongada de instrumentos com excesso de vibração, que podem contribuir para o aparecimento de enfermidades musculoesqueléticas. O mesmo autor diz que outro motivo para esta troca de siglas é que apenas uma minoria dos pacientes diagnosticados como portadores de LER possuem lesão tecidual. Em outros países, existem outras denominações para estes distúrbios, Martins (2001) cita as seguintes denominações: distúrbio traumático cumulativo, síndrome de sobrecarga ocupacional, síndrome cervicobraquial ocupacional. Cuenca et al (1998) relatam que devem ser observadas as intensidades duração e frequência de todos os fatores descritos, para que se possa ser considerado risco de ocorrência de DORT. No Brasil a DORT passou a ser reconhecida como ocupacional pela Previdência Social, a partir de 1987 de onde os registros de casos vêm aumento de ano para ano. Os mesmos autores citam que em 1990, o Ministério do Trabalho publicou a Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho nº 17 a qual fixa normas e limites para as empresas, de onde há postos de trabalho que exigem ritmo acelerado, postura inadequada e esforços repetitivos. O’Neill (2000) afirma que no Brasil existe uma grande dificuldade em se relatar dados epidemiológicos sobre a DORT, uma vez que o Sistema Único de Saúde (SUS) não inclui em sua estatística os acidentes de trabalho em geral em nem os casos diagnosticados como DORT, o que não permite se ter dados epidemiológicos que relatem a totalidade dos trabalhadores com ou sem vínculo empregatício. O autor utilizou aqui dados da Previdência Social os quais se referem apenas aos trabalhadores do mercado formal e com contrato trabalhista regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que de acordo com a Fundação IBGE (1991) representam menos de 50 % da população economicamente ativa. O autor ressalta em sua obra que estes dados não têm o caráter epidemiológico. Dados mais recentes do Ministério da Saúde (2019), demonstram que no período de 2007 a 2016, foram notificados 67.599 casos de LER/Dort no Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), sendo que o número estimado para 2015 de 9.362. A média do número de notificações no período foi de 6.760, sendo 3.499 para o sexo feminino e 3.260 para o masculino. Em números absolutos, notou-se um incremento de 184% no número total de notificações, passando de 3.212 em 2007 para 9.122 em 2016. Este aumento foi observado em ambos os sexos, sendo maior para o sexo feminino (189,5%) em relação ao masculino (178,6%). Os coeficientes de incidência por LER/Dort estimados foram 3,5/100 mil trabalhadores em 2007 e 9,6/100 mil em 2016, o que correspondeu a um aumento de 170,5% em todo o período do estudo. O maior coeficiente de incidência foi observado em 2015 (9,8/100 mil trabalhadores) A tabela T0 (Anexo 1) mostra a quantidade de acidentes do trabalho registrados,segundo os 50 códigos de Classificação Internacional de Doenças (CID) ocorridas no ano de 2000. Nesta tabela, o campo denominado Acidente de Trabalho Registrados (total), corresponde ao número de acidentes cujos processos foram abertos administrativamente e tecnicamente pelo Instituto Nacional de Seguridade Social, são dados provenientes das Comunicações de Acidentes de Trabalho (CAT), onde estas são registradas nos vários postos da instituição e se dividem em: - Típicos, diz respeito aqueles que são ocasionados no exercício do trabalho e que decorrem da extensão do conceito inserido na lei 8.213/91; - Trajeto, diz respeito aos acidentes sofridos no percurso entre a residência e o trabalho; - Doença do Trabalho, aqui estão inclusas as doenças profissionais. O’Neill (2000) ainda se refere a idade e sexo nos acometimentos de DORT, onde relata que dados do ambulatório de DORT do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo, revelam que entre março de 1993 e dezembro de 1998, dos 390 casos de DORT, o total de 91,8 % eram do sexo feminino com média etária de 38,5 anos. Dados obtidos na Associação ISMA BRASIL (1998), demonstram que dos 71.720 funcionários do Banco do Brasil, a cada quatro, um apresenta sintomas de DORT. Ainda temos a tabela T0A (Anexo 2) a qual nos demonstra dados de 2019 sobre o total de pessoas de 18 anos ou mais de idade que referem diagnóstico médico de DORT, por sexo, com indicação do intervalo de confiança de 95%, segundo as Grandes Regiões, as Unidades da Federação e a situação do domicílio - 2019 1.3 ATIVIDADE FÍSICA E DORT Apesar da escassez de estudos envolvendo a atividade física no ambiente de trabalho, encontramos alguns relatos, como veremos a seguir, de autores que afirmam que a atividade física influi de maneira positiva na prevenção e até no tratamento das DORT. Waling et al (2000), Holmich et al (1999), Kadi et al (2000), Ahlgren et al (2001), relatam os efeitos de programas de treinamento em pessoas com mialgia no músculo trapézio, ombro e no pescoço. Waling et al (2000) estudaram o efeito do exercício em 103 mulheres, divididas em 3 grupos. Um grupo realizou exercícios de força, o segundo grupo realizou exercícios de resistência e o terceiro grupo realizou exercícios de coordenação. Os exercícios foram feitos com a frequência de 3 vezes na semana durante 10 semanas. Os três programas mostraram eficiência na diminuição das dores, indicando assim que o tipo de exercício não é tão importante, mas sim realizá- los. Holmich et al (1999) compararam o tratamento de 68 atletas que relatavam dores nos músculos adutores da coxa. O período de tratamento foi de 8 a 12 semanas, onde foram realizados exercícios de força, alongamento e coordenação. Como resultados os autores relatam que houve uma melhora na força e coordenação no músculo adutor, onde os mesmos autores comentam que este tipo de atividade tem grande influência no tratamento de atletas com dores nos músculos adutores da coxa. Kadi et al (2000) realizaram um estudo examinando os efeitos do treinamento sobre as características do músculo trapézio em mulheres com queixa de mialgia no músculo trapézio. Uma biópsia deste músculo foi feita antes e depois do treinamento que durou 10 semanas e envolveu exercícios de força, endurance e coordenação. Como resultado, foi encontrado um aumento na proporção de fibras do tipo II a no grupo que realizou treinamento de força. Os autores concluíram que o músculo trapézio de mulheres com pescoço e ombro com mialgia, têm um grande potencial de adaptação ao exercício físico em períodos acima de 10 semanas. Ahlgren et al (2001) compararam o efeito de treinamento em 102 mulheres com trapézio mialgia que foram divididas em 3 grupos os quais participaram respectivamente de exercícios de força, endurance e coordenação. Os autores mensuraram em um dinamômetro Cybex II a força isométrica e dinâmica antes e depois da aplicação do programa de ginástica. Os autores relatam como resultado de suas pesquisas, que o treinamento de força, endurance e coordenação nos músculos do pescoço e ombro, podem aliviar dores em mulheres com trapézio mialgia. Alexandre et al (2001), Cooper et al (1996) e Fuortes et al (1994), realizaram estudos com enfermeiras as quais apresentavam dores nas costas, onde foram feitas intervenções por meio de exercícios físicos. Alexandre et al (2001) relatam em sua obra que o programa de intervenção compreendeu uma parte educativa com abordagem ergonômica e a realização de exercícios que foram executados durante o horário de serviço, 2 vezes na semana durante 4 semanas. As participantes foram divididas em grupo de aplicação e grupo controle, onde os autores relatam que houve diminuições estatísticas significativas na frequência da dor cervicais durante os últimos dois meses de trabalho. Houve também uma redução na intensidade da dor cervical e da dor lombar na última semana. Os autores concluem que programas regulares de exercícios acompanhados de uma abordagem ergonômica podem reduzir sintomas musculoesquelético em trabalhadores de enfermagem. Pohjonen e Ranta (2001) verificaram os efeitos da constância da intervenção com exercícios físicos, onde foram examinadas em relação às modalidades de exercícios, estado de saúde e habilidade de trabalho, mulheres em serviço durante um período de 1 a 5 anos. Foram feitos 2 grupos, sendo 1 grupo controle e 1 grupo de aplicação. O grupo de aplicação participou durante 9 meses de exercícios orientados, com frequência de 2 vezes por semana durante o trabalho. Foram obtidos como resultado, a diminuição de 4 % do peso corporal e um aumento da performance dinâmica do músculo e uma melhora no consumo máximo de oxigênio. Os autores concluem que o exercício físico realizado no ambiente de trabalho pode ser usado para aumentar a capacidade física de mulheres e prevenir o declínio da habilidade de trabalho. Konijnenberg et al (2001) realizaram um levantamento bibliográfico sobre métodos conservadores de tratamento de doenças por esforços repetitivos, onde levaram em consideração a qualidade metodológica dos textos pesquisados. Os autores relatam que existe uma evidência limitada que uma reabilitação multidisciplinar, intervenções ergonômicas, exercícios e manipulação da coluna, combinada com terapias de tecidos leves são eficientes em melhorar atividades diárias. Os resultados por eles encontrados são muito conflitantes, onde afirmam que o conhecimento nesta área é muito pequeno, o que abre caminhos para novas pesquisas. Fuortes et al (1994) relatam que é estimado que 80% da população tem experiência de dores nas costas em algum momento da vida, onde a população de enfermeiras possui altos índices de incidência de dores nas costas em comparação com outros ramos de atividades no setor industrial. Com isso, Cooper et al (1996) realizaram um estudo para examinar a relação e mudanças entre dor e deficiência em 2 grupos de enfermeiras com dores nas costas. Aqui se formaram dois grupos, um de intervenção e o outro de controle. Os autores concluíram que houve uma diminuição nos níveis de dores e deficiência em enfermeiras com dores nas costas após a aplicação de 6 meses do programa de intervenção que consistiu em aplicação de exercícios durante o trabalho, com a frequência de 2 vezes na semana durante 1 ano. Nos estudos citados, não existe uma metodologia específica ou um instrumento validado capaz de quantificar os efeitos do exercício no ambiente de trabalho. Desta forma vemos que a aplicação de exercícios no ambiente de trabalho, chamada de ginástica laboral, torna-se parte de um programa mais abrangente que sugere alterações ergonômicas no posto de trabalho, estimula o estilo de vida fisicamente ativo, estimula a conscientização a melhores hábitos alimentares e previne o acometimento por doenças musculoesqueléticas. Este programa mais abrangente, segundo os autores é chamado de Programa de Ginástica Laboral (PGL). 2. DESENVOLVIMENTO DO INSTRUMENTO PARA MENSURAROS EFEITOS DA APLICAÇÃO DE UM PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL NA EMPRESA A ginástica laboral é uma prática que vem sendo adotada por empresas que objetivam a motivação de seus funcionários, previnem doenças ocupacionais, auxiliam no tratamento de acometimentos do sistema músculo esquelético, diminuir os níveis de estresse no ambiente de trabalho e estimulam o estilo de vida fisicamente “ativo”. Através de um levantamento na literatura, observou-se a escassez de artigos específico e a ausência de um padrão ouro (“gold-standard”) para a mensuração de programas de ginástica laboral. Os poucos livros e artigos sobre o tema encontrados possuem erros metodológicos ou mensuram variáveis que não tem uma relação direta com a prática da atividade aplicada. Desta forma faz-se necessário a criação de um instrumento que seja capaz de mensurar os efeitos da aplicação de um programa de ginástica laboral na empresa. Este instrumento deve ser de simples entendimento e possível de responder em poucos minutos, pois sendo aplicado durante a jornada de trabalho, muitas vezes não se dispões de tempo para levantamento de dados e outras intervenções. Este livro, nos traz todas as etapas percorrida para criação e validação de um instrumento que seja capaz de verificar os efeitos da aplicação do programa de ginástica laboral. 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 CASUÍSTICA Para criação e validação do instrumento para mensurar os efeitos da aplicação de um programa de ginástica laboral na empresa, foi utilizada uma amostra probabilística por conglomerado, constituída de 28 indivíduos, sendo 10 homens (35,71%) e 18 (64,29%) mulheres, com média de idade de 27,68 anos (DP ± 8,73) os quais trabalham no setor administrativo de uma empresa que fornece serviços de terceirização em restaurantes na cidade de São Paulo. Os sujeitos receberam e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. 3.2 PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO Em conjunto com uma equipe multiprofissional (descrita no item 3.8 a seguir) foram elaboradas questões que tem como objetivo verificar de forma rápida, direta e clara, itens que influem no trabalho e qualidade de vida do funcionário. Baseado nestas questões, elaboramos um questionário com 25 perguntas (anexo 3 - Questionário QPGL) os pontos ressaltados anteriormente no ambiente de trabalho e os efeitos da aplicação dos exercícios de ginástica laboral. 3.3 VALIDAÇÃO Para validação deste instrumento, realizamos alguns estudos piloto. O questionário (anexo 3) foi aplicado em um grupo de funcionários de uma determinada empresa na cidade de São Paulo. Verificamos as respostas e o entendimento às perguntas feitas no instrumento e com isso reestruturamos algumas perguntas para melhor entendimento dos participantes. Durante a leitura do questionário pelos pacientes, foram anotadas todas as dificuldades que os mesmos tiveram. Voltamos a aplicar o questionário já reestruturado em um outro departamento da mesma empresa, onde utilizamos os mesmos critérios, analisamos as respostas e o entendimento às perguntas feitas e com isso fizemos mais uma alteração no instrumento. Em cada etapa de reestruturação do questionário, o mesmo foi submetido a discussões com o grupo multiprofissional que o elaborou. Com o questionário já reestruturado foram realizadas, com intervalo de 15 dias, duas aplicações (A1 e A2) do Questionário sobre os efeitos do Programa de Ginástica Laboral (QPGL). O instrumento foi aplicado nos dois momentos A1 e A2 pelo mesmo professor graduado em educação física o qual apenas distribuiu o instrumento e o recolheu ao término de seu preenchimento. O intervalo de 15 dias foi utilizado baseado nos estudos realizados de Souza et al (2000) e Laureau et al (1996). 3.4 A APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO A aplicação do questionário foi feita por um profissional graduado em educação física, o qual recebeu orientações de como aplicar o instrumento e como proceder durante a aplicação do mesmo. O aplicador também foi orientado a não demonstrar qualquer tipo de reação individual ou comentário que pudesse influir nas respostas dos participantes. A aplicação do questionário se deu durante o horário de trabalho onde foi verificado o tempo médio de preenchimento do mesmo. 3.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO O critério de inclusão utilizado foi a participação do preenchimento do questionário nos dois momentos de aplicação A1 e A2, podendo ser os participantes do sexo feminino ou masculino. 3.6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO Como critério de exclusão foi utilizado a não participação no preenchimento do questionário em um dos momentos de aplicação. 3.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA Para a análise dos dados, foram utilizados, os métodos de média e desvios padrões dos resultados. A análise da confiabilidade do instrumento, cujo objetivo é de verificar a constância ou estabilidade dos resultados do instrumento medido, utilizou-se o coeficiente alfa (α) de Cronbach (Cronbach, 1951). Para análise da validade, ou seja, o grau que um instrumento mede o que se pretende medir e para a realização do método de teste-reteste, o qual consiste em aplicar a mesma prova duas vezes e buscar a correlação entre as duas medições, utilizou-se a correlação de Pearson. As avaliações das características clinicam demográficas de todos os pacientes, como pré-testes, reprodutibilidade, validade e sensibilidade para mudanças, foram realizados através da estatística descritiva utilizando-se médias e desvios padrões. (Bussb, Morettin, 2002) Na validação de construção do questionário utilizou-se o teste T de Student par comparar os escores médio do QPGL. Para todos os testes estatísticos, o nível de significância adotado foi de 5%. A consistência interna das questões medidas pelos observadores foi avaliada por meio do coeficiente de Cronbach (Cronbach, 1951). 3.8 INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO A construção do instrumento de avaliação levou em consideração fatores que podem vir a influenciar o desempenho do indivíduo no ambiente de trabalho. A formulação das questões foi feita por uma equipe composta por um engenheiro especializado em segurança do trabalho, um fisioterapeuta, um médico do trabalho, um psicólogo e um educador físico. Para tanto foram elaborados 30 itens distribuídos em 2 sessões, onde 5 itens são perguntas abertas a respeito do sujeito avaliado (nome, setor de trabalho, idade, peso e estatura), 25 questões de alternativa (chamadas de Q1 a Q25), sendo 1 item dicotômico (manifestações presentes e ausentes) e 24 itens de alternativas. A pontuação do QPGL é obtida de acordo com o tipo de resposta escolhida pelo avaliado. As opções permitidas de alternativa são “Sim”, “Não” e “Às vezes”, onde sua pontuação varia entre 0, 2 ou 4 pontos. Na questão número 1 a opção existente é apenas “Sim” ou “Não”. A pontuação da questão número 1 à questão de número 17 foi feita de maneira em que o avaliado obtenha índice 4 ao responder a alternativa “SIM”, já para a alternativa “AS VEZES” a pontuação estipulada são 2 pontos e para as respostas de alternativa “NÃO” a pontuação atribuída foi de 0 pontos. Nas questões de número 18 a 25 esta pontuação foi invertida, sendo atribuídos 4 pontos as respostas “NÃO”, 2 pontos às respostas “AS VEZES” e 0 pontos às respostas “SIM”. Desta forma a pontuação máxima que o avaliado pode alcançar é de 100 pontos e a mínima 0 pontos. Nesta escala quanto mais próximo de 100 pontos melhor estará o programa de ginástica laboral para a pessoa avaliada. 3.9 GERAÇÃO DE ITENS E QUESTÕES Inicialmente foi desenvolvido um questionário contendo questões parcialmente fechadas e itens considerados importantes, envolvendo as seguintes áreas: informações pessoais, hábitos de vida, hábitos de atividades físicas, hábitos de laser, fatores ergonômicos no ambiente de trabalho e histórico de doenças. 3.10 REPRODUTIBILIDADE O teste de reprodutibilidade indica se o questionário é reprodutível em diferentes situações. Realizamos duas aplicações do questionário QPGL com um intervalo de 15 dias entre elas. A aplicação foi realizada no horário de trabalho por umprofessor graduado em educação física. 3.11 VALIDADE A fase de validação visou verificar a qualidade das questões, isto é, se o questionário avaliaria as alterações no ambiente de trabalho, hábitos de vida e efeitos da aplicação dos exercícios no decorrer da jornada de trabalho. 3.12 SENSIBILIDADE PARA MUDANÇAS O questionário foi aplicado em um grupo que não participava do programa de ginástica laboral o qual respondeu novamente o mesmo questionário após 15 dias do início do programa de ginástica laboral. 4. RESULTADOS 4.1 REPRODUTIBILIDADE O teste de reprodutibilidade indica se o questionário é reprodutível em diferentes situações. A tabela TA1 demonstra que não foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre as aplicações A1 e A2 do QPGL, onde o valor de R obtido foi de 0.984, indicando um bom nível de reprodutibilidade (teste – reteste) do instrumento. Tabela TA1 – Aplicação do questionário nos momentos A1 e A2 Correlação Teste Reteste Correlação de Pearson 1 0,984(**) Teste Sig. (2-tailed) 0,000 N 28 28 Correlação de Pearson 0,984(**) 1 Reteste Sig. (2-tailed) 0,000 N 28 28 ** Correlação significante para o nível p< 0.01(2-tailed). 4.2 CONSISTÊNCIAS INTERNA A tabela TA2 demonstra que o coeficiente a de Chronbach foi de 0,666 demonstrando uma boa consistência interna para uma escala de poucos itens. Já a tabela TA3 demonstra a média e o desvio padrão para cada item do instrumento. Tabela TA2 - Coeficiente de Chronbach Cronbach’s Alpha N of Items 0,666 25 Tabela T3 - Estatística dos itens no teste e reteste Item Média Desvio Padrão N Q1 3,2857 1,56008 28 Q2 3,7857 0,83254 28 Q3 1,3571 1,54475 28 Q4 2,7857 1,47465 28 Q5 2,0714 1,67616 28 Q6 2,1429 1,43280 28 Q7 3,0000 1,49071 28 Q8 3,0714 1,48894 28 Q9 2,5714 1,31736 28 Q10 3,7143 0,89679 28 Q11 2,6429 1,80973 28 Q12 1,9286 1,67616 28 Q13 1,8571 1,53271 28 Q14 3,5000 1,17063 28 Q15 3,9286 0,37796 28 Q16 2,6429 1,54475 28 Q17 0,7857 1,13389 28 Q18 1,3571 1,63785 28 Q19 3,2857 1,35693 28 Q20 3,7143 0,89679 28 Q21 3,8571 0,75593 28 Q22 1,3571 1,80973 28 Q23 0,8571 1,38013 28 Q24 2,0000 1,33333 28 Q25 3,5000 1,29099 28 4.3 ESCORES MÉDIOS A tabela TA4 abaixo demonstra os resultados obtidos com a aplicação do teste T de Student par comparar os escores médio em cada uma das avaliações feitas no teste e reteste. Tabela TA4 - Correlação de Amostras Pareadas N Correlation Sig. Pair 1 TESTE & RETESTE 28 0,984 0,000 4.4 TEMPO DE APLICAÇÃO A tabela TA5 demonstra o tempo gasto de aplicação no primeiro momento (A1) foi de 3 minutos e 15 segundos, (± 0,42), já o tempo médio de aplicação no segundo momento (A2) foi de 3 minutos e 5 segundos (± 0,37), Tabela TA5 - Média de tempo de aplicação do questionário QPGL Média de tempo de aplicação – A1 (min.) Média de tempo de aplicação – A2 (min.) Média 3,15 3,05 DP ±0,42 ±0,37 5. DISCUSSÃO A prática de exercícios no ambiente de trabalho data de 1901 no Brasil, 1925 na Polônia e 1928 no Japão onde a prática da atividade foi inicialmente registrada como sendo feita pelos funcionários dos correios como meio de promoção de saúde e descontração. (Canete, 2001; Lima 2003; Ochoa, 2002; Kolling, 1983). A prática da ginástica laboral (GL) pode ser feita em qualquer ramo de atividade em que autores como Guimarães, 2001; Pereira, 1999; e Chaves, 2001 relatam que já na industrialização no século XX, com o início da linha de montagem e a produção em grande escala, a preocupação com o bem-estar dos funcionários já era algo em evidência. Martins (2001), Lima (2003) e Canete (2001) relatam que a aplicação da ginástica laboral faz parte de um conjunto de medidas capaz de prevenir o acometimento por doenças músculo esqueléticas, diminui níveis de estresse, melhora a motivação dos funcionários e altera o estilo de vida sugerindo o estímulo à prática de exercícios e melhora de hábitos alimentares. Fernandes e Gutierrez (1988) consideram que o desempenho eficaz de um trabalhador depende acima de tudo do “querer fazer” e não tanto do “saber fazer”, onde o emprego da QVT pode ser utilizado exatamente para que as pessoas queiram fazer mais. Apesar da escassez de estudos envolvendo a atividade física no ambiente de trabalho, encontramos alguns relatos de autores que afirmam que a atividade física influi de maneira positiva na prevenção e até no tratamento das DORT. Waling et al (2000), Holmich et al (1999), Kadi et al (2000), Ahlgren et al (2001), relatam os efeitos de programas de treinamentos em pessoas com mialgia no músculo trapézio, ombro e no pescoço. Alexandre et al (2001), Cooper et al (1996) e Fuortes et al (1994), realizaram estudos com enfermeiras as quais apresentavam dores nas costas, onde foram feitas intervenções por meio de exercícios físicos. Em todos os casos os efeitos encontrados demonstraram que a prática de exercícios físicos no ambiente de trabalho atuaram de maneira positiva na prevenção e no tratamento das Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT). Nos artigos consultados pudemos perceber falhas metodológicas como falta de descrição da frequência semanal dos exercícios, quais exercícios eram realizados e por quanto tempo, aonde também vimos que não existe um padrão para avaliação do programa aplicado. O QPGL é um instrumento que permite a mensuração da aplicação de exercícios no ambiente de trabalho assim como a verificação de fatores que possam influenciar o desempenho no trabalho. A metodologia utilizada na sua elaboração considerou a opinião de especialistas em saúde ocupacional, envolvendo uma equipe composta por um engenheiro especializado em segurança do trabalho, um fisioterapeuta, um médico do trabalho, um psicólogo e um educador físico. A falta de um instrumento validado e específico de avaliação dos efeitos do programa de exercícios no ambiente de trabalho (ginástica laboral), tem restringido pesquisas nesta área. Nesse segmento o QGL provou ser um instrumento capaz de avaliar o programa de ginástica laboral. Martins (2001), Lima (2003) e Canete (2001) demonstram a importância de se avaliar o programa de ginástica laboral, verificando os resultados obtidos por meio de anamneses e testes como o de sentar e alcançar e força de preensão manual, porém estes autores não trazem nenhuma padronização quanto aos testes aplicados, nem comentam sobre a especificidade dos testes para a atividade. A confiabilidade, medida pela consistência interna dos itens e avaliada pelo alfa de Cronbach padronizado, foi calculada pelos escores de todos os itens 5 ao 30 (Q1 a Q25). O alfa de Cronbach foi considerado bom, com o valor de 0,666. Esse coeficiente é utilizado para verificar a homogeneidade dos itens do instrumento, ou seja, sua acurácia. Dal Moro et al. (2003) relata a importância da utilização do alfa de Cronbach para avaliar a consistência interna de uma escala, também chamada de medida de homogeneidade interitem. Os mesmos autores também discutem que este coeficiente é influenciado pela homogeneidade dos itens e também pelo número de itens do instrumento. Aqui é necessário julgar a relevância da adição de novos itens, uma vez que a adição de novos itens torna o instrumento mais complexo e demorado para ser respondido. O teste - reteste, outro método de avaliação da confiabilidade, foi analisado observando-se uma correlação de 0,984 (p<0,001). Este modelo adotado para validação do instrumento foi utilizado por Mendes et al (2004), Manterola et al (1999) e Tamanini et al (2004). O QPGL poderá apresentar uma limitação quando for aplicado em trabalhadores analfabetos, onde será necessário o auxílio de um avaliador para leitura e preenchimento dos itens. Quanto ao tempo gasto para o preenchimento do questionário, verificamos que o tempo gasto médio de 3,15 minutos na primeira aplicação e 3,05 minutos na segunda aplicação do instrumento, favorecem a utilização desta ferramenta de mensuração, uma vez que muitas empresas não permitem que seus funcionários interrompam suas atividades na jornada de trabalhopara que se realizem testes ou levantamento de dados temendo desperdiçar tempo de trabalho. Uma outra possível limitação do instrumento se dará quando o preenchimento do mesmo for feito por funcionários que temem medidas agressivas por parte da empresa contratante devido às respostas expressas no QPGL, onde estes funcionários poderão assinalar alternativas que não condizem com os resultados reais vislumbrando este tipo de situação. 6 . CONCLUSÃO Verificamos que o questionário sobre os efeitos do programa de ginástica laboral - QPGL é um instrumento capaz de mensurar os efeitos da aplicação de um programa de exercícios no ambiente de trabalho assim como a influência de fatores externos que podem interferir no desempenho do trabalho, onde observamos que o coeficiente alfa de Chronbach demonstrou uma boa consistência interna para uma escala de poucos itens e não foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre as aplicações A1 e A2 do QPGL, onde o valor de R indicou um bom nível de reprodutibilidade (teste – reteste). Sua aplicação é rápida e seu custo baixo o que facilita a aplicação em grupos numerosos. A limitação do instrumento dá-se apenas quando for aplicado a pessoas analfabetas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Agresti A. Categorical Data Analysis. New York: John Wiley and Sons, Inc; 2002 AHLGREN C., WALING, K., KADI, F., DJUPSJOBACKA, M., THORNELL, L. E., SUNDELIN, G. 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ANEXOS ANEXO 1 TABELA T0 30.6 - Quantidade de acidentes do trabalho registrados segundo os 50 códigos da Classificação Internacional de Doenças (CID) mais incidentes - 2000 50 CÓDIGOS CID MAIS INCIDENTES Total Típico TOTAL S61 - Ferimento do punho e da mão S62 - Fratura ao nível do punho e da mão M65 - Sinovite e tenossinovite S60 - Traumatismo superficial do punho e da mão S93 - Luxação, entorse e distensão das articulações e dos ligamentos ao nível do tornozelo e do pé S92 - Fratura do pé (exceto do tornozelo) S82 - Fratura da perna, incluindo tornozelo M54 - Dorsalgia S52 - Fratura do antebraço S68 - Amputação traumática ao nível do punho e da mão Z54 - Convalescença S83 - Luxação, entorse e distensão das articulações e dos ligamentos do joelho S63 - Luxação, entorse e distensão das articulações e dos ligamentos ao nível do punho e da mão S91 - Ferimentos do tornozelo e do pé S01 - Ferimento da cabeça S81 - Ferimento da perna S50 - Traumatismo superficial do cotovelo e do antebraço S42 - Fratura do ombro e do braço S90 - Traumatismo superficial do tornozelo e do pé S80 - Traumatismo superficial da perna T98 - Seqüelas de outros efeitos de causas externas e dos não especificados S51 - Ferimento do antebraço. T15 - Corpo estranho na parte externa do olho S43 - Luxação, entorse e distensão das articulações e dos ligamentos da cintura escapular. S06 - Traumatismo intracraniano M75 - Lesões do ombro H90 - Perda de audição por transtorno de condução e/ou neuro-sensorial S67 - Lesão por esmagamento do punho e da mão S20 - Traumatismo superficial do tórax S40 - Traumatismo superficial do ombro e do braço S22 - Fratura de costela(s), esterno e coluna torácica H83 - Outros transtornos do ouvido interno S72 - Fratura do fêmur S32 - Fratura da coluna lombar e da pelve T23 - Queimadura e corrosão do punho e da mão S69 - Outros traumatismos e os não especificados do punho e da mão S70 - Traumatismo superficial do quadril e da coxa S66 - Traumatismo de músculo e tendão ao nível do punho e da mão S41 - Ferimento do ombro e do braço T14 - Traumatismo de região não especificada do corpo. S05 - Traumatismo do olho e da órbita ocular S10 - Traumatismo superficial do pescoço S33 - Luxação, entorse ou distensão das articulações e dos ligamentos da coluna lombar e da pelve S00 - Traumatismo superficial da cabeça S02 - Fratura do crânio e dos ossos da face T13 - Outros traumatismos de membro inferior, nível não especificado H16 - CeratiteS30 - Traumatismo superficial do abdome, do dorso e da pelve M70 - Transtornos dos tecidos moles relacionados com o uso, uso excessivo e pressão M77-Outras entesopatias Outros Ignorado FONTE: DATAPREV, CAT NOTA: Os dados são preliminares, estando sujeitos a correções ANEXO 2 TABELA T0A Tabela 2 - Total de pessoas de 18 anos ou mais de idade que referem diagnóstico médico de DORT (Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho), por sexo, com indicação do intervalo de confiança de 95%, segundo as Grandes Regiões, as Unidades da Federação e a situação do domicílio - 2019 Grandes Regiões, Unidades da Federação e situação do domicílio Total Masculino Total Limite inferior Brasil Urbana Rural Norte Rondônia Acre Amazonas Roraima Pará Amapá Tocantins Nordeste Maranhão Piauí Ceará Rio Grande do Norte Paraíba Pernambuco Alagoas Sergipe Bahia Sudeste Minas Gerais Espírito Santo Rio de Janeiro São Paulo Sul Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul Centro-Oeste Mato Grosso do Sul Mato Grosso Goiás Distrito Federal Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional de Saúde 2019. ANEXO 3 QUESTIONÁRIO QPGL Nome: ___________________ Setor : __________ Idade: _____ Anos: _______ Peso: ____Kg. Estatura: _____cm. Você apresente uma ou mais das doenças abaixo? Em caso afirmativo indique qual (quais) (abaixo) ( ) Diabetes ( ) Hipertensão arterial (pressão alta) ( ) Problemas Cardíacos ( ) Problemas Pulmonares ( ) Colesterol ( ) Câncer ( ) Outras : ____________ Você Fuma? Nos últimos 4 meses o seu volume de trabalho aumentou? Nos últimos 4 meses você vem apresentando dificuldades para dormir ou durante o sono? Atualmente, você está ansioso? Atualmente, você se irrita com facilidade? Você utiliza aparelhos de som com volume alto ou muito alto? (som automotivo, celular, etc) No seu ambiente de trabalho você costuma estar em local(is) de muito ruído? A temperatura no seu local de trabalho incomoda? A iluminação no seu local de trabalho incomoda? Você exerce outra atividade em outro(s) local(is) antes ou depois da jornada de trabalho? No seu ambiente de trabalho você fica exposto à vibração? Nos últimos 4 meses, você sentiu dores durante a jornada de trabalho? (marque uma das alternativas ao lado) Se sua resposta foi afirmativa diga qual (is) o (s) local (is) de sua(s) dor(es): ( ) Cabeça ( ) Pescoço ( ) Ombros ( ) Braços ( ) Punhos ( ) Mãos ( ) Cintura ( ) Coxa ( ) Perna ( ) Tornozelos ( ) Pés ( ) Joelhos ( ) Costas ( ) Outros locais: _____________________ Nos últimos 4 meses você se afastou do trabalho ? Quantas vezes ? _________________ Motivo(s): ______________________________ Você consome uma média de 2 litros de água (líquidos em geral) durante o dia? Você tem controle sobre sua alimentação e se preocupa com a qualidade do que come? Você se sente disposição para o trabalho? Nos últimos 4 meses, você tem mantido um bom relacionamento com seus colegas de trabalho? Você Participa das sessões de Ginástica Laboral na empresa? Você faz pausas durante o horário de trabalho para descansar? Nos últimos 4 meses, você praticou regularmente algum tipo de exercício? Você sente mais disposição para o trabalho após participar da aula de Ginástica Laboral? Você tem momentos (horários) de lazer? Em caso afirmativo indique qual (quais) (abaixo) ( ) Ouvir música ( )Ler ( ) Sair para dançar ( ) Ir ao teatro ou cinema ( ) Ficar em casa ( ) Assistir televisão ( ) Praticar esportes ( ) Outros __________ Nos últimos 4 meses, você tem feito ajustes na mobília de trabalho para minimizar possíveis dores ? Você mantém uma boa postura em frente ao computador e / ou no posto de trabalho? Cover Page Mensurando resultados na ginástica laboral : Um modelo simples e prático para mensurar os efeitos da aplicação de um programa de ginástica laboral no ambiente de trabalho 1. INTRODUÇÃO 1.1 GINÁSTICA LABORAL 1.2 DORT E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO 1.2.1 Qualidade de vida no trabalho 1.2.2 A prevenção no local de trabalho 1.2.3 Lesões musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho 1.3 ATIVIDADE FÍSICA E DORT 2. DESENVOLVIMENTO DO INSTRUMENTO PARA MENSURAR OS EFEITOS DA APLICAÇÃO DE UM PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL NA EMPRESA 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 CASUÍSTICA 3.2 PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO 3.3 VALIDAÇÃO 3.4 A APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO 3.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO 3.6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO 3.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA 3.8 INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO 3.9 GERAÇÃO DE ITENS E QUESTÕES 3.10 REPRODUTIBILIDADE 3.11 VALIDADE 3.12 SENSIBILIDADE PARA MUDANÇAS 4. RESULTADOS 4.1 REPRODUTIBILIDADE 4.2 CONSISTÊNCIAS INTERNA 4.3 ESCORES MÉDIOS 4.4 TEMPO DE APLICAÇÃO 5. DISCUSSÃO 6 . CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXOS ANEXO 1 ANEXO 2 ANEXO 3
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