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23- S13 P1 P2- aborto, drogas na gestação e infecções congênitas

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1 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi 
Sistemas orgânicos integrados 
OBJETIVOS: 
1. Estudar as infecções congênitas (TORCHS) 
2. Compreender o mecanismo do aborto 
3. Recordar os principais teratógenos (drogas ilícitas e lícitas) (sem medicamentos) 
Infecções congênitas 
Manifestações inespecíficas: SNC, olhos, pele e vísceras. 
É quando uma doença é transmitida da mãe para o bebê 
durante a gravidez, via intrauterina ou via transplacentária, 
causando ou não consequências para a criança após o 
nascimento. 
Toxoplasmose 
A toxoplasmose é uma doença congênita infecciosa 
causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, que infecta os 
seres humanos por meio da ingestão de oócitos ou de 
cistos. Resulta da transferência transplacentária do 
protozoário para o concepto decorrente de infecção 
primária da mãe durante a gestação ou por reagudização 
de infecção prévia em mães imunodeprimidas. 
Estes são encontrados nas fezes de gato, na água, em frutas 
ou verduras contaminadas, em carne crua ou malcozida ou 
durante jardinagem em solos contaminados. 
Cerca de um terço da população mundial é infectada por 
esse parasita. 
Entretanto, por ser na maioria das vezes assintomática, a 
prevalência não é bem conhecida, variando em função de 
fatores sociais, econômicos, culturais e climáticos em 
diferentes regiões. 
A severidade da doença fetal depende da idade do feto no 
momento da transmissão, sendo mais grave a apresentação 
durante os primeiros dois trimestres da gestação. A 
gravidade da doença no neonato é inversamente 
proporcional à idade gestacional; no primeiro trimestre da 
gestação, a taxa de transmissão é de 17% com repercussões 
graves, como óbito fetal ou neonatal; no segundo 
trimestre, o risco sobe para 25%, e o Recém-Nascido (RN) 
pode apresentar manifestações subclínicas. No terceiro 
trimestre, o risco chega a 65%, com manifestações 
subclínicas – repercussões leves – e, mais raramente, um 
quadro de parasitemia. 
Quadro clínico 
A maioria das crianças acometidas é assintomática ao 
nascimento e os efeitos da doença podem levar meses ou 
anos para se manifestarem. 
Os sintomas, quando presentes, são inespecíficos, podendo 
simular qualquer outra infecção, tornando fundamental o 
diagnóstico sorológico. 
A tríade clássica de sinais é composta por coriorretinite, 
hidrocefalia e calcificações cerebrais. 
Outros quadros clínicos são: 
• Natimortalidade e morte neonatal, 5% dos casos; 
• Formas subclínicas, 70%; 
• Formas leves, 20% – o paciente é aparentemente 
normal, com algum sintoma semanas ou meses; 
• Algumas vezes aparecem calcificações cerebrais e 
coriorretinite, sem comprometimento do Sistema 
Nervoso Central (SNC). 
Formas graves manifestam-se como: 
• Neurológica (encefalítica): coriorretinite, alteração do 
líquido cerebrospinal (LCE), anemia, convulsões, 
calcificações cerebrais, hidrocefalia, microcefalia; 
• Generalizada (formas neurológica e visceral): icterícia, 
hepatoesplenomegalia, linfadenopatia, febre, 
alterações liquóricas, coriorretinite, anemia, 
petéquias, eosinofilia, trombocitopenia, surdez 
neurossensorial. Suas sequelas incluem alterações da 
acuidade visual – a grande maioria das crianças não 
tratadas terão lesões oculares ao longo da vida –, 
convulsões e retardo mental. 
Quadros graves de toxoplasmose congênita apresentam a 
tétrade de Sabin: hidro ou microcefalia, retinocoroidite 
bilateral macular ou perimacular, calcificações cerebrais 
intraparenquimatosas grosseiras e retardo mental. 
Problema 23 S13 P1+ P2 
 
 
2 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi 
Diagnóstico: 
O diagnóstico pode ser feito por meio de métodos 
sorológicos, entre eles o ELISA, com captura de IgA para 
o diagnóstico de infecções recentes, pois seus anticorpos 
desaparecem de circulação mais rapidamente do que os 
da classe IgM, e reação em cadeia da polimerase no 
líquido amniótico. Solicitar na primeira consulta de pré-
natal. 
Se der negativo, o exame deve ser repetido 
trimestralmente. 
 
Outras avaliações devem ser realizadas, como a 
oftalmológica, a neurológica e a auditiva, e outros 
exames, como ultrassonografia (USG) transfontanela, 
hemograma completo e análise do LCE para avaliar o 
comprometimento do paciente. 
Prevenção 
Sua prevenção durante a gestação consiste em evitar o 
contato com animais infectados, principalmente gatos, não 
consumir carnes cruas ou malcozidas, lavar bem as mãos 
antes das refeições, lavar bem as frutas e as verduras, 
evitar jardinagem e repetir a sorologia a cada trimestre. 
Sífilis congênita 
Ocorre em qualquer fase da gestação e qualquer estágio da 
sífilis materna, sendo o agente etiológico uma bactéria 
Gram negativa, o Treponema pallidum. 
Quanto mais tarde na gestação e mais precoce a sífilis, 
maior o risco de infecção fetal. 
A transmissão é feita pela disseminação hematogênica 
do Treponema pallidum da gestante para o feto. A 
transmissão da sífilis não ocorre por meio do leite 
materno. Durante o aleitamento materno, é possível que 
aconteça a transmissão se há lesão mamária por sífilis, 
mas essa é uma situação rara. Cabe lembrar que a 
transmissão vertical do T. pallidum ocorre 
principalmente intraútero, mas também é possível a 
contaminação do concepto durante passagem pelo canal 
de parto, caso existam lesões ativas. 
Em gestantes com sífilis precoce não tratada, estima-se 
perda fetal em 40% de aborto espontâneo ou natimorto. 
A notificação de sífilis adquirida, sífilis em gestante e 
sífilis congênita é obrigatória. 
Taxa de transmissão vertical da sífilis: 
• Fases primária e secundária da doença materna: 
de 70 a 100%; 
• Fases terciária e latente tardia: 30%. 
Prevenção e controle 
• Triagem diagnóstica antes da gravidez em mulheres em 
idade reprodutiva e em seu parceiro; 
• Assistência pré-natal adequada, com VDRL no primeiro 
trimestre e em torno da vigésima oitava semana da 
gestação; 
• Tratamento de acordo com a fase da doença. 
Manifestações clínicas 
As manifestações clínicas são divididas em dois grupos: 
sífilis congênita precoce e a tardia. 
Sífilis congênita precoce 
A sífilis congênita é classificada como precoce, nos 
primeiros dois anos de vida. 
Mais de 50% das crianças afetadas são assintomáticas ao 
nascimento, com sintomas surgindo ao redor dos 3 
meses. 
As manifestações clínicas e alterações laboratoriais: 
Alterações cutaneomucosas – De 15 a 60% 
• Pênfigo palmoplantar; 
• Exantema maculopapular; 
• Coriza; 
• Condiloma plano; 
 
3 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi 
• Placas na mucosa oral; 
• Fissuras nos lábios, nas narinas e no ânus; 
• Alterações ectodérmicas – perda de cílios e cabelos, 
esfoliação das unhas 
Alterações viscerais – Laboratoriais 
• Hepatomegalia – 75% a 100%; 
• Esplenomegalia; 
• Hepatite; 
• Síndromes nefrítica e/ou nefrótica; 
• Paralisia das cordas vocais; 
• Pneumonia intersticial; 
• Meningite, convulsões; 
• Hidrocefalia progressiva; 
• Uveíte, coriorretinite “em sal e pimenta”; 
• Rinite serossanguinolenta; 
• Anemia – hemolítica e Coombs negativo; 
• Trombocitopenia, púrpura; 
• Leucopenia – leucocitose com reação leucemoide; 
• CIVD. 
Alterações osteoarticulares 
• Osteocondrite (pseudoparalisia de Parrot: é 
causada pela recusa da criança em movimentar a 
extremidade e relaciona-se com as alterações 
ósseas e eventuais fraturas associadas.) e 
periostite (diáfise dos ossos longos). 
 
Sífilis congênita tardia 
Manifestações Clínicas evidentes depois dos dois anos de 
vida. 
Cerca de 40% das crianças não tratadas apresentam 
sequelas de doença sistêmica precoce nas fases pré-escolar 
e escolar. As principais características são gomas do véu 
palatino (ulcerações e perfuração), rágades (cicatrizes 
periorificiais), hidrocefalia, ceratite intersticial, surdez 
neurológica (lesão do VIII par), dentes de Hutchinson 
(incisivos centrais superiores), molar “de amora” (primeiro 
molar inferior), nariz“em sela”, encurtamento da maxila; 
articulações de Clutton, tíbias “em lâmina de sabre”, bossa 
frontal e fronte olímpica. 
 
Diagnóstico 
Devemos iniciar investigação de sífilis congênita em todos 
os RNs de mães com sífilis e evidência clínica e, ou 
laboratorial, e em todas as crianças com menos de 13 anos 
com suspeita clínica e, ou epidemiológica de sífilis 
congênita. 
Se a mãe foi considerada com tratamento adequado para 
sífilis, inicialmente será solicitado somente o VDRL. 
Se o tratamento foi inadequado, deve-se realizar a 
notificação para sífilis congênita e, além do VDRL, solicitar o 
hemograma completo, glicemia e radiografia de ossos 
longos e coletar o liquor (solicitar celularidade, glicorraquia, 
proteinorraquia e VDRL). 
 
 
4 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi 
 
Rubéola congênita 
infecção fetal por via transplacentária durante a viremia 
materna, diminuindo a sua taxa de transmissão quanto 
mais avançada a gestação. 
Quadro clínico 
Cerca de 70% têm manifestação ao nascer. 
Os RNs podem apresentar desde um quadro assintomático 
até SRC: catarata, cegueira, surdez neurossensorial, 
microcefalia, retardo mental e malformações cardíacas, 
persistência do canal arterial, estenose da artéria pulmonar 
e defeitos de septos atrial e ventricular. 
A principal característica da rubéola congênita é a sua 
cronicidade, e as manifestações existentes podem 
progredir ou novas alterações aparecer ao longo da vida. 
O paciente com rubéola congênita pode apresentar como 
manifestações tardias: dificuldade de aprendizagem, 
distúrbios de comportamento e autismo. A perda auditiva é 
a manifestação tardia mais comum e ocorre em 80% dos 
casos. 
 
Diagnostico 
É obtido por testes sorológicos maternos ou fetais com 
aumento da titulação ou soroconversão, além de 
isolamento viral no sangue, urina ou LCE e reação em 
cadeia da polimerase no sangue ou nas secreções da 
orofaringe. 
A suspeita clínica deve ser feita em todo RN cuja mãe teve 
rubéola na gestação, suspeita ou confirmada, e para 
aqueles com restrição de crescimento intrauterino 
associada a qualquer estigma da rubéola congênita. 
A pesquisa de anticorpos IgM e IgG deve ser realizada o 
mais brevemente possível partir da suspeita clínica. 
Profilaxia 
Compreende vacinação para rubéola em mulheres em 
período fértil; não pode ser aplicada a mulheres grávidas. 
Após a vacinação o ideal é que se espere um mês antes de 
tentar engravidar. Além disso, gestantes devem ser 
afastadas de pacientes com suspeita de rubéola. 
A criança com rubéola congênita deve ficar isolada durante 
a fase aguda, e os familiares devem ser esclarecidos sobre a 
 
5 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi 
possibilidade de eliminação do vírus até um ano depois do 
nascimento. Ressaltando que essa medida não é necessária 
caso as culturas de nasofaringe e urina sejam 
repetidamente negativas – pelo menos dois resultados, 
com intervalo de um mês – após três meses de vida. 
Citomegalovírus 
Trata-se da infecção congênita mais comum, vírus da 
família do Herpes. 
Das infecções, 90% são assintomáticos e cerca de 10% 
desenvolvem complicações como perda da audição, 
coriorretinite, atrofia óptica, microcefalia e distúrbios da 
fala e da aprendizagem. 
O maior risco para o feto ocorre durante a primeira metade 
da gestação, podendo a infecção materna ser 
assintomática. Estima-se que cerca de 0,5 a 2,2% dos 
neonatos sejam infectados pelo citomegalovírus (CMV) no 
período do nascimento e cerca de 10% sejam sintomáticos 
ao nascimento. Alguns destes podem ter sintomas 
extremamente graves, podendo evoluir para óbito, 
geralmente por coagulação intravascular disseminada 
(CIVD), falência de múltiplos órgãos e infecção bacteriana 
secundária. 
Nos adultos, pode causar a síndrome mononucleose-like. 
Transmissão 
• Vertical (Intraparto, secreção cervicovaginal, 
transplacentária); 
• Pós-natal (aleitamento materno); 
• Congênita, a mais importante, pois pode resultar em 
infecção congênita e sequela neurológica. 
Nos casos em que a primoinfecção materna é durante a 
gravidez, o risco fetal será maior. 
Fatores de risco: 
Mae adolescentes, atividade sexual com múltiplos 
parceiros, multiparidade, baixa condições socioeconômica. 
Quadro clínico 
90% das crianças são assintomáticas, enquanto os 10% 
restantes apresentam a doença de forma grave. 
Grave: hepatomegalia, esplenomegalia, icterícia, petéquias 
e púrpura (a trombocitopenia pode persistir por meses a 
anos), microcefalia (perímetro cefálico abaixo do percentil 
50), calcificações cerebrais (periventriculares) e 
hidrocefalia, defeitos oculares, coriorrentinite, microftalmia 
e catarata, retardo do crescimento intrauterino, 
prematuridade, pneumonites, defeitos dentários, perda 
auditiva neurossensorial (alterações mais comum causadas 
pelo CMV, que envolve 60% das crianças sintomáticas e 5% 
das assintomáticas). 
Coriorretinite apresenta-se com áreas de necrose retiniana 
branco-amareladas extensas. Há graus variáveis de 
hemorragias e vasculite com um aspecto chamado “pizza 
com ketchup”. 
Alteração mais comum: perda auditiva 
Diagnostico 
Pesquisa do vírus em secreções urina, salina, secreções 
respiratórias, sangue e fragmentos de órgãos com 
isolamento nas primeiras duas e três semanas indicam 
infecção congênita. 
Herpes simples 
Na infecção durante a gestação geralmente ocorrem sinais 
graves no feto levando ao óbito fetal. 
Usualmente o quadro clínico no RN ocorre por infecção 
genital materna, e é mais comum sua transmissão durante 
o trabalho de parto ou pós-natal, chegando a 50% no parto 
vaginal. 
As mulheres com primo-infecção geralmente são 
assintomáticas, enquanto aquelas com infecção recidivante 
têm a transmissão intraparto diminuída para uma taxa de 3 
a 5% pela presença de anticorpos preexistentes. 
O Herpes-Vírus Simples-1 (HSV-1) infecta a pele e a mucosa 
acima da cintura, e o Herpes-Vírus Simples-2 (HSV-2) 
infecta a genitália materna e o neonato – transmissão 
perinatal. 
Quadro clínico 
O período de incubação da infecção varia entre dois e 20 
dias, com média de 16 dias, portanto os RNs que 
apresentam lesões ao nascimento provavelmente foram 
infectados antes do nascimento. 
As manifestações clínicas se apresentam em três 
categorias: 
• Mucocutânea: infecção de pele, olho e boca, de 
cinco a seis dias após o parto; 
• Neurológica: infecção do SNC, de oito a 12 dias após 
o parto; 
 
6 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi 
• Disseminadas: infecção disseminada sem 
acometimento do SNC, de cinco a seis dias após o 
parto. 
Apresenta-se com alterações cerebrais que incluem 
microcefalia, hidrocefalia e meningoencefalite; na região 
ocular, conjuntivite, ceratite, coriorretinite e cegueira. 
Outras sequelas incluem anencefalia, microcefalia, 
pneumonite, hepatomegalia, anemia hemolítica, 
espasticidade e retardo mental. 
Na pele, as lesões podem se apresentar na forma de 
vesículas agrupadas. 
A meningoencefalite herpética ocorre geralmente entre a 
segunda e a terceira semana de vida e é caracterizada por 
instabilidade térmica, letargia, má aceitação alimentar, 
irritabilidade, tremores, convulsões e fontanela anterior 
ampla. Pode ou não ser acompanhada das lesões 
vesiculares nos olhos, pele e boca. 
Diagnóstico 
Por meio de cultura e exame citológico das lesões e liquor. 
Sorologia realiza o teste de imunofluorescência para 
anticorpos IgG e IgM, além do ELISA. 
 
HIV 
A transmissão vertical é a forma predominante de na 
aquisição de HIV por essa população. 
A transmissão pode ocorrer durante todo o pré-natal, parto 
ou pela amamentação. 
O maior risco ocorre no momento do parto, pela exposição 
da pele e mucosa do concepto ao sangue e secreções 
maternas, além da transfusão materno fetal. 
Diagnostico 
Como a transmissão costuma ser periparto, as crianças são 
assintomáticas ao nascimento. Deve ser realizadaintervenção profilática de acordo com a sorologia e carga 
viral materna, e seguimento sorológico do lactente. 
Aborto 
Abortamento é a interrupção da gravidez até a 20ª-22ª 
semana e com produto da concepção pesando menos que 
500g. Aborto é o produto da concepção eliminado no 
abortamento. 
Fatores de risco: 
• Idade materna 
• Abortos prévios 
• Tabagismo 
• Álcool, cocaína; 
• Anti-inflamatorios não esteroides; 
• Peso; 
• Tireoideopatias; 
Etiologias 
Fetais e maternas 
Cromossomopatias autossômicas ------- aneuploidias 
(defeitos na gametogênese) 
Incompetência istmocervical 
Trombofilias --- síndrome do anticorpo antifosfolipídeo 
Quadro clínico 
• Sangramento 
• Dor abdominal 
• Dor lombar, náuseas, vômitos e mal estar 
Formas clínicas: 
Ameaça ao aborto 
O sangramento genital é de pequena a moderada 
intensidade, podendo existir dores, tipo cólicas, geralmente 
pouco intensas. O colo uterino (orifício interno) encontra-se 
fechado, o volume uterino é compatível com o esperado 
para a idade gestacional e não existem sinais de infecção. O 
exame de ultrassom mostra-se normal, podendo encontrar 
pequena área de descolamento ovular. Não existe 
indicação de internação hospitalar, a mulher deve ser 
orientada para ficar em repouso, utilizar analgésico se 
apresentar dor, evitar relações sexuais durante a perda 
sangüínea, e retornar ao atendimento de pré-natal. Nos 
casos em que não ocorre regressão das alterações ou se 
surgir febre, dor pélvica localizada ou sangramento com 
odor fétido, deve a mulher retornar ao serviço de saúde 
para nova avaliação. 
Abortamento completo 
Geralmente, ocorre em gestações com menos de oito 
semanas. A perda sanguínea e as dores diminuem ou 
cessam após a expulsão do material ovular. O colo uterino 
(orifício interno) pode estar aberto e o tamanho uterino 
mostra-se menor que o esperado para a idade gestacional. 
No exame de ultrassom, encontra-se cavidade uterina vazia 
ou com imagens sugestivas de coágulos. 
 
7 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi 
A conduta nesse caso é de observação, com atenção ao 
sangramento e/ou à infecção uterina. Quando persiste o 
sangramento, ou a mulher deseja interromper a perda 
sanguínea, deve ser realizada aspiração manual intrauterina 
(AMIU) e, na falta dessa, a curetagem uterina. 
Abortamento inevitável/incompleto 
O sangramento é maior que na ameaça de abortamento, 
que diminui com a saída de coágulos ou de restos ovulares, 
as dores costumam ser de maior intensidade que na 
ameaça e o orifício cervical interno encontra-se aberto. 
O exame de ultrassom confirma a hipótese diagnóstica, 
embora não seja imprescindível. Em gestações com menos 
de 12 semanas, pelo tamanho uterino, indica-se a aspiração 
manual intrauterina (AMIU), por ser mais segura e permitir 
o esvaziamento mais rápido. Quando não for possível 
empregar essa técnica, realiza-se a curetagem uterina. Em 
úteros compatíveis com gestação superior a 12 semanas, 
emprega-se o misoprostol na dose de 200mcg de 12 em 12 
horas, via vaginal, em ciclos de 48 horas de tratamento, 
com três a cinco dias de intervalo, podendo ser associado à 
indução com ocitocina. Após a expulsão, estando o útero 
compatível com gestação com menos de 12 semanas, faz-se 
a AMIU ou realiza-se a curetagem uterina. Também é 
importante avaliar a perda sanguínea e, se extremamente 
necessário, far-se-á transfusão sanguínea. 
Abortamento retido 
Em geral, o abortamento retido cursa com regressão dos 
sintomas e sinais da gestação, o colo uterino encontra-se 
fechado e não há perda sanguínea. O exame de ultrassom 
revela ausência de sinais de vitalidade ou a presença de 
saco gestacional sem embrião (ovo anembrionado). Pode 
ocorrer o abortamento retido sem os sinais de ameaça. 
Pode ser tratado utilizando-se o misoprostol ou, quando o 
tamanho uterino corresponder à gestação com menos de 
12 semanas, pode-se empregar a técnica de AMIU. 
Abortamento infectado 
Com muita frequência, está associado a manipulações da 
cavidade uterina pelo uso de técnicas inadequadas e 
inseguras. Estas infecções são polimicrobianas e 
provocadas, geralmente, por bactérias da flora vaginal. São 
casos graves e devem ser tratados, independentemente da 
vitalidade do feto. 
As manifestações clínicas mais frequentes são: elevação da 
temperatura, sangramento genital com odor fétido 
acompanhado de dores abdominais ou eliminação de pus 
através do colo uterino. 
Na manipulação dos órgãos pélvicos, pelo toque vaginal, a 
mulher pode referir bastante dor, e deve-se sempre pensar 
na possibilidade de perfuração uterina. 
Os seguintes exames podem ser necessários para melhor 
avaliação da mulher, bem como para seu seguimento: 
hemograma com contagem de plaquetas; urina tipo I; 
coagulograma; hemocultura; cultura da secreção vaginal e 
do material endometrial, também para anaeróbios; raios-x 
do abdome; ultrassonografia pélvica ou de abdome total; e 
tomografia, principalmente para definir coleções 
intracavitárias. 
No tratamento, é fundamental o restabelecimento das 
condições vitais com soluções parenterais ou com sangue, 
principalmente se a hemoglobina for inferior a 8g%. Iniciar 
antibioticoterapia, junto com as medidas de suporte, dando 
preferência aos quimioterápicos de largo espectro. Pode 
ser utilizado um anaerobicida (metronidazol 500mg-1g, IV, 
a cada 6 horas, por 7-10 dias, ou clindamicina 600-900mg, 
IV, a cada 6-8 horas, por 7-10 dias), associado com um 
aminoglicosídeo (gentamicina 1,5mg/Kg, dose IV ou IM, a 
cada 8 horas, por 7-10 dias, ou amicacina 15mg/Kg/dia, IV 
ou IM, a cada 6-8 horas, por 7-10 dias). 
O esvaziamento uterino, naqueles úteros com tamanho 
compatível com gestação de até 12 semanas, deve ser 
realizado, preferencialmente, por aspiração manual 
intrauterina (AMIU), por apresentar menores taxas de 
complicações, reduzida necessidade de dilatação cervical e 
promover a aspiração do material infectado. Na realização 
desse procedimento, atentar para o fato de que a perda do 
vácuo pode significar perfuração uterina prévia. Na 
impossibilidade do uso da AMIU, pode-se empregar a 
curetagem uterina; em ambas, o esvaziamento uterino 
deve ser feito sob infusão de ocitocina. Nos casos mais 
graves, acompanhados de peritonite e que demoram a dar 
resposta satisfatória, deve-se proceder a laparotomia 
exploradora e, se necessário, realizar retirada de órgãos 
pélvicos. A persistência de febre após os cuidados iniciais 
pode traduzir abscessos pélvicos ou tromboflebite. Nesse 
caso, indicasse a utilização da heparina. 
Abortamento habitual 
Caracteriza-se pela perda espontânea e consecutiva de três 
ou mais gestações antes da 22ª semana. É primário quando 
a mulher jamais conseguiu levar a termo qualquer 
gestação, e secundário quando houve uma gravidez a 
 
8 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi 
termo. Estas mulheres devem ser encaminhadas para 
tratamento especializado, em que seja possível identificar 
as causas e realizar tratamentos específicos. 
Abortamento eletivo previsto em lei 
Nos casos em que exista indicação de interrupção da 
gestação, obedecida a legislação vigente, por solicitação da 
mulher ou de seu representante, deve ser oferecida à 
mulher a opção de escolha da técnica a ser empregada: 
abortamento farmacológico, procedimentos aspirativos 
(AMIU ou elétrica) ou dilatação e curetagem. 
Tal escolha deverá ocorrer depois de adequados 
esclarecimentos das vantagens e desvantagens de cada 
método, suas taxas de complicações e efeitos adversos. 
Para mais informações sobre abortamento eletivo nos 
casos de violência sexual, consultar a Norma Técnica 
Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da 
Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes. 
Esvaziamento uterino 
Abortamento farmacológico 
É a utilização de fármacos para indução do abortamento ou 
abreviação do abortamento em curso. 
Toda mulher grávidaque solicita interrupção da gestação e 
cumpre com as condições estabelecidas pela lei pode optar 
pela interrupção farmacológica da gravidez, tanto no 
primeiro, como no segundo semestre da gestação. 
No Brasil, tem-se disponível o misoprostol e a ocitocina. 
Abortamento cirúrgico 
ASPIRAÇÃO MANUAL INTRAUTERINA (AMIU) 
Procedimento que utiliza cânulas de Karman, com 
diâmetros variáveis, de 4 a 12mm, acopladas a seringa com 
vácuo, promovendo a retirada dos restos ovulares por meio 
da raspagem da cavidade uterina e por aspiração. Pode ser 
utilizada em gestações com menos de 12 semanas, em 
função do tamanho uterino, pois há necessidade de o colo 
uterino ser justo à cânula para que o vácuo seja transferido 
da seringa para a cavidade uterina. 
Nos casos de abortamento infectado, a AMIU é a técnica de 
eleição, embora cuidados redobrados devam ser adotados, 
pelo risco de perfuração uterina. Nos casos de interrupção 
da gravidez previstos na legislação vigente do País, com 
menos de 12 semanas, pode-se empregar essa técnica. A 
aspiração manual intrauterina (AMIU) é o procedimento de 
escolha para tratamento do abortamento, sendo 
recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e 
pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia 
(FIGO). 
CURETAGEM UTERINA 
Estando o colo uterino aberto, ou dilatado previamente 
pelos dilatadores de Denistonn ou velas de Hegar, introduz-
se a cureta e promove-se raspagem da cavidade uterina, 
extraindo-se o material desprendido pelo instrumental. Por 
ter diâmetro variável e ser de material rígido (aço), pode 
provocar acidentes, tal como perfuração do útero. Trata-se 
de procedimento antigo muito difundido no Brasil. Nos 
casos de o colo uterino estar fechado ou pouco dilatado, 
pode-se promover sua abertura por meio da dilatação 
cervical, embora esse procedimento não esteja isento de 
riscos. Nas gestações superiores a 12 semanas, deve-se 
promover a indução farmacológica com misoprostol. Então, 
após a expulsão fetal, faz-se a curetagem uterina. 
Principais teratógenos 
Os danos reprodutivos na espécie humana podem ser 
agrupados em quatro classes principais: (1) morte do 
concepto; (2) malformações; (3) restrição de crescimento 
fetal (RCF); e (4) deficiências funcionais, incluindo aqui a 
deficiência intelectual. Esses danos podem tanto ter causa 
genética como ambiental e, muitas vezes, uma combinação 
dessas duas (etiologia multifatorial). Estima-se que cerca de 
15% de todas as gestações reconhecidas terminem em 
aborto e que 3 a 5% de todos os recém-nascidos vivos 
apresentem algum defeito congênito 
Álcool 
Quadro clínico 
O efeito potencial mais significativo da exposição pré-natal 
ao álcool ocorre sobre o desenvolvimento do sistema 
nervoso central (SNC). 
A síndrome alcoólica fetal (SAF) caracteriza-se por 
deficiência intelectual, microcefalia, coordenação motora 
pobre, hipotonia, hiperatividade, dismorfias faciais (entre 
elas, nariz pequeno e antevertido, micrognatia, fissuras 
palpebrais pequenas, microftalmia, filtro nasal hipoplásico, 
lábios superiores finos) e restrição de crescimento fetal e 
pós-natal. Eventualmente, pode associar-se também a 
outras patologias em diversos órgãos. 
Risco 
O risco de ocorrência da síndrome completa está 
estabelecido para consumidoras crônicas de álcool (4 ou 
 
9 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi 
mais drinques/dia). Entretanto, é importante considerar 
que a SAF é o polo mais grave do espectro dos efeitos 
relacionados ao consumo de álcool na gestação e nem 
sempre a síndrome se apresenta completa, podendo ter 
como sequela do consumo apenas deficiência intelectual 
e/ou microcefalia e alterações neurocomportamentais, 
como déficits em controle de impulsos e hiperatividade. 
Para esses efeitos menos pronunciados, mas igualmente 
graves, como é o caso do déficit intelectual, doses 
inferiores e em períodos do segundo e do terceiro 
trimestres de gravidez podem ser suficientes.6 
Não existe um limiar seguro para o consumo de álcool. 
Sabe-se que o consumo esporádico durante a gestação 
pode estar associado ao aumento do risco de anomalias 
congênitas e que esse risco é diretamente proporcional à 
dose. 
Conduta 
Prospectiva – Não usar álcool durante toda a gravidez. Se a 
mulher for dependente, encaminhá-la para um centro de 
tratamento; 
Retrospectiva – Tranquilizar medos e ansiedades em 
mulheres que beberam eventualmente ou em quantidades 
pequenas, aconselhando-as a se absterem de bebidas 
alcoólicas durante a gestação. Realizar ultrassonografia (US) 
para controle. 
Cocaína e crack 
A cocaína é um potente vasoconstritor utilizado de forma 
recreativa por inalação ou injeção intravenosa, e o crack é 
um subproduto da cocaína, podendo ser obtido por meio 
do aquecimento do cloridrato de cocaína, com adição de 
bicarbonato de sódio, amônia e água. Ambos apresentam 
fácil dependência, e o uso na gestação vem aumentando 
progressivamente nos últimos anos. 
Diversos desfechos negativos são atribuídos ao uso dessas 
substâncias durante toda a gestação e podem resultar de 
mecanismos patogênicos de disrupção vascular, ou seja, 
anomalias geradas por distúrbios no fluxo sanguíneo 
normal do embrião-feto, indução de estresse oxidativo e 
efeitos pró-apoptóticos no SNC. Entre as anomalias 
associadas, estão atresias intestinais e defeitos de redução 
de membros. Outros efeitos importantes são descolamento 
prematuro de placenta (DPP), microcefalia e deficiência 
mental, além de RCF e alterações neurocomportamentais 
quando o uso é prolongado ao segundo e ao terceiro 
trimestres. 
Risco 
O risco depende da via de administração e do período de 
gravidez, estando o maior risco no uso durante o segundo e 
o terceiro trimestres de gravidez. Existem evidências de 
que, quando uma mulher usa cocaína por via nasal e 
apenas “socialmente” e interrompe o uso no primeiro 
trimestre, não existe risco significativo de dano 
neurocomportamental. No outro extremo, estão as 
mulheres que usaram cocaína ou crack durante toda a 
gestação: o risco de disrupção vascular e DPP são muito 
maiores, e mais ainda se a droga tiver sido utilizada por via 
injetável. O uso materno de cocaína nos dois últimos 
trimestres também aumenta significativamente a chance 
de prematuridade, de RCF e de complicações 
neurocomportamentais. 
Conduta 
Tranquilizar as mães que usaram a droga por via nasal no 
primeiro trimestre e desestimular o uso no decorrer da 
gestação. Em casos de mulheres com uso via injetável e 
dificuldade de interromper o uso, encaminhá-las para o 
centro de tratamento especializado. Realizar US para 
controle.

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