Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
AFECÇÕES DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR Alterações anatômicas específicas em cães braquicefalicos que levam a angústia respiratória, para que seja considerada Síndrome do Braquicefálico o animal precisa apresentar mais de uma alteração (ex: animal com estenose de narina e prolongamento de palato). O animal braquicefálico tem o focinho curto e inclinado, crânio desproporcional em relação a cavidade nasal, o palato mole é mais longo, porém o espaço é na cavidade é menor, então esse palato forma uma “prega”. RAÇAS MAIS ACOMETIDAS Buldogue Inglês Buldogue Frances Pug Shitzu SINAIS E SINTOMAS Dificuldade para trocar calor Ofegação Stress Intolerância ao exercício Depressão respiratória Ronco Cianose Síncope DISTRIÇÃO Inspiração: o animal apresenta dificuldade respiratória na inspiração, dificuldade de via aérea superior. Expiratória: o animal apresenta dificuldade respiratória na expiração, dificuldade de via aérea inferior. Mista: o animal apresenta dificuldade respiratória tanto na inspiração como expiração, dificuldade de via superior e inferior. Observação sobre os pugs – possuem rotação dorsal do maxilar, sinus frontal minúsculo ou ausente e a proporção craniofacial menor que a do Buldogue. As principais alterações são: Estenose de narina, Prolongamento de palato e Hipoplasias, porém existem outras. Seguem as alterações que fazem parte da síndrome: --- ESTENOSE DE NARINA --- Aletas nasais (abinhas) fechadas dificultando a entrada de ar pelas narinas, na hora que o animal vai inspirar o ar essas aletas colabam, então o animal tem um distrição inspiratória. É congênito, mais comum em Shitzu e Buldogue francês. Diagnóstico feito pela inspeção direta. Tratamento cirúrgico: Plastia de narina, exitem duas técnicas, e em ambas retira-se um triangulo da aleta nasal, esse triangulo pode ser removido na região rostral, ou na região lateral da narina, sempre tentar tirar o mínimo possível, pois se ainda ficar pequeno da pra tirar outra parte depois, porém se a abertura ficar muito grande é difícil corrigir. --- PROLONGAMENTO DE PALATO --- Hiperplasia do palato mole. Durante a inspiração o palato mole obstrui a entrada de ar na aritenóides, gerando um efeito de vácuo nas vias aéreas, esse vácuo pode fazer os brônquios colabarem e o pulmão inflamar, podendo ter um edema intersticial, uma pneumonia intersticial por estresse ventilatório. Ocorre muito em Buldogue inglês, Pug, Buldogue francês e Cavalier King Charles Spaniel Sinais e sintomas: Ruídos respiratórios, dispnéia inspiratória, intolerância ao exercício, muita dificuldade para trocar calor (heat stroke) e síncope em casos mais graves. Diagnóstico: inspeção direta (abrir cavidade oral com o animal sedado e olhar, visualizando uma pele caindo por cima e cobrindo a epiglote), o exame mais utilizado é a endoscopia, pode-se fazer também raio-x ou tomografia (não é muito utilizado). Na endoscopia podemos ver se o animal tem o prolongamento, avaliar a laringe pra ver se há eversão de sacos laríngeos causando colabamento de laringe, avaliar se tem colapso brônquico. Na radiografia torácica podemos visualizar de ele tem alguma pneumonia ou edema secundário. Então para diagnóstico do prolongamento de palato é utilizada a inspeção direta, endoscopia e radiografia de tórax. Tratamento cirúrgico: se o palato estiver edemaciado não se deve operar, porque ele vai estar inchado, a possibilidade de tirar mais palato do que deveria é muito grande, então se tiver edemaciado, fazer um traqueostomia temporária, ele vai respirar por ela, até se estabilizar e pode fazer a cirurgia. A cirurgia é a Estafilectomia, onde o animal vai ser colocado em posicionamento anatômico, entubado, sonda presa em baixo, um pouco de gelo dentro da cavidade oral para diminuir a resposta inflamatória durante a manipulação. Para a técnica deve-se ancorar um fio de cada lado do palato, puxando a pele sobressalente e remover aos poucos a pele (cuidado para não remover demais, pois pode dar deiscência de pontos), usar sutura simples separada, pois a simples contínua veda muito, podendo formar abcessos, e se a simples separada romper vai romper apenas um ponto e não todos como na contínua, pode-se utilizar Nylon (porém vai ter que sedar o animal para retirar os pontos) ou Poliglecaprone (Monocryl) (o Monocryl não vai precisar retirar os pontos), não utilizar Vicryl, pois ele é multifilamentar, transmitindo as bactérias da boca para a região subcutânea. Pós operatório: antibioticoterapia, antiinflamatório, analgesia (porque eles vão sentir dor para comer), não fazer jejum pois para a cicatrização o animal precisa estar nutrido, então o jejum dificulta a cicatrização, pode-se dar alimentação mais amolecida para não dar atrito e inflamar os pontos e mais fracionada, dando pequenas quantidades, muito cuidado pois eles podem fazer falsa via porque não estão acostumados com o palato normal e engasgam, então se ater a isso. --- HIPOPLASIA DE TRAQUÉIA --- É uma traqueia com a luz menor do que o normal, uma diminuição da luz, bem comum em Buldogue ingleses. A hipoplasia vai fazer com que o animal aumente a frequência respiratória porque entra menos ar quando ele respira, então faz com que o animal fique mais ofegante. A hipoplasia de traqueia não tem tratamento cirúrgico para aumentar a luz traqueal, ele vai viver assim a vida inteira, então ele não pode se estressar ou passar calor pois pode ter colapsos/síncopes. --- EVERSÃO DOS SACOS LARÍNGEOS --- É a eversão da mucosa que reveste as criptas laringeanas, esses sacos laríngeos em um animal sem alterações não deve estar aparente, é o primeiro estágio de colabamento de laringe, se esses sacos edemaciarem mais um pouco (no caso da imagem) vai fechar completamente a laringe e esse animal não vai conseguir respirar. Ocorre devido à alta pressão negativa gerada nas vias respiratórias secundária a síndrome do braquicefálico. Trata-se a causa base (normalmente é palato), usa-se anti-inflamatório (corticóide é bom, se o animal não tiver contra indicações [cardiopata, diabético...]) e eles vão “desaparecer”, não precisa remover cirurgicamente. Sinais e sintomas são: dispneia leve a intensa, ruídos respiratórios, esforço rápido e ofegação constante e tutor relata alterações/ausência no latido (pq é a região que passa a corda vocal). O diagnóstico é feito a partir de endoscopia. E o tratamento cirúrgico só deve ser feito quando os sacos laríngeos tiverem características tumorais (o que é raro de acontecer), quando tem tumor de laringe, dificilmente consegue fazer ressecção completa. Quando esses sacos estiverem um vermelho vinho é característica tumoral, ai tem que fazer a remoção, pra fazer essa remoção o ideal é utilizar bisturi a laser (equipamento caro, então é difícil fazer porque poucas pessoas possuem), e o prognóstico é reservado a ruim porque é difícil remover ele por completo. No pós operatório: antibioticoterapia, anti-inflamatório e analgesia. Sacos laríngeos edemaciados. Quando eles estão normais não dá para visualizá-los, o canal fica todo pretinho. --- TURBINADOS NASAIA ABERRANTES --- É pouco pesquisado porque não tem muito endoscopista que faça o a rinoscopia retrógrada (para visualização desses turbinados. Essa endoscopia entra pela cavidade oral, faz uma curva e enxerga os turbinados dentro da cavidade nasal, esses turbinados vão estar bem fechadinhos, quase não tendo espaço para passagem de ar. O tratamento é cirúrgico e também com bisturi a laser, porém eles recidivam --- ALTERAÇÕES GASTROESOFÁGICAS ASSOCIADAS --- São alterações que ocorrem devido a síndrome do braquicefálico, envolvendo disfagia, vômito e regurgitação, são secundárias a todo o esforço respiratório que o animal faz. Esse esforço respiratório contribui para que o animal tenha refluxo, e esse refluxo vai inflamar toda a região de esôfago, laringe, faringe e cavidade oral. Mais frequente em Buldogues Franceses. RESUMÃO DE SÍNDROME DO BRAQUIEFÁLICO: só é síndrome se tiver mais de uma alteração, o diagnóstico completo sempre realizar inspeção associada a endoscopia, associada a radiografia de tórax. Cirurgia para remoção de prolongamento de palato se chama Estafilectomia (não é palatoplastia). É uma degeneração da cartilagem traqueal, progressiva, conforme o animal vai envelhecendo, essa cartilagem tende a amolecer mais e ficar mais frágil e aquele musculo dorsal também fica frouxo, e a traquéia vai colabar sempre de dorsal pra ventral. Esse colapso vai ocorrer em graus diferentes, tem animais que vão apresentar sintomas esporádicos, e animais que não consegue respirar. ANATOMIA Na região dorsal a traquéia temos o esôfago, temos a musculatura dorsal da traquéia (musculo traqueal), anéis cartilagíneos de cartilagem hialina, e o lúmen da traquéia por onde passa o ar. Esse lúmen é revestido pelo epitélio respiratório, epitélio pseudoestratificado, colunas ou com células pavimentosas, ciliados (que fazem limpeza), e as células caliciformes que produzem muco, esse muco barra a entrada de sujeira na via respiratória, e os cílios se encarregam de limpar todo o sistema respiratório. Os animais susceptíveis são cães de meia idade a idosos, de raças miniaturas e toys (Spitz, Chiuaua, Pug, Poodle, Maltes, Yorkshire). É raro em gatos e não tem predisposição sexual. MANIFESTAÇÃO CLÍNICA A manifestação clínica vai depender do grau de colapso, nos graus mais simples eles vão apresentar uma tosse intermitente e respiração ruidosa, nos casos mais graves ocorre síncope e sinais de obstrução. Grau I: tem 25% do lúmen traqueal perdido Grau II: tem 50% do lúmen traqueal perdido Grau III: tem 75% do lúmen traqueal perdido Graus IV: tem 90% do lúmen traqueal perdido Nos de grau IV, já não passa quase ar, então eles desmaiam com frequência. DIAGNÓSTICO O diagnóstico pode ser feito através de radiografia ou endoscopia (a endoscopia é a de escolha): RADIOGRAFIA: cervical e torácica, onde vamos visualizar a diminuição do espaço da traquéia, normalmente ali na região de transição cervical e entrada do tórax (região principal de colapso),e depois ela volta a se abrir, podemos visualizar também um pulmão com padrão feio, na minoria dos casos o colapso ocorre na região cervical. Porém dependendo do grau vai ser difícil visualizar no rx, um grau IV é bem fácil visualizar, mas já um grau I é bem difícil, (não dá pra graduar o grau através do rx). ENDOSCOPIA: aqui na endoscopia conseguirmos ver se ele tem colapso e conseguimos graduar. (Preferível) TRATAMENTO Tratamento conservador: emagrecimento (porque animais obesos colapsam com uma frequência maior), corticoides (spray oral ou sistêmico) pra desinflamar essa região da traquéia, antitussígenos (porque quando eles colabam eles tem estímulo de tosse) a prof usa o Vibral®, e antibióticos se tiver infecção secundária (muita secreção na traquéia, o pulmão com padrão feio). Tratamento cirúrgico: deve ser feito no momento que o animal está com respiração muito ruim, podendo entrar em óbito, só é indicado em casos graves de grau III muito sintomático ou grau IV. Não deve ser indicado sempre, porque ele apresenta complicações. O tratamento cirúrgico é feito através do Stent Traqueal, que é uma trama que vai ser inserida dentro do lúmen traqueal, para a colocação se deve entrar com o stent fechado dentro da traquéia, no momento que chega no ponto de colabamento deve- se ir liberando esse stent, que vai se abrindo e liberando a luz traqueal, então no transoperatório tem que ter endoscopista junto, se tiver fluoroscópio (intensificador de imagem) junto melhor ainda, ou associar com radiografia transoperatória, para saber o ponto certo de disparar esse stent. Antes da cirurgia devem ser feitas mensurações de comprimento e diâmetro da traquéia, para escolher o tamanho adequado de stent. Também se usa um marcador que é inserido no esôfago do animal, ele vai dar a noção do tamanho em centímetros de onde vai ficar o stent. Tomar cuidado porque o stent não pode ser disparado muito próximo da carina porque ela vai estimular tosse, e também não pode ser disparado muito na região cervical. É uma cirurgia rápida, muito cara porque o stent vem dos EUA, custa em torno de uns R$30.000 e é cheia de complicações. Depois que o stent é disparado, não dá pra arrumar, reposicionar ou retirar. Então por isso é indicada só em casos graves. Complicações: formação de muita secreção, estimulação de tosse, irritação do epitélio respiratório, os cílios não vão conseguir trabalhar direito no meio de toda essa trama. Além disso, esse stent pode migrar se ele estiver pequeno (se isso ocorrer não da pra fazer nada), pode quebrar (se isso ocorrer, vai ter que colocar outro por dentro desse fraturado) ou pode ficar mal posicionado (se ficar mal posicionado próximo a carina, esse animal vai ficar tossindo, e não tem o que fazer). Ou pode ocorrer uma reação inflamatória. A Paralisia ocorre quando a laringe começa a perder essa função de movimentação, ela pode ocorrer em gradientes diferentes, com intensidade maior ou menor, é uma doença que tende a ser progressiva. Isso vai comprometer todo o processo de deglutição, respiração e compromete também as cordas vocais do animal. Podem estar associadas complicações pulmonares, por vácuo na via aérea. Paralisia de laringe é bem frequente em Labrador, porém Goldens, Pugs e Chiuauas também estão desenvolvendo a paralisia, acomete cães de raças grandes e gigantes, porém já tem casos em Pugs e Chiuauas, os machos de meia idade e é raro em gatos. ANATOMIA A laringe é uma caixa cartilagínea, formada por cinco cartilagens que se articulam por uma inervação e uma musculatura, um mecanismo neuromuscular, conforme uma musculatura contrai a laringe se movimento, ela se movimenta abrindo as aritenóides pra ventilar ou fechando as aritenóides e abrindo o esôfago para deglutição. Ela também se contrai e se movimenta para vocalização. Então essas são as funções da laringe: vocalização, deglutição e ventilação. As cinco peças cartilagíneas que compõem a laringe são: Epiglote 2 Aritenóides Tireóide Cricóide Elas se articulam por um processo neuromuscular. Ao redor dessas cartilagens temos músculos intrínsecos e extrínsecos que modulam tamanho, forma e posição da glote, um desses músculos se chama Crico-aritenoideu (que envolve a Cricóide e a aritenóides), esse músculo vai ter um déficit de contração, e a laringe não vai se abrir. Esses músculos são inervados pelo nervo Laringeo caudal (que é um segmento terminal do Nervo Laringeo Recorente). Motricidade Laringeana: a abertura/entrada da laringe se chama rima glottidis, então quando o animal vai ventilar essa rima se abre, se lateraliza e o ar entra, em repouso ela deve ficar fechada. Quem faz essa contração é o musculo crico-aritenoideu. ETIOLOGIA Base congênita: raças predispostas são Huskies, Dálmatas, Staffordshire bull terriers, Rottweilers e Bouviers des Flandres. São animais que desenvolvem paralisia de laringe de forma congênita. Base adquirida: pode ser idiopática (que não se sabe da onde veio, pode acometer os labradores, chiuauas, goldens e pugs), pode ser secundária a polineurite (degeneração nervosa generalizada), pode ser secundária a endocrinopatias (hipotiroidismo, esses hipotiroideus tem uma desmielização da musculatura do esôfago, tendendo a desenvolver megaesôfago, e tem também uma desmielização do nervo laríngeo recorrente, então eles tendem a desenvolver uma paralisia de laringe progressiva secundária ao hipotiroidismo não controlado), pode ser secundária a traumas na região, pode ser trauma cirúrgico (ai vai ser chamada de etiologia iatrogênica), pode ser secundária a neoplasias (ex neoplasia de tireóide) ou ainda ser secundária de alguma infecção locorregional. Animais que tem paralisia de forma congênita, ou adquirida por polineurite, secundaria ao hipotiroidismo ou idiopática vão ter paralisia bilateral (as duas aritenóides estarão paralisadas). Se a lesão for iatrogênica, trauma ou neoplasia a paralisia vai ser unilateral (uma aritenóides vai estar paralisada e a outra movimentando). QUANDO SUSPEITAR? Colher dados de anamnese, o animal vai estar ventilando mal, respirando de forma ofegante, correlacionar com a raça e com o histórico (engasgo frequente, som de serrote na respiração). Disfonia: como a corda vocal também faz parte da laringe, o animal com paralisia também vai ter alteração no timbre do latido, o tutor pode relatar isso como parte dos sintomas, que ele está afônico (não consegue latir, vai fazer movimento de latir e não sai som), ou que mudou o timbre do latido dele. Essas alterações podem estar presentes. Alguns animais podem ter complicações respiratórias, principalmente associadas a falsas vias, a quadros aspirativos, alguns animais (os que tem polineurite e os que tem hipotireoidismo, com megaesôfago associado) podem ter regurgitação com frequência, e isso é um problema pq quando ele regurgita ele pode aspirar, fazendo uma pneumonia aspirativa. DIAGNÓSTICO Através da inspeção direta (olha pra laringe e verificar se ela se movimenta), porém é muito difícil visualizar isso (já que são cães dolicocefálicos [com o focinho comprido]), então fazemos a endoscopia (Laringoscopia), também inspecionar todos os segmentos da via aérea, porque eles também fazem colapso brônquico. Para avaliar a laringe eu preciso anestesia o paciente, devo escolher uma droga que não deprime o reflexo laríngeo desse animal (não usar Propofol, pois ele inibe), pois preciso visualizar essa laringe sob estímulo funcional, pois se utilizar medicamento que deprima o reflexo, vou ser induzida a achar que o paciente tem paralisia, porém pode ser só o efeito da droga que deprime o reflexo. Um exemplo de protocolo que pode ser utilizado é: Acepromazina + Opióide e indução por máscara de Isofluorano. Diagnóstico diferencial: diagnóstico pra todas as alterações que causam distrição respiratória de via aérea superior, só que não são animais braquicefalicos, e o colapso traqueal acomete só os animais de raças pequenas. Uma alteração que pode simular paralisia de laringe são neoplasias do segmento orofaríngeo. Também fazer diferencial pra pneumopatia primária e pneumo cardiopatia (porque o animal pode ter uma dispnéia mista). Caso for diagnosticado paralisia, temos que descobrir a causa base, só se pode falar que é idiopática se eu descartar todas as outras possibilidades (raça predisposta, hipotireoidismo [fazer os exames hormonais para saber], polineurite [fazer avaliação neurológica ampla, avaliar a condição/score corporal do animal e a condição muscular dele pra saber se tem a polineurite, se é algo que vem sendo progressivo a atrofia muscular e incoordenação motora], tumores ou iatrogênica) se eu descartar todas essas ai sim posso pensar em idiopática. Sempre avaliar rx de tórax pra ver se esse animal tem complicação pulmonar secundaria, pode- se fazer esofagograma pra saber se tem megaesôfago, porém é muito perigoso, porque quando colocamos bário pra fazer o contraste o animal pode regurgitar, e com a paralisia de laringe ele facilmente aspira esse bário, e vai gerar um pneumonia feia, então ao invés de esofagograma é melhor pedir para que o endoscopista ao terminar a endoscopia, entre no esôfago, ai pode verificar se ele tem esse megaesôfago, é a forma menos arriscada. Nesse rx de tórax vou procurar se tem algum edema intersticial, se tem pneumonia aspirativa ou inflamatória. A complicação pulmonar que um animal com paralisia vai apresentar é uma bomba de vácuo pulmonar, é o animal se esforçando pra ventilar com a entrada de ar completamente colapsada, ele vai entrar, fazer vácuo na via aérea e vai fazer edema intersticial por esse efeito de bomba de vácuo. TERAPIA DE SUPORTE Terapia de suporte: anti-inflamatório, sedação pra ele respirar bem, se ele tem edema entrar com medicação pra diminuir esse edema pulmonar, oxigenioterapia 100% pra melhorar a saturação do paciente, tudo isso se faz em uma unidade de terapia intensiva (UTI). Então o animal chegou com uma hipóxia sistêmica, com muita dificuldade pra respirar, uma respiração agônica, devemos primeiro garantir o suporte de oxigênio para o paciente (oferecendo oxigênio, sedar o animal, e se necessário anestesia geral), coletar todos os exames possíveis, fazer a entubação do animal e partir pra ventilação mecânica, quando o animal está calmo, tentar tirar do tubo pra ver como ele reage, se ele voltar respirando de uma forma mais calma ai ok, tem tempo pra fazer o manejo e diagnóstico, agora se ele voltar respirando muito mal, fazer uma traqueostomia temporária de retorno, ai acorda o animal, se o problema dele for restrição de via aérea alta a traqueostomia já vai resolver o problema, se ele tiver um padrão misto vai ter que dar atenção as alterações pulmonares e fazer o tratamento, se necessário manter entubado. Protocolo de tomada de decisão: na admissão do paciente você vai reconhecer a urgência – vai para UTI/Internação (todo aquele processo descrito na terapia ali em cima) – depois vai para o diagnóstico geral (hemogasometria, triagem para endocrinopatia, pneumopatia, fisioterapia e reabilitação respiratória) e específico (endoscopia/laringoscopia, pode ser concomitante a cirurgia [já faz a cirurgia utilizando o mesmo momento anestesico para a endoscopia, já aproveitando o animal anestesiado] ou não [fazer primeiro a endoscopia, acordar o animal e só depois fazer a cirurgia, aqui vai ser necessária endoscopia pré e transoperatoria, o que gera um custo mais alto]). TRATAMENTO O objetivo do tratamento é desinflamar vias aéreas, realizar a cirurgia (CRICOARITENOIDEPEXIA) , essa cirurgia substitui o musculo cricoaritenoideu, vamos ficar a cartilagem aritenois a cartilagem cricóide, então essa aritenoide vai ficar constantemente aberta para ventilação. Essa cricoaritenoidepexia deve ser feita de forma unilateral, não pode fixar os dois lados se não o animal não consegue deglutir, se não vai ficar todo o tempo entrando alimento dentro das vias aereas. Tecnica cirurgica (CRICOARITENOPEXIA): só utilizada em paralisi bilateral, acesso pequeno pela lateral do pescoço, acessar a caixa cartilaginea, econtrar a aritenóide que está por dentro da tireoide, passar um frio de sutura entre a cricóide e a aritenóide, ficnado constantemente aberta. Usar fio não absorvivel. PROGNÓSTICO O prognóstico vai depender da causa base, se a paralisia for secundária a polineuropatia o prognóstico vai ser ruim porque a doença envlui muito mal. Ocorre bastante complicação por pneumonia aspirativa (30%), porque a aritenóide fica acerta o tempo todo, e esse animais precisam aprender a comer novamente, eles passam por uma reeducação de deglutição. A pneumonia aspirativa ocorre em até 19% dos casos, pode ocorrer em meses ou até anos após a cirurgia. Então orientar o dono no manejo do animal, sempre dar água, evitar alimentos pastosos, porque é mais fácil de fazer falsa via. Fracionar a oferta de ração. Alguns animais mesmo depois da cirurgia persistem com tosse, entõa pode-se usar antitussígenos. Persistem com intolerancia ao exercicio, porque não tem a capacidade ventilatória plena. Pode ocorrer também falha cirurgica, como o fio soltar, a cartilagem rasgar (principalmente em animais pequenos). Se isso acontecer o animal vai voltar a apresentar os mesmos sintomas, vai ter que operar de novo, só que agora o lado oposto. Se eu tenho paralisia unilateral não é indicado cirurgia, porque a ciru vai fazer exatamente isso, lateralizar uma aritenóide só. TODAS AS AFECÇÕES DO SISTEMA RESPIRATÓRIO SUPERIOR O DIAGNÓSTICO PRINCIPAL É A ENDOSCOPIA. ORTOPEDIA FUNÇÕES DOS OSSOS Os ossos do corpo são divididos em Esqueleto Axial, Esqueleto Apendicular e Esqueleto Visceral (osso peniano cão). São 319 ossos, classificados em ossos longos, ossos achatados, ossos cuboides e ossos irregulares. As funções do esqueleto são: Suporte e proteção de órgãos Reservatório de minerais e gordura Hematopoese Alavanca para musculatura HISTOLOGIA Histologicamente o osso é constituído de tecido conjuntivo, altamente vascularizado e metabolicamente ativo. Anatomicamente os ossos longos são divididos em: Epífise Metáfise Diáfise Macroscopicamente divididos em: Cortical Esponjoso Periósteo Endósteo Microscopicamente dividido em: Tecido primário Tecido secundário FISIOLOGIA A ossificação (formação do tecido ósseo, na embriologia) ocorre de duas formas (intramembranosa e endocondral). Ossificação Intramembranosa: aquela que acontece nos ossos chatos (ex: crânio). Ossificação Endocondral: Formação do osso através de um modelo cartilagíneo, de cartilagem hialina, que vai se diferenciar em matriz óssea a partir do disco epifisário (que são as placas de crescimento), e a partir daí vão ter crescimento longitudinal (ossos longos). É um ciclo de crescimento bifásico, a mais rápida ocorre quando o animal é filhote, e a partir do 5º/6º mês esse crescimento é mais lento e gradual. Dependendo do porte do animal, o crescimento pode chegar até +/- 1 ano e 2 meses. LEI DE WOLFF Segundo a lei de Wolff, a tensão imposta aos ossos gera modificações em seu tamanho, forma e densidade. Então com a realização de exercícios ocorre aumento da densidade óssea, porém a falta de exercícios os torna mais “frágeis”. Então onde tem maior pressão no osso, o a atividade osteoclástica aumenta. O osso é um tecido viscoelástico (capacidade que uma estrutura tem de se deformar e voltar a sua estrutura normal). No gráfico: A: limite elástico, limite de estresse que aquele tecido pode sofrer podendo ainda voltar ao seu formato normal, se ele passar desse limite ele não consegue mais voltar a sua estrutura normal. C a E: deformidade plástica, ponto em que a estrutura se deforma, não vai se romper, mas vai se deformar e não vai voltar ao seu formato original. E: limite de estresse, momento onde o osso vai fraturar. O osso não é uma estrutura morta, ele tem atividade metabólica constante, é influenciado pelas forças externas, e ele vai ter uma resposta mecânica de acordo com as forças exercidas. Isso faz com que tenhamos diversos tipos de fraturas, de acordo com o estresse desempenhado sobre aquele osso. EXAME ORTOPÉDICO O histórico e a anamnese são muito importantes, fazer observação/inspeção do animal enquanto caminha, se senta, se levanta, fazer palpação de cada grupo muscular, de cada articulação, movimentos de extensão e flexão, e por ultimo solicitar os exames de imagem (Raio -x, tomografia e ressonância). DEFORMIDADE Valgo: deformidade onde tem um arqueamento interno do membro. Varos: deformidade onde tem um arqueamento externo do membro (perninha de cowboy). Observação/Inspeção: observar o animal em estação, caminhando, no trote, no passo, como ele se senta, levanta, observar condição corpórea dele (se está acima do peso, abaixo). PALPAÇÃO O exame de palpação é importante porque nem sempre a fratura vai estar visível, então é necessário sentir, saber onde está doendo. Essa palpação sempre deve ser feita de distal para proximal, avaliando se o paciente tem sensibilidade a dor em alguma localização específica, se tem aumento de volume, aumento de temperatura, crepitação (osso instável), em situações mais crônicas podemos evidenciar assimetria muscular. Lembrar que existem situações que não se deve ficar palpando demoradamente enquanto pensa o que fazer, como em pacientes politraumatizados, então nessas situações lembrar do ABC do trauma e do suporte a vida, porque muitas vezes a fratura é o menos importante, deve-se avaliar possíveis traumas neurológicos, abdominais, urinários e só depois ortopédicos. EXAME COMPLEMENTAR O principal exame complementar utilizado é o Raio-x, lembrar que ele é um exame unidimensional, então sempre devemos ter 2 projeções para correta avaliação da fratura. TRATAMENTO Como decidir qual o melhor tratamento? Primeiro devemos saber identificar e classificar uma fratura, é a partir da classificação da fratura, e entendimento de como essa fratura aconteceu que vamos conseguir decidir qual o melhor tratamento para ela. BIOMECÂNICA DAS FRATURAS Quando uma força é aplicada sobre um objeto, em uma direção oposta, o objeto se deforma do estado original. F= m x a Força = massa x aceleração Deformidade elástica: ao retirar a força ele volta a forma normal Deformidade plástica: o objeto sofre deformação progressiva permanente A fratura acontece quando o osso é incapaz de resistir a deformidade e aí ele se rompe. Então temos tipo de classificação de fratura de acordo com a força que foi atuante para que essa fratura acontecesse. Então classificamos como: Fraturas de baixa velocidade: fratura simples e pouca energia, pouco dano aos tecidos adjacentes. Fraturas de alta velocidade: múltiplas linhas de fratura, muita energia, muito dano aos tecidos adjacentes. FORÇAS QUE ATUAM SOBRE A FRATURA Então antes de tratar a fratura, temos que neutralizar as forças que estão atuando nessa fratura, temos 4 forças principais que são: Arqueamento: estrutura única que sofre tensão de um lado e compressão do outro lado. Torção: uma extremidade para um lado e outra extremidade para o outro lado. Compressão: forças advindas das extremidades do osso atuando no centro dele. Distração/tensão: forças indo a lados opostos na extremidade do osso. CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS Vamos classificar a fratura de acordo com a causa, com a comunicação desse osso com o meio externo, a localização dessa fratura e a estabilidade e redução. 1. CAUSA Temos 2 tipos de causa: traumáticas patológicas (hiperparatireoidismo, neoplasia, cisto, osteomielite) Saber a causa vai diferenciar qual tipo de tratamento deve ser aplicado. 2. COMUNICAÇÃO COM O MEIO EXTERNO Temos 2 tipos de comunicação: Fraturas fechadas (onde os tecidos moles adjacentes não têm nenhum tipo de lesão, e não vamos ter comunicação do osso com o meio externo). Fraturas abertas (quando temos algum tipo de comunicação), podem ser divididas em graus: - Grau I: baixa energia, fratura simples, a comunicação ocorre de dentro pra fora, o fragmento ósseo pode estar visível ou não, normalmente são feridas menores que 1cm, tecidos adjacentes pouco comprometidos. Os ossos mais comuns são: radio e ulna/tíbia e fíbula (porque são ossos com pouco revestimento de tecido mole ao redor). - Grau II: fraturas de média energia, simples ou cominutivas, a lesão ocorre de fora pra dentro (não é o próprio ossos que perfurou a musculatura e pele, mas sim o trauma), normalmente maiores que 1cm, moderada lesão de tecidos adjacentes e podemos ter corpo estranho na região da fratura. - Grau III: fratura de alta energia, com exposição evidente de tecido, perda de tecidos moles, pode ocorrer lesão neurovascular. 3. MORFOLOGIA/EXTENSÃO Temos 2 tipos de morfologias: Completa: acometimento das duas corticais ósseas. Ela pode ser: - Simples (apenas uma linha de fratura, o osso fraturou em duas partes) - Múltipla (mais de dois fragmentos ósseos, porém consigo reconstruir) - Cominutiva (diversos fragmentos que são irredutíveis [não dá mais para juntá-los]) Incompleta: não houve acometimento das duas corticais - Fissuras (só acomete uma cortical) - Galho verde (uma cortical se quebra e a outra se deforma) 4. LOCALIZAÇÃO Classificamos em relação a localização do osso e porções (distal, proximal e medial): Fratura Epifisária Fratura Metafisária Fratura Diafisária 5. DIREÇÃO (linha de fratura) São divididas em 6 tipos: Transversa (linha reta) Obliqua (linha diagonal) Espiral (um espiral) Segmentada (Butterfly) (um fragmento ósseo se solta do resto) Compressão (esmagamento) Avulsão (ocorre onde temos inserção de tendões e ligamentos, ai esse tendão faz muita força e acaba avulsionando um fragmento ósseo) 6. CLASSIFICAÇÃO DE SALTER HARRIS (FRATURAS FISÁRIAS) São fraturas específicas da linha de crescimento do osso, fraturas que acontecem em pacientes jovens (pois só eles têm a linha de crescimento aberta). Tipo I: ocorre a separação da linha de crescimento, a fratura é exatamente em cima da linha fisária. Tipo II: fratura que acomete a fise e a metáfise. Tipo III: acomete a fise e a epífise. Tipo IV: acomete a fise, a metáfise e a epífise. Tipo V: fratura compressiva da fise. Tipo VI: fratura mista, tem compressão de um lado só, ela abre de um lado e fecha do outro. As fraturas tipo V e VI, não são de importância cirúrgica. Já os 4 primeiros sempre vão ter indicação cirúrgica, porque são fraturas articulares. 7. ESTABILIDADE Estável: mantém um alinhamento ósseo preservado Instável: perderam alinhamento 8. REDUÇÃO Redutível: fraturas que dá pra reconstruir exatamente. Irredutíveis: não dá pra reconstruir exatamente, vamos manter o eixo e alinhamento articular, sem se preocupar com a redução anatômica perfeita. TRATAMENTO Os objetivos do tratamento é restaurar a função óssea e dos tecidos adjacentes, neutralizar as forças que atuam na fratura, estimular e promover cicatrização óssea, minimizar os danos vasculares e ter um retorno precoce da função do membro. Existem alguns fatores que afetam o prognóstico que temos que levar em consideração: - Paciente (idade, condição de saúde, nutrição, etc.) - Classificação da fratura (importante para esclarecer para o tutor sobre o prognóstico) - Duração da injúria (fratura recente, antiga, complicação de fratura) - Proprietário - Escolha adequada do tratamento Para decidir que tipo de tratamento vamos utilizar para cada fratura, temos que ter em mente alguns fatores e mecanismos que precisamos preservar pra que o osso possa consolidar. Pra que um osso consolide, ele precisa de 2 coisas: Condição mecânica adequada e condição biológica adequada. Esses dois fatores devem estar em harmonia, trabalhando juntos. Fatores Biológicos: vão depender da localização do osso, do suporte sanguíneo que aquele osso tem e de possíveis lesões que ocorreram nos tecidos moles adjacentes ao osso. Fatores Mecânicos: vão depender da estabilidade da fratura. Sempre devemos conciliar esses dois fatores, biológico e mecânico. CICATRIZAÇÃO ÓSSEA Temos 3 tipos de cicatrização/consolidação óssea (Primária, Secundária, Osteogênese). O osso tem capacidade regenerativa, então ele não vai causar uma cicatriz ali, ele vai se regenerar, se consolidar, voltando a sua estrutura anterior a lesão. O que define se a cicatrização vai ser primária ou secundária é: tipo de fratura (simples, cominutiva...) e o tipo de estabilização. Secundária (clássica): vai ocorrer em fraturas onde fazemos a estabilidade relativa. A consolidação secundária vai passar por várias etapas, que se assemelham ao processo de ossificação. (com formação de fibrocartilagem). Esse tipo de consolidação tem 5 etapas: - Hemorragia e coágulo da fratura - Inflamação - Formação do calo fibrocartilagíneo (aqui é normal não visualizar o calo no Raio-x, já que o calo é de cartilagem e não de célula óssea) - Calo ósseo (aqui ainda tem grande chance de refraturar essa região, pois é região fragilizada) - Remodelamento do calo Primária: quando realizamos estabilidade absoluta. Temos lacunas pequenas e estáveis, assim a consolidação ocorre diretamente com células ósseas, e não com cartilagem como na secundária. ESTABILIDADE RELATIVA (Teoria de Perren) Strain % = change in length x 100 original length (estabilidade relativa (diferença do movimento no foco da fratura) (tamanho do Gap original) que ocorre naquele Gap) O resultado vai ser a estabilidade relativa (ou seja, o quanto esse gap esta se movimentando em %). Estudos mostram que pra temos uma consolidação adequada, esse Strain tem que variar entre 5 a 20%. Sempre levar que por menor que seja a fratura, sempre vai ter algum movimento no foco da fratura. Então pra termos uma consolidação adequada, precisamos controlar esse movimento. REDUÇÃO DE FRATURA Reconstrução dos fragmentos ósseos na posição anatômica, restaurando o alinhamento do membro. Para termos uma consolidação primária, precisamos ter uma redução anatômica perfeita. Essa redução pode ser feita de forma fechada (não vamos abrir pele/musculo), ou de forma aberta Redução Fechada: então não temos exposição óssea, preservamos os tecidos moles e a vascularização, porém a desvantagem é a maior dificuldade de obter uma redução perfeita. Então são indicadas para fraturas alinhadas, fraturas e galho verde, fraturas cominutivas, fraturas abaixo do cotovelo e joelho. (Ex. de redução fechada: “Don’t touch”). Redução Aberta: abordagem no foco de fratura, pra se fazer uma redução perfeita. Então há exposição óssea, para que se possa fazer a redução, normalmente coloca-se uma aplicação direta do implante. Por mais delicada que seja a abordagem, vai causar um trauma vascular iatrogênico. São indicadas para fraturas articulares, fraturas anatomicamente redutíveis e algumas fraturas cominutivas MÉTODOS DE ESTABILIZAÇÃO Existem vários tipos de estabilização óssea, tanto cirúrgico como conservador COAPTAÇÃO EXTERNA (tratamento conversador) Utilização de bandagens e talas para estabilizar a fratura e conseguir a estabilização óssea. Não é qualquer tipo de fratura que pode ser tratada por coaptação externa, existem algumas regras que devem ser seguidas para poder fazer a indicação desse tratamento conservador. - Indicada para fraturas fechadas (fraturas abertas nunca deve ser feita coaptação externa) - Indicada para fraturas redutíveis e estáveis e com consolidação rápida - Indicada para fraturas em osso conjunto que só um deles fraturou (ex: radio e ulna) - Sempre imobilizar no mínimo duas articulações (uma articulação proximal e uma distal) - Só se recomenda tratamentos com a tala em fraturas abaixo do cotovelo e abaixo do joelho (distais do cotovelo e distais do joelho), porque em outros locais tem mais massa muscular, dificultando o tratamento - Os tipos são: Muleta de Thomas, Bandagem Robert Jones, Tala em Espiga. A imobilização é feita através de camadas, a primeira camada sempre é um micropore (esparadrapo), depois o algodão ortopédico (camada fofa impedindo que garroteie o membro), depois a atadura e por ultimo a tala (de metal, pvc ou madeira), a tala nunca deve ir direto em contato com a pele (porque causa ferida)! Quando devemos remover a coaptação externa? Não tem tempo pré definido, vai depender do paciente, do tipo de fratura. Deve-se ir fazendo o Raio-x para ir acompanhando a consolidação, só fazer a retirada na hora que esse osso estiver consolidado (visualizar o calo ósseo). ANATOMIA DO COTOVELO Articulação úmero-radio-ulnar / Projeção Crânio caudal Se tratando de relação articular, a ulna se relaciona medialmente com o úmero, e o rádio se relaciona lateralmente com o úmero. Então se traçarmos uma linha ao meio, a região medial (compartimento medial da articulação) é o úmero com a ulna, a região lateral (compartimento lateral) é o úmero com o rádio. A região que o úmero se apoia sobre a ulna é uma região menor, então o úmero de apoia 30% na ulna e 70% no rádio. Articulação úmero-rádio-ulnar / Projeção Médio lateral Podemos ver que o úmero se apoia na ulna. O rádio e a ulna são ossos paralelos, que dividem duas articulações (rádio-carpica / úmero-rádio-ulnar), então esses ossos devem crescer exatamente de uma forma sincronizada. CONCEITO A luxação é uma alteração traumática, um trauma na articulação do cotovelo que vai resultar em destruição de um ou ambos os ligamentos colaterais, vamos perder essa relação articular entre rádio, ulna e úmero. O rádio e a ulna se deslocam sempre para a lateral, já o úmero se desloca sempre para medial. Pode haver ruptura muscular, lesão de capsula articular, lesão ligamentar, lesão de cartilagem articular, isso tudo vai depender da energia aplicada no trauma. APRESENTAÇÃO CLÍNICA O animal sempre vai chegar com histórico de trauma (briga, queda, atropelamento), geralmente chegam com impotência funcional do membro (membro sem capacidade de exercer sua função, o animal não apoia o membro), geralmente esse membro faz abdução para região externa e faz um giro (porque rádio e ulna estão luxados lateralmente). Quando movimenta o membro ele vai crepitar. Provavelmente vai ter edema. Esses animais têm dor, e tem incapacidade de estender o membro e de flexionar, porque está desarticulado. DIAGNÓSTICO A fratura distal de úmero é um diagnóstico diferencial para luxação de cotovelo. O diagnóstico é através do exame físico, confirmado por radiografias (sempre 2 projeções perpendiculares). Na radiografia vamos ver o úmero sempre para medial, e rádio e ulna para lateral, porque quando luxa ela sai para o lado medial, porque o suco fossa ancônea é menor. Cada projeção da uma avaliação bidimensional. Luxação recente, ocorreu em até 48h pode-se fazer a redução fechada (reduzindo a articulação pro lugar anatômico dela e manter imóvel por 30 dias, através de artrodese com bandagens ou fixador externo temporário). Como reduzir? Processo ancôneo se encaixa na fossa ancônea, precisa flexionar esse membro, pressionar o processo ancôneo, fazer um giro interno na radio e uma e entender, encaixando na fossa, sentindo que ele articulou e fazer bandagem (Robert Jones) com o membro esticado de apoio impedindo que o animal flexione o membro tudo isso com ele anestesiado. REDUÇÃO ABERTA Quando não há mais possibilidade de fazer a redução aberta, já se passou mais de 48h. Suturar cápsula articular, músculos, tendões. Substituir ligamento colateral por parafuso e cerclagem em 8 se necessário. Fazer osteotomia do olecrano (se o musculo tiver contraturado, se a luxação tiver contratura) e uma fixação externa temporária. Avulsão: todo fragmento ósseo que é removido de outro osso pelo ligamento. Esse tipo de fratura usa-se parafuso compressivo/lag. Distancia de uma rosca para outra = passo de rosca. Crista = altura da rosca. Cis = cortical onde o parafuso entra. Trans = cortical onde o parafuso sai. A broca deve ser sempre menor que a rosca, a broca tem que ser do tamanho da alma do parafuso. Não existe lado certo para perfurar, existe lado certo para posicionar o implante. ARTRODESE DE COTOVELO Quando passou muito tempo, tem muita destruição, falha na redução aberta ou fechada, deve-se fazer uma artrodese (fixar articulação para nunca mais movimentar), com placa ou parafusos ou fixadores externos, destruindo a cartilagem para os ossos virarem um só. Deve- se ser evitada ao máximo, mas é o último caso para o animal não perder o membro. O animal não flexiona mas apoia o membro. LUXAÇÃO REDUZIDA PÓS OPERATÓRIO Fazer radiografias seriadas (a cada 30 dias) para avaliar: Primeiro: posicionamento (se esta boa, implantes adequados, apoio do membro), quanto mais grave mais demorar, o que não pode é ter regressão (se houver já fazer radiografia em seguida) da evolução. Bandagem e fixador externo por 30 dias. E verificar se não volta a luxar, se voltar tem que fazer artrodese. Opióides, dipirona e antibióticos. Assim como a displasia coxofemoral, é uma falha na coaptação articular. Incongruência articular da articulação do cotovelo, vários fatores que interferem nessa incongruência. Etiologia: ocorre como resultado de uma predisposição genética com influencias de fatores ambientais. E dietas de alta energia que acelera o crescimento. Radio ou uma cresce um mais rápido que o outro. Sinais e sintomas Animais começam a claudicar entre 6 a 12 meses (não união do processo ancôneo). Animais que apresentam sintomas tardios, mais de 6 anos é porque fragmentam o processo coronóide por volta dos 2 anos. Ou claudicam secundários a osteartroses. Comprimentos radio-ulnares discrepantes A ulna é sempre maior que o rádio, porque ela é mais alta, pois tem o olecrano. O úmero joga carga de cima para baixo. Ulna alta e rádio baixo: fragmentação do processo coronóide (porque úmero joga carga na região medial) e subluxação da cabeça radial (porque cabeça do rádio praticamente não encosta no úmero). Lesão no úmero (osteocondrose umeral), até chegar a fragmentação do processo coronóide. Úmero se articula com ulna no compartimento medial, então neste caso quem é prejudicado é o compartimento medial. Imagem mostra a diferença do espaço articular entre um lado e outro. SITE: https://www.fitzpatrickreferrals.co.uk/ O processo ancôneo deve unir até os 6 meses de idade do animal, mais que isso e não tiver unido ele tem não união de processo ancôneo (NUPA). 15% das displasias de cotovelo ocorrem por ulna curta. 85% ocorrem por ulna longa (Doença do compartimento medial). Situação: Rádio cresceu mais que a Ulna Processo ancôneo (PA) não está unido. Não união dele porque ocorre sobrecarga porque ulna é curta. Se a ulna não atinge o tamanho suficiente ele não atinge a sua fossa. Não união do PA ocorre quando ulna for menor que o rádio. Situação: Ulna cresceu mais que o Rádio PA Processo Coronóide (PC) Super vet (Prof.ª passou vídeos desse site na aula). https://www.fitzpatrickreferrals.co.uk/ DIAGNÓSTICO Tem que haver diagnóstico precoce, ortopedia pediátrica. E tratamento iniciar enquanto animal esta crescendo, Raio X: baixa sensibilidade e especificidade. Tomografia do coronóide (TC): 90% de sensibilidade e especificidade. Artroscopia não tem no Brasil.com qualidade. Tratamento Ostectomia: retirada de um pedaço do osso (animals jovens) Osteotomia bi obliqua (porque ela é obliqua tanto de caudal para cranial e lateral para medial) ulnar (animais adultos), os dois fragmentos vão deslizar entre si aproximando a altura das articulações. Não faz fixação dessa uma, cirurgia incomoda pq o osso não fica fixado. Remove PC porque não tem como fixar ele por ser muito pequeno, e fazer a coroidectomia subtotal (onde está circulado na imagem), removendo o PC e o fragmento todo (porque está todo lesionado causando dor), com isso o úmero vai estar todo apoiado somente no Rádio. Em NUPA o Processo Ancôneo deve ser removido em animais com mais de 8 meses de idade, não tem mais como consolida-lo. Se o animal não tiver fragmentado o PC existe a placa Paul Plate que corrigi a conformação da displasia (o membro faz um giro quando o animal vai crescendo, ficando torto). Essa placa corrige esse meio osso e libera o compartimento medial, indicação quando animal ainda não tem artrose, não tem osteocondrose umeral e ainda não fragmentou o coronóide, animais jovens, quando chegam aos 2 anos de idade já estão com todas essas alterações. TRATAMENTO PALIATIVO Artrose severa onde a (IC) não surtirá efeitos benéficos. Articulação destruída: Tratar com: - Condroitina. - Infundir acido iarulónico na articulação. - Depomedrol (cordicóide na articulação) - Galliprant (sem efeitos colaterais dos antiinflamatórios convencionais). - Analgésicos. Desvios angulares rádio e ulna Prótese total de cotovelo (ainda não faz no Brasil), PRECOSE O fechamento da linha de crescimento também pode ser por trauma. Epífise da ulna fechou com antecedência, para que o rádio não encurva deve-se fazer uma osteoctomia da porção distal da ulna, assim o quando rádio for crescendo ele vá levando a ulna junto, e o calo ósseo da ulna (onde retirou- se o pedaço 1cm) é concluído quando o animal parar de crescer . REVISÃO ANATÔMICA No osso do quadril temos algumas estruturas como: íleo, ísquio, acetábulo, púbis. Vista lateral do quadril e articulação coxofemoral. Na avaliação do paciente podemos examinar o quadril com o animal em estação (em pé) ou em decúbito lateral, não conseguimos palpar a articulação, mas conseguimos palpar o trocanter maior, que vai ser o ponto de referência para esse exame articular, onde vamos avaliar crepitações, instabilidade, presença de dor e avaliar amplitude de movimento. Na vista cranial (com o paciente em estação) podemos avaliar a diáfise femoral, o trocanter maior, colo femoral e a cabeça femoral. A conformação óssea articular favorece muito a estabilidade da articulação, pois “abraça” a cabeça do fêmur. Outros fatores que auxiliam na estabilidade são: ligamento femoral e capsula articular, são estruturas que não gastam energia para realizar a estabilização DISPLASIA COXOFEMORAL - DCF É a doença ortopédica mais comum nos cães, extremamente complexa, é uma anormalidade do desenvolvimento ou crescimento da articulação coxofemoral. Caracterizada por uma lacidez da articulação e que tem concomitantemente um mal desenvolvimento da conformação articular, esse mal desenvolvimento pode ser secundário a essa lacidez ou primário. Essa malformação é um arrasamento acetabular, alterações na cabeça e colo femoral, essas alterações se desenvolvem ao longo do primeiro ano de vida do paciente, então os pacientes normalmente serão filhotes e jovens. Então a displasia é uma anormalidade no desenvolvimento e possui como fatores principais a lacidez articular e má conformação óssea (podendo ser primária ou secundária). Que leva a um arrasamento acetabular e alterações na cabeça e colo femoral, todas essas alterações vão levar a fenômenos de deficiência funcional dessa articulação. Muita gente acha que a DCF (displasia coxofemoral) é sinônimo de Osteoartrose, mas não é, são duas doenças diferentes, mas que normalmente caminham juntas, pois um paciente que tem DCF inevitavelmente ao longo da vida ele vai desenvolver um processo de doença articular degenerativa. CAUSAS A displasia tem uma etiologia multifatorial que inclui base genética, tamanho e taxa de crescimento, e também fatores externos como alimentação, desenvolvimento muscular, desenvolvimento ósseo, biomecânica articular, ângulo de inclinação e anteversão da cabeça e colo femoral. Existem raças que possuem uma maior predisposição, como o Rottweiler, Golden, Labrador, Pastor alemão, porém existem outras raças que podem ser acometidos com a DCF. ÂNGULO DE INCLINAÇÃO E ANTEVERSÃO Quando vamos avaliar o ângulo do colo femoral ele deve ter um valor de 135°, se for maior que isso ela sai do seu alinhamento com o acetábulo, é uma alteração anatômica que predispõe a instabilidade. Aqui no raio-x podemos observar um arrasamento da fossa acetabular, um ângulo provavelmente maior do que o normal, uma subluxação, alteração anatômica da cabeça e do colo femoral, sinais de osteoartrose. Podemos ver que não houve diagnóstico precoce, pois já temos sinais de degeneração! PATOGENIA A displasia coxofemoral não é uma doença congênita, os pacientes não nascem com displasia, é uma doença de desenvolvimento, o animal nasce com uma articulação normal, e essa instabilidade vai se desenvolvendo conforme ele vai crescendo. A frouxidão articular é considerada como a principal causa de artrose na articulação. O paciente vai apresentar instabilidade articular e desenvolvimento da DCF normalmente até o .6º mês de idade, podendo apresentar um processo inflamatório (sinovit, efusão articular, espessamento da capsula articular, desgaste anormal e erosão acetabular (osteófito) que são sinais de doença articular degenerativa. Quando o animal displasico caminha, ele coloca o peso sobre as patas e se a cabeça femoral dele não estiver bem encaixada no acetábulo a subluxação vai ficar mais evidenciada na hora que ele coloca o peso dele no membro, então as vezes no RX como ele não está apoiando o membro, não necessariamente a subluxação será visualizada, mas isso não significa que ela não esteja acontecendo HISTÓRICO E SINAIS CLÍNICOS As alterações podem se apresentar de formas diferentes em animais filhotes e em adultos: Jovens (4-12 meses): podemos chamar de subclínica da displasia, não necessariamente vai ser aquele paciente que tem uma dor intensa, mas vamos poder identificar uma redução de atividade (proprietário relata que o animal é preguiçoso, só gosta de dormir, e isso não é normal em um filhote, então provavelmente não é preguiça, é que ele já tem um desconforto, uma dor, e tem uma intolerância ao exercício), claudicação exacerbada por exercícios, dificuldade em levantar, subir escadas, saltar obstáculos, ele pode apresentar uma característica bem comum chamada “saltar como coelho” (andar com as perninhas juntas), aspecto retangular dos membros pélvicos. Adultos (+ de 12 meses): claudicação, atrofia muscular pélvica, hipertrofia muscular torácica. EXAME FÍSICO Amplitude de movimento: flexão e extensão do quadril, adução e abdução, podendo perceber crepitação, dor, instabilidade. Existem algumas manobras específicas para avaliar a frouxidão articular: Manobra de Ortolani: aqui vamos encaixar uma articulação que já está subluxada, com o paciente em decúbito lateral, vai fazendo movimento de abdução e em algum momento essa cabeça femoral que estava subluxada vai encaixar e você vai sentir um “clock”, esse barulho não é a cabeça luxando, mas sim reduzindo. Mas cuidado, pois nem todo paciente displasico vai ter Ortolani positivo, mas todo paciente com Ortolani positivo é displasico. Porque ele só vai ter Ortolani positivo se tiver subluxação, mas o fato dele não ter subluxação não quer dizer que não tenha displasia. Exame de Barlow: é o oposto do Ortolani, onde se faz adução do membro e a cabeça do fêmur vai subluxar. Procedimento que veio da medicina humana. Manobra de Barden: vai avaliar principalmente a lacidez articular, com o paciente em decúbito lateral, seguramos o fêmur na face interna da coxa e faz-se um movimento no sentido lateral, com o dedo em cima do trocanter vai sentir a cabeça femoral fazendo movimento de saída da região do acetábulo. Em cães muito grandes é difícil de fazer esse exame. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Ruptura de ligamento cruzado cranial Osteocondroses Panosteíte Fraturas/luxações Doenças neurológicas: mielopatia degenerativa, síndrome da cauda equina EXAME RADIOGRÁFICO É o exame de eleição pra avaliar a displasia, e existem alguns tipos de exames radiográficos normais ou sob estresse: Projeção ventro-dorsal em extensão: projeção onde o paciente está em decúbito dorsal na mesa, estica-se os membros, alinhando-os e faz o exame. PennHIP: exame realizado sob estresse, método quantitativo e objetivo para avaliar a lacidez articular, obrigatoriamente realizado sob sedação, avalia qualidade da articulação coxofemoral de forma quantitativa em relação a frouxidão articular, vamos medir a distância de separação entre o centro da cabeça femoral e o centro do acetábulo. Aqui a articulação coxofemoral é forçada a luxar, vamos dividir a medida de distância pelo raio da cabeça femoral, e o número resultante é chamado de índice de distração (DI), esse índice pode variar de 0 a 1, um score próximo ao 0 indica menos flacidez, quanto maior o índice, maior a lacidez da articulação. Cães com índice menor que 0.3 são considerados conformação normal na articulação, com pouco ou nenhum risco de desenvolvimento da doença articular degenerativa. Existe um aparato utilizado no exame, esse aparato é colocado no meio do joelho do cão e forçar uma adução em direção ao aparato. Ele serve pra fazer uma avaliação precoce, normalmente em pacientes que não tem alteração no rx convencional. DAR view ou BAD (Avaliação da borda acetabular dorsal): projeção que vai resultar uma imagem onde vamos avaliar a borda do acetábulo, pra ver o quanto de recobrimento ela faz na cabeça femoral, é uma posição específica feita principalmente quando queremos avaliar possibilidade de algumas técnicas de osteotomia pra correção da displasia. Tanto a projeção ventro-dorsal quanto a PennHIP são utilizadas para diagnóstico. TRATAMENTO Temos algumas opções de tratamento para pacientes displasicos: Conservativo: tratamento paliativo, porque não tem como fazer um tratamento conservativo para curar uma doença de mal desenvolvimento. Esse tratamento conservador é indicado para pacientes com mais de 18 meses e com sintomatologia leve. Ele consiste em controle de peso, exercício de baixo impacto visando manter uma boa musculatura, uso de anti-inflamatórios, uso de suplementos articulares (condroprotetores), fisioterapia, acupuntura, tudo isso faz parte de um tratamento conservador. Cirurgico: temos 2 opções de tratamentos cirúrgicos, que são tratamentos preventivos ou de alivio. Cirurgias de prevenção: previnem a progressão da osteoartrose por aumentar a superfície de contato articular, tentando diminuir essa instabilidade articular. Indicadas para animais jovens (até 10 meses) e sem osteoartrose. Cirurgias de alívio: tem por objetivo eliminar a dor, ele vai continuar com a instabilidade articular, porém a dor não vai ser tão intensa. Indicadas para pacientes adultos, que já possuem osteoartrose e dor. CIRURGIAS DE PREVENÇÃO Indicadas para pacientes filhotes/jovens que não tenham ainda sinais de artrose, onde vou tentar fazer a cirurgia no intuito de mudar a anatomia da articulação. Existem algumas técnicas com esse objetivo: OSTEOTOMIA TRIPLA DA PELVE: consiste na rotação da região distal do íleo e da região do acetábulo por sobre a cabeça femoral. Indicação – pacientes de até 10 meses de idade (por ser cirurgia preventiva), e que não possuem artrose. Contraindicações – pacientes adultos (mais de 10 meses), que já possuam artrose ou arrasamento acetabular. Ela consiste em fazer 3 osteotomias na pelve, uma no íleo, uma no púbis e uma no ísquio, fazendo essas três osteotomias conseguimos fazer uma rotação do acetábulo sob a cabeça femoral, ai fazemos o uso da colocação de uma placa pra estabilizar essa osteotomia do íleo. É uma tecnica complexa, por isso criaram a osteotomia dupla da pelve depois. OSTEOTOMIA DUPLA DA PELVE: tem o mesmo objetivo do osteotomia tripla, a diferença é que aqui só fazemos 2 osteotomias e conseguimos o mesmo resultado. Faz-se a osteotomia no íleo e no púbis. OSTEOTOMIA INTERTROCANTÉRICA VARIZANTE: tem por objetivo corrigir o ângulo de inclinaçõa e anteversão do colo femoral. Indicações – pacientes até 10 meses, com ausência de osteoartrose e coxa valga. Contraindicações – pacientes com mais de 10 meses, com osteoartrose e arrasamento acetabular. É uma osteotomia em cunha, porque vamos tirar um triangulo, fazendo com que o ângulo fique menor, tendo maior contato da cabeça femoral com o acetábulo. Utilizando também uma placa para estabilizar essa osteotomia. ALONGAMENTO DO COLO FEMORAL: tem como objetivo aumentar o encaixe entre cabeça do fêmur e acetábulo. É feita uma osteotomia onde mantemos um afastamento, fazendo com que tenha um aumento da distância do colo femoral, levando a um maior encaixe da cabeça com o acetábulo. Indicações – pacientes jovens com cobertura muscular insuficiente da região glútea, e pacientes com colo femoral curto (Chow chow, Akita). SINFISIODESE PUBICA JUVENIL: técnica muito simples de ser realizada, porém o difícil é achar o paciente adequado para a indicação, pois o diagnóstico precisa ser muito precoce, e ocorrer em animais muito jovens que ainda estão em fase de crescimento, pois dependo desse crescimento para o sucesso da cirurgia. É realizada uma cauterização (com eletrobisturi) na região da sínfise púbica (região de crescimento ósseo), matando assim as células de crescimento do local onde cauterizei, mas todo o resto da sínfise vai estar normal e vai ocorrer crescimento, então vai começar a ocorrer um crescimento da pelve de uma forma que vai ter uma maior cobertura da área dorsal do acetábulo na cabeça femoral Indicações – animais jovens de 4 a 6 meses, sem artrose. Ela vai ter um resultado semelhante a osteotomia tripla ou dupla, porém só pode ser feita em pacientes muito jovens, pois se eu fizer esse procedimento em um paciente que já parou de crescer não vai ocorrer nada. CIRURGIAS DE ALÍVIO Realizadas em pacientes já adultos, com artrose, dor, existem algumas técnicas: PECTINEOMIECTOMIA: remoção de uma parte do músculo pectíneo. Indicações – pacientes que tenham contratura nessa região, que tenham dor. DENERVAÇÃO CAPSULAR: remoção das terminações nervosas da capsula articular, a técnica consiste em uma curetagem de toda a região do periósteo pra destruir as terminações nervosas, porém deve-se tomar cuidado com o nervo isquiático/ciático, pois ele passa bem próximo do local de onde deve ser feita curetagem, e se pegar o nervo o membro do animal vai ficar impotente, é uma técnica bem simples, porém requer esse cuidado. Indicações – pacientes com osteoartrose, com deformidade óssea avançada, que apresenta dor na região do quadril. PRÓTESE COXOFEMORAL: substituição total da articulação, técnica que requer equipamento muito específico, cirurgia bem cara e cruenta. A técnica consiste em remover a cabeça e o colo femoral, introduzir a prótese no canal medular do fêmur (existem vários tipos de próteses). Essa técnica pode apresentar algumas complicações como infecções, luxação da prótese, fratura de fêmur. Indicações – pacientes com osteoartrose, insucesso após ACCF (colocefalectomia), cães com mais de 15kg (aqui no Brasil, pq não temos mini próteses para cães menores). Contraindicações – cães assintomáticos (pois as vezes no rx o animal apresenta displasia, porém não tem dor e vive normalmente, então não há necessidade do procedimento), pacientes com infecções, animais jovens, neuropatias, outras condições ortopédicas. AMPUTAÇÃO DO COLO E CABEÇA DO FEMUR (COLOCEFALECTOMIA): eliminação da articulação, ela tem um período de adaptação, pois é removido uma parte do osso do animal. A técnica consiste em uma osteotomia na região do colo, removendo a cabeça e o colo. Indicações – pacientes com osteoartrose severa e que tenham dor, pacientes que não responderam bem a denervação, ou pacientes que tenham luxação ou subluxação acompanhada de dor e também pacientes muito pequenos para a colocação de prótese. Contraindicações – animais pesados, subluxação ou luxação coxofemoral assintomática. NECROSE ASSÉPTICA DA CABEÇA DO FÊMUR Doença que resulta em um colapso da cabeça femoral decorrente de uma situação de isquemia, ocorre em virtude de uma interrupção do fluxo sanguíneo. ETIOLOGIA Evento isquêmico de origem desconhecida ainda, porém existem teorias de tamponamento dos vasos intracapsulares subsinoviais, de ação hormonal e maturidade precoce e também de doença multifatorial hereditária (o que leva a algumas raças serem pré- dispostas, como o York Shire) . EPIDEMIOLOGIA Ocorre em cães jovens de 3 – 13 meses (o mais comum é 7 meses), de raças pequenas (menos de 10kg) onde os toys e terrier são mais susceptíveis, sem predileção sexual, normalmente unilateral (bilateral representam apenas 12-15% dos casos). Os primeiros sinais clínicos podem ser dor, irritação, sensibilidade na movimentação da articulação. DIAGNÓSTICO Normalmente os tutores não identificam os sinais no início da doença, pois são animais pequenos e peludos, então eles vão claudicar, porém o tutor não percebe, por isso o diagnóstico ocorre muitas vezes quando já ocorreu fratura patológica ou quando o animal está com muita dor. É bem comum ver uma atrofia muscular nesse membro, evidenciando que já é um processo crônico. Exame físico: abdução e extensão articular, o animal apresenta claudicação e pode apresentar atrofia muscular. Exames complementares: exame radiográfico e ressonância magnética. TRATAMENTO O principal tratamento aqui é a ressecção da cabeça e do colo femoral (colocefalectomia) porque é um osso inviável, então ele precisa ser removido para o paciente não ter mais dor. A prótese total de quadril até seria uma opção, porém aqui no Brasil não temos próteses miniaturas para pacientes toys. Como são pacientes pequenos e leves, eles têm uma recuperação muito boa com a colocefalectomia. LUXAÇÃO COXOFEMORAL Origem traumática, representam 90% das luxações em pequenos animais. Quando um animal sofre um trauma (atropelamento, queda) ele pode ter uma luxação, e essa luxação ela pode ocorrer em qualquer direção, porém a direção mais comum é a Dorso cranial, então ela pode ocorrer em outras direções, porém na grande maioria das vezes vai ser dorso cranial. SINTOMATOLOGIA O histórico é de um paciente normal que nunca mancou, caminhava normalmente, não sentia dor, e após um evento traumático ele passou a ter impotência funcional e dor na manipulação. Normalmente o animal adota um posicionamento anormal do membro com o calcanhar virado pra dentro e o joelho para fora. DIAGNÓSTICO Feito a partir de 3 dados: Histórico: paciente antes normal, e após trauma apresenta dor e impotência funcional. Exame clínico: inspeção do membro com posição anormal, na palpação percebe-se que as estruturas também estão posicionadas de forma anormal, o exame ortopédico para detectar essa posição anormal chamasse “Teste do triangulo” pois identificamos 3 pontos, um na asa do íleo, outro no trocanter maior e outra no ísquio, quando imaginamos linhas entre os pontos podemos formar um triangulo, e quando comparamos o triangulo do membro normal com o triangulo do membro afetado podemos perceber uma assimetria, porque na luxação o trocanter maior sai da posição normal dele. Quando esse triangulo está assimétrico só existem 2 opções, ou o paciente tem luxação coxofemoral ou uma fratura de pelve. Exame complementar: após identificar essa assimetria, realizamos o exame radiografico para confirmar o diagnóstico. TRATAMENTO As opções de tratamento são: redução fechada ou redução aberta. Onde a redução fechada vamos anestesiar o paciente e tentar reduzir a luxação, é indicada em luxações recentes (ideal é menos de 24h), com boa conformação articular, após a redução é necessário que se faça uma tipoia, pois o paciente não pode apoiar aquele membro para que as estruturas possam fazer um processo de cicatrização. Já a redução aberta (cirurgia) é indicada para casos onde a luxação ocorreu a alguns dias ou pacientes que foram tratados com redução fechada, porém recidivou existem algumas técnicas: - Utilização de parafuso âncora, onde o parafuso tem um orifício por onde passamos um frio e fazemos a estabilização na borda do acetábulo com a região do colo. - Sutura ileotrocanterica, onde fazemos um orifício no íleo e um na região intertrocantérica (entre trocanter maior e menor), e passa uma sutura, fazendo um 8 e dar um nó. - Toggenpin, um fio que é passado pela região da cabeça e colo femoral, ancorando na região do trocanter maior e na face medial do acetábulo, esse fio vai mimetizar o ligamento femoral. - Colocefalectomia, ressecção da cabeça e colo femoral, com a colocação da prótese total de quadril. ANATOMIA Os cães possuem 7 vértebras cervicais, 13 vértebras torácicas, 7 lombares e 3 sacrais e as coccídeas variam. Sempre a nomemclatura vai ocorrer de forma que a letra identifique o tipo de vértebra e o número de onde ela se encontra, ex: C7 (7ª vértebra cervical), L3 (3ª vértebra lombar). Entre os espaços intervertebrais temos os disco intervertebrais, se localiza nos espaços entre cada vértebra, existe apenas 1 local na coluna onde não existe articulação por disco intervertebral que é entre C1 e C2 (entre Atlas e Axis), aqui a articulação é feita por ligamentos e um dente (processo odontóide). Na região toracica temos as costelas, então é a região onde tem uma estabilidade maior na coluna, por isso grande parte das hérnias de disco vão ocorrer na cervical, na transição toracolombar e lombar e na região lombosacral, então a região torácica é a que tem menor incidencia de doença do disco intervertebral, por conta dessa estabilidade, pode ocorrer, porém normlamente mais pro final (a partir de T10). O disco intervertebral então se encontra entre os espaços vertebrais, esse disco é circular, composto por um núcleo bem gelatinoso (núcleo pulposo) ele é bem hidratado (80% desse núcleo é formado por água), ao redor do núcleo pulposo temos o anel fibroso que é formado por fibras colágenas, e ao redor do anel fibroso temos a cartilagem hialina. A medula é uma estrutura nobre, muito importante porque conduz todos os impulsos nervosos pro corpo, é uma estrutura delicada, faz parte do sistema nervoso central, então assim como o cérebro, ela é macia e deve estar protegida, por isso ela fica dentro do canal medular, que é uma caixa óssea fechada. Então a medula tem um espaço muito restrito dentro dessa caixa óssea, então se tivermos qualquer estrutura (neoplasia, hérnia de disco, cisto no canal medular) crescendo dentro do canal medular vamos ter compressão da medula, mas se essa medula sofrer um trauma ela vai edemaciar e vai ficar apertada dentro da caixa óssea, o que também vai gerar um edema expansivo que vai fazer uma síndrome compartimental/compartimentalização (ocorre em qualquer situação onde haja um aumento de pressão e o órgão perca sua perfusão). CASUÍSTICA As doenças que mais acometem os cães são: Doença do disco intervertebral Trauma Instabilidades mecânicas de origem anatômica Deformidades congênitas Deformidades degenerativas Neoplasias LESÕES MEDULARES As lesões na medula podem ser causadas por lacerações ou esmagamentos, causando lesão direta (secção) de cordão medular, que pode ser parcial ou total, ou pode ser apenas um esmagamento, compressão mais discreta, tudo vai depender do deslocamento que houve na vértebra. Podem também ser causadas por compressões, tem compressões por trauma, por expansão, por neoplasia, por cistos ou por hérnias. Podem se estabelecer por alta ou baixa velocidade (significa que ela pode ocorrer progressivamente ou pode ocorrer “do nada”). Quando é de alta velocidade é associada ao fenômeno de contusão. Ou também causadas por contusões, onde há uma onda de choque associada, não precisa necessariamente de fratura, só a pancada já é suficiente para que a transmissão dessa onda de choque faça edema na medula, onde no rx e tomografia simples você não consegue visualizar, então para o diagnóstico é necessário uma tomografia com contraste (mielotomografia). SÍNDROME COMPARTIMENTAL RAQUIMEDULAR: cadeia de eventos que se retroalimenta, ocorre o trauma, a injuria inicial, o órgão começa a ter edema, que vai gerar isquemia, essa isquemia vai liberar mediadores inflamatórios que vão aumentar o edema e consequentemente a isquemia, se tornando um ciclo sem fim até a medula morrer por falta de perfusão. MIELOMALÁCIA: é uma “morte do sistema nervoso central”, processo irreversível e não pode ser previsto, resultante em necrose aguda e liquefação. Ela pode ocorrer por uma isquemia por exemplo. Evolui para óbito (não tem tratamento), é de difícil diagnóstico por exame de imagem, o diagnóstico é clínico. O animal tem muita dor, paralisia de membros pélvicos e depois torácicos. Quando consegue fazer o diagnóstico normalmente é sugerida a eutanásia. Tipos de compressão da medula: Temos 3 tipos de compressões: as extradurais, as intradurais e extramedulares e as intramedulares. Extradural: está dentro do canal medular, porém, está fora da Dura-máter (capa azul no desenho), exemplos – hérnia de disco, neoplasia, cisto Intramedular: está dentro da medula, exemplos – neoplasia, cisto. Intradural e extramedular: está dentro da Dura-máter, porém não está dentro da medula, exemplos – neoplasia, cisto, projetil.
Compartilhar