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ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO SÉRIE SEGURANÇA DO TRABALHO LIVRO 1 ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO SÉRIE SEGURANÇA DO TRABALHO LIVRO 1 CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI Robson Braga de Andrade Presidente DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor de Educação e Tecnologia Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI Robson Braga de Andrade Presidente do Conselho Nacional SENAI – Departamento Nacional Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor-Geral Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia Gustavo Leal Sales Filho Diretor de Operações SÉRIE SEGURANÇA DO TRABALHO ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO LIVRO 1 SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional Sede Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br © 2017. SENAI – Departamento Nacional © 2017. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por escrito, do SENAI. Esta publicação foi elaborada pela equipe da Gerência de Educação e Tecnologia do SENAI de Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância. SENAI Departamento Nacional Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP SENAI Departamento Regional de Santa Catarina Gerência de Educação e Tecnologia – GEDUT FICHA CATALOGRÁFICA S491r Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional Rotinas de segurança e saúde do trabalho / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina. Brasília : SENAI/DN, 2017. v 1. : il. ; 30 cm. - (Série segurança do trabalho) Inclui índice e bibliografia ISBN 978-855054835-7 1. Segurança do trabalho. 2. Segurança do trabalho – Legislação. 3. Ética. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina II. Título III. Série. CDU: 614.8 Lista de ilustrações Figura 1 - Interdição ........................................................................................................................................................21 Figura 2 - Símbolo SESMT .............................................................................................................................................23 Figura 3 - Símbolo CIPA ..................................................................................................................................................24 Figura 4 - Equipamento de Proteção Individual – EPI .........................................................................................25 Figura 5 - Médico do trabalho avaliando a saúde do trabalhador para retornar ao trabalho..............26 Figura 6 - Trabalho em instalação elétrica...............................................................................................................29 Figura 7 - Equipamento de movimentação e transporte ..................................................................................30 Figura 8 - Sistema de proteção fixa ...........................................................................................................................32 Figura 9 - Dispositivo de parada de emergência ..................................................................................................33 Figura 10 - Sinalização de segurança ........................................................................................................................34 Figura 11 - Caldeira flamotubular a gás ...................................................................................................................35 Figura 12 - Tubulação de gás .......................................................................................................................................36 Figura 13 - Vasos de pressão – reservatório de ar comprimido.......................................................................37 Figura 14 - Forno ..............................................................................................................................................................38 Figura 15 - Atividades e operações insalubres ......................................................................................................39 Figura 16 - Caracterização da insalubridade ..........................................................................................................39 Figura 17 - Atividade insalubre ...................................................................................................................................40 Figura 18 - Ergonomia aplicada ao posto de trabalho .......................................................................................41 Figura 19 - Trabalho na construção ...........................................................................................................................42 Figura 20 - Dinamite utilizada em detonação .......................................................................................................43 Figura 21 - Pictograma para líquidos inflamáveis ................................................................................................44 Figura 22 - Sinalização de segurança ........................................................................................................................47 Figura 23 - Trabalho aquaviário ..................................................................................................................................49 Figura 24 - Símbolo da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT ...............................................57 Figura 25 - Símbolo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) .........................................................60 Figura 26 - CLT ...................................................................................................................................................................61 Figura 27 - Logomarca da previdência social ........................................................................................................63 Figura 28 - Epidemia de gripe .....................................................................................................................................66 Figura 29 - Ciclo PDCA ....................................................................................................................................................68 Figura 30 - Inspeção de rotina .....................................................................................................................................73 Figura 31 - Execução da inspeção ..............................................................................................................................78 Figura 32 - A faca é um risco para as crianças ........................................................................................................89 Figura 33 - Máquina sem proteção contra acidentes de trabalho .................................................................89 Figura 34 - A circulação de veículos é um risco aos pedestres ........................................................................91 Figura 35 - Perigo da exposição dos pedestres à circulação de veículos.....................................................92 Figura 36 - Exemplo árvore de causas ................................................................................................................... 100 Figura 37 - Diagrama de causae efeito ................................................................................................................. 101 Figura 38 - Exemplo de diagrama de causa e efeito ......................................................................................... 103 Figura 39 - Componentes de um sistema com probabilidade previstas de falhas ............................... 104 Figura 40 - Equipamentos do processo ................................................................................................................ 107 Figura 41 - Fluxograma de engenharia ................................................................................................................. 111 Figura 42 - Tanque de GLP ......................................................................................................................................... 113 Figura 43 - Perigo e risco ............................................................................................................................................ 128 Figura 44 - Arranjo físico ............................................................................................................................................. 130 Figura 45 - Espaço confinado ................................................................................................................................... 131 Figura 46 - Transporte e movimentação de cargas por meio mecânico ................................................... 138 Figura 47 - Armazenamento ..................................................................................................................................... 139 Figura 48 - Sistema de isolamento através do uso de fitas listradas .......................................................... 142 Figura 49 - Poluição ambiental ................................................................................................................................ 145 Figura 50 - Equipamentos de segurança pessoal .............................................................................................. 149 Figura 51 - Símbolo de risco biológico .................................................................................................................. 152 Figura 52 - Imunização suína .................................................................................................................................... 153 Figura 53 - Risco biológico ......................................................................................................................................... 157 Figura 54 - Atividade de trabalho exposta a risco biológico ......................................................................... 158 Figura 55 - Uso de equipamentos de proteção individual contra agentes biológicos ....................... 160 Figura 56 - Modelo de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) ....................................................... 163 Figura 57 - Características físicas do corpo humano ........................................................................................ 172 Figura 58 - Posto de trabalho ergonômico .......................................................................................................... 173 Figura 59 - Dicas de postura ..................................................................................................................................... 176 Figura 60 - Fisiologia humana .................................................................................................................................. 178 Figura 61 - Iceberg da ergonomia ........................................................................................................................... 180 Figura 62 - Sinais de alarme de doenças relacionadas .................................................................................... 180 Figura 63 - Postura correta e incorreta das mãos .............................................................................................. 182 Figura 64 - Posto de trabalho .................................................................................................................................... 185 Figura 65 - Posto de trabalho com presença de riscos ambientais ............................................................. 185 Figura 66 - Ginástica laboral ...................................................................................................................................... 187 Figura 67 - Sobrecarga na coluna devido a má postura ................................................................................. 187 Figura 68 - Fibras vermelhas da coluna vertebral ............................................................................................. 190 Figura 69 - Contração e descontração muscular ............................................................................................... 191 Figura 70 - Alongando................................................................................................................................................. 193 Figura 71 - Como se abaixar ..................................................................................................................................... 193 Figura 72 - Como levantar peso ............................................................................................................................... 194 Figura 73 - Ambiente de trabalho adequado ..................................................................................................... 195 Figura 74 - Trabalho repetitivo de digitação ....................................................................................................... 196 Figura 75 - Postura em pé .......................................................................................................................................... 199 Figura 76 - Trabalho sentado utilizando o computador ................................................................................. 200 Figura 77 - Pausa no trabalho para o almoço ..................................................................................................... 201 Figura 78 - Fábrica com iluminação natural ........................................................................................................ 207 Figura 79 - Luxímetro ................................................................................................................................................... 218 Figura 80 - Iluminação do ambiente de trabalho .............................................................................................. 218 Figura 81 - Luxímetro ................................................................................................................................................... 219 Figura 82 - Iluminação natural ................................................................................................................................. 224 Quadro 1 - Exemplo de ficha de inspeção de segurança ....................................................................................75 Quadro 2 - Exemplo de ficha de inspeção de segurança com lista de verificação ....................................76 Quadro 3 - Exemplo de relatório de inspeção ........................................................................................................76 Quadro 4 - Modelo de checklist de inspeção de segurança do trabalho ......................................................81 Quadro 5 - Medidas qualitativas de consequências ou impactos ...................................................................93 Quadro 6 - Medidas qualitativas de probabilidades ............................................................................................94 Quadro 7 - Matriz de análise qualitativa de riscos .................................................................................................94 Quadro 8 - Exemplos de variações de diferentes componentes ......................................................................97Quadro 9 - Organização dos fatores do acidente ..................................................................................................99 Quadro 10 - Modelo de formulário para AMFE ................................................................................................... 106 Quadro 11 - Palavras-guia e seus significados ..................................................................................................... 109 Quadro 12 - Exemplo do método HAZOP ............................................................................................................. 112 Quadro 13 - Exemplo HAZOP do tanque de GLP ................................................................................................ 115 Quadro 14 - Modelo de formulário para APR ....................................................................................................... 116 Quadro 15 - Categorias de frequência ................................................................................................................... 117 Quadro 16 - Categorias de severidade .................................................................................................................. 117 Quadro 17 - Matriz de risco ......................................................................................................................................... 118 Quadro 18 - Classes de risco ....................................................................................................................................... 118 Quadro 19 - Exemplo de formulário APR preenchido ....................................................................................... 119 Quadro 20 - Modelo de plano de ação ................................................................................................................... 122 Quadro 21 - Exemplo de plano de ação ................................................................................................................. 123 Quadro 22 - Efeitos da intensidade da corrente no corpo humano ............................................................ 133 Quadro 23 - Riscos biológicos X consequências ................................................................................................. 156 Quadro 24 - Exemplo de checklist .......................................................................................................................... 166 Quadro 25 - Iluminância por classe de tarefa visual .......................................................................................... 213 Quadro 26 - Iluminância por tipo de atividade (valores médios em serviço) ........................................... 213 Quadro 27 - Fatores determinantes da iluminância adequada ..................................................................... 214 Sumário 1 Introdução ........................................................................................................................................................................13 2 Legislação aplicada à saúde, segurança e meio ambiente do trabalho.....................................................17 2.1 Normas regulamentadoras do ministério do trabalho e emprego ...........................................18 2.2 Notas técnicas aplicadas à saúde, segurança e meio ambiente do trabalho ........................56 2.3 Normas brasileiras .......................................................................................................................................56 2.4 Legislação trabalhista e previdenciária ..............................................................................................58 2.4.1 Legislação trabalhista ..............................................................................................................59 2.4.2 Legislação previdenciária .......................................................................................................63 2.5 Legislação regional aplicada à saúde, à segurança e ao meio ambiente do trabalho .......67 3 Inspeções de segurança ..............................................................................................................................................71 3.1 Definição ........................................................................................................................................................72 3.2 Tipos de inspeções de segurança ..........................................................................................................73 3.3 Relatórios de inspeção ..............................................................................................................................74 3.4 Execução da inspeção ................................................................................................................................77 3.4.1 Planejamento .............................................................................................................................78 3.4.2 Lista de verificação (checklist) ..............................................................................................79 3.4.3 Desvios e erros ...........................................................................................................................82 3.4.4 Registro .........................................................................................................................................82 3.5 Meios para divulgação dos resultados das inspeções ...................................................................83 4 Análise de riscos .............................................................................................................................................................87 4.1 Definições.......................................................................................................................................................89 4.1.1 Desvio............................................................................................................................................90 4.1.2 Risco ...............................................................................................................................................91 4.1.3 Perigo ............................................................................................................................................91 4.2 Técnicas de análises quantitativas e qualitativas .............................................................................92 4.2.1 Análise qualitativa ....................................................................................................................93 4.2.2 Análise quantitativa .................................................................................................................95 4.3 Ferramentas ...................................................................................................................................................95 4.3.1 Análise por árvore de causas ................................................................................................96 4.3.2 Diagrama de causa e efeito ................................................................................................ 101 4.3.3 Análise de Modos de Falhas e Efeitos – AMFE ............................................................. 103 4.3.4 HAZOP ........................................................................................................................................ 107 4.3.5 Análise Preliminar de Risco – APR .................................................................................... 115 4.3.6 Plano de ação – 5W2H.......................................................................................................... 121 5 Riscos de acidentes .................................................................................................................................................... 127 5.1 Definição .....................................................................................................................................................128 5.2 Tipos de riscos de acidentes ................................................................................................................. 129 5.2.1 Arranjo físico ............................................................................................................................ 129 5.2.2 Espaço confinado ................................................................................................................... 131 5.2.3 Elétricos ..................................................................................................................................... 132 5.2.4 Incêndio e explosão .............................................................................................................. 134 5.2.5 Trabalho em altura ................................................................................................................. 136 5.2.6 Transporte, armazenamento e movimentação de cargas ....................................... 137 5.2.7 Animais peçonhentos .......................................................................................................... 140 5.3 Controle dos riscos de acidentes ........................................................................................................ 141 5.4 Terminologia técnica ............................................................................................................................... 143 5.5 Medidas preventivas ............................................................................................................................... 147 6 Riscos biológicos ......................................................................................................................................................... 151 6.1 Definições.................................................................................................................................................... 152 6.2 Tipos de riscos ........................................................................................................................................... 154 6.2.1 Bactérias .................................................................................................................................... 154 6.2.2 Vírus ............................................................................................................................................ 155 6.2.3 Fungos ....................................................................................................................................... 155 6.3 Efeitos da exposição ............................................................................................................................... 156 6.4 Controle ....................................................................................................................................................... 159 6.5 Medidas preventivas ............................................................................................................................... 164 7 Ergonomia ..................................................................................................................................................................... 171 7.1 Definição ..................................................................................................................................................... 172 7.2 Tipos de riscos ergonômicos ............................................................................................................... 177 7.3 Fisiologia do trabalho ............................................................................................................................. 178 7.4 Doenças relacionadas ............................................................................................................................. 179 7.5 Análise ergonômica ................................................................................................................................. 184 7.5.1 Roteiro para análise ergonômica de uma atividade ................................................. 185 7.6 Intervenção ergonômica ....................................................................................................................... 188 7.7 Biomecânica ............................................................................................................................................... 190 7.7.1 Trabalho estático x dinâmico ............................................................................................. 190 7.7.2 Esforço dinâmico .................................................................................................................... 191 7.7.3 Alongamento muscular ....................................................................................................... 192 7.8 Conforto térmico, acústico e iluminação adequada no posto de trabalho de forma quantitativa ................................................................................................................................................ 194 7.9 Terminologia técnica ............................................................................................................................... 196 7.10 Controle dos riscos ergonômicos..................................................................................................... 197 7.11 Medidas preventivas ............................................................................................................................. 198 7.11.1 Recomendações de ergonomia para utilização correta de músculos e do sistema locomotor ......................................................................................................... 198 7.11.2 Orientações para uso da postura em pé ..................................................................... 199 7.11.3 Orientações para uso da postura sentada .................................................................. 199 7.11.4 Pausas no trabalho .............................................................................................................. 200 8 Iluminamento............................................................................................................................................................... 205 8.1 Definição ..................................................................................................................................................... 207 8.2 Efeitos da exposição ................................................................................................................................ 209 8.3 Limites de tolerância ............................................................................................................................... 211 8.3.1 NBR 5413 – iluminância de interiores ............................................................................. 211 8.3.2 NBR ISO 8995-1 - iluminação de ambientes de trabalho - parte 1 ....................... 215 8.4 Instrumentos de medição ..................................................................................................................... 217 8.4.1 Luxímetro .................................................................................................................................. 217 8.5 Avaliação de níveis ................................................................................................................................... 219 8.6 Terminologia técnica ............................................................................................................................... 222 8.7 Controle ....................................................................................................................................................... 223 8.8 Medidas preventivas ............................................................................................................................... 224 Referências Minicurrículo dos autores Índice 1 Prezadoaluno! Você está iniciando agora uma nova etapa de seus estudos ligada à atuação do profissional de saúde e segurança do trabalho, que visa, principalmente, à condução de ações preventivas de acordo com as normas vigentes e os princípios de higiene ocupacional, responsabilidade social, sustentabilidade e promoção à saúde do trabalhador com ética profissional. Portanto, este livro tem o objetivo de ajudar você a desenvolver capacidades técnicas, sociais, organiza- tivas e metodológicas necessárias para o desenvolvimento das atividades de inspeção e acom- panhamento de atividades laborais. Neste livro, você terá acesso a conhecimentos que irão te ajudar a reconhecer legislação, normas e notas técnicas aplicáveis ao ramo de atuação e ou atividade do local a ser inspecio- nado, bem como correlacionar as exigências da legislação ao ramo de atuação e ou atividade identificadas no local de trabalho. O conteúdo deste livro visa contribuir para que você possa identificar os riscos, planejar e executar inspeções de segurança e aplicar técnicas de análise de risco e também cumprir normas e procedimentos de segurança estabelecidos pela empresa para avaliação de processo de trabalho e ou novo projeto, a fim de garantir a saúde e integri- dade física. Outro propósito do conteúdo deste livro é ajudar você a interpretar os relatórios de ins- peção e avaliação de riscos para identificar se as medidas propostas no relatório estão sendo cumpridas. Além disso, propõe avaliar a evolução ou a mitigação dos riscos ocupacionais evi- denciados no relatório e identificar novas situações de riscos não contempladas inicialmente nos relatórios e avaliações. Ao longo dos capítulos deste livro, você irá conhecer a legislação aplicada à saúde, segu- rança e meio ambiente do trabalho através de Normas Regulamentadoras, Notas Técnicas e Normas Brasileiras aplicadas à saúde, segurança e meio ambiente do trabalho. Também serão tratados aspectos da legislação trabalhista, previdenciária e regional aplicadas à saúde, segu- rança e meio ambiente do trabalho. Na sequência, você estudará as inspeções de segurança, seus tipos e os conceitos neces- sários para você planejar, preparar e executar inspeções de segurança, como também relatar e registrar o resultado destas inspeções. Além disso, oportunizará a você o conhecimento de algumas técnicas importantes aplicadas na análise de riscos. Introdução ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO16 Mais adiante, seus estudos estarão focados nos riscos que podem existir no ambiente de trabalho. Você conhecerá os riscos de acidentes, seus tipos e os principais aspectos de cada um deles. Dentre os tipos de riscos de acidentes, você estudará: arranjo físico, espaço confinado, acidentes elétricos, incêndio e explo- são, trabalho em altura e transporte, armazenamento e movimentação de cargas. Também conhecerá os riscos biológicos, os efeitos da exposição, seus tipos e as formas de controle e prevenção dos mesmos. Fique sempre atento às atualizações que ocorrem na legislação trabalhista (Normas Regulamentadoras – NRs, Portarias, Notas Técnicas, Instruções Normativa, Ordens de Serviço, entre outros), previdenciária, nas Normas de Higiene Ocupacional (NHOs) e nas Normas Brasileiras (NBRs). É recomendável que, antes de fazer uso das leis ou normas, você confira a última versão destes documentos, consultando os respectivos endereços eletrônicos oficiais. Por exemplo, no site do Ministério da Fazenda, Secretaria da Previdência, você encontrará a legislação previdenciária e os Anuários Estatísticos de acidentes de trabalho. Já no site da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, você encontrará as informações referentes ao cancelamento, à revisão e à atualização de Normas Brasileiras. As Normas de Higiene Ocupacional estão disponíveis para download gratuito na biblioteca do site do Ministério do Trabalho. Esteja sempre em alerta com relação à legislação! As informações advinhas de fontes oficiais, como as do Governo Federal, são sempre confiáveis. Finalizando, você conhecerá os riscos relacionados à ergonomia, seus tipos e as doenças relacionadas, os conceitos de fisiologia do trabalho, análise ergonômica e as medidas de controle e prevenção destes riscos, bem como o iluminamento no local de trabalho e de que modo são considerados os limites de tole- rância e verificada a condição existente na iluminação do local, considerando o tipo de trabalho executado. Bons estudos! 2 Considerando que as ações para promover a saúde e segurança no ambiente de trabalho, muitas vezes, são conflitantes com outros interesses organizacionais e pessoais, de que forma você pode embasar seus argumentos e alinhar suas ações quando estiver atuando na área de saúde e segurança no trabalho? No estudo deste capítulo, você irá conhecer os principais aspectos da legislação aplicada à saúde e segurança no trabalho. Isso significa que, conhecendo as Normas Regulamentadoras, você entenderá como é estruturada a área de saúde e segurança do trabalho nas organizações, bem como os requisitos, deveres e direitos relacionados a questões de segurança em vários tipos de atividades e em diversos ramos de atuação. O estudo da legislação consolidada através das leis, notas técnicas e normas ajudará você a conduzir sua atuação na área de saúde e segurança do trabalho de forma preventiva, como na realização de inspeções de segurança nos ambientes laborais. Ao final deste capítulo, você terá subsídios para: a) reconhecer legislação, normas e notas técnicas aplicáveis ao ramo de atuação e ou atividade do local a ser inspecionado; b) correlacionar os itens exigidos na legislação, normas e notas técnicas ao ramo de atuação e ou atividade identificadas in loco; c) correlacionar os itens exigidos na legislação, normas e notas técnicas, aplicáveis a ser desenvolvido. A partir de agora, você terá a oportunidade de conhecer diversos temas sobre o assunto, que farão a diferença em suas práticas. Bons estudos! Legislação Aplicada à Saúde, Segurança e Meio Ambiente do Trabalho ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO20 2.1 NORMAS REGULAMENTADORAS DO MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO Você gosta de esportes? Todos os tipos de esporte possuem regras específicas para o bom andamento das competições e para a preservação da segurança dos atletas. Neste caso, o foco dos competidores é a vitória, e os outros aspectos que envolvem a competição ficariam em segundo plano se não fossem as regras obedecidas. No ambiente de trabalho, a situação é semelhante. É necessário que haja regras específicas que levem em conta o tipo de função, a atividade e o ambiente de trabalho para que os riscos à saúde e segurança sejam minimizados, considerando que o objetivo principal das empresas é produtividade, qualidade, re- dução de custos e, consequentemente, o lucro. Do ponto de vista da saúde e segurança no trabalho, as principais regras a serem seguidas são as Normas Regulamentadoras, que apresentam, de modo específi- co, requisitos para a saúde e segurança no trabalho. A seguir, você conhecerá como surgiram e de que forma as Normas Regulamentadoras tratam as ques- tões que envolvem a saúde e segurança no trabalho. A Constituição Federal traz diversas disposições com relação à segurança no trabalho e à saúde do trabalhador. O artigo 6º trata dos direitos sociais, dispondo que: “São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.” (BRASIL,1988). O artigo 7º estabelece que: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: [...] XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; [...] XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho,a cargo do empregador, sem excluir a in- denização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa. (BRASIL, 2003). Submetida a tais determinações constitucionais, encontra-se a Lei nº 6.514/77, que é hierarquicamen- te inferior à Constituição Federal e alterou o texto originário da CLT, inserindo o Capítulo V, que trata da Segurança e Medicina no Trabalho. As disposições constantes no capítulo V da CLT também não têm condições de entrar em minúcias da proteção ao trabalhador e dos deveres do empregador com relação à saúde e segurança no trabalho. Então, encontra-se subordinada a essa Lei a Portaria 3.214/78, que instituiu as NRs emitidas pelo Ministério do Trabalho. 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 21 Conhecer essas leis é essencial para o desenvolvimento de sua futura profissão como Técnico em Segurança do Trabalho. Quando a Portaria 3.214/78 foi aprovada, eram 28 as NRs. Posteriormente, outras normas foram criadas, sendo que aquelas já existentes passaram por atualizações ou sofreram alterações. As NRs disciplinam os artigos 154 ao 201 da CLT e servem de base e de parâmetro técnico às pessoas/empresas que devem atender aos ditames legais. Considerando que as atuais 36 normas existentes possuem inter-relações, o importante é que você perceba que na prática prevencionista pouco adianta atender a uma NR específica, sem levar em conside- ração as demais. É relevante salientar que novas normas surgem periodicamente, assim como atualizações de normas anteriores também são feitas com frequência. O Governo tem priorizado a negociação tripartite (repre- sentantes dos governos, empregadores e empregados) para o estabelecimento ou a alteração de uma determinada norma. Depois de pronto o seu escopo, a norma é disponibilizada à sociedade, para que se manifeste a respeito. O Ministério do Trabalho passou a adotar os princípios preconizados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que enfatiza o uso do Sistema Tripartite Paritário, ou seja, a atuação do governo, do traba- lhador e do empregador, para a construção de regulamentações na área de segurança e saúde no trabalho. Agora, você irá conhecer as 36 NRs existentes atualmente e, de forma sucinta, o que compõe cada uma delas. NR 1 - DISPOSIÇÕES GERAIS: esta norma garante aos trabalhadores o direito à informação e permite a presença de representantes dos trabalhadores durante a fiscalização das normas de segurança e saúde. Também determina que as normas regulamentadoras relativas à segurança e medicina do trabalho, obrigatoriamente, deverão ser cumpridas por todas as empresas privadas e públicas, desde que possuam empregados celetistas. Também determina que o Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho é o órgão competente para coordenar, orientar, controlar e supervisionar todas as atividades inerentes. iS to ck ([ 20 -- ?] ) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO22 Entre outros assuntos, trata das ordens de serviço a serem elaboradas pelo empregador, dando ciência aos empregados. A seguir, acompanhe os principais tópicos da NR 1. 1.3 A Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST) é o órgão de âmbito nacional competente para coordenar, orientar, controlar e supervisionar as atividades relacionadas com a segurança e medicina do trabalho, inclusive a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho (CANPAT), o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) e, ainda, a fiscalização do cumprimento dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho em todo o território nacional. 1.3.1 Compete, ainda, à Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST) conhecer, em última instância, dos recursos voluntários ou de ofício, das decisões proferidas pelos Delegados Regionais do Trabalho, em matéria de segurança e saúde no trabalho. 1.4 A Delegacia Regional do Trabalho (DRT), atual Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), nos limites de sua jurisdição, é o órgão regional competente para executar as atividades relacionadas com a segurança e medicina do trabalho, inclusive a Campanha Nacional de Prevenção dos Acidentes do Trabalho (CANPAT), o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) e, ainda, a fiscalização do cumprimento dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho. 1.4.1 Compete, ainda, à Delegacia Regional do Trabalho (DRT) ou à Delegacia do Tra- balho Marítimo (DTM), nos limites de sua jurisdição: a) adotar medidas necessárias à fiel observância dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho; b) impor as penalidades cabíveis por descumprimento dos preceitos legais e regula- mentares sobre segurança e medicina do trabalho; c) embargar obra, interditar estabelecimento, setor de serviço, canteiro de obra, frente de trabalho, locais de trabalho, máquinas e equipamentos; d) notificar as empresas, estipulando prazos, para eliminação e/ou neutralização de in- salubridade; e) atender requisições judiciais para realização de perícias sobre segurança e medicina do trabalho nas localidades onde não houver Médico do Trabalho ou Engenheiro de Segurança do Trabalho registrado no MTb. (BRASIL, 2009). Cabe ao empregador: a) cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho; b) elaborar ordens de serviço sobre segurança e saúde no trabalho, dando ciência aos empregados por comunicados, cartazes ou meios eletrônicos; c) informar aos trabalhadores: I - os riscos profissionais que possam originar-se nos locais de trabalho; II - os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas pela empresa; 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 23 III - os resultados dos exames médicos e de exames complementares de diagnóstico aos quais os próprios trabalhadores forem submetidos; IV - os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho. V - permitir que representantes dos trabalhadores acompanhem a fiscalização dos pre- ceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho; VI - determinar procedimentos que devem ser adotados em caso de acidente ou doen- ça relacionada ao trabalho. (BRASIL, 2009). Cabe ao empregado: a) cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e saúde do trabalho, inclusive as ordens de serviço expedidas pelo empregador; b) usar o EPI fornecido pelo empregador; c) submeter-se aos exames médicos previstos nas Normas Regulamentadoras - NR; d) colaborar com a empresa na aplicação das Normas Regulamentadoras – NR. (BRASIL, 2009). Como você pôde perceber, esta norma reforça a obrigatoriedade do cumprimento de todas as Normas Regulamentadoras e destaca as responsabilidades do empregador e do empregado. NR 2 - INSPEÇÃO PRÉVIA: essa NR determina que todo estabelecimento novo deverá solicitar aprova- ção de suas instalações ao órgão regional do Ministério do Trabalho e Emprego, que emitirá o Certificado de Aprovação de Instalações - CAI, por meio de modelo preestabelecido. (BRASIL, 1983a). NR 3 - EMBARGO OU INTERDIÇÃO: este documento estabelece critérios para o embargo de obras ou interdição de fábricas, setores e máquinas quando constatado situações de trabalho que apresentem con- dições de risco grave e iminente aos trabalhadores. Também concede competência aos superintendentes regionais do Trabalho e Emprego para atuar neste sentido. (BRASIL, 2011a). Figura 1 - Interdição iS to ck ([ 20 -- ?] ) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO24 Observe agora, alguns tópicos desta norma: 3.1 Embargo e interdição são medidas de urgência, adotadas a partir da constatação de situação de trabalho que caracterize risco grave e iminente ao trabalhador. 3.1.1 Considera-se grave e iminente risco, toda condição ou situação de trabalho que possa causar acidente ou doença relacionada ao trabalho com lesão grave à integridade física do trabalhador. 3.2 A interdição implicaa paralisação total ou parcial do estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento. 3.3 O embargo implica a paralisação total ou parcial da obra. 3.3.1 Considera-se obra todo e qualquer serviço de engenharia de construção, monta- gem, instalação, manutenção ou reforma. 3.4 Durante a vigência da interdição ou do embargo, podem ser desenvolvidas ativi- dades necessárias à correção da situação de grave e iminente risco, desde que adotadas medidas de proteção adequadas dos trabalhadores envolvidos. 3.5 Durante a paralisação decorrente da imposição de interdição ou embargo, os em- pregados devem receber os salários como se estivessem em efetivo exercício. (BRASIL, 2011a). Agora, para melhorar o entendimento do item 3.1.1, pode-se citar como exemplo quando o fiscal do MTE visita uma empresa e identifica que os andaimes não estão atendendo à norma na construção do pré- dio. Ou seja, os andaimes não estão bem presos, falta guarda-corpo, entre outros problemas. Neste caso, o MTE notifica a empresa, dando um prazo de dez dias para ela se adequar às normas. Após o prazo estipulado, o MTE retorna à empresa e faz nova verificação. Caso a empresa não tenha feita a adequação e não esteja atendendo ao requisito motivo da notificação, a obra será embargada. Pelo exemplo exposto, é possível observar que a empresa que contratou a construtora é que sofre as consequências, pois a interditada é ela, e não a construtora. Portanto, vale ressaltar que, antes de contratar qualquer empresa, deve-se averiguar se ela está adequada e oferece condições necessárias ao atendimento das normas. FIQUE ALERTA NR 4 - SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO (SESMT): a implantação do SESMT depende da gradação do risco da atividade principal da empresa (Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE) e do número total de empregados do estabelecimento. Dependendo desses elementos, o SESMT deverá ser composto por um Engenheiro de Segurança do Trabalho, um Médico do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho, Auxiliar de Enfermagem do Trabalho, Técnico de Segurança do Trabalho, sendo todos estes, na condição de empregados da empresa. Conheça o símbolo da SESMT na figura, a seguir. (BRASIL, 2016a). 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 25 Segundo a NR 4 ainda, as empresas são obrigadas a constituir o SESMT, devendo exigir dos profissionais que o integram a comprovação o cumprimento dos seguintes requisitos: Figura 2 - Símbolo SESMT Fonte: SENAI (2017) Os profissionais integrantes do SESMT devem possuir formação e registro profissional em conformidade com o disposto na regulamentação da profissão e nos instrumentos normativos emitidos pelo respectivo Conselho Profissional, quando existente. (BRASIL, 2016) Você deve lembrar que o SESMT de sua empresa deverá ser cadastrado no site do MTE. http://trabalho. gov.br/seguranca-e-saude-no-trabalho/sistema-sesmt-servicos-especializados-em-engenharia-de-segu- ranca-e-em-medicina-do-trabalho. A NR 4 descreve detalhadamente o procedimento para o dimensiona- mento do SESMT. Para fazer o dimensionamento do SESMT, você deverá seguir os seguintes passos: a)Obter o cartão do CNPJ através do site da Receita Federal do Brasil. b)Verificar o cartão do CNPJ para buscar a Classificação Nacional da Atividade Econômica CNAE. c)Verificar o grau de risco da atividade na NR 4. d)Consultar o quadro II da NR 4, tomando como base o número de empregados e o grau de risco. CURIOSI DADES NR 5 - COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES (CIPA): é importante que você saiba que todas as empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, instituições beneficentes, cooperati- vas e clubes (desde que possuam empregados celetistas e dependendo do grau de risco da empresa e do número de empregados), são obrigadas a manter a CIPA. Pa tr ic ia M ar ci lio (2 01 7) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO26 Esse dimensionamento depende da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) e do número de empregados da empresa. (BRASIL, 2011b). O objetivo da CIPA é a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, tornando a atividade compatível com a preservação da saúde do trabalhador. Conheça a seguir o símbolo que representa a CIPA. Figura 3 - Símbolo CIPA Fonte: SENAI (2017) A CIPA é composta de representantes da empresa e representantes dos empregados. Os representan- tes dos empregadores serão por eles designados. Já os representantes dos empregados serão eleitos em escrutínio secreto, do qual participem, independentemente de filiação sindical, exclusivamente os empre- gados interessados. Isto vale para os titulares e os suplentes. O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de um ano, permitida uma reeleição. O empregador designará entre seus representantes o Presidente da CIPA, e os representantes dos em- pregados escolherão entre os titulares o vice-presidente. Esta norma estabelece como deverá funcionar a CIPA e as responsabilidades dos empregados, do em- pregador, do presidente e vice-presidente e do secretário. NR 6 - EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPIS): antes de abordar a norma de EPI, faz-se necessário lembrar que o EPI deve ser implantado como última alternativa para resolver o problema da exposição a riscos. Um bom profissional da área de segurança do trabalho deve estudar alternativas para a eliminação e o controle de riscos na fonte. (BRASIL, 2017a). Só quando não for possível essa eliminação e/ou controle, ou ainda, para complementar a proteção, é que se deve pensar na implantação do EPI. As empresas são obrigadas a fornecer, gratuitamente, aos seus empregados os EPIs, que são destina- dos a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador. Todo equipamento deve ter o Certificado de Aprovação (CA) do Ministério do Trabalho e Emprego. Além disso, a empresa que importa EPIs, também deverá ser registrada no Departamento de Segurança e Saúde do Trabalho (existindo para esse fim, todo um processo administrativo). Sa br in a Fa ria s (2 01 7) 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 27 Nesse sentido, é importante lembrar que o uso dos EPIs: a) não eliminam o risco; b) não evitam acidentes; c) podem evitar danos pessoais, se corretamente utilizados. Veja alguns exemplos na figura a seguir. Capacete de segurança Óculos de segurança Abafador de ruído Cinto de segurança Luvas de raspa Máscara filtradora Calça comprida Calçado fechado Obs: todos os equipamentos de segurança devem possuir certificado de autenticidade. Figura 4 - Equipamento de proteção individual – EPI Fonte: SENAI (2011) Dentre outras obrigações, o empregador deve adquirir o tipo adequado de EPI à atividade do emprega- do e fornecer ao empregado somente EPI aprovado pelo Ministério do Trabalho. Já o trabalhador tem, dentre as suas obrigações, o dever de usar o EPI apenas para a finalidade a que se destina e responsabilizar-se por sua guarda e conservação; É de fundamental importância que o Técnico de Segurança conheça e providencie a monitoração dos riscos existentes no ambiente de trabalho. Não se pode dimensionar um protetor auditivo, por exemplo, sem se conhecer qual é o nível de ruído existente no local de trabalho. D im itr i C am ar go (2 01 1) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO28 O Certificado de Aprovação - CA é um documento emitido pelo MTE que tem por finalidade avaliar e manter um padrão nos equipamentos de proteção. Para se obter um CA, o fabricante ou importador, deve enviar uma amostra do equipamento para um laboratório autorizado, que faz testes com esse equipamento e emite um laudo com as características do produto. Esse laudo é enviado ao MTE para emissão do CA do padrão dos equipamentos, que devem obedecer às especificações presentes no laudo. Para consultar o Certificado de Aprovação (CA), você deve acessar o site do Ministério do Trabalho e Previdência Social– MTPS através do link: http://caepi.mte. gov.br/internet/ConsultaCAInternet.aspx CURIOSI DADES NR 7 - PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL (PCMSO): estabelece que em- pregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados estão obrigados a elaborar e im- plementar o Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional – PCMSO. Este programa deve ter caráter preventivo, de rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos, das doenças profissionais e dos danos à saúde decorrentes do trabalho. Veja a figura que representa o PCMSO na sequência. (BRASIL, 2013a). Figura 5 - Médico do trabalho avaliando a saúde do trabalhador para retornar ao trabalho Fonte: iStock Os resultados dos exames realizados deverão gerar um Atestado de Saúde Ocupacional (ASO), que fica- rá arquivado na empresa do trabalhador examinado - inclusive frente de trabalho ou canteiro de obras - à disposição da fiscalização do trabalho. Além disso, uma via do ASO obrigatoriamente deverá ser entregue ao trabalhador. O programa de controle médico e saúde ocupacional tem como objetivo promover e preservar a saúde do conjunto dos trabalhadores. Observe, a seguir, os tipos de exames e procedimentos que podem fazer parte do programa. Exames clínicos: a) Admissional: antes que o trabalhador assuma as suas atividades. iS to ck ([ 20 -- ?] ) 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 29 b) Periódico: a cada seis meses, um ano, ou a cada dois anos, conforme a faixa etária dos trabalhadores e o tipo de exposição. c) Retorno ao Trabalho: no primeiro dia da volta ao trabalho, de todo empregado que esteve ausente por um período igual ou superior a 30 dias, por motivo de doença, acidente ou parto. d) Mudança de Função: sempre que houver alterações nas atividades do funcionário. e) Demissional: será obrigatoriamente realizada até a data da homologação. NR 8 – EDIFICAÇÕES Esta norma define os parâmetros para as edificações, observando a proteção contra a chuva, insolação excessiva ou falta de insolação. Os locais de trabalho devem ter, no mínimo, 3 metros de pé-direito (assim considerada a altura do piso ao teto). Devem-se observar as legislações pertinentes nos níveis federal, estadual e municipal. (BRASIL, 2011c) NR 9 - PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS (PPRA): o objetivo desta NR é a pre- servação da saúde e integridade do trabalhador, por meio da antecipação, da avaliação e do controle dos riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em vista a proteção ao meio ambiente e os recursos naturais. São levados em conta os agentes físicos, químicos e biológicos: a) Agentes biológicos – são considerados agentes biológicos: bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros. b) Agentes físicos - diversas formas de energia às quais os trabalhadores possam estar expostos, tais como: ruídos, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radia-ções ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom. c) Agentes químicos - substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no or- ganismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou por ingestão. (BRASIL, 2017b) iS to ck ([ 20 -- ?] ) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO30 Além desses agentes, há também os riscos ergonômicos e os riscos mecânicos. Esta norma determina que o PPRA deve estar descrito em um documento-base contendo todos os seus aspectos estruturais. Este documento, suas alterações e complementações deverão ser apresentadas e discutidas pela CIPA, sendo sua cópia anexada ao livro de atas desta Comissão, além de estar disponível às autoridades competentes. É importante manter esses dados no PPRA, para que as empresas não sofram ações de natureza civil por danos causados ao trabalhador, mantendo-se atualizados os Laudos Técnicos e o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP). CASOS E RELATOS O poder da lei – Fiscais do Ministério do Trabalho interditam quase metade da empresa Havia uma fábrica na região sul do Brasil com dezenas de máquinas, sendo a maioria delas prensas hidráulicas, que trabalhavam noite e dia para cumprir as metas de produção. As paradas destas máquinas para manutenção ou por motivos relacionados ao processo de produção impactavam fortemente nos resultados da empresa. Por apresentarem risco aos operadores, estas máquinas estavam em processo de adequação aos requisitos da NR 12. Ou seja, estava sendo programada a instalação de proteções e dispositivos de segurança para eliminar ou minimizar os riscos aos operadores. Em uma tarde ensolarada de terça-feira, a empresa recebeu uma visita inesperada. Eram fiscais do Ministério do Trabalho que realizaram uma verificação na qual foi constatado que, apesar da empresa estar em processo de adequação das máquinas, ainda haviam muitas máquinas que não cumpriam exigências descritas na NR 12. Naquela mesma tarde, foram interditadas cerca de 40% das máquinas e sua liberação somente seria feita após a adequação completa de todas elas. Então, a empresa formou uma equipe, do tipo força tarefa, para fazer com urgência a adequação. Após uma semana de muito trabalho, foram concluídas as adequações e as máquinas foram nova- mente verificadas e depois liberadas pelos fiscais. O resultado deste episódio foi o prejuízo pela perda de produção causada pela parada por uma semana, além do custo pontual e não previsto referente ao trabalho de adequação das máquinas. Este foi um exemplo do poder de um órgão fiscalizador com respaldo dos requisitos de uma NR e dos impactos de uma interdição em um processo produtivo. 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 31 NR 10 – SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE: trata das condições míni- mas para garantir a segurança daqueles que trabalham em instalações elétricas, em suas diversas etapas, incluindo: projeto, execução, operação, manutenção, reforma e ampliação, bem como os terceiros e os usuários. A figura que segue apresenta um exemplo de painel eletrônico, cuja operação do mesmo se encaixa nesta NR. (BRASIL, 2016b) Figura 6 - Trabalho em instalação elétrica Em linhas gerais, a NR 10 estabelece diretrizes básicas destinadas à implementação de medidas de con- trole e sistemas preventivos ao risco elétrico. A seguir são apresentados os principais itens que fazem parte da estrutura desta norma. a) Medidas de controle e proteção contra o risco elétrico e outros riscos adicionais; b) Projetos de instalações elétricas; c) Construção, montagem, operação e manutenção de instalações elétricas; d) Segurança em instalações elétricas desenergizadas; e) Segurança em instalações elétricas energizadas; f ) Trabalhos envolvendo alta tensão (AT); g) Habilitação, qualificação, capacitação e autorização dos trabalhadores; h) Proteção contra incêndio e explosão em instalações e equipamentos elétricos; i) Sinalização de segurança nas instalações e serviços que envolvem eletricidade; j) Procedimentos de trabalho para serviços em instalações elétricas; k) Situações de emergência que envolvam instalações ou serviços com eletricidade; l) Responsabilidades de contratantes e contratados Inseridos nestes itens da norma há uma série de requisitos específicos apresentados de forma detalha- da. Vale a pena fazer uma boa leitura desta NR. iS to ck ([ 20 -- ?] ) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO32 NR 11 - TRANSPORTE, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANUSEIO DE MATERIAIS: a norma aplica-se aos equipamentos de transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais, esta- belecendo critérios para sua construção (que deve oferecer resistência e segurança) e utilização. Na figura, a seguir, você pode observar um dos equipamentos de movimentação de cargas. (BRASIL, 2016c) Figura 7 - Equipamento de movimentaçãoe transporte Define também que “Os operadores de equipamentos de transporte motorizado deverão ser habilita- dos e só poderão dirigir se durante o horário de trabalho portarem um cartão de identificação, com o nome e fotografia, em lugar visível.” (BRASIL, 2016c). Veja, a seguir, no Casos e Relatos um exemplo de acidente envolvendo equipamentos de manuseio e descumprimento das Normas Regulamentadoras de segurança. CASOS E RELATOS Brincadeira fatal entre colegas leva empresa a indenizar herdeiros em r$ 100 mil A Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho entendeu que houve responsabilidade objetiva da empresa E. M. Ltda., em Nova Lima (MG), pela morte de um empregado em acidente ocorrido em suas dependências. Dessa forma, manteve decisão que condenou a empresa a indenizar em R$ 100 mil, por danos morais, os herdeiros do trabalhador. O acidente ocorreu fora do expediente normal, após a dispensa antecipada dos empregados devido a um jogo de futebol, e resultou de brincadeira entre colegas de trabalho, em que um deles conduziu uma escavadeira na direção dos outros que se encontravam no pátio e, num desfecho inesperado e trágico, um trabalhador foi atingido pela lâmina do equipamento e morreu decapitado. iS to ck ([ 20 -- ?] ) 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 33 No caso, o Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região valeu-se da previsão do Código Civil de que o empregador responde pelos atos de seus empregados, independentemente de culpa de sua parte. Em sua análise, majorou o valor da indenização por danos morais, de R$ 30 mil para R$ 100 mil, dada a grave repercussão do acidente (morte do trabalhador) e o número de pessoas lesadas (viúva e sete filhos). Na Quarta Turma, ainda que examinada a responsabilidade da empresa sob o enfoque puramente subjetivo, é clara sua culpa no acidente de trabalho. O empregador agiu com imprudência do de- ver geral de cautela, pois permitiu que empregados permanecessem no local de trabalho após o expediente, sem a supervisão de superior hierárquico e com livre acesso aos equipamentos da empresa, observou o relator. Sob esse enfoque, a Quarta Turma não acolheu o pedido do empregador de eximir-se de culpa no acidente e do dever de indenizar. Além da indenização, fixada em R$ 100 mil, foi assegurada aos herdeiros pensão mensal equivalente a um salário do empregado falecido. (MENDES, 2011). Mediante o exposto anteriormente, você pode perceber que, mesmo o empregado não estando traba- lhando, a empresa assume os riscos. Com tal exemplo, perceba o quanto é importante o treinamento para quem conduz esse tipo de equipamento. Lembre-se de que o treinamento deve ser realizado conforme prescreve a Norma. Além do treinamento, os operadores de equipamentos listados na norma devem passar, anualmente, por exames de saúde completos, por conta do empregador. A norma determina, ainda, que todos os transportadores industriais sejam permanentemente inspecio- nados e que peças defeituosas devem ser substituídas imediatamente. Essa norma também apresenta as distâncias e alturas seguras durante o armazenamento de materiais. NR 12 - SEGURANÇA NO TRABALHO EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS: a NR 12, recentemente atu- alizada pela Portaria MTb n.º 873, de 06 de julho de 2017, no item 12.1, define: [...] referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores e estabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos, e ainda à sua fabricação, importação, com- ercialização, exposição e cessão a qualquer título, em todas as atividades econômicas, sem prejuízo da observância do disposto nas demais Normas Regulamentadoras - NR aprovadas pela Portaria n.º 3.214, de 8 de junho de 1978, nas normas técnicas oficiais e, na ausência ou omissão destas, nas normas internacionais aplicáveis. (BRASIL, 2017c). ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO34 CASOS E RELATOS Metalúrgica Irene: acidente mutila mão de trabalhador Operador de prensa perdeu os quatro dedos da mão direita em acidente ocorrido em uma prensa sem as proteções determinadas pela convenção de prensas, na noite de quarta-feira, em uma Me- talúrgica de Diadema. “A empresa deve ser responsabilizada pela sua atitude negligente, pois fez a proteção com equi- pamentos inadequados que continuaram permitindo o acesso das mãos na área de prensagem”, disse Mauro Soares, diretor do Sindicato. A prensa que mutilou o trabalhador estava com proteções inadequadas e em desacordo com a convenção de proteção de prensas. A Delegacia Regional do Trabalho (DRT) e o Sindicato já haviam alertado várias vezes a empresa, mas ela não fez a proteção de forma adequada. “O acidente é fruto do descaso da direção da fábrica”, comentou. Mauro disse ainda, que a conven- ção de proteção de prensas existe há seis anos, mas não é respeitada por boa parte das empresas. “Este é o sexto acidente na categoria, que mutila trabalhador, em menos de 20 dias úteis, o que mostra a falta de adequação das máquinas”, afirmou. Para ele, a interdição é a ação mais eficiente para acabar com as mutilações de trabalhadores. Como exemplo, Mauro lembrou que, há 15 dias, fiscais da DRT interditaram 30 máquinas de outra empresa, a partir de fiscalização feita com o Sindicato. Com as máquinas interditadas, a empresa se apressou em colocar as proteções exigidas por lei e regularizar a sua situação. “A experiência mostra que as empresas se mexem rapidamente quando perdem dinheiro em decorrência da máquina parada”, concluiu. (CNM/CUT, 2008). Figura 8 - Sistema de proteção fixa iS to ck ([ 20 -- ?] ) 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 35 Mesmo esta norma estabelecendo os requisitos mínimos de utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos, ainda acontecem alguns acidentes. A nova - NR 12 traz em seu escopo 19 títulos de exigências a serem cumpridas, tanto por empresas fabricantes e comerciantes de máquinas e equipamentos, quanto pelas empresas usuárias destes. a) Princípios gerais. b) Arranjo físico e instalações. c) Instalações e dispositivos elétricos. d) Dispositivos de partida, acionamento e parada. e) Sistemas de segurança. f ) Dispositivos de parada de emergência. Veja um exemplo do dispositivo na figura a seguir. Figura 9 - Dispositivo de parada de emergência g) Meios de acesso permanentes. h) Componentes pressurizados. i) Transportadores de materiais. j) Aspectos ergonômicos. k) Riscos adicionais. l) Manutenção, inspeção, preparação, ajustes e reparos. m) Sinalização. Modelos de sinalizações você pode ver na figura apresentada na sequência. n) Manuais. o) Procedimentos de trabalho e segurança. p) Projeto, fabricação, importação, venda, leilão, locação, cessão a qualquer título e utilização. q) Capacitação. r) Outros requisitos específicos de segurança. iS to ck ([ 20 -- ?] ), A lis so n Ad ria no D hi en (2 01 7) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO36 s) Disposições finais. (BRASIL, 2017c). Figura 10 - Sinalização de segurança Nas disposições finais, aparece a necessidade da criação de um “Inventário”, conforme apresentado no item 12.153. “O empregador deve manter inventário atualizado das máquinas e equipamentos com identi- ficação por tipo, capacidade, sistemas de segurança e localização em planta baixa, elaborado por profissio- nal qualificado ou legalmente habilitado.” (BRASIL, 2017c). O inventário deve ser um dos primeiros documentos a ser elaborado para o atendimento dessa norma, pois, com ele, é possível ter um panorama da realidade da empresa, tais como, quantidade de máquinas existentes e sistemas de proteção já implantados. A seguir, você irá conhecer os temas tratados nos anexos da NR 12 que complementam as definições básicas e medidas de ordem geral para todas as máquinas: a) distâncias desegurança e requisitos para uso de detectores de presença opto- eletrônicos; b) conteúdo programático da capacitação; c) meios de acesso permanentes; d) glossário; e) motoserras; f ) máquinas para panificação e confeitaria; g) máquinas para açougue e mercearia; h) prensas e similares; i) injetoras de materiais plásticos; j) máquinas para fabricação de calçados e afins; k) máquinas e implementos para uso agrícola e florestal. l) equipamentos de Guindar para Elevação de Pessoas e Realização de Trabalho em Altura (BRASIL, 2017c). iS to ck ([ 20 -- ?] ) 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 37 Na NR 12 existe uma grande evolução, pois esta determina, já no seu primeiro item, a exigência de se projetar e construir a máquina ou o equipamento de forma segura. Desse modo, eliminam-se muitos pro- blemas na origem. Passando os prazos concedidos, todas as máquinas adquiridas nas empresas deverão estar em conformidade com essa norma, oferecendo segurança aos usuários. Cabe ao Técnico de Segurança conhecer essa norma, repassar informações à empresa, principalmente aos setores de manutenção e compras, para que possam fiscalizar a aquisição de máquinas seguras e exigir do fornecedor o cumprimento da legislação. NR 13 – CALDEIRAS, VASOS DE PRESSÃO E TUBULAÇÕES: esta norma estabelece “[...] requisitos mí- nimos para gestão da integridade estrutural de caldeiras a vapor, vasos de pressão e suas tubulações de interligação nos aspectos relacionados à instalação, inspeção, operação e manutenção, visando à segu- rança e à saúde dos trabalhadores”. (BRASIL, 2017d, p. 01). Na figura, a seguir, você pode verificar uma das caldeiras que tem sua inspeção regulamentada pela NR 13. Figura 11 - Caldeira flamotubular a gás O empregador é o responsável pela adoção das medidas determinadas nesta NR. O item 13.2.1 determi- na que esta norma deve ser aplicada aos seguintes equipamentos: a) todos os equipamentos enquadrados como caldeiras conforme item 13.4.1.1 e 13.4.1.2; b) vasos de pressão cujo produto P.V seja superior a 8 (oito), onde P é a pressão máxima de operação em kPa, em módulo, e V o seu volume interno em m³; c) vasos de pressão que contenham fluido da classe A, especificados no item 13.5.1.2, alínea “a”, independente das dimensões e do produto P.V; d) recipientes móveis com P.V superior a 8 (oito) ou com fluido da classe A, especificados no item 13.5.1.2, alínea “a”; e) tubulações ou sistemas de tubulação interligados a caldeiras ou vasos de pressão, ca- tegorizados conforme itens 13.4.1.2 e 13.5.1.2, que contenham fluidos de classe A ou B conforme item 13.5.1.2, alínea “a” desta NR. (BRASIL, 2017d, p. 01). iS to ck ([ 20 -- ?] ) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO38 Conheça na figura, a seguir, um exemplo de tubulação de gás de acordo com a norma citada. Figura 12 - Tubulação de gás Para efetuar a multiplicação dos valores de pressão e volume, mencionados anteriormente, devem ser utilizadas sempre as seguintes unidades de medida: a) Considerar volume em m³. b) Considerar pressão em kPa. Acompanhe a tabela de conversão a seguir. CONVERSÃO DE UNIDADES DE PRESSÃO UNIDADES DE PRESSÃO KGF/CM² KPA kgf/cm² 1 98,07 KPa 101,97 1 Tabela 1 - Conversão de unidades de pressão Fonte: SENAI (2017) Para a aplicação dos requisitos da NR 13 em vasos de pressão, um dos primeiros passos é a identificação da categoria do vaso. Para isso, além do resultado do produto pressão vezes volume, é necessário identi- ficar a classe do fluido que está contido no vaso. Para obter mais detalhes sobre as classes de fluido, você deve consultar o item 13.5.1.2 da NR 13. Conforme o item 13.3.1 da NR 13 BRASIL, 2017d, p. 02), “Constitui condição de risco grave e iminente - RGI o não cumprimento de qualquer item previsto nesta NR que possa causar acidente ou doença relacio- nada ao trabalho, com lesão grave à integridade física do trabalhador [...]”, nos seguintes casos: a) operação de equipamentos abrangidos por esta NR sem os dispositivos de segurança previstos conforme itens 13.4.1.3.a, 13.5.1.3.a e 13.6.1.2; b) atraso na inspeção de segurança periódica de caldeiras; c) bloqueio de dispositivos de segurança de caldeiras, vasos de pressão e tubulações, sem a devida justificativa técnica baseada em códigos, normas ou procedimentos for- mais de operação do equipamento; iS to ck ([ 20 -- ?] ) 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 39 d) ausência de dispositivo operacional de controle do nível de água de caldeira; e) operação de equipamento enquadrado nesta NR com deterioração atestada por meio de recomendação de sua retirada de operação constante de parecer conclusivo em relatório de inspeção de segurança, de acordo com seu respectivo código de pro- jeto ou de adequação ao uso; f ) operação de caldeira por trabalhador que não atenda aos requisitos estabelecidos no Anexo I desta NR, ou que não esteja sob supervisão, acompanhamento ou assistência específica de operador qualificado. (BRASIL, 2017d, p. 02). É importante que você saiba que caldeiras, vasos de pressão e tubulações contidas na abrangência des- ta norma devem ser submetidas a inspeções de segurança inicial, periódica e extraordinária. A frequência da inspeção periódica é determinada conforme a classificação da caldeira, vaso de pressão e tubulações. Um exemplo de vasos de pressão pode ser observado na figura que segue. Figura 13 - Vasos de pressão – Reservatório de ar comprimido Os vasos de pressão são equipamentos que contêm fluidos sob pressão interna ou externa, diferente da atmosférica. Para efeito desta NR, os vasos de pressão são classificados em categorias segundo a classe de fluido (A, B, C e D) e também classificado em grupos de potencial de risco em função do produto PV, onde P é a pressão máxima de operação em MPa e V o seu volume em m3, conforme segue: Grupo 1 - P.V ≥ 100 Grupo 2 - P.V < 100 e P.V ≥ 30 Grupo 3 - P.V < 30 e P.V ≥ 2,5 Grupo 4 - P.V < 2,5 e P.V ≥ 1 Grupo 5 - P.V < 1 Para classificar os vasos de pressão de acordo com o seu potencial de risco, deve-se efetuar o produto P x V, e o valor da pressão deve estar expresso na unidade Mpa. iS to ck ([ 20 -- ?] ) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO40 Para facilitar a conversão das unidades de pressão, observe a tabela a seguir. CONVERSÃO DE UNIDADES DE PRESSÃO UNIDADES DE PRESSÃO BAR KGF/CM² MPA PSI Bar 1 1,02 0,1 14,5 kgf/cm² 0,98 1 0,1 14,22 MPa 10 101.971,6 1 145,04 psi 0,07 0,07 0,01 1 Tabela 2 - Conversão de unidades de pressão Fonte: SENAI (2017) Você também precisa saber que as tubulações ou sistemas de tubulação devem possuir dispositivos de segurança conforme os critérios do código de projeto utilizado, ou em atendimento às recomendações de estudo de análises de cenários de falhas. Bem como, devem ser identificadas segundo padronização formalmente instituída pelo estabelecimento, e sinalizadas conforme a NR 26. (BRASIL, 2015a). NR 14 – FORNOS: esta NR define os parâmetros para a instalação de fornos, os cuidados com gases, chamas e líquidos. (BRASIL, 1983b). Um exemplo de forno regulamentado por essa NR é o apresentado na figura a seguir. Figura 14 - Forno Em relação a este assunto, é importante que você observe também as legislações pertinentes nos níveis federal, estadual e municipal. NR 15 - ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES: considerada atividade insalubre, quando ocorre além dos limites de tolerância, isto é: intensidade, natureza e tempo de exposição ao agente que causará dano à saúde do trabalhador durante a sua vida laboral. As atividades insalubres estão contidas nos anexos da Norma e são considerados como agentes: ruído contínuo ou permanente; ruído de impacto; tolerância para exposição ao calor; radiações ionizantes e não ionizantes; trabalho sob condições hiperbáricas; vibrações; frio; umidade; agentes biológicos; benzeno; agentes químicos e poeiras minerais. (BRASIL, 2014a). iS to ck ([ 20 -- ?] ) 2LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 41 Na figura, a seguir, você pode observar o aparato de segurança utilizado em uma das atividades insalubres. Figura 15 - Atividades e operações insalubres Fonte: SENAI (2011) Tanto a NR 15 quanto a NR 16 dependem de perícia, ficando a cargo do médico ou do engenheiro do trabalho, devidamente credenciados no MTE, fazer a perícia. Segundo o artigo 189 da CLT (BRASIL, 1943), serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e também do tempo de exposição aos seus efeitos. CARACTERÍSTICAS: a insalubridade tem características decorrentes de agentes físicos, químicos e biológicos. Figura 16 - Caracterização da insalubridade Fonte: SENAI (2017) iS to ck ([ 20 -- ?] ) Pa tr ic ia M ar ci lio (2 01 7) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO42 LIMITES DA TOLERÂNCIA: são parâmetros estabelecidos que indicam a intensidade do agente à qual a maioria dos trabalhadores pode estar exposta sem causar danos à saúde, dia após dia, durante toda a vida. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE: a cada nível de insalubridade, é acrescido um adicional ao salário do colaborador, nas seguintes proporções: a) 10% do salário mínimo para grau mínimo. b) 20% do salário mínimo para grau médio. c) 40% do salário mínimo para grau máximo. ELIMINAÇÃO OU NEUTRALIZAÇÃO DA INSALUBRIDADE: um dos objetivos é a eliminação ou a neutrali- zação da insalubridade, que consistem em: a) Eliminação: mantendo a exposição aos agentes de risco dentro dos limites de tolerância. b) Neutralização: proteção do trabalhador exposto. A figura, a seguir, apresenta um exemplo de atividade insalubre. Figura 17 - Atividade insalubre Algumas recomendações para sua prática como Técnico em Segurança do Trabalho são: acompanhar a elaboração do Laudo Técnico de Insalubridade e Periculosidade e atentar para os controles recomendados no Laudo. NR 16 - ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS: a NR 16 define os critérios técnicos e legais para ava- liar e caracterizar as atividades e operações perigosas e o adicional de periculosidade devido. O exercício de trabalho em condições de periculosidade assegura ao trabalhador a percepção de adicio- nal de 30% (trinta por cento), incidente sobre o salário. (BRASIL, 2015b). A NR 16 estabelece os procedimentos nas atividades exercidas pelos trabalhadores que manuseiam e/ ou transportam explosivos ou produtos químicos, classificados como: inflamáveis, substâncias radioativas e serviços de operação e manutenção. A seguir, conheça algumas recomendações que você, como Técnico em Segurança do Trabalho, deve seguir com relação à NR 16. iS to ck ([ 20 -- ?] ) 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 43 a) Fazer um bom controle de acesso aos produtos perigosos (inflamáveis e explosivos). b) Não permitir que pessoas não autorizadas realizem atividades perigosas. (Ex.: contato com eletrici- dade) c) Priorizar essas atividades na elaboração de análise de risco e ordem de serviço. d) Realizar constantes treinamentos para as pessoas que realizam essas atividades. (BRASIL, 2015b). Para aprofundar seus conhecimentos leia atentamente a NR 16 e seus anexos. NR 17 – ERGONOMIA: esta norma estabelece os parâmetros que permitem a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas. (BRASIL, 2007). Veja na imagem a seguir um exemplo de estação de trabalho. Figura 18 - Ergonomia aplicada ao posto de trabalho Fonte: SENAI (2011) A NR 17 tem como objetivo estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de traba- lho às características psicofisiológicas, das máquinas, ambiente, comunicações dos elementos do sistema, informações, processamento, tomada de decisões, organização e consequências do trabalho dos trabalha- dores, de modo a proporcionar o máximo de conforto, segurança e eficiência. Aborda também os aspectos de levantamento, transporte e descarga de materiais, além de mobiliário, equipamentos e condições ambientais do posto de trabalho e organização do trabalho. D ie go F er na nd es (2 01 1) , P at ric ia M ar ci lio (2 01 7) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO44 Em relação às doenças decorrentes do trabalho, o termo DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) é muito mais abrangente que o termo LER (Lesão por Esforço Repetitivo), constante hoje das relações de doenças profissionais da Previdência. Assim é possível concluir que a aplicação desta norma é fundamental para a saúde e segurança do trabalhador. Além disso, a ergonomia possibilita o aumento da produtividade através da melhoria das con- dições para execução do trabalho. NR 18 - CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO: o Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho (PCMAT) é o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais da Construção Civil. Resume-se ao elenco de providências a serem executadas, em função do cronograma de uma obra, levando-se em conta os riscos de acidentes e doenças do trabalho e as suas respectivas medidas de segurança. (BRASIL, 2015c). A figura, a seguir, apresenta um exemplo do trabalho na construção civil. Figura 19 - Trabalho na construção Veja, a seguir, algumas recomendações relacionadas a essa NR. a) As atividades na construção civil causam muitos acidentes e mortes no Brasil. Por isso, deve-se ficar atento às recomendações da NR 18. b) Fazer integração com todos os terceiros antes de iniciar qualquer atividade na empresa, bem como verificar a documentação necessária para a atividade (ex.: ASO, Ficha de EPI, se o terceiro é regis- trado, se tem os cursos para executar a atividade para qual foi contratado, entre outros). c) Você deve elaborar permissão de trabalho para os serviços em altura, espaço confinado, demolição, escavações e trabalhos em telhados. d) Cuidar com trabalhos com serra circular, betoneira, entre outras. (BRASIL, 2015c). NR 19 – EXPLOSIVOS: esta norma define explosivo o material ou substância que, quando iniciada, sofre decomposição muito rápida em produtos mais estáveis, com grande liberação de calor e desenvolvimento súbito de pressão. iS to ck ([ 20 -- ?] ) 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 45 Veja, a seguir, um exemplo dos explosivos regulamentados por esta NR. (BRASIL, 2011d). Figura 20 - Dinamite utilizada em detonação Os requisitos desta norma abrangem aspectos de fabricação, armazenamento e transporte de ex- plosivos. Por exemplo: a proibição da fabricação de explosivos no perímetro urbano de cidades, vilas ou povoados. Portanto, se for exercer a função de Técnico de Segurança em empresas que trabalham com explosivos, fique atendo a estas normatizações, para garantir a segurança dos envolvidos no processo e da comunida- de do entorno. NR 20 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO COM LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS E COMBUSTÍVEIS: a aplicação desta NR tem como abrangência as atividades de: a) Extração, produção, armazenamento, transferência, manuseio e manipulação de in- flamáveis, nas etapas de projeto, construção, montagem, operação, manutenção, ins- peção e desativação da instalação; b) Extração, produção, armazenamento, transferência e manuseio de líquidos com- bustíveis, nas etapas de projeto, construção, montagem, operação, manutenção, in- speção e desativação da instalação. (BRASIL, 2017e). iS to ck ([ 20 -- ?] ) iS to ck ([ 20 -- ?] ) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO46 Esta NR também estabelece requisitos mínimos para a gestão da segurança e saúde no trabalho contra os fatores de risco de acidentes provenientes das atividades de extração, produção, armazenamento, trans- ferência, manuseio e manipulação de inflamáveis e líquidos combustíveis. Figura 21 - Pictograma para líquidos inflamáveisAgora você vai conhecer importantes definições desta norma: a) Líquidos inflamáveis: são líquidos que possuem ponto de fulgor1 ≤ 60º C. b) Gases inflamáveis: gases que inflamam com o ar a 20º C e a uma pressão padrão de 101,3 kPa. c) Líquidos combustíveis: são líquidos com ponto de fulgor > 60º C e ≤ 93º C São tratados nesta norma os seguintes aspectos específicos: a) Classificação e projeto das instalações. b) Segurança na construção, montagem e operação. c) Manutenção e inspeção das instalações. d) Inspeção em segurança e saúde no ambiente de trabalho. e) Análise de riscos. f ) Capacitação dos trabalhadores. g) Prevenção e controle de vazamentos, derramamentos, incêndios, explosões e emissões fugitivas. h) Controle de fontes de ignição. i) Plano de resposta a emergências da instalação. j) Comunicação de ocorrências. k) Contratante e contratadas. l) Tanque de líquidos inflamáveis no interior de edifícios. 1 Menor temperatura de um líquido ou sólido na qual um combustível libera vapores em quantidade suficiente para, misturados ao ar atmosférico e na presença de uma fonte de ignição, iniciar uma reação de combustão. iS to ck ([ 20 -- ?] ) 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 47 m) Desativação da instalação. n) Prontuário da instalação. (BRASIL, 2017e). NR 21 - TRABALHO A CÉU ABERTO: essa norma, define o tipo de proteção aos trabalhadores que tra- balham sem abrigo, contra intempéries (insolação, condições sanitárias, água, etc.). Um exemplo pode ser visto na figura a seguir. (BRASIL, 1999a). Os locais de trabalho deverão ser mantidos em condições sanitárias compatíveis com o gênero de ativi- dade e dentro das obrigações de segurança. NR 22 - SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL NA MINERAÇÃO: esta NR destina-se aos trabalhos em minerações subterrâneas ou a céu aberto, garimpos, beneficiamento de minerais e pesquisa mineral, com o objetivo de disciplinar os preceitos a serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento da atividade, buscando a segurança e saúde dos trabalhadores. Esta NR trata também da responsabilidade da empresa e do permissionário de lavra garimpeira, além das responsabilidades e direitos dos trabalhadores. (BRASIL, 2016d). Além dos requisitos definidos nesta NR, a atividade de mineração possui várias outras legislações com- plementares e é importante sempre consultá-las, para adequar e orientar corretamente os colaboradores. iS to ck ([ 20 -- ?] ) iS to ck ([ 20 -- ?] ) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO48 NR 23 - PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS: todas as empresas devem possuir proteção contra incên- dio, como saídas para retirada de pessoal em serviço e/ou público, pessoal treinado e equipamentos. As empresas devem sempre observar as normas do Corpo de Bombeiros, do Estado onde mantém as suas atividades. (BRASIL, 2011e). Além disso, é importante a consulta aos documentos da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. NR 24 - CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE CONFORTO NOS LOCAIS DO TRABALHO: todo estabeleci- mento deve atender às denominações desta norma, que o próprio nome contempla. Cabe à CIPA e/ou ao SESMT, se houver, a observância de tal norma. Deve-se observar, também, nas Convenções Coletivas de Trabalho de sua categoria, se existe algum item sobre o assunto. (BRASIL, 1993). NR 25 - RESÍDUOS INDUSTRIAIS: trata da eliminação dos resíduos gasosos, sólidos, líquidos de alta toxidade, periculosidade, risco biológico, radioativo. (BRASIL, 2011f ). As empresas/indústrias devem buscar a redução da geração de resíduos por meio da adoção das me- lhores práticas tecnológicas e organizacionais disponíveis, observando as disposições contidas na NR 15 e legislações pertinentes nos níveis federal, estadual e municipal. iS to ck ([ 20 -- ?] ) iS to ck ([ 20 -- ?] ) 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 49 NR 26 - SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA: determina a utilização de cores para segurança em estabele- cimentos ou locais de trabalho, a fim de indicar e advertir acerca dos riscos existentes, identificar os equi- pamentos de segurança, além de delimitar áreas, identificar tubulações empregadas para a condução de líquidos e gases e advertir contra riscos, sempre atendendo ao disposto nas normas técnicas oficiais. A utilização de cores não dispensa o emprego de outras formas de prevenção de acidentes. (BRASIL, 2015a). A norma estabelece que o produto químico utilizado no local de trabalho deve ser classificado quan- to aos perigos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos (GHS), da Organização das Nações Unidas. Observe, na figura, algumas sinalizações de segurança. Figura 22 - Sinalização de segurança Fonte: SENAI (2011) NR 27 - REGISTRO PROFISSIONAL DO TÉCNICO DE SEGURANÇA DO TRABALHO NO MTB: esta norma foi revogada pela portaria n.º 262, de 29 de maio de 2008. Atualmente, o Técnico de Segurança recebe o registro da sua condição profissional diretamente em sua Carteira de Trabalho. Basta levar os documentos de identidade e comprovação do curso Técnico de Segurança do Trabalho a uma unidade de atendimento da Superintendência Regional do Trabalho. (BRASIL, 2008a). NR 28 - FISCALIZAÇÃO E PENALIDADES: toda Norma Regulamentadora possui uma gradação de mul- tas para cada item das normas. Essas gradações são divididas por número de empregados, risco na segu- rança e risco em medicina do trabalho. (BRASIL, 2017f ). iS to ck ([ 20 -- ?] ), A nt on io M ee s (2 01 7) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO50 O agente da fiscalização, baseado em critérios técnicos, autua o estabelecimento, faz a notificação, con- cede prazo para a regularização e/ou defesa. A fiscalização é realizada in loco. Quando constatar situações graves e/ou iminentes de risco à saúde e à integridade física do trabalha- dor, a autoridade regional propõe a imediata interdição do estabelecimento. As multas previstas na NR 28 são aplicadas por item descumprido, de acordo com a gravidade da situa- ção encontrada, a existência de reincidência e a quantidade de empregados da empresa. Esta norma também permite a concessão de prazos para regularização de algumas exigências de saúde e segurança no trabalho, de acordo com critérios definidos, e estabelece os procedimentos necessários para o embargo e a interdição. No anexo II da NR 28, é possível observar cada item da norma e seus respectivos códigos e grau da infração. (BRASIL, 2017f ). NR 29 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO PORTUÁRIO: esta NR tem por objetivo a proteção obri- gatória contra acidentes e doenças profissionais, facilitar os primeiros socorros a acidentados e alcançar as melhores condições possíveis de segurança e saúde aos trabalhadores portuários [...]” e de instalações por- tuárias de uso privativo e retroportuárias (situadas dentro ou fora da área do porto organizado). (BRASIL, 2014b). iS to ck ([ 20 -- ?] ) iS to ck ([ 20 -- ?] ) 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 51 São abordados neste documento os aspectos relacionados à: a) Organização da Área de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário. Serviço Especializado em Segurança e Saúde do Trabalhador Portuário – SESSTP. b) Comissão de Prevenção de Acidentes no Trabalho Portuário - CPATP Segurança, higiene e saúde no trabalho portuário. Você irá observar que esta norma é específica quanto à adoção de medidas de prevenção de acidentes nas atividades de atracação, desatracação e manobras de embarcações. Sendo assim, são evidenciados os cuidados especiais aos riscos de prensagem, batidas e esforços excessivos dos trabalhadores. Há também requisitos relacionados ao eslingamento e deseslingamento de cargas, bem como trans- porte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais, sinalização de segurança, iluminação dos locais de trabalho, dentreoutros. NR 30 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO AQUAVIÁRIO: esta norma aplica-se aos trabalhadores das embarcações comerciais nacionais e estrangeiras, no limite do disposto na Convenção da OIT nº 147 – Normas Mínimas para Marinha Mercante, utilizadas no transporte de mercadorias ou de passageiros, inclusive naquelas usadas na prestação de serviços, seja na navegação marítima de longo curso, na de cabotagem, na navegação interior, de apoio marítimo e portuário, bem como, em plataformas marítimas e fluviais quando em deslocamento. (BRASIL, 2014c). Figura 23 - Trabalho aquaviário Nesta NR, são determinadas as competências dos armadores e dos trabalhadores. Também são definidas a composição, as atribuições e a finalidade do Grupo de Segurança e Saúde do Trabalho a Bordo – GSSTB. NR 31 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA AGRICULTURA, PECUÁRIA, SILVICULTURA, EXPLORAÇÃO FLORESTAL E AQUICULTURA: esta NR tem como objetivo estabelecer os preceitos a serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura, com segurança e saúde para os trabalhadores e cuidados ao meio ambiente do trabalho. (BRASIL, 2013b). iS to ck ([ 20 -- ?] ) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO52 A definição, coordenação, orientação e implementação da política nacional em segurança e saúde no trabalho rural é de competência da Secretaria de Inspeção do Trabalho - SIT, através do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho – DSST. Ainda são tratados pela NR 31 os aspectos específicos relacionados aos seguintes itens: a) Agrotóxicos, Adjuvantes e Produtos Afins. b) Meio Ambiente e Resíduos. c) Ergonomia. d) Ferramentas Manuais. e) Segurança no Trabalho em Máquinas e Implementos Agrícolas. f ) Secadores. g) Silos. h) Transporte de Cargas. i) Trabalho com Animais. j) Medidas de Proteção Pessoal. NR 32 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOS DE SAÚDE: a finalidade desta NR é esta- belecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos tra- balhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral. (BRASIL, 2011g). Observe, a seguir, os aspectos específicos relacionados a área da saúde determinados nesta norma. a) Riscos Biológicos. b) Riscos Químicos. c) Das Radiações Ionizantes. d) Do Serviço de Medicina Nuclear. iS to ck ([ 20 -- ?] ) 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 53 e) Dos Resíduos. f ) Condições de Conforto por Ocasião das Refeições. g) Das Lavanderias. h) Limpeza e manutenção. NR 33 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM ESPAÇOS CONFINADOS: esta norma tem como objetivo estabelecer os requisitos mínimos para identificação de espaços confinados e o reconhecimento, a avaliação, o monitoramento e o controle dos riscos existentes, de forma a garantir permanentemente a segurança e a saúde dos trabalhadores que interagem direta ou indiretamente nesses espaços. Mas, como saber se determinado local é ou não é um espaço confinado? Conforme a NR 33, “Espaço Confinado é qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação hu- mana contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou enriquecimento de oxigênio.” (BRASIL, 2012). iS to ck ([ 20 -- ?] ) iS to ck ([ 20 -- ?] ) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO54 A norma estabelece a necessidade de duas funções de grande importância para a segurança no traba- lho em espaços confinados: o vigia e o supervisor de entrada, os quais têm responsabilidades específicas e requerem treinamento adequado as exigências desta norma. Há também as obrigações dos empregados e do empregador. Além disso, a norma determina uma série de requisitos referentes aos seguintes tópicos: a) Gestão de segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados. b) Medidas técnicas de prevenção. c) Medidas administrativas. d) Permissão de Entrada e Trabalho. e) Medidas Pessoais. f ) Capacitação para trabalhos em espaços confinados. g) Emergência e Salvamento. NR 34 - CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL: esta norma estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção à segurança, à saúde e ao meio ambiente de trabalho nas atividades da indústria de construção e reparação naval. (BRASIL, 2017g). A norma NR 34 aborda os seguintes temas: a) Objetivo e campo de aplicação. b) Responsabilidades. c) Capacitação e treinamento. d) Documentação. e) Trabalho a quente. f ) Trabalho em altura. g) Trabalho com exposição a radiações ionizantes. iS to ck ([ 20 -- ?] ) 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 55 h) Trabalhos de jateamento e hidrojateamento. i) Atividades de pintura. j) Movimentação de cargas. k) Montagem e desmontagem de andaimes. l) Equipamentos portáteis. m) Instalações elétricas provisórias. n) Testes de estanqueidade. o) Disposições finais. p) Glossário. NR 35 – TRABALHO EM ALTURA: a NR 35 “[...] estabelece os requisitos mínimos e as medidas de prote- ção para o trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com esta atividade.” (BRASIL, 2016e, p. 01). Mas, como é possível identificar se determinada atividade se enquadra como trabalho em altura? Conforme esta NR, toda atividade executada acima de 2,00 m (dois metros) do nível inferior e onde haja risco de queda é considerada trabalho em altura. Determina ainda a necessidade de haver capacitação e treinamento dos trabalhadores e também o planejamento, organização e execução deste tipo de trabalho, que deverá ser efetuada por trabalhador capacitado e autorizado. Todo trabalho rotineiro em altura deve ser precedido de Análise de Risco. Já as atividades de trabalho em altura não rotineiras devem ser previamente autorizadas mediante Permissão de Trabalho. As medidas de controle devem ser evidenciadas nestes documentos. iS to ck ([ 20 -- ?] ) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO56 Segundo a NR 35, é obrigatória a utilização de sistema de proteção contra quedas sempre que não for possível evitar o trabalho em altura. Este sistema deve: a) ser adequado à tarefa a ser executada; b) ser selecionado de acordo com Análise de Risco, considerando, além dos riscos a que o trabalhador está exposto, os riscos adicionais; c) ser selecionado por profissional qualificado em segurança do trabalho; d) ter resistência para suportar a força máxima aplicável prevista quando de uma queda; e) atender às normas técnicas nacionais ou na sua inexistência às normas internacionais aplicáveis; f ) ter todos os seus elementos compatíveis e submetidos a uma sistemática de inspeção. (BRASIL, 2016e, p. 04). NR 36 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM EMPRESAS DE ABATE E PROCESSAMENTO DE CARNES E DERIVADOS: o objetivo desta norma é “[...] estabelecer os requisitos mínimos para a avaliação, controle e monitoramento dos riscos existentes nas atividades desenvolvidas na indústria de abate e pro- cessamento de carnes e derivados destinados ao consumo humano, de forma a garantir permanentemen- te a segurança, a saúde e a qualidade de vida no trabalho, sem prejuízo da observância do disposto nas demais Normas Regulamentadoras - NR do Ministério do Trabalho e Emprego.” (BRASIL, 2016f ). Esta NR determina também requisitos específicos relacionados aos seguintes tópicos: a) Mobiliário e postos de trabalho. b) Estrados, passarelas e plataformas. c) Manuseio de produtos. d) Levantamento e transporte de produtos e cargas. e) Recepção e descarga de animais. f ) Máquinas, equipamentos e ferramentas. g) Condições ambientais de trabalho. iS to ck ([ 20-- ?] ) 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 57 h) Gerenciamento dos riscos. i) Organização temporal do trabalho. j) Organização das atividades. k) Análise Ergonômica do Trabalho. É muito importante você conhecer todo o conteúdo destas Normas. Para tanto, acesse o Portal do Ministério do Trabalho e Emprego. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/ index.php/seguranca-e-saude-no-trabalho/normatizacao/normas-regulamentadoras> SAIBA MAIS Para tornar mais claro todo o assunto estudado até o momento, acompanhe o relato a seguir, que permiti- rá a você refletir sobre a importância do cumprimento das leis do trabalho. CASOS E RELATOS Vamos respeitar a lei! Sabe-se que um dos fatores de acidentes presentes nos locais de trabalho são as condições inade- quadas, responsáveis por grande número de acidentes de trabalho, além do grande fator presente nas reclamatórias trabalhistas, em que, dependendo do acidente ou ocorrência, muitos casos vão parar na justiça para que seja acordado algo entre as partes envolvidas. Diante desta situação, o que precisa ficar claro em qualquer empresa é a aplicação de todas as Nor- mas Regulamentadores criadas a partir da Lei nº 3.214, de 08 de junho de 1978 e suas respectivas alterações/atualizações, pois cada uma tem uma parcela e deve ser cumprida tanto por funcionári- os quanto pela empresa. Por isso, deve estar bem claro para a área de segurança que, em situações de uso obrigatório, por exemplo, do protetor auricular em um ambiente no qual o ruído está acima do permitido, este deve ser utilizado por todos. Ou, mesmo em um trabalho em que é obrigatório o uso de cinto de segurança acima de dois metros, conforme norma da empresa, este deve ser exigido. Ressaltando que o não uso por parte do funcionário dos EPIs deve ser considerado como um ato ilícito e passível de punição. Você percebeu o quanto as leis podem garantir qualidade de vida aos trabalhadores? Isso mesmo, basta que sejam cumpridas por empregados e empregadores. O próximo assunto também merece sua atenção. A seguir, serão apresentadas as notas técnicas aplicadas à saúde, segurança e meio ambiente do trabalho. ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO58 2.2 NOTAS TÉCNICAS APLICADAS À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO Ao ler um texto, podem surgir dúvidas e também interpretações distintas de um mesmo trecho lido por pessoas diferentes. Em relação às leis, isto também pode acontecer e, para que não haja impasse em questões legais ou aplicação equivocada dos requisitos legais, é preciso que haja esclarecimentos. Nem todos os aspectos de uma lei ou norma são facilmente interpretados. Podem ocorrer situações em que haja dúvidas na interpretação e aplicação da legislação. As interpretações também podem variar de acordo com os interesses das pessoas ou instituições envolvidas. É muito importante você conhecer as Normativas completas para melhor entendimento. Para tanto, acesse o Portal do Ministério do Trabalho e Emprego. Disponível em: http:// acesso.mte.gov.br/legislacao/notas-tecnicas.htm SAIBA MAIS As notas técnicas são um meio documentado para esclarecimentos e recomendações relacionadas a uma determinada lei. São documentos oficiais, emitidos pelo Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho – DSST e publicados pelo Ministério do Trabalho. Portanto, estas notas têm força de lei e são elaboradas com o objetivo de esclarecer, orientar e recomendar questões e dúvidas relacionadas à inter- pretação e aplicação da legislação referente à segurança e saúde no trabalho. As normas podem ser in- ternacionais, nacionais e até mesmo estaduais os municipais, todas devem ser amplamente conhecidas, sempre tendo como base a empresa que se irá atuar. Conheça agora as normas brasileiras. 2.3 NORMAS BRASILEIRAS Conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, as normas “[...] asseguram as característi- cas desejáveis de produtos e serviços, como “qualidade, segurança, confiabilidade, eficiência, intercambia- lidade, bem como respeito ambiental – e tudo isto a um custo econômico.” (ABNT, 2017) Quando os produtos e serviços atendem às expectativas, tende-se a tomar isso como certo e a não ter consciência do papel das normas. No entanto, rapidamente a preocupação surge quando produtos se mostram de má qualidade, não se encaixam, são incompatíveis com equipamentos que já se têm, não são confiáveis ou são perigosos. Quando os produtos, sistemas, máquinas e dispositivos trabalham bem e com segurança, quase sempre é por que eles atendem às normas. Mattos et al. (2011) comenta que as normas brasileiras são designadas de Normas Regulamentadoras – NR. Relativas à segurança e medicina do trabalho, são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 59 Desta forma, o não cumprimento das Normas Regulamentadoras por parte da empresa e dos traba- lhadores os sujeitam às penalidades previstas na Seção XVI da CLT, com multas previstas na NR 28 e, em últimos casos, com embargo ou interdição descritos na NR 3. Você já estudou que as NRs foram elaboradas para tratar questões de saúde e segurança no trabalho, levando em conta aspectos específicos do local de trabalho e da função que o trabalhador exerce. No entanto, apesar de serem específicas, as NRs podem não oferecer as informações técnicas necessárias. Para complementar a fonte de informações, são consultadas também as Normas Técnicas. As Normas Técnicas Brasileiras são aprovadas e emitidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Esta é uma entidade privada, reconhecida como o órgão responsável pela normalização técnica no país, conforme a Resolução nº 07 do CONMETRO, de 24 de agosto de 1992. Figura 24 - Símbolo da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT Fonte: ABNT (2017) Segundo a ABNT, as Normas Brasileiras (NBRs) são documentos estabelecidos por consenso e aprovados por um organismo reconhecido, que fornece regras, diretrizes ou características mínimas para atividades ou para seus resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto. Estas normas são de uso voluntário. Isto significa que não são obrigatórias por lei. Uma norma técnica da ABNT passa a ter seu cumprimento obrigatório quando exigido por um disposi- tivo legal, como o código de defesa do consumidor. As normas técnicas tornam o desenvolvimento, a fabricação e o fornecimento de produtos e serviços mais eficientes, mais seguros e mais limpos. Também fornecem aos governos uma base técnica para saúde, segurança e legislação ambiental e avaliação da conformidade, além de compartilhar os avanços tecnoló- gicos e a boa prática de gestão. Em situações específicas, para que você possa obter informações técnicas através de uma fonte confiável, vale a pena consultar as NBRs relacionadas ao assunto em questão. Para isso, acesse o site da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Disponível em: <http://www.abnt.org.br/>. SAIBA MAIS A BN T ([2 0- -? ]) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO60 Na área de saúde e segurança do trabalho, as NBRs, quando não são exigidas por um dispositivo legal, servem como complemento e referência para apoiar orientações técnicas específicas. São exemplos disso a NBR 16577 - Espaço confinado - Prevenção de acidentes, procedimentos e medidas de proteção (ABNT, 2017) e a NBR 16325-1 - Proteção contra quedas de altura - Parte 1: Dispositivos de ancoragem tipos A, B e D (ANBT, 2014). Outro fator importante quanto se fala de regulamentação é a legislação trabalhista e previdenciária, que você irá acompanhar na sequência. 2.4 LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA Conhecer a legislação permite observar e cumprir os deveres etambém reivindicar os direitos, seja no papel de pessoa física ou jurídica. A legislação trabalhista e a previdenciária são muito abrangentes e consideram diversos temas. Nesta seção, seu estudo terá foco os aspectos de saúde e segurança no trabalho relacionados à legislação traba- lhista e previdenciária. Atualmente vive-se em uma era de mudanças rápidas impulsionadas, principalmente, pela tecnologia e pela economia. Os efeitos da globalização e a necessidade de ser produtivo para alcançar e manter a competitividade tem forçado as organizações a se reestruturarem. Este processo vem provocando mu- danças nas relações capital-trabalho, como por exemplo a redução de direitos trabalhistas, o aumento da demanda por mais justiça social e a busca pela redução dos riscos ocupacionais. Do ponto de vista da evolução das normas de SST, é possível observar algumas tendências globais e nacionais. a) Avanço da dignificação do trabalho, que, além de necessário para a sobrevivência dos indivíduos, deve também ser fonte de gratificação, gerando oportunidade de pro- moção profissional e pessoal. iS to ck ([ 20 -- ?] ) 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 61 b) Consolidação do conceito ampliado de saúde, não se limitando apenas à ausência de doenças, mas sim o completo bem-estar físico, mental e social. As exigências norma- tivas devem buscar um agradável ambiente de trabalho (e não apenas sem agentes insalubres), a preocupação com a prevenção da fadiga e dos fatores estressantes por- ventura existentes. c) Adaptação do trabalho ao homem, reforçando cada vez mais os aspectos ergonômi- cos nas normas de SST. Isso ocorre tanto no que se refere a máquinas, equipamentos e mobiliário, quanto à necessidade de mudança nos processos de produção, nas jor- nadas, nos intervalos, entre outros. d) Direito à informação e participação dos trabalhadores, que, além de influírem nas normas de SST por meio de seus representantes, têm direito de serem comunicados sobre os riscos existentes nos seus ambientes de trabalho e as medidas de controle disponíveis. (OLIVEIRA, 2011) 2.4.1 LEGISLAÇÃO TRABALHISTA A legislação trabalhista tem como principal objetivo a regulamentação das relações individuais e cole- tivas do trabalho. CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA: a Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), promulgada em 5 de outubro de 1988, consolidou e ampliou direitos trabalhistas já existentes, passando também a criar outros. Agora você irá conhecer, entre os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais mencionados no Artigo 7º da CRFB, aqueles relacionados diretamente ou indiretamente à saúde e segurança do trabalhador. São eles: a) duração do trabalho normal não superior a 8 horas diárias e 44 semanais, facultada a compensação de horários (inciso XIII); b) jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de reveza- mento, salvo negociação coletiva (inciso XIV); c) repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos (inciso XV); d) gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal (inciso XVII); e) redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança (inciso XXII); f ) seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indeni- zação a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa (inciso XXVIII); g) proibição de trabalho noturno, perigoso, ou insalubre a menores de 18 anos e de qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos (inciso XXXIII). (BRASIL, 1988) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO62 O Artigo 196 estabelece que “[...] a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante polí- ticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos [...]” (BRASIL, 1988). O Artigo 114 estabelece a competência da Justiça do Trabalho (órgão do Poder Judiciário) para conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, inclusive os relacionados às questões de saúde e segurança. Associa-se a isso o poder do Ministério Público do Trabalho (MPT) em promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção de interesses difusos e coletivos (os direitos trabalhistas se enquadram nesta categoria) concedidos pelo Artigo 129, inciso III. Assim, o Poder Judiciário tem competência para tutelar judicialmente a saúde do trabalhador, podendo atuar coativamente, quando demandado, por intermédio da reclamação trabalhista, do dissídio coletivo e da ação civil pública. Este último instrumento, juntamente com o Termo de Ajustamento de Conduta, possui um enorme poder em determinar a melhoria das condições de segurança e saúde no âmbito das empresas (OLIVEIRA, 2007). CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO (CLT): a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi inspira- da na Carta del Lavoro, que foram normas promulgadas pelo regime fascista italiano em 1927. As normas de saúde e segurança no trabalho estão dispostas no Capítulo V do Título II. A Lei no 6.514, de 22 de dezem- bro de 1977, determinou uma nova redação na qual ocorreram importantes alterações. A partir de então, as normas aplicadas à saúde e segurança no trabalho passaram a tomar como referência as convenções elaboradas pela Organização Internacional do Trabalho - OIT. Figura 25 - Símbolo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) Fonte: OIT (2017) iS to ck ([ 20 -- ?] ) O IT ([ 20 -- ?] ) 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 63 A OIT está ligada à Organização das Nações Unidas (ONU) e é especializada nas questões do trabalho, visando à melhoria das condições de vida e à proteção adequada à vida e à saúde de todos os trabalhado- res, nas suas mais diversas ocupações. Nos artigos 154 a 201 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, cita-se, de forma genérica, o que deve ser feito para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores. Para regulamentar estes artigos, o Ministério do Trabalho, por meio da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho, publicou a Portaria nº 3.214/78, criando, as primeiras Normas Regulamentadoras, que tem o objetivo de complementar a CLT, padronizando técnica e administrativamente o que deve ser cumprido pelas empresas. Você pode identificar a CLT na figura a seguir. Figura 26 - CLT Fonte: SENAI (2017) Agora você irá conhecer alguns conceitos importantes para que possa ter uma melhor compreensão da legislação trabalhista nacional. a) Empregador: [...] considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços. Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. (BRASIL, 1943). b) Empregado: “[...] considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.” (BRASIL, 1943). c) Empregado doméstico: “[...] aquele que presta serviço de natureza contínua, mediante remuneração, a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividade sem fins lucrativos.” (BRASIL, 1999b). CL T ([2 0- -? ]) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO64 d) Trabalhador por conta própria ou autônomo: “[...] quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego” e também a “pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não” (BRASIL, 1999b). e) Estagiário: é aquele que está desenvolvendo um estágio, sendo este um [...] ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação parao trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de en- sino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modali- dade profissional da educação de jovens e adultos. (BRASIL, 2008b). A CLT somente se aplica às relações de trabalho entre empregados e empregadores urbanos. Para as relações de emprego nas atividades rurais, tem-se a Lei no 5.889, de 8 de junho de 1973. Porém, de acordo com o Artigo 1º desta última norma, são aplicáveis as prescrições da CLT naquilo que com ela não colidir (BRASIL, 1973). Os estagiários têm sua atividade de treinamento regulada pela Lei no 11.788, de 25 de setembro de 2008. Não são considerados empregados, embora exerçam atividade com subordinação. Não têm contrato de trabalho, mas sim de estágio, podendo receber uma ajuda de custo. Apesar disso, estão sujeitos a diver- sos riscos ocupacionais, uma vez que desenvolvem atividades nos mesmos locais que os empregados do estabelecimento de estágio. A legislação em vigor determina a aplicação das normas vigentes de SST ao contrato de estágio (Artigo 14), sendo sua implementação responsabilidade da parte concedente, que vem a ser o empregador dos trabalhadores do local onde se desenvolve o treinamento (BRASIL, 2008b). Também é importante que você conheça alguns aspectos relevantes da CLT. São eles: a) O cumprimento das normas de segurança e saúde emanadas do Ministério do Tra- balho não desobriga as empresas de cumprirem outras normas correlatas e oriundas dos estados e municípios (Artigo 154). b) O Ministério do Trabalho tem competência de estabelecer normas complementares sobre segurança e saúde no trabalho, permitindo maior dinamismo na elaboração de normas jurídicas atualizadas (Artigo 155). c) Os órgãos descentralizados do MTE (as atuais SRTEs) devem realizar inspeção visando ao cumprimento de normas de segurança e saúde (Artigo 156). d) Os empregadores são obrigados a cumprir e a fazer cumprir as normas de segurança e saúde no trabalho, instruindo os trabalhadores, facilitando a fiscalização trabalhista e adotando medidas que sejam determinadas pela autoridade responsável (Artigo 157). e) Os empregados devem observar as normas de segurança e saúde previstas em nor- mas e inclusive as elaboradas pelo empregador (Artigo 158). (BRASIL, 1978). 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 65 A CLT não se aplica às relações de emprego entre servidores e órgãos públicos quando estas são regidas por estatutos próprios. Alguns destes estatutos determinam o cumprimento das normas de SST previstas nessa consolidação, mas, como o MTE não tem competência legal para impor sanções administrativas por irregularidades constatadas neste tipo de vínculo empregatício, não há fiscalização trabalhista para tal grupo de trabalhadores. 2.4.2 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA Neste tópico, você irá perceber a importância da legislação previdenciária para a saúde e segurança do trabalhador. Isto é evidenciado pela Lei 8.213/91, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social. Segundo o Art. 19 da Lei 8.213/91, Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. (BRASIL, 1991). A previdência social é identificada com a seguinte logomarca. Figura 27 - Logomarca da Previdência Social Fonte: Brasil (2017h) O Art. 20 da Lei 8.213/91 descreve situações também consideradas acidentes do trabalho: I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elab- orada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I. (BRASIL,1991). Pr ev id ên ci a So ci al ([ 20 -- ?] ) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO66 Ainda segundo o Art. 20 da mesma lei, não são consideradas como doença do trabalho: a) a doença degenerativa; b) a inerente a grupo etário; c) a que não produza incapacidade laborativa; d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho. (BRASIL, 1991). Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona direta- mente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho. Para efeitos desta lei, no Art. 21, são apresentadas situações que também se equiparam ao acidente do trabalho: I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja con- tribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua ca- pacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. (BRA- SIL,1991) 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 67 O art. 22 a Lei nº 8.213/91 determina que todo acidente do trabalho ou doença profissional deverá ser comunicada pela empresa ao INSS no prazo de 24 horas, sob pena de multa em caso de omissão. Esta obri- gatoriedade foi criada por razões operacionais, visando permitir a concessão dos benefícios de natureza acidentária. A comunicação é feita através de um formulário denominado Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT, prevista inicialmente na Lei nº 5.316/67, tendo alterações posteriores até chegar a Lei nº 9.032/95, regulamentada pelo Decreto nº 2.172/97. É muito importante que o formulário da CAT seja preenchido de forma correta e completa, tendo em vista as informações nele contidas, não apenas do ponto de vista previdenciário, estatístico e epidemiológico, mas também trabalhista e social. FIQUE ALERTA Dentre os diversos aspectos do trabalho considerados na legislação previdenciária, estão aqueles rela- cionados à saúde e segurança, dos quais se destacam o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário – NTEP, Fator Acidentário de Prevenção – FAP. Agora, você irá conhecer estes três aspectos: a) Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP):contém todas as informações relativas à função do em- pregado, à atividade que exerce, ao agente nocivo ao qual está exposto, à intensidade e à concen- tração do agente, aos exames médicos clínicos, além de dados relacionados à empresa. O PPP é um documento preenchido pela empresa para a comprovação da efetiva exposição dos empregados a agentes nocivos, para o conhecimento de todos os ambientes e para o controle da saúde ocupa- cional de todos os trabalhadores. b) Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário – NTEP: indica se há relação entre a lesão, ou agravo, e a atividade desenvolvida pelo trabalhador. Isto serve como referência para auxiliar a medicina pericial do INSS em suas análises para conclusão sobre a natureza da incapacidade ao trabalho apresentada, identificando se é previdenciária ou acidentária. A partir do cruzamento das informações de código da Classificação Internacional de Doenças – CID-10 e de código da Classificação Nacional de Ativi- dade Econômica – CNAE, o NTEP aponta a existência de relação entre a lesão ou agravo e a atividade desenvolvida pelo trabalhador. c) Fator Acidentário de Prevenção – FAP: é um mecanismo fiscal e tributário que considera o grau de investimentos em programas de prevenção de acidentes e doenças do trabalho e proteção contra os riscos ambientais do trabalho, respectivamente. O investimento nestes programas implica redução na alíquota de contribuição de impostos das empresas, incentivando ações das empresas relativas à segurança e saúde do trabalhador. Em 2004, o Conselho Nacional de Previdência Social criou uma nova metodologia para reconhecer as doenças profissionais, que é chamada Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP). Esta metodo- logia, juntamente com uma ação de cobrança diferenciada por empresa, chamada Fator Acidentário de Prevenção (FAP), foi desenvolvida pela Previdência Social, com força da Lei nº 11.430/2006 e com o Decreto nº 6.042/2007. ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO68 Desta forma, foi estabelecido que toda vez que houver incidência epidemiológica elevada de uma de- terminada doença, em todo o Sistema Único de Benefícios da Previdência Social, haverá o enquadramento dessa doença como sendo de natureza acidentária. Figura 28 - Epidemia de gripe Conforme o enquadramento permitido pelo Decreto nº 6.042/2007 e pelo atual Decreto nº 6.957/2009, em seu Anexo II, Lista C, se um trabalhador pertencer a uma determinada atividade econô- mica da Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE) com alta incidência de doenças segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID), o caso será enquadrado como de doença profissional. Antes do Decreto nº 6.042/2007, era necessário que tal reconhecimento partisse basicamente do médico da em- presa ou do encaminhamento de serviços públicos; após do Decreto 6.957/2009, o próprio médico perito verifica compulsoriamente, independente da Comunicação de Acidente do Trabalho da empresa, se há esta relação estabelecida pela lista C, Anexo II, do Decreto no 6.957. O NTEP deixa evidente o adoecimento no interior do local de trabalho e passa a revelar principalmente os setores de serviço, que, até então, apresentavam baixo registro de doenças profissionais e do trabalho. Desta forma, aumentou significativamente o registro de LER/DORT e de transtornos mentais e comporta- mentais, bem como, a quantidade de notificações e o reconhecimento mais apropriado do adoecimento, em todos os setores econômicos, decorrente das condições e das relações de trabalho inadequadas. De acordo com Delgado (2010), o Direito Previdenciário diz respeito ao recolhimento de contribuição do INSS, bem como garante ao empregado a aposentadoria por tempo de serviço ou por invalidez causada por acidente de trabalho. A legislação previdenciária é composta por requisitos legais, definidos através de leis, decretos e resolu- ções e outros dispositivos legais, que regulamentam o sistema previdenciário. Para iniciar o processo de solicitação de aposentadoria, o trabalhador deve organizar toda a documentação e se dirigir ao posto do INSS, solicitando o CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais), que contém todas as suas contribuições. CURIOSI DADES iS to ck ([ 20 -- ?] ) 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 69 Outra parte importante dos seus estudos é conhecer a Legislação Regional que é aplicada à saúde, à segurança e ao meio ambiente do trabalho, que será apresentada na sequência. 2.5 LEGISLAÇÃO REGIONAL APLICADA À SAÚDE, À SEGURANÇA E AO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO A fiscalização e a gestão sobre estes fatores “É de competência privativa da União legislar sobre direito do trabalho, conforme a expressão taxativa do inciso I, do art. 22, da Carta da Magna”. (BRASIL, 1988). Os art. 23 e 24 da Constituição Federal do Brasil, ao tratarem de competência comum ou concorrente, não contemplam aos Estados e Municípios a possibilidade, mesmo que remota, de legislar sobre direito do trabalho, notadamente Medicina e Segurança do Trabalho. A Constituição Federal do Brasil menciona que nenhuma lei referente à Segurança e Saúde do Trabalho pode sobrepor as Leis Federais. As Leis Estaduais e Municipais apenas deverão ser complementares. Conforme a publicação da Portaria MTb no 3.214, de 08 de junho de 1978, em seu art. 154, afirma que “O cumprimento das normas de segurança e saúde emanadas do Ministério do Trabalho não desobriga as empresas de cumprirem outras normas correlatas e oriundas dos estados e municípios”. (BRASIL, 1978). Você, como Técnico em Segurança do Trabalho, deverá conhecer e aplicar as leis federais inerentes ao bem-estar e à saúde do trabalhador, sempre devendo promover a redução ou eliminação dos riscos, com observância de que as Leis Estaduais e Municipais são apenas complementares, não podendo ser substituídas pelas Leis Federais. FIQUE ALERTA As Normativas Brasileiras levam como referências as Normas Internacionais, além de que cada país mantém uma estrutura legal para reconhecer e validar as avaliações de conformidades dos sistemas de gestão. A grande aceitação dos sistemas da qualidade (ISO 9001) e gestão ambiental (ISO 14001) deu origem a uma demanda internacional nas Normas de Segurança e Saúde no Trabalho com característi- cas similares. Com o intuito de atender à demanda, alguns Organismos Certificadores (OCs) que representam cerca de 80% do mercado mundial de certificadores de gestão reuniram-se na Inglaterra e criaram a OHSAS 18001:1999. Mais recente, a OHSAS 18001:2007, especifica os requisitos para um sistema de gestão de SST, que permite à organização desenvolver e implementar sua política de SST, considerando requisitos legais e informações sobre riscos. Ela se aplica a qualquer organização que deseje estabelecer um sistema de gestão de SST para eliminar ou minimizar o risco para os trabalhadores e outras partes interessadas, implementar, manter e melhorar continuamente esse sistema de gestão e assegurar-se da conformidade com a sua política de SST definida. A norma OHSAS 18000 integra-se ao mesmo modelo das normas ISO 9000 e ISO 14000, apresentando uma abordagem por processo. ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO70 Segundo Louette (2011), as normas OHSAS 18000, ISO 9000 e ISO 14000 são baseadas na utilização do “Ciclo de Deming”. O PDCA, que é também conhecido como “Ciclo de Deming”, é uma das primeiras ferra- mentas de gestão da qualidade (ou ferramentas gerenciais) e possibilita o controle do processo, permitindo uma melhoria contínua dos desempenhos. Veja o modelo do PDCA na figura, a seguir. Figura 29 - Ciclo PDCA Fonte: SENAI (2011) De acordo com Louette (2011), a norma OHSAS 18001, visa auxiliar as empresas a controlar os riscos de acidentes no local de trabalho. É uma norma para sistemas de gestão da Segurança e Saúde no Trabalho (SST). A certificação por essa norma garante o compromisso da empresa com a redução dos riscos ambientais e com a melhoria contínuade seu desempenho em saúde ocupacional e segurança de seus colaboradores. Segundo Mattos et al. (2011), as várias normas de Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho existentes não se resumem, porém, à padronização de procedimentos. Elas propiciam à empresa uma am- pla reflexão a respeito das ferramentas de gestão a serem utilizadas para garantir o planejamento da evo- lução sustentável. Ainda segundo Mattos et al. (2011), a normalização e certificação envolvem, sobretudo, a mobilização interna necessária para realizar um diagnóstico detalhado e confiável do comprometimento da organi- zação. Nesse sentido, as normas são também parte da estratégia das organizações. Até aqui, você obteve uma parte das informações e conhecimento necessários para atuar na segurança e saúde no trabalho. Siga e frente. A nt on io M ee s (2 01 7) 2 LEGISLAÇÃO APLICADA À SAÚDE, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO 71 RECAPITULANDO Neste capítulo, você estudou que os principais aspectos da legislação brasileira aplicados à saúde e segurança no ambiente de trabalho, iniciando com a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, seguida pelas Normas Regulamentadoras, a partir das quais os requisitos, responsabilidades e direitos passaram a ser mais específicos de acordo com o tipo de atividade e o ramo de atuação. Conheceu também as notas técnicas, que são documentos oficiais emitidos para esclarecer e recomendar temas relacionados a uma determinada lei. Você observou ainda que, tanto a legislação trabalhista, quanto a previdenciária, têm considerações importantes relacionadas à saúde e segurança no trabalho. Sabendo da existência destas leis e de que modo a legislação é estruturada, permitirá a você aprofundar seu estudo conforme a necessidade for surgindo ao longo deste curso e também na atuação na área de saúde e segurança no trabalho. Reconhecer a legislação e correlacionar suas exigências com as características do ramo de atuação, das atividades desempenhadas pelo trabalhador e das condições apresentadas pelo ambiente de trabalho contribuirão para uma efetiva atuação em prol da saúde e segurança do ambiente de trabalho, o que lhe servirá como base sólida para a atuação no seu dia a dia. No próximo capítulo, você entenderá qual o objetivo e a importância das inspeções de segurança como medida de controle e prevenção de acidentes. 3 Inspeções de Segurança Como seria se você tivesse o poder de prever o futuro? Bem, você sabe que isso não é possí- vel, exceto na ficção. No entanto, você pode antecipar e atuar, de modo proativo e preventivo, em relação ao futuro. Neste contexto, em relação à saúde e segurança no trabalho, você pode antecipar este futuro através da identificação dos riscos e do planejamento de medidas de controle para eliminar ou minimizar os mesmos. No estudo deste capitulo, você irá conhecer os tipos de inspeção e as suas etapas de pla- nejamento, execução, registro e divulgação de informações. Também irá perceber a utilidade do checklist para a execução da inspeção de segurança e entenderá como ela contribui para o planejamento das ações de prevenção e controle dos riscos ocupacionais e de acidentes. Ao final deste capítulo, você terá subsídios para: a) identificar os riscos inerentes às atividades laborais a serem avaliadas durante a inspeção; b) reconhecer legislação, normas e notas técnicas aplicáveis ao ramo de atuação e ou ativi- dade do local a ser inspecionado; c) operar equipamentos de acordo com a técnicas de análise adequada à classificação dos riscos do objeto de análise; d) cumprir normas e procedimentos de segurança estabelecidos pela empresa para reali- zação das atividades de inspeção, a fim de garantir a saúde e integridade física; e) reconhecer as técnicas de registro disponibilizadas pela empresa; f ) identificar na legislação e normas técnicas orientações sobre registro e guarda de docu- mentos; g) identificar nos procedimentos operacionais as diretrizes relativas às ações de segurança do trabalho; h) identificar se os trabalhadores estão aptos a desenvolver as atividades laborais, con- forme previsto na legislação. A partir de agora, você terá a oportunidade de conhecer diversos temas sobre o assunto, que farão a diferença em suas práticas. Bons Estudos! ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO74 3.1 DEFINIÇÃO Você saberia definir o que é inspeção de segurança? Inspeção de segurança pode ser definida como uma vistoria efetuada no local de trabalho, em que são verificados aspectos relacionados à segurança e higiene do trabalho. Tem como objetivos avaliar se os procedimentos de segurança são seguidos pelos tra- balhadores, observar atos inseguros e condições inseguras que possam provocar danos pessoais, materiais e ambientais, além dos riscos provenientes do ambiente de trabalho. Essas inspeções se destinam a descobrir riscos comuns, já conhecidos e mais elementares, tanto sob o ponto de vista material, como pessoal. A seguir, você poderá observar alguns exemplos desses riscos: a) falta de proteção em máquinas; b) proteção danificada, mal projetada ou com irregularidade em seu funcionamento; c) falta de organização de maquinários ou equipamentos, desordem; d) disposição de materiais de maneira perigosa; e) uso de equipamentos de forma insegura; f ) falta ou uso inadequado de equipamentos de proteção individual (EPI); g) falta ou uso inadequado de equipamentos de proteção coletiva (EPC). De acordo com Zocchio (1977), as inspeções de segurança constituem uma grande fonte de informações que auxiliam na determinação de medidas de segurança, prevenindo os acidentes do trabalho. Quando bem executadas, e envolvendo todos os responsáveis, as inspeções atingem os seguintes objetivos: a) possibilitam a determinação de meios preventivos, antes da ocorrência de acidentes; b) ajudam a fixar nos trabalhadores a mentalidade da segurança do trabalho e da higiene industrial; c) encorajam os próprios trabalhadores a agirem como inspetores de segurança nos seus serviços; d) melhoram o entrelaçamento entre os serviços de segurança e os demais setores da empresa; e) divulgam e consolidam nos trabalhadores o interesse da empresa pela segurança do trabalho; iS to ck ([ 20 -- ?] ) 3 INSPEÇÕES DE SEGURANÇA 75 f ) despertam nos trabalhadores a necessária confiança na administração e angariam a colaboração de todos para a prevenção de acidentes. Perceba que conhecer e participar das inspeções de segurança são ações que fazem com que os colabo- radores se sintam parte da empresa, com a responsabilidade de estar cuidando do que é seu. Veja, a seguir, os tipos de inspeção de segurança. 3.2 TIPOS DE INSPEÇÕES DE SEGURANÇA As inspeções de segurança podem ser feitas por vários motivos, assim como os seus objetivos, que tam- bém são variados. Estas inspeções são executadas por pessoas de funções e responsabilidades diferentes, e programadas em épocas e em intervalos variáveis, conforme a necessidade. Acompanhe na figura a seguir um exemplo de inspeção de rotina. Figura 30 - Inspeção de rotina Estas inspeções podem ainda apresentar características distintas, como você poderá conferir a seguir: a) Inspeções gerais: são realizadas em todos os setores da empresa, relativas aos problemas de segurança, higiene e medicina do trabalho. Participam dessa atividade: engenheiros, técnicos de segurança, médicos e membros de CIPAs - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. As inspeções devem ser repetidas em intervalos regulares e, na ausência desses serviços especializados, caberá à CIPA da empresa responsabilizar-se por essa tarefa. b) Inspeções parciais: podem se limitar em relação aos espaços, sendo inspecionados apenas determi- nados setores da empresa. Possuem como fator limitador as atividades, sendo inspecionados alguns tipos de função ocupacional, máquinas ou equipamentos. c) Inspeções de rotina: esse tipo de inspeção cabe aos encarregados dos setores de segurança, aos membros da CIPA, aos responsáveispela manutenção de máquinas, equipamentos e condutores de energia. É muito importante que os trabalhadores façam inspeções em suas ferramentas, nas máquinas que operam e nos equipamentos que utilizam. Naturalmente, em inspeções de rotina, os riscos mais preocupantes são aqueles que se manifestam com mais frequência e que constituem as causas mais comuns dos acidentes. Lu iz M en eg he l ( 20 11 ) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO76 d) Inspeções periódicas: como é natural ocorrer desgastes dos meios materiais utilizados na produção, de tempos em tempos, devem ser marcadas, com regularidade, as inspeções destinadas a descobrir riscos que o uso de ferramentas, máquinas, equipamentos ou instalações elétricas podem provocar. A manutenção e a engenharia normalmente se ocupam dessas inspeções. Algumas dessas inspeções, determinadas em lei, são feitas principalmente em equipamentos perigosos, como caldeiras, máqui- nas e elevadores, e também em equipamentos de segurança, como extintores e mangueiras. Outros materiais móveis de maior uso e desgaste devem merecer inspeções periódicas. e) Inspeções eventuais: diferentemente das inspeções periódicas, para as inspeções eventuais não há datas ou períodos determinados. Podem ser realizadas por técnicos de diversas áreas, incluindo médicos e engenheiros, e se destinam a controles especiais de problemas importantes dos diversos setores da empresa. O médico pode, por exemplo, realizar inspeção em ambientes ligados à saúde do trabalhador, como refeitórios, cozinhas, instalações sanitárias, vestiários e outros. f) Inspeções oficiais: são inspeções realizadas por agentes dos órgãos oficiais e das empresas de seguro. g) Inspeções especiais: essas inspeções são destinadas a controles técnicos que exigem profis- sionais especializados e aparelhos de teste e medição. É possível medir, por exemplo: o ruído ambiental, a quantidade de partículas tóxicas em suspensão no ar e a avaliação microbiológica que pode provocar doenças. Então, você já tinha conhecimento do assunto abordado? Saiba que as inspeções de segurança e os do- cumentos gerados por estas inspeções devem ser registrados e gerados documentos, ou seja, os relatórios de inspeção, que é o assunto da próxima seção. 3.3 RELATÓRIOS DE INSPEÇÃO Anteriormente, você estudou os tipos de inspeções e o que define cada uma delas. Agora, você irá conhecer como é feito o relato e registro das irregularidades observadas, para depois encaminhar ao seu superior imediato, com cópias para a CIPA e para o Serviços Especializados em Engenharia de Segurança em Medicina do Trabalho – SESMT. Os relatórios devem apontar, com clareza, o tipo de risco a ser corrigido. Nenhum relatório deve ser arquivado enquanto não tiver sido dada solução ao problema levantado. No relatório de investigação, é fundamental que fique registrado quem é o responsável pela correção e o prazo de execução da mesma. FIQUE ALERTA Observe, a seguir, dois exemplos de ficha de inspeção de segurança. 3 INSPEÇÕES DE SEGURANÇA 77 FICHA DE INSPEÇÃO DE SEGURANÇA Inspeção de segurança nº Data: Hora: Divisão: Seção: Chefia responsável: Local, máquina ou equipamento (descrever): Condição a corrigir: Ação recomendada: Observações: Protocolo Técnico de segurança: Data: Visto: Quadro 1 - Exemplo de ficha de inspeção de segurança Fonte: SENAI (2017) O formulário que você acabou de visualizar deve ser preenchido em quatro vias: a primeira via para a chefia da seção; a segunda via para gerência de divisão; a terceira, para a engenharia de segurança e a quarta via deve ser fixa. Outro modelo de ficha de inspeção de segurança que contém os itens que devem ser verificados pode ser visto no exemplo que segue. FICHA DE INSPEÇÃO DE SEGURANÇA - ITENS DE VERIFICAÇÃO ITEM SIM NÃO N/A ATOS INSEGUROS COND. INSE-GURA OBSERVAÇÕES Posição das pessoas Atingindo/Sendo Caindo Preso entre Corrente Elétrica Inalando/engolindo Superesforço Ergonomia Postura Manuseando peso Layout da área de trabalho Vibração Iluminação Ruído ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO78 FICHA DE INSPEÇÃO DE SEGURANÇA - ITENS DE VERIFICAÇÃO ITEM SIM NÃO N/A ATOS INSEGUROS COND. INSE-GURA OBSERVAÇÕES Ferramentas Adequadas para o trabalho Usadas adequadamente Em condições adequadas Organização Local de guarda de material Limpeza Organização Identificação de materiais Somatória: Comentários adicionais: Itens para Acompanhamento Prazo Responsável Quadro 2 - Exemplo de ficha de inspeção de segurança com lista de verificação Fonte: SENAI (2017) Veja, a seguir, outro exemplo, agora de relatório de inspeção de segurança já preenchido. EMPRESA: DOLL ELETRODOMÉSTICOS RELATÓRIO DE INSPEÇÃO DE SEGURANÇA Local (setor, máquina): Fábrica 2, máquina injetora 05 Local (setor, máquina): Fábrica 2, máquina injetora 05 Data: 20/08/2017 Hora: 15h30min Nome do responsável (atividade, setor, área): João da Silva quantidade de funcionários inspecionados: 01 Atos inseguros: não consta Condições inseguras: Máquina sem dispositivo de emergência Ações a serem tomadas: instalação de dispositivo de segurança (parada de emergência) Prazos (cronograma): 01dia Data: 21/08/2017 Hora: 8h Responsável pela melhoria: Setor de manutenção da empresa OBS: A máquina deverá ser parada por medida de segurança, voltando à operação somente após a instalação do dispositivo de parada de emergência. Assinatura: ........................................................... Carlos Assunção Tec. de Segurança Assinatura: ....................................................... João da Silva Operador de máquina injetora Quadro 3 - Exemplo de relatório de inspeção Fonte: SENAI (2017) 3 INSPEÇÕES DE SEGURANÇA 79 Como você acabou de verificar, é importante relatar todas as informações observadas no momento da inspeção, assim você terá um documento com o que aconteceu facilitando a tomada de decisão e as ações corretivas. Para aprofundar os conhecimentos adquiridos até aqui, você pode consultar a seguinte bibliografia: SOUTO, Daphnis Ferreira. Saúde no trabalho: uma revolução em andamento. Rio de Janeiro: SENAC Brasil, 2004. SAIBA MAIS A seguir, você irá conhecer mais detalhes sobre a execução e o planejamento das inspeções de segurança. 3.4 EXECUÇÃO DA INSPEÇÃO A execução da inspeção é um processo realizado em 3 fases compostas de preparação da inspeção, inspeção no local e conclusão da inspeção, que estão descritos a seguir. a) Preparação da inspeção: é a etapa inicial onde o profissional ou a equipe responsável pela inspeção irá reunir informações relativas à inspeção e à área a ser inspecionada. É fundamental que o inspetor saiba o que será observado, a elaboração de um roteiro apontando o que deve ser verificado dará mais segurança e confiabilidade ao seu trabalho. Nesta fase, também é importante que se verifique quais as NRs são aplicáveis à função e ao ambiente de trabalho a ser inspecionado e quais requisitos destas normas devem ser verificados. b) Inspeção no local: esta é a fase de execução na qual acontece a coleta de evidências objetivas e ob- servadas, através do emprego da lista de verificação, ou checklist de inspeção. Durante a inspeção, também é o momento no qual os responsáveis devem ser comunicados sobre possíveis irregulari- dades. Isto deve ser feito de forma imediata e verbal ao responsável e discutidas as medidas correti- vas. Se achar necessário, o técnico pode propor uma reunião com todos os responsáveis da empresa para expor a realidade encontrada. Além da comunicação verbal, devem ser registradas todas as observações feitas durante a ins- peção em um formulário padronizado, no qual deve constar: o objeto observado (equipamentos, instalações, etc.), a data e o horário em que foi realizada a inspeção, local (setor ou estabelecimento), e as sugestões de melhorias. c) Conclusão da inspeção: nesta etapa final, acontece a elaboração do relatório de inspeção, que de- verá ser encaminhado ao responsávelpela área objetivo da inspeção, o qual deverá elaborar o Plano de Ações Corretivas (PAC) para eliminar as não conformidades detectadas. Nesta etapa, também são repassadas as sugestões e medidas preventiva para que as providências sejam tomadas. ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO80 O profissional de segurança deve acompanhar e assessorar as pessoas que irão executar as medidas preventivas. Esta etapa é fundamental para o sucesso e o atingimento dos objetivos do trabalho de inspe- ção de segurança. A próxima figura apresenta um exemplo de execução de inspeção pelo profissional de segurança no trabalho. Figura 31 - Execução da inspeção A consolidação do processo de inspeção será feita com a confirmação da conclusão das Ações Corretivas. Outro passo importante é a realização do planejamento, que faz parte da execução da inspeção, o que você irá conhecer na sequência. 3.4.1 PLANEJAMENTO O planejamento das inspeções, que faz parte da fase de preparação, é elaborado através de um plano de ação. Como não há nas NRs padrões estabelecidos para esse fim, as empresas estabelecem procedimen- tos internos para efetuar este planejamento. Estes procedimentos, normalmente, são baseados no plano de ação, que é uma ferramenta para organizar as informações do plano. Com base nesta ferramenta, é adotado um formulário no qual serão levantadas as seguintes informações: a) Objetivo da inspeção: a definição do objetivo está relacionada ao tipo de inspeção a ser efetuada e qual a sua finalidade. Por exemplo, pode ser uma inspeção de rotina a ser realizada por membros da CIPA ou uma inspeção periódica em uma caldeira para atender requisitos da NR 13. b) O que será inspecionado: é a descrição do que será feito, o detalhamento da inspeção com a definição de cada uma das tarefas que irão compor a execução da inspeção. Por exemplo, uma tarefa pode ser a inspeção visual referente ao uso de equipamentos de proteção. Já outra tarefa poderá ser a medição de parâmetros de ruído e iluminamento referentes às condições ambientais. c) Por que será inspecionado: quem irá executar a inspeção deve saber por que razão ela está sendo efetuada. Isso está diretamente relacionado com o objetivo da inspeção. Ou seja, é a justificativa para a realização da tarefa. iS to ck ([ 20 -- ?] ) 3 INSPEÇÕES DE SEGURANÇA 81 d) Como será inspecionado: o método para execução da inspeção também precisa ser estabelecido previamente. Neste ponto, é determinado como será executada cada uma das tarefas que fazem parte da inspeção. Por exemplo, se a verificação será feita visualmente, se será utilizado algum tipo de instrumento de medição para coletar dados específicos e se serão entrevistadas pessoas. e) Onde será a inspeção: é preciso saber onde será feita a inspeção. Por exemplo, qual o setor, máquina ou posto de trabalho será foco da inspeção. f ) Quem fará a inspeção: não menos importante neste processo, a definição dos responsáveis pela exe- cução de cada uma das tarefas irá contribuir para a organização da inspeção e para o cumprimento dos prazos de execução. g) Quando será a inspeção: neste item, são determinadas as datas referentes aos prazos para a con- clusão de cada uma das tarefas descritas no plano que compõem a inspeção. No caso das inspeções periódicas, neste item também é determinada a frequência com que a inspeção deverá ser executa- da. Observe que não se trata de burocratizar o processo e sim de organizá-lo. A clareza das informações adi- cionadas no plano de ação da inspeção irá contribuir para a qualidade de sua execução e o seu resultado. Um dos passo que você irá conhecer é a lista de verificação. Acompanhe. 3.4.2 LISTA DE VERIFICAÇÃO (CHECKLIST) As listas de verificação, aplicadas as inspeções de segurança, são formulários, normalmente padroniza- dos pelas empresas, que orientam em relação aos aspectos a serem considerados pelo inspetor na análise e detecção de condições de risco e de não conformidades relacionadas aos requisitos legais e normas internas de saúde e segurança no trabalho. O checklist então é a lista de itens a serem verificados durante a inspeção e que podem variar dependendo da situação. iS to ck ([ 20 -- ?] ) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO82 Para auxiliar na execução da inspeção, uma lista de verificação é composta por itens relacionados aos aspectos que objetivam a inspeção, como: limpeza e organização, edificações, prevenção e combate de incêndio, máquinas e ferramentas, sinalização de segurança, instalações e serviços em eletricidade, equi- pamentos de transporte, condições ambientais, equipamentos de proteção individual e coletiva, combus- tíveis e inflamáveis. Devem ser considerados na preparação e execução da inspeção os requisitos de NRs específicas aplicá- veis. Por exemplo, a NR 13 apresenta uma série de requisitos quanto à instalação e operação de caldeiras e vasos de pressão. Os riscos mais comuns relatados em inspeções de segurança do trabalho são: máquinas sem proteção (NR12), desorganização e sujeira no local de trabalho, uso de ferramentas em mau estado de conservação, instalações elétricas e iluminação deficientes, pisos mal conservados e escorregadios, obstrução de portas e equipamentos de proteção contra incêndio, flagrantes de atos inseguros. CURIOSI DADES Observe que não necessariamente todos estes tópicos precisam estar em uma só lista de verificação. Você poderá utilizar um checklist específico, considerando as particularidades do objetivo da inspeção a ser executada. Por exemplo, na inspeção de máquinas e equipamentos para averiguar os requisitos da NR-12, poderá ser utilizado um checklist específico para este fim. A lista de verificação é composta por diversas perguntas relacionadas à segurança do trabalho, com intuito de verificar o desempenho de segurança das máquinas, equipamentos, instalações ou pessoas. Observe, a seguir, um modelo de checklist. iS to ck ([ 20 -- ?] ) 3 INSPEÇÕES DE SEGURANÇA 83 CHECKLIST INSPEÇÃO DE SEGURANÇA DO TRABALHO CÓDIGO SEG – 00/00 FOLHA 1/3 REVISÃO 00 Local da inspeção: Participantes: ASSUNTOS S N P NA FICHA DE CONTROLE DE EPIs Possui ficha de controle? Encontra-se em dia? EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPIs Possui estoque de EPIs em quantidade suficiente para atender os empregados? Os EPIs estão adequadamente higienizados? PPRA (PROGRAMA PREVENÇÃO RISCOS AMBIENTAIS) Possui PPRA implantado? A Revisão está em dia? PCMSO (PROGRAMA CONTROLE MÉDICO SAÚDE OCUPACIONAL) Possui PCMSO implantado? Os ASOs estão em dia? Os ASOs contemplam os riscos cadastrados no PCMSO? ISOLAMENTO E SINALIZAÇÃO DE ÁREA Possui equipamentos para isolamento e sinalização de área? Os equipamentos atendem em quantidades e tipos às suas necessidades? Os equipamentos estão em bom estado de conservação? EQUIPAMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIO Manutenção em dia? Lacres em perfeito estado? Desobstruído o local onde está instalado? Bem sinalizado? PRODUTOS QUÍMICOS Possui estoque de produtos químicos? Ficha de produtos químicos? Rótulos nas embalagens? Os produtos químicos estão armazenados adequadamente? MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS As máquinas e equipamentos estão em bom estado de conservação? As correias, polias e transmissores de força possuem proteção adequada? Os dispositivos de segurança das máquinas e equipamentos funcionam cor- retamente? FERRAMENTAS MANUAIS A limpeza das ferramentas manuais é feita periodicamente? É evitado o uso inadequado ou improvisado da ferramenta? As caixas de ferramentas estão em boas condições? Ao término do serviço, todas as ferramentas são guardadas em local apropriado? A ferramenta está devidamente organizada? Quadro 4 - Modelo de checklist de inspeção de segurança do trabalho Fonte: SENAI (2017) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO84 Na execução da inspeção, outro item a ser observado é o desvio de erros, o que será explanado na sequência. 3.4.3 DESVIOS E ERROS O foco da inspeção de segurança é a detecçãode não conformidades, apresentadas como desvios e ou erros. Esta inspeção observa aspectos como instalação, sistema, máquina, atividade, material, compor- tamento, ambiente de trabalho, com o objetivo de verificar desvios em relação aos padrões. A partir da detecção das não conformidades, são definidas as ações corretivas e as medidas de controle de riscos. Em relação à saúde e segurança no trabalho, um dos aspectos a ser considerado é a falha humana. Neste caso, os erros estão relacionados à falta de atenção, lapsos de memória e enganos ao se tomar atalhos na execução de procedimentos. Acontecem também erros como causados por processos de comunicação deficientes e falta de clareza na definição de responsabilidades e autonomia para a tomada de decisões. Ainda em relação à falha humana, ocorrem também desvios, que são violações intencionais de proce- dimentos internos e de requisitos legais, que estão associados ao aspecto comportamental e psicológico. A correção dos erros pode ser feita através de treinamentos para melhorar a qualificação do trabalha- dor e a melhoria da qualidade da informação que o mesmo recebe. Já as violações, necessitam de uma mudança de atitude com o fortalecimento da cultura de segurança. Tanto o planejamento, o checklist e até mesmo os erros precisam ser registrados. Já a forma como deve ser feito este registro você irá conferir na sequência. 3.4.4 REGISTRO Não faria sentido fazer as inspeções sem que isso resultasse em medidas de controle e na correção das não conformidades detectadas. Portanto, além das informações apontadas no checklist de inspeção, deve ser elaborado o registro do resultado da inspeção através de um relatório, que será encaminhado por comunicação interna ao responsável pela área objeto da inspeção, o qual deverá elaborar o plano de ações corretivas para eliminar as não conformidades detectadas. Do mesmo modo, cópias deste relatório deverão ser encaminhadas para a CIPA e para o SESMT. Em relação a este tópico, pode-se salientar que o registro das inspeções é a formalização do processo de inspeção em que passam a serem conhecidas as não conformidades detectadas e é firmado o compro- misso de planejar e executar ações corretivas para eliminar as mesmas. Feito o relatório das inspeções, é o momento de tornar público o resultado para que as decisões referen- tes à segurança no trabalho sejam tomadas de forma assertiva. Acompanhe, a seguir, a descrição dos meios de divulgação dos resultados das inspeções. 3 INSPEÇÕES DE SEGURANÇA 85 3.5 MEIOS PARA DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS DAS INSPEÇÕES A divulgação dos resultados das inspeções contribui para a elevação do grau de comprometimento dos envolvidos, tanto na execução da inspeção como na adoção das medidas de controle e das ações correti- vas a serem efetuadas. Outro aspecto importante dessa divulgação é o fato de que a empresa passa a evidenciar sua política de SST, contribuindo para a sua imagem frente às partes interessadas. Desta forma, o empregador, os tra- balhadores e os agentes fiscalizadores do MTE possuem meios para se manter informados da situação e das ações relacionadas a SST. Atualmente, em uma empresa, há meios eficientes para divulgação de informações, como e-mail e in- tranet. No entanto, normalmente a divulgação do resultado das inspeções de segurança é feito de modo formal e direcionado às pessoas que tem envolvimento, responsabilidade e autoridade em relação ao local ou função objeto da inspeção. A seguir, você irá conhecer os meios, normalmente adotados, para a divulgação destes resultados: a) comunicação interna por meio físico ou eletrônico (e-mail); b) registro em ATA da CIPA e, consequentemente, em ATA da Diretoria da empresa; e c) protocolo do relatório de inspeção junto ao sindicato da categoria, quando solicitado pelo mesmo ou em cumprimento a requisitos legais. A divulgação dos resultados das inspeções é feita formalmente, para que os trabalhadores passem a ter acesso através de seus representantes na CIPA e no sindicato da categoria. Tão importante quanto à realização das inspeções é a adoção das medidas de controle e das ações corretivas a serem efetuadas. CASOS E RELATOS MTE interdita central de gás do Mercado Público de Porto Alegre Porto Alegre/RS - O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) interditou nesta terça-feira (23) a central de gás do Mercado Público de Porto Alegre. Conforme o órgão, a decisão foi motivada pela falta de inspeção de segurança das tubulações de gás subterrâneas e precárias condições dos equipamentos elétricos existentes no local. ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO86 Os auditores fiscais identificaram que a situação é de “grave e iminente risco” aos trabalhadores e usuários do Trensurb - linha de trem metropolitana que liga Porto Alegre à Região Metropolitana. Para o tem, há risco de incêndio e explosão, já que a central de gás fica ao lado da estação Mercado do trem e a tubulação passa sob as avenidas Mauá e Júlio de Castilhos. A ação foi realizada a partir de denúncias de vazamento de gás entre 2015 e 2016. Conforme o Ministério do Trabalho, para a retomada do funcionamento da central de gás é necessário que sejam resolvidas as irregularidades. O coordenador do Mercado Público, Carlos Vicente Bernardoni Gonçalves, observa que a empresa responsável pela central de gás já foi contatada para resolver os problemas e deve apresentar a documentação necessária. “Até amanhã de manhã (quarta-feira) vai ser resolvido”, reforçou. Gonçalves garante que o corte no fornecimento de gás não afetou o funcionamento dos restau- rantes localizados no Mercado Público. “O que eu quero reforçar é que não tem vazamentos, não tem possibilidade de fogo.” Sobre as condições precárias dos equipamentos elétricos, Gonçalves não quis se manifestar. (GLOBO COMUNICAÇÃO E PARTICIPAÇÕES S.A, 2016). Como você pode observar neste relato, a manutenção e inspeção dos equipamentos é extremamente importante para a segurança de todos que estão direta ou indiretamente envolvidos. RECAPITULANDO Neste capítulo, você estudou os tipos de inspeção e as suas etapas de planejamento, execução, registro e divulgação de informações. Você também percebeu a utilidade do checklist para a execução da inspeção e compreendeu que inspeção de segurança contribui para detecção de não conformidades, que devem ser eliminadas com a execução das tarefas do plano de ações corretivas e medidas de controle dos riscos ocupacionais e de acidentes. Conheceu também exemplos de modelos de ficha, relatório e checklist de inspeção de segurança. Você pode refletir o quanto a falha humana contribui com os erros e desvios, além de constatar que a solução está na elevação do grau de qualificação e na cultura da segurança dos trabalhadores. 3 INSPEÇÕES DE SEGURANÇA 87 Ao identificar os riscos inerentes às atividades laborais a serem avaliadas durante a inspeção, você estará contribuindo para o planejamento das ações corretivas e das medidas de controle dos riscos ocupacionais e de acidentes. O reconhecimento da legislação e a correlação de suas exigências com as características do ramo de atuação, das atividades desempenhadas pelo trabalhador e das condições apresentadas pelo ambiente de trabalho também ajudarão você na condução do processo de inspeção. Prever o futuro não está ao seu alcance. No entanto, o resultado das inspeções, complementado por um plano de ações corretivas, ajudará você a se antecipar aos problemas e atuar de forma proativa e preventiva. No próximo capítulo, você conhecerá uma metodologia de análise de riscos, utilizada para realizar estudos mais aprofundados de determinada situação. 4 Você já viu que, a aplicação de inspeções de segurança permite atuar, de modo proativo, através da identificação de riscos à saúde e segurança do trabalhador e do planejamento de medidas de controle. Mas, como você irá proceder nos casos em que a identificação de riscos e de causas de acidentes façam parte de questõesmais complexas? Para situações onde há riscos e causas difíceis de serem identificadas, será necessário efetu- ar uma análise mais profunda para melhor identificá-los. No estudo deste capitulo, você irá entender a diferença entre risco e perigo. Conhecerá as técnicas de análise quantitativas e qualitativas, suas características e aplicações de cada uma delas. Também entenderá o objetivo do processo de análise de riscos aplicado à saúde e se- gurança no trabalho e conhecerá as ferramentas aplicadas neste processo, tais como: árvore de causas, diagrama de causas e efeitos, análise de modos de falhas e efeitos (AMFE), estudo de perigo e operabilidade – Hazard and Operability Study (HAZOP), análise preliminar de risco (APR) e o plano de ação (5W2H). Ao final deste capítulo, você terá subsídios para: a) identificar os riscos inerentes às atividades laborais a serem avaliadas durante a inspeção; b) identificar situações de risco grave e iminente durante a inspeção nos ambientes labo- rais, agindo de acordo com os procedimentos padrão e ou de emergência da empresa; c) reconhecer as técnicas de análises quantitativas e qualitativas aplicáveis à avaliação de riscos; d) reconhecer os fluxos operacionais de empresa; e) identificar nos procedimentos operacionais as diretrizes relativas às ações de segurança do trabalho; f ) correlacionar as diretrizes de segurança do trabalho descritas nos procedimentos com as atividades desenvolvidas no ambiente laboral; g) identificar as técnicas e metodologia de avaliação adequada à classificação dos riscos do objeto de análise; h) correlacionar as diretrizes de segurança do trabalho descritas nos procedimentos com as atividades desenvolvidas no ambiente laboral; Análise de Riscos ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO90 i) avaliar a necessidade de alteração e ou complementação das diretrizes de segurança do trabalho estabelecidas nos procedimentos operacionais e de emergência. A partir de agora, você terá a oportunidade de conhecer diversos temas sobre o assunto, que farão a diferença em suas práticas. Bons estudos! 4 ANÁLISE DE RISCOS 91 4.1 DEFINIÇÕES Em seu livro Higiene e Segurança do Trabalho, Mattos et al. (2011, p. 03) comentam que os estudos de análises de riscos têm apresentado crescente importância como ferramenta utilizada pelas organizações e pelos órgãos de controle, tendo em vista a avaliação do risco inerente às atividades industriais existentes ou propostas. Pode não parecer, mas a figura a seguir apresenta um exemplo de risco que nem sempre é con- siderado, mas a faca na mão de uma criança apresenta um grande risco. Figura 32 - A faca é um risco para as crianças Mattos et al. (2011) definem também que o perigo é fonte ou situação com potencial para provocar danos em termos de lesão, doença, dano à propriedade, meio ambiente, local de trabalho ou a combinação de perigo e risco. O risco é a combinação da probabilidade de ocorrência e da(s) consequência(s) de um determinado evento perigoso, enquanto os desvios são considerados situações ilegais. Figura 33 - Máquina sem proteção contra acidentes de trabalho Veja alguns exemplos. a) Um torno com engrenagem exposta oferece uma condição perigosa de risco, pois o operador poderá colocar a mão entre as engrenagens. iS to ck ([ 20 -- ?] ) iS to ck ([ 20 -- ?] ) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO92 b) Um operador usando luvas em um processo de torneamento de uma peça grande, cujas castanhas es- tão sobrepostas na placa, pode lesionar a mão se a luva enroscar nas castanhas. c) Um operador que não usa óculos de segurança indicado pela Segurança do Trabalho, e apontado pelo Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), está cometendo um ato ilegal, ou seja, um desvio. Segundo Mattos et al. (2011, p. 05), as empresas estão deixando de considerar a segurança do trabalho como algo a ser cumprido por força de lei, para vê-la como parte importante do negócio, como um bem intangível que agrega valor ao produto ou serviço, tornando-a uma empresa destacada em seu ramo de negócio. Mattos et al. (2011) ainda sugerem dez obrigações de gestão, como forma de prevenir a ocorrência de acidentes e aperfeiçoar o sistema de gestão de segurança da organização. São elas: a) o progresso é medido pelas taxas de incidentes; b) a segurança advém de um sistema, mais do que um programa; c) as técnicas estatísticas guiam os esforços de melhoria contínua; d) a investigação de acidentes e incidentes é renovada ou é eliminada; e) são utilizados princípios técnicos e ferramentas estatísticas para controle de processos; f ) a melhoria do sistema é enfatizada; g) são concedidos benefícios às pessoas que descobrem e apontam situações ilegais (desvios); h) a formalização da participação dos trabalhadores na resolução dos problemas e na tomada de de- cisão; i) melhorias ergonômicas são consideradas nos projetos dos postos de trabalho; e j) as armadilhas do sistema que causam erros são eliminadas. 4.1.1 DESVIO Entende-se por desvio qualquer ação ou condição que esteja em não conformidade com procedimen- tos, normas e requisitos legais que possa vir a desencadear, de forma direta ou indireta, danos às pessoas e ao patrimônio ou impacto no meio ambiente. Portanto, é considerado desvio o descumprimento, de modo consciente, das normas de segurança, seja por negligência ou por omissão relacionada ao risco. Por exemplo, remover dispositivos de segurança de um equipamento ou não usar o EPI exigido na função. A condição do ambiente de trabalho também pode vir a ser um desvio quando possibilita a ocorrência de acidentes. Por exemplo: piso sujo com óleo lubrificante. Os desvios são evidenciados, na sua maioria, de forma qualitativa, através das inspeções no local de trabalho. 4 ANÁLISE DE RISCOS 93 4.1.2 RISCO Cardella (2009) define risco como sendo o dano ou perda esperados no tempo. É uma variável aleatória associada a eventos, sistemas, instalações, processos e atividades. Já a OHSAS 18001 (2007) apresenta a definição de risco como a combinação da probabilidade da ocor- rência de um acontecimento perigoso ou exposição(ões) e da severidade das lesões, ferimentos ou danos para a saúde, que pode ser causada pelo acontecimento ou pela(s) exposição(ões). Veja o exemplo de risco ligado a um ambiente na próxima figura. Figura 34 - A circulação de veículos é um risco aos pedestres O risco está ligado à presença de um agente ou de um ambiente. Por exemplo, na atividade de atraves- sar uma rodovia, o risco é a circulação dos veículos na mesma. 4.1.3 PERIGO A OHSAS 18001 (2007) define perigo como sendo fonte, situação ou ato com um potencial para o dano em termos de lesões, ferimentos ou danos para a saúde, ou uma combinação destes. O perigo é a exposi- ção ao risco, isto é, refere-se às situações que podem causar danos, lesões ou mortes. Utilizando o exemplo do item anterior, na atividade de atravessar uma rodovia, o perigo é a exposi- ção dos pedestres ao risco (circulação de veículos). Neste exemplo, uma forma de controlar o risco seria a existência de uma passarela e de grades ao longo da rodovia, eliminando a necessidade de exposição das pessoas. iS to ck ([ 20 -- ?] ) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO94 Observe, na figura, que existe a faixa de segurança, mas vai depender da coerência do motorista em parar para que o pedestre atravesse a rua. Figura 35 - Perigo da exposição dos pedestres à circulação de veículos De acordo com Mattos et al. (2011), perigo significa o potencial inerente para causar lesão ou dano à saúde das pessoas. O autor ainda afirma que é difícil fazer distinção entre perigo e risco, mesmo porque, são quase sinônimos. Para evidenciar o sentido prático dessas definições, pode-se citar exemplos queda de andaimes ou escadas, vazamento de produtos químicos, nível de ruído acima dos padrões etc. O risco é uma classificação do perigo enquanto grandeza, que pode ser quantitativa ou qualitativa. 4.2 TÉCNICASDE ANÁLISES QUANTITATIVAS E QUALITATIVAS A análise de risco está relacionada ao processo para obter informações sobre o risco, no qual o resultado da análise é confrontado com padrões, critérios e julgamentos, levados em consideração para demonstrar se as medidas adotadas estão de acordo com o esperado em relação à saúde e segurança no trabalho. Para efetuar uma análise de riscos, é preciso efetuar um estudo de todos os dados e informações rela- cionadas aos processos existentes na organização. No entanto, esses estudos devem ser periodicamente revisados e atualizados para promover a melhoria contínua do programa de gestão de riscos, pois os pro- cessos, materiais, equipamentos e pessoas têm suas características alteradas ao longo do tempo. A análise de riscos, dependendo dos dados ou informações obtidas em relação aos processos organi- zacionais, pode ser conduzida com vários graus de refinamento, classificando-a em ordem crescente de complexidade e custos para a empresa, afim de se obter uma indicação geral no nível de risco. A condução da análise de riscos é feita, basicamente, através de técnicas quantitativas e qualitativas. A seguir, acompanhe as características destas técnicas. iS to ck ([ 20 -- ?] ) 4 ANÁLISE DE RISCOS 95 4.2.1 ANÁLISE QUALITATIVA Em termos de análise de riscos, uma avaliação qualitativa representa uma análise subjetiva. Isto significa que o resultado deste tipo de análise irá depender das percepções da pessoa que irá efetuá-la. Na análise qualitativa, ocorre a percepção, ou não, de determinado agente. No entanto, a dimensão deste agente será conhecida somente mediante uma análise quantitativa. As técnicas aplicadas neste tipo de análise são: a inspeção visual in loco, as entrevistas com os trabalha- dores do local e função objeto da análise. Para realizar uma análise qualitativa, é preciso utilizar palavras específicas que procurem mensurar a intensidade das consequências de um determinado risco com as probabilidades dos mesmos acontece- rem. Estes termos são ajustáveis de acordo com as circunstâncias. Um mesmo termo pode ser adaptável a diferentes tipos de riscos. As situações em que a análise qualitativa é utilizada com mais frequência são: a) nas fases iniciais dos processos, para identificar os riscos envolvidos, que possuem um alto nível de criticidade; b) quando não for necessário efetuar análises mais detalhadas em função do nível do risco; c) quando não for possível realizar uma análise quantitativa, devido à falta de dados numéricos. Para efetuar este tipo de análise, são utilizadas escalas qualitativas de probabilidades subjetivas dos riscos e suas consequências, utilizando-se de medidas simples, de forma a atender às necessidades de uma determinada organização. Observe, a seguir, os níveis das medidas qualitativas das consequências dos riscos. NÍVEL DESCRITOR DESCRIÇÃO 1 Insignificante Sem lesões, pequena perda financeira. 2 Menor Tratamento com primeiros socorros, vazamento interno imediatamente contido, média perda financeira. 3 Moderada Tratamento médico necessário, vazamento interno contido com auxílio externo, alta perda financeira. 4 Maior Graves lesões, perda da capacidade de produção, vazamento externo sem efeitos danosos, grande perda financeira. 5 Catastrófica Morte, vazamento tóxico com efeito danoso, enorme perda financeira. Quadro 5 - Medidas qualitativas de consequências ou impactos Fonte: adaptado da Norma AS/NZS 4360 – Gestão de riscos (2004) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO96 Outra fonte importante de informação são os níveis das medidas qualitativas das probabilidades dos risos, que estão descritas no quadro, a seguir. NÍVEL DESCRITOR DESCRIÇÃO A Quase certo Espera-se que ocorra na maioria das vezes. B Provável Provavelmente ocorrerá na maioria das vezes. C Possível Deverá ocorrer alguma vez. D Improvável Poderá ocorrer alguma vez. E Raro Poderá ocorre somente em circunstâncias excepcionais. Quadro 6 - Medidas qualitativas de probabilidades Fonte: adaptado da Norma AS/NZS 4360 – Gestão de riscos (2004) Depois de identificar e classificar o nível de risco e a definição das suas probabilidades e consequên- cias, é possível efetuar uma análise qualitativa de riscos, utilizando uma matriz para o cruzamento de informações. Verifique, a seguir, a Matriz de Análise Qualitativa de Riscos que faz uma relação entre a probabilidade e as consequências dos riscos, além auxiliar na definição das ações a serem adotadas para o tratamento, monitoramento ou transferência dos riscos. PROBABILIDADE CONSEQUÊNCIAS INSIGNIFICANTE MENOR MODERADA MAIOR CATASTRÓFICA Quase certo (A) A A E E E Provável (B) M A A E E Possível (C) B M A E E Improvável (D) B B M A E Raro (E) B B M A A Quadro 7 - Matriz de Análise Qualitativa de Riscos Fonte: adaptado da Norma AS/NZS 4360 – Gestão de riscos (2004) Legenda: E Risco extremo, necessária uma ação imediata. A Risco alto, necessária a atenção da alta direção. M Risco moderado, sendo que a responsabilidade da direção deve ser especificada. B Risco baixo, gerenciado por procedimentos de rotina. Observe que, com o cruzamento das medidas de consequências e de probabilidades, a matriz de análi- se qualitativa de riscos permite a classificação dos riscos por grau de criticidade, o que para o profissional de segurança no trabalho contribui para o monitoramento dos riscos que devem, além de tudo, serem evitados. 4 ANÁLISE DE RISCOS 97 4.2.2 ANÁLISE QUANTITATIVA A análise quantitativa caracteriza-se pela utilização somente de valores numéricos para representar as consequências e as probabilidades. Os dados podem ser oriundos de fontes, como registros anteriores, experiências e publicações específicas que tenham relação com os fatores considerados na análise, mo- delos de engenharia e a opinião de especialistas, entre outros. A qualidade da análise está diretamente relacionada à precisão dos valores numéricos utilizados e de sua abrangência. O objetivo da análise quantitativa é mensurar o risco, utilizando para isso parâmetros e instrumentos específicos para determinar o grau de comprometimento da saúde do trabalhador (no caso de agentes ambientais), bem como através de dados estatísticos relacionados a ocorrências de acidentes. Este tipo de análise é aplicado para descrever uma variável quanto à sua tendência central ou dispersão, utilizando cálculos de média, mediana e moda, além de também agrupar os dados em categorias e descrever a sua frequência. As técnicas aplicadas neste tipo de análise são, após o levantamento de dados, a aplicação de ferramen- tas matemáticas e estatísticas, tais como regressão linear e correlação. As etapas normalmente adotadas para a realização da análise quantitativa são compostas de: a) execução de análise qualitativa; b) formação de um banco de dados abrangente que considera as perdas por produtos, serviços e pro- cessos internos; c) definição e monitoramento de indicadores de perdas operacionais para permitir o acompanhamen- to da evolução dessas perdas; e d) desenvolvimento e aplicação de método para o cálculo do volume de dinheiro a ser reservado para perdas operacionais, bem como medidas de retorno ajustadas ao risco operacional. No decorrer de uma análise de riscos, busca-se respostas para questões esclarecedoras, que objetivam identificar o que pode vir a dar errado, em qual nível de gravidade, com qual probabilidade que ocorrer e o que deveria ser feito em relação ao risco. Os métodos de análise quantitativa e qualitativa se complementam. Normalmente, a análise qualitativa precede uma análise quantitativa e seu propósito é priorizar riscos a partir da probabilidade de impacto avaliada durante a análise dos riscos, determinando o que precisa ser analisado quantitativamente ou não antes de ser construído o plano de resposta aos riscos. Com todos estes dados em mãos, é possível elaborar o plano de ação e ajustar o que for necessário. Mas, para isso, você terá que utilizar ferramentas deanálise, que serão apresentadas a seguir. 4.3 FERRAMENTAS As ferramentas de análise fornecem uma metodologia sistemática e efetiva para identificar riscos e pe- rigos, além de determinar as ações de controle preventivas em cada uma das etapas de uma tarefa, para garantir a segurança durante a sua execução. ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO98 A seguir, conheça as ferramentas e a metodologia adotada por cada uma. 4.3.1 ANÁLISE POR ÁRVORE DE CAUSAS Segundo Barsano (2012), a análise por árvore de causas é a técnica de investigação de acidentes mais usada entre os profissionais da segurança do trabalho. A aplicação desta ferramenta é feita com a partici- pação de equipes multidisciplinares, compostas por trabalhadores, vítimas, membros da CIPA e do SESMT, que através de questionamentos construtivos consideram todas as possibilidades que levariam ao aciden- te. Desta forma, este método elimina a possibilidade de haver inferências, ou seja, o “achismo” e passa a considerar os fatos. Conforme Binder (2003), há três condições indispensáveis para a realização da análise de um acidente. a) A análise do acidente deve ser efetuada no próprio local onde o mesmo ocorreu e o mais cedo pos- sível após o acontecido. b) Deve-se distinguir a coleta de fatos e dados da interpretação dos mesmos, pois ela dependerá do ponto de vista de cada observador e isso poderá prejudicar o resultado final da análise, induzindo a erros. c) A coleta de fatos e dados deve ser feita com objetividade e por pessoa com conhecimento da forma habitual de execução do trabalho analisado. O método de Análise por Árvore de Causas é constituído pelas seguintes etapas: a) coleta e organização dos dados; b) montagem da árvore de causas; c) leitura e interpretação da árvore ; e d) prevenção: identificação de medidas preventivas possíveis, escolha de medidas a serem implanta- das, acompanhamento da implantação das medidas escolhidas e avaliação dos resultados das me- didas implantadas. Observe, a seguir, segundo Binder (2003), a definição dos quatro elementos que compõem as ativida- des a serem consideradas nesta análise. a) O indivíduo (I): designa a pessoa física e psicológica trabalhando em seu meio profissional e trazendo consigo o efeito de fatores extraprofissionais. No acidente, trata-se da vítima facilmente identificável, podendo também ser pessoas cujas atividades estejam em relação mais ou menos direta com a da vítima. b) A tarefa (T): designa, de maneira geral, as ações do indivíduo que participa da produção parcial ou total de um bem ou de um serviço, como chegar ao ambiente de trabalho, utilizar um torno, preparar o trabalho etc. c) O material (M): compreende todos os meios técnicos, a matéria-prima e os produtos colocados à disposição do indivíduo para executar sua tarefa, como um caminhão, um torno, uma peça a usinar, um produto a utilizar etc. 4 ANÁLISE DE RISCOS 99 d) O meio de trabalho (MT): designa o quadro de trabalho e o ambiente físico e social no qual o indi- víduo executa sua tarefa. O acidente nada mais é do que um processo que inicia por uma perturbação de um dos elementos descritos anteriormente, passando por uma rede de incidentes intermediários e evolui até a lesão de um indivíduo. Entende-se, então, que a análise deste acidente consiste em identificar todas as modificações dos com- ponentes. Deste modo, os dados serão coletados através da pesquisa de incidentes, perturbações, ano- malias e alterações ocorridas nos mesmos. Neste caso, é denominada pelo método como a variação dos componentes da atividade. Estas variações devem ser avaliadas em cada atividade na qual o indivíduo esteja envolvido. Neste método, a regra fundamental é que seja considerado como variação um fato objetivo, deixando de lado as interpretações de quem está conduzindo a análise. Observe, no quadro, a seguir, exemplos de variações dos componentes da atividade. COMPONENTE DA ATIVIDADE EXEMPLOS DE VARIAÇÕES AFETANDO UM COMPONENTE Indivíduo (I) • Substituição de um operador por outro. • Operário sentindo-se doente. Tarefa (T) • Tarefa não habitual ou imprevista. • Omissão de operações elementares durante a execução. Material (M) • Máquina nova confiada ao indivíduo. • Máquina habitual em pane parcial ou total. Meio de trabalho (MT) • Operário em oficina não habitual. • Área de circulação obstruída. • Névoa. Quadro 8 - Exemplos de variações de diferentes componentes Fonte: adaptado de Binder (2003) DETALHAMENTO DAS ETAPAS DO METODO DE ANÁLISE POR ÁRVORE DE CAUSAS a) Coleta de dados: nesta etapa, são identificadas e coletadas as variações ocorridas nos componentes da atividade. Este levantamento é iniciado a partir do último fato ocorrido. Neste caso, o ponto de partida é a lesão provocada pelo acidente. Depois, volta-se no tempo e se estende o campo de in- vestigação. Para cada componente, é questionado se houve variação em relação à sua condição habitual e quais foram elas. Esta etapa é realizada através da inspeção do local do acidente e de entrevistas aos tra- balhadores envolvidos direta e indiretamente. Nas entrevistas, busca-se reconstruir como a tarefa é executada habitualmente, sem a ocorrência de acidentes e também como a tarefa estava sendo executada quando ele ocorreu. ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO100 b) Organização dos fatos: todos os fatos são listados utilizando frases curtas. Apenas fatos devem ser listados, interpretações e opiniões não podem ser confundidos com os fatos. As informações são organizadas pela classificação das variações ocorridas para cada componente da atividade (Indivíduo, Tarefa, Material ou Meio de trabalho). Para facilitar a montagem do diagrama do acidente, as variações são organizadas em uma tabela. c) Montagem do diagrama da árvore de causas: é recomendado que a árvore seja montada logo em seguida após a coleta e organização dos dados. A montagem da árvore inicia sempre partindo da lesão. O diagrama irá representar o encadeamento das variações que deram origem à lesão, sendo cons- truído com base nas informações da tabela elaborada na etapa descrita no item anterior (b). d) Leitura e interpretação da árvore: o diagrama da árvore de causas propicia uma análise formal e lógica dos fatores que precederam o acidente, permitindo identificar onde ações corretivas e pre- ventivas podem ser aplicadas. e) Prevenção: identificação de medidas preventivas possíveis, escolha de medidas a serem implanta- das, acompanhamento da implantação das medidas escolhidas, avaliação dos resultados das medi- das implantadas. EXEMPLO DE APLICAÇÃO DO METODO DE ANÁLISE POR ÁRVORE DE CAUSAS Acompanhe, agora, a aplicação desta metodologia através do exemplo apresentado por Binder (2003). a) Descrição do ocorrido (Coleta de dados): A Sra. A e a Sra. B trabalham, respectivamente, como secretária e auxiliar em escritório de advocacia, numa sala de pequenas proporções (2,80 por 3,30 metros). Há dois dias, o escritório está sendo remodelado, inclusive a sala em que as duas senhoras trabalham. No dia do acidente, a janela dessa sala foi trocada e o marceneiro encarregado do serviço ligou uma extensão para possibilitar o funcionamento de uma furadeira e os fios ficaram sobre o chão da sala. Os fios são pretos e o piso da sala é de carpete cinza escuro, quase preto. Após o almoço, a auxiliar foi dispensada do trabalho para resolver problemas pessoais e a Sra. A permaneceu sozinha no escritório. No meio da tarde, a Sra. A foi ao banheiro e, quando já estava voltando, ouviu a campainha do telefone tocar em sua sala. Preocupada em atender ao chamado, a Sra. A correu em direção ao aparelho, não viu os fios no chão, tropeçou neles, caiu e bateu com a cabeça no arquivo que está ao lado da mesa do telefone. A Sra. A sofreu trauma cranioencefálico. 4 ANÁLISE DE RISCOS 101 b) Organização dos fatos: O quadro, a seguir, apresenta os fatos contidos na descrição, reelaborados sob forma de frases curtas, classificados como variação () ou fato habitual ( ) e por tipo de componente da ati- vidade, conforme classificação descrita anteriormente. Ou seja, indivíduo (I), tarefa (T), material (M) e meio de trabalho (MT). ORGANIZAÇÃO DOS FATOS OU FATORES DE ACIDENTES SEGUNDO O COMPONENTE DA ATIVIDADE E SEU CARÁTER HABITUAL, OU NÃO, REFERENTE AO CASO FATOR DE ACIDENTE COMPONENTE 1. A Sra. A sofreu trauma cranioencefálico I 2. O crânio da Sra. A se chocou contra o arquivo T 3. O arquivo está muito próximo à mesa do telefone MT 4. O escritório é pequeno (2,80 por 3,30 m) MT 5. A Sra. A sofreu queda T 6. A Sra. A enroscou os pés nos fios T 7. A Sra. A correu para atender o telefone T 8. A Sra. A não viu os fios no chão T 9. O telefone tocou na sala da Sra. A M 10. A Sra. B estava ausente MT 11. A Sra. A estava voltando do banheiro T 12. O piso é escuro MT 13. Os fios são pretos M 14. Há fios no chão MT 15. O marceneiro ligou extensão na furadeira T’ 16. O marceneiro trocou a janela T’ 17. A sala estava sendo remodelada MT 18. A Sra. A é secretária I 19. A auxiliar da Sra. A foi dispensada MT Legenda : Variação : Fato habitual I : Indivíduo T: Tarefa M: Material MT: Meio de trabalho Quadro 9 - Organização dos fatores do acidente Fonte: adaptado de Binder (2003) Acompanhe, na sequência, a montagem do diagrama da árvore de causas. ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO102 c) Montagem do diagrama da árvore de causas: Figura 36 - Exemplo Árvore de causas Fonte: adaptado de Binder (2003) Leitura e interpretação da árvore: ao analisar a árvore de causas do acidente sofrido pela Sra. A, con- forme descrito anteriormente no exemplo, observe que na origem do acidente houve a realização de uma atividade excepcional no meio do trabalho (a troca de janela durante a remodelação da sala), não havendo a interrupção do trabalho no escritório e nem a adoção de medidas de prevenção necessárias para este tipo de situação (presença de fios soltos no chão, permissão de ausência da auxiliar que impactou em sobrecarga de trabalho para a Sra. A em um ambiente exposto a perturbação da reforma em andamento). Para conhecer melhor a aplicação do método Árvore de causas, consulte o livro: BINDER, Maria Cecília Pereira; MONTEAU, Michel; ALMEIDA, Ildeberto Muniz de. Árvore de causas: método de investigação de acidentes de trabalho. São Paulo (SP): Publisher Brasil, 2003. SAIBA MAIS A nt on io M ee s (2 01 7) 4 ANÁLISE DE RISCOS 103 Esta análise ainda permite constatar e refletir sobre como a ocorrência de variações nos componentes da atividade podem dar origem a um acidente de trabalho com lesão grave, mesmo em um ambiente normalmente tido como seguro. 4.3.2 DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO Segundo Cardella (2009), o Diagrama de Causa e Efeito (também conhecido como Espinha de peixe, ou Diagrama de Ishikawa) é uma técnica muito utilizada, que mostra a relação entre um efeito e as possíveis causas que podem estar contribuindo para que ele ocorra. Esse diagrama, de aparência de uma espinha de peixe, foi aplicado pela primeira vez em 1943, no Japão, pelo professor da Universidade de Tóquio Kaoru Ishikawa, de forma a relatar as opiniões de engenheiros de uma fábrica quando estes discutiam problemas de qualidade. É a representação gráfica das causas de um fenômeno. A princípio, este diagrama considera 6 aspectos (6M) para classificar as causas, que são Método, Máquina, Medida, Meio Ambiente, Material e Mão de obra. No entanto, dependendo do efeito e das causas aborda- das, nem todos os 6 aspectos são aplicáveis. A organização das causas feita na elaboração deste diagrama permite uma análise mais clara das mesmas em relação ao seu impacto no efeito. Observe um exemplo do diagrama. Figura 37 - Diagrama de causa e efeito Fonte: SENAI (2017) O diagrama Ishikawa é um instrumento muito usado para estudar os fatores que determinam resulta- dos que se deseja obter (processo, desempenho e oportunidade) e as causas de problemas que precisam ser evitados (defeitos, falhas e variabilidade). A nt on io M ee s (2 01 7) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO104 Esta ferramenta apresenta as seguintes vantagens: a) apresenta todas as variáveis que podem reproduzir um acidente, explorando ao máximo essas va- riáveis; b) leva todos os envolvidos no processo a se comprometerem com os resultados; c) pode ser usada como ferramenta estatística para controle da qualidade total de produtos; d) é ideal para quem está fazendo ou já fez um sistema de gestão da qualidade (Série ISO 9000); e) é ideal para quem está fazendo ou já fez um sistema de gestão ambiental (Série ISO 14000); e f ) organiza as ideias geradas num brainstorming (tempestade de ideias), técnica usada para motivar a participação de todos os envolvidos no processo. Esta ferramenta apresenta as seguintes desvantagens: a) precisa de uma estrutura organizacional favorável para ser aplicada com sucesso, pois se trata de uma metodologia diferente da tradicional; b) deve ser utilizada, de preferência, por pessoas com vivência em PDCA - sigla indicativa de ações traduzidas por quatro palavras inglesas: plan (planejar), do (fazer), check (verificar, checar) e action (atuar corretivamente); c) precisa de pessoas que tenham percepção; e d) não sinaliza se o problema é grave ou não. Observe, agora, as etapas para a elaboração do diagrama de causa e efeito. a) Escolha do problema: nesta etapa, é fundamental que a descrição do problema seja feita de modo claro e objetivo e, principalmente, evitando confundir efeito com causa. O problema será escrito no diagrama, em uma posição de destaque, na cabeça do peixe. b) Levantamento de informações: esta fase é mais efetiva quando realizada em equipe. Devem fazer parte desta equipe pessoas que tenham conhecimento e relação direta com o problema, para poder elencar as suas possíveis causas. Uma ferramenta da qualidade que pode auxiliar neste processo é o Brainstorming, ou tempestade de ideias. c) Preenchimento do diagrama: utilizando o diagrama de causa e efeito, conforme apresentado na figura anterior, classifica-se as possíveis causas levantadas escrevendo cada uma na ramificação mais apropriada do diagrama. Com esta organização das informações, é possível identificar também as causas secundárias de cada causa, deixando a análise mais completa. d) Resultado do diagrama: como conclusão do diagrama deve ser feita a escolha da causa fundamen- tal, ou seja, aquela que tem maior probabilidade de estar gerando o efeito indesejado. A partir daí, o próximo passo será a elaboração de um plano de ação para eliminar esta causa e, consequente- mente, eliminar ou minimizar o problema. 4 ANÁLISE DE RISCOS 105 Veja, a seguir, um exemplo de diagrama de causa e efeito para o problema de risco de acidente em um posto de trabalho. Figura 38 - Exemplo de diagrama de causa e efeito Fonte: SENAI (2017) Esta ferramenta da qualidade permite, além de uma visualização clara das causas de um problema, desenvolver soluções de forma participativa, melhorando processos e fortalecendo o trabalho em equipe. Quando aplicada em análise de riscos, o diagrama de causa e efeitos possibilita a eliminação ou redução dos mesmos a partir do bloqueio das causas destes riscos. Outra ferramenta a ser utilizada é a análise de modos de falhas e efeitos, que você conhecerá na sequência da sua leitura. 4.3.3 ANÁLISE DE MODOS DE FALHAS E EFEITOS – AMFE Durante a missão Apollo, na década de 1960, a NASA (National Aeronautics and Space Administration) desenvolveu a metodologia FMEA (Failure Mode and Effects Analysis), com o objetivo de identificar falhas potenciais em sistemas, projetos, processos ou serviços, como também seus efeitos e causas e, a partir daí, definir ações para reduzir ou eliminar o risco associado a essas falhas. No Brasil, a ABNT adotou para este método a sigla AMFE - Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos, conforme especificado na norma NBR 5462 (ABNT, 1994). Após o segmentoespacial, a aplicação desta metodologia se expandiu para a área de tecnologia nu- clear, indústria automobilística e outros diversos setores. A nt on io M ee s (2 01 7) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO106 A técnica de análise de modos de falhas e efeitos permite analisar de que forma podem ocorrer falhas nos componentes de um equipamento ou sistema. Além disso, esta técnica possibilita a obtenção de esti- mativas de taxas de falha, determinar os efeitos e, assim, indicar as alterações que deverão ser efetuadas para o aumento da probabilidade de o sistema ou equipamento realmente funcionar de maneira satisfatória. Figura 39 - Componentes de um Sistema com probabilidade previstas de falhas Ao utilizar este método, você terá condições de analisar como podem falhar os componentes de um equipamento ou sistema, estimar as taxas de falha, determinar ou efeitos que poderão resultar e, conse- quentemente, estabelecer as mudanças que deverão ser feitas para aumentar a probabilidade de que o sistema ou equipamento funcione satisfatoriamente, aumentando a sua confiabilidade. A aplicação desta técnica de análise está focada na abordagem simples e direta para a identificação das fontes de falhas e suas consequências. Este método pode ser utilizado para identificação de mau funcio- namento de sistemas que constituem máquinas, para a análise de acidentes ocorridos ou análise de equi- pamentos de processo. Sua principal finalidade é identificar falhas que possam causar riscos. Entretanto, a FMEA possibilita também a identificação de falha, que apesar de não representarem perigo, afetam a confiabilidade do funcionamento do sistema. Conforme Mattos et al. (2011, p. 85), os principais objetivos da FMEA são: a) revisão sistemática dos modos de falha de um componente, para garantir danos mínimo s ao sistema; b) determinação dos efeitos que tais falhas terão em outros componentes do sistema; c) especificação dos componentes cujas falhas teriam efeitos críticos na operação do sistema (falha de efeito críticos); d) cálculo de probabilidade de falhas de montagens, subsistemas e sistemas, a partir das probabili- dades individuais de falha de seus componentes, e; iS to ck ([ 20 -- ?] ) 4 ANÁLISE DE RISCOS 107 e) definição de como podem ser reduzidas as probabilidades de falha de componentes, montagens e subsistemas através do uso de componentes com confiabilidade alta, redundantes no projeto, ou ambos. Primeiramente, uma FMEA é efetuada de forma qualitativa. Os efeitos das falhas humanas sobre o sistema, na maioria das vezes, não são considerados nessa análise. Numa etapa seguinte, é possível aplicar os dados quantitativos, com o intuito de se estabelecer uma confiabilidade ou probabilidade de falhas do sistema ou subsistema. Esta metodologia pode ser aplicada em diversas fases do sistema para gestão e garantia da segurança e saúde no trabalho, conforme segue. a) Planejamento: na realização da avaliação de riscos, incluindo a identificação de perigos. b) Verificação e Ação Corretiva: para solucionar problemas de forma sistemática na identificação das causas fundamentais. c) Avaliação de Riscos: para assegurar a análise e priorização dos riscos de condições inseguras e prejudiciais à saúde presentes no ambiente de trabalho. Acompanhe a seguir, as etapas para a elaboração de uma análise de falhas através da FMEA, segundo Helman (1995): a) definição da equipe responsável pela execução; b) definição dos itens do sistema que serão considerados; c) preparação prévia e coleta de dados; d) análise preliminar dos itens considerados; e) identificação dos modos de falha e seus efeitos; f ) identificação das causas das falhas; g) identificação dos controles atuais de detecção das falhas; h) determinação dos índices de criticidade; i) análise das recomendações; j) revisão dos procedimentos; k) preenchimento do formulário da FMEA; e l) reflexão sobre o processo. ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO108 Observe, a seguir, um exemplo de modelo de formulário para aplicação no método de análise de falhas e efeitos. ANÁLISE DE MODOS DE FALHAS E EFEITOS Empresa: Subsistemas: Folha nº: Preparada por: Local e data: Empresa: COMPONENTE MODOS DE FALHA POSSÍVEIS EFEITOS CATEGORIA DE RISCO MÉTODO DE DETECÇÃO AÇÕES DE COMPENSAÇÃO E REPARO EM OUTROS COMPONEN- TES NO DESEMPENHO TOTAL DO SUBSISTEMA Quadro 10 - Modelo de formulário para AMFE Fonte: adaptado de Mattos et al. (2011) Para o preenchimento dos dados nos campos em branco do quadro que você acabou de conferir, devem ser adotados os seguintes procedimentos: a) dividir o sistema em subsistemas que possam ser efetivamente controlados; b) traçar diagramas de blocos funcionais do sistema e de cada subsistema, a fim de se determinar seus inter-relacionamentos e seus componentes; c) preparar um listagem completa dos componentes de cada subsistema, registrando-se, ao mesmo tempo, a função específica de cada um deles; d) determinar, por meio da análise de projetos e diagramas, os modos de falhas (operação prematura, falha em operar num tempo prescrito, falha em cessar a operação num tempo prescrito, falha du- rante operação), que podem ocorrer e afetar cada componente; e) indicar os efeitos de cada falha específica sobre outros componentes do subsistema em relação à missão; f ) estimar a gravidade de cada falha específica, de acordo com as categorias ou classes de risco (des- prezível, marginal, crítica, catastrófica ou alta, média, baixa); e g) indicar, por fim, os métodos de detecção de cada falha específica e as possíveis ações de compen- sação e reparos que devem ser adotados, para eliminar ou controlar cada falha em particular e seus efeitos. 4 ANÁLISE DE RISCOS 109 A utilização adequada do método FMEA é um dos pontos mais importantes para o sucesso de sua implementação. Isto significa, portanto, agir sempre de maneira preventiva, antes que o modo de falha de projeto, processo, sistema ou serviço se torne um fator de risco à saúde e segurança no trabalho. Quando desenvolvido na época apropriada, este método é capaz de proporcionar menores gastos com mudanças nos produtos, processos, sistemas ou serviços e maior facilidade na execução das modificações necessá- rias. Outra ferramenta a ser utilizada na análise de risco é a HAZOP, que você irá conhecer na sequência da sua leitura. 4.3.4 HAZOP Conforme Barata (2007, p. 13), “[...] o estudo de operabilidade e riscos foi desenvolvido para o exame efi- ciente e detalhado das variáveis de um processo.” Por meio da HAZOP, sistematicamente são identificados os caminhos pelos quais os equipamentos do processo podem falhar ou ser inadequadamente operados. A técnica é desenvolvida por uma equipe multidisciplinar, sendo guiada pela aplicação de palavras específi- cas - palavras-guia - a cada variável do processo, gerando os desvios dos padrões operacionais, os quais são analisados em relação às suas causas e consequências. Arendt (1993, p. 95) afirma que “[...] a aplicação por ser completa, sistemática e relativamente fácil de ser aplicada, a HAZOP é uma das técnicas de análise de riscos mais populares”. O autor ainda afirma que o princi- pal objetivo de um estudo de Perigos e Operabilidade (HAZOP) é investigar, de forma minuciosa e metódica, cada segmento de um processo, focalizando os pontos específicos do projeto, além de tentar descobrir todos os possíveis desvios das condições normais de operação, identificar as causas responsáveis por tais desvios e as respectivas consequências. Para tanto, é necessária a identificação dos equipamentos do processo o que pode ser visualizado na figura que segue. Figura 40 - Equipamentos do processo Esta técnica estabelece a realização de um estudo eficiente, detalhado e completo das variáveis envol- vidas no processo, tornando possível identificar sistematicamente as formas pelas quais os equipamentos que constituem o processo industrial podem falhar ou serem operados de modo inadequado,o que resul- taria em situações de operação indesejadas. iS to ck ([ 20 -- ?] ) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO110 Uma vez verificadas as causas e as consequências de cada tipo de desvio e avaliada a aceitabilidade do mesmo através de uma matriz de aceitabilidade previamente acordada, procura-se propor medidas para eliminar ou controlar o perigo ou para sanar o problema de operabilidade da instalação. A maior aplicação do HAZOP ocorre em projetos de novas unidades industriais e em ampliações de unidades já existentes, principalmente devido a alguns requisitos legais. Esta técnica foi desenvolvida para identificar riscos e, principalmente, problemas relacionados a proce- dimentos operacionais de uma instalação industrial, que possam levar a danos materiais e/ou humanos. Portanto, trata-se de uma avaliação qualitativa dos riscos e dos problemas operacionais presentes em um processo industrial, no qual é efetuada a revisão da planta através de uma série de reuniões, em que um grupo de especialistas realiza um brainstorming sobre o projeto da planta em busca de riscos. Sistematicamente, o estudo de desenhos da instalação e de fluxogramas do processo é conduzido de modo que cada circuito, cada linha e cada tipo de desvio seja considerado, visando identificar riscos po- tenciais nesses pontos. Para Cardella (2009), é necessário o entendimento de alguns termos específicos do HAZOP utilizados no desenvolvimento de uma análise de riscos. a) Nós-de-estudo (Study Nodes): são os pontos do processo, localizados através dos fluxogramas da planta, que serão analisados nos casos em que ocorram desvios. b) Intenção de operação: a intenção de operação define os parâmetros de funcionamento normal da planta, na ausência de desvios nos nós-de-estudo. c) Desvios: os desvios são afastamentos das intenções de operação, que são evidenciados pela aplicação sistemática das palavras-guia aos nós-de-estudo (ex.: mais pressão), ou seja, são distúrbios provocados no equilíbrio do sistema. d) Causas: são os motivos pelos quais os desvios ocorrem. A partir do momento em que um desvio tenha demonstrado possuir uma causa aceitável, ele pode ser tratado como uma ocorrência sig- nificativa e analisado adequadamente. As causas dos desvios podem advir de falhas do sistema, erro humano, um estado de operação do processo não previsto (ex.: mudança de composição de um gás), distúrbios externos (ex.: perda de potência devido à queda de energia elétrica) etc. e) Consequências: as consequências são os resultados decorrentes de um desvio da intenção de ope- ração em um determinado nó-de-estudo (ex.: liberação de material tóxico para o ambiente de tra- balho). f ) Parâmetros de processo: são os fatores ou componentes da intenção de operação, ou seja, são as variáveis físicas do processo (ex.: vazão, pressão, temperatura) e os procedimentos operacionais (ex.: operação, transferência). 4 ANÁLISE DE RISCOS 111 g) Palavras-guia ou Palavras-chave (Guide Words): são palavras simples utilizadas para qualificar os desvios da intenção de operação e para guiar e estimular o grupo de estudo ao brainstorming. As palavras-guia são aplicadas aos parâmetros de processo que permanecem dentro dos padrões es- tabelecidos pela intenção de operação. Aplicando as palavras-guia aos parâmetros de processo, em cada nó-de-estudo da planta em análise, procura-se descobrir os desvios passíveis de ocorrência na intenção de operação do sistema. Assim, as palavras-guia são utilizadas para levantar questões como: O que ocorreria se houvesse mais? Ou: O que aconteceria se ocorresse fluxo reverso? O quadro, a seguir, apresenta as palavras-guia mais utilizadas para o desenvolvimento de um (HAZOP), bem como seus significados. PALAVRAS GUIAS SIGNIFICADOS Não/Nenhum Negação da intenção projetada Mais (mais alto) Acréscimo quantitativo Menos (mais baixo) Decréscimo quantitativo Parte de Decréscimo qualitativo Além de Acréscimo qualitativo Reverso / Ao contrário de Oposto lógico da intenção Outro que não Substituição completa Quadro 11 - Palavras-guia e seus significados Fonte: adaptado de Cardella (2009) O método HAZOP pode ser usado na fase de projeto de novos sistemas/unidades de processo quan- do já se dispõe dos fluxogramas de engenharia e de processo da instalação ou durante modificações ou ampliações de sistemas/unidades de processo já em operação. Sendo usado também como revisão geral de segurança de unidades de processo já em operação. O HAZOP pode ser utilizado em qualquer estágio da vida de uma instalação. Veja, na sequência, como deve ser estruturada a equipe para a formatação do HAZOP. ESTRURAÇÃO DE UMA EQUIPE DE HAZOP: A escolha da equipe de um HAZOP deve ser feita com critério, de modo a obter os conhecimentos e a experiência adequados para atender aos objetivos da aná- lise. A equipe não deve ser muito grande. Uma equipe eficiente deve ter entre cinco e sete participantes efetivos. Veja qual as funções e o perfil dos componentes da equipe de HAZOP. a) Líder da Equipe: engenheiro de segurança que tenha domínio da técnica de HAZOP. Sua função é garantir que a equipe siga a metodologia, deve ter habilidade para liderar grupos de pessoas que não se reportam a ele. b) Secretário: pessoa capaz de sintetizar, de forma clara e objetiva, os resultados das discussões do grupo. ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO112 c) Supervisor da Unidade: é o responsável pela operação da unidade de processo. d) Engenheiro de Processo: profissional com conhecimento do processo e da operação da unidade objeto de análise. e) Operador: pessoa que conhece todos os detalhes operacionais e as informações relativas ao que de fato acontece na instalação que está sendo analisada. f ) Supervisor de Manutenção: é o responsável pela manutenção da instalação. g) Engenheiro ou Técnico de Segurança: é o responsável pela segurança da unidade de processo em questão. h) Engenheiro ou Técnico de Instrumentação e Controle: pessoa que cuida da manutenção dos instru- mentos e dos testes dos sistemas de controle de proteção. DADOS NECESSÁRIOS PARA APLICAÇÃO DO HAZOP: o sucesso ou o fracasso da aplicação desta téc- nica na análise de um processo industrial irá depender da integridade e precisão dos dados utilizados como base para desenvolvimento do estudo, da experiência técnica, do grau de especificidade do estudo alcançado pelo grupo e de sua habilidade no uso desta ferramenta. Para execução do HAZOP, deve-se dispor de informações atualizadas sobre o processo, a instrumen- tação e a operação da instalação. Estas informações podem ser obtidas através de especificações técni- cas, procedimentos de operação e de manutenção ou por pessoas qualificadas e com experiência técnica relacionada ao processo. Observe, a seguir, a relação dos documentos que serão muito úteis para a aplicação do HAZOP. a) fluxogramas de engenharia (Diagramas de Tubulação e Instrumentação); b) fluxogramas de processo e balanço de materiais; c) memorial descritivo do projeto; d) folhas de dados de todos os equipamentos da instalação; e) dados de projeto de instrumentos, válvulas de controle, etc.; f ) dados de projeto e ponto de ajuste (set point) de todas as válvulas de alívio, discos de ruptura, etc.; g) especificações e padrões dos materiais das tubulações; h) diagrama lógico de intertravamento; i) matrizes de causa e eleito; j) diagrama unifilar elétrico; e k) especificações das utilidades (Ex.: vapor, água e ar comprimido). 4 ANÁLISE DE RISCOS 113 A figura, a seguir, apresenta o fluxograma da engenharia que é a base da elabora do HAZOP. Figura 41 - Fluxograma de engenharia Após a análise do fluxograma de engenharia que você acompanhou na figura anterior, veja os resulta- dos esperados com a aplicação desta ferramenta. RESULTADOS ESPERADOS COM A APLICAÇÃO DO HAZOP Observe, a seguir, os resultados que você irá obter com a aplicação do HAZOP. a) Identificação de todos os desvios prováveis com possibilidade de gerareventos perigosos ou pro- blemas operacionais. A nt on io M ee s (2 01 7) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO114 b) Uma avaliação das consequências destes desvios sobre o processo. c) A análise dos meios disponíveis para se detectar e corrigir ou reduzir os impactos destes desvios. A partir desta análise, poderão surgir recomendações referente a mudanças no projeto e alterações nos procedimentos de operação, teste e manutenção. Como você pode perceber, os resultados obtidos com o HAZOP são qualitativos. Pois, não há estimati- vas numéricas e nem classificação em categorias. Segundo Souza (1995), o desenvolvimento do HAZOP deve ser feito em cinco etapas: a) Definição do estudo: essa etapa é a responsável pela verificação dos itens de segurança de um projeto, dos procedimentos de operação e de uma planta existente. Também se verifica o funcionamento da instrumentação de segurança e se decide o local onde pode ser construída uma unidade industrial; b) Seleção do grupo de estudo: são selecionados o líder da equipe, chefe do projeto, engenheiro de processos, engenheiro de automação e engenheiro eletricista. Para cada grupo, faz-se a atribuição de responsabilidades; c) Preparo do material necessário ao estudo: são obtidos os dados necessários, conver- tidos para uma forma adequada ao estudo e planeja-se a sequência de estudos e reuniões; d) Execução do estudo: análise do processo, com o auxílio das palavras-guia; e) Registro dos resultados: registram-se, adequadamente, todos os resultados obtidos no decorrer do estudo HAZOP. Quando se aplica o HAZOP para identificar os perigos da reação com relação aos funcionários, inicia- -se o estudo aplicando-se as palavras-guia aos parâmetros do processo. Considerando apenas o parâ- metro fluxo, o resultado do estudo é resumido, conforme apresentado no quadro a seguir. PARÂMETROS: FLUXO PALAVRA-GUIA CAUSAS CONSEQUÊNCIAS Nenhum Válvulas não abrem; Suprimento de ácido fosfórico esgotado; Entupimento ou ruptura da linha de ácido fosfórico. Excesso de amônia no reator e liberação para área de trabalho. Menos Válvula parcialmente fechada; Entupimento ou vazamento na tubulação. Excesso de amônia no reator e liberação para área de trabalho. Mais Válvula aberta além do parâmetro; Elevação do nível de ácido fosfórico. Excesso de ácido fosfórico degrada o produto, mas não apresenta perigo ao local de trabalho. Quadro 12 - Exemplo do método HAZOP Fonte: adaptado de Souza (1995) 4 ANÁLISE DE RISCOS 115 As perguntas que se procura responder nessa etapa são as seguintes: Qual é a probabilidade do evento acontecer? O que fazer para eliminar ou diminuir esse risco? Aven (1992) descreve que o uso de dados estatísticos contribui de uma forma quantitativa para a ava- liação de riscos. Ele também afirma que o uso da estatística de acidentes auxilia na análise da causa de aci- dentes e no monitoramento do nível de segurança. Ao analisar diferentes categorias de consequências (perda de vidas, pessoas feridas, perda material etc.) com as estatísticas de acidentes, pode-se medir a extensão do problema e identificar as tendências com o período dos acontecimentos. Também é importante fazer o detalhamento das informações obtidas dentro dos subgrupos relacionados com a ocupação, sexo, idade, função etc. Na sequência, acompanhe um exemplo do HAZOP, que se refere a um sistema de abastecimento de gás GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) para uma unidade industrial, em que o objeto da análise é o tanque de GLP. Figura 42 - Tanque de GLP Fonte: adaptado da ABNT (2017) A nt on io M ee s (2 01 7) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO116 Lembre-se de que o HAZOP tem como objetivo identificar os caminhos que levam os equipamentos do processo a falhar ou serem inadequadamente operados. Acompanhe, no quadro, a seguir, um HAZOP do tanque de abastecimento de GLP. 4 ANÁLISE DE RISCOS 117 Quadro 13 - Exemplo HAZOP do tanque de GLP Fonte: SENAI (2017) A partir deste exemplo, você percebeu que este método propicia a identificação de todos os desvios prováveis com possibilidade de gerar eventos perigosos ou problemas operacionais, uma avaliação das consequências destes desvios sobre o processo. A análise dos meios disponíveis para se detectar e corrigir ou reduzir os impactos destes desvios é de extrema valia para o responsável da inspeção. 4.3.5 ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO – APR A análise Preliminar de Riscos - APR é a técnica utilizada para identificar fontes de perigos, consequê- -ncias e medidas corretivas simples, sem aprofundamento técnico, resultando em tabelas de fácil leitura. A APR é uma análise inicial qualitativa, desenvolvida na fase de projeto e desenvolvimento de qualquer processo, produto ou sistema. A nt on io M ee s (2 01 7) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO118 Essa análise é de especial importância na investigação de sistemas novos de alta inovação, ou pouco conhecidos, quando a experiência em riscos na sua operação é carente ou deficiente. Também pode ser utilizada como ferramenta de revisão geral de segurança em sistemas em operação, revelando aspectos que podem passar despercebidos. De acordo com Mattos et al. (2011, p. 83), Existem várias técnicas de análise de riscos que buscam um único objetivo: determinar prováveis riscos que poderão estar presentes na fase operacional do componente, equi- pamento ou sistema ou identificar erros ou condições inseguras que resultam em aci- dentes, com ou sem lesão, danos ou perdas, ou que poderão resultar em riscos. A APR consiste no estudo, durante a fase de concepção ou desenvolvimento prematuro de um novo sistema, dos riscos que poderão estar presentes em sua fase operacional. Trata-se de um procedimento que possui especial importância nos casos em que o sistema a ser analisado possua pouca similaridade com quaisquer outros existentes, seja pela sua característica de inovação, ou pioneirismo, seja pela pouca expe- riência em risco no seu uso. Veja, no quadro, a seguir, um exemplo de modelo de formulário aplicado na análise preliminar de riscos. ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS Identificação: Subsistema: Projetista: RISCO CAUSA EFEITO CATEGORIA DE RISCO MEDIDAS PREVENTIVAS OU CORRETIVASFREQUÊNCIA SEVERIDADE RISCO Quadro 14 - Modelo de formulário para APR Fonte: adaptado de Amorim (2014) Observe, a seguir, os conceitos relacionados aos itens que compõem o modelo de formulário da APR anterior, que ajudarão você a preenchê-lo. No quadro, a seguir, há cinco níveis da categoria de frequências, com as respectivas descrições. 4 ANÁLISE DE RISCOS 119 CATEGORIA FREQUÊNCIA DESCRIÇÃO A Extremamente Remota Menor que 1 ocorrência em 100.000 anos Conceitualmente possível, porém extremamente improvável de ocorrer. Sem referências históricas nos bancos de dados. B Remota Ocorrência de 1 evento entre 100 e 100.000 anos Já pode ter ocorrido algum registro histórico, porém não é esperado que ocorra durante a vida útil do empreendimento. C Pouco Provável Ocorrência de 1 evento entre 30 e 100 anos Possível de ocorrer durante o período de vida útil. D Provável Ocorrência de 1 evento entre 1 ano e 30 anos Mais de 1 ocorrência esperada para a vida útil. E Frequente Mais de 1 evento por ano Ocorrência esperada diversas vezes ao longo da vida útil. Quadro 15 - Categorias de frequência Fonte: adaptado Araújo (2010) Outro dado que deve ser observado no preenchimento das APRs é a severidade em função de danos potenciais. Isso você irá observar no quadro que segue. CATEGORIA TIPO DESCRIÇÃO 1 Desprezível A falha não irá produzir danos funcionais ou lesões, nem contribuir com risco ao sistema. 2 Marginal A falha irá degradar o sistema, porém sem danos maiores ou lesões. Pode ser compensada ou controlada adequadamente. 3 Crítica A falha irá causar lesão, degradação do sistema, danos substanciais ou irá causar dano inaceitável (exigindo ações corretivas imediatas). 4 Catastrófica A falha irá causar lesões, mortesou perdas totais (com degradação severa do sistema). Quadro 16 - Categorias de severidade Fonte: adaptado Araújo (2010) Classificada a categoria, a frequência e a severidade, é necessário classificar os riscos que fazem correla- ção entre a frequência e a severidade, o que você poderá verificar no próximo quadro. ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO120 SEVERIDADE CATEGORIA DE FREQUÊNCIA CATEGORIA DESCRIÇÃO A B C D E 4 Catastrófica Provoca morte ou lesões em uma ou mais pessoas, gera danos irreparáveis aos equipamentos ou instalações e as situações ou os valores resultantes dos danos ficam acima dos máximos aceitáveis. M M NT NT NT 3 Crítica Provoca lesões moderadas, gera danos severos aos equipamentos ou instalações e as situações ou os valores resultantes dos danos não superam os máximos aceitáveis. M M M NT NT 2 Marginal Provoca lesões leves, gera danos leves aos equipamentos ou instalações e as situações ou os valores resultantes dos danos não superam os níveis médios aceitáveis. T T M M M 1 Desprezível Não provoca lesões ou as lesões não são suficientes para gerar afastamento e não gera danos aos equipamentos ou instalações. T T T T M Quadro 17 - Matriz de risco Fonte: adaptado Araújo (2010) É importante também verificar, com base na matriz apresentada anteriormente, a descrição das classes de risco resultantes do cruzamento entres categorias de frequência e de severidade. Acompanhe. CLASSE DE RISCO DESCRIÇÃO T O risco é considerado tolerável. Não há necessidade de medidas adicionais. MT O risco é considerado tolerável quando mantido sob controle. Controles adicionais devem ser avali- ados e implementados, aplicando-se uma análise para avaliar as alternativas disponíveis, de forma a se obter uma redução adicional dos riscos. NT O risco é considerado não tolerável com os controles existentes. Métodos alternativos devem ser considerados para reduzir a probabilidade de ocorrência e, adicionalmente, as consequências. Quadro 18 - Classes de risco Fonte: SENAI (2017) Para ilustrar esta situação, acompanhe um exemplo em que foi simulado a APR aplicada na vistoria do serviço terceirizado de construção civil, efetuado em uma obra de recuperação da fachada de um prédio residencial. O foco da análise foi o trabalho em altura com a utilização de andaimes. Acompanhe, a seguir, o preenchimento do formulário da APR, que apresenta parte da análise feita na vistoria da obra. 4 ANÁLISE DE RISCOS 121 ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS RISCO CAUSA EFEITO CATEGORIA DE RISCO MEDIDAS PREVENTIVAS OU CORRETIVASFREQUÊNCIA SEVERIDADE RISCOS Q ue da d o Tr ab al ha do r Estrutura sem guarda- corpo Morte E 4 NT Os andaimes devem dispor de sistema guarda-corpo e rodapé, inclusive nas cabeceiras, em todo o perímetro, conforme subitem 18.13.5 da NR 18, com exceção do lado da face de trabalho. Estrutura do Andaime sem fixação Morte E 4 NT O andaime deve ser fixado à estrutura da construção, edificação ou instalação, de modo a resistir aos esforços a que estará sujeito. Talabarte fixado parcialmente Morte D 4 NT O talabarte e o dispositivo trava-quedas devem estar fixados acima do nível da cintura do trabalhador, ajustados de modo a restringir a altura de queda e assegurar que, em caso de ocorrência, minimize as chances do trabalhador colidir com estrutura inferior. Q ue da d e O bj et os Área sem isolamento eficiente Lesão D 3 NT A análise de risco deve, além dos riscos inerentes ao trabalho em altura, considerar: o isolamento e a sinalização no entorno da área de trabalho e o risco de queda de materiais e ferramentas. A circulação de pes- soas na área de trabalho deve ser permitida somente com o uso de capacete, bota e permissão para entrada na área. Estrutura do Andaime sem fixação. Lesão D 3 NT O andaime deve ser fixado à estrutura da construção, edificação ou instalação, de modo a resistir aos esforços a que estará sujeito. A circulação de pessoas na área de trabalho deve ser permitida somente com o uso de capacete, bota e permissão para entrada na área. Estrutura de içar ligada ao andaime de fachada Lesão C 3 M O ponto de instalação de qualquer aparelho de içar materiais deve ser escolhido, de modo a não comprometer a estabilidade e segurança do andaime. A circulação de pes- soas na área de trabalho deve ser permitida somente com o uso de capacete, bota e permissão para entrada na área. Quadro 19 - Exemplo de formulário APR preenchido Fonte: SENAI (2017) ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO122 A APR tem o objetivo de identificar e avaliar preliminarmente os perigos presentes em uma instalação ou unidade. Os pontos que você irá procurar determinar para cada perigo, ao efetuar esta análise, são: os eventos acidentais associados ao perigo, as consequências da ocorrência destes eventos, as causas básicas e os eventos intermediários, os modos de prevenção das causas básicas e eventos intermediários e os modos de proteção e controle, dada a ocorrência das causas básicas e eventos intermediários. Mattos et al. (2011) menciona que o desenvolvimento de uma APR deve seguir os passos descritos a seguir. a) Rever problemas conhecidos: revisar a experiência passada em sistemas similares, para determinar os riscos que poderão estar presentes no sistema que está sendo desenvolvido. b) Revisar a missão: ficar atento aos objetivos, exigências de desempenho, principais funções e procedi- mentos dos ambientes onde serão efetuadas as operações. c) Determinar os riscos principais: identificar os riscos principais com potencialidade para causar direta e imediatamente lesões, perda de função, danos a equipamentos, perda de material. d) Determinar os riscos iniciais e contribuintes: elaborar, para cada risco principal detectado, as séries de riscos determinando os riscos iniciais e contribuintes. e) Revisar os meios de eliminação ou controle de riscos: efetuar uma revisão dos meios possíveis, procurando as melhores opções compatíveis com as exigências do sistema. f ) Analisar os métodos de restrição de danos: no caso de perda de controle dos riscos, considerar os métodos possíveis mais eficientes na restrição geral de danos. g) Indicar quem levará a cabo as ações corretivas: definir com clareza os responsáveis pelas ações cor- retivas, designando as atividades que cada unidade deverá desenvolver. h) A análise de riscos deverá ser sucedida por análises mais detalhadas ou específicas, logo que forem possíveis. Não esqueça, você também será responsável por essa tarefa. CASOS E RELATOS Literalmente Análise de Risco João acabara de ser contratado como técnico de segurança de uma empresa de compensados, a COMPE, uma indústria conhecida no ramo da madeira. A mesma atuava havia 55 anos no mercado e era comandada pelos dois filhos do fundador, que ainda seguiam o estilo antigo de adminis- tração herdada de seu pai. 4 ANÁLISE DE RISCOS 123 Ainda inseguro com o ingresso na nova empresa, João resolveu iniciar suas atividades conhecendo o processo produtivo, assim saberia com que tipo de riscos e maquinário estaria se deparando, pois nunca tinha acompanhado a produção de compensados. João, empolgado com o novo emprego e com todo o conhecimento técnico aprendido no curso, começou suas atividades levantando as causas dos acidentes, uma vez que já tinha conhecimento dos riscos existentes. João verificou, em conversa com os funcionários, um grande número de acidentes ocorridos nos setores. Diante dessa situação, dirigiu-se até um dos donos da empresa para informar sobre os acontecidos e pedir para reunir os gerentes dos setores, pois os donos da empresa davam o aval para qualquer atividade e sempre frisavam que essa era a filosofia da instituição. A estratégia de ação de João era a de reunir os gerentes e aplicar algumas ferramentas de gestão de riscos que tinha conhecimento. Ao escutar a proposta dele, o dono recusou imediatamente,dizendo que há 30 anos comandava aquela empresa e não ia deixar os funcionários terem o conhecimento dos riscos existentes, pois achava que isso era perda de tempo, e tempo, para ele, era dinheiro. Dessa forma, João teria de es- colher entre ficar submisso às ordens do patrão, que ainda administrava a empresa nos parâmetros antigos, sem visão prevencionista e não queria se atualizar, ou pediria demissão, buscando uma nova oportunidade em que realmente pudesse empregar a segurança do trabalho e os conheci- mentos de gestão de riscos adquiridos. 4.3.6 PLANO DE AÇÃO – 5W2H A necessidade de planejar está presente em dois momentos distintos do processo de análise de riscos. O primeiro é na etapa inicial para o levantamento de fatos e dados e a análise propriamente dita. O segun- do está presente na etapa posterior, na qual é elaborado o planejamento das ações corretivas para eliminar as não conformidades, causas de problemas e medidas de controle para a saúde e segurança no trabalho. O 5W2H, assim como outras ferramentas da qualidade, foi criado na indústria automobilística do Japão como uma ferramenta auxiliar na metodologia para melhoria contínua de processos, conhecida como PDCA. Esta ferramenta consiste em um plano de ação no qual são preestabelecidas atividades definidas de forma clara. ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO124 Pense em algo que você planejou fazer. Certamente, você teve que responder a algumas questões, que devem ter sido: O que? Por que? Como? Onde? Quem? Quando? Quanto? Justamente estas são as questões que compõem o plano de ação. A ferramenta de planejamento 5W2H tem este nome em função da letra inicial das palavras em inglês, conforme segue: What - O que será feito? (Definição das etapas para atingir o objetivo); Why – Por que será feito? (Justificativa e finalidade de cada etapa); Where – Onde será feito? (Local, posto de trabalho, parte da máquina); Who – Quem será o responsável? (O nome da pessoa responsável por cada etapa); When – Quando será feito? (Definição do prazo para a conclusão de cada etapa); How – Como será feito? (Detalhamento de como será executada cada etapa - método); How much – Quanto custará? (O custo financeiro de cada etapa, quando houver). Para que você possa elaborar e apresentar o plano de ação de modo claro e objetivo, estas informações deverão ser organizadas em uma planilha em que as questões são dispostas em colunas e cada linha será preenchida com as informações de cada etapa do plano, à medida que as questões vão sendo respondidas. Veja, na sequência, um exemplo do plano de ação. PLANO DE AÇÃO Projeto/Problema: Data: Equipe: Responsável: O que? Por que? Como? Onde? Quem? Quando? Quanto? Quadro 20 - Modelo de plano de ação Fonte: SENAI (2017) Este quadro pode ser utilizado em diversas situações, sejam elas ligadas à segurança no trabalho ou à área administrativa da empresa, até mesmo na organização pessoal. Na sequência, acompanhe um exem- plo de plano de ação preenchido. 4 ANÁLISE DE RISCOS 125 PLANO DE AÇÃO Projeto/Problema: Implementar ações para melhoria das condições de segurança na execução de trabalhos de manutenção em espaços confinados em adequação à NR 33. Data: 01/08/2017 Equipe: João, Maria e José Responsável: José O que? Por que? Como? Onde? Quem? Quando? Quanto? Identificar todos os espaços confinados existentes na empresa. Para atender os requisitos da NR 33 e melhorar as condições de segurança nos trabalhos de manutenção em espaços confina- dos Consultando a NR 33 e identi- ficando os locais que se carac- terizam como espaços confina- dos. Em todas as dependências da empresa Técnico de segu- rança do trabalho (João) Início: 05/08/17 Prazo final: 20/08/17 Apenas custo de mão de obra interna Qualificar as equipes de manutenção Definindo os par t ic ipa ntes junto às chefias de manutenção. RH Analista de RH (Maria) Prazo final: 30/08/17 R$ 540,00 por pessoaAprovando o in- vestimento nos cursos e organi- zando as turmas. Prazo final: 30/10/17 Providenciar os EPIs e EPCs necessários para o trabalho em espaços confina- dos. Elaborando a lista do material necessário. SESMT Técnico de segu- rança do trabalho (João) Prazo final: 30/09/17 Aprovando o investimento en- caminhando as solicitações de compra. Prazo final: 30/10/17 R$ 53.000,00 Quadro 21 - Exemplo de plano de ação Fonte: SENAI (2017) Perceba que o “por que?” de determinada ação pode ser a mesma resposta de vários “o que?”, assim como o “onde?”, ou um único setor, pode ser responsável por mais de uma atividade, o que também acon- tece com quem será o responsável. ROTINAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO126 Quando for identificado algum problema, deve-se analisá-lo, identificar as suas causas e agir corretiva- mente. Talvez seja necessário ajustar alguma etapa de seu plano para garantir a sua eficácia. Para que você alcance o resultado desejado, tão importante quanto o estabelecer um plano de ação, é monitorar o andamento do mesmo. É importantíssimo que sejam elaboradas estratégias para acompanhar a evolução geral deste plano, bem como, definir no cronograma os períodos em que fará essa análise. Quando for identificado algum problema, deve-se analisá-lo, identificar as suas causas e agir corretivamente. Talvez seja necessário ajustar alguma etapa de seu plano para garantir a sua eficácia. FIQUE ALERTA Os assuntos abordados nesse capítulo, somados a todo o conteúdo visto nos capítulos anteriores, são temas de bastante importância para a sua formação. RECAPITULANDO Neste capítulo, você pôde entender a diferença entre risco e perigo. Também conheceu as técnicas de análise quantitativas e qualitativas, suas características e aplicações de cada uma delas e entendeu o objetivo do processo de análise de riscos aplicado à saúde e segurança no trabalho. Você também estudou as ferramentas aplicadas no processo de análise de riscos. Dentre elas, a Árvore de Causas, o Diagrama de Causas e Efeitos, a Análise do Modo de Falha e Efeitos - FMEA, o HAZOP, a Análise Preliminar de Risco - APR e o Plano de Ação - 5W2H. O reconhecimento das técnicas de análises quantitativas e qualitativas e sua aplicação na análise de riscos também ajudarão você na condução do processo de inspeção. Identificar os riscos inerentes às atividades laborais a serem avaliadas durante a inspeção, tratando as questões mais complexas através da aplicação de ferramentas adequadas para analisar estes riscos, apoiarão você na prevenção de acidentes no trabalho. Você aprendeu também que saber identificar situações de risco grave e iminente durante a inspeção nos ambientes laborais contribuirá para que você possa agir de acordo com os procedimentos padrão e ou de emergência da empresa que contribuem na melhoria das condições de saúde e segurança no trabalho. No próximo capítulo, você conhecerá os tipos de risco de acidentes, as formas de controle e as medidas preventivas para eliminá-los ou minimizá-los. REFERÊNCIAS ANTONALIA, Claudio. LER DORT: Prejuízos Sociais e Fator Multiplicador do Custo Brasil. 2. ed. São Paulo: LTR, 2008. ARAÚJO, José Antônio Faria. Análise dos Acidentes de Trabalho do Tipo Quedas em Altura no Indústria da Construção. Mestrado em Engenharia Humana. Universidade do Minho, 2011. ARENDT, J. Steven et al. Managing safety: do’s and dont’s to ‘OSHA- proof’ your process hazard analyses. Chemical Engineering. p. 90-100, mar. 1993. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Importância/Benefícios. Disponível em: <https://goo.gl/PGuf6Z>. Acesso em: 17 ago. 2017. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 5413: iluminância de interiores: especificação. Rio de Janeiro, 1994. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Normalização: voluntariedade das Normas. Rio de Janeiro, 2017. 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Possui 22 anos de experiência em empresas dos ramos alimentício, têxtil e metal- -mecânico, em manutenção industrial, atuando em gestão, supervisão de equipes, planejamento e engenharia de manutenção. DAIANI MACHADO Graduada em administração com habilitação em marketing pela Universidade Católicade Santa Ca- tarina. Atualmente trabalha no SENAI na área de educação a distância como tutora e monitora de cursos a distância da unidade de Jaraguá do Sul. LILIAN ELCI CLAAS Graduada em Pedagogia com habilitação em Supervisão Escolar, pós-graduada em Administração de Recursos Humanos (FAE/UNERJ) e em Consultoria Empresarial (UFSC/SENAI). Atua desde 1988 com a formação e o desenvolvimento de lideranças, melhoria das relações humanas, resolução de conflitos, melhoria nos métodos de trabalho e no ensino correto de um trabalho. Atualmente, é instrutora no SENAI-SC, na unidade de Jaraguá do Sul, ministrando as Unidades Curriculares de Comunicação Oral e Escrita, Metodologia Científica e da Pesquisa e Gestão de Processos e Pessoas. Desenvolve trabalho de Consultoria Empresarial na área de gestão de pessoas e treinamento. MORGANA MACHADO TEZZA Graduada em Administração em Marketing pelo Centro Universitário de Jaraguá do Sul (2005), em Ciências da computação pela Universidade do Sul de Santa Catarina (1999) e em Formação Pedagógica para Formadores de pela Universidade do Sul de Santa Catarina (2005). Possui especialização em Gerenciamento de Marketing pelo Instituto Nacional de Pós-Graduação (2003). Atuou como docente nos cursos superiores de tecnologia, técnicos e aprendizagem no SENAI/SC em Jaraguá do Sul. Mestra em Administração na UNIVALI, e coordena a área de educação a distância do SENAIsc. RICARDO RODRIGUES MISUMOTO Formado na área de Segurança do Trabalho pela Instituição SENAC de Campinas SP. Atuou como profissional de segurança nos últimos 12 anos em diversos segmen tos da indústria, como construção civil, montagem mecânica, tecelagem, plásticos, metalurgia, comunicação. Realizou inúmeras apresentações, palestras e cursos voltados ao segmento de saúde e segurança, meio ambiente e gestão de pessoas. Atualmente leciona no SENAI de Joinville nas disciplinas de saúde e segurança do trabalho, ética cidadania e meio ambiente, organização e preparação para o trabalho, gestão de processos industriais, gestão da qualidade, gestão de pessoas e gestão ambiental. RONALDO SCOZ DUARTE Graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC e pós- graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR. Trabalha na área de treinamentos em segurança, com ênfase nas normas regulamentadoras NR-10, Básico e Complementar, e em NR-33 para Vigias e Trabalhadores. É professor de Segurança em Procedimentos de Manutenção do Curso de Pós Graduação em Engenharia de Manutenção Industrial – Faculdade de Tecnologia SENAI, e também professor de Eletrônica Industrial do Curso Superior de Tecnologia em Mecatrônica – Faculdade de Tecnologia SENAI. WILMAR MATTES Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), em 1982. Cursou Administração com Habilitação em Comércio Exterior pelo Centro Universitário de Jaraguá do Sul (UNERJ) em 2002. Fez MBA em Negócios Internacionais pela UNERJ em 2007. É mestre em Engenharia Mecânica pela SOCIESC em 2008, e é doutor em Engenharia Mecânica pela Universidade de São Paulo (USP, São Carlos) / UCLA (Los Angeles,USA). ANA PAULA MÜLLER Graduada em Fisioterapia pela UNICRUZ – Universidade de Cruz Alta, no ano de 1996. É especialista em Saúde Pública pela FACINTER e IBPEX de Curitiba - PR, em Fisioterapia do Trabalho/Ergonomia pelo CBES - Centro Brasileiro de Estudos Sistêmicos de Curitiba- PR, e em Engenharia de Segurança do Trabalho pela UNOCHAPECO - Universidade Comunitária de Chapecó, em Chapecó-SC. Possui cursos nas áreas de Perícia Judicial e Higiene Ocupacional. Atua na empresa Bondio Alimentos S/A como Ergonomista e coordena o Curso Técnico em Segurança do Trabalho na unidade do SENAI em Chapecó-SC. É docente no SENAI nas disciplinas de Higiene Ocupacional, Ergonomia e Saúde do Trabalhador nos cursos Técnicos e Superiores de Tecnologia. Atualmente é mestranda em Prevenção em Riscos Laborais pela Fundação Iberoamericana. ANA ANDREIA MIGLIORANZA STRASSBURGER Técnica em Segurança do Trabalho desde 1999, formada na Escola Técnica Federal de Santa Catarina (Etefesc), em Florianópolis. Graduada em Engenharia Florestal pela Universidade do Oeste Catarinense (Unoes), em Xanxerê, em 2008. É especialista em Engenharia e Segurança do Trabalho pela Universidade Comunitária de Chapecó (UNOCHAPECÓ), em 2010. Atuou como TST na Cooperativa Central Oeste Catarinense – Aurora, em Chapecó, e como assessoria em várias empresas de ramos de atividades diferentes, construção civil, cerealista, clínicas. Atualmente, é docente do curso técnico de Segurança do Trabalho do SENAI Chapecó e coordenadora do Serviço de Saúde Ocupacional da Unimed Chapecó, atuando como engenheira responsável pelo serviço. GUILHERME AUGUSTO GIRARDI Graduado em Engenharia Ambiental pela Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO e pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR. Docente em escolas técnicas, desde 2008, nos cursos técnicos em segurança do trabalho, florestal, meio ambiente e logística. Atualmente é instrutor técnico do SENAI/SC-Joinville. ROGÉRIO ZINGANO GADEGAST Graduado em Engenharia de Operação - Fabricação Mecânica pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (1976), possui especialização em Engenharia de Segurança pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1977), especialização em Recursos Humanos pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1988), especialização em Administração Hospitalar pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1995) e mestrado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2005). A ABNT 46, 56, 57, 58, 103, 113, 213, 214, 223, 225, 229 Associação Brasileira de Normas Técnicas 46, 56, 57 C CLT 18, 19, 39, 56, 57, 60, 61, 62, 63, 69, 160, 230, 235 Constituição federal 18, 67 D Delegacia Regional do Trabalho (DRT) 20, 32 L Lei 8.213/91 63 Leis 17, 19, 55, 56, 60, 61, 66, 67, 69, 160, 172, 190, 217, 230, 235 M Ministério do trabalho 18, 19, 21, 24, 25, 26, 28, 54, 55, 56, 61, 62, 63, 67, 83, 84, 143, 174, 224, 233 N Normas regulamentadoras 13, 17, 18, 21, 30, 31, 54, 56, 57, 61, 69 Notas técnicas 13, 17, 55, 56, 69, 71, 206 O OHSAS 18001 67, 68, 91 P Portaria MTb no 3.214 67 S Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST) 20 ÍNDICE SENAI - DEPARTAMENTO NACIONAL UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP Felipe Esteves Morgado Gerente Executivo Luiz Eduardo Leão Gerente de Tecnologias Educacionais Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos Catarina Gama Catão Apoio Técnico SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DE SANTA CATARINA Selma Kovalski Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Didáticos Ana Andreia Miglioranza Strassburger Ana Paula Müller Daiani Machado Guilherme Augusto Girardi Jefferson Luiz Schelbauer Lilian Elci Claas Morgana Machado Tezza Ricardo Rodrigues Misumoto Rogério Zingano Gadegast Ronaldo Scoz Duarte Wilmar Mattes Elaboração Guilherme Augusto Girardi Revisão Técnica Morgana Machado Tezza Coordenação do Projeto Adriana Giovanela Design Educacional Airton Júlio Reiter Revisão Ortográfica e Gramatical Alisson Adriano Dhien Antônio Mees Dimitri Camargo Fábio Henrique Lessmann da Silva Luiz Meneghel Patricia Marcilio Sabrina da Silva Farias Fotografias, ilustras e Tratamento de Imagens Ana Carolina Silva Leandra Oliveira Castro Marcus Nino Moura Thomaz Yuri Vernac Comitê Técnico de Avaliação Patricia Marcilio Sabrina da Silva Farias Diagramação Airton Júlio Reiter Normalização Patricia Correa Ciciliano CRB – 14/752 Ficha Catalográfica i-Comunicação Projeto Gráfico iStock Banco de Imagens