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Autora: Profa. Paula de Sousa e Castro Colaboradores: Prof. Ricardo Calasans Prof. Laura Cristina da Cruz Dominciano Prof. Ivy Judensnaider Higiene Ocupacional GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Professora conteudista: Paula de Sousa e Castro Mestre em Ciências pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Gerenciamento de Serviços de Enfermagem pela Escola Paulista de Enfermagem (Unifesp), em Autogestão em Saúde pela Fiocruz e em Saúde da Família pela Faculdade de Medicina da USP. Enfermeira graduada pela Faculdade de Enfermagem do Hospital Israelita Albert Einstein. Também fez Aprimoramento em Saúde Pública pela Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp). Professora-adjunta do curso de Enfermagem da Universidade Paulista (UNIP). Tem experiência em Tutoria a Distância para cursos de Especialização pela Universidade Aberta do Brasil (UAB/Unifesp) e pelo Unasus/Unifesp, nos cursos de Gestão em Enfermagem e no Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab). Possui experiência hospitalar e mais de dez anos em saúde pública, atuando principalmente na Estratégia de Saúde da Família. Sua principal linha de pesquisa é relacionada a custos na saúde, em especial na Atenção Básica. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) C355h Castro, Paula de Sousa e. Higiene Ocupacional. / Paula de Sousa e Castro. – São Paulo: Editora Sol, 2015. 160 p. il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXI, n. 2-053/15, ISSN 1517-9230. 1. Riscos ambientais. 2. Programas de prevenção. 3. Ações emergenciais. I. Título. CDU 613.2:341.617 XIX GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Rose Castilho Juliana Maria Mendes GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Sumário Higiene Ocupacional APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9 Unidade I 1 HIGIENE OCUPACIONAL ............................................................................................................................... 13 1.1 Evolução do trabalho na História .................................................................................................. 13 1.2 Histórico sobre segurança e saúde do trabalho ....................................................................... 14 1.2.1 Aspectos conceituais sobre segurança e saúde no trabalho ................................................. 19 1.3 Legislação brasileira ............................................................................................................................. 20 1.3.1 Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho .............................................................. 21 1.3.2 Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego ................................... 24 1.4 Definição de Higiene Ocupacional ............................................................................................... 31 2 RISCOS AMBIENTAIS ...................................................................................................................................... 33 2.1 Riscos de acidente de trabalho ....................................................................................................... 33 2.2 Tipos de riscos ...................................................................................................................................... 33 2.2.1 Riscos emocionais................................................................................................................................... 33 2.2.2 Riscos mecânicos .................................................................................................................................... 34 2.2.3 Riscos físicos ............................................................................................................................................. 37 2.2.4 Riscos químicos ....................................................................................................................................... 43 2.2.5 Riscos biológicos ..................................................................................................................................... 44 2.2.6 Riscos ergonômicos ............................................................................................................................... 45 2.2.7 Riscos sociais ............................................................................................................................................ 47 Unidade II 3 AMBIÊNCIA E AMBIENTE DE TRABALHO ................................................................................................ 51 3.1 Atividade industrial e agentes peculiares às atividades ....................................................... 53 3.1.1 Fatores meteorológicos e topográficos ......................................................................................... 54 3.1.2 Espaço confinado .................................................................................................................................... 55 3.2 Ambientes insalubres .......................................................................................................................... 56 3.2.1 Atividades periculosas .......................................................................................................................... 58 3.2.2 Atividades penosas ................................................................................................................................. 58 3.3 Acidente do trabalho .......................................................................................................................... 59 3.3.1 Conceito de acidente do trabalho ................................................................................................... 59 3.3.2 Causas dos acidentes e doenças do trabalho .............................................................................. 63 3.3.3 Repercussão social dos acidentes .................................................................................................... 64 GST - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 3.3.4 Repercussão econômica dos acidentes ......................................................................................... 65 3.3.5 Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) ............................................................................. 67 4 CONTROLE DOS AGENTES AMBIENTAIS ................................................................................................. 68 4.1 Adoção de medidas de segurança ................................................................................................. 68 4.1.1 Medidas de proteção administrativa .............................................................................................. 68 4.1.2 Medidas de proteção coletiva ............................................................................................................ 69 4.1.3 Medidas de proteção individual ....................................................................................................... 69 4.2 Definição de EPI .................................................................................................................................... 70 4.2.1 Classificação dos EPIs .......................................................................................................................... 72 4.3 MAPA DE RISCOS .................................................................................................................................. 75 4.4 Sinalização de segurança .................................................................................................................. 83 4.4.1 Cor na segurança do trabalho ........................................................................................................... 83 Unidade III 5 NOÇÕES DE SEQUELAS ASSOCIADAS AO AGENTE AMBIENTAL ................................................... 90 5.1 Avaliação por critérios quantitativos dos riscos ...................................................................... 90 5.1.1 Instrumentos de tolerância ................................................................................................................ 90 5.2 Anamnese ocupacional ...................................................................................................................... 94 5.2.1 Perfil ocupacional ................................................................................................................................... 95 5.2.2 Exposição ocupacional ......................................................................................................................... 95 5.2.3 Contaminação ambiental .................................................................................................................... 95 5.3 Segurança e saúde no ambiente hospitalar .............................................................................. 96 5.3.1 Riscos físicos no ambiente hospitalar ............................................................................................ 97 5.3.2 Riscos químicos no ambiente hospitalar ...................................................................................... 98 5.3.3 Riscos biológicos no ambiente hospitalar ................................................................................... 99 5.3.4 Riscos ergonômicos no ambiente hospitalar ............................................................................100 5.3.5 Riscos de acidentes no ambiente hospitalar ............................................................................100 5.4 Problemas crônicos de origem ocupacional ...........................................................................101 5.4.1 Dermatoses ocupacionais ..................................................................................................................101 5.4.2 Surdez ocupacional ..............................................................................................................................102 5.4.3 Dores na coluna ...................................................................................................................................103 5.5 Intoxicação no trabalho ...................................................................................................................103 5.5.1 Classificação das intoxicações .........................................................................................................104 6 PROGRAMAS DE PREVENÇÃO .................................................................................................................105 6.1 NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) ........................................106 6.2 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) ...................................109 6.3 Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT) ................................................................................................................................110 6.3.1 Serviço Especializado de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) ........................... 112 6.3.2 Dimensionamento do SESMT ...........................................................................................................113 6.3.3 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) ............................................................. 114 6.4 A importância da medicina e segurança do trabalho preventiva ..................................116 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade IV 7 AÇÕES EMERGENCIAIS ...............................................................................................................................121 7.1 Proteção contra incêndios ..............................................................................................................123 7.1.1 Métodos de extinção de incêndios ............................................................................................... 126 7.1.2 Extintores de incêndio ....................................................................................................................... 126 7.2 Sistemas de alarmes ..........................................................................................................................127 7.2.1 Acionadores manuais e alarmes .................................................................................................... 128 7.3 Riscos de explosões ...........................................................................................................................129 7.3.1 Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) ................................................................................................... 130 7.4 Brigada de incêndio ..........................................................................................................................130 7.5 Plano de abandono ............................................................................................................................131 7.6 Plano de gerenciamento de risco ................................................................................................132 7.6.1 Sistema de gestão ............................................................................................................................... 132 7.6.2 Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho/British Standard – BS8800 ............135 7.6.3 Inspeções e relatórios de segurança ............................................................................................ 137 7.6.4 Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Sipat) ................................... 138 8 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO E A PREVIDÊNCIA SOCIAL .............................................1388.1 Previdência Social ..............................................................................................................................138 8.2 Indicadores estatísticos na gestão da segurança e saúde do trabalhador .................145 8.2.1 Indicadores recomendados pela OIT ............................................................................................ 146 8.2.2 Indicadores recomendados pela saúde pública ....................................................................... 146 9 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 APRESENTAÇÃO Nas empresas, nas indústrias, nos estabelecimentos comerciais ou em instituições de saúde, o ambiente de trabalho é composto por vários agentes que podem se tornar riscos potenciais para que aconteçam acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. O profissional de segurança e saúde do trabalho deve possuir conhecimentos sobre a higiene ocupacional, que pode ser definida como uma ciência que identifica quais são os riscos ambientais para a ocorrência de um agravo à saúde do trabalhador e realiza medidas preventivas nos ambientes de trabalho. Para a realização dessas medidas de prevenção será necessário que o profissional da higiene ocupacional tenha conhecimento sobre os riscos ambientais, de que maneira estes podem interferir na integridade física e moral, bem como quais são os limites de tolerância permitidos por lei para cada tipo de exposição. Com o conhecimento de toda a legislação pertinente sobre a segurança e a saúde do trabalhador, a higiene ocupacional terá como objetivo promover ambientes com maior qualidade, de maneira que estabeleça medidas de controle ideais. Caso, mesmo após todas as medidas de proteção, ainda assim o acidente de trabalho ou a doença ocupacional aconteça, é importante conhecer a legislação sobre a comunicação do acidente para que o trabalhador tenha garantidos seus benefícios previdenciários. Esse é um tema de extrema relevância no âmbito nacional e no internacional para que a condição econômica e social da população se mantenha em evolução permanente e de maneira adequada, garantindo a humanização dentro dos ambientes de trabalho. Tenha um ótimo aproveitamento! Bons estudos! INTRODUÇÃO Atualmente, as doenças ocupacionais apresentam alta morbidade e mortalidade em todo o mundo. Um dos desafios que precisam ser superados é o de alcançar um diagnóstico correto, e o mais precocemente possível, de que aquela situação de doença tenha sido causada diretamente por condições do ambiente de trabalho. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (2014), anualmente, ocorrem 337 milhões de acidentes de trabalho em todo o mundo, gerando pelo menos três dias de afastamento, por não serem acidentes fatais. Além disso, as doenças relacionadas ao trabalho são responsáveis por 160 milhões de casos novos. Já os dados de mortalidade chegam a aproximadamente 1,95 milhão de mortes por doenças e 358 mil mortes por acidentes. Apesar dos números tão alarmantes, eles ainda não são suficientemente agressivos para que alertem governantes, empresários e trabalhadores sobre a magnitude deste problema, que gera um impacto 10 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 individual, social e econômico muito negativo. Outro dado grave é que as doenças ocupacionais são menos visíveis, fazendo sua subnotificação ser muito grande, ou seja, o que temos de conhecimento hoje de doenças ocupacionais pode ser apenas a ponta de um iceberg. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, na América Latina, apenas entre 1% e 4% das doenças ocupacionais sejam notificados, tendo-se em conta que, no Brasil, os dados oficiais restringem-se apenas ao universo dos trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (BRASIL, 2004a). Por ano, segundo a Coordenação de Saúde do Trabalhador, do Ministério da Saúde (Cosat/MS), o Brasil perde 4% do Produto Interno Bruto (PIB) por causa de acidentes e doenças do trabalho. O cálculo inclui os gastos da Previdência Social, os do Ministério da Saúde e os prejuízos para a produção. No ano de 2007, a Previdência concedeu R$ 10,7 bilhões em benefícios decorrentes de acidentes do trabalho. Foram 5 bilhões de reais em pagamentos de auxílios por doença, acidente e aposentadorias, e 5,7 bilhões de reais pagos em aposentadorias especiais, concedidas pela exposição do trabalhador a riscos (JAKOBI, 2008). Segundo Lóes (apud JAKOBI, 2008), as causas externas de morte, ou “traumas”, como são referidas no meio médico, não constituem meros “acidentes”, como são geralmente reconhecidas. São causas de morte evitáveis, as quais, se assumidas dessa forma, tornam-se passíveis de intervenções que promovam a diminuição da ocorrência, bem como das consequências que delas advêm. De um total de 503.890 acidentes de trabalho registrados pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), 80,1% corresponderam a acidentes típicos (ocorridos no local de trabalho), 14,6% a acidentes de trajeto (durante o deslocamento entre a residência e o local de trabalho) e 5,3% a doenças do trabalho. As mulheres participaram com 23,3% no total de acidentes registrados, e o maior número de agravos (38,63%) foi registrado entre pessoas de 20 a 29 anos. O setor agrícola contribuiu com 6,8% do total de acidentes, enquanto indústria e serviços tiveram participações de 47,1% e 45,3%, respectivamente. Os setores com maior participação entre os acidentes típicos foram agricultura (7,8%) e indústria de produtos alimentícios e bebidas (10,6%). Dentre os acidentes de trajeto, destacam-se os segmentos de prestação de serviços (18,1%) e comércio varejista (18,9%). Já para as doenças relacionadas ao trabalho, tiveram maior frequência os setores intermediários financeiros (19,8%) e o comércio varejista, com 17,2% (BRASIL, 2006 apud JAKOBI, 2008). A necessidade de formulação de políticas, estratégias e técnicas preventivas de acidentes e de doenças depende muito da vontade governamental e da empresarial, com apoio e interesse também dos trabalhadores, que precisam ter consciência dos riscos a que são expostos e de como são importantes os cuidados de proteção e de prevenção. Por essa necessidade, e com o objetivo de que houvesse uma política nacional voltada para a prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, em 18 de maio de 1992, foi aprovada pelo Congresso Nacional a Convenção nº 155 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Ela dispõe sobre a Segurança e a Saúde dos Trabalhadores e o Meio Ambiente de Trabalho, de forma que estabeleça metas para redução de riscos à saúde existentes nos ambientes de trabalho (BRASIL, 2012a). 11 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Entretanto, não houve redução de acidentes e doenças ocupacionais como se esperava, o que levou à necessidade de uma política que ressaltasse a necessidade da promoção da saúde e da prevenção de doenças e agravos, por meio do comprometimento de todos os envolvidos. Em 2006, é aprovada a Convenção nº 187 da OIT, sobre a Estrutura de Promoção da Segurança e Saúde no Trabalho. Esta convenção não foi ratificada pelo Brasil e tem como disposição o desenvolvimento, a implantação e a revisão periódica de uma política coerente de segurança e saúde no trabalho, com infraestrutura necessária para que seja uma política e um plano nacional. A OMS, em 2007, considerando a necessidade da formulação de políticas específicas para a saúde do trabalhador, aprova o Plano de Ação Mundial sobre a Saúde dos Trabalhadores, queem conjunto com as convenções da OIT reforça o estabelecimento de mecanismos de coordenação intersetorial das atividades na área. A instituição de uma política nacional de ações de vigilância em saúde sobre as situações de risco que afetam os trabalhadores é plenamente localizável quanto à origem, uma vez que a maioria aflui para o SUS, sendo considerada medida urgente. Um programa de vigilância em Saúde do Trabalhador, orientado por uma vontade política efetiva e suficiente, acarretaria uma enorme economia para o SUS e para o País, além do incremento na produtividade e na melhoria da qualidade de vida de 80 milhões de brasileiros (RENAST, 2006). A Vigilância em Saúde do Trabalhador (Visat) tem por objetivo conhecer a realidade de saúde da população trabalhadora por meio da caracterização de adoecimento e morte relacionados com o trabalho: em sua magnitude, distribuição e tendências, avaliação dos ambientes, processo produtivo e condições de trabalho, identificando os fatores de risco e as cargas de trabalho a que estão expostos os trabalhadores, bem como as possibilidades de intervenção (AYRES, 2002 apud JAKOBI, 2008, p. 21). 13 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL Unidade I 1 HIGIENE OCUPACIONAL 1.1 Evolução do trabalho na História O ser humano, no decorrer de sua existência, precisou desenvolver meios de sobrevivência nas diversas condições ambientais e sociais. Para isso, ao longo da História, observamos uma evolução na tecnologia e nos processos de produção para que as necessidades do homem pudessem ser supridas. Segundo Dias et al. (2009): As inter-relações produção/trabalho, ambiente e saúde, determinadas pelo modo de produção e consumo hegemônico em uma dada sociedade, são a principal referência para se entender as condições de vida, o perfil de adoecimento e morte das pessoas, a vulnerabilidade diferenciada de certos grupos sociais e a degradação ambiental e, assim, para construir alternativas de mudança capazes de garantir vida e saúde para o ambiente e a população (DIAS et al., 2009, p. 2062). A primeira fase que identificamos como processo de trabalho na evolução do ser humano foi para que este conseguisse suprir suas necessidades para sobrevivência e tinha como principais atividades a caça e a pesca. Posteriormente, encontramos registros de atividade agrícola, caracterizada por ser uma realização artesanal, com o aprendizado do Homem a cultivar e armazenar seu cultivo, podendo comercializar aquilo que fosse excedente. A mudança deste modelo trabalhista agrícola e de pastoreio para o modelo industrial acontece após a descoberta da energia hidráulica, da máquina a vapor e da eletricidade. Iniciam-se então as primeiras concentrações de pessoas em trabalhos industriais, que, por serem uma atividade nova, apresentavam alto índice de acidentes. Henry Ford incorpora um novo modelo de processo de trabalho ao indicar que cada funcionário faça uma determinada atividade, de maneira que todas as tarefas sejam executadas de maneira sistematizada, conseguindo melhorar a escala industrial de trabalho. Com o passar dos anos, a evolução industrial não tem mais períodos de estagnação, continuando apenas a evoluir, chegando finalmente à automação tecnológica, com o uso de máquinas para a 14 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade I realização de tarefas que até então eram executadas pelo Homem, exigindo desta maneira novas regras para que os processos de produção possam ser melhorados. Com este breve histórico podemos concluir que o trabalho, junto com a matéria-prima e com a tecnologia, é essencial para a produção de bens e riquezas. Mesmo em condições de uso de tecnologias para o processo de trabalho, sempre será necessária a presença do Homem para a execução das tarefas. O que podemos perceber com a evolução do processo de trabalho ao longo da nossa História é que sempre houve a exploração da natureza e do trabalhador, e, desta forma, paralelamente, aconteceram as degradações ambientais. Assim, as doenças relacionadas aos processos de trabalho também se modificaram com a evolução do trabalho em cada época, pela mudança, em cada período, da carga biológica, psíquica, social e econômica exigida em cada processo. Algumas doenças foram controladas, e outras, praticamente extintas. Outras ainda emergiram de acordo com esse processo de evolução. No entanto, o que ficou muito claro e necessário foi o conjunto das ciências sobre a saúde do trabalhador e sobre o ambiente para que o desenvolvimento econômico e político não interferisse nas condições adequadas de trabalho. Observação O homem de Neandertal é uma espécie extinta que habitou a Europa e partes do oeste da Ásia há cerca de 300 mil anos. Além de adotar muitas preocupações estéticas e espirituais do homem moderno, ele usava vestimentas de couro para proteção de sua integridade física contra os perigos advindos do mato. 1.2 Histórico sobre segurança e saúde do trabalho Já discutimos sobre a evolução do trabalho na História e pudemos perceber que a preocupação com os trabalhadores não era uma das metas dos empregadores. No entanto, na medicina, encontramos relatos de historiadores de que este era um tema de preocupação e que deveria ser pesquisado. Aristóteles, no século IV a.C., já prestava atendimento aos trabalhadores e tentava fazer prevenção de enfermidades e suas complicações. Platão, ao estudar o corpo humano, identificava que determinadas alterações no esqueleto eram dadas pelo trabalho exercido por aquele indivíduo. Hipócrates conseguiu revelar a origem das doenças dos indivíduos que trabalhavam em minas de estanho. Talvez a primeira legislação específica sobre a segurança no ambiente de trabalho seja datada do período de 1844 a 1848, na Inglaterra, com a aprovação das Leis de Segurança no Trabalho e Saúde Pública, que regulamentavam as doenças profissionais e os problemas de saúde. A França regulamentou a Higiene e Segurança do Trabalho em 1862, e, em 1865, na Alemanha, foi criada a Lei de Indenização Obrigatória aos Trabalhadores, delegando aos empregados a compensação financeira pela doença ou pelo acidente ocasionado no ambiente de trabalho. 15 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL Em 1919 foi criada, em Genebra, a OIT, como parte do Tratado de Versalhes, que pôs fim à Primeira Guerra Mundial, substituindo a Associação Internacional de Proteção Legal ao Trabalhador. Sua criação tem como base a convicção de que a paz universal e permanente somente pode estar baseada na justiça social. A OIT é responsável pela formulação e pela aplicação das normas internacionais do trabalho. As convenções, uma vez ratificadas por decisão soberana de um país, passam a fazer parte de seu ordenamento jurídico. O Brasil está entre os membros fundadores da OIT e participa da Conferência Internacional do Trabalho desde sua primeira reunião. Durante seus primeiros quarenta anos, a OIT se consagrou por desenvolver normas internacionais do trabalho e garantir sua aplicação. Entre 1919 e 1939, foram adotadas 67 convenções e 66 recomendações. Em 1944, os delegados da Conferência Internacional do Trabalho adotaram a Declaração de Filadélfia, que, como anexo à sua Constituição, forma, desde então, a carta de princípios e objetivos da OIT. Essa declaração reafirma o princípio de que a paz só pode estar baseada na justiça social e estabelece quatro ideias fundamentais, que constituem valores e princípios básicos da OIT até hoje:• O trabalho deve ser fonte de dignidade. • O trabalho não é uma mercadoria. • A pobreza, em qualquer lugar, é uma ameaça à prosperidade de todos. • Todos os seres humanos têm o direito de perseguir o seu bem-estar material em condições de liberdade e dignidade, segurança econômica e igualdade de oportunidades. Saiba mais Você pode aprimorar os conhecimentos sobre as ações da OIT visitando seu site, em que você poderá clicar nos links para acesso aos vídeos e publicações: <http://www.oit.org.br/>. No Brasil, a partir da Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977, que altera o Capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho (BRASIL, 1977), e com o Decreto-lei nº 7.036, de 1º de novembro de 1944, é determinado que todas as empresas com mais de cem empregados deverão organizar um Comitê de Segurança. Em 1953, é oficializada a criação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) pela Portaria nº 155, de 27 de novembro. 16 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade I No Brasil, a OIT tem representação desde a década de 1950, promovendo as normas internacionais do trabalho, do emprego, da melhoria das condições de trabalho e da ampliação da proteção social. A OIT no Brasil também se esforça para a promoção do trabalho decente em áreas importantes, como o combate ao trabalho forçado e ao trabalho infantil, ao tráfico de pessoas para fins de exploração sexual e comercial, além de buscar a promoção da igualdade de oportunidades e tratamento de gênero e raça no trabalho. Em maio de 2006, foi lançada no Brasil, de maneira pioneira, a Agenda Nacional de Trabalho Decente (ANTD), em atendimento à necessidade de uma agenda de trabalho decente no País, com definição de três prioridades: • a geração de mais e melhores empregos, com igualdade de oportunidades e de tratamento; • a erradicação do trabalho escravo e a eliminação do trabalho infantil, em especial em suas piores formas; • o fortalecimento do diálogo social como instrumento de governabilidade democrática. A seguir estão listadas as Convenções da OIT ratificadas pelo Brasil e que fazem parte do nosso ordenamento jurídico. Quadro 1 – Convenções da OIT ratificadas pelo Brasil Convenção Título Ratificação pelo Brasil Convenção Título Ratificação pelo Brasil 3 Convenção relativa ao emprego das mulheres antes e depois do parto (proteção à maternidade) 26/04/1934 118 Igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros em Previdência Social 24/03/1969 4 Convenção relativa ao trabalho noturno das mulheres 26/04/1934 119 Proteção das máquinas 16/04/1992 5 Idade mínima de admissão nos trabalhos industriais 26/04/1934 120 Higiene no comércio e nos escritórios 24/03/1969 6 Trabalho noturno dos menores na indústria 26/04/1934 122 Política de emprego 24/03/1969 7 Convenção sobre a idade mínima para admissão de menores no trabalho marítimo (revista em 1936) 08/06/1936 124 Exame médico dos adolescentes para o trabalho subterrâneo nas minas 21/08/1970 11 Direito de sindicalização na agricultura 25/04/1957 125 Certificados de capacidade dos pescadores 21/08/1970 12 Indenização por acidente do trabalho na agricultura 25/04/1957 126 Alojamento a bordo dos navios de pesca 12/04/1994 14 Repouso semanal na indústria 25/04/1957 127 Peso máximo das cargas 21/08/1970 16 Exame médico de menores no trabalho marítimo 08/06/1936 131 Fixação de salários mínimos, especialmente nos países em desenvolvimento 04/05/1983 17 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL 19 Igualdade de tratamento (indenização por acidente de trabalho) 25/04/1957 132 Férias remuneradas (revista) 23/09/1988 21 Inspeção dos emigrantes a bordo dos navios 18/06/1965 133 Alojamento a bordo de navios (disposições complementares) 16/04/1992 22 Contrato de engajamento de marinheiros 18/06/1965 134 Prevenção de acidentes do trabalho dos marítimos 25/071996 26 Métodos de fixação de salários mínimos 25/04/1957 135 Proteção de representantes de trabalhadores 18/05/1990 29 Trabalho forçado ou obrigatório 25/04/1957 136 Proteção contra os riscos da intoxicação pelo benzeno 24/03/1993 41 Convenção relativa ao trabalho noturno das mulheres (revista, 1934) 08/06/1936 137 Trabalho portuário 12/08/1994 42 Indenização por enfermidade profissional (revista) 08/06/1936 138 Idade mínima para admissão 28/06/1990 45 Emprego de mulheres nos trabalhos subterrâneos das minas 22/09/1938 139 Prevenção e controle de riscos profissionais causados por substâncias ou agentes cancerígenos 27/06/1990 52 Férias remuneradas 22/09/1938 140 Licença remunerada para estudos 16/04/1992 53 Certificados de capacidade dos oficiais da marinha mercante 12/10/1938 141 Organizações de trabalhadores rurais 27/09/1994 58 Idade mínima no trabalho marítimo (revista) 12/10/1938 142 Desenvolvimento de recursos humanos 24/11/1981 80 Revisão dos artigos finais 13/04/1948 144 Consultas tripartites sobre normas internacionais do trabalho 27/09/1994 81 Inspeção do trabalho na indústria e no comércio 11/10/1989 145 Continuidade no emprego marítimo 18/05/1990 88 Organização do serviço de emprego 25/04/1957 146 Convenção relativa às férias anuais pagas dos marítimos 24/09/1998 89 Trabalho noturno das mulheres na indústria (revista) 25/04/1957 147 Normas mínimas da marinha mercante 17/01/1991 91 Férias remuneradas dos marítimos (revista) 18/06/1995 148 Contaminação do ar, ruído e vibrações 14/01/1982 92 Alojamento de tripulação a bordo (revista) 08/06/1954 151 Direito de sindicalização e relações de trabalho na administração pública 15/06/2010 94 Cláusulas de trabalho em contratos em órgãos públicos 18/06/1965 152 Segurança e higiene dos trabalhos portuários 18/05/1990 95 Proteção do salário 25/04/1957 154 Fomento à negociação coletiva 10/07/1992 96 Concernente aos escritórios remunerados de empregos 21/06/1957 155 Segurança e saúde dos trabalhadores 18/05/1992 18 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade I 97 Trabalhadores migrantes (revista) 18/06/1965 159 Reabilitação profissional e emprego de pessoas deficientes 18/05/1990 98 Direito de sindicalização e de negociação coletiva 18/11/1952 160 Estatísticas do trabalho (revista) 02/07/1990 99 Métodos de fixação de salário mínimo na agricultura 25/04/1957 161 Serviços de saúde do trabalho 18/05/1990 100 Igualdade de remuneração de homens e mulheres trabalhadores por trabalho de igual valor 25/04/1957 162 Utilização do amianto com segurança 18/05/1990 101 Férias remuneradas na agricultura 25/04/1957 163 Bem-estar dos trabalhadores marítimos no mar e no porto 04/03/1997 102 Normas mínimas de seguridade social 15/06/2009 164 Proteção à saúde e assistência médica aos trabalhadores marítimos 04/03/1997 103 Amparo à maternidade (revista) 18/06/1995 166 Repatriação de trabalhadores marítimos 04/03/1997 104 Abolição das sanções penais nos trabalhos indígenas 18/06/1965 167 Convenção sobre segurança e saúde na construção 19/05/2006 105 Abolição do trabalho forçado 18/06/1965 168 Promoção do emprego e proteção contra o desemprego 24/03/1993 106 Repouso semanal no comércio e nos escritórios 18/06/1965 169 Sobre povos indígenas e tribais 25/07/2002 107 Populações indígenas e tribais 18/06/1965 170 Segurança no trabalho com produtos químicos 23/12/1996 108 Documentos de identidade marítimos 05/11/1963 171 Trabalho noturno 18/12/2002 111 Discriminação em matéria de emprego e ocupação 26/11/1965174 Convenção sobre a prevenção de acidentes industriais maiores 02/08/2001 113 Exame médico dos pescadores 01/03/1965 176 Convenção sobre segurança e saúde nas minas 18/05/2006 115 Proteção contra as radiações 05/09/1966 178 Convenção relativa à inspeção das condições de vida e de trabalho dos trabalhadores marítimos 21/12/2007 116 Revisão dos artigos finais 05/09/1966 182 Convenção sobre proibição das piores formas de trabalho infantil e ação imediata para sua eliminação 02/02/2000 117 Objetivos e normas básicas da política social 24/03/1969 185 Convenção sobre os documentos de identidade da gente do mar (revista) 21/01/2010 Fonte: ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO ([s.d.]). 19 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL Saiba mais Para o conhecimento na íntegra das convenções ratificadas pelo Brasil, você poderá acessar os conteúdos por meio do site oficial da OIT: ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (OIT). Convenções ratificadas pelo Brasil. [s.d.]. Disponível em: <http://www.oitbrasil.org.br/ convention>. Acesso em: 4 fev. 2015. 1.2.1 Aspectos conceituais sobre segurança e saúde no trabalho Segundo Chiavenato (2000), a Segurança do Trabalho [...] é o conjunto de medidas técnicas, educacionais, médicas e psicológicas, empregadas para prevenir acidentes, quer eliminando as condições inseguras do ambiente, quer instruindo ou convencendo as pessoas da implantação de práticas preventivas [...] é o conjunto de atividades relacionadas com a prevenção de acidentes e com a eliminação de condições inseguras de trabalho (CHIAVENATO, 2000, p. 438). Segundo Heimstra (1978 apud MULATINHO, 2001, p. 29), “Existe uma crescente preocupação com a maneira pela qual o ambiente físico influi no comportamento humano – tanto o construído como o natural”, e “determinadas qualidades associadas a um ambiente particular podem ter amplo efeito sobre o comportamento e a personalidade do indivíduo”. Entendendo que o ambiente é um somatório de diversos subsistemas, todas as suas dimensões – físicas, estruturais, materiais e humanas –, tanto em qualidade quanto em quantidade, poderão ser fatores determinantes e desencadeantes de alterações no comportamento humano. Conforme Chiavenato (1994 apud MULATINHO, 2001): [...] a empresa constitui o ambiente dentro do qual as pessoas trabalham e vivem a maior parte de suas vidas. Nesse contexto as pessoas dão algo de si mesmas e esperam algo em troca, seja em curto, seja em longo prazo. A maneira pela qual esse ambiente é moldado e estruturado influencia poderosamente a qualidade de vida das pessoas. Mais do que isso, influencia o próprio comportamento e os objetivos pessoais de cada ser humano. E isso, consequentemente, afeta o funcionamento da empresa (CHIAVENATO, 1994 apud MULATINHO, 2001, p. 30). A necessidade de criação de um programa responsável pela segurança e pela saúde no trabalho deve ser de interesse de empresas privadas e públicas, com o objetivo de prevenir afastamentos, aposentadorias 20 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade I e indenizações. É um processo muito menos custoso, já que deve ter como objetivo principal ser um projeto educativo dentro da instituição, para que o funcionário também tenha a consciência de sua responsabilidade pela sua própria segurança, de seus colegas e de sua família. A finalidade da Segurança do Trabalho será o de estabelecer normas e procedimentos de maneira que a integridade física e psíquica do trabalhador seja mantida e garantida, além de manter condições seguras para todas as atividades laborais, controlando os riscos profissionais em cada processo de trabalho nos diversos setores da empresa. 1.3 Legislação brasileira Toda e qualquer empresa deve ser considerada como um conjunto de pessoas que nela trabalham em busca de um objetivo comum e que formam um organismo único, que pode e deve ser considerado como um organismo vivo. Portanto, nossa primeira preocupação é de como manter suas necessidades básicas de sobrevivência dentro dos diversos meios ambientais que encontramos. Desta forma, os gestores devem considerar que suas empresas precisam manter suas funções de maneira saudável e em perfeito funcionamento. Assim, evitando que enfermidades possam surgir associadas às atividades laborais, fazendo os funcionários passarem a não participar mais do processo produtivo, visto que precisam se ausentar para atendimentos em ambulatórios médicos e hospitais. Também devemos levar em consideração que todos os serem humanos sofrem variações do seu estado de saúde de acordo com a exposição a diversos fatores ambientais, que podem favorecer o surgimento de uma determinada situação de mudança no estado de saúde daquele indivíduo. Assim, há a necessidade de que exista uma forma de prevenção das possibilidades que possam levar qualquer indivíduo ao adoecimento. A segurança e a higiene no ambiente de trabalho devem ter como objetivo garantir que as condições de trabalho tenham a capacidade de assegurar a saúde dos trabalhadores. Segundo a OMS, para que um ambiente de trabalho tenha condições adequadas de higiene e segurança, deve-se garantir um “estado de bem-estar físico, mental e social e não [...] apenas a ausência de doença ou de enfermidade” (BIBLIOTECA VIRTUAL DE DIREITOS HUMANOS DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 1946). Portanto, quando se faz uma análise de forma não médica, a higiene do trabalho deve ter como objetivos a identificação de quais fatores podem afetar o ambiente de trabalho para que o trabalhador não seja exposto às doenças profissionais, de maneira que crie estratégias que eliminem ou reduzam todo e qualquer risco durante a execução das atividades laborais. Para a garantia dessas condições de segurança, encontramos, na legislação brasileira, várias diretrizes para que elas sejam alcançadas. 21 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL De acordo com a Lei nº 6.514, no artigo 162 (BRASIL, 1977): “As empresas, de acordo com normas a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho, estarão obrigadas a manter serviços especializados em segurança e em medicina do trabalho”. Já no artigo 163, é descrita a obrigatoriedade da constituição de uma Cipa. De acordo com dados da Previdência Social, a quantidade de acidentes de trabalho vem diminuindo, mas ainda é alto o número de acidentes sem Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT) registrado, como podemos observar a seguir. Tabela 1 – Total de acidentes de trabalho no Brasil (2008/2010) Ano 2008 2009 2010 Total 755.980 733.365 701.496 Fonte: adaptado de Brasil (2010a). Tabela 2 – Acidentes de trabalho com CAT registrado no Brasil (2008/2010) Motivo 2008 2009 2010 Típico 441.925 424.498 414.824 Trajeto 88.742 90.180 94.789 Doença do trabalho 20.356 19.570 15.593 Total 551.023 534.248 525.206 Fonte: adaptado de Brasil (2010a). Tabela 3 – Quantidade de acidentes do trabalho sem CAT registrado no Brasil (2008/2010) 2008 2009 2010 204.957 199.117 176.290 Fonte: adaptado de Brasil (2010a). 1.3.1 Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho A Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho foi elaborada por uma comissão composta pelo Governo, por representantes de organizações de empregadores e por representação de trabalhadores. Foi aprovada pelo Decreto n° 7.602, de 7 de novembro de 2011. A construção desta política se dá pela necessidade de seguir o que está no Acordo nº 155 da OIT, que dispõe sobre Segurança e Saúde dosTrabalhadores e o Meio Ambiente de Trabalho e estabelece que é dever do Estado a elaboração de uma política nacional sobre o tema. 22 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade I A seguir, confira o objetivo e os princípios desta política, bem como suas diretrizes. Objetivo e princípios I. A Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho – PNSST tem por objetivos a promoção da saúde e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador e a prevenção de acidentes e de danos à saúde advindos, relacionados ao trabalho ou que ocorram no curso dele, por meio da eliminação ou redução dos riscos nos ambientes de trabalho. II. A PNSST tem por princípios: a) universalidade; b) prevenção; c) precedência das ações de promoção, proteção e prevenção sobre as de assistência, reabilitação e reparação; d) diálogo social; e e) integralidade. [...] Diretrizes IV. As ações no âmbito da PNSST devem constar de um Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho e desenvolver-se de acordo com as seguintes diretrizes: a) inclusão dos trabalhadores brasileiros no sistema nacional de promoção e proteção da saúde; b) harmonização da legislação e a articulação das ações de promoção, proteção, prevenção, assistência, reabilitação e reparação da saúde do trabalhador; c) adoção de medidas especiais para atividades laborais de alto risco; d) estruturação de rede integrada de informações em saúde do trabalhador; e) promoção da implantação de sistemas e programas de gestão da segurança e saúde nos locais de trabalho; f) reestruturação da formação em saúde do trabalhador e em segurança no trabalho e estímulo à capacitação e à educação continuada de trabalhadores; 23 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL g) promoção de agenda integrada de estudos e pesquisas em segurança e saúde no trabalho. Fonte: Brasil (2011a). A implantação da PNSST, bem como a sua execução, tem como responsáveis principais o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o Ministério da Saúde e o Ministério da Previdência Social, que devem se articular com outros órgãos e instituições que atuem na área. Ao MTE coube a responsabilidade de formulação e proposição das diretrizes para a inspeção do trabalho, além de supervisão, coordenação e execução de atividades que estejam ligadas à inspeção dos ambientes de trabalho. Deve ainda elaborar estudos e pesquisas, produzir análises, avaliações e testes de medidas e métodos que visem à eliminação ou à redução de riscos no trabalho, incluindo: providenciar equipamentos de proteção coletiva e individual; desenvolver e executar ações educativas; difundir informações que contribuam para a proteção e promoção da saúde do trabalhador; contribuir com órgãos públicos e entidades civis para a proteção e promoção da saúde do trabalhador; realizar levantamentos para a identificação das causas de acidentes e doenças nos ambientes de trabalho; e estabelecer parcerias e intercâmbios técnicos com organismos e instituições afins, nacionais e internacionais, para fortalecer a atuação institucional, capacitar os colaboradores e contribuir com a implementação de ações globais de organismos internacionais. Ao Ministério da Saúde competem as ações que estão ligadas diretamente à assistência que deve ser prestada para o trabalhador, de forma que garanta seu direito já exposto na Constituição, a qual determina que todo cidadão tem o direito à integralidade da assistência, devendo ter garantidos a promoção, a prevenção, o tratamento e a reabilitação. VII – Compete ao Ministério da Saúde: a) fomentar a estruturação da atenção integral à saúde dos trabalhadores, envolvendo a promoção de ambientes e processos de trabalho saudáveis, o fortalecimento da vigilância de ambientes, processos e agravos relacionados ao trabalho, a assistência integral à saúde dos trabalhadores, reabilitação física e psicossocial e a adequação e ampliação da capacidade institucional; b) definir, em conjunto com as secretarias de saúde de Estados e Municípios, normas, parâmetros e indicadores para o acompanhamento das ações de saúde do trabalhador a serem desenvolvidas no Sistema Único de Saúde, segundo os respectivos níveis de complexidade destas ações; c) promover a revisão periódica da listagem oficial de doenças relacionadas ao trabalho; d) contribuir para a estruturação e operacionalização da rede integrada de informações em saúde do trabalhador; 24 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade I e) apoiar o desenvolvimento de estudos e pesquisas em saúde do trabalhador; f) estimular o desenvolvimento de processos de capacitação de recursos humanos em saúde do trabalhador; e g) promover a participação da comunidade na gestão das ações em saúde do trabalhador (BRASIL, 2011a). Já ao Ministério da Previdência Social coube a responsabilidade por formular e propor diretrizes, direcionadas à fiscalização e ao reconhecimento de benefícios previdenciários, avaliar a capacidade ou incapacidade laboral para o início ou a interrupção dos benefícios previdenciários e promover a reabilitação profissional. 1.3.2 Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego As Normas Regulamentadoras (NRs) foram criadas pela Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, com a finalidade de regulamentar o Capítulo V, Título II, da CLT, relativas a segurança e medicina do trabalho. Essas normas são de grande importância para os profissionais da área de segurança do trabalho, no que compete à prevenção de acidentes de trabalho, nos diversos segmentos organizacionais. Atualmente, estão em vigor 36 Normas Regulamentadoras, que serão apresentadas a seguir com um breve resumo. NR 1 – Disposições Gerais Introduz as Normas Regulamentadoras no mundo da segurança do trabalho, bem como sua aplicação por parte das empresas. Traz as competências da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST), da Delegacia Regional do Trabalho (DRT) e da Delegacia do Trabalho Marítimo (DTM), bem como as competências do empregador e do empregado quanto às normas de segurança. NR 2 – Inspeção Prévia Determina que, antes de dar início às suas atividades, todo estabelecimento novo deve solicitar aprovação de suas instalações ao órgão regional do MTE. NR 3 – Embargo e Interdição Essa norma trata da necessidade de embargo, ou seja, da paralisação total ou parcial de uma obra, e da interdição, que implica paralisação total ou parcial do estabelecimento, do setor de serviço, de máquina ou de equipamento. Determina que, durante um embargo ou uma interdição, os empregados deverão receber os salários como se estivessem em efetivo exercício. 25 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL NR 4 – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) Aborda a composição do SESMT, quais profissionais deverão fazer parte da equipe, quais as atribuições de cada um, quais os requisitos de investidura, qual a jornada de trabalho e de que forma deve ser feito o dimensionamento da equipe dentro de cada instituição. NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) Pode ser considerada como uma das normas mais relevantes para a segurança do trabalho, tendo em vista sua finalidade de prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo que torne compatível permanentemente o trabalho coma preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. Determina quais são as atribuições dos integrantes da comissão, como deve se dar o processo eleitoral, de que forma devem acontecer as reuniões ordinárias e extraordinárias, e como se dá a estabilidade de seus integrantes. NR 6 – Equipamentos de Proteção Individual Define o conceito de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e comenta a importância dos Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) e como deve ser sua aplicação no cotidiano das empresas. Esclarece as responsabilidades do empregado, do empregador, do fabricante e do Ministério quanto ao uso, à manutenção, à conservação e à higienização dos EPIs. Apresenta ainda um quadro informativo de todos os tipos de EPI indicados para cada tipo de atividade profissional, de forma que garanta a segurança do trabalhador. NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) Com o objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto dos trabalhadores, estabelece a obrigatoriedade, por parte de todos os empregadores e instituições, da implementação do PCMSO e da realização dos seguintes exames: admissional, periódico, de retorno ao trabalho, de mudança de função e demissional. NR 8 – Edificações Estabelece requisitos técnicos mínimos que devem ser observados nas edificações para garantir segurança e conforto aos que nelas trabalham. Determina que os locais de trabalho devem ter a altura do piso ao teto de acordo com as posturas municipais, atendidas as condições de conforto, segurança e salubridade. NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) Determina a obrigatoriedade da elaboração e da implementação do PPRA por parte de todos os empregados. O programa visa à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, por meio da antecipação, do reconhecimento, da avaliação e do consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, considerando a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. 26 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade I NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade Estabelece os requisitos mínimos, bem como as condições a serem observadas na implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma que garanta a segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interagem com instalações elétricas e serviços com eletricidade. Traz medidas de controle e proteção, coletivas e individuais, nas atividades em que haja risco elétrico, bem como seus procedimentos de segurança. NR 11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais Busca assegurar os procedimentos de segurança para a operação de elevadores, guindastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras. Traz, ainda, normas de segurança do trabalho em atividades de transporte de sacas, como a distância máxima de 60 metros para o transporte manual de um saco pelo trabalhador, bem como as regras de armazenamento de materiais nos locais de trabalho. NR 12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos Define as referências técnicas, os princípios fundamentais e as medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores, bem como estabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos, e ainda à sua fabricação, importação, comercialização, exposição e cessão a qualquer título em todas as suas atividades econômicas. NR 13 – Caldeiras e Vasos de Pressão Regulamenta as atividades envolvendo as caldeiras e os vasos de pressão, determinando que toda caldeira deve possuir, no estabelecimento onde estiver instalada: prontuário, registro de segurança, projeto de instalação e projetos de alteração e de reparo. Explica os tipos de caldeira e seus procedimentos de segurança, instalação e manuseio. Também comenta sobre o tipo de treinamento dos seus operadores, a carga horária e os requisitos de investidura. NR 14 – Fornos Segundo esta norma, os fornos, independentemente da utilização, devem ser construídos solidamente e revestidos com material refratário, de forma que o calor radiante não ultrapasse os limites de tolerância estabelecidos. Também devem ser instalados em locais adequados, oferecendo o máximo de segurança e conforto aos trabalhadores. Devem ser instalados de forma que evite acúmulo de gases nocivos e altas temperaturas em áreas vizinhas, e os que utilizam combustíveis gasosos ou líquidos devem ter sistemas e proteção para não ocorrer explosão por falha da chama de aquecimento ou no acionamento do queimador, a ponto de evitar o retrocesso da chama. 27 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL NR 15 – Atividades e operações insalubres Determina quais são as atividades consideradas insalubres ou as operações insalubres que se desenvolvem em limites acima dos toleráveis. NR 16 – Atividades e operações perigosas Determina que são consideradas perigosas as atividades e operações com explosivos, inflamáveis e radiações ionizantes ou substâncias radioativas. NR 17 – Ergonomia Estabelece parâmetros para adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, proporcionando o máximo em termos de conforto, segurança e desempenho eficiente. Nas condições de trabalho, estão inclusos aspectos relacionados ao levantamento, ao transporte e à descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho, bem como à própria organização do trabalho. NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção Estabelece as diretrizes administrativas, de planejamento e de organização que têm como objetivo a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da construção. De acordo com essa norma, é vedado o ingresso ou a permanência de trabalhadores no canteiro de obras sem que estejam assegurados pelas medidas previstas nessa norma. Também comenta sobre o Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT). Traz regulamentações sobre as áreas de vivência, determinando que os canteiros de obras disponham de instalações sanitárias, vestiários, alojamento, local de refeições, cozinha (quando houver preparo de refeições), lavanderia, área de lazer e ambulatório, quando se tratar de frentes de trabalho com cinquenta ou mais trabalhadores. NR 19 – Explosivos De acordo com esta norma, são considerados explosivos materiais ou substâncias que, quando iniciados, sofrem decomposição muito rápida em produtos mais estáveis, com grande liberação de calor e desenvolvimento súbito de pressão. Determina que a fabricação de explosivos somente é permitida às empresas portadoras de Título de Registro (TR), emitido pelo Exército Brasileiro, bem como seus critérios de armazenamento e transporte. NR 20 – Líquidos Combustíveis e Inflamáveis Esta norma traz a definição de líquido combustível como todo aquele que possua ponto de fulgor igual ou superior a 70 ºC e inferior a 93,3 ºC. Ainda de acordo com seus preceitos, os tanques de 28 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade I armazenagem serão construídos de aço ou de concreto, a menos que a característica do líquido requeira material especial. Observação Para a perfeita compreensãoda norma, devemos entender como ponto de fulgor a menor temperatura na qual determinado material combustível libera vapor em quantidade suficiente para formar uma mistura inflamável por uma fonte externa de calor. NR 21 – Trabalho a Céu Aberto Norma de extrema relevância para a segurança do trabalho. Segundo ela, nos trabalhos realizados a céu aberto, a existência de abrigos capazes de proteger os trabalhadores contra intempéries é obrigatória, ainda que sejam rústicos. São exigidas medidas especiais que protejam os trabalhadores contra a insolação excessiva, o calor, o frio, a umidade e os ventos inconvenientes. Para os trabalhadores que residirem no local do trabalho, deverão ser oferecidos alojamentos que apresentem adequadas condições sanitárias, ficando vedada, em qualquer hipótese, a moradia coletiva; e, para os trabalhos realizados em regiões pantanosas ou alagadiças, serão imperativas as medidas de profilaxia de endemias, de acordo com as normas de saúde pública. NR 22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração O setor de mineração desempenha um papel muito importante, contribuindo para o desenvolvimento econômico e para o bem-estar social. Essa norma elabora uma disciplina para o trabalhador da área, tornando compatíveis o planejamento e o desenvolvimento da atividade mineira, buscando a segurança e a saúde dos trabalhadores, controlando todos os riscos existentes com adoção e implementação de treinamentos e uma política de segurança. NR 23 – Proteção contra Incêndios Conforme as diretrizes desta norma, todos os trabalhadores devem adotar medidas de prevenção de incêndios, em conformidade com a legislação estadual e com as normas técnicas aplicáveis. Os empregadores ficam ainda obrigados a providenciar para todos os trabalhadores informações sobre a utilização dos equipamentos de combate a incêndio, os procedimentos para evacuação dos locais de trabalho com segurança e os dispositivos de alarme existentes na organização. Os locais de trabalho deverão dispor de saídas em número suficiente, dispostas de modo que aqueles que se encontrem nesses locais possam abandoná-los com rapidez e segurança, em caso de emergência. Quanto às saídas de emergência, jamais deverão ser fechadas à chave nem presas durante a jornada de trabalho. 29 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL NR 24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho Segundo esta norma, as instalações sanitárias de uma empresa deverão ser separadas por sexo, ficando esses locais submetidos a processo permanente de higienização, de forma que sejam mantidos limpos e desprovidos de quaisquer odores durante toda a jornada de trabalho. Serão exigidos: a previsão de 60 litros diários de água por trabalhador para o consumo nas instalações sanitárias; um chuveiro para cada dez trabalhadores nas atividades ou operações insalubres, ou nos trabalhos com exposição a substâncias tóxicas, irritantes, infectantes, alergizantes, poeiras ou substâncias que provoquem sujidade, além dos casos em que estejam expostos a calor intenso. Além disso, em empresas que tenham mais de trezentos funcionários, é obrigatória a existência de refeitório. NR 25 – Resíduos Industriais Estabelece meios de prevenção quanto ao descarte dos resíduos das indústrias, sendo esses nas formas sólida, líquida, gasosa ou a combinação delas, mostrando que a empresa deve buscar a redução da geração desses resíduos com melhores práticas tecnológicas e organizacionais disponíveis. Todo resíduo tem o seu destino adequado: são feitos exames para saber sua destinação correta, como deve ser coletado, acondicionado, transportado, tratado e encaminhado à sua destinação final, e a área de trabalho deve estar livre de qualquer contaminante que possa comprometer a saúde dos trabalhadores. Aqueles que atuam diretamente com esses resíduos devem ser capacitados pela empresa continuamente, para estarem sempre cientes dos riscos a que estão expostos e de suas medidas de prevenção. Para os dejetos radioativos, seu descarte é conforme a legislação específica da Comissão de Energia Nuclear (CNEN), e os resíduos de origem biológica, conforme legislação sanitária e ambiental. NR 26 – Sinalização de Segurança Regulamenta a cor na segurança do trabalho. Em estabelecimentos ou locais de trabalho, devem ser adotadas cores para a segurança, a fim de indicar e advertir acerca dos riscos existentes, bem como identificar os equipamentos de segurança, delimitar áreas e identificar tubulações empregadas para a condução de líquidos e gases. Determina ainda que a rotulagem preventiva deve conter: identificação e composição do produto químico, pictograma de perigo, palavra de advertência, frase(s) de perigo, frase(s) de precaução e informações suplementares. NR 27 – Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego criada pela Portaria GM nº 3.214, de 8 de junho de 1978, porém revogada pela Portaria nº 262, de 29 de maio de 2008, publicada no DOU de 30 de maio de 2008. NR 28 – Fiscalização e Penalidades Norma que estabelece procedimentos a serem adotados pela fiscalização de segurança e saúde do trabalho, delimitando prazos para a correção de irregularidades encontradas, a aplicação de penalidades, a interdição ou embargos de locais. 30 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade I NR 29 – Segurança e Saúde no Trabalho Portuário Regula a proteção obrigatória contra acidentes e doenças profissionais, bem como facilita os procedimentos de primeiros socorros em caso de acidentes, pensando nas melhores condições de segurança e saúde do trabalho portuário. A norma é aplicada para a operação tanto a bordo quanto em terra, em portos organizados e instalações portuárias de uso privativo retroportuário. NR 30 – Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário Visa à proteção e à regulamentação das condições de trabalho aquaviário, aplicando-se a toda embarcação, de bandeira nacional ou estrangeira. Todas as embarcações comerciais de transporte ou de passageiros são consideradas trabalho aquaviário. NR 31 – Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura Pela precariedade nos trabalhos no ramo da agricultura, esta norma traz importantes determinações relacionadas à implementação dos ambientes de trabalho rurais, definindo as obrigações do empregador quanto à higiene e a toda condição apropriada para o trabalho, proporcionando a ele dignidade não somente durante a realização dos afazeres e a jornada de trabalho no campo, mas também em seus momentos de descanso. NR 32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde Estabelece as diretrizes brasileiras para qualquer edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população e a todas as ações de promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde, visando à implementação de ações de prevenção aos profissionais, com medidas de controle, programas de prevenção e EPI adequado de forma objetiva, garantindo todas as condições de segurança, proteção e prevenção dos trabalhadores. Dispõe sobre as responsabilidades entre contratante e contratado quanto ao seu cumprimento. Para cada situação de risco, recomenda a adoção de medidas preventivas e a capacitação dos trabalhadores para um trabalho seguro. NR 33 – Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados O intuito desta norma é identificar o espaço confinado e reconhecer, avaliar, monitorar e controlar os riscos existentes, garantindo a segurança dos trabalhadores, tanto aos que trabalham diretamente quanto aos que trabalham indiretamentenesses espaços, incluindo medidas técnicas de prevenção, equipamentos utilizados nessa tarefa, avaliação atmosférica e medidas de controle e eliminação de riscos existentes. NR 34 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação Naval Elaborada para atividades da indústria de construção e reparação naval, propõe medidas de prevenção à segurança, à saúde e ao meio ambiente nessa atividade. Apresenta as responsabilidades 31 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL do empregador para a garantia de sua implementação e estabelece metas a serem cumpridas no que diz respeito a: trabalho a quente; jateamento; hidrojateamento; movimentação de cargas; instalações elétricas e provisórias; montagem e desmontagem de andaimes; pinturas; trabalho em altura; utilização de radionuclídeos e gamagrafia, bem como de máquinas portáteis e rotativas. NR 35 – Trabalho em Altura Pelo número de acidentes do trabalho com consequências graves e fatais ocorridos por motivos de queda, esta norma adota princípios para atividades em altura, contemplando o planejamento e evitando que o trabalhador fique exposto a uma situação de risco, de modo que seja eliminado todo o risco de queda ou que sejam tomadas medidas que minimizem a sua consequência, quando o risco de queda com diferenças de níveis não puder ser evitado. Esta norma propõe a utilização dos preceitos legais para a antecipação dos riscos, a fim de que seja aplicada medida adequada, como utilização de metodologias de análise de risco, determinando a Permissão de Trabalho, para que esse trabalho possa ser realizado com a máxima segurança. NR 36 – Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados O objetivo desta norma é estabelecer os requisitos mínimos para a avaliação, o controle e o monitoramento dos riscos existentes nas atividades desenvolvidas na indústria de abate e processamento de carnes e derivados destinados ao consumo humano, de forma que garanta permanentemente a segurança, a saúde e a qualidade de vida no trabalho, sem prejuízo da observância do disposto nas demais normas. Esta norma regulamenta questões quanto ao mobiliário e a postos de trabalho, estrados, passarelas e plataformas, manuseio de produtos, levantamento e transporte de produtos e cargas, recepção e descarga de animais, equipamentos e ferramentas, condições ambientais de trabalho, gerenciamento dos riscos, programas de prevenção, organização das atividades, análise ergonômica do trabalho, informações e treinamentos em segurança e saúde no trabalho. Lembrete De forma resumida e prática, abordamos a legislação aplicada à higiene e à segurança do trabalho. As Normas Regulamentadoras foram criadas pela Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, com a finalidade de regulamentar o Capítulo V, Título II da CLT, relativo à segurança e à medicina do trabalho. 1.4 Definição de Higiene Ocupacional Segundo Barsano e Barbosa (2014), a [...] higiene do trabalho – ou higiene industrial, como também é conhecida por muitos – tem papel fundamental no vasto campo da segurança do trabalho e da qualidade de vida, pois é nos preceitos dessa ciência que os membros do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina 32 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade I do Trabalho (SESMT), por meio de seus conhecimentos técnicos e com o uso de instrumentos de medição específicos, conseguem garantir, na prática, que o funcionário labore em um ambiente de trabalho saudável, ou seja, em um lugar onde lhe seja garantida, na medida do possível, sua integridade física e psíquica (BARSANO; BARBOSA, 2014, p. 73). A Higiene Ocupacional pode ser entendida como uma disciplina da área tecnológica voltada para o estudo e a aplicação de métodos para a prevenção de acidentes de trabalho, doenças ocupacionais e outras formas de agravos à saúde do trabalhador. Cabe à Higiene Ocupacional, juntamente com outras áreas, como Ergonomia, identificar os fatores de risco que levam à ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais, avaliar seus efeitos na saúde do trabalhador e propor medidas de intervenção técnica a serem implantadas nos ambientes de trabalho. Em 2014, houve a inclusão da Higiene Ocupacional na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), sendo reconhecida oficialmente no Brasil como ciência. Entretanto, não existem ainda diretrizes para que haja uma formação padronizada de profissionais que possam ser qualificados como higienistas ocupacionais. De qualquer forma, é fato que os profissionais que estão diretamente ligados a atividades de segurança devem ser familiarizados com os conhecimentos necessários sobre a Higiene Ocupacional para sua formação e experiência neste campo. Segundo Goelzer (2014), os higienistas ocupacionais devem: • Prever (antecipar) fatores de risco para a saúde e o meio ambiente que podem estar associados aos diferentes tipos de trabalho e atuar para preveni-los já nas etapas de planejamento e projeto de processos (incluindo equipamentos, matérias-primas, produtos químicos etc.) e locais de trabalho. • Reconhecer agentes e fatores de risco (produtos químicos e poeiras, agentes físicos e biológicos, fatores ergonômicos e psicossociais) que podem estar presentes em locais de trabalho, determinar as condições de exposição e entender seus possíveis efeitos na saúde e no bem-estar dos trabalhadores. • Avaliar a exposição dos trabalhadores a agentes e fatores de risco por meio de métodos qualitativos e/ou quantitativos e interpretar os resultados obtidos, com vistas a eliminar a exposição ou reduzi-la a níveis aceitáveis. • Projetar e/ou recomendar medidas de prevenção e controle de riscos, eficientes e econômicas, e integrá-las a programas bem-gerenciados e sustentáveis. 33 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL • Reconhecer agentes que podem ter impacto sobre o meio ambiente e contribuir para a proteção ambiental (GOELZER, 2014, p. 3). Ainda segundo a autora, os higienistas ocupacionais devem ter atenção especial para que aconteça, principalmente, a prevenção primária de riscos, sempre com a participação dos trabalhadores e com o desenvolvimento de uma política de gestão participativa para a resolução dos problemas encontrados, para que as soluções possam ser aplicáveis. 2 RISCOS AMBIENTAIS Neste tópico, abordaremos os tipos de riscos ambientais a que os trabalhadores podem estar sujeitos em sua rotina de trabalho. 2.1 Riscos de acidente de trabalho O conceito de risco deve ser observado sob duas vertentes: o risco quantitativo, que é o risco matemático, ou seja, qual é a probabilidade de acontecer, numerando quantos acidentes podemos ter em uma determinada situação; e o risco qualitativo, que será indicado pela condição do processo de trabalho (MATTOS; MÁSCULO, 2011). Para classificar o tipo de um risco, precisamos primeiro entender que riscos podem ser classificados de maneiras diferentes. Segundo Ivar Odonne (apud MATTOS; MÁSCULO, 2011), os riscos em um ambiente podem ser classificados em quatro grupos distintos: • fatores ambientais que podem interferir na condição de trabalho nos ambientes interno e externo, como calor e luz; • fatores ambientais específicos do ambiente de trabalho; • atividade muscular; • condições que podem determinar efeitos estressantes. Outra forma de classificação é aquela descrita nas legislações e que é recomendada para a formação dos mapas de risco,estabelecendo quais são os riscos mecânicos, físicos, químicos, biológicos e ergonômicos. 2.2 Tipos de riscos Neste subtópico veremos a descrição detalhada dos tipos de riscos. 2.2.1 Riscos emocionais Levar os problemas pessoais para o ambiente de trabalho é algo que pode ser esperado como natural para qualquer trabalhador, já que o ser humano é sempre influenciado pelas suas condições 34 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade I psicológicas e sociais. Conseguimos perceber, em alguns casos, por meio de sinais como angústia, quando um colaborador não está bem, por não conseguir desenvolver adequadamente todas as suas metas. Esses fatores emocionais podem ser responsáveis por um aumento no índice do absenteísmo, bem como de doenças e acidentes de trabalho. Portanto, o profissional que trabalha diretamente com a segurança e a saúde do trabalhador deve estar atento para qualquer alteração no desempenho profissional ou mesmo nas atitudes pessoais e propor medidas que possam melhorar a condição contínua do ambiente de trabalho para aquele trabalhador e para toda a equipe. 2.2.2 Riscos mecânicos Podem ser definidos como aquelas condições que são geradas pelo contato físico do trabalhador com o agente que pode ser nocivo. Este tipo de risco é caracterizado pelas seguintes condições: • pode estar presente em pontos específicos do ambiente de trabalho; • age, de modo geral, diretamente sobre o trabalhador; • pode ocasionar lesões agudas e imediatas. Podemos citar como exemplo de risco mecânico a presença de um estilete em uma mesa de escritório. Este pode ser utilizado para apontar um lápis ou cortar um papel, mas, pelo simples fato de estar presente no ambiente, já gera um risco para qualquer pessoa que esteja nesse ambiente. Materiais com características de corte, aquecidos, perfurantes, em movimento ou energizados também são exemplos de riscos mecânicos. Além dos materiais que diretamente podem ser considerados riscos mecânicos por alterações na estrutura física arquitetônica de um ambiente, como irregularidades em pisos. Apesar de não causarem diretamente uma lesão no trabalhador, podem provocar um acidente, como uma queda. Em um ambiente de trabalho, além da estrutura física, a forma pela qual os ambientes são montados, como a disposição dos móveis e a altura de bancadas e armários, também pode provocar acidentes e lesões. Dessa forma, podemos definir que os riscos mecânicos são todos os fatores que colocam em perigo o trabalhador ou que afetam sua integridade física ou moral durante o expediente de trabalho. São causas de acidentes com origens mecânicas que, quando não são fatais, causam a perda de um membro ou, em casos mais leves, escoriações e queimaduras, mas podem ocasionar desconfortos morais e psíquicos. Nos termos da Portaria nº 25, de 29 de dezembro de 1994, em seu Anexo 6, da NR5-Cipa, são considerados riscos geradores de acidentes: arranjos físicos inadequados ou deficientes, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, iluminação inadequada, 35 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL eletricidade, probabilidade de incêndio ou explosão, animais peçonhentos, armazenamento inadequado e outras situações de risco que podem contribuir para a ocorrência de acidentes. Arranjo físico inadequado Resultante de prédios com área de trabalho insuficiente, localização imprópria de máquinas e equipamentos, desorganização de móveis, ferramentas e maquinários de trabalho, sinalização incorreta e inexistente, pisos fracos, escorregadios e irregulares. Máquinas e equipamentos sem proteção Caso de máquinas obsoletas, sem proteção em pontos de transmissão e operação, com as engrenagens expostas, comando de liga-desliga fora do alcance do operador, máquinas e equipamentos com defeitos ou inadequados, sem dispositivos de segurança. Ferramentas inadequadas ou defeituosas Ferramentas em mau estado de conservação, usadas de forma incorreta ou fornecidas inadequadamente para aquele tipo de trabalho. Iluminação inadequada Ambientes com baixa iluminação, de maneira imprópria para o tipo de atividade profissional, ou de maneira excessiva, que possa causar ofuscamento nos olhos. Eletricidade Acidentes originados com energia elétrica por instalação imprópria, com defeito ou exposta, fios desencapados, falta de sinalização e falta de manutenção. Probabilidade de incêndio ou explosão Áreas com armazenamento inadequado de inflamáveis e/ou gases, manipulação e transporte inadequados de produtos inflamáveis e perigosos, sobrecarga em rede elétrica, falta de sinalização, falta de equipamentos de combate a incêndios ou equipamentos defeituosos, falta da brigada de incêndio, bem como de seu treinamento e de simulados. Animais peçonhentos Acidentes envolvendo animais venenosos com inoculadores de veneno, como cobras, escorpiões, aranhas, lacraias, taturanas, vespas, formigas, abelhas e marimbondos. 36 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade I Armazenamento inadequado O estoque inadequado de produtos, utensílios e ferramentas de trabalho costuma acarretar acidentes, pelo mau armazenamento de caixas em prateleiras, estantes malposicionadas, falta de sinalização, mau uso de empilhadeiras durante o processo de armazenagem e andaimes malposicionados. Para a prevenção de riscos de acidentes, é necessária uma atenção especial e complexa dos profissionais envolvidos com a segurança do trabalho, devendo-se observar cada tipo de risco e propor sua respectiva medida de prevenção. Alguns procedimentos de segurança podem ajudar a evitar futuros acidentes de trabalho: • todos os trabalhadores devem conhecer os riscos a que estão expostos, bem como receber treinamento quanto às respectivas formas de prevenção e controle; • todos os trabalhadores devem estar em perfeitas condições de saúde, a ponto de exercer suas atividades com total atenção, zelo e profissionalismo; • todos os trabalhadores devem obedecer rigorosamente às normas de segurança do trabalho em vigor, bem como às ordens de serviço expedidas pelo empregador e aos pareceres técnicos emitidos pelos profissionais de segurança do trabalho; • todos os trabalhadores devem utilizar os EPIs adequados, como: — óculos ou viseiras de proteção contra a projeção de limalhas, aparas ou fragmentos de máquinas, em especial, quando há o manuseio de metais muito duros, frágeis ou quebradiços; — luvas adequadas ao tipo de trabalho a ser realizado na empresa; — as limalhas e as aparas resultantes de processos de maquinação nunca devem ser retiradas com as mãos. Para tal, deve ser utilizado um pincel ou similar, quando elas estiverem secas, e uma escova de borracha, quando estiverem úmidas ou com gordura; • não utilizar, em hipótese alguma, acessórios e adornos pessoais durante o expediente de trabalho, como anéis, pulseiras, brincos e colares; • os cabelos compridos devem ser usados sempre presos e protegidos por uma touca, um chapéu ou similar; • os trabalhadores não devem utilizar a barba comprida, pois pode ficar presa em elementos da máquina dotados de movimento, bem como atrapalhar o uso de máscara de proteção respiratória; • para evitar acidentes com animais peçonhentos, as vestimentas devem ser verificadas antes do uso, principalmente, no caso dos trabalhadores da indústria da construção civil, de obras inacabadas, onde houver entulhos, materiais de construção, ou seja, locais em que animais possam estar presentes.37 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL Observação Segundo o artigo 158, inciso II da CLT, constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa, sendo passível até de penalidade máxima de justa causa, nos casos de reincidência. 2.2.3 Riscos físicos Os riscos físicos são aqueles causados por agentes que, em um ambiente, podem alterar suas características físicas e, depois, podem causar lesões em quem estiver presente no ambiente. São características dos riscos físicos: • possibilidade de transmissão, propagando sua nocividade; • causar lesões, mesmo que não haja contato direto com sua fonte; • geralmente causam lesões crônicas, imediatas. Como exemplos de riscos físicos, podemos citar ruídos, iluminação, calor, vibrações, radiações e pressão. Neste tipo de risco é importante destacar que a condição de causar a agressão ou a lesão estará diretamente ligada à exposição àquele risco. Esses agentes precisam ter a característica de uma fonte propagadora progressiva de alterações de sua intensidade de forma que cause uma lesão transitória ou permanente. Ruídos Os ruídos são os incômodos sonoros que afetam a saúde do trabalhador. As máquinas e os equipamentos utilizados pelas indústrias produzem ruídos que podem atingir níveis excessivos, podendo causar graves prejuízos à saúde do trabalhador. Dependendo do tempo de exposição, do nível sonoro e da sensibilidade individual, os danos podem se manifestar imediatamente ou gradualmente. De acordo com a NR nº 15, os ruídos se dividem em: • ruídos contínuos ou intermitentes; • ruídos de impacto. Os ruídos contínuos ou intermitentes são aqueles em que se avalia o limite de tolerância. Esses ruídos são medidos em decibéis (dB) por meio de instrumentos de nível de pressão sonora, com leituras feitas próximas ao ouvido do trabalhador, operando circuito de compensação A. 38 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade I Sem a proteção necessária, não é permitido que a exposição a ruídos ultrapasse o valor de 115 dB (A). Caso o trabalhador seja exposto a uma atividade com ruídos sonoros superiores a esses valores e não se encontre devidamente protegido, está exposto a um risco grave e iminente. Já os ruídos de impacto são aqueles que apresentam picos de energia acústica de duração inferior a um segundo, com intervalos maiores que um segundo. Nestes casos, o limite de tolerância para os ruídos de impacto é de 130 dB. Esses ruídos são medidos se operando circuitos de compensação C. De acordo com o Anexo 1 da NR 15, quanto maior o nível de ruído, menor deve ser o tempo de exposição. Tabela 4 – Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente, segundo a NR 15 Nível de ruído em dB (A) Máxima exposição diária – Permissível 85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas 89 4 horas e 30 minutos 90 4 horas 91 3 horas e 30 minutos 92 3 horas 93 2 horas e 40 minutos 94 2 horas e 15 minutos 95 2 horas 96 1 hora e 45 minutos 98 1 hora e 15 minutos 100 1 hora 102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 8 minutos 115 7 minutos Fonte: Brasil (1978). 39 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL Temperaturas extremas A exposição a baixas temperaturas pode oferecer riscos diretos, em especial, à pele do trabalhador, provocando feridas, rachaduras e até necrose. De forma indireta, pode causar agravamento de doenças reumáticas, além de aumentar a predisposição para acidentes e doenças respiratórias. Já as altas temperaturas podem provocar desidratação, cãibras, fadiga física, distúrbios psiconeuróticos, insolação e feridas. Observação As medições devem ser efetuadas no local onde o trabalhador permanece, à altura da região do corpo mais atingida. Os períodos de descanso serão considerados como tempo de serviço para todos os efeitos legais. Vibrações O uso de máquinas que causam vibrações é muito comum na indústria. Tais equipamentos podem causar impacto à saúde do trabalhador. Essas vibrações podem ser classificadas em: • Localizadas: atingem apenas uma parte ou mais do corpo. Em geral, são provocadas por ferramentas manuais, elétricas ou pneumáticas. As principais consequências da exposição inadequada, sem proteção e contínua são alterações neurovasculares. É possível também que o funcionário tenha perda óssea, podendo levar à osteoporose. • Generalizadas: atingem o corpo inteiro do trabalhador. Estas acontecem com o uso de máquinas de grande porte, além de ônibus, tratores e caminhões. Nestes casos, as principais consequências estão relacionadas a lesões na coluna vertebral. A principal medida de proteção e controle, como forma de minimizar os danos, é a recomendação de que o funcionário tenha o menor tempo possível de exposição contínua, havendo revezamento dos trabalhadores durante a execução das atividades. Pressões anormais O Anexo 6 da Norma Regulamentadora 15 do MTE, criada pela Portaria GM nº 3.214, de 8 de junho de 1978, e alterada pela Portaria SIT nº 291, de 8 de dezembro de 2011, define quais são os trabalhos regulamentados sob condições hiperbáricas. As pressões atmosféricas anormais no ambiente de trabalho podem prejudicar a saúde do trabalhador, seja ela menor ou maior que o normal. 40 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade I A pressão hiperbárica acontece quando o ser humano está sujeito a pressões maiores que a atmosférica. É o caso dos trabalhadores em plataformas de petróleo e nas tubulações submersas em oceanos, bem como dos mergulhadores. Figura 1 – Mergulhador Já a pressão hipobárica acontece quando o ser humano está sujeito a pressões menores que a atmosférica. Estas condições acontecem quando o trabalhador está em elevadas altitudes, como aqueles que trabalham em manutenção e limpeza de arranha-céus. Figura 2 – Trabalhadores em arranha-céu 41 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL Radiações Nas nossas atividades diárias as radiações estão presentes em todas as suas formas, em diversos produtos, e até mesmo aquelas provenientes da luz solar. Podemos citar como algumas aplicações tecnológicas das radiações o rádio, a televisão, os radares, os celulares e as comunicações wireless, bem como as fibras ópticas e os fornos de micro-ondas. Classificamos as radiações em ionizantes e não ionizantes. Radiação ionizante As radiações ionizantes possuem um poder de penetração maior e se caracterizam pela propriedade de ionizar átomos da matéria-prima com os quais interagem. Essa radiação é parte integrante da vida humana, tendo possibilidades de aplicação desde na área médica até em armas bélicas. Atualmente, sua metodologia é de extremo auxílio, em especial, para o uso médico, por meio de sua aplicação controlada, sendo mais utilizada na radiografia comum. Entretanto, os efeitos da radiação podem ser maléficos, levando à teratogênese e até à morte. Assim, os operadores de raios X e de equipamentos de radioterapia estão frequentemente expostos a este tipo de radiação, que pode afetar o organismoou se manifestar até mesmo nos descendentes das pessoas expostas. Os exemplos dessas radiações são: • radiação alfa (α): possui poder de penetração no papel; • radiação beta (β): possui poder de penetração no papel e no corpo humano; • radiação gama (γ): possui poder de penetração no papel, no corpo humano e no aço; • raios X: possuem poder de penetração no papel, no corpo humano, no aço e no chumbo. 42 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade I α β γ papel metal Figura 3 – Alcance das radiações ionizantes Figura 4 – Símbolo internacional da radiação ionizante Radiação não ionizante Ao contrário das radiações ionizantes, as não ionizantes não possuem energia capaz de produzir emissão de elétrons de átomos. Geralmente, essas radiações podem ser divididas em sônicas e eletromagnéticas. Seguem os principais exemplos deste tipo de radiação: • radiação ultravioleta (UV): proveniente da luz solar; • radiação infravermelha (IV): proveniente de fornos, solda elétrica e de operações que envolvem raios laser e micro-ondas. Os principais efeitos colaterais da exposição a este tipo de radiação são alterações visuais (como conjuntivites e catarata) e lesões diretamente na pele do trabalhador, como queimaduras. 43 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL Dentre as principais medidas de controle e prevenção das radiações ionizantes e não ionizantes estão: • uso de dosímetro de bolso para operadores de raios X; • realização de exames periódicos; • isolamento da radiação com a utilização de biombos protetores para operação de soldas e enclausuramento da fonte de radiação, como revestimento de chumbo em pisos e paredes; • fornecimento de EPI adequado pela empresa. 2.2.4 Riscos químicos São aqueles causados por agentes que, em um ambiente, sofrem alteração da sua composição química. Esses agentes podem causar lesões por meio do contato direto ou não, bem como pela inalação de um determinado produto, ou mesmo pela saturação do produto no ar daquele ambiente. Esses agentes se apresentam em diversos estados: gasoso, líquido, sólido ou na forma de partículas suspensas (neblina, poeira, fumaça). Quando esses agentes estão em suspensão, são denominados aerodispersoides. Pelo fato de poderem apresentar formas diversas e poderem causar lesões por contato direto ou não, as principais vias de entrada no ser humano são de modo direto, pela pele, e de modo indireto, pelos sistemas respiratório e digestório. A exposição a esses agentes químicos pode levá-los a penetrar no organismo de maneira acidental ou por exposição crônica. O contato pode gerar diversos efeitos no organismo humano, como doenças em diferentes sistemas, mutações celulares e até câncer. Segundo Mattos e Másculo (apud BARSANO; BARBOSA, 2014), apesar de quase todos os trabalhadores estarem sujeitos à exposição química, esse tema ganha mais relevância em alguns setores em virtude da presença mais intensa desses componentes, como nas indústrias química, petroquímica e petrolífera, na produção de cloro-soda, amianto e baterias, na metalurgia e na siderurgia, dentre outros. A NR 9, do Ministério do Trabalho e Emprego, define como agentes químicos: [...] substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão (BRASIL, 2014a). 44 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade I 2.2.5 Riscos biológicos Seres vivos, em especial microrganismos, quando introduzidos nos processos de trabalho, como manipulação de vírus e bactérias, podem ser potencialmente nocivos aos seres humanos, quando não manipulados com alguns cuidados. Condições ambientais que favoreçam a proliferação de animais transmissores de doenças, em especial pela falta de higiene e de saneamento básico, e que podem aumentar a proliferação de animais peçonhentos (como cobras e escorpiões) também são de risco. Atualmente os riscos biológicos estão presentes em diversas áreas de atuação, do ambiente hospitalar às indústrias farmacêuticas e alimentícias, além de centrais de tratamento de dejetos e atividades agrícolas. Classificação dos agentes biológicos Os agentes biológicos são aqueles que podem afetar o ser humano, bem como o ambiente, alterando a fauna e a flora. Cada agente biológico é distribuído em uma das seguintes classes de risco: • Classe de risco 1: considerado de baixo risco individual e para a comunidade, “[...] inclui os agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças ao homem ou aos animais sadios. Exemplo: Lactobacillus sp e Bacillus subtillis” (BRASIL, 2011b). • Classe de risco 2: considerado de risco individual moderado e limitado para a comunidade, [...] abrange os agentes biológicos que provocam infecções no homem ou nos animais, cujo potencial de propagação na comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado, e para os quais existem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes. Exemplos: Schistosoma mansoni e vírus da rubéola (BRASIL, 2011b). • Classe de risco 3: considerado de alto risco individual e moderado para a comunidade, [...] engloba os agentes biológicos que possuem capacidade de transmissão por via respiratória e que causam patologias humanas ou animais potencialmente letais, para as quais existem usualmente medidas de tratamento e/ou prevenção. Representam risco se disseminados na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa. Exemplos: Bacillus anthracis e vírus da imunodeficiência humana (HIV) (BRASIL, 2011b). 45 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL • Classe de risco 4: considerado de alto risco individual e para a comunidade, [...] contém os agentes biológicos com grande poder de transmissibilidade por via respiratória ou de transmissão desconhecida. Até o momento não há nenhuma medida profilática ou terapêutica eficaz contra infecções ocasionadas por eles. Causam doenças humanas e animais de alta gravidade, com elevada capacidade de disseminação na comunidade e no meio ambiente. Essa classe inclui, principalmente, os vírus. Exemplo: Ebola e gripe aviária (BRASIL, 2011b). Para o manuseio seguro de agentes biológicos, durante as atividades de trabalho, é necessário que algumas recomendações sejam seguidas: • em todos os locais de trabalho deve haver um manual de segurança e/ou procedimentos, que deve ser divulgado para que todos os funcionários adotem as medidas necessárias; • a pessoa responsável pelo local onde há a manipulação de agentes biológicos deve assegurar que todos os funcionários tenham conhecimento das práticas descritas no manual; • os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) devem ser utilizados em toda e qualquer situação de exposição (óculos de segurança, máscaras, viseiras e aventais); • o uso de lentes de contato deve ser evitado; • no local de trabalho, sempre utilizar sapatos adequados para a proteção; • manter o ambiente sempre limpo e organizado. 2.2.6 Riscos ergonômicos Quando introduzidos no processo de trabalho, mas com uso inadequado pelos usuários, os riscos ergonômicos podem causar limitações e alterações físicas no trabalhador. As característicasdos riscos ergonômicos estão sempre diretamente ligadas à condição de trabalho de cada pessoa, em razão do uso individual dos equipamentos, que, na maioria dos casos, são adquiridos pelas empresas de maneira generalizada, sem levar em consideração as características antropométricas de cada indivíduo. Outra condição importante que pode afetar ergonomicamente o indivíduo é a carga de estresse dentro do seu ambiente de trabalho. Os riscos ergonômicos podem gerar distúrbios psicológicos e fisiológicos nos trabalhadores, como esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, exigência de postura inadequada, controle rígido de produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turnos diurno e noturno, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia e repetitividade, e situações de estresse que podem levar a quadros mais graves, como a depressão. 46 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade I A Ergonomia é entendida como uma ciência e está regulamentada pela NR 17 do Ministério do Trabalho e Emprego. Tem como objetivo estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores em prol do conforto, da segurança e do desempenho eficiente. Aspectos relacionados a levantamento, transporte e descarga de materiais, mobiliários, equipamentos e a quais são as condições ambientais do trabalho, bem como sua organização, também são incluídos como aspectos ergonômicos a serem estudados e avaliados. É importante ressaltar que esses riscos, além de provocarem danos à saúde por produzirem alterações nos estados emocional e físico dos trabalhadores, podem comprometer diretamente a produtividade, a saúde e a segurança. Podemos citar como principais exemplos desses danos: LER/Dort (Lesão por Esforço Repetitivo/Doenças Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho), cansaço físico e psíquico, dores musculares, hipertensão arterial, alteração do sono, diabetes, doenças nervosas e do aparelho digestivo, taquicardia, tensão, ansiedade, problemas de coluna, agressividade e várias outras doenças que ainda desconhecemos. Observação A LER não é considerada uma doença ou enfermidade, mas sim um grupo de condições que afetam o sistema musculoesquelético. Para sua prevenção, é essencial que se crie um bom ambiente de trabalho, principalmente, respeitando os limites de cada trabalhador. Podemos perceber que os riscos ergonômicos estão presentes em nossas vidas e que, para evitar que eles comprometam as nossas atividades e a saúde dos trabalhadores, é necessário que o ambiente de trabalho tenha aspectos de praticidade e conforto físico e psíquico, modernização de máquinas e equipamentos, além de melhoria dos processos de trabalho entre as pessoas, alterando o ritmo de trabalho e utilizando ferramentas que aumentem a autoestima do trabalhador. Para que os eventos adversos causados por esses riscos possam ser minimizados, algumas práticas devem ser adotadas: • reconhecimento e valorização do capital humano; • prática de ouvidoria para os funcionários, de maneira simplificada e que, na maioria das vezes, pode trazer soluções práticas e efetivas; • eliminação de movimentos ou de posturas críticas com treinamentos sobre relacionamento interpessoal e de melhoria de processos de trabalho; • adequações e melhorias ambientais; 47 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL • criação de projetos ergonômicos, de maneira que melhore o bem-estar dos trabalhadores; • ter como prática o revezamento de funcionários e o rodízio de tarefas, evitando o excesso de atividades repetitivas; • implantar programas de prevenção de lesões e de preparo para o trabalho, como a ginástica laboral; • supervisionar e orientar os trabalhadores sobre a necessidade de postura correta, utilização de EPI e manuseio adequado de máquinas e instrumentos; • pausas durante o período de trabalho para que haja a recuperação do trabalhador das atividades repetitivas e desconfortantes; • aperfeiçoar as condições para que o trabalhador melhore sua hidratação durante o expediente; • proporcionar momentos de interação à equipe. 2.2.7 Riscos sociais Os riscos sociais estão diretamente ligados à cultura empresarial e à política adotada pela empresa para gestão, especialmente, dos recursos humanos. Dentre as condições diretas para aumentar o risco social estão: a carga horária de trabalho; o dimensionamento inadequado de pessoal para um determinado local de trabalho; e horários de trabalho incompatíveis com outros relacionamentos pessoais e sociais, como turnos noturnos, plantões em feriados e finais de semana. Esse tipo de risco interferirá especialmente nas condições psicológicas das pessoas. Lembrete As doenças ocupacionais são menos visíveis que as demais, fazendo sua subnotificação ser muito grande, ou seja, o que temos de conhecimento hoje a respeito de doenças ocupacionais pode ser apenas a ponta de um iceberg. Resumo Abordamos que a segurança do trabalho sempre acompanhou a vida do homem, mesmo nos momentos mais difíceis. Conhecemos, inclusive, um pouco sobre alguns pensadores marcantes da história. 48 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade I Vimos um breve relato histórico da OIT e quais as suas convenções ratificadas pelo Brasil, explicando sua importância social para uma vida mais justa. Aprendemos as principais normas que regulamentam a segurança do trabalho; e alguns tópicos da Constituição Federal de 1988 que buscam proteger, na prática, a integridade física e psíquica dos trabalhadores. De forma resumida, foi abordada a legislação aplicada à área de higiene e segurança do trabalho, bem como as Normas Regulamentadoras emanadas do Ministério do Trabalho e Emprego, que foram criadas pela Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, com a finalidade de regulamentar o Capítulo V, Título II da CLT, relativo à segurança e à medicina do trabalho. Vimos que, atualmente, nossa legislação conta com 36 Normas Regulamentadoras em vigor, as quais, de uma maneira ou de outra, regulamentam, criam procedimentos de trabalho, penalizam infrações e ensinam procedimentos seguros, sempre em busca de um ambiente de trabalho mais sadio e longe dos perigos, de forma que proteja a vida do trabalhador. Definimos também que a Higiene Ocupacional pode ser definida como uma técnica ou ciência não médica que se dedica à identificação e à quantificação dos contaminantes do ambiente de trabalho, assim como à avaliação da exposição dos trabalhadores a esses contaminantes. Deve também estabelecer medidas preventivas de maneira que diminua o risco do trabalhador em relação ao agente ambiental e/ou material. Conceituamos as formas de avaliações qualitativas e quantitativas dos riscos. Vimos que os riscos físicos se dividem em vibrações, ruídos, radiações, temperaturas, pressões anormais e umidades; os riscos químicos são poeiras, fumos, névoas, vapores, gases; os riscos biológicos são bactérias, fungos, parasitas, protozoários e insetos; e os riscos ergonômicos são postura inadequada, monotonia e repetitividade, ritmos excessivos de trabalho e estresse. Por fim, vimos também sobre os riscos sociais, que estão diretamente ligados à cultura e à política empresariais. Exercícios Questão 1. (CESGRANRIO 2012) A higiene ocupacional cuida do ambiente de trabalho para prevenir doenças ou lesões nos trabalhadores causadas pelo exercício de atividades em ambientes expostos a ruídos, substânciasquímicas e bactérias, entre outros. Entre as normas da Higiene Ocupacional está a que estabelece que o(s): 49 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL A) Trabalhador, exposto a ruído contínuo e intermitente superior a 100 dB(A), sem proteção auditiva, não corre risco de perda de audição. B) Empregador deverá manter o registro de dados do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais por um período mínimo de 30 anos. C) Profissionais habilitados a trabalhar nessa área são apenas os graduados em medicina. D) Trabalhadores são obrigados a permanecer no canteiro de obras por, no mínimo, duas horas após a descompressão, cumprindo um período de observação médica. E) Trabalhadores expostos às radiações da luz negra (ultravioleta na faixa de 400–320 nanômetros) estão exercendo atividades consideradas insalubres. Resposta correta: alternativa D. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: sem a proteção necessária, não é permitido que a exposição a ruídos ultrapasse o valor de 115 dB(A) podendo haver o risco de perda da audição. B) Alternativa incorreta. Justificativa: os dados deverão ser mantidos por um período mínimo de 20 (vinte) anos. C) Alternativa incorreta. Justificativa: podem atuar técnicos ou especialistas em higiene ocupacional, assim como engenheiros de segurança. D) Alternativa correta. Justificativa: a NR 15, Anexo 6 (trabalho sob condições hiperbáricas) diz, no item 1.3.5, que após a descompressão, os trabalhadores serão obrigados a permanecer, no mínimo, por 2 (duas) horas, no canteiro de obra, cumprindo um período de observação médica. E) Alternativa incorreta. Justificativa: as atividades ou operações que exponham os trabalhadores às radiações da luz negra (ultravioleta na faixa - 400- 320 nanômetros) não serão consideradas insalubres. 50 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade I Questão 2. (FCC 2014) A higiene ocupacional também objetiva a promoção de ambientes de trabalho salubres, a proteção e a promoção da saúde do trabalhador e a proteção do meio ambiente. A classificação dos fatores de riscos inclui: A) Os riscos físicos, que se apresentam em forma de energia, como gases e vapores. B) Os riscos físicos, como névoas, e riscos químicos, como fumos e neblina. C) A radiação ionizante e as temperaturas extremas como risco químico e físico, respectivamente. D) O pólen e pelos de gato como substâncias derivadas das formas vivas, sendo um risco biológico. E) Os riscos biológicos, que além das formas vivas, abrangem os aerodispersoides. Resolução desta questão na plataforma. 51 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL Unidade II 3 AMBIÊNCIA E AMBIENTE DE TRABALHO Segundo Grisi (apud MULATINHO, 2001, p. 23), a expressão ambiência, ou meio ambiente, é considerada, por alguns autores, como “dúbia e pleonástica e, como tal, inclui dimensões muito amplas, com conotações econômicas, socioculturais e de segurança, inerentes ao ambiente humano”. O impacto dos problemas ambientais sobre a humanidade e sobre os recursos naturais nos mostra que a mudança ambiental global pode ameaçar a própria existência da humanidade e, consequentemente, gerar danos graves e irreversíveis para o ecossistema mundial. Segundo Mulatinho (2001), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) apresentou algumas das principais questões globais que ocorrem e que podem interferir no ambiente de uma empresa: o aquecimento da temperatura da Terra; a utilização desordenada dos recursos naturais; a destruição da camada de ozônio; a perda da diversidade biológica da Terra; a contaminação ou a exploração excessiva dos recursos dos oceanos; a gravidade do aumento das doenças ambientais produzidas pelo desequilíbrio da estabilidade planetária; a superpopulação mundial; a ocupação inadequada dos solos agricultáveis; a escassez, o mau uso e a poluição das águas; e a busca de novos paradigmas de produção e consumo. Considerando que o Brasil abriga 60% da Floresta Amazônica, encontramos uma grande reserva da biodiversidade do planeta por meio de um mosaico de classes de solo, relevo diversificado, clima variando de úmido a semiárido, além de grandes ecossistemas distintos e um sem-número de formas de uso e ocupação do espaço. Tudo isso, vinculado à heterogeneidade cultural do seu povo, faz o Brasil apresentar características próprias. Outras questões ainda devem preocupar no que diz respeito ao nosso ambiente: [...] saneamento básico inadequado ou inexistente; crescimento da população; pobreza; urbanização descontrolada; consumo e desperdício de energia; perda de solo agricultável e desertificação; práticas agrícolas inadequadas; substâncias tóxicas e perigosas; ineficiente gestão dos recursos hídricos; mineração e garimpos predatórios; processos industriais poluentes; poluição do ar em áreas metropolitanas; destruição da Mata Atlântica; devastação do cerrado e da caatinga; queimadas na Amazônia; ocupação e destruição de mangues e outros ecossistemas importantes (SEBRAE, 1998, p. 39-40 apud MULATINHO, 2001, p. 24). 52 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade II Segundo Mulatinho (2001), é importante entender que há um vínculo profundo entre o trabalho e o meio ambiente. Assim, adotar uma visão a partir do local de trabalho é uma maneira fácil e inteligente de observar o meio ambiente. Através do trabalho, o homem se apropria da natureza, transformando-a segundo seus interesses e necessidades e identifica nos processos produtivos as situações de risco e de alteração ambiental que afetam coletivos de trabalhadores e coletividades vizinhas. A exigência de um meio saudável transcendeu as fronteiras nacionais e constitui hoje requisito de peso ao comércio internacional (MULATINHO, 2001, p. 25). Por diferentes caminhos, busca-se a melhor qualidade de vida. A história do Homem, nos primórdios, é marcada pela perfeita inter-relação com a natureza, da qual suas ações faziam parte diretamente. Pode-se afirmar que essa interação não degradava o meio ambiente, mas dele tirava alimentos (os seres humanos caçavam, pescavam e colhiam frutos). Nesse processo, o Homem praticava o nomadismo. A partir daí, deu um grande salto com a construção das cidades e saiu do seu ambiente natural para um ambiente construído. Segundo Heimstra (1978, p. 3 apud MULATINHO, 2001), o ambiente físico compreende tudo o que nos rodeia. O autor ainda divide o ambiente físico em dois tipos: o construído, ou modificado pelo homem, e o natural. Existe um grande interesse no relacionamento existente entre o comportamento do homem e as características do ambiente físico, tais como: os espaços das construções nos quais ocorre o comportamento, o projeto de instituições e a maneira pela qual as características de um projeto podem afetar o comportamento e os efeitos da vida urbana. A diferença entre o ambiente construído, ou modificado pelo homem, e seu ambiente natural é de primordial importância, uma vez que existe muito pouco do ambiente natural que, até certo ponto, não tenha sido modificado pelo homem. Para o entendimento e a vigilância da incidência e da prevalência de uma determinada doença ou de um agravo, é essencial o conhecimento do padrão estabelecido em cada área geográfica previamente delimitada. Essa área geográfica podeser já estabelecida como um território administrativo (no caso de bairros, cidades e estados), ou pode ser identificada em um território de características próprias (áreas industrializadas, rurais ou de desmatamento, por exemplo). Mapear adequadamente esse padrão geográfico permite localizar a ocorrência de uma doença, bem como seu prognóstico, além de possibilitar a identificação das áreas de maior risco ou de necessidade de intervenção (CARNEIRO, 2003; RIBEIRO, 2000 apud JAKOBI, 2008). Reis (2008 apud JAKOBI, 2008, p. 16) define Saúde do Trabalhador da seguinte maneira: [...] é uma subárea da Saúde Pública que tem como objeto de estudo as relações entre o trabalho e a saúde. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem como objetivos, para essa subárea, a promoção e a proteção da saúde do trabalhador. Procura atingi-los por meio do desenvolvimento de 53 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL ações de vigilância dos riscos presentes nos ambientes, condições de trabalho e dos agravos à saúde, além da organização e prestação da assistência, o que compreende procedimentos de diagnóstico, tratamento e reabilitação de forma integrada. Como dito anteriormente, agravos e doenças relacionados à saúde do trabalhador são considerados como um dos maiores desafios da saúde pública, em especial, pela complexidade da diversidade de atividades laborais, associada às características regionais geográficas e culturais. Em todas as atividades laborais já são conhecidos os mais diversos riscos aos quais os trabalhadores são expostos, que levam ao agravo, à doença ou à morte e que poderiam ser evitados por medidas de prevenção e proteção. Segundo Porto e Mattos (2003 apud JAKOBI, 2008), a produção de acidentes e das doenças, a destruição ambiental, assim como o esforço e a estratégia de combater esses problemas, expressa o valor político e econômico da vida das pessoas e do meio ambiente em sua totalidade num dado contexto social. No Brasil, a prevenção de agravos e doenças nunca foi uma política efetiva, visto que nossa legislação trabalhista teve início apenas na década de 1940. A formulação da CLT, associada ao avanço econômico do País, levou a um aumento das atividades ligadas à indústria e, consequentemente, a um aumento considerável de acidentes e doenças ocupacionais. Em meados da década de 1970, o Brasil chegou a ter 10% dos seus trabalhadores acidentados. Houve, então, a necessidade de criação de normas obrigatórias para que as empresas enfrentassem essa situação, com a incorporação de profissionais especializados na área de segurança e medicina do trabalho, como médicos, engenheiros e técnicos, formando uma nova área dentro da empresa com a denominação de SESMT. Foi nessa situação de persistência de elevados índices de acidentes e de doenças relacionadas ao trabalho, com grandes perdas humanas e econômicas, que se desenhou a política denominada Saúde do Trabalhador. A Lei nº 8.080/90, Lei Orgânica da Saúde, criou o Sistema Único de Saúde (SUS) e estabeleceu suas competências e atribuições, dentre elas a de executar as ações de vigilância em Saúde do Trabalhador (BRASIL, 1990). Com as ações sobre a saúde do trabalhador especificadas na legislação do SUS, há a busca de uma concretização de práticas mais humanizadas na gestão das políticas e estratégias formuladas para a busca da redução de riscos, em especial, dos relacionados ao ambiente de trabalho. 3.1 Atividade industrial e agentes peculiares às atividades Caracterizado pelo espaço físico ou abstrato, o local usado para interação do trabalhador e que pode influenciar positiva ou negativamente por alterar seu estado físico, mental e social pode ser denominado ambiente de trabalho. Wada (1990) define ambiente de trabalho como um conjunto de fatores interdependentes: 54 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade II Quando um desses fatores, ou um conjunto deles, foge ao controle, seja pelos níveis permitidos ou pelos processos que se desencadeiam, o ambiente de trabalho torna-se suscetível a desenvolver as patologias do trabalho, que podem ser citadas como acidentes de trabalho, doenças profissionais ou doenças do trabalho (WADA, 1990, p. 36). É no local de trabalho que a maioria das pessoas passa a maior parte do seu tempo, podendo chegar a quase dois terços do dia, quando somamos o tempo que gastamos para chegar ao trabalho e voltar para casa. Dessa forma, o ambiente de trabalho deve ser valorizado e ter atenção especial de todos os gestores e trabalhadores, e também de profissionais especializados em segurança e saúde do trabalhador. Os fatores que influenciam esse ambiente são os meteorológicos, os topográficos e os emocionais. 3.1.1 Fatores meteorológicos e topográficos A atmosfera atua em todos os ambientes como meio de propagação da poluição do ar, mas também como agente de difusão dos poluentes. Dessa forma, a atmosfera é alterada por fatores meteorológicos, em especial pelos ventos, pela temperatura e pela umidade do ar. Essas alterações influenciam tanto o ambiente externo quanto o interno, quando associadas a outros fatores, por exemplo, a presença ou não de aparelhos que possam melhorar ou piorar essa atmosfera, como ventiladores e umidificadores de ar. Esses fatores podem, não raro, desencadear doenças que poderiam estar latentes no trabalhador. É o caso, por exemplo, de algumas doenças respiratórias, como a rinite alérgica, que tem seu surgimento acentuado por influências meteorológicas, presença de poeira ou de um ar muito seco no ambiente de trabalho, podendo torná-lo mais insalubre. Segundo Barsano e Barbosa (2014, p. 64), os poluentes atuam diretamente na qualidade do ambiente e podem ser classificados conforme segue. • Primários: são aqueles emitidos diretamente de fontes identificáveis e que estão na atmosfera na forma em que são emitidos. Exemplos: poeiras em geral, compostos de enxofre, monóxido de carbono, compostos orgânicos, compostos de hidrogênio e compostos radioativos. • Secundários: são produzidos no ar pela reação entre dois ou mais poluentes. Exemplos: dióxido de enxofre, proveniente das atividades industriais (combustão de óleos, operações de fusão, usinas de natureza tipicamente química) e neblina de ácido sulfúrico. • Fontes naturais de poluentes: vegetação, polens, solo, gotículas do mar e poeira. A atmosfera é influenciada na sua composição diretamente pela presença da poluição, que pode ter suas origens nas seguintes atividades: • industrial: pelos poluentes emitidos em suas ações; 55 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL • metalúrgica: por meio da liberação, principalmente, de monóxido de carbono, fumos, dióxido metálico, gás sulfuroso, fumos de chumbo e cinzas; • manufatura e acabamentos de metais: fumos metálicos, poeiras da fundição e vapores solventes; • mineração: gases explosivos, poeiras em geral, monóxido de carbono; • produtos alimentícios: substâncias cloríferas; • indústrias mecânicas: poeiras e névoas do departamento de acabamento, fumaças e fumos no tratamento térmico; • indústrias de papel e papelão: sulfeto de hidrogênio; • indústria de madeiras: poeira, solventes, fumaça das queimas de resíduos da madeira; • química e farmacêutica: todas as formas de poluição do ar. De acordo com a Norma Regulamentadora nº 17, do Ministério do Trabalho e Emprego, que trata especificamente da Ergonomia, as condições de trabalho devem estar adequadas às característicaspsicológicas e fisiológicas e ligadas à natureza do trabalho a ser executado. Dessa forma, nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam esforço intelectual e atenção de maneira constante, como salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, dentre outros, são recomendadas as seguintes condições de conforto: • níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira registrada no Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro); • índice de temperatura efetiva entre 20 ºC e 23 ºC; • velocidade do ar não superior a 0,75 m/s; • umidade relativa do ar não inferior a 40%. 3.1.2 Espaço confinado Algumas atividades profissionais são exercidas em ambientes confinados e, pelas suas características e pelos fatores mencionados das condições meteorológicas, podem chegar a patamares extremamente desfavoráveis aos trabalhadores. Portanto, medidas de prevenção devem ser adotadas para oferecer condições de segurança, higiene e conforto no ambiente laboral. De acordo com a NR 33, que tem como objetivo estabelecer os requisitos mínimos para a identificação de espaços confinados e o reconhecimento, a avaliação, o monitoramento e o controle dos riscos existentes, esse ambiente de trabalho é definido da seguinte forma: 56 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade II Espaço confinado é qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou enriquecimento de oxigênio (BRASIL, 2012b). Nesses ambientes, os riscos de acidentes por explosão, incêndio ou asfixia são as maiores preocupações. As condições de ventilação, concentração de oxigênio e de substâncias tóxicas e perigosas devem ser avaliadas antes do início das atividades e monitoradas continuamente para a garantia da segurança dos trabalhadores. Também é importante lembrar que, nesses ambientes, a ausência de luz solar direta pode afetar o trabalhador psicologicamente e fisiologicamente, por este perder a noção do tempo de trabalho naquela mesma atividade. 3.2 Ambientes insalubres A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em seu artigo 189, traz a definição de insalubridade: [...] Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos (BRASIL, 1943). O Ministério do Trabalho e Emprego, por meio da Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, criou a NR 15, que trata das atividades e das operações insalubres. Esta norma diz que o exercício de trabalho em condições de insalubridade assegura ao trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre o salário mínimo da região, equivalente a: • 40% para insalubridade de grau máximo; • 20% para insalubridade de grau médio; • 10% para insalubridade de grau mínimo. A NR 15 apresenta, em seus anexos, os limites de tolerância para cada atividade considerada insalubre: • Anexo 1 – Limites de Tolerância para Ruído Contínuo ou Intermitente. • Anexo 2 – Limites de Tolerância para Ruídos de Impacto. • Anexo 3 – Limites de Tolerância para Exposição ao Calor. 57 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL • Anexo 5 – Limites de Tolerância para Radiações Ionizantes. • Anexo 11 – Agentes Químicos cuja Insalubridade é Caracterizada por Limite de Tolerância e Inspeção no Local de Trabalho. • Anexo 12 – Limites de Tolerância para Poeiras Minerais. Além dos anexos que descrevem os limites de tolerância, a NR ainda determina atividades que, por si só, já são insalubres: • Anexo 6 – Trabalho sob Condições Hiperbáricas. • Anexo 13 – Agentes Químicos. • Anexo 14 – Agentes Biológicos. Outras atividades, para serem consideradas insalubres, precisam ser avaliadas e necessitam de laudos de inspeção no local de trabalho: • Anexo 7 – Radiações Não Ionizantes. • Anexo 8 – Vibrações. • Anexo 9 – Frio. • Anexo 10 – Umidade. Caso haja incidência de mais de um fator de insalubridade, será considerado o grau mais elevado para efeito de acréscimo salarial, não sendo permitida a percepção acumulativa. A NR 15 define em seus Anexos 11, 12 e 13: Anexo 11 – [...] o método e os parâmetros para se calcular o grau de insalubridade em função da exposição a agentes químicos para os quais há limite de tolerância para absorção por via respiratória ou cutânea. Anexo 12 – [...] os procedimentos de medição e limites de tolerância para a exposição dos trabalhadores a poeiras minerais (asbesto, manganês e seus compostos, e sílica livre cristalizada). Anexo 13 – [...] apresenta os diferentes graus de insalubridade relativos a atividades e operações envolvendo agentes químicos, tais como arsênico, chumbo, cromo e benzeno (BRASIL, 1978). 58 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade II 3.2.1 Atividades periculosas O artigo 193 da CLT define periculosidade da seguinte maneira: [...] São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: I – inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; II – roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial (BRASIL, 1943). Já a NR 16 acrescentou ao rol das atividades periculosas as atividades e operações perigosas com radiações ionizantes ou substâncias radioativas. O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% sobre o salário-base, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros das empresas. De acordo com o artigo 194 da CLT, o empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade ou de periculosidade que porventura lhe seja devido, cujo direito cessará tão logo haja a eliminação do risco à sua saúde ou à sua integridade física (BRASIL, 1943). Observação A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, serão feitas por meio de perícia, que fica a cargo de médico ou engenheiro do trabalho registrado no Ministério do Trabalho. 3.2.2 Atividades penosas O conceito de atividade penosa e sua aplicação prática no cotidiano ainda hoje confundem os estudiosos da área de segurança e saúde do trabalho. A falta de regulamentação específica dessa atividade é a principal razão da polêmica gerada em torno desse importante adicional, que faz falta no salário de muitos trabalhadores. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 7º, inciso XXIII, inclui como direitos inerentes aos trabalhadores urbanos e rurais o “adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei” (BRASIL, 1988). Porém, atualmente, estão regulamentados apenas os adicionais relativos à insalubridade e à periculosidade, conforme visto anteriormente. 59 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL O vocábulo penosoé descrito como aquele “que é causa de dor, sofrimento ou incômodo; [...]. Que requer grande esforço ou grande sacrifício” (AULETE, 2015). Desta forma, podemos definir como atividades penosas as que, a princípio, não sejam consideradas insalubres ou periculosas, bem como as atividades sujas e degradantes, que causam dor e sofrimento ao trabalhador, assim como o trabalho azedo, fedido, ácido, áspero, rude e cruel, ou quando o profissional exercer o trabalho de forma árdua, amarga, difícil e trabalhosa, causando-lhe incômodos. Cretella Junior (apud OLIVEIRA, 2002, p. 186) nos apresenta a seguinte definição: Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, molesto, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude. [...] Penosas são, entre outras, as atividades de ajuste e reajuste de aparelhos de alta precisão (microscópios, rádios, relógios, televisores, computadores, vídeos, fornos de micro-ondas, refrigeradores), pinturas artesanais de tecidos e vasos, em indústria, bordados microscópicos, restauração de quadros, de esculturas danificadas pelo tempo, por pessoas ou pelo meio ambiente, lapidação, tipografia fina, gravações, revisão de jornais, revistas, tecidos, impressos. Todo esse tipo de atividade não é perigoso, nem insalubre, mas sim penoso; exigindo atenção constante e vigilância acima do comum. Portanto, podemos citar como exemplos de atividades penosas: • os trabalhos de corte realizados pelos boias-frias nos canaviais; • os trabalhos exercidos na extração do minério de carvão, bem como nas carvoarias; • o trabalho a céu aberto, sob sol escaldante ou outras fortes intempéries naturais; • o trabalho exercido na limpeza subterrânea das tubulações de esgoto público. 3.3 Acidente do trabalho 3.3.1 Conceito de acidente do trabalho Acidente do trabalho é conceituado como o evento indesejado e inesperado, que tem como característica principal provocar lesão corporal ou perturbação funcional que causa morte, perda ou redução permanente ou temporária da capacidade do trabalhador. Quando esse evento não gera dano, estamos diante de um incidente ou quase incidente. Acidente é toda ocorrência não desejada que modifica o andamento normal de qualquer tipo de atividade ou põe fim a este. O conceito pode ser aplicado a diferentes situações, como um equipamento danificado (perdas materiais) ou quando alguém sofre algum tipo de lesão que provoque danos ao indivíduo que foi vitimado. 60 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade II A segurança do trabalho aborda o tema Acidente do Trabalho em dois enfoques: • conceito legal; • conceito prevencionista. De acordo com o artigo 2º da Lei nº 6.367, de 19 de outubro de 1976, acidente de trabalho é definido como “aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, ou perda, ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho” (BRASIL, 1976). A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social, define: Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (BRASIL, 1991). Também são consideradas como acidente do trabalho: • doença profissional: originada ou provocada pelo exercício do trabalho característico de determinada atividade; • doença do trabalho: contraída ou desencadeada em razão de condições especiais em que o trabalho é realizado e que apresente relação direta com ele. Dessa forma, podemos afirmar que qualquer situação que cause algum dano, mesmo que este não seja material ou físico, deve ser investigada como acidente. Segundo a NR 3 (BRASIL, 2000), “considera-se grave e iminente risco toda condição ou situação de trabalho que possa causar acidente ou doença relacionada ao trabalho com lesão grave à integridade física do trabalhador”. A Lei nº 8.213/91, em seu artigo 21, também versa sobre o acidente de trabalho: [...] I – o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; II – o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de: 61 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; III – a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; IV – o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo, quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado (BRASIL, 1991). Observação Quando o funcionário se acidenta utilizando veículo particular, mas está recebendo vale-transporte da empresa para uso de transporte coletivo (ônibus, metrô etc.), também é um acidente do trabalho. O que caracteriza o acidente de trajeto não é o meio de locomoção utilizado, mas a causalidade do evento. No entanto, nada impede que o funcionário sofra alguma penalidade por parte da empresa por cometer uma falta grave. 62 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade II Considera-se acidente do trabalho, também, a situação em que o empregado, durante os períodos destinados à refeição ou ao descanso, ou, por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas realizadas no local de trabalho ou durante este, venha a se acidentar. Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às consequências do acidente anterior. Por exemplo: um trabalhador que sofreu um acidente anos atrás jogando bola, tendo rompido o tendão da perna, ao subir as escadas da empresa, acaba rompendo esse mesmo tendão. De acordo com o conceito prevencionista, o acidente de trabalho é abordado não somente como uma causa de dano real ao trabalhador ou ao patrimônio. É, principalmente, uma previsão, uma antecipação de algum evento que, sob o olhar prevencionista dos profissionais envolvidos com a segurança do trabalho na empresa (SESMT e Cipa), possa desencadear, por meio de diversos incidentes (quase acidentes), uma lesão pequena ou grave, ou até mesmo um acidente fatal (morte do trabalhador). A partir de um pisoescorregadio, por exemplo, é possível prever diversos acidentes: um trabalhador escorrega e não sofre nenhuma escoriação, nenhum dano (houve um incidente); outro funcionário, por sua vez, pode escorregar no mesmo piso e sofrer graves lesões. De acordo com Vianna (apud MULATINHO, 2001), consideramos como circunstâncias dos acidentes de trabalho lesões ocorridas no local de trabalho e no trajeto de ida e volta do trabalho; bem como acidentes que tenham ocorrido fora dos limites da empresa e fora do local de trabalho, mas em razão dele. Os tipos de acidentes de trabalho podem ser classificados como: 1) Acidentes sem afastamento, quando o empregado é acidentado e continua a trabalhar normalmente após ter ocorrido o acidente; 2) Acidentes com afastamento, quando o empregado acidentado deixa de trabalhar durante algum tempo, devido às consequências do acidente, que podem resultar em: a) Incapacidade temporária, que significa a perda total da capacidade de trabalho durante o dia do acidente, podendo se prolongar por mais dias. Porém, ao retornar ao trabalho, o empregado assume o cargo que ocupava sem redução de sua capacidade de trabalhar; b) Incapacidade permanente parcial, que é a redução permanente e parcial da capacidade de trabalhar motivada por redução da função ou perda de qualquer membro ou parte dele devido ao acidente; c) Incapacidade total permanente, que é a perda total, em caráter permanente, da capacidade de trabalho; d) Morte (VIANNA, 1976, p. 53 apud MULATINHO, 2001, p. 32). 63 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL Consideramos como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, o dia da segregação compulsória ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo o que ocorrer primeiro. 3.3.2 Causas dos acidentes e doenças do trabalho As causas de um acidente de trabalho são, na maioria das vezes, complexas. Porém, há três fatores que, direta ou indiretamente, atuam no desencadeamento de qualquer acidente: atos inseguros, condições inseguras e fator pessoal de insegurança. Estudar as causas que podem levar ao acontecimento do acidente ou da doença do trabalho é constituir uma maneira de conhecer de forma metodológica como e por que surgem os acidentes de trabalho. Isso facilita o estudo das medidas preventivas, reduzindo a ocorrência de novos acidentes. Como principais fatores de contribuição para a ocorrência do acidente de trabalho, podemos citar: • condição ambiente de insegurança: a condição ambiental existente na empresa e que predispõe ao acidente; • ato inseguro: qualquer comportamento inadequado que predisponha ao acidente. Os atos inseguros são atos voluntários ou involuntários do trabalhador que, por negligência, imprudência ou imperícia deste, acabam desencadeando determinado acidente. Por exemplo: • o empregado recusar-se a usar o EPI para trabalhar em um lugar em que haja risco de queda de objetos, como na construção civil; • correr dentro da empresa; • deixar de observar as normas de segurança da empresa. Observação Negligência é quando deixamos de fazer algo por desleixo, ou seja, é um ato voluntário de não querer fazer algo mesmo sabendo que aquilo é de extrema importância. Decorre da omissão. Imprudência é quando fazemos algo sem a cautela necessária, mesmo sabendo que a falta desta implicará uma consequência negativa. Imperícia é quando praticamos um ato para o qual não somos treinados e/ou capacitados. 64 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade II Lembrete Conforme prescreve o artigo 158, inciso II da CLT, a recusa, sem justificativa, do empregado a usar EPIs fornecidos pela empresa é considerada como ato faltoso, podendo ser aplicada até a penalidade máxima de justa causa, nos casos de reincidência. As condições inseguras são os fatores ambientais de risco aos quais o trabalhador está exposto, mas cuja ocorrência não depende de sua influência, como: • local de trabalho muito próximo a máquinas e equipamentos; • iluminação inadequada; • fornecimento de ferramentas e maquinários defeituosos para o trabalhador. Também se deve levar em consideração quando o trabalhador executa suas tarefas laborais com má vontade, más condições físicas ou com pouca ou nenhuma experiência, por exemplo: trabalhador embriagado ou doente, com alguma deficiência física ou com uma doença psíquica. 3.3.3 Repercussão social dos acidentes A repercussão social dos acidentes é de extensão gravíssima. Vianna (1976, p. 12-3 apud MULATINHO, 2001) destaca as seguintes, dentre outras: • limitação das atividades sociais do acidentado, que, em razão da gravidade do acidente, pode até se marginalizar da sociedade; • reflexos familiares, caracterizados pelos cuidados especiais que terão de ser dispensados ao trabalhador, ocasionando, inclusive, o afastamento de outras pessoas do trabalho; • necessário aumento de despesas médicas e consequente redução da renda familiar; • alteração de projetos, que, diante da natureza do acidente, podem até ser cancelados; • diminuição da força de trabalho e aumento do preço dos produtos: mesmo quando é considerado um fato isolado, os reflexos do acidente podem ser trágicos, influindo, inclusive, no preço final do produto, que fica onerado pela diminuição da produção em escala e pelos encargos adicionais relativos ao amparo do acidentado e à substituição do trabalhador; • maior número de dependentes da coletividade: consequência lógica dos acidentes ocorridos. A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social, regulamenta de forma simples e objetiva os principais direitos dos profissionais, bem como a 65 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL obrigação das empresas e do Poder Público de disponibilizar vagas de emprego com condições dignas de trabalho, locomoção e qualidade de vida. A habilitação e a reabilitação profissional e social deverão proporcionar, ao beneficiário incapacitado, preparação parcial ou total para o trabalho, e, às pessoas portadoras de deficiência, os meios para a reeducação e a readaptação profissional e social indicados para a participação no mercado de trabalho e no contexto em que vivem. A reabilitação profissional compreende o fornecimento de aparelho de prótese, órtese e instrumentos de auxílio para locomoção, quando a perda ou a redução da capacidade funcional puder ser atenuada por seu uso, bem como o fornecimento dos equipamentos necessários à habilitação e à reabilitação social e profissional. A reparação ou a substituição dos aparelhos desgastados pelo uso normal ou por ocorrência estranha à vontade do beneficiário também fazem parte dos benefícios do acidentado, bem como o transporte ao trabalho, quando necessário. 3.3.4 Repercussão econômica dos acidentes O tempo de trabalho perdido, decorrente do afastamento do acidentado, é a primeira consequência econômica do acidente de trabalho. No entanto, não é a única. Veja no texto a seguir uma interessante visão a respeito do impacto econômico dos acidentes de trabalho. Podemos destacar [dentre as consequências econômicas] ainda: • Queda de produção pela interrupção do trabalho. Até que o trabalhador retorne ou seja substituído, há um lapso de tempo em que suas tarefas deixam de ser executadas, influindo [na] redução da produção. • Diminuição da produtividade causada pelos impactosemocionais: o acidente, por si só, é um fato chocante. As pessoas presentes ou envolvidas sentem-se traumatizadas com o evento, fator que repercute negativamente na produtividade. • Custos de máquinas ou equipamentos danificados e matéria-prima ou materiais perdidos: a empresa, às vezes, vê-se obrigada a paralisar seus trabalhos por se tratar de equipamento vital. • Gastos com primeiros socorros e transporte de acidentados. • Atraso na entrega de produtos e imagem negativa da empresa, como consequência da paralisação de seus serviços. • Desvio de grandes somas para atender às consequências, em prejuízo de aplicações mais necessárias. 66 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade II [...] Os acidentes com trabalhadores causam inúmeros prejuízos, não só para o empregador como também para a pessoa atingida, para a sua família e para toda a sociedade. O trabalhador acidentado, além das consequências físicas que sofre, quase sempre não está capacitado a suportar o ônus financeiro que ocorre nessas ocasiões. Para a família do trabalhador, o acidente traz inúmeras dificuldades, tais como: cuidado com o acidentado; aumento de despesas; renda diminuída; alteração de projetos familiares. Para a empresa, causará: tempo de trabalho perdido pelo acidentado; queda da produção pela interrupção do trabalho; gastos com os primeiros socorros e [o] transporte do acidentado; má fama para a empresa etc. Um programa de segurança eficiente pode parecer difícil e oneroso para a empresa, mas as análises de causas e consequências, bem como os prejuízos causados à própria empresa, à sociedade e à nação indicam que “é mais caro ter acidentes do que preveni-los”. Sem essa atuação, tornar-se-á cada vez mais difícil atingir a meta de proporcionar aos trabalhadores brasileiros condições seguras de trabalho para garantia de sua prevenção. A redução dos acidentes do trabalho, comprovadamente, leva aos seguintes benefícios, [dentre outros]: • Benefícios sociais com: redução de preço final de produtos; redução de encargos pela Previdência Social, em decorrência de acidentes; maior força de trabalho; equilíbrio de ânimos (entre trabalhadores) pela ausência do mal-estar causado pelos acidentes. • Maior equilíbrio entre a renda e as despesas do trabalhador; tranquilidade no meio familiar. • Benefícios para a empresa com: — redução de prejuízos com desperdício de materiais; — diminuição de prejuízos em decorrência de paralisação e consertos de máquinas e equipamentos; — aumento na produção; — maior produtividade dos trabalhadores; — menor despesa com treinamento de substitutos de acidentados; — redução de salários adicionais pagos por trabalhos em hora extra em virtude de acidentes; — redução de despesas médicas e salários não cobertos pelo seguro. Fonte: Mulatinho (2001, p. 33-4). 67 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL 3.3.5 Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) A Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é feita pela empresa à Previdência Social dentro do prazo legal, independentemente de ter havido afastamento do trabalhador. Além de ser uma obrigação legal do empregador, a CAT serve para fins estatísticos. A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social, afirma, em seus artigos 22 e 23: Art. 22. A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o 1º (primeiro) dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário de contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social. [...] Art. 23. Considera-se como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro (BRASIL, 1991). Observação Na falta da emissão da CAT por parte da empresa, podem formalizá-la: o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública. A comunicação será feita ao INSS por intermédio do formulário CAT, preenchido em seis vias, com a seguinte destinação: • 1ª via – INSS; • 2ª via – à empresa; • 3ª via – ao segurando ou dependente; • 4ª via – ao sindicato de classe do trabalhador; • 5ª via – ao Sistema Único de Saúde (SUS); • 6ª via – à Delegacia Regional do Trabalho. 68 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade II Saiba mais Veja o impresso da CAT diretamente no site da Previdência: BRASIL. Previdência Social. Comunicação de acidente de trabalho. [s.d.]. Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/forms/formularios/ form001.html>. Acesso em: 9 fev. 2015. 4 CONTROLE DOS AGENTES AMBIENTAIS 4.1 Adoção de medidas de segurança Já discutimos que, para a Segurança e Saúde no Trabalho, ou objetivo maior é o de prever a possibilidade de ocorrência de situações potencialmente perigosas à integridade física do trabalhador, procurando ao máximo eliminá-las na sua origem. Para que esta meta seja alcançada, é necessário que o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança do Trabalho (SESMT), conjuntamente com a Cipa, conheçam os riscos provenientes das atividades profissionais, em seus diversos aspectos, como insalubridade do ambiente de trabalho, das máquinas e de equipamentos inadequados, de procedimentos operacionais ineficientes e das condições inseguras do local de trabalho, bem como outros fatores que exponham os colaboradores a risco em suas atividades. Após a análise desses fatores, devem ser adotadas medidas de proteção no trabalho que visem à prevenção de acidentes e doenças profissionais, que podem ser alcançadas por meio de medidas administrativas, de proteção coletiva e de proteção individual. 4.1.1 Medidas de proteção administrativa Garantir as condições ideais de trabalho deve ser uma preocupação a se iniciar com a adoção de medidas administrativas tomadas pelos profissionais da segurança do trabalho como forma de eliminar os riscos que colocam em perigo a integridade física e psíquica do trabalhador. Dentre as medidas de proteção administrativa que devem ser adotadas, podemos citar: • ordens de serviço, pareceres e instruções implantadas pelo SESMT; • restrições impostas pelo empregador na entrada e na saída de locais de risco; • procedimentos de trabalho e execução de serviços; • proibição de entrada em espaços confinados; • preceitos de segurança e saúde no trabalho. 69 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL 4.1.2 Medidas de proteção coletiva Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) são procedimentos ou equipamentos utilizados ou projetados para a proteção de um grupo de pessoas, na realização de determinada tarefa ou qualquer atividade. Essas medidas são para que a segurança coletiva seja alcançada, ou seja, para que se atinja a segurança de diversos trabalhadores envolvidos em uma mesma atividade e/ou um mesmo procedimento de trabalho. Alguns exemplos de EPC: • exaustores em uma cozinha industrial; • redes de proteção; • projeto de enclausuramento acústico de um compressor,para evitar escape de ruídos; • proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos; • grades de proteção contra queda de materiais. 4.1.3 Medidas de proteção individual A utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) deve ocorrer em qualquer situação de trabalho, sendo um complemento da utilização dos EPCs. Para a determinação de qual deve ser o EPI adequado para o trabalhador, o primeiro passo é identificar de quais riscos deve ser protegido. Essa avaliação deve ser qualitativa e quantitativa do risco e definirá qual a potencialidade do dano ao organismo do colaborador. O uso de EPIs como capacetes, calçados de segurança, óculos de proteção contra partículas volantes e luvas deverá ser adotado sempre que todas as medidas de proteção forem utilizadas e mesmo assim permanecer o risco acima dos limites toleráveis de segurança, colocando em perigo a integridade física e psíquica do trabalhador. Após a avaliação e a caracterização do risco, ele deve ser enfrentado em sua origem para que possa ser neutralizado ou eliminado. Caso a situação de risco se mantenha, os membros do SESMT devem realizar uma ação de proteção coletiva entre a zona de risco e os trabalhadores. A adoção de medidas de proteção individual relativas ao trabalhador deve ter início com a seleção de EPIs apropriados aos agentes de risco e à natureza antropométrica do trabalhador, como o tamanho adequado de calçados e luvas de segurança, que deve ser adequado ao perfil do funcionário. 70 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade II 4.2 Definição de EPI A NR 6, criada pela Portaria GM nº 3.214, de 8 de junho de 1978, e alterada pela Portaria SIT nº 292, de 8 de dezembro de 2011, trata das medidas de proteção individual e define EPI como: “[...] todo dispositivo ou produto, de uso individual, utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho” (BRASIL, 2011c). De acordo com essa NR, os EPIs, de fabricação nacional ou estrangeira, só podem ser postos à venda ou utilizados com a indicação do Certificado de Aprovação, expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego. A utilização de EPI também deve ser avaliada como medida de redução de custos, já que a sua não utilização poderá causar mais danos aos trabalhadores e aumentar despesas tanto para o empregador quanto para o funcionário. É de responsabilidade do SESMT, em conjunto com a avaliação da Cipa e dos próprios trabalhadores, a recomendação ao empregador do uso adequado de EPI para cada risco existente de determinada atividade, sendo obrigatório o fornecimento dos equipamentos de maneira gratuita aos empregados, adequados a cada risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes condições: • sempre que as medidas de ordem geral não oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho; • enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; • para atender a situações de emergência. O empregador ainda tem as seguintes obrigações com relação ao uso e ao fornecimento do EPI: • exigir seu uso; • fornecer somente EPI aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de SST; • orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, a guarda e a conservação; • substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado; • responsabilizar-se pela higienização e pela manutenção periódica; • comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada; • registrar o seu fornecimento ao trabalhador, por meio de livros, fichas ou sistema eletrônico. 71 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL Ao empregado, a NR 6 determina as seguintes responsabilidades, dentre outras: • utilizar apenas para a finalidade a que se destina; • responsabilizar-se pela guarda e pela conservação; • comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; • cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado. Sobre os fabricantes também incidem algumas obrigações: • cadastrar-se no órgão nacional competente em segurança e saúde no trabalho; • solicitar emissão do Certificado de Aprovação (CA) ao órgão nacional competente em segurança e saúde no trabalho; • solicitar a renovação do CA quando vencido o prazo de validade estipulado; • requerer novo CA quando houver alteração das especificações do equipamento aprovado; • responsabilizar-se pela manutenção da qualidade do EPI que deu origem ao CA; • comercializar ou colocar à venda somente o EPI portador de CA; • comunicar ao órgão nacional de SST as alterações dos dados cadastrais fornecidos; • comercializar o EPI com instruções técnicas no idioma nacional, orientando a respeito de sua utilização, sua manutenção, sua restrição etc.; • fazer constar no EPI o número do lote de fabricação; • providenciar a avaliação da conformidade do EPI no âmbito do Sinmetro, quando for o caso; • fornecer as informações referentes aos processos de limpeza e higienização de seus EPIs. Ao Ministério do Trabalho e Emprego também cabem algumas obrigações: • cadastrar o fabricante ou importador de EPI; • receber e examinar a documentação para emitir ou renovar o CA de EPI; • estabelecer, quando necessário, os regulamentos técnicos para ensaios de EPI; 72 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade II • emitir ou renovar o CA e o cadastro de fabricante ou importador; • fiscalizar a qualidade do EPI; • suspender o cadastramento da empresa fabricante ou importadora; • cancelar o CA. Sempre que julgar necessário, o órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho poderá requisitar amostras de EPI, identificadas com o nome do fabricante e o número de referência, além de qualquer outro requisito. O MTE também deverá, por meio de seus órgãos regionais, fiscalizar e orientar quanto ao uso adequado e à qualidade do EPI, além de recolher amostras e aplicar as penalidades que forem cabíveis, caso haja o descumprimento da NR 6. Observação Nas empresas desobrigadas a constituir SESMT, cabe ao empregador selecionar o EPI adequado ao risco, mediante orientação de profissional tecnicamente habilitado, a Cipa ou, na falta desta, o designado e os trabalhadores usuários. 4.2.1 Classificação dos EPIs Pela diversidade dos EPIs, os profissionais de segurança do trabalho ou responsáveis devem atentar ao fornecimento adequado do equipamento para os trabalhadores. Portanto, é importante que seja observado, de maneira criteriosa, como a atividade é exercida e qual o tipo de risco que ela oferece. Esta é uma forma de fazer o EPI alcançar o seu objetivo principal, que é o de proteger o trabalhador de acidentes físicos, além de possibilitar conforto em atividades insalubres. A seguir, vamos destacar alguns tipos de EPI, de acordo com sua finalidade. • EPI para proteção da cabeça: — capacete de segurança para proteção contra impactos de objetos sobre o crânio; — capacete de segurança para proteção contra choques elétricos; — capuz de segurança para proteção do crânio e do pescoço contra riscos de origem térmica; — capuz de segurança para proteção do crânio e do pescoço contra respingos de produtos químicos. 73 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11/0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL • EPI para proteção dos olhos e da face: — óculos de segurança para proteção dos olhos contra impactos de partículas volantes; — óculos de segurança para proteção dos olhos contra luminosidade intensa; — protetor facial de segurança contra respingos de produtos químicos; — protetor facial de segurança contra radiação infravermelha; — máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e da face contra radiação ultravioleta; — máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e da face contra radiação infravermelha. • EPI para proteção auditiva: — protetor auditivo circum-auricular contra níveis de pressão sonora superiores ao estabelecido na NR 15; — protetor auditivo de inserção contra níveis de pressão sonora superiores ao estabelecido na NR 15; — protetor auditivo semiauricular contra níveis de pressão sonora superiores ao estabelecido na NR 15. • EPI para proteção respiratória: — respirador purificador de ar contra poeiras e névoas; — respirador purificador de ar contra gases de produtos químicos; — respirador de adução de ar tipo linha de ar comprimido para proteção em atmosferas com concentração imediatamente perigosa à vida e à saúde e em ambientes confinados. • EPI para proteção do tronco: — vestimentas de segurança que ofereçam proteção contra riscos de origem térmica, mecânica, química, radioativa e meteorológica, bem como umidade proveniente de operações com uso de água; — colete à prova de balas de uso permitido para vigilantes que trabalhem portando armas de fogo, para proteção contra riscos de origem mecânica. • EPI para proteção dos membros superiores: — luva de segurança para proteção das mãos contra choques elétricos; 74 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade II — luva de segurança para proteção das mãos contra agentes térmicos; — luva de segurança para proteção das mãos contra agentes biológicos; — manga de segurança para proteção do braço e do antebraço contra umidade; — manga de segurança para proteção do braço e do antebraço contra agentes térmicos; — braçadeira de segurança para proteção do antebraço contra agentes cortantes; — dedeira de segurança para proteção dos dedos contra agentes abrasivos e escoriantes. • EPI para proteção de membros inferiores: — calçado de segurança para proteção contra impactos de quedas de objetos; — calçado de segurança para proteção dos pés contra choques elétricos; — perneira de segurança para proteção da perna contra respingos de produtos químicos; — perneira de segurança para proteção da perna contra agentes cortantes e perfurantes; — calça de segurança para proteção das pernas contra agentes abrasivos e escoriantes; — calça de segurança para proteção das pernas contra respingos de produtos químicos. • EPI para proteção do corpo inteiro: — macacão de segurança para proteção do tronco e dos membros superiores e inferiores contra chamas; — conjunto de segurança formado por calça e blusão, jaqueta ou paletó para proteção do tronco e dos membros superiores e inferiores contra agentes térmicos; — vestimenta condutiva de segurança para proteção do tronco e dos membros superiores e inferiores contra choques elétricos. • EPI para proteção contra quedas com diferença de nível: — dispositivo trava-queda de segurança para proteção do usuário contra quedas em operações com movimentação vertical ou horizontal, quando utilizado com cinturão de segurança para proteção contra quedas; — cinturão de segurança para proteção do usuário contra riscos de queda em trabalhos em altura. 75 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL Saiba mais Para saber sobre outros tipos de EPI e suas alterações, instruções e pareceres técnicos a respeito, assim como outras normas regulamentadoras, acesse o site do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e fique atento às atualizações disponíveis: <http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm>. 4.3 MAPA DE RISCOS Dentro das Diretrizes do Plano de Ação de Saúde do Trabalhador da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast), a Vigilância da Saúde dos Trabalhadores (Visat) compreende: [...] conjunto de ações que visa conhecer a magnitude dos acidentes e doenças relacionados ao trabalho, identificar os fatores de riscos ocupacionais, estabelecer medidas de controle e prevenção e avaliar os serviços de saúde de forma permanente, visando à transformação das condições de trabalho e à garantia da qualidade da assistência à saúde do trabalhador (AYRES, 2002 apud JAKOBI, 2001, p. 19). No que diz respeito ao reconhecimento dos riscos presentes em todos os locais de trabalho, bem como às atividades laborativas que podem comprometer a segurança e a saúde das pessoas, a vigilância deve acompanhar todas as variáveis e tendências de cada fator identificado, de maneira que realize a descrição, a distribuição, a análise, a avaliação, a interpretação dos eventos e, por fim, defina quais as recomendações para a prevenção e para a resolução dos problemas já acontecidos. Esse acompanhamento será então representado graficamente num Mapa de Riscos, no qual os fatores e riscos prejudiciais serão identificados e relacionados ao conjunto de variáveis originadas em cada ambiente, de acordo com cada processo da organização do trabalho, e que podem interferir no processo saúde-doença do trabalhador. De acordo com Rodrigues (1991 apud JAKOBI, 2001, p. 20), o mapeamento de riscos pode ser feito a partir da utilização de algumas técnicas, cuja complexidade pode ser gradativamente crescente nas etapas sequenciais do trabalho de vigilância, como as de geoprocessamento, sendo entendido como “um conjunto de técnicas de coleta, exibição e tratamento de informações especializadas” que permite a análise conjunta de uma gama de variáveis socioambientais. Com o auxílio de ferramentas de análise espacial, aumenta a compreensão da dinâmica dos dados, pois contribui para a identificação de agrupamentos contínuos e áreas de transição, determinando áreas de risco para além dos limites político-administrativos ao detectar situações de riscos diferenciados. 76 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade II Dentro do amplo espectro do que é denominado Mapa de Risco, encontram-se mapas que têm como conteúdo desde a presença de agentes ambientais de risco até suas consequências, previstas ou medidas, sobre a população. Os possíveis danos à saúde humana causados por atividades poluidoras são precedidos por processos de uso de substâncias químicas, sua emissão para o ambiente, a exposição de uma população e a dose a que será submetida esta população (BARCELOS, 1996 apud JAKOBI, 2001). Por meio da união entre os processos desencadeadores de riscos ambientais, pode-se estabelecer uma sequência de passos metodológicos que permitem a análise globalizada de riscos à saúde. Esta metodologia foi recentemente utilizada na avaliação de riscos à saúde dos trabalhadores de uma indústria que utiliza mercúrio em seu processo produtivo (MELO; BARCELLOS, 1993 apud JAKOBI, 2001). Com a evolução industrial e tecnológica, o ambiente sofre constantes ataques que levam ao aumento de agressões e lesões à população, em especial pela falta de tratamento adequado dos dejetos industriais, que são liberados na atmosfera, nos leitos de rios e, muitas vezes, diretamente no solo. Também devemos considerar o descuido com o armazenamento, transporte e destino final de resíduos, quepodem sofrer outras alterações físico-químicas dos seus compostos, aumentando o risco de exposição das pessoas e do ambiente. Como discutimos anteriormente, o Mapa de Riscos é a representação gráfica de como os trabalhadores percebem o seu ambiente de trabalho e deve ser simples e objetivo, a fim de que os trabalhadores leigos consigam interpretá-lo sem auxílio técnico. O Mapa de Riscos tem como principais objetivos: • reunir informações necessárias para estabelecer o diagnóstico da situação de segurança e saúde no trabalho das empresas; • possibilitar a troca e a divulgação de informações entre os trabalhadores, além de estimular sua participação nas atividades de prevenção. Dentro da empresa, quem é responsável pela elaboração do Mapa de Riscos é a Cipa. Os integrantes devem ouvir os trabalhadores envolvidos quanto aos agentes que causam desconforto, mal-estar, irritação e todo fator que influencie de forma negativa a relação do trabalhador com o seu ambiente laboral. Os critérios que devem ser observados para a elaboração do mapa são descritos a seguir. • Conhecer o processo de trabalho no local analisado: — quanto aos trabalhadores: número, sexo, jornada, horas de treinamentos profissionais e indicadores de saúde; 77 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL — quanto aos instrumentos e materiais de trabalho; — quanto às atividades exercidas; — quanto às características do ambiente. • Identificar os agentes de risco existentes no local analisado. • Identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia: — quais as medidas de proteção coletiva; — quais as medidas de organização do trabalho; — quais as medidas de proteção individual; — quais as medidas de higiene e conforto: banheiro, lavatórios, vestiário, armários, bebedouros, refeitórios, área de lazer. • Identificar os indicadores de saúde: — quais as queixas mais frequentes e comuns entre os trabalhadores expostos aos mesmos riscos; — número de acidentes de trabalho ocorridos; — quais as doenças profissionais já diagnosticadas; — quais as causas mais frequentes de ausência ao trabalho. • Conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local. • Elaborar o mapa de riscos, sobre o layout da empresa, indicando por meio do círculo: — o grupo a que pertence o risco; — o número de trabalhadores expostos ao risco, dentro do círculo; — a especificação do agente (químico, ergonômico), também anotado dentro do círculo; — a intensidade do risco de acordo com a percepção dos trabalhadores, que deve ser representada por tamanhos proporcionalmente diferentes dos círculos. O Mapa de Riscos deve ser feito de forma setorial e completa, e, depois, afixado no local de trabalho, de maneira visível e de fácil acesso a todos os trabalhadores. Foi criado para que as empresas representem 78 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade II graficamente os riscos existentes nos diversos ambientes de trabalho, o que faz dele um dos métodos mais simples para a avaliação qualitativa dos riscos existentes nesses locais. O mapa deve ser elaborado pelos próprios trabalhadores, sendo um recurso participativo que deve ser adequado conforme suas sensibilidades. Serve como instrumento preliminar de levantamento de riscos, como meio de informação para os demais empregados e visitantes, e também auxilia no planejamento de ações preventivas que serão adotadas pela Cipa. A representação gráfica dos riscos por meio de círculos de diferentes cores e tamanhos permite a fácil visualização da situação. O objetivo do mapa é reunir conhecimento básico para estabelecer a análise da situação de informações entre os trabalhadores, bem como estimular sua participação nas atividades de prevenção. Os principais benefícios da obtenção do Mapa de Riscos são: • identificação antecipada dos riscos existentes nos locais de trabalho aos quais os trabalhadores podem estar expostos; • conscientização quanto ao uso apropriado das medidas e dos equipamentos de proteção coletiva e individual; • redução de gastos com acidentes e doenças, medicamentos, indenização, substituição de funcionários e danos patrimoniais; • facilitação da gestão de saúde e segurança no trabalho com aumento da segurança interna e externa; • melhoria do clima organizacional, com maior produtividade, competitividade e lucratividade. Para identificar o tipo de risco, são utilizadas cores conforme a Tabela de Classificação dos Riscos Ambientais. Já a gravidade é representada pelo tamanho dos círculos: • círculo pequeno: risco pequeno, por sua essência ou por ser risco médio já protegido; • círculo médio: risco que gera relativo incômodo, mas que pode ser controlado; • círculo grande: risco que pode matar, mutilar ou gerar doenças e que não dispõe de mecanismos para redução, neutralização ou controle. 79 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL Quanto ao significado das cores: Marrom = risco biológico Vermelho = risco químico Amarelo = risco ergonômico Azul = risco mecânico Verde = risco físico Figura 5 – Significado das cores na classificação dos riscos Quanto ao tamanho dos círculos, deve-se descrever da seguinte forma: • círculo pequeno: risco leve; • círculo médio: risco médio; • círculo grande: risco elevado. Deve-se conhecer o processo de trabalho do local avaliado, conforme a Tabela de Classificação dos Riscos Ambientais, bem como identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia referente a: • proteção coletiva; • organização do trabalho; • proteção individual; • higiene e conforto: banheiro, lavatórios, vestiários, armários, bebedouros, refeitórios, área de lazer. Identificar os indicadores de saúde também é de extrema importância. Dentre estes, podemos citar: • queixas mais frequentes e comuns entre os trabalhadores expostos aos mesmos riscos; • acidentes de trabalho ocorridos; • doenças profissionais diagnosticadas; • causas mais frequentes de ausência ao trabalho. 80 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade II Quanto à elaboração do Mapa de Riscos, sobre uma planta ou desenho do local de trabalho, é importante identificar por meio do círculo: • o grupo a que pertence o risco, conforme as cores classificadas; • o número de trabalhadores expostos ao risco, o qual deve ser anotado dentro do círculo; • a especificação do agente químico ou ergonômico, também dentro do círculo; • a intensidade do risco, de acordo com a percepção dos trabalhadores, que deve ser representada por tamanhos proporcionalmente diferentes dos círculos. Dentre os riscos físicos, podemos citar: • presença de ruídos, que podem provocar cansaço, dores de cabeça, irritação, redução da audição, distúrbios no aparelho digestivo, taquicardia e até mesmo perigo de infarto; • presença de vibrações, que podem causar cansaço, irritação, dores nos membros e/ou na coluna, doença do movimento, artrite, distúrbios digestivos e lesões nos ossos ou nos tecidos moles; • presença de calor excessivo, podendo provocar taquicardia, cansaço, internação, prostração térmica, choque térmico, fadiga térmica, perturbação das funções digestivas, hipertensão e hipotensão; • presença de radiação não ionizante, que pode provocar queimaduras, lesões nos olhos, na pele e em outros órgãos; • presença de radiação ionizante,que pode causar alterações nas células, câncer, fadiga e problemas visuais; • presença de umidade em excesso, podendo causar distúrbios respiratórios, quedas, doenças de pele e doenças circulatórias. Dentre os riscos químicos, podemos citar: • Poeiras: — minerais: silicose, asbestose; — vegetais: bissinose, bagaçose; — alcalinas: enfisema pulmonar. • Fumos metálicos: ocorre intoxicação específica de acordo com o metal; febre dos fumos metálicos, doença pulmonar obstrutiva. 81 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL • Névoas, neblinas, gases e vapores: — irritantes: causam irritação das vias aéreas superiores (exemplo: ácido clorídrico); — asfixiantes: dores de cabeça, náuseas, sonolência, convulsões, coma e morte (exemplos: hidrogênio, oxigênio, hélio, acetileno, metano, dióxido de carbono, monóxido de carbono); — anestésicos: ação depressiva sobre o sistema nervoso, danos aos diversos órgãos e ao sistema formador do sangue (exemplos: butano, propano, aldeídos, cetonas, cloreto de carbono, tricloroetileno, benzeno, tolueno, álcoois, xileno. • Substâncias, compostos ou produtos químicos em geral. Dentre os riscos biológicos estão: • vírus: podem causar doenças como hepatite, poliomielite, herpes, varíola, febre amarela, raiva, aids, rubéola, dengue, meningites; • bactérias/bacilos: podem causar hanseníase, tuberculose, tétano, pneumonia, difteria, cólera, leptospirose; • protozoários: malária, mal de Chagas, toxoplasmose; • fungos: alergias e micoses. Os riscos ergonômicos podem ser por esforço físico, levantamento e transporte manual de peso, exigência de postura inadequada, controle rígido de produtividade, imposição de ritmos excessivos, jornada prolongada de trabalho, monotonia e repetitividade, dentre outras situações causadoras de estresse físico e psíquico. Riscos ergonômicos podem causar: cansaço, dores musculares, fraqueza, hipertensão arterial, úlceras, doenças nervosas, agravamento do diabetes, alterações do sono, da libido e da vida social, com reflexos na saúde e no comportamento, acidentes, problemas na coluna vertebral, taquicardia, cardiopatia (angina, infarto), agravamento da asma, tensão, ansiedade, comportamentos estereotipados, medo. Dentre os fatores que podem causar riscos de acidente, podemos citar: • o arranjo físico inadequado, podendo provocar acidentes, desgastes físicos; • a existência de máquinas e equipamentos sem proteção, podendo levar à ocorrência de acidentes graves; • o uso de ferramentas inadequadas ou defeituosas, em sua maioria, provoca acidentes com repercussão nos membros superiores; • trabalhar em locais com iluminação inadequada implica risco de acidentes; 82 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade II • a eletricidade, quando mal-empregada; • a probabilidade de incêndio ou explosão; • o armazenamento inadequado; • a existência e a manipulação de animais peçonhentos. Classificação dos riscos De acordo com a Portaria nº 25, de 29 de dezembro de 1994, o Mapa de Riscos deve obedecer à seguinte classificação: Tabela 5 – Classificação de riscos Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Riscos físicos Riscos químicos Riscos biológicos Riscos ergonômicos Riscos de acidentes Verde Vermelho Marrom Amarelo Azul Ruídos Vibrações Radiações ionizantes Radiações não ionizantes Frio Calor Pressões anormais Umidade Poeira Fumos Névoas Neblina Gases Vapores Substâncias Compostos ou produtos químicos em geral Bactérias Vírus Protozoários Fungos Parasitas Bacilos Esforço físico intenso Levantamento e transporte de peso Exigência de postura inadequada Controle rígido de produtividade Imposição de ritmos excessivos Trabalho em turno e noturno Jornadas de trabalho prolongadas Monotonia e repetitividade Outras situações causadoras de estresse físico e/ou psíquico Esforço físico inadequado Máquinas e equipamentos sem proteção Ferramentas inadequadas ou defeituosas Iluminação inadequada Probabilidade de incêndio ou explosão Armazenamento inadequado Animais peçonhentos Outras situações de risco que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes Fonte: Barsano; Barbosa (2014. p. 71). Lembrete O conceito de risco deve ser observado sob duas vertentes: o risco quantitativo, que é o risco matemático, ou seja, qual é a probabilidade de acontecer, numerando quantos acidentes podemos ter em uma determinada situação; e o risco qualitativo, que será indicado pela condição do processo de trabalho (MATTOS; MÁSCULO, 2011). 83 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL 4.4 Sinalização de segurança As cores exercem papel muito importante no nosso dia a dia. São a forma mais simples e objetiva de comunicação, a maneira mais prática de se demonstrar algo, criar um objetivo, ilustrar o procedimento em determinada situação. Por sua simplicidade, a cor consegue atingir praticamente todos aqueles que possuem o sentido da visão. Por sua característica de padronização universal, as cores são utilizadas com muita frequência na segurança do trabalho, por exemplo: faixa branca para sinalizar a passagem de pedestres, extintores de incêndio na cor vermelha etc. As cores em segurança no trabalho são padronizadas e regulamentadas pela NR 26, uma norma muito rica em questão de conhecimento e de fácil entendimento. 4.4.1 Cor na segurança do trabalho Conforme determina a NR 26, as cores devem ser adotadas para a segurança em estabelecimentos ou locais de trabalho, com o objetivo de indicar e advertir a respeito dos riscos existentes. As cores aplicadas nos locais de trabalho – para identificar os equipamentos de segurança, delimitar áreas, identificar tubulações utilizadas para a condução de líquidos e gases, bem como advertir contra riscos – devem atender ao disposto nas normas técnicas oficiais. A utilização de cores, no entanto, não dispensa o emprego de outras formas de prevenção de acidentes, e o seu uso deve ser muito reduzido, de forma que não ocasione distração, confusão e fadiga ao trabalhador. De acordo com a norma, cada cor tem uma finalidade específica de sinalização e deve seguir um padrão para efeito de orientação, como podemos ilustrar nos exemplos a seguir. • Vermelho: geralmente utilizado para identificar equipamentos de proteção contra incêndio: — caixa de alarme de incêndio; — hidrantes e bombas de incêndio; — extintores e sua localização; — localização de mangueiras de incêndio; — tubulações, válvulas e hastes do sistema de aspersão de água; — transporte com equipamentos de combate a incêndio; — portas de saídas de emergência; — rede de água para incêndio. 84 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade II • Amarelo: empregado para indicar cuidado: — partes baixas de escadas portáteis; — corrimãos, parapeitos, pisos e partes inferiores de escadas que apresentem risco; — bordas horizontais de portas de elevadores que se fecham verticalmente; — faixas no piso da entrada de elevadores e plataformas de carregamento; — meios-fios, onde haja necessidade de chamar a atenção; — fundos de letreiros e avisos de advertência; — bandeiras como sinal de advertência (combinado ao preto); — comandos e equipamentos suspensos que ofereçam risco; — para-choques paraveículos de transporte pesados, com listras pretas. • Branco: muito utilizado para indicar a “localização” específica de algo, como: — passarelas e corredores de circulação, por meio de faixas; — direção e circulação, por meio de sinais; — localização e coletores de resíduos e bebedouros; — área em torno dos equipamentos de socorro de urgência, de combate a incêndio ou outros equipamentos de emergência; — áreas destinadas à armazenagem; — zonas de segurança. • Preto: será empregado para indicar: — canalizações de inflamáveis e combustíveis de alta viscosidade (óleo lubrificante, asfalto, óleo combustível, alcatrão, piche etc.); — em substituição ao branco, ou combinado a este, quando condições especiais o exigirem. • Azul: a norma recomenda seu uso: — para indicar cuidado contra uso e movimentação de equipamentos, fora de serviço; — empregado em barreiras e bandeirolas de advertência nos pontos de comando, de partida ou em fontes de energia dos equipamentos; 85 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL — em canalizações de ar comprimido; — para prevenção contra movimento acidental de qualquer equipamento em manutenção; — avisos colocados no ponto de arranque ou fontes de potência. • Verde: é a cor que caracteriza segurança, como é indicado em: — canalizações de água; — caixas de equipamento de socorro de urgência; — caixas contendo máscaras contra gases; — quadros para exposição de cartazes, boletins, aviso de segurança; — localização de EPI; — emblemas de segurança e dispositivos. • Laranja: dentre outros objetivos, é muito utilizado para indicar sinalização de maquinários: — canalização contendo ácidos; — partes móveis de máquinas e equipamentos; — partes internas das guardas de máquinas que possam ser removidas ou abertas; — faces internas de caixas protetoras de dispositivos elétricos; — faces externas de polias e engrenagens; — botões de arranque de segurança; — dispositivo de corte, borda de serras e prensas. • Púrpura: indica os perigos de radiações eletromagnéticas penetrantes e partículas nucleares: — acesso a locais onde se manipulam ou se armazenam materiais radioativos ou por estes contaminados; — locais onde tenham sido enterrados materiais e equipamentos contaminados; — recipientes de materiais radioativos ou de refugos de materiais e equipamentos contaminados. • Lilás: deverá ser usado para indicar: — canalizações que contenham álcalis; 86 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade II — identificação de lubrificantes, em refinarias de petróleo. • Cinza: temos duas opções possíveis: — cinza-claro: canalizações em vácuo; — cinza-escuro: eletrodutos. • Alumínio: canalizações contendo gases liquefeitos, inflamáveis e combustíveis de baixa viscosidade, como óleo diesel, gasolina, querosene e óleo lubrificante. • Marrom: pode ser adotado, a critério da empresa, para identificar qualquer fluido não identificável pelas demais cores. Para a utilização das cores, a norma ainda recomenda as seguintes instruções: • O corpo das máquinas deverá ser pintado de branco, preto ou verde. • As canalizações industriais de líquidos e gases deverão estar pintadas em toda a sua extensão, de forma que facilite a identificação do produto e evite acidentes. • Obrigatoriamente, a canalização de água potável deverá ser diferenciada das demais. • Quando houver a necessidade de uma identificação mais detalhada, a diferenciação será feita por meio de faixas com cores diferentes a serem aplicadas sobre a cor básica. Ela deverá ser feita de forma que possibilite ser vista em qualquer parte da tubulação. • Todos os acessórios das tubulações serão pintados nas cores básicas, de acordo com a natureza do produto a ser transportado. • Quando necessário, o sentido do fluido deverá ser indicado por meio de seta pintada em cor de contraste sobre a cor básica da tubulação. • O mesmo sistema de cores que identifica as canalizações deve ser utilizado nos depósitos ou tanques fixos de armazenamento de fluidos. Para a sinalização de substâncias perigosas, além da padronização das cores e de suas instruções específicas, outros itens previstos na NR 26 tratam de diretrizes para sua sinalização, com destaque para a rotulagem preventiva, um conjunto de elementos com informações escritas, impressas ou gráficas relativas a um produto químico. Esta deve ser afixada, impressa ou anexada à embalagem que contém o produto e deve apresentar, no mínimo, os seguintes elementos: • identificação e composição do produto químico; • pictograma de perigo; 87 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL • palavra de advertência; • frase de perigo; • frase de precaução; • informações suplementares. Resumo Aprendemos que os riscos de acidentes estão relacionados a arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos defeituosos, eletricidade, incêndios, explosões e quedas. Conhecemos as principais modalidades de trabalho que prejudicam a saúde dos trabalhadores: insalubres, perigosas e penosas. As atividades ou operações insalubres são aquelas que, por sua natureza, possuem condições ou métodos de trabalho que exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados, em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. As atividades perigosas são também consideradas como periculosas, e ainda falta regulamentação específica para as atividades penosas. Ressaltamos também a importância da prevenção dos acidentes de trabalho, visto que são fenômenos geradores de perdas, o que provoca a necessidade de buscar seu controle. Embora não seja possível predizer quando eles ocorrerão, sabe-se que os acidentes resultam de processos que podem ser detectados e corrigidos. Evitar que o processo produtivo apresente disfunções é reduzir as chances de que os acidentes ocorram. Abordamos ainda as medidas de proteção no trabalho, seus objetivos e seus exemplos, assim como os principais tópicos da NR 6, que trata dos EPIs. As medidas de proteção no trabalho abordadas foram as administrativas, as coletivas e as individuais. Também foram apresentados alguns exemplos de EPIs, bem como suas utilidades para as diversas proteções de riscos. Para encerrar, outro tema importante foi a NR 26, que regulamenta a padronização das cores e a sua utilização na prevenção de riscos, além de outras específicas. 88 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade II Exercícios Questão 1. (FUNDAÇÃO VUNESP 2015) Conforme dispõe o art. 19 da Lei nº 8.213/91, “acidente de trabalho” é: A) O que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço, ou não, da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta lei, provocando, ou não, lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. B) O que ocorre pela função da empresa ou pelo exercício da função dos segurados referidos no inciso VII do art. 12 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. C) O que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidosno inciso V do art. 12 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. D) O que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso V do art. 12 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional, com exceção das que causem a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. E) O que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Resposta correta: alternativa E. Análise da questão A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Em seu Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Questão 2. (FUNDAÇÃO VUNESP 2013). Com relação à elaboração do mapa de riscos, é correto afirmar que: 89 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL A) Serve para a conscientização e informação dos trabalhadores através da fácil visualização dos riscos existentes na empresa. B) Tem por objetivo a prevenção dos principais riscos ambientais, que consistem dos riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e dos riscos de acidentes. C) A validade do mapa de riscos da empresa é de doze meses, devendo, após esse período, ser novamente reavaliado. D) A elaboração do mapa de riscos é atribuição exclusiva da CIPA, com assessoria do SESMT, onde houver, e com a aprovação do empregador. E) Nas empresas que não dispõem de CIPA nem de SESMT, o empregador deverá contratar serviço de profissional qualificado para elaboração do documento legal. Resolução desta questão na plataforma. 90 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade III Unidade III 5 NOÇÕES DE SEQUELAS ASSOCIADAS AO AGENTE AMBIENTAL 5.1 Avaliação por critérios quantitativos dos riscos As intensidades e/ou as concentrações dos agentes nocivos, quando superiores aos limites de tolerância estabelecidos pela legislação, expõem a integridade física e psíquica do trabalhador em suas atividades. Para saber se em um ambiente há ruído suficiente para pôr em risco a integridade do funcionário, não basta que o profissional da segurança do trabalho conheça os critérios qualitativos do risco físico; ele precisa, principalmente, conhecer o critério quantitativo desse risco, aferir com instrumentos específicos o limite de tolerância em decibéis dB (A) e o seu tempo de exposição e, de acordo com a NR 15, deve propor a medida corretiva. Limites de Tolerância (LTs) De forma prática, podemos definir como Limites de Tolerância (LTs) as concentrações ou intensidades de agentes nocivos abaixo das quais a maioria dos expostos não deverá apresentar danos específicos à integridade física ou psíquica do trabalhador durante a jornada de trabalho. A NR 15 do MTE, que regulamenta as atividades e as operações insalubres, define, em seu item 15.1.5, como Limites de Tolerância “[...] a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral” (BRASIL, 2014b). 5.1.1 Instrumentos de tolerância A segurança do trabalho dispõe de diversos instrumentos de medição específicos para cada tipo de atividade. Decibelímetro Trata-se de um dispositivo extremamente versátil para a medição da intensidade do som em qualquer ambiente acústico (ruidoso ou silencioso, agudo, grave ou de faixa ampla, intermitente ou contínuo). Existem diversas marcas e vários modelos que se dividem em analógicos e digitais. A maioria dos profissionais que usa esse equipamento aprende a manuseá-lo logo, com facilidade. 91 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL Figura 6 – Decibelímetro Dosímetro Instrumento de medição portátil utilizado para medir a intensidade sonora na unidade de decibéis (dB) em uma determinada frequência sonora. A medição é realizada por meio de um microfone colocado próximo à zona auditiva do trabalhador, que o transporta durante seu expediente de trabalho, auferindo ao final do dia a dosagem média de ruído que recebeu. É um instrumento muito utilizado nas indústrias para a elaboração do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). A amostragem é feita automaticamente pelo aparelho, por meio do qual é colhido o nível médio de ruído para a apresentação aos órgãos competentes e para a prevenção de riscos ocupacionais. Figura 7 – Dosímetro 92 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade III Luxímetro Instrumento utilizado pra medir o nível de iluminação dos ambientes de trabalho. De acordo com a ABNT, cada ambiente tem um nível de iluminação mínimo adequado para a realização das tarefas às quais se destina. A norma que regulamenta a iluminação dos interiores dos estabelecimentos é a NBR 5413. Figura 8 – Luxímetro Explosímetro Instrumento pelo qual se testam, na atmosfera, a concentração e a inflamabilidade que ela contém. Os testes são realizados sugando-se uma amostra da atmosfera a ser testada sobre um filamento aquecido. Os combustíveis contidos na atmosfera são queimados no filamento, que eleva sua temperatura e aumenta sua resistência proporcionalmente à concentração de combustíveis na amostra. O desequilíbrio resultante faz o ponteiro indicador mover-se escala acima. Essa escala é graduada em porcentagem do limite mais baixo da explosão. O aparelho permite medir vapores de combustíveis no ar, mas não é capaz de medir a porcentagem de vapor em fumaça ou atmosfera inerte, em razão da ausência de oxigênio necessário à combustão na unidade detentora do instrumento. Outra limitação diz respeito à toxicidade de certa atmosfera não sujeita a explosões, o que não é identificado pelo explosímetro. 93 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL Figura 9 – Explosímetro Saiba mais O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) possui diversas portarias que regulamentam diretrizes para a manipulação em áreas perigosas. Uma delas é a Portaria nº 280, de 5 de agosto de 2008, que aprova o Regulamento Técnico da Qualidade para Registro de Empresa Inspetora de Contentores Intermediários para Granéis Destinados ao Transporte de Produtos Perigosos. Confira: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Inmetro. Portaria nº 280, de 5 de agosto de 2008. Disponível em: <www.inmetro. gov.br/rtac/pdf/RTAC001351.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2015. Vibrômetro e acelerômetroSão instrumentos destinados a medir as vibrações mecânicas do ambiente e também em máquinas e equipamentos nos postos de trabalho. Enquanto o vibrômetro mede as baixas frequências, o acelerômetro é usado para altas frequências. Índice de Bulbo Úmido – Termômetro de Globo (IBUTG) Este é um instrumento de medição que avalia a exposição ocupacional ao calor, de acordo com o Anexo 3 da NR 15. Ele possui três termômetros – de bulbo seco, de bulbo úmido e de globo. 94 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade III Combinados adequadamente, esses termômetros fornecem a sobrecarga térmica à qual estão expostos os funcionários durante suas atividades. Figura 10 – Índice de Bulbo Úmido 5.2 Anamnese ocupacional A maioria das doenças relacionadas ao trabalho e ao meio ambiente se manifesta como queixas comuns, sem sinais e sintomas específicos. Assim, a história de exposição a um agente ou uma situação no trabalho capaz de produzir doença é fundamental para o diagnóstico correto e para a adoção dos procedimentos dele decorrentes, como o tratamento, a prevenção e os possíveis encaminhamentos previdenciários. O profissional da segurança e saúde ocupacional tem um papel importante na detecção, no tratamento e na prevenção de doenças decorrentes das exposições tóxicas e/ou de situações particulares de trabalho, que podem ser reconhecidas ou suspeitadas a partir da história do paciente. Na anamnese ocupacional são abordadas questões com a descrição dos trabalhos atual e passado, levantando os riscos aos quais o trabalhador está ou esteve exposto, como o contato com poeiras, fumaças, metais, líquidos e outras substâncias químicas, ou ainda fatores como calor e ruídos excessivos. Devem ser levantados ainda a jornada de trabalho e o turno (diurno, noturno ou rodízio), além de questionar o trabalhador sobre as suas condições de trabalho. A descrição da atividade realizada, do ritmo e dos turnos de trabalho, além da característica da matéria-prima ou da substância que possa interferir no risco do trabalhador também são informações essenciais a serem colhidas para que seja feita a diferenciação entre as categorias de funcionários com o mesmo cargo, mas alocados em funções diferentes. 95 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL A anamnese ocupacional, durante sua fase de investigação, deve ser dividida em três etapas: qual o perfil ocupacional, qual a exposição ocupacional e qual a contaminação ambiental. 5.2.1 Perfil ocupacional Neste perfil devem estar contidas as atividades atuais e as passadas. Este perfil deve descrever o ritmo de trabalho e das atividades, o conteúdo das tarefas, as matérias-primas utilizadas, o posto de trabalho, os riscos ambientais, as medidas de proteção e os efeitos verificados com a exposição. Devem ser investigados, também, fatores que possam aumentar ou modificar os riscos ocupacionais, ou ainda predispor a estes, como idade, sexo, hábito de fumar ou se alimentar no trabalho, e avaliar se os sintomas são exacerbados ou atenuados pela exposição ao risco ocupacional. Observação Durante a avaliação do perfil ocupacional, é importante analisar a modificação dos riscos aos fins de semana, nas férias, ao final do turno de trabalho ou ainda em que dia da semana ou em que horário do dia os sintomas são mais intensos. 5.2.2 Exposição ocupacional A descrição da exposição de característica específica relata fatores que podem modificar os efeitos das exposições aos riscos ocupacionais, como alergias, patologias no trabalho atual ou no passado, além da predisposição a adquirir determinadas doenças. Também deve citar fatores que possam alterar as respostas aos riscos ocupacionais, quando eles existirem, tais como histórico de doença respiratória ou cardíaca, patologia renal, insuficiência hepática, alterações neurológicas, estado de nutrição, erro metabólico e alterações de vitaminas. Além disso, deve buscar problemas de saúde similares em colegas de trabalho. A adoção de uma rotina na coleta da história ocupacional e a existência de uma rede de referência para as ações no cuidado desempenham um papel importante para detecção, prevenção e tratamento das doenças relacionadas ao trabalho. 5.2.3 Contaminação ambiental Investiga a ocorrência de exposição não profissional a substâncias potencialmente patogênicas – se a casa do trabalhador for próxima a alguma indústria, por exemplo –, a contaminação com substâncias tóxicas ou pesticidas nos momentos de lazer e até mesmo com resíduos tóxicos trazidos do ambiente de trabalho para casa. 96 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade III 5.3 Segurança e saúde no ambiente hospitalar A saúde está intimamente relacionada com o desenvolvimento. A pobreza resultante de um desenvolvimento insuficiente e o subconsumo decorrente de um desenvolvimento inadequado, associados à expansão da população mundial, podem causar sérios problemas para a saúde em todos os países, independentemente do seu grau de desenvolvimento (BARBIERI, 1998, p. 95 apud MULATINHO, 2001, p. 37). É importante dar atenção especial aos programas preventivos que não busquem apenas remediar e tratar doenças. O hospital tem como objetivo a prestação de serviços de assistência com qualidade, eficiência e eficácia. Esse patamar não pode ser alcançado sem um efetivo Sistema de Gestão de um programa de prevenção de acidentes que deve dar a oportunidade de criação de condições ambientais seguras para todos os que desenvolvem suas atividades de trabalho. No hospital, deve ser assegurada a redução de riscos e acidentes. Para isso, devem-se promover e reforçar práticas seguras de trabalho e proporcionar ambientes livres de riscos, observando-se as legislações vigentes em âmbitos municipal, estadual e federal. Além das preocupações legais em definir os riscos existentes no ambiente hospitalar, é importante inventariá-los de forma objetiva e racional. O risco aponta uma probabilidade de possíveis danos dentro de um período de tempo, ou ainda pode significar a incerteza quanto à ocorrência de um determinado evento. A palavra risco indica a possibilidade de existência de perigo. O risco, onde quer que se encontre, pode ser analisado, visando à sua eliminação ou ao seu controle. No hospital, encontram-se vários riscos, devendo ser realizada a análise destes em todas as atividades de trabalho. Visando à eliminação e/ou ao controle dos riscos, estes devem ser analisados e fundamentados nos seguintes conceitos: • reconhecer: identificar e caracterizar, ou seja, apontar qual dos agentes de riscos de dano à saúde existem no local de trabalho; • avaliar: verificar, de acordo com técnicas específicas, o grau de intensidade do risco, ou seja, se é grande, médio ou pequeno comparado a padrões previamente estabelecidos; • controlar: adotar medidas técnicas, administrativas, preventivas ou corretivas de diferentes naturezas, que tenham como objetivo eliminar ou atenuar os riscos presentes no ambiente de trabalho. A responsabilidade de cuidar para que o ambiente e os funcionários apresentem condições adequadas de segurança cabe aos administradores e supervisores. Além disso, também cabe a cada um deles adotar, 97 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL como parte rotineira e normal de suas atividades, as práticasde segurança no trabalho e de controle e prevenção das doenças. 5.3.1 Riscos físicos no ambiente hospitalar Encontramos, no ambiente hospitalar, agentes físicos, como calor, ruído, radiações ionizantes e não ionizantes, pressões anormais e umidade. O calor é uma forma de energia determinada pela variação de temperatura do corpo que cedeu ou recebeu calor. A transmissão por radiação é feita por meio de ondas eletromagnéticas que são transmitidas pelo ar e pelo vácuo. No ambiente hospitalar, o calor é muito utilizado nas operações de limpeza, desinfecção e esterilização dos artigos hospitalares, no preparo de alimentação pelos Serviços de Nutrição e Dietética e nos Laboratórios de Análises Clínicas, no preparo de soluções especiais. É empregado com finalidade terapêutica, como nos casos dos berços aquecidos e das incubadoras, e utilizado nos tratamentos de recém-nascidos, nas sofisticadas técnicas cirúrgicas de raios laser ou de unidades eletrocirúrgicas etc. O calor em quantidade elevada pode causar efeitos indesejáveis sobre o corpo humano, tais como: golpes de calor (insolação), cujos sintomas são colapso, convulsão, delírio, alucinações, dentre outros; desidratação ou queda do teor da água, caracterizada pelo aumento da pulsação e da temperatura do corpo; e queda do teor de sal, ocorrendo fadiga, tontura, náuseas, vômitos e cãibras. A umidade excessiva deve ser observada e prontamente corrigida. No hospital, o setor de Lavanderia, em razão das atividades de higiene e limpeza, e o setor de Nutrição e Dietética são os locais onde se faz mais uso de água. Em outros ambientes, a umidade pode ser detectada por meio de inspeção visual, verificando manchas nas paredes e nos pisos, decorrentes de infiltrações de água, por danos na tubulação, ou mesmo de esgotos. Danos de maiores consequências podem ocorrer, acarretando até a desestruturação do prédio (BRASIL, 1995, p. 32 apud MULATINHO, 2001, p. 40). O controle da umidade deve ser observado desde o projeto inicial de edificação. O uso de placas de advertência é outra medida utilizada para evitar acidentes. As radiações ionizantes no ambiente hospitalar são aquelas presentes nas áreas de radiodiagnóstico e radioterapia ou nas quais são utilizados os equipamentos de diagnóstico, como centros cirúrgicos e Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Embora seus efeitos variem de pessoa para pessoa, a exposição prolongada pode encurtar a expectativa de vida. As radiações não ionizantes apresentam-se nos processos que fazem uso da luz ultravioleta, da luz infravermelha – empregada na fisioterapia – e em procedimentos cirúrgicos na forma de laser. Ambos podem produzir queimaduras. 98 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade III A respeito das vibrações, o Anexo 8 da NR 15 da Portaria nº 3.214/78 – Segurança e Medicina do Trabalho – diz que “as atividades e operações que exponham os trabalhadores, sem a proteção adequada, às vibrações localizadas ou de corpo inteiro, serão caracterizadas como insalubres, através de perícia realizada no local de trabalho” (MT, 2000, p. 193 apud MULATINHO, 2001, p. 40). Os efeitos danosos das vibrações podem acometer as pessoas, as estruturas da edificação e os equipamentos sensíveis, impedindo o seu funcionamento adequado. No corpo humano, causam, dentre outros sintomas, cansaço, dores nos membros, dores na coluna, artrite, problemas digestivos, lesões ósseas, lesões dos tecidos moles e lesões circulatórias. No ruído, a ocorrência de perda auditiva depende da intensidade (nível da pressão sonora), do tipo (contínuo, intermitente ou de impacto), da duração (tempo de exposição a cada tipo de agente) e da qualidade (frequência dos sons que compõem o ruído em análise). No organismo, pode desencadear graves perturbações, afetando o sistema nervoso e os aparelhos digestivo e circulatório, e trazendo desconforto e fadiga, influindo na produtividade profissional. Legalmente, a avaliação do risco deverá ser feita por meio da análise do ambiente de trabalho, visando determinar os períodos de descanso aos quais o trabalhador tem direito, segundo os tipos de trabalho realizado. 5.3.2 Riscos químicos no ambiente hospitalar Os trabalhadores de saúde estão expostos a uma enorme variedade de substâncias tóxicas. Nos hospitais, os produtos químicos são utilizados em grandes quantidades e com diferentes finalidades: metais (intoxicação por chumbo, mercúrio, manganês, cádmio etc.); gases e vapores (intoxicação por monóxido de carbono, dentre outros); e agentes de limpeza, desinfecção e esterilização, como produtos de manutenção de equipamentos e instalações, largamente utilizados como soluções medicamentosas. A circulação desses produtos no ambiente hospitalar, tanto em embalagem original quanto em preparações para uso, deve ser tal que garanta a proteção de quem os transporta e evite a contaminação do ambiente. Os riscos químicos são encontrados nos processos de esterilização usados abundantemente nos hospitais, podendo-se fazer uso de gases ou líquidos, ambos prejudiciais à saúde. Os produtos quimioterápicos são ministrados nos tratamentos de pacientes com o objetivo de reduzir tumores malignos (células cancerígenas). As drogas bacteriostáticas (que detêm o crescimento dos germes) são denominadas de citostáticos, pois impedem o crescimento das células. No armazenamento, na estocagem, no transporte, na manipulação e na aplicação desses produtos, é importante observar todas as medidas preventivas, assim como o treinamento adequado do pessoal que faz o manuseio. A aplicação inadequada dessas substâncias pode trazer sérias consequências aos pacientes e aos funcionários que executam esse tipo de serviço. Pode significar a diferença entre saúde e doença, e, em casos extremos, entre a vida e a morte. O reconhecimento dos riscos deve ser feito de acordo com a característica de cada instituição hospitalar, que deve possuir a ficha de cada produto que entra no hospital. Desse modo, todos os 99 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL produtos químicos e seus riscos podem ser conhecidos pelos profissionais, permitindo que sejam tomadas medidas de controle, que visam educar e treinar o trabalhador para as atividades necessárias ao serviço. Tais medidas envolvem a proteção do trabalhador por meio do uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), o controle da saúde por exames médicos periódicos e a limitação do tempo de exposição do trabalhador à fonte de risco. Algumas medidas tomadas em relação ao ambiente de trabalho são: a substituição do produto tóxico ou nocivo; a mudança do processo ou o encerramento da operação; e a manutenção das medidas de controle adotadas. 5.3.3 Riscos biológicos no ambiente hospitalar O risco biológico é intensivamente encontrado no ambiente hospitalar, pois este reúne densa população microbiológica, infecções cruzadas, contato com sangue e outros fluidos corporais, manipulação de amostras patológicas, deficiência de higiene e de limpeza na lavagem das mãos e falha nos processos de desinfecção, esterilização e assepsia. Os riscos biológicos abrangem doenças transmissíveis agudas e crônicas, parasitoses e reações tóxicas e alérgicas a plantas e animais. Esse tipo de risco se apresenta para os trabalhadores de saúde, principalmente, pelas infecções causadas por bactérias, vírus, Rickettsia, clamídia e fungos. Na maioria das vezes, a contaminação acontece pelo contato que os profissionais têm com o paciente infectado: o próprio rosto (conjuntiva ocular e mucosas da boca e do nariz) ao alcance do ar expirado pelo paciente, o contato com os respingos de sangue e outros fluidoscorporais, quando de procedimentos invasivos, vômitos, tosses, espirros, dentre outros. As maiores fontes de contaminação são os contatos mão-boca e mão-olho, cortes e feridas superficiais na pele exposta e perfuração cutânea (BRASIL, 1995, p. 42 apud MULATINHO, 2001). Entre as principais infecções que podem afetar os trabalhadores de saúde estão: hepatite B, tuberculose pulmonar, citomegalovírus (CMV), infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e síndrome da imunodeficiência adquirida (Sida). Com efeito, o risco de infecção está condicionado a variáveis epidemiológicas relacionadas como: a) Agente: virulência, toxicidade, dose infecciosa e via de infecção (respiratória, digestiva, cutânea e mucosa, íntegras ou não); b) Hospedeiro: idade, sexo, raça, gravidez, imunidade à instalação de novos agentes; c) Atividade ocupacional: técnicas e métodos, qualidade dos equipamentos e materiais de trabalhos, prática de medidas eficazes de higiene e segurança do trabalho (BULHÕES, 1994, p. 160 apud MULATINHO, 2001, p. 43). Os edifícios hospitalares também estão doentes. É possível encontrar infestação de ratos, baratas, formigas, moscas, pombos e até gatos que se hospedam nas construções e transportam germes e doenças. Além disso, há aspiradores, nebulizadores, pias, bicas de torneiras, limpezas malfeitas e vasos de plantas. 100 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade III Os profissionais da área devem ter plena consciência da segurança em seu ambiente de trabalho. Normalmente, por não terem sido infectados, alguns profissionais pensam que o seu ambiente de trabalho é inócuo. A implementação de novas técnicas de segurança deverá ser buscada e adotada sempre que as medidas utilizadas na instituição se mostrarem ineficazes. 5.3.4 Riscos ergonômicos no ambiente hospitalar Observam-se as psiconeuroses e outras manifestações de ordem emocional, movimentos repetitivos – tenossinovite – ou na tentativa de posicionar ou mover o paciente, ocasionando graves problemas relativos à coluna vertebral. A Ergonomia visa à adaptação do meio ambiente de trabalho ao homem. Estudos antropométricos e posturais baseiam-se na análise da atividade decorrente das cargas de trabalho física, mental e psíquica, gerada pela excessiva atividade laboral. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados com o levantamento, o transporte e a descarga de materiais, o mobiliário, os equipamentos, a própria organização do trabalho, a imposição de ritmos excessivos, as jornadas prolongadas, o trabalho noturno, a monotonia, a repetitividade e outras situações causadoras de estresse físico e/ou psíquico etc. A NR 17, que trata das questões de Ergonomia, deve ser aplicada a todas as atividades profissionais e seus respectivos ambientes de trabalho. Deve-se observar o seguinte: [...] o mobiliário para o trabalho executado seja na posição em pé, seja sentado deve ser planejado e adaptado às posições requeridas; os equipamentos que compõem o posto de trabalho devem estar adequados às características dos trabalhadores e ao trabalho; as condições ambientais devem observar o conforto térmico, o nível de ruído nos seus limites e todos os parâmetros de iluminação e visualização segura e eficiente para as atividades; a organização do trabalho deve levar em consideração: normas de produção, o modo operatório, a exigência do tempo, a determinação do conteúdo de tempo, o ritmo de trabalho e o conteúdo das tarefas. Esses aspectos devem estar adequados às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho executado (SALAROLI, 1999, p. 45-6 apud MULATINHO, 2001, p. 44). 5.3.5 Riscos de acidentes no ambiente hospitalar Os riscos de acidentes ocorrem com funcionários durante o seu trabalho em razão de vibrações, doença arterial periférica, máquinas e equipamentos sem proteção, probabilidade de incêndio e explosão, eletricidade, iluminação inadequada ou toda situação de risco que poderá gerar acidentes. Nos pacientes, verificamos diversas causas, como: escorregões e quedas durante a deambulação, o banho, a movimentação em macas etc. 101 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL Nos EUA, 10% das ações legais que representaram custos para os hospitais, durante um período de três anos (1975 a 1978), envolveram quedas. Outro estudo mostrou que, de 875 reivindicações, 20% foram devidas a quedas e escorregões (BRASIL, 1995, p. 45 apud MULATINHO, 2001). A iluminação adequada propicia índice elevado de produtividade, melhor condução dos processos de trabalho, melhor qualidade do produto final e redução do número de acidentes. No ambiente hospitalar, deve ter como foco as salas de cirurgias e os campos operatórios, contribuindo, assim, para a redução de acidentes. Muito comuns são os acidentes com materiais perfurocortantes ou cortocontusos (contaminados) depositados em recipientes inadequados, assim como a não utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), podendo levar a um risco do tipo biológico. Dessa forma, a coleta de lixo hospitalar deve ser seletiva, definindo-se quais recipientes devem ser utilizados para a coleta dos resíduos. A prevenção desses riscos visa à busca de ambiente físico propício à eficácia, ao conforto, à segurança e à satisfação do trabalhador por meio do uso de regras, normas e regulamentos de um sistema de gestão de segurança e saúde do trabalho. 5.4 Problemas crônicos de origem ocupacional Neste subtópico abordaremos as dermatoses ocupacionais, a surdez ocupacional e as dores na coluna, problemas crônicos decorrentes das atividades desempenhadas pelos trabalhadores. 5.4.1 Dermatoses ocupacionais O problema das dermatoses ocupacionais é amplo e muito complexo, sendo uma das maiores causas de falta ao trabalho em todo o mundo. Mesmo para o médico do trabalho mais experiente, muitas vezes, é difícil lidar com esses pacientes no âmbito da relação com a empresa, pois é frequente a necessidade de orientação segura, no sentido maior de proteção no ambiente profissional, ou até mesmo de mudança no ramo de atividade. No entanto, nem sempre é fácil convencer o paciente e/ou a empresa. A saúde dos trabalhadores e a convivência saudável com seu ambiente de trabalho são de vital importância para a empresa, pois o trabalhador, em suas plenas condições de trabalho e saudável, consegue manter sua produção com maior qualidade e elevada. Portanto, é necessário que alguns cuidados sejam tomados quanto à saúde dos funcionários, quando trabalham direta ou indiretamente com produtos quimicamente perigosos, principalmente, os derivados de óleo mineral, petróleo, detergentes, solventes, plásticos, resinas, borracha natural, tintas, vernizes, corantes e ácidos. Essas substâncias podem provocar, frequentemente, dermatites ou dermatoses nos indivíduos, quando ficam em contato com esses tipos de produtos sem as mínimas condições de segurança e higiene exigidas. As causas das dermatoses ocupacionais podem ser: • mecânicas: em razão de trauma ou fricção; 102 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade III • físicas: decorrentes da exposição ao frio, ao calor e a radiações ionizantes; • químicas: pelo contato com compostos orgânicos e inorgânicos; • biológicas: em virtude do contato com plantas, animais e microrganismos. No organismo, as dermatoses podem surgir por meio de dois mecanismos diferentes: o otoérgico e o alérgico. O mecanismo otoérgico, também chamado de não imunológico, correspondea 75% das dermatoses causadas por irritantes primários, como ácidos fortes, álcalis, solventes e sais de metal. A dermatite de contato por irritante primário, causada pelo contato direto com o composto químico, leva ao aparecimento de irritação local, sem irradiação, e desaparece quando cessa a exposição, voltando a aparecer a cada contato. Essa dermatite vai depender do tempo de exposição e da concentração da substância envolvida. O mecanismo alérgico, por sua vez, ocorre quando uma pessoa já sensibilizada apresenta uma reação tardia a uma substância, de 48 a 72 horas após a exposição, e uma dermatite de contato normalmente aparece cinco dias após a exposição e o contato. O diagnóstico dessa doença é realizado por meio da história ocupacional, das manifestações e da realização de testes dermatológicos. As principais substâncias químicas causadoras de dermatites de contato são os bicarbonatos de cromo, potássio e amônio; os plásticos, como resinas epóxi e catalisadores; aceleradores e antioxidantes de borracha; agentes germicidas usados em sabões e compostos halogenados; aminas aromáticas e seus derivados, como tinturas e anestésicos locais; o mercúrio e seus compostos inorgânicos; o níquel e seus compostos; o cobalto e seus compostos; e algumas ervas venenosas. No ambiente de trabalho, é importante observar as condições de trabalho e as medidas de segurança e de higiene no local, além de pesquisar lesões cutâneas semelhantes em outros profissionais e observar se a reexposição do trabalhador ao alérgeno causará agravamento do quadro. O tratamento profilático desta patologia consiste em proteger os trabalhadores dos agentes alérgenos. 5.4.2 Surdez ocupacional A exposição a ruídos de duração prolongada ou de grande intensidade pode acarretar danos à audição e, consequentemente, levar à surdez profissional. Essa doença é muito comum em caldeireiros, ferreiros, prenseiros, maquinistas, tecelões, dentre outros. O grau da lesão produzida pelo ruído está relacionado com diversos fatores. Um dos principais é a intensidade. Ruídos superiores a 80 dB poderão levar a um trauma auditivo. O tipo de ruído também é importante. O ruído intermitente, ou de impacto, parece produzir danos maiores. O período de exposição 103 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL também deve ser levado em conta, assim como a duração do trabalho, uma vez que seu efeito é acumulativo. Também são fatores importantes a suscetibilidade individual, a idade, as patologias auditivas e outras já existentes, como a hipertensão arterial e o hipertireoidismo. Trauma acústico e surdez por exposição ao ruído são os tipos de transtornos auditivos que podem acometer o profissional. O trauma acústico é uma lesão produzida no ouvido médio ou no interno por impacto sonoro ou ruído intenso. A surdez por exposição ao ruído decorre de exposição crônica, em que traumatismos sucessivos levam a um deslocamento assimétrico da membrana basilar. Os sintomas causados em razão da cronicidade da evolução do quadro, normalmente, são zumbido noturno ou em locais silenciosos. Além da perda auditiva característica, o ruído pode ser o fator causador de outras doenças, que podem afetar psicologicamente o trabalhador, causando depressão, estresse, dentre outras doenças, podendo chegar a gerar danos, inclusive, no sistema cardiovascular, que podem causar hipertensão arterial sistêmica e taquicardia. 5.4.3 Dores na coluna Uma das maiores queixas no mundo moderno é a dor na coluna. Dentro de um ambiente laboral, essa patologia acomete vários trabalhadores, em razão de diversos fatores. Algumas situações e doenças estão relacionadas com as dores na coluna, como osteoporose, hérnias de disco, tumores, postura viciosa, obesidade, fibromialgia, artrose e artrite reumatoide. Alguns fatores de risco podem influenciar o aparecimento do quadro de dor na coluna: obesidade, tensão emocional, esforços excessivos, idade, sexo e atividade profissional. Certas doenças da coluna vertebral podem estar relacionadas ao trabalho. As dores musculares são um exemplo disso, especialmente, as dores da coluna lombar, denominadas lombalgias. Problemas posturais, que podem gerar desvios no eixo ou aumento da curvatura preexistente da coluna vertebral, também podem causar dores comuns na coluna. 5.5 Intoxicação no trabalho O ambiente de trabalho pode apresentar vários fatores de risco ao trabalhador. A emissão de gases por meio de vazamentos de alguns equipamentos é uma das principais causas de intoxicação no trabalho. O próprio trabalhador, por vezes, pode cometer alguns erros que acarretam intoxicação, como: • ausência ou uso inadequado de EPIs; 104 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade III • manuseio de produtos tóxicos em locais inadequados, como em ambientes abertos com ação do vento contra o próprio trabalhador; • uso da mesma roupa por vários dias consecutivos, ausência de banho diário e alimentação sem higiene das mãos; • banho com água quente antes do trabalho, o que provoca a dilatação dos poros da pele, facilitando a penetração de toxinas; • aplicação de produtos tóxicos em ambientes com temperaturas elevadas, que pode favorecer a penetração pela pele do trabalhador; • ficar sozinho em seu posto de trabalho, correndo o risco de não receber ajuda imediata em caso de intoxicação. Outros fatores, como o armazenamento inadequado dos produtos tóxicos, também podem causar acidentes. Ainda em relação ao trabalhador, é importante sua avaliação no que diz respeito a sua resistência àquele produto, como também a condição em que este trabalhador pode levar a contaminação para sua casa, como pela lavagem inadequada de suas roupas de trabalho com as pessoais. 5.5.1 Classificação das intoxicações As intoxicações são classificadas de três formas, de acordo com o que segue. • Origem: — acidentais: por medicamentos, alimentos, ambiente ou profissão; — intencionais: homicídios, suicídios ou doping; — genéticas: transmitidas geneticamente; — congênitas: adquiridas pelo feto na gestação; — sociais: dependência química. • Efeitos: — crônicas: de ação lenta e progressiva, com exposição contínua; — agudas: introdução rápida do agente tóxico no organismo, em dose única. 105 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL • Níveis operacionais: — altas doses: exposição curta; intoxicações agudas e acidentais; — doses médias: exposição por período maior; intoxicação profissional; — pequenas doses: exposição longa, com efeito teratogênico; intoxicação ambiental. Os agentes tóxicos entram no organismo obedecendo a uma sequência de etapas determinadas. • Absorção: é a passagem do agente tóxico do local de exposição para a corrente sanguínea. Ocorre pelas vias de penetração cutânea, digestiva, respiratória, além de outras menos comuns, como ocular, genital e dental. • Distribuição: após a absorção, o agente tóxico se difunde pelos tecidos através do sangue, do líquido intersticial e dos líquidos celulares. No corpo, existem os órgãos considerados de proteção, ou seja, quando armazenado, o agente tóxico dificilmente causa danos ao organismo. Os principais órgãos de proteção são as proteínas plasmáticas, o fígado e os rins. • Metabolismo: são os processos pelos quais o agente tóxico e seus metabólitos se modificam no organismo por reações enzimáticas e não enzimáticas. Algumas dessas transformações podem reduzir ou mesmo impedir seus efeitos, diminuindo a atividadee facilitando a excreção. O principal sítio de desintoxicação é o fígado, por meio de enzimas chamadas de biotransformadoras. • Excreção: são os processos pelos quais os agentes tóxicos são eliminados do organismo. A principal via de eliminação é a urinária, mas também pode haver excreção por via pulmonar, digestiva ou outras secundárias. 6 PROGRAMAS DE PREVENÇÃO O amplo campo de atuação da higiene e da segurança do trabalho atinge seus objetivos com a aplicação prática e eficaz de seus principais programas de prevenção: o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT). Os dois primeiros são obrigatórios para todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores regidos pela CLT, e o PCMAT é específico para os da indústria da construção civil. Os responsáveis pela gestão desses programas são os profissionais que compõem o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), que, em conjunto com a Cipa, realizam esforços na prevenção de acidentes e no controle da saúde nas empresas e em campanhas de conscientização para alcançar os objetivos citados. Aos profissionais especializados em Segurança e em Medicina do Trabalho, é vedado o exercício de outras atividades na empresa durante o horário de sua atuação nos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho. 106 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade III 6.1 NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) O PPRA é definido e regulamentado pela NR 9, contida na Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, do Ministério do Trabalho e Emprego. Essa norma estabelece a obrigatoriedade da elaboração e da implementação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados. O programa visa à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores e tem como forma de atuação a antecipação, o reconhecimento e a avaliação da situação. Em consequência disso, alcança o controle da ocorrência de riscos ambientais já existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, considerando a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. As ações do PPRA devem ser desenvolvidas no âmbito de cada estabelecimento da empresa, sob a responsabilidade do empregador e com a participação dos trabalhadores, sendo sua abrangência e profundidade dependentes das características dos riscos e das necessidades de controle. Quando não forem identificados riscos ambientais nas fases de antecipação ou reconhecimento, o PPRA poderá resumir-se nas seguintes etapas: • antecipação e reconhecimento dos riscos; • registro e divulgação dos dados. O PPRA é parte integrante do conjunto mais amplo das iniciativas da empresa no campo da preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, devendo estar articulado com o disposto nas demais Normas Regulamentadoras, em especial, com o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). A NR 9 estabelece parâmetros mínimos e diretrizes gerais a serem observados na execução do PPRA, podendo estes ser ampliados mediante negociação coletiva de trabalho. Conforme determina essa norma, são considerados riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em razão de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. O PPRA deverá conter, no mínimo, a seguinte estrutura: • planejamento anual, com estabelecimento de metas, prioridades e cronograma; • estratégia e metodologia de ação; • forma de registro, manutenção e divulgação dos dados; • periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA. Sempre que necessário e pelo menos uma vez ao ano, deve ser efetuada uma análise global do PPRA para avaliação do seu desenvolvimento, realização dos ajustes necessários e estabelecimento de 107 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL novas metas e prioridades. Suas alterações e complementações devem ser apresentadas e discutidas na Cipa, quando existente na empresa, de acordo com a NR 5, sendo sua cópia anexada ao livro de atas dessa comissão. O PPRA deve incluir as seguintes etapas: • antecipação e reconhecimento dos riscos; • estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle; • avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores; • implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia; • monitoramento da exposição aos riscos; • registro e divulgação dos dados. A elaboração, a implementação, o acompanhamento e a avaliação do PPRA poderão ser feitos pelo SESMT ou por pessoa ou equipe de pessoas que, a critério do empregador, sejam capazes de desenvolver o programa. Observação O PPRA tem como obrigatoriedades a avaliação, o controle e o monitoramento dos riscos físicos, químicos e biológicos do ambiente de trabalho; porém, fica a critério do SESMT a inclusão de outros riscos laborais, como o ergonômico e o de acidentes, em seu programa de prevenção, como é feito em algumas empresas, o que, se não é obrigatório pela NR 9, qualifica ainda mais a gestão dos riscos nas organizações. A antecipação deverá envolver a análise de projetos de novas instalações, bem como de novos métodos ou processos de trabalho, ou de modificações dos já existentes, visando identificar os riscos potenciais e introduzir medidas de proteção para sua redução ou eliminação. O reconhecimento dos riscos ambientais deverá conter os seguintes itens, quando aplicáveis: • identificação desses riscos; • determinação e localização das possíveis fontes geradoras; • identificação das possíveis trajetórias e dos meios de propagação dos agentes no ambiente de trabalho; 108 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade III • identificação das funções e determinação do número de trabalhadores expostos; • caracterização das atividades e do tipo de exposição; • obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de possível comprometimento da saúde decorrente do trabalho; • possíveis danos à saúde relacionados aos riscos identificados; • descrição das medidas de controle já existentes. A avaliação quantitativa deverá ser realizada, sempre que necessário, para: • comprovar o controle da exposição ou a inexistência de riscos identificados na etapa de reconhecimento; • dimensionar a exposição dos trabalhadores; • subsidiar o equacionamento das medidas de controle. Quadro 2 – Modelo de matriz para antecipação e reconhecimento de riscos ambientais Reconhecimento dos riscos ambientais Nome da empresa Funções existentes Técnico de segurança responsável Setor de trabalho Descrição das atividades Agentes Tipo Fonte geradora Gradação Medidas de prevenção Efeitos Exposição EPC EPI Físico Químico Biológico Gradação dos riscos Categoria Gradação de efeitos à saúde Categoria Gradação de exposição 0 Efeitos reversíveis e pequenos 0 Nenhum contato com o agente ou contato desprezível 1 Efeitos reversíveis à saúde, preocupantes 1 Contatos esporádicos com o agente 2 Efeitos severos à saúde, preocupantes 2 Contato frequente com o agente em baixas concentrações 3 Efeitos irreversíveis à saúde, preocupantes 3 Contato frequente com o agente em altas concentrações 4 Ameaça à vida, lesão incapacitante ocupacional4 Contato frequente em altíssimas concentrações 109 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL 6.2 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) O PCMSO é regulamentado pela NR 7, contida na Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, do MTE, e pode ser definido como um programa que tem como objetivo estabelecer o nexo causal entre a atividade profissional e um determinado risco no ambiente de trabalho. Após a detecção, monitora e faz o devido controle para que não venham a ocorrer danos à saúde do trabalhador. Deve ser elaborado e implementado por todos os empregadores e instituições, com o objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto de seus trabalhadores, sendo parte integrante do conjunto mais amplo de iniciativas da empresa no campo da preservação da saúde de seus colaboradores, devendo, ainda, estar articulado com o disposto nas demais normas. Além de ser um programa voltado à saúde do trabalhador, o PCMSO deve: • considerar as questões de incidentes sobre o indivíduo e a coletividade de trabalhadores, privilegiando o instrumental clínico-epidemiológico na abordagem da relação entre sua saúde e o trabalho; • ter caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive, de natureza subclínica, além da constatação da existência de casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores; • ser planejado e implantando com base nos riscos à saúde dos trabalhadores, especialmente, os identificados nas avaliações previstas nas demais Normas Regulamentadoras; • obedecer a um planejamento cujas ações de saúde a serem executadas durante o ano estejam previstas, devendo ser objeto de relatório anual. São responsabilidades do empregador: • garantir a elaboração e a efetiva implementação do PCMSO, bem como zelar pela sua eficácia; • custear todos os procedimentos relacionados ao PCMSO, sem ônus para o empregado; • indicar, dentre os médicos do SESMT da empresa, um coordenador responsável pela execução do PCMSO; • no caso de a empresa estar desobrigada de manter médico do trabalho, de acordo com a NR 4, deverá o empregador indicar médico do trabalho, empregado ou não da empresa, para coordenar o PCMSO; • inexistindo médico do trabalho na localidade, o empregador poderá contratar médico de outra especialidade para coordenar o PCMSO. 110 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade III O médico-coordenador deverá realizar os exames médicos previstos na NR 7 ou encarregá-los a profissional médico familiarizado com os princípios da patologia ocupacional e com as suas causas, bem como com o ambiente, as condições de trabalho e os riscos a que está ou será exposto cada trabalhador a ser examinado. O PCMSO deve incluir, no desenvolvimento de suas atividades, a realização obrigatória dos exames médicos descritos a seguir. • Admissional: deve ser realizado antes que o trabalhador assuma suas atividades. • Periódico: é realizado periodicamente e deve considerar os prazos estipulados pelo médico-coordenador, a análise dos riscos por setor e função, assim como a idade do colaborador. • Retorno ao trabalho: realizado obrigatoriamente no primeiro dia da volta ao trabalho do colaborador ausente por período igual ou superior a 30 dias por motivo de doença ou acidente, de natureza ocupacional ou não, ou parto. • Mudança de função: realizado obrigatoriamente antes da data da mudança. Entende-se por mudança de função toda e qualquer alteração de atividade, posto de trabalho ou setor que implique a exposição do trabalhador a risco diferente daquele a que estava exposto antes da mudança. • Demissional: será obrigatoriamente realizado até a data da homologação da dispensa, desde que o último exame médico ocupacional tenha sido realizado há mais de 135 dias, para as empresas de graus de risco 1 e 2, e 90 dias, para as empresas de graus de risco 3 e 4. Os testes que devem compreender esses exames são: avaliação clínica, abrangendo anamnese ocupacional e exames físico e mental; além de exames complementares, realizados de acordo com os termos específicos na NR 7 em seus anexos. Para cada um desses exames realizados, o médico emitirá o Atestado de Saúde Ocupacional (ASO), em duas vias. A primeira é arquivada no local de trabalho do funcionário, para que fique à disposição da fiscalização do trabalho, e a segunda é obrigatoriamente entregue ao trabalhador, mediante recibo da primeira. Os dados obtidos nos exames médicos, incluindo a avaliação clínica e exames complementares, as conclusões e as medidas aplicadas deverão ser registrados em prontuário clínico individual, que ficará sob responsabilidade do médico-coordenador, e deverão ser mantidos por um período mínimo de vinte anos após o desligamento do trabalhador. 6.3 Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT) O Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT) pode ser definido como um conjunto de ações relativas à segurança e à saúde no trabalho, ordenadamente 111 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL dispostas, visando à preservação da saúde e da integridade física de todos os trabalhadores de canteiro de obras, incluindo-se terceiros e o meio ambiente (MATTOS; MÁSCULO, 2011). De acordo com a NR 18, a elaboração e o cumprimento desse programa são obrigatórios nos estabelecimentos com vinte trabalhadores ou mais, contemplando os aspectos dessa NR e outros dispositivos complementares de segurança. Além de outras exigências, o PCMAT deve: • contemplar as exigências contidas na NR 9; • ser mantido no estabelecimento, à disposição do órgão regional do MTE; • ser elaborado e executado por profissional legalmente habilitado na área de segurança do trabalho. É importante salientar que a implementação do PCMAT nos estabelecimentos é de responsabilidade do empregador ou do condomínio e que o programa não é uma carta de intenções elaborada pela empresa, mas um elenco de providências a serem executadas em virtude do cronograma da obra (MATTOS; MÁSCULO, 2011). Nesse mesmo sentido, a NR 18 relata os documentos que integram esse programa: [...] Documentos que integram o PCMAT: a) Memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho nas atividades e operações, levando-se em consideração riscos de acidentes e de doenças do trabalho e suas respectivas medidas preventivas; b) Projeto de execução das proteções coletivas em conformidade com as etapas de execução da obra; c) Especificação técnica das proteções coletivas e individuais a serem utilizadas; d) Cronograma de implantação das medidas preventivas definidas no PCMAT; e) Layout inicial do canteiro de obras, contemplando, inclusive, previsão de dimensionamento das áreas de vivência; f) Programa educativo contemplando a temática de prevenção de acidentes e doenças do trabalho, com sua carga horária (BRASIL, 2013a). 112 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade III 6.3.1 Serviço Especializado de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) Todas as empresas devem tratar da segurança e da prevenção de acidentes, bem como das condições do ambiente de trabalho, por meio dos instrumentos do SESMT e da Cipa. Estes serão os órgãos, dentro da empresa, responsáveispela proteção da integridade física do trabalhador e de qualquer condição anormal ao ambiente que possam afetar a saúde do trabalhador. A CLT, em seus artigos 162 a 165, bem como a Portaria nº 3.214/78, do Ministério do Trabalho e Emprego, regulamentam o SESMT e a Cipa, tornando-os obrigatórios em todas as empresas públicas e privadas, de administração direta ou indireta e dos Poderes Legislativo e Judiciário, desde que possuam trabalhadores que tenham vínculo empregatício regido pela CLT. Para sua implantação, deverá ser levado em conta o número de funcionários da empresa, além de quais são os riscos presentes no ambiente de trabalho. O SESMT tem como finalidade principal garantir a integridade física do trabalhador, de maneira que controle os riscos aos quais os profissionais possam estar expostos, avaliando de que maneira podem acontecer melhorias das condições em cada processo de trabalho, dentro da instituição, para que não ocorra aquilo que se busca prevenir: o acidente de trabalho. O SESMT deverá ser composto pelos seguintes profissionais: • engenheiro de segurança do trabalho; • médico do trabalho; • enfermeiro do trabalho; • técnicos de segurança do trabalho; • auxiliares de enfermagem do trabalho. Os profissionais de nível médio, como o técnico de segurança do trabalho e o auxiliar de enfermagem do trabalho, devem dedicar oito horas por dia às atividades do SESMT. Profissionais graduados em nível superior, como o engenheiro de segurança do trabalho, o médico do trabalho e o enfermeiro do trabalho, devem dedicar-se às atividades do SESMT, no mínimo, três horas por dia, em tempo parcial, ou seis horas por dia, em tempo integral. Lembrete Aos profissionais especializados em Segurança e em Medicina do Trabalho, é vedado o exercício de outras atividades na empresa durante 113 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL o horário de sua atuação nos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho. Serão de responsabilidade da equipe as competências expostas a seguir. • Aplicar os conhecimentos de engenharia de segurança e medicina do trabalho a todos os seus componentes, inclusive, como manusear máquinas e equipamentos, de maneira que reduza e, se possível, elimine os riscos ali existentes. • Determinar quando esgotados todos os meios conhecidos para eliminação dos riscos; e, se persistirem, mesmo reduzidos, deverão ser utilizados, pelo trabalhador, os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), de acordo com o que determina a NR 6, desde que a concentração, a intensidade ou a característica do agente assim o exija. • Promover a realização das atividades de conscientização, educação e orientação aos trabalhadores para a prevenção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, tanto por meio de campanhas quanto de programas de educação permanente. • Esclarecer e levar os empregados a conscientizar-se dos acidentes de trabalho e das doenças ocupacionais, estimulando-os em favor da prevenção. • Analisar e registrar os acidentes ocorridos, com ou sem vítimas, e todos os casos de doença ocupacional. • Registrar mensalmente os dados atualizados de acidentes de trabalho, doenças ocupacionais e agentes de insalubridade. • Elaborar plano de controle de efeitos de catástrofes, combate a incêndios, salvamento e pronto-atendimento a vítimas. 6.3.2 Dimensionamento do SESMT O dimensionamento do SESMT deve ser vinculado à graduação do risco da atividade principal e ao número total de empregados da empresa. Para se chegar à composição do SESMT de uma determinada empresa, deve-se conhecer o grau de risco de sua atividade principal, ou seja, conhecer a Classificação Nacional da Atividade Econômica (CNAE) da empresa, para saber o grau de risco estabelecido pelo Ministério do Trabalho e Emprego. 114 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade III Na tabela a seguir, podemos verificar como acontece o dimensionamento de acordo com o Quadro II da NR 4: Tabela 6 – Dimensionamento do SESMT Grau de risco Nº de empregados 50 a 100 101 a 250 251 a 500 501 a 1000 1001 a 2000 2001 a 3500 3501 a 5000 Acima de 5000 Para cada grupo de 4000 ou fração de 2000 **Técnicos 1 Téc. Seg. Trabalho 1 1 1 2 1 Engenheiro Seg. Trab. 1* 1 1* Aux. Enf. Trabalho 1 1 1 Enfermeiro do Trabalho 1* Médico do Trabalho 1* 1* 1 1* 2 Téc. Seg. Trabalho 1 1 2 5 1 Engenheiro Seg. Trab. 1* 1 1 1* Aux. Enf. Trabalho 1 1 1 1 Enfermeiro do Trabalho 1 Médico do Trabalho 1* 1 1 1 3 Téc. Seg. Trabalho 1 2 3 4 6 8 3 Engenheiro Seg. Trab. 1* 1 1 2 1 Aux. Enf. Trabalho 1 2 1 1 Enfermeiro do Trabalho 1 Médico do Trabalho 1* 1 1 2 1 4 Téc. Seg. Trabalho 1 2 3 4 5 8 10 3 Engenheiro Seg. Trab. 1* 1* 1 1 2 3 1 Aux. Enf. Trabalho 1 1 2 1 1 Enfermeiro do Trabalho 1 Médico do Trabalho 1* 1* 1 1 2 3 1 (*) Tempo parcial – mínimo de três horas. (**) O dimensionamento total deverá ser feito levando-se em consideração o dimensionamento de 3501 a 5000 mais o dimensionamento do(s) grupos(s) de 4000 ou fração acima de 2000. Obs.: hospitais, ambulatórios, maternidades, casas de saúde e repouso, clínicas e estabelecimentos similares de saúde e repouso, clínicas e estabelecimentos similares com mais de quinhentos empregados deverão contratar um enfermeiro em tempo integral. Fonte: Brasil (2009a, p. 27). 6.3.3 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) A Cipa foi criada a partir de uma sugestão de trabalhadores de diversos países que, reunidos na OIT, organizaram um comitê para estudos de segurança e higiene do trabalho, bem como de recomendações de medidas preventivas de doenças e acidentes do trabalho, que passariam a ser adotadas pelos países de acordo com o interesse de cada um em promover a melhoria nas condições de trabalho de seu povo. 115 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL Essa comissão tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho e a promoção da saúde do trabalhador de modo que torne compatível o trabalho com a preservação da vida. Atualmente, está regulamentada pelos artigos 162 a 165 da CLT e pela NR 5 do MTE, cujas instruções trazem diversos ensinamentos a todos os envolvidos no quesito segurança do trabalho e prevenção de acidentes. A Cipa será composta por representantes dos empregados e do trabalhador, de empresas privadas e públicas, sociedades de economia mista, órgãos de administração direta e indireta, instituições beneficentes e toda e qualquer instituição que tenha como regime trabalhista a CLT. A composição de representantes do empregador e dos empregados se dará da seguinte maneira: • representantes dos empregadores, titulares e suplentes, por eles designados; • representantes dos empregados, titulares e suplentes, eleitos em votação secreta da qual participam, independentemente de filiação sindical. O mandato dos membros da Cipa terá duração de um ano, permitida uma reeleição, na qual é vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para o cargo, desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato. Dentre as atribuições da Cipa estão: • identificar os riscos dos processos de trabalho e elaborar os mapas de riscos; • elaborar plano de trabalho com medidas de prevenção de acidentes; • participar da implementação e do controle de qualidade das medidas de prevenção necessárias; • realizar periodicamente verificações nos ambientes de trabalho, bem como em suas condições;• divulgar aos trabalhadores informações relativas à saúde e à segurança no trabalho; • requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador a paralisação de máquinas ou setor em que considere haver risco grave e iminente à segurança e à saúde dos trabalhadores; • colaborar para o desenvolvimento e a implementação do PCMSO e do PPRA, bem como de outros programas relacionados a segurança e saúde no trabalho; • promover anualmente, em conjunto com o SESMT, quando houver, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Sipat). 116 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade III Lembrete É importante a consulta da NR 5, disponível no site do Ministério do Trabalho e Emprego, para conhecer todos os procedimentos do processo eleitoral, assim como a composição e o dimensionamento da Cipa, cujo número de efetivos e suplentes obedecerá aos critérios de número de funcionários e da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). 6.4 A importância da medicina e segurança do trabalho preventiva As mudanças no mundo do trabalho advindas das inovações tecnológicas e organizacionais têm incrementado significativamente a produção nas empresas, eliminando tarefas penosas ou pesadas. Essa relação estabelecida entre o homem e a tecnologia ocasionou novos riscos para a saúde dos trabalhadores nos aspectos físico, mental e social. Tal processo passou a exigir dos trabalhadores uma maior qualificação e uma crescente intervenção nos processos produtivos, o que, consequentemente, tornou-os mais suscetíveis a acidentes de trabalho. Apesar de tantas transformações serem tão evidentes, ainda fica difícil de serem captadas e apreendidas pelos profissionais. Atualmente, ainda nos deparamos com empresas desinformadas, desinteressadas ou até mesmo com dificuldades de solucionar assuntos relacionados a acidentes de trabalho. O Estado, como responsável pela fiscalização das condições de trabalho, bem como por toda a sua regulamentação, precisou adaptar-se para que houvesse uma intervenção adequada no ambiente de trabalho, relacionando-o com as causas das doenças. Dessa forma, houve uma necessidade de agregação da figura do médico do trabalho na condição de poder identificar quais eram as necessidades para ações preventivas dentro da empresa e, assim, diminuir a incidência de agravos à saúde do trabalhador. Com a diversidade de legislação que temos agregada ao nosso Poder Judiciário, as empresas acabam se limitando ao mínimo que a legislação pede, como se o cumprimento apenas de sua leitura fosse suficiente. No entanto, é necessária uma análise detalhada de todos esses documentos com o objetivo de instaurar uma cultura direcionada para a promoção de um ambiente saudável e a prevenção de agravos. O setor de Segurança e Saúde adquiriu grande importância e credibilidade, com o objetivo de preservar a saúde e a integridade física e moral dos trabalhadores. Isso aconteceu porque, atualmente, o entendimento de que o ambiente de trabalho é responsável por uma série de doenças ocupacionais aumentou, fazendo os empregadores e as empresas não encararem mais a necessidade de implantação de programas apenas como exigência de lei. 117 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL Assim, a antecipação, tanto pela equipe de segurança e saúde do trabalho quanto pelo trabalhador e pelo empregador, deve ser o grande objetivo da equipe de gestão, identificando quais são os riscos inerentes a cada processo de trabalho, observando as condições para que esse ambiente esteja livre de insalubridade ou para que, ao menos, esta seja a menor possível, garantindo um menor tempo de exposição do trabalhador a ela. Além da antecipação dos possíveis riscos, é importante o treinamento adequado, permanente e constante, para que os trabalhadores compreendam sua responsabilidade no cuidado com o seu EPI, bem como a importância do uso correto deste em todas as ocasiões necessárias de uso. Com um pensamento preventivo, todos na empresa têm a ganhar. É possível melhorar a qualidade de vida no ambiente de trabalho, oferecendo condições de uma participação ativa de todos e, assim, conseguir fazer um levantamento criterioso dos problemas que acometem os trabalhadores e quais as melhores soluções. Saiba mais O Ministério do Trabalho e Emprego publicou, em 2010, pelo Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho, um guia de análise no qual é possível ampliar seus conhecimentos sobre a importância da prevenção: BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Secretaria de Inspeção do Trabalho. Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho. Guia de análise: acidentes de trabalho. Brasília, 2010b. Disponível em: <http://portal. mte.gov.br/data/files/FF8080812D8C0D42012D94E6D33776D7/Guia%20 AT%20pdf%20para%20internet.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2015. Resumo Iniciamos nossa discussão sobre como podemos avaliar as sequelas deixadas pelos riscos ambientais, em especial, com o conhecimento sobre os limites de tolerância regulamentados pela NR 15 do Ministério do Trabalho e Emprego. Abordamos quais são os equipamentos utilizados para avaliação e medição da intensidade de cada risco para a determinação da tolerância. Vimos os conceitos de tolerância, bem como a aplicação dos principais instrumentos de medição nas avaliações quantitativas dos riscos, dentre eles: decibelímetro, dosímetro, luxímetro, explosímetro, vibrômetro e acelerômetro. 118 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade III Além da avaliação da tolerância de cada risco, discutimos a necessidade de uma avaliação adequada do profissional, chamada de anamnese ocupacional, sendo imprescindível que o trabalhador tenha a avaliação de seu perfil ocupacional, de sua exposição ocupacional e da contaminação ambiental a que ele poderá estar exposto. Vimos que, como necessidade ímpar, o ambiente hospitalar possui todos os riscos presentes, o que exige um aprendizado mais detalhado sobre as atividades nele desenvolvidas. Também abordamos algumas obrigações a serem seguidas pelas empresas. O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) é obrigatório para todas as empresas e instituições que admitam trabalhadores, com o objetivo de preservar a saúde e a integridade física dos empregados, identificando riscos ambientais existentes no trabalho (físicos, químicos e biológicos). Para tanto, impõe reconhecimento, avaliação e controle da ocorrência desses riscos ambientais, envolvendo ações, sob responsabilidade do empregador, cuja abrangência depende das características de cada ambiente de trabalho. O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) é um programa técnico-preventivo a ser realizado pela empresa como parte do conjunto mais amplo de iniciativas no campo de proteção à saúde dos empregados. É obrigatório para todas as empresas e tem caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho. O Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) pretende promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho, devendo ser implementado obrigatoriamente em todas as empresas privadas e públicas que possuam empregados regidos pela CLT, conforme o grau de risco da atividade principal e o número de trabalhadores do estabelecimento. A Cipa é um instrumento de que os trabalhadores dispõem para tratar da prevenção de acidentes de trabalho, das condições do ambiente de trabalho e de todos os aspectosque afetam sua saúde e sua segurança. Exercícios Questão 1. (IBFC 2016) Segurança do trabalho, também denominada segurança ocupacional, é um conjunto de ciências e tecnologias que tem o objetivo de promover a segurança do trabalhador no seu local de trabalho. Assinale a alternativa incorreta: 119 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL A) Os principais agentes físicos encontrados no ambiente hospitalar são: calor, ruído, radiações ionizantes, radiações não ionizantes e pressões anormais. B) Os principais agentes químicos encontrados no ambiente hospitalar são: agentes de limpeza, desinfecção e esterilização, drogas quimioterápicas, gases medicinais e produtos para manutenção de equipamentos. C) O risco biológico é menos comum e menos grave no ambiente hospitalar e está relacionado diretamente ao setor, cada setor terá seus riscos biológicos. D) Além dos riscos físicos, químicos e biológicos, também existem no ambiente hospitalar os riscos mecânicos e ergonômicos E) A incidência de acidentes perfurocortantes com material biológico na área da enfermagem é alta, a prevenção e treinamento constante e o uso de dispositivos de proteção é importante para a redução dessa incidência. Resposta correta: alternativa C. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: os principais agentes físicos encontrados no ambiente hospitalar são o calor, ruído, radiações ionizantes, radiações não ionizantes e pressões anormais. Embora os níveis de iluminação sejam relacionados diretamente a problemas de saúde, sua análise é feita por estar relacionada a todas as atividades de trabalho. O calor é uma forma de energia que pode ser transmitida de um corpo para outro, por radiação, condução ou convecção. B) Alternativa incorreta. Justificativa: os produtos químicos são largamente utilizados em hospitais com diversas finalidades, como agentes de limpeza, desinfecção e esterilização (quaternários de amônio, glutaraldeído, óxido de etileno etc.). São empregados também como soluções medicamentosas (drogas quimioterápicas, psicotrópicos, gases medicinais etc.). Podem ser utilizados como produtos de manutenção de equipamentos e instalações (óleo diesel, graxas, óleos lubrificantes, colas, solventes, mercúrio etc.). C) Alternativa correta. Justificativa: o risco biológico é muito comum e mais grave no ambiente hospitalar e está relacionado diretamente ao setor, cada setor terá seus riscos biológicos dependendo da sanitização que se faça no local para evitar crescimento de biofilmes. 120 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade III D) Alternativa incorreta. Justificativa: os riscos ambientais incluem os agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e acidentais existentes nos ambientes de trabalho e que podem causar danos à saúde do trabalhador. E) Alternativa incorreta. Justificativa: a incidência de acidentes perfurocortantes com material biológico na área da enfermagem é alta, com isso a educação continuada previne as incidências. Questão 2. (INSTITUTO AOCP 2015). O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) é aplicável a: A) Todas as empresas com mais de 10 funcionários, sendo o empregador o responsável pela sua implantação. B) Todas as empresas com mais de 50 funcionários, sendo o empregador o responsável pela sua implantação. C) Todas as empresas com mais de 100 funcionários, sendo o empregador o responsável pela sua implantação. D) Todas as empresas com mais de 500 funcionários, sendo o empregador o responsável pela sua implantação. E) Todas as empresas, independentemente do seu número de funcionários, sendo o empregador o responsável pela sua implantação. Resolução desta questão na plataforma. 121 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL Unidade IV 7 AÇÕES EMERGENCIAIS O gerenciamento de riscos em instalações ou atividades perigosas deve apresentar medidas de prevenção contra acidentes maiores, o que exige a atuação sobre a frequência de ocorrência de falhas que possam resultar em acidentes, bem como sobre as possíveis consequências desses acidentes, caso venham a acontecer. Isso poderá reduzir os impactos causados às pessoas e ao meio ambiente. O Plano de Emergência é parte integrante de um Programa de Gerenciamento de Risco (PGR) e tem como objetivo reduzir ao máximo os danos causados por acidentes. Uma condição prévia para a elaboração de um plano adequado é obter um estudo minucioso de análise de risco, de forma que as tipologias acidentais, os recursos e as ações necessárias para minimizar os impactos possam ser dimensionados de maneira mais adequada. Assim, o estudo de análise de risco deve ser um pressuposto básico para a elaboração de um plano de emergência. No caso de acidentes maiores, a limitação dos danos é proporcional ao nível de planejamento. Portanto, um plano de emergência que seja cuidadosamente elaborado e implantado tem uma chance mais efetiva de evitar que um acidente se transforme num desastre. Um plano de emergência deve fornecer um conjunto de diretrizes e informações, com o objetivo de adoção de procedimentos lógicos, técnicos e administrativos estruturados para proporcionar respostas rápidas e eficientes em situações de emergência. De modo geral, o plano deve: • proporcionar a restrição dos possíveis danos a uma determinada área, dimensionada anteriormente, evitando que os impactos ultrapassem os limites de segurança previamente estabelecidos; • abranger todas as ações necessárias para impedir que circunstâncias, internas ou externas às instalações envolvidas no acidente, colaborem para o seu agravamento; • ser um recurso prático, que proporcione respostas rápidas e eficazes em situações emergenciais; • ser o mais objetivo e breve possível, abrangendo, de forma clara, as obrigações e responsabilidades dos envolvidos. O estudo de análise de risco deve ser considerado um pressuposto para a elaboração de um plano de emergência, porque dele devem ser extraídas, dentre outras, as seguintes informações: • cenários acidentais; 122 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade IV • consequências esperadas em cada uma das hipóteses acidentais consideradas; • possíveis impactos e áreas afetadas. A partir dessas informações, é possível programar a elaboração do plano de emergência, pois passa a ser mais fácil o dimensionamento das seguintes ações: • isolamento; • sinalização; • definição de pontos de encontro e rotas de fuga; • dimensionamento e localização estratégica de equipamentos de combate e de proteção individual; • definição de procedimentos de combate a vazamentos e incêndios. De modo geral, um plano de emergência para o atendimento a acidentes que envolvam produtos ou atividades perigosas deve conter a seguinte estrutura: • introdução; • características das instalações e atividades; • objetivo; • área de abrangência; • estrutura organizacional; • acionamento; • procedimentos de combate: — avaliação; — isolamento e evacuação; — combate a incêndios; — controle de vazamentos; — reparos de emergência; — ações de rescaldo (pós-emergenciais). 123 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 2015 HIGIENE OCUPACIONAL Embora possam ser definidos procedimentos padronizados, é importante que sejam determinadas ações de combate compatíveis com os possíveis danos esperados em cada uma das hipóteses acidentais estudadas e seus respectivos cenários. Os resultados dos estudos de consequências, alcançados por meio de modelos de simulação, podem proporcionar dados importantes para estabelecer ações específicas. O isolamento e a evacuação de áreas, por exemplo, devem ser planejados com base nas distâncias dos vazamentos ou em outros fenômenos previamente estudados. O êxito de uma operação de atendimento a acidentes maiores está intimamente ligado às ações de resposta previstas e iniciadas por um plano de emergência. Assim, para que as ações previstas tenham os resultados esperados em situações emergenciais, o plano deve ser devidamente divulgado internamente, além de ter integração com outros planos locais e regionais, junto a outras entidades que certamente deverão atuar em conjunto na resposta aos acidentes. A implantação do plano, além da divulgação, está relacionada ao suprimento dos recursos, humanos e materiais, necessários e compatíveis com o tamanho das ocorrências que podem necessitar atendimento. Da mesma forma, faz parte da aplicação do plano a implementação e a manutenção de um programa de treinamento, com diferentes níveis de dificuldade, abrangendo treinamentos teóricos e individuais, além de exercícios de campo e operações simuladas de coordenação. Após a etapa de implantação, um plano de emergência deve ser atualizado e revisado de forma periódica, de acordo com a experiência adquirida ao longo do tempo, tanto nos atendimentos reais quanto nos treinamentos. É importante que a manutenção do plano contemple as seguintes atividades: • sistema de atualização de informações; • registros dos atendimentos realizados; • reavaliação periódica dos procedimentos; • reposição e renovação de recursos. 7.1 Proteção contra incêndios Para o surgimento do fogo, são necessários os seguintes elementos: combustível, comburente, calor e reação em cadeia. Dispostos de forma conjunta, tais elementos constituem o tetraedro do fogo e são responsáveis pela origem do processo de combustão. As particularidades de cada elemento do tetraedro e suas funções básicas nessa reação química são: • combustível: é todo material, em estado sólido, líquido ou gasoso, com capacidade para queimar e, assim, alimentar a combustão; • comburente: é o elemento que possibilita vida às chamas, por meio do consumo do oxigênio no ambiente; 124 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade IV • reação em cadeia: é o processo contínuo do fogo por meio da combustão dos gases inflamáveis, da fumaça, de resíduos particulados e do oxigênio ainda presente, gerando mais fogo, sucessivamente; • calor: é uma forma de energia na qual as moléculas aumentam sua velocidade e sua vibração, elevando a temperatura de determinado material ou substância, em virtude de um processo físico ou químico. A propagação do fogo será interrompida com o uso de um determinado agente extintor que tenha como finalidade eliminar um ou mais componentes do tetraedro do fogo, extinguindo a combustão. Apesar de ser um fenômeno natural, o fogo tem particularidades que dão a impressão de que ele “age por vontade própria”, como se tivesse “vida”. No entanto, trata-se de uma reação química oxidante de alta destruição, que deve ser estudada para evitar desastres sem proporções e para ser combatida de forma que diminua danos à comunidade, ao patrimônio e ao meio ambiente. Como o incêndio pode ocorrer em ambientes fechados, locomove-se e é influenciado por agentes externos, é de vital importância adotar procedimentos corretos no combate a ele para resguardar a segurança física dos brigadistas e do Corpo de Bombeiros. Saiba mais Cada Estado possui uma Corporação de Bombeiros, pois estes são profissionais militares. É interessante fazer uma busca em seu Estado e visitar o site do Corpo de Bombeiros de sua região. É possível encontrar informações sobre cursos, legislação e vistorias. A seguir, alguns endereços eletrônicos do Corpo de Bombeiros de diferentes localidades: <http://www.bombeiros.pa.gov.br/>. <http://www.cbm.sc.gov.br/hotsite/>. <http://www.corpodebombeiros.sp.gov.br/>. <http://www.pm.ba.gov.br/bombeiros/>. <https://www.cbm.df.gov.br/>. Um incêndio pode se estender de forma contínua e progressiva para outros setores, pavimentos e edificações vizinhas por meio do calor, propagando-se de três diferentes maneiras: • convecção: transferência de calor por meio de camadas de ar quente (gases) de forma ascendente (subida); 125 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL • condução: transferência de calor, de molécula a molécula, multiplicando-se em um mesmo corpo sólido, aquecendo-o em toda a sua extensão; • irradiação: transferência de calor por meio de ondas caloríficas, irradiando em todas as direções, possibilitando o surgimento de focos no que estiver ao redor. Os incêndios são classificados com a finalidade de avaliar a periculosidade dos materiais envolvidos em possíveis ocorrências e, com isso, utilizar o agente extintor adequado no combate a esses incêndios, conforme as particularidades de cada sinistro. Esta classificação foi elaborada pela entidade americana National Fire Protection Association (NFPA) e é aceita internacionalmente pelos Corpos de Bombeiros, inclusive nas corporações do Brasil e nas instruções técnicas vigentes no País. Classe A – incêndio em materiais sólidos, como madeira, papel e tecido etc. Esses materiais apresentam duas propriedades: deixam resíduos quando queimados (brasas, cinzas, carvão) e queimam em superfícies e em profundidade. Classe B – incêndio em líquidos inflamáveis, como óleo, gasolina, querosene etc. Esses materiais apresentam duas propriedades: não deixam resíduos quando queimados e queimam somente em superfície. Classe C – incêndio em equipamentos elétricos energizados, como máquinas elétricas, quadros de força etc. Ao ser desligado o circuito elétrico, o incêndio passa a ser de classe A. Importante: não jogue água em fogo de classe C (material elétrico energizado), porque a água é boa condutora de eletricidade. Classe D – incêndio em metais que inflamam facilmente, como alumínio em pó, magnésio, carbonato de potássio etc. Não jogue água neste incêndio, pois na presença da água esses metais reagem de forma violenta (SÃO PAULO, 2011a, p. 14-5). Observação Apesar de pouco divulgadas, existem mais duas classes de incêndio reconhecidas internacionalmente no combate a incêndios: • Classe E: que trata do fogo em materiais radioativos e nucleares. • Classe K: que trata do fogo em cozinhas industriais e similares (banha, gordura e óleo). 126 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade IV 7.1.1 Métodos de extinção de incêndios Para que a inibição do princípio das chamas, durante sua propagação descontrolada, não atinja o estágio de um incêndio generalizado, devem ser utilizados métodos e equipamentos adequados para a extinção do fogo. Assim, é importante anular um ou mais elementos que compõem o tetraedro do fogo, quebrando o ciclo de alimentação das chamas. O procedimento correto para a interrupção desse ciclo constante é a utilização dos métodos de extinção de incêndio obedecendo às características de cada classe de incêndio e, desse modo, oferecendo um combate com maior eficiência e sem riscos adicionaisna hora da ocorrência. São métodos eficientes para a extinção do fogo: • isolamento: trata-se da retirada do material combustível que ainda não foi atingido, evitando o aumento da área incendiada; • resfriamento: consiste na retirada do calor do material combustível, diminuindo sua temperatura com a utilização de água; • abafamento: é a retirada do comburente (oxigênio), eliminando o elemento que intensifica a propagação do fogo e utilizando agentes extintores de origem natural (areia, terra) ou químico (bicarbonato de sódio, sulfato de alumínio, grafite em pó); • quebra da reação em cadeia: consiste na interrupção da reação em cadeia, bloqueando o seu ciclo contínuo diretamente na área das chamas, com agentes extintores que reajam ao contato com o fogo e eliminem o comburente. 7.1.2 Extintores de incêndio A melhor opção para o combate de princípios de incêndio são os extintores portáteis, ou sobre rodas, que têm como finalidade extinguir pequenos focos em ambientes pequenos ou outras situações em que o fogo não saiu do controle. No entanto, devem ser utilizados com agilidade e manuseio correto, pois suas cargas são suficientes para ocorrências rápidas e podem esvaziar em pouco tempo. Como qualquer equipamento de segurança, os extintores só deverão ser utilizados se obedecerem às normas brasileiras ou aos regulamentos técnicos do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). Além disso, para o melhor aproveitamento dos extintores em situações de emergência, é preciso observar as diretrizes de instruções técnicas e as normas vigentes em relação ao seu uso e acondicionamento. Os extintores de incêndio e suas aplicações são classificados, de acordo com a classe de fogo a extinguir, da seguinte forma: • extintor de espuma: usado nos fogos das Classes A e B (abafamento e resfriamento); 127 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL • extintor de gás carbônico: indicado nos fogos das Classes B e C, e na Classe A em seu início (abafamento); • extintor de pó químico seco: usado nos fogos das Classes B e C (abafamento); • extintor de água pressurizada: indicado nos fogos de Classe A (resfriamento). Observação Para o uso correto do extintor, é essencial transportá-lo até as proximidades do fogo, soltar a trava de segurança e apontar o mangotinho para a base do fogo, apertando o gatilho. 7.2 Sistemas de alarmes Em qualquer ocorrência que possa causar algum evento adverso que venha a colocar em risco o patrimônio, o meio ambiente e principalmente a vida humana, devem ser adotados procedimentos técnicos de prevenção. Com relação à proteção contra incêndios, não poderia ser diferente. A utilização de um sistema provido de alarmes de detecção de incêndios é importante para a antecipação do surgimento desses sinistros. Para maior eficiência em um trabalho preventivo, nesse aspecto, é necessária a implantação de equipamentos que atendam às principais normas, instruções técnicas e legislações vigentes para se obter um aparelhamento de segurança de forma criteriosa e ampla, que alcance todo o ambiente a ser protegido. Um sistema de alarme e detecção de incêndio, dependendo do porte físico da área a ser instalada (cinemas, indústrias, shopping depósitos), deve conter: • detectores térmicos de fumaça e de gases; • alarmes de emergência; • dispositivos de pronta-resposta; • dimensionamento adequado do sistema; • central de alarme (controle e supervisão). Os detectores de incêndio têm a finalidade de registrar e analisar a presença ou a variação de fenômenos físicos (calor) ou químicos (GLP, gases inflamáveis), transmitindo essas informações a uma central de controle e acionando outros dispositivos de segurança. Os principais detectores de incêndio são os descritos a seguir. • Detectores de temperatura: quando há alteração de temperatura no ambiente, ultrapassando um valor preestabelecido. Podem ser classificados em: 128 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade IV — Detectores térmicos: detectam a ultrapassagem de temperaturas predeterminadas, que indiquem o princípio de incêndio de forma convicta. — Detectores termovelocimétricos: detectam a rápida elevação da temperatura em ambientes com presença de calor, fumaça e gases, e que poderiam indicar falsamente os princípios de incêndio em locais como saunas e cozinhas industriais. — Detectores lineares: detectam variações de temperatura por meio de cabos com pequenos sensores. São indicados para grandes áreas e longas distâncias, como túneis de metrô, linhas de gás e refinarias. • Detectores de fumaça: são dispositivos para detecção de fumaça, gases e partículas, e são classificados em: — Detectores iônicos: são dispositivos que detectam gases ou partículas, visíveis ou não, ainda na fase de pré-combustão, antes que se inflamem e se transformem em chamas. — Detectores ópticos: detectam sinais visíveis, indicando a presença de fumaça. — Detectores por aspiração: detectam partículas de fumaça em pré-combustão suspensas no ar, que são aspiradas, por meio de dutos, para uma câmara sensível na qual são analisadas suas variações de temperatura. • Chuveiros automáticos (sprinklers): são detectores providos de bico com ampola que se estilhaçam a uma temperatura preestabelecida. Ao detectarem elevação de temperatura e/ou presença de fumaça e gases, liberam água pressurizada canalizada e iniciam imediatamente o combate ao fogo. Além disso, possibilitam a redução do calor, fornecendo, assim, condições de fuga para as possíveis vítimas. 7.2.1 Acionadores manuais e alarmes Acionadores manuais são alarmes que devem ser utilizados com a finalidade de aviso de emergência para a população de uma determinada área em caso de ocorrência de um sinistro de grande porte que venha a oferecer risco iminente a todos, necessitando, assim, de rápida retirada para um local seguro. Seu acionamento depende da ação humana e serve como aviso nos mais variados desastres – incêndios, inundações, perigo de desabamento –, por isso devem ser utilizados somente em casos de máxima urgência ou em exercícios simulados de plano de abandono. Conforme as orientações dos requerimentos legais, os acionadores manuais devem obedecer à seguinte padronização: • serem instalados em áreas com grande trânsito de pessoas (corredores, saídas principais, áreas de lazer); 129 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL • possuírem dispositivo que impeça o acionamento acidental; • serem instalados em locais visíveis; • os botões acionadores devem estar acondicionados em caixas lacradas, com tampa de vidro ou de plástico quebrável e pintados nas cores padronizadas (geralmente vermelho); • a caixa deve conter a inscrição “quebrar em caso de emergência”. Todos os detectores de incêndio, chuveiros automáticos e acionadores manuais devem ser instalados em número suficiente e que atenda às necessidades das áreas a serem protegidas. As campainhas devem emitir som em tonalidade diferente daquelas dos alarmes sonoros dos estabelecimentos, dos pavimentos ou das edificações locais, para possibilitar sua distinção. Todos os dispositivos de detecção de incêndio e alarmes devem estar conectados a uma central de alarme, em local seguro, de preferência em setores afastados do prédio principal, como portarias, ou em áreas com pouca probabilidade de serem atingidas por um incêndio ou outros sinistros de grande porte. Dependendo do porte das instalações físicasdo empreendimento e do grau de risco, é importante que essa central tenha interligação com outros dispositivos de segurança para controle e supervisão, como: • verificação dos níveis das caixas d’água; • pressurização das linhas de hidrantes e chuveiros sprinklers; • desenergização de todas as áreas, inclusive das saídas de emergência, escadarias e portas corta-fogo; • sistema de comunicação direta com o Corpo de Bombeiros e com a brigada de incêndio. 7.3 Riscos de explosões Uma preocupação são os incêndios causados por explosões provenientes de armazenamento inadequado de produtos perigosos. É de suma importância o conhecimento das características e dos perigos de produtos utilizados nas dependências específicas de cada área de atuação (como os setores produtivos), para servir como parâmetro na adoção de medidas de prevenção, emergência e treinamento. Quaisquer procedimentos de prevenção devem ser baseados em medidas técnicas elaboradas por profissionais com conhecimento em segurança do trabalho, prevenção em combate a incêndios, profissionais da área ambiental e outros que estejam familiarizados com as normas técnicas vigentes quanto ao assunto em questão, como: • Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho. • Normas Brasileiras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 130 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade IV • Instruções Técnicas dos Corpos de Bombeiros. • Legislações ambientais. • Outras leis e normas regulamentadoras. 7.3.1 Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) O GLP, ou gás de cozinha, como é popularmente conhecido, é um líquido inflamável derivado do petróleo, confinado sob pressão em um recipiente metálico (botijão). Esse material é composto por propano e butano, não é tóxico, é asfixiante, mais pesado que o ar e inodoro (o cheiro ocorre em razão de um produto denominado mercaptana, adicionado ao GLP). Em áreas industriais e edificações residenciais, é obrigatório seu armazenamento em locais externos (baterias de gás), com fornecimento canalizado. É importante a instalação de detectores desses gases em cozinhas industriais, refinarias e outros locais em que se faça necessário, para a inibição de vazamentos. No caso de residências particulares, nas quais o histórico de acidentes é muito alto e geralmente os botijões estão em locais confinados, são necessários alguns cuidados em caso de vazamentos: • nunca acionar interruptores de luz; • abrir portas e janelas; • fazer ventilação manual; • isolar a área e acionar o Corpo de Bombeiros. 7.4 Brigada de incêndio O incêndio é um evento de emergência. Se não houver uma preparação do contingente de pessoas envolvido no combate ao fogo, poderá haver pânico e, consequentemente, mais vítimas. Isso pode ser evitado com os exercícios de alerta, para que não ocorram danos maiores por falta de conhecimento técnico e operacional do fogo, dos equipamentos de combate e das rotas de fuga. É necessário o apoio de pessoas treinadas para exercer a função de controlar a situação e ditar comandos e orientações até a chegada do Corpo de Bombeiros. Por isso, é importante a implantação de uma brigada de incêndio, pois ela realizará as primeiras ações de combate ao fogo no seu início e fará o atendimento às primeiras vítimas, até a chegada de ajuda especializada. Mais que uma necessidade, a formação da brigada é obrigatória, como determina a Instrução Técnica nº 17/2011 do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo e de outras corporações, bem como a NR 23, de Segurança e Medicina do Trabalho, que determina ao empregador a incorporação de grupos de pessoas que possam atender a essa finalidade. 131 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL Com o intuito de alcançar uma preparação adequada, os candidatos a brigadistas devem passar por um curso de formação para atender aos requisitos mínimos de treinamento e ter aproveitamento satisfatório tanto na aplicação prática quanto na teórica. Conforme a IT nº 17/SP (SÃO PAULO, 2011b), o profissional habilitado para a formação e a reciclagem da brigada de incêndio deve preencher os seguintes requisitos: • ter formação em Higiene, Segurança e Medicina do Trabalho e ser devidamente registrado nos conselhos regionais competentes ou no Ministério do Trabalho; • o médico e o enfermeiro do trabalho só podem se responsabilizar pelo treinamento de primeiros socorros; • ter Ensino Médio completo e especialização em Prevenção e Combate a Incêndio. As principais atribuições da brigada de incêndio são: • ações de prevenção: análise de riscos, notificações de irregularidades, orientação à população fixa e à flutuante, participação nos exercícios simulados e conhecimento do plano de emergência; • ações de emergência: alarme, abandono de área, acionamento do Corpo de Bombeiros e/ou de ajuda externa, corte de energia, primeiros socorros, combate ao princípio de incêndio, recepção e orientação do Corpo de Bombeiros. 7.5 Plano de abandono Para maior eficiência na retirada da população local em caso de ocorrência de incêndio, um plano de abandono deve ser implantado, e seu treinamento deve ser feito por meio de exercícios simulados envolvendo todas as pessoas pertencentes à área de interesse (setores, pavimentos, edificações). Esses exercícios devem atender a certos requisitos para um plano de abandono correto e bem-preparado: • ser realizados periodicamente e, de preferência, sem aviso; • ser o mais próximos possível da realidade; • ser realizados sob a direção de grupos de pessoas capazes de prepará-los e dirigi-los. Tais exercícios têm a finalidade de averiguar a eficiência do que foi planejado e executado, como: • o tempo gasto no abandono; • o tempo gasto no atendimento aos primeiros socorros; • a atuação da brigada; 132 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade IV • o comportamento da população; • o tempo gasto até a chegada do Corpo de Bombeiros; • falhas operacionais e de equipamentos; • ponto de encontro. O plano de abandono é parte integrante do conteúdo de formação da brigada de incêndio e, sempre que possível, deve ser trabalhado em conjunto com integrantes de outras áreas, como os colaboradores envolvidos na segurança do trabalho (SEMST e Cipa), e de outros setores da empresa (segurança patrimonial, manutenção e outros), com a intenção de alcançar melhorias no planejamento dos exercícios e de promover participação na parte preventiva. Para uma melhoria contínua, é importante atentar a outros detalhes que possam ser úteis nos planos de emergência, como deixar em local visível e acessível telefones de emergência (Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Polícias Civil e Militar, hospitais etc.), mapas dos arredores para possível locomoção de transporte das vítimas e planos de ajuda mútua com empresas e edificações vizinhas, em caso de necessidade. Observação Para que o plano de abandono tenha êxito, são importantes treinamentos periódicos envolvendo a equipe da brigada e a população local. 7.6 Plano de gerenciamento de risco 7.6.1 Sistema de gestão Ao estudarmos as funções administrativas, verificamos que o planejamento, a organização, a coordenação, a direção e o controle constituem-se no processo de gerir pessoas e organizações em busca da realização dos objetivos propostos. Sistema de Gestão, segundo Cicco (1996 apud MULATINHO, 2001), [...] é um conjunto, em qualquer nível de complexidade, de pessoas, recursos, políticas e procedimentos, componentes esses que interagemde modo organizado para assegurar que [...] uma dada tarefa seja realizada, ou para alcançar um resultado especificado (CICCO, 1996 apud MULATINHO, 2001, p. 45). Já segundo Cardella (1999 apud MULATINHO, 2001, p. 45), “Sistema de Gestão é um conjunto de instrumentos inter-relacionados, interatuantes e interdependentes, que a organização utiliza para planejar, operar e controlar suas atividades para atingir objetivos”. 133 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL A gestão eficiente e eficaz é feita de forma que as necessidades e os objetivos das pessoas sejam consistentes e complementares aos objetivos da organização a que elas estão ligadas. Os objetivos de uma organização devem ser definidos de forma clara e concisa, comunicados a todos os níveis hierárquicos e conhecidos por todos os elementos envolvidos na execução dos trabalhos. Segundo Cardella (1999 apud MULATINHO, 2001, p. 46), a empresa é, ao mesmo tempo, uma unidade de produção e uma organização social sobre a qual influi a realidade social, econômica e cultural de seus trabalhadores e consumidores, e “são instrumentos do sistema de gestão: princípios, objetivos, estratégias, política, diretrizes, sistemas organizacionais e operacionais, programas (projetos, metas, planos), atividades, métodos, normas e procedimentos”. Estes instrumentos de gestão podem ser definidos da seguinte forma: • Princípio é a base sobre a qual o sistema de gestão é construído. Resulta da filosofia, do paradigma dominante. • Objetivos são os resultados que se deseja atingir. • Estratégia é um caminho para atingir o objetivo. • Política é um conjunto de regras comportamentais ou colocação dos objetivos como guia para a ação administrativa. • Diretriz é uma orientação, são linhas mestras de ação para cada área de trabalho. • Sistema organizacional é um sistema no qual as relações entre pessoas predominam sobre as relações entre equipamentos. • Sistema operacional é aquele em que predominam as relações entre equipamentos sobre as relações entre pessoas. • Programa é um conjunto de ações desenvolvidas dentro de um determinado campo de ação. É constituído por objetivos específicos, diretrizes, estratégias, metas, projetos, atividades e planos de ação. • Meta é um ponto intermediário na trajetória que leva ao objetivo. • Projeto é a menor unidade de ação com características repetitivas, utilizadas para atingir e/ou manter metas e objetivos. • Plano de ação é um conjunto de ações integradas para atingir determinada meta, com indicação de quem, quando e onde serão executadas. 134 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade IV • Método é um caminho geral para resolver problemas. • Normas são regras que asseguram os procedimentos. Regras são restrições impostas a procedimentos, processos, operações ou equipamentos. • Procedimento é o detalhamento de atividades que devem ser executadas. Observação “A gestão eficiente e eficaz é feita de forma que as necessidades e [os] objetivos das pessoas sejam consistentes e complementares aos objetivos da organização a que elas estão ligadas” (CARDELLA, 1999, p. 51). Existe uma grande diferença entre gerenciar pessoas e gerenciar com pessoas. No primeiro caso, as pessoas são o objeto da gerência, elas são guiadas e controladas para o alcance de determinados objetivos. No segundo caso, as pessoas são o sujeito ativo da gerência, elas é que guiam e controlam para alcançar determinados objetivos individuais e organizacionais. Segundo Chiavenato (1997 apud MULATINHO, 2001, p. 48), gerenciar é chegar a um alto grau de cooperação e de comprometimento, isto é, mais do que gerenciar pessoas, é gerenciar com pessoas. Esse é o caminho para a modernização e a competitividade das empresas. Toda atividade acidental, supérflua ou residual deve ser eliminada prontamente. O gerente precisa ser objetivo, tornar a organização mais flexível, mais elástica, mais maleável, mais rápida e, sobretudo, mais humana. Na realidade, gerenciar com pessoas é a principal consequência da gerência participativa. O gerenciamento participativo é uma evolução do processo democrático e constitui uma forma de administração na qual as pessoas tenham possibilidades de: participar; questionar; discutir; sugerir; e alterar um projeto, uma decisão ou uma proposta. Todas as pessoas têm visão clara do negócio, conhecem os objetivos e as metas pretendidas, e as decisões são do grupo, mediante consenso e máximo envolvimento das pessoas. As responsabilidades são definidas para permitir a contribuição pessoal e a grupal. O futuro das organizações está: na administração participativa; no envolvimento dos profissionais; no clima organizacional (sentimento em relação à empresa); na valorização da mudança; na liderança situacional; no planejamento estratégico situacional; na responsabilidade objetiva; na democratização das informações; na valorização do trabalho; e na valorização dos clientes. A administração participativa representa o envolvimento das pessoas na gestão da empresa, supõe um processo de mudança cultural. Nas empresas em que as pessoas são ouvidas, as ideias e sugestões podem fluir com mais facilidade, trazendo importantes contribuições para os negócios (CHIAVENATO, 1994 apud MULATINHO, 2001). 135 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL 7.6.2 Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho/British Standard – BS8800 A Norma BS 8800 é de origem britânica, elaborada pelo Occupational Health and Safety Management – Comitê Técnico HS de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho. Levou aproximadamente 15 meses para ser discutida a aprovada oficialmente. Entrou em vigor no dia 15 de maio de 1996. Trata-se de um guia de diretrizes aplicável a qualquer organização, independentemente do tamanho ou da natureza do negócio. Compatível com as Normas Regulamentadoras (NR) do Ministério do Trabalho, complementar a outros Sistemas de Gestão existentes e integrável à ISO 9001 e à ISO 14001, fornece a estrutura (diz o que fazer). Os anexos da norma dão detalhes de como implementar os vários elementos do sistema – a norma diz como fazer, não é certificável, recebe da entidade certificadora apenas um certificado que atesta a conformidade aos requisitos da norma. Norma é uma regra que estabelece como o serviço deve ser realizado, é um documento que contém instruções estruturadas e objetivas com fins determinados. Essa norma tem como objetivos principais aumentar a eficiência produtiva; fortalecer a competição de mercado; facilitar acesso à informação, de forma organizada, sistemática e criteriosa, constituindo um instrumento de consulta permanente para todas as pessoas da empresa; padronizar e uniformizar o desempenho das pessoas; assegurar a compatibilidade física e funcional; propiciar gerenciamento eficaz de processos; e contribuir para o bem-estar do cidadão. A norma BS 8800 propõe um modelo de gestão, dá orientações quanto ao desenvolvimento de Sistemas de Gestão da SST e à ligação com outras normas sobre Sistemas de Gestão, devendo-se observar a influência dos fatores humanos, culturais, políticos etc. dentro das organizações que podem determinar ou destruir a eficácia de qualquer Sistema de Gestão. Tais fatores devem ser analisados cuidadosamente quando da implementação do guia. A partir de critérios definidos, as organizações poderão ser capazes de estabelecer procedimentos para definir políticas e objetivos, implementar o Sistema de Gestão de SSTe demonstrar que os atingiram. É necessário tratar a segurança e a saúde no trabalho como um sistema, buscando sinergia e otimização do desempenho das várias partes funcionais de uma empresa. No Brasil, algumas organizações estão adotando a BS 8800 como padrão de referência do sistema de gestão de SST. De acordo com Cicco (1996 apud MULATINHO, 2001), para a implantação de um Sistema de Gestão eficaz, deverão ser observados o porte da organização, as atividades desenvolvidas, os perigos existentes e as condições de funcionamento para a definição da forma e da extensão dos elementos a serem aplicados. A BS 8800 abrange alguns elementos do Sistema de Gestão, como os seguintes. • Análise crítica da situação: o objetivo é fazer o diagnóstico da situação atual da empresa, analisando as ações que estão sendo desenvolvidas, e adequá-las no processo de planejamento do Sistema de Gestão. 136 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade IV • A política de SST: consiste em características, como o comprometimento da alta administração com o desempenho dos negócios e o reconhecimento da importância da SST; o fornecimento de recursos; o estabelecimento de objetivos e o envolvimento e treinamento de funcionários de todos os níveis; e a realização de auditoria periódica de conformidade com a política. • Planejamento: significa visualizar o futuro e traçar o programa de ação definindo o que, quem, onde, quando, para que o resultado desejado seja atingido, ressaltando, nesse planejamento, a importância da avaliação de riscos que deve ser realizada pela organização. • Implementação e operação: a norma prevê a existência de um representante da alta administração para coordenar e garantir a implementação e o desempenho do sistema. • Verificação e ação corretiva: a mensuração do desempenho consiste em identificar os erros ou desvios, a fim de corrigi-los e evitar sua repetição, bem como em informar se tudo está sendo realizado em conformidade com o que foi planejado e organizado, para assegurar que os objetivos sejam atingidos. • Análise crítica pela administração: deverão ser realizadas análises críticas periódicas para identificar que ação é necessária para corrigir quaisquer deficiências, observando-se o desempenho macro do Sistema de Gestão de SST; o desempenho dos elementos individuais do sistema; as observações das auditorias; fatores internos e externos, como mudanças na estrutura organizacional; pendências legais; introdução de novas tecnologias; e outros. Além desses elementos, a BS 8800 conta com seis anexos, nomeados: A, B, C, D, E e F. O Anexo A mostra a inter-relação deste guia com a ISO 9001, bem como orienta as organizações que já operam ou que desejam operar a norma internacional sobre Sistemas de Gestão de Qualidade, para integrar a SST ao seu Sistema de Gestão planejado ou existente. O Anexo B contém orientações em relação à organização, bem como fornece orientação sobre alocação de responsabilidades e organização de pessoas, recursos, comunicações e documentação para definição e implantação da política e administração eficaz do SST. O planejamento e a implementação do SST estão contidos no Anexo C, que descreve um procedimento de planejamento que as organizações que desejem desenvolver qualquer aspecto do seu Sistema de Gestão podem utilizar. O Anexo D explica a necessidade, os princípios e a prática da avaliação de riscos de SST, considerando a natureza de suas atividades e a gravidade de seus riscos. O Anexo E mostra diversas maneiras de adotar a mensuração do desempenho e explica a sua necessidade. É necessário que os responsáveis por essa atividade sejam competentes em fazê-la. O Anexo F orienta sobre como operar um sistema de auditoria de Segurança e Saúde no Trabalho, de acordo com as necessidades e o tamanho das organizações, imprescindível para o funcionamento de um Sistema de Gestão eficaz, bem como define as decisões-chave e mostra como dirigi-las. Esse guia poderá ser utilizado em organizações de grande, médio e pequeno porte, independentemente das atividades que realizam. Auxilia no conhecimento dos processos produtivos e administrativos de uma empresa, identificando aqueles que podem motivar a ocorrência de incidentes críticos, acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Quanto à aplicação, deverá ser realizada proporcionalmente, de 137 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL acordo com o levantamento das necessidades feito por cada organização. A administração da empresa deve definir, documentar e ratificar sua política de Segurança e Saúde no Trabalho (SST). A gestão efetiva de um Sistema de Gestão de SST determina a redução de custos e promove a eficiência dos negócios. 7.6.3 Inspeções e relatórios de segurança Para que se possam observar as não conformidades relacionadas à segurança do trabalho, é importante que se inspecionem os aspectos importantes que a compõem, como os dispositivos de segurança, os equipamentos de proteção, os locais de trabalho, os procedimentos operacionais e outros fatores de gestão de segurança do trabalho, por meio de medidas de controle e averiguação, e que se ateste a eficácia dos trabalhos de prevenção. Uma das formas mais conhecidas de inspecionar os locais de trabalho e, ao mesmo tempo, orientar os trabalhadores – e que é muito utilizada pelos profissionais do SESMT – é o Diálogo Diário de Segurança (DDS). Este tem como finalidade despertar diariamente a conscientização prevencionista nos colaboradores, por meio de conversas rápidas, durando em torno de cinco minutos, no próprio local de trabalho e com assuntos relacionados às atividades exercidas na empresa. O DDS não é uma reunião, mas deve ser considerado como um momento de reflexão, conscientização, orientação e até mesmo de cobrança a respeito de procedimentos que não estão sendo cumpridos. Por isso a importância do registro da presença dos participantes como garantia da ciência deles sobre os assuntos tratados. Falando em prevenção, é importante a conscientização sobre a necessidade de instrumentos de checagem, que só são possíveis por meio de um relatório de inspeção para averiguação de requisitos de segurança, manutenção e procedimentos obrigatórios em máquinas e equipamentos, como os exigidos na NR 13 e na NR 23. A adoção de instrumentos de checagem, além de obrigatória, tem a vantagem de não permitir que itens importantes sejam esquecidos na inspeção, principalmente, em dispositivos que requeiram atenção rigorosa, como averiguações de avarias físicas nos equipamentos, datas de validade de manutenção, substituição de dispositivos de segurança e recomendações. Em alguns casos, se negligenciada, a falta da checagem pode resultar em graves acidentes, como incêndios e explosões. Ao profissional de segurança do trabalho, é requerido que esteja atento à elaboração de documentos atribuídos à sua área, pois há uma infinidade de anexos nas Normas Regulamentadoras do MTE que servem de modelo na criação de matrizes para relatórios, atas de reunião e documentos de controle, além de outras finalidades. Os relatórios de segurança também têm o propósito de descrever acidentes, incidentes, irregularidades, medidas de correção, dentre outras informações importantes e que devem constar por obrigatoriedade 138 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade IV legal e para facilitar a análise do acidente e do sinistro na empresa, como data da ocorrência, dados do empregador e do empregado e descriçãodos acontecimentos. 7.6.4 Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Sipat) A Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Sipat) é um evento muito importante. É o momento em que a Cipa e o SESMT têm a oportunidade de acentuar ainda mais os conceitos prevencionistas a respeito da segurança do trabalho e da saúde ocupacional, que muitas vezes são negligenciados por funcionários e até pelos próprios empregadores, que ainda enxergam esse nobre evento como mera obrigação legal. Trata-se de uma semana dedicada a palestras, avaliações médicas e reuniões especiais com a finalidade de promover para todos os envolvidos uma reflexão sobre a conscientização acerca da segurança não só dentro da empresa, mas também em seus lares, no lazer, no trânsito e em outras atividades sociais. Alguns temas que podem ser abordados, não só para os empregados, mas, se possível, estender-se a outros atores da sociedade: • campanha de prevenção da aids; • campanha de prevenção e conscientização sobre o alcoolismo e o consumo de drogas; • acidentes de trânsito em virtude do consumo de álcool; • consequências do uso do tabaco; • incentivo à doação de sangue; • qualidade de vida e mudança de estilo de vida (alimentação, atividade física, lazer etc.). Lembrete O gerenciamento de risco em instalações ou atividades perigosas deve apresentar medidas de prevenção contra acidentes maiores, o que exige a atuação sobre a frequência de ocorrência de falhas que possam resultar em acidentes, e as possíveis consequências desses acidentes, caso venham a acontecer. 8 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO E A PREVIDÊNCIA SOCIAL 8.1 Previdência Social A Previdência Social é um seguro que garantirá uma renda ao trabalhador ou à sua família quando ocorrer perda temporária ou permanente da capacidade de trabalho em decorrência dos riscos sociais. 139 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL A Lei Elói Chaves, criada em janeiro de 1923, por meio do Decreto nº 4.682, foi considerada a primeira lei brasileira de Previdência Social. Tudo começou com a Caixa de Aposentadorias e Pensões destinada aos empregados de empresas ferroviárias, criada pelo Congresso Nacional, que os beneficiava com assistência médica, remédios subsidiados, auxílio-funeral e pensões para seus dependentes. Em 1926, os benefícios foram estendidos também para os trabalhadores das empresas portuárias e marítimas. Com a Era Vargas, em 1930, houve a reestruturação da Previdência Social, sendo incorporadas praticamente todas as categorias de trabalhadores urbanos. Ocorreu a criação de grandes Institutos Nacionais de Previdência. O financiamento dos benefícios começou a ser repartido entre os funcionários, os empregadores e o Governo Federal, em observação à seguridade social, o que foi um conceito inspirado na legislação previdenciária americana, com uma nova concepção de seguro social total que procurava abranger toda a população na luta contra a miséria, auxiliando na garantia de condições sociais dignas. A Lei Orgânica de 1960 originou a doutrina previdenciária atual. A Previdência Social foi elevada à condição de Instituto, passando a abranger quase todos os trabalhadores urbanos brasileiros. Também unificou a legislação previdenciária relativa a todos os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IPAs): Marítimos, Bancários, Trabalhadores em Estiva e Transporte de Cargas, Industriários e Servidores do Estado. Cria-se, portanto, o princípio da universalidade, incluso na Constituição Federal de 1988. Criado em 1967, o Instituto Nacional da Previdência Social (INPS), por meio da fusão dos IAPs, era responsável por toda a assistência médica dos trabalhadores formais. O trabalhador contribuía com 8% de seu salário, mais 8% da folha de pagamento da empresa, independentemente da função ou do cargo exercido dentro da organização. No entanto, a assistência somente cobria os trabalhadores autônomos ou os empregadores que contribuíssem em dobro para o INPS, ou seja, com 16% da sua renda básica. O Ministério da Previdência e Assistência Social foi criado em 1974 e passou a ter todas as atribuições referentes à Previdência Social. Ao INPS cabia a concessão de benefícios, a readaptação do profissional às atividades de trabalho e o amparo aos idosos, enquanto ao Instituto de Administração da Previdência e Assistência Social (Iapas) cabia a responsabilidade de administrar e recolher recursos. Por fim, ao Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps) cabia administrar o sistema de saúde previdenciário. Em 1976, houve a consolidação do processo de criação do Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (Sinpas), bem como a criação do Fundo de Previdência e Assistência Social como instrumento financeiro. O Sinpas era composto por: • Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (Iapas). • Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). • Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps). • Fundação Legião Brasileira da Assistência (LBA). 140 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade IV • Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (Funabem). • Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social (Dataprev). • Central de Medicamentos (Ceme). Com a Constituição de 1988, houve a unificação formal de algumas dessas estruturas, e foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS), pela Lei nº 8080/90, tendo sido realizada a incorporação de hospitais universitários do Ministério da Educação, ben como das redes públicas e privadas conveniadas de saúde nos Estados e Municípios, formando um sistema que tem abrangência nacional. O artigo 201 da Constituição Federal ainda determina que a Previdência Social seja organizada sob regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória. Observando critérios que preservem o equilíbrio financeiro, a Previdência Social atenderá, nos termos da lei: • à cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte ou idade avançada; • à proteção à maternidade, especialmente, à gestante; • à proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; • ao salário-família e ao auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; • à pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e aos dependentes. É comum as pessoas se confundirem sobre quais são as responsabilidades do INSS e quais são as responsabilidades do SUS. O INSS está vinculado ao Ministério da Previdência Social, sendo responsável pela concessão de benefícios aos seus contribuintes em casos de doença, invalidez, morte e idade avançada, além de dar proteção à maternidade. Dispõe de serviços de perícia médica e reabilitação de trabalhadores que estão vinculados à Previdência Social, e, para que o servidor tenha acesso aos benefícios, ele deve ser contribuinte. Já o SUS é vinculado ao Ministério da Saúde, sendo responsável pela assistência à saúde de todo cidadão, contribuinte ou não do INSS. Dispõe de atendimento médico, internações, tratamentos e reabilitação. Para a melhor compreensão sobre o tema, vamos destacar alguns conceitos básicos: • benefícios previdenciários: são os benefícios concedidos em razão da incapacidade proveniente de causa comum; • benefícios acidentários: são os benefícios concedidos nos casos de incapacidade decorrente de acidentes do trabalho, incluindo doença ocupacional; 141 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL• carência: é o tempo de contribuição exigido para se garantir o recebimento da aposentadoria ou de outros benefícios a que tem direito o segurado; • acidente de trabalho: ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, ou ainda a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade laborativa. São considerados acidentes de trabalho as seguintes condições: • doença profissional: por exemplo, distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho, em digitadores; faringite, no professor; • doença do trabalho: presença, no ambiente de trabalho, de agente físico, químico ou biológico (pneumoconiose, silicose, câncer). Não são considerados doenças do trabalho: • doença degenerativa; • doença inerente ao grupo etário; • doença que não produza incapacidade laborativa; • doença endêmica adquirida por habitante em região na qual essa enfermidade se desenvolva. Equiparam-se a acidentes de trabalho: • acidente ligado ao trabalho que tenha contribuído diretamente para a morte do segurado, ou ainda para a redução ou a perda da sua capacidade laborativa, mesmo que não tenha sido sua única causa; • ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou colega de trabalho; • ofensa física intencional, mesmo de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; • ato de imprudência, negligência ou imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; • ato de pessoa privada do uso da razão; • desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos decorrentes de força maior; • doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; • acidentes sofridos pelo segurado, ainda que fora do local e do horário de trabalho, quando: 142 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade IV — na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; — na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou lhe proporcionar proveito; — em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo, quando financiada pela empresa dentro de seus planos para melhor capacitação de mão de obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive de propriedade do segurado; — no percurso da residência para o local de trabalho, ou vice-versa, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. Os benefícios oferecidos pelo regime da Previdência Social para os contribuintes são os listados a seguir: • auxílio-doença; • auxílio-acidente; • aposentadoria por invalidez; • auxílio-reclusão; • pensão por morte; • salário-maternidade; • salário-família; • aposentadoria por idade; • aposentadoria por tempo de contribuição; • aposentadoria especial. Vamos destacar aqui os benefícios que estão relacionados com a necessidade do amparo ligada ao trabalho, no que diz respeito à segurança e à manutenção da saúde. Lembrete O INSS está vinculado ao Ministério da Previdência Social, sendo responsável pela concessão de benefícios ao contribuinte. Já o SUS é vinculado ao Ministério da Saúde e é responsável pela assistência à saúde de todo cidadão, contribuinte ou não do INSS. 143 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL Auxílio-doença Benefício concedido ao segurado que ficar incapacitado temporariamente para o trabalho, por motivo de doença ou acidente de qualquer causa ou natureza. Todos os segurados têm o direito a receber auxílio-doença a partir do 16º dia de incapacidade. Já os contribuintes individual, doméstico, avulso, especial e facultativo têm o direito a receber auxílio-doença a partir da data em que ocorreu a incapacidade. A carência mínima para o recebimento do auxílio-doença é de 12 contribuições, sendo o valor do benefício de 91% do salário de benefício. Em alguns casos especiais não há a necessidade desta carência mínima. São eles: • tuberculose ativa; • hanseníase; • alienação mental (loucura); • neoplasia maligna (câncer); • cegueira; • paralisia irreversível e incapacitante; • cardiopatia grave; • doença de Parkinson; • espondiloartrose anquilosante (artrose aguda nas vértebras); • nefropatia grave; • estado avançado da doença de Paget (inflamação deformante nos ossos); • síndrome da imunodeficiência adquirida (aids); • contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina especializada; • hepatopatia grave. Auxílio-acidente Benefício cedido como indenização ao segurado empregado, trabalhador avulso, segurado especial e ao médico-residente que sofram lesões ou apresentem sequelas de acidentes de qualquer natureza ou 144 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade IV decorrentes de acidente de trabalho. Concedido para segurado que recebia auxílio-doença acidentário ou previdenciário. O auxílio-acidente pode ser acumulado com outros benefícios pagos pela previdência, exceto com a aposentadoria. Quando for concedida a aposentadoria, o valor do auxílio-acidente será computado como salário de contribuição. Nesse caso não é exigido o cumprimento de período de carência, e seu valor corresponderá a 50% do salário de benefício. Aposentadoria por invalidez Benefício pecuniário concedido ao segurado que, estando ou não em auxílio-doença, seja considerado incapaz definitivamente para o trabalho e insuscetível de reabilitação. Todos os segurados têm o direito de receber o benefício da aposentadoria por invalidez, sendo a carência mínima de 12 contribuições mensais para a Previdência Social. No caso de incapacidade provocada por acidentes de qualquer natureza, não é exigida a carência. O valor do benefício é de 100% do salário de benefício, com acréscimo de 25% caso haja a necessidade de assistência permanente de outra pessoa. Para este benefício é obrigatório o exame médico pericial, e não deve ocorrer o diagnóstico de doença preexistente. O beneficiado deve se afastar de todas as atividades laborais, e, no caso de requerer reversão dessa condição, uma revisão pode ser solicitada. As situações em que há a necessidade do acréscimo de 25% são: • cegueira total; • perda de nove dos dez dedos da mão ou mais; • paralisia dos dois membros superiores ou inferiores; • perda de membro inferior acima do pé, quando for impossível o uso de prótese; • perda de uma das mãos ou dos dois pés, mesmo quando for possível o uso de próteses; • perda de um membro superior e um inferior, quando for impossível o uso de prótese; • alteração mental, com grave perturbação organizacional e social; • doença que exija permanência contínua em leito; • incapacidade permanente para atividades da vida diária. 145 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL Pensão por morte Benefício pago aos dependentes quando o segurado falecer. Pode ser concedido por motivo de acidente de trabalho ou de morte natural. Não é exigido o cumprimento do tempo de carência; basta que se comprove a qualidade de segurado. A pensão tem o mesmo valor da aposentadoria do segurado falecido. Caso o segurado ainda não tenha se aposentado quando do falecimento, calcula-se uma aposentadoria por invalidez com início na data do óbito. Caso haja mais de um dependente com direito à pensão,o valor é repartido igualmente entre eles. Aposentadoria especial Concedida aos segurados empregados, exceto domésticos, e aos trabalhadores avulsos que tenham trabalhado em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos, de acordo com o nível de exposição aos agentes nocivos. Para ter direito ao benefício, é necessário ter contribuído por pelo menos 15 anos para a Previdência Social. O valor da aposentadoria corresponde a 100% do salário de benefício. A aposentadoria especial é concedida ao contruibuinte que sofre acidentes nas atividades ou exposição a longo prazo, por exemplo, extração, fabricação, transporte, manipulação, manutenção e operação que envolva agentes como carvão mineral, chumbo, cromo, cloro, ruído acima de 90 dB, sílica, níquel, mercúrio e iodo. A exposição a fósforo, petróleo, xisto betuminoso, asbestos (amianto), dissulfeto de carbono, temperaturas anormais (NR 15), pressão atmosférica anormal, microrganismos e parasitas infecciosos vivos e suas toxinas e radiações ionizantes estão entre as causas mais frequentes apontadas como motivo de aposentadorias especiais. Saiba mais Para aprofundar seus conhecimentos sobre a atuação da Previdência Social, acesse o site: <http://www.mpas.gov.br/>. 8.2 Indicadores estatísticos na gestão da segurança e saúde do trabalhador Na gestão da segurança e saúde do trabalhador os indicadores estatísticos assumem um papel de grande importância na prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Os métodos estatísticos são amplamente utilizados nos estudos de Higiene e Segurança do Trabalho como ferramentas para a gestão da segurança e saúde do trabalhador, no planejamento e controle das condições de segurança do trabalho. Com essa finalidade, são usados indicadores para comparar situações em diferentes locais e atividades, bem como para avaliar a eficácia de intervenções necessárias para melhorias das condições de trabalho. Dentre os indicadores mais usados, têm-se aqueles recomendados pela OIT e pela saúde pública. 146 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade IV 8.2.1 Indicadores recomendados pela OIT É recomendado pela OIT o uso de pelo menos dois indicadores: as taxas de frequência e as de gravidade. A taxa de frequência (F) é dada pelo número de acidentes por milhão de horas-homem de exposição ao risco, em determinado período. Para um período anual, utilizaremos a seguinte fórmula: F = Nº total de acidentes x 1.000.000 horas-homem de exposição ao risco De acordo com Mattos e Másculo (2011), embora a ABNT NBR 14280:2001 recomende como denominador o uso de “horas-homem de exposição ao risco”, no Brasil é utilizado o denominador de “horas-homem trabalhadas”. Dessa forma, o cálculo poderá apresentar um impacto bem menor nos resultados, já que o total de horas trabalhadas será maior que o número de horas de exposição ao risco. A taxa de gravidade (G) se dá pelo tempo computado por milhão de horas-homem de exposição ao risco em determinado período. Segundo Mattos e Másculo (2011, p. 27), para a ABNT NBR 14280:2001, o tempo computado consiste no tempo contado em “dias perdidos, pelos acidentados, com incapacidade temporária total” mais os “dias debitados pelos acidentados vítimas de morte ou incapacidade permanente, total ou parcial”. Os dias perdidos são os dias corridos de afastamento do trabalho em virtude de lesão pessoal, excetuados o do acidente e o da volta ao trabalho. Para o período anual, calcularemos da seguinte forma: G = Tempo computado x 1.000.000 horas-homem de exposição ao risco 8.2.2 Indicadores recomendados pela saúde pública Os indicadores da saúde pública utilizados são: taxa de mortalidade, taxa de letalidade e anos potenciais perdidos. A taxa de mortalidade (M) será calculada pelo número de óbitos por milhão de horas-homem de exposição ao risco ou por número de pessoas expostas em determinado período. Já a taxa de letalidade (L) será calculada pelo número de óbitos por número de acidentes ocorridos em determinado período, enquanto os anos potenciais perdidos (APP) serão calculados pela soma das diferenças entre a idade-limite para trabalhar e a idade do óbito do trabalhador. 147 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL Trata-se de um indicador de grande sofisticação, permitindo avaliar o impacto gerado em situações nas quais ocorrer a morte prematura da população trabalhadora. O APP será maior quanto mais jovem for o trabalhador. Saiba mais A tabela de dias debitados está anexa à NR 5 e atribui o valor de dias debitados para cada natureza de agravo. BRASIL. Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho. Portaria n° 33, de 27 de outubro de 1983. Brasília, 1983. p. 24-5. Disponível em: <http:// portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812C13D0FE012C13F1E6FE74D8/ p_19831027_33a.pdf>. Acesso em: 12 fev. 2015. Outra forma de encarar a gravidade de acidentes na empresa está no impacto, medido por meio do custo dos acidentes. Afinal, sabe-se que, em cada acidente, não apenas o acidentado é atingido, mas há também a perda de materiais, a absorção de outras pessoas (para socorrer o acidentado, para comentar o evento, para recolocar o sistema em funcionamento), o consumo de materiais e equipamentos no atendimento às vítimas e outros gastos. A soma dos valores monetários desses consumos pode ser empregada para se chegar à conclusão quanto aos pontos críticos. Nessa perspectiva, os segmentos de capital intensivo, por concentrarem maior parcela de capital nas mãos de poucas pessoas, tendem a apresentar maior custo de acidentes. Provavelmente resida nesse fato a explicação para se verificarem menores taxas de acidentes nesses setores do que nos artesanais de mão de obra intensiva, tais como a construção civil e a extração de madeira. Resumo Aprendemos que os elementos necessários para o surgimento do fogo são o combustível, o comburente, o calor e a reação em cadeia (tetraedro do fogo) e que um incêndio pode se propagar de três maneiras: convecção, condução e irradiação. Foram abordadas as classes de incêndios, os tipos de extintores e as diversas formas de extinção do fogo. Vimos também alguns dispositivos de detecção de incêndio, brigada de incêndio e plano de abandono, itens importantes de prevenção e combate em caso de sinistro, bem como os riscos de explosões e os cuidados no caso de vazamento de gás. 148 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Unidade IV Tratamos da história e da evolução da Previdência Social, um seguro que garante uma renda ao trabalhador ou à sua família no caso de ocorrência de perda da capacidade de trabalho. Por fim, apresentamos os métodos estatísticos utilizados na gestão da segurança e saúde do trabalhador, que são usados para comparar situações em diferentes locais e atividades, visando à melhoria das condições de trabalho. Exercícios Questão 1. (CESGRANRIO 2011) O conhecimento dos equipamentos de combate a incêndios, sua destinação e utilização são de responsabilidade da Cipa, o que inclui os extintores de incêndio. Nessa perspectiva, qual dos extintores não é adequado à classe de incêndio direcionada? A) CO2, para incêndios classe B. B) CO2, para incêndios classe C. C) PQS, para incêndios classe C. D) AP, para incêndios classe C. E) AP, para incêndios classe A. Resposta correta: alternativa D. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: CO2 para incêndios na classe B é eficiente.Classe B: líquidos e gases inflamáveis, ou em sólidos que se liquefazem para entrar em combustão (gasolina, GLP, parafina etc.). Neste caso não se pode usar extintores à base de água. B) Alternativa incorreta. Justificativa: CO2 para incêndios na classe C é eficiente. Classe C: equipamentos elétricos energizados( motores, geradores, cabos, etc.). Extintores de pó químico e de gases são os permitidos para esse tipo de incêndio. C) Alternativa incorreta. Justificativa: PQS para incêndios na classe C é eficiente, porém pode danificar equipamentos delicados. 149 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 HIGIENE OCUPACIONAL D) Alternativa correta. Justificativa: AP para incêndios classe C não tem eficiência, exceto se pulverizada. E) Alternativa incorreta. Justificativa: AP para incêndios classe A tem excelente eficiência. Classe A: materiais sólidos fibrosos, tais como madeira, papel, tecido etc., que se caracterizam por deixar, após a queima, resíduos como carvão e cinza. Essa classe de incêndios deve ser combatida com extintores de H2O ou de espuma. Questão 2. (CESGRANRIO 2011). A Gestão de Saúde e dos Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional é norteada nacionalmente pelos diplomas legais vigentes e pela Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador. Os ministérios responsáveis pelo desenvolvimento da Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador, de forma articulada e cooperativa, são os: A) Do Trabalho e Emprego, da Previdência Social e da Saúde. B) Do Trabalho, da Educação e da Saúde. C) Do Trabalho, da Previdência Social e da Justiça. D) Da Educação, da Justiça e da Saúde. E) Da Defesa, da Previdência Social e da Saúde. Resolução desta questão na plataforma. 150 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 1 FILE000558404364.JPG. Disponível em: <http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/h/heirbornstud/ preview/fldr_2008_11_02/file000558404364.jpg>. Acesso em: 12 fev. 2015. Figura 2 FILE0001493916057.JPG. Disponível em: <http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/d/dantada/ preview/fldr_2008_11_11/file0001493916057.jpg>. Acesso em: 5 fev. 2015. Figura 3 Grupo Unip-Objetivo. Figura 4 WARNING-ICON-42-1023134-M.JPG. Disponível em: <http://www.freeimages.com/assets/182971/ 1829703700/warning-icon-42-1023134-m.jpg>. Acesso em: 5 fev. 2015. Figura 5 Grupo Unip-Objetivo. Figura 6 TESTO-815-SOUND-LEVEL-METER_PDPZ.JPG. Disponível em: <http://www.testo.com.br/resources//media/ global_media/produkte/testo_815/testo-815-sound-level-meter_pdpz.jpg>. Acesso em: 10 fev. 2015. Figura 7 3MTM-THE-EDGETM-NOISE-DOSIMETER-PRODUCT-IMAGE.JPG. Disponível em: <http://multimedia.3m. com/mws/media/765411P/3mtm-the-edgetm-noise-dosimeter-product-image.jpg>. Acesso em: 10 fev. 2015. Figura 8 A5C1G8G8-MLM-1011.JPG. Disponível em: <http://www.minipa.com.br/Content/Produtos/Thumb/ A5C1G8G8-MLM-1011.jpg>. Acesso em: 10 fev. 2015. Figura 9 PCE DEUTSCHLAND GMBH. Multi – Gasprüfgerät MX6 iBRID. Meschede: PCE, [s.d.]. p. 6. Disponível em: <http://www.warensortiment.de/datenblatt/datenblatt-gasmessgeraet-mx6.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2015. 151 GS T - Re vi sã o: R os e/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 4/ 02 /2 01 5 // 2 ª R ev isã o: Ju lia na - C or re çã o: M ár ci o - 11 /0 3/ 20 15 Figura 10 20111008201038.JPG. Disponível em: <http://www.lutron.com.tw/ImgLutron/20111008201038.jpg>. Acesso em: 10 fev. 2015. REFERÊNCIAS Textuais AULETE, F. J. C.; VALENTE, A. L. S. Penoso. In: ___. iDicionário Aulete. Rio de Janeiro: Lexikon, 2015. Disponível em: <http://www.aulete.com.br/penoso>. Acesso em: 6 fev. 2015. BARSANO, P. R. Segurança do Trabalho para Concurso Público. Rio de Janeiro: Livre Expressão, 2011. BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P. Higiene e segurança do trabalho. São Paulo: Érica, 2014. ___. Segurança do trabalho: guia prático e didático. São Paulo: Érica, 2012. BIBLIOTECA VIRTUAL DE DIREITOS HUMANOS DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Constituição da Organização Mundial da Saúde em 1946. São Paulo, 1946. 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