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MALÁRIA: • Doença febril infectoparasitária. • transmitida pelo mosquito do gênero Anopheles. alberga Plasmodium sp. em suas glândulas salivares. • Só a fêmea que é hematófoga • 90% dos casos encontram-se na Africa • A malária no Brasil incide fundamentalmente na bacia amazônica. (Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Rondônia, Pará, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão) PLASMODIUM – existem 5 espécies infectantes do homem: (1) Plasmodium vivax; - corresponde a 80% dos casos aqui no Brasil. (2) Plasmodium falciparum; - responsável pelas formas graves. (3) Plasmodium malariae; (4) Plasmodium ovale (restrito à África); (5) Plasmodium knowlesi (restrito ao sudeste asiático) Classe Sporozoa – aflagelado – possui duas formas em seu ciclo evolutivo: forma assexuada (esquizogonia) do hospedeiro definitivo (homem) e a forma sexuada (esporogonia) quando no hospedeiro intermediário (mosquito) CICLO EVOLUTIVO: CICLO PRÉ-ERITROCITÁRIO (hepático): mosquito anofelino pica o ser humano → injeta na corrente sanguínea o conteúdo de suas glândulas salivares → esporozoítas do plasmódio, que passa a circular livremente por 30-60 minutos → primeira célula a ser infectada é o hepatócito (CSP proteína do revestimento se liga a membrana do hepatócito) entra na célula hepatica → passa a ser um criptozoíta → primeiro ciclo de reprodução assexuada – a esquizogonia tecidual. → forma o esporozoíta (célula multinucleada) → 6 a 16 dias → forma os merozóitas (células filhas) → rompem os hepatócitos → soa liberadas nos sinusoides hepáticos → infectam as hemácias. CICLO ERITROCITÁRIO: Merozoítos invadem hemácias → inicam outro ciclo reprodutivo assexuado → esquizogonia eritrocitária (causa os acessos maláricos) → amadurece e forma o trofozoíta em anel → cresce e forma um esquizonte eritrocitário que gera um novo grupo de meerozoítas (48-72horas) esses merozoitas podem infectar outras hemaceas .... no sangue do ser humano, alguns merozoítas que penetram nas hemácias, em vez de iniciar nova esquizogonia, se transformam em elementos sexualmente diferenciados – os gametócitos. (3 – 15 dias do início dos sintomas) → serão sugados pelo mosquito onde amadureceram no estômago em gametas. → fecundam → zigoto → oocineto → esporogonia → esporozoíta P. vivax e P. ovale = possuem a forma parasitária latente encontrada no interior de hepatócitos = hipnozoíta – essa forma é responsável pelos episódios de recidiva da doença (usar primaquina) Nas espécies P.vivax e P. falciparum, a esquizogonia eritrocitária dura cerca de 48h. Doenças Infecto-Parasitárias – Malária Portanto, a febre ocorre a cada três dias – febre terçã benigna (P. vivax) e febre terçã maligna (P. falciparum) – isto é, dois dias para terminar a esquizogonia e um dia de febre. No caso do P. malariae, a esquizogonia eritrocitária dura cerca de 72h, justificando a febre a cada quatro dias – febre quartã. TRANSMISSÃO PARENTERAL: A malária pode ser transmitida também por: (1) hemotransfusão; (2) compartilhamento de agulhas por usuários de drogas intravenosas; (3) transplante de órgão; (4) congênita. A forma transmitida do protozoário em todos esses casos é o merozoíta (e não o esporozoíta), liberado das hemácias parasitadas. O merozoíta não é capaz de penetrar nos hepatócitos e, portanto, não pode formar hipnozoítas no caso da malária por P. vivax. PATOGÊNESE: → CRISE FEBRIL: liberação de substâncias do estroma hemático logo após a ruptura desta célula. O pigmento malárico – a hemozoína – provavelmente participa deste processo, ao estimular a produção e liberação pelos monócitos/macrófagos de citocinas com efeito pirogênico – IL- 1 e TNF-alfa. → ANEMIA: A ruptura das hemácias com a liberação dos merozoítas causa hemólise intravascular. Se hemólise grave (alta parasitemia) = urina marrom – avermelhada Hemólise extravascular: as hemácias parasitadas são desformadas e o baço identifica isso = destruição pelo baço = esplenomegalia Baixa eritropoiese pela MO = anemia Forma grave da malária – P. Falciparum: → Aqui o grau de parasitemia é enorme → O P. vivax infecta exclusivamente os reticulócitos (hemácias jovens), o que limita a parasitemia para 1-2% das hemácias. Por outro lado o P. Falciparum invade hemácias de qualquer idade. → Com uma concentração maior de parasitos, mais hemácias são rompidas a cada ciclo = maior agudização da anemia e maior liberação de fatores que estimulam a produção do TNF-alfa. Além disso o plasmodium consome glicose para a respiração anaeróbica. Logo: hipoglicemia + acidose láctica → Bloqueio microvascular = sequestro de hemácias parasitadas nos capilares de órgãos, porque surgem múltiplas protuberâncias arredondadas (knobs) na superfície do eritrócito, determinando a adesão das hemácias parasitadas às células endoteliais dos capilares e vênulas (citoaderência) –( as hemácias não parasitadas dse deformam e passam tranquilamente mas as parasitadas “agarram”) → as hemácias começam a se aderir umas às outras, formando “rosetas” (hemácias não parasitadas em volta de hemácias parasitadas). = obstrução microcirculatória e disfunção orgânica. = explica a malária cerebral, renal, pulmonar e placentária. ENVOLVIMENTO DO SNC: mediadores inflamatórios citoaderência Óxido nítrico ENVOLVIMENTO RENAL: Glomerulopatia mediada por imunocomplexos Hiperparasitismo eritrocitário com NTA Nefrite intersticial aguda ENVOLVIMENTO PULMONAR = síndrome da angústia respiratória aguda SEMI-IMUNIDADE: Indivíduos de áreas hiperendêmicas que sobrevivem à primoinfecção vão sendo reinfectados várias vezes, tornando-se progressivamente “semi-imunes” à malária. Semi-imunidade porque os antígenos são muito variados o sistema imune não consegue erradicar o plasmodium e a imunidade não previne novas infecções. Os pacientes mais propensos a desenvolver as formas graves da malária são: Crianças entre três meses e cinco anos; (ate 3 meses = Hb fetal = proteção) Gestantes; Indivíduos provenientes de regiões não malarígenas (migrantes, visitantes ocasionais) QUADRO CLÍNICO: pródromo de sintomas inespecíficos, seguido pelas crises febris periódicas, instalação da anemia e da hepatoesplenomegalia. É possível a infecção de um mesmo paciente por mais de uma espécie de plasmódio = “forma mista”. QUADRO CLÍNICO VARIÁVEL: Oligossintomático Febre cotidiana Febre terçã Febre quartã DEPENDENTE DE DOIS FATORES BÁSICOS: IMUNIDADE (“não imune” X “semi-imune”) ESPÉCIE DO PLASMODIUM (vivax: parasita apenas reticulócitos X falciparum: parasita qualquer hemácia) MALÁRIA POR P. VIVAX – “FEBRE TERÇÃ BENIGNA”: • Pródromo: sinais e sintomas inespecíficos, como mal-estar, fadiga, náuseas, febrícula, discreta cefaleia. • período de incubação oscila entre 12-16 dias • crises febris (“acessos maláricos”) nos estágios iniciais ocorrem diariamente. • Com o evoluir da infecção = periodicidade dos acessos febris a cada 48h – “febre terçã” • Caso a parasitemia não seja erradicada com antimaláricos, os “acessos maláricos” se repetem durante algumas semanas. • Recidiva das formas hipnozoitas – se não tratar pode haver recidiva por até 4 anos depois disso a atividade parasitária cessa. Obs: muitas vezes, a febre é irregular ou contínua, não respeitando a periodicidade característica. A malária deve entrar no diagnóstico diferencial de toda síndrome febril (aguda ou subaguda) em pacientes de área endêmica, principalmente se a febre estiver associada à anemia e à esplenomegalia! MALARIA GRAVE - POR P. FALCIPARUM – “FEBRE TERÇÃ MALIGNA” : • O período de incubação oscila entre 8-12 dias • Os indivíduos “semi-imunes” (imunidade adquirida) e aquelas com traço falcêmico (imunidade natural) geralmente apresentam a forma branda da doença• os “não imunes”, que podem ter parasitemias na faixa de um milhão de parasitos por mm3 vão ter a forma grave. • Pródromos e as crises febris são semelhantes aos da malária vivax, • Porém o estado confusional e as convulsões podem acompanhar a febre. • leucopenia e a trombocitopenia é frequente • Os episódios febris podem se repetir durante os primeiros 12 meses da infecção (geralmente dentro do primeiro mês). São recrudescências porque o corpo não consegue eliminar tudo. CRITÉRIOS CLÍNICOS (OMS): TAXAS E ESCORES Coma ECG ECG = 8 ou convulsões Anemia grave HB <5 g/dl ou Ht < 15% IRA Creatinina > 3 mg/dl ou oliguria Hipoglicemia Glicemia < 40mg/dl Acidemia ou acidose Ph arterial <7,25 ou bicarbonato sérico < 15 mmol/L Choque ou hipotensão persistente Tensão média arterial < 70 mmHg Ou TA sistólica < 90mmHg Hemorragias espontâneas ou CIVD Taxa de protrombina <70% Tempo de tromboplastina > 1,2 xN Fibrinogênio Edema agudo de pulmão ou SARA Presente MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: - SITUAÇÕES ESPECIAIS: • MALÁRIA NA INFÂNCIA • MALÁRIA E GRAVIDEZ: abortamento, morte neonatal, parto prematuro e baixo peso ao nascimento. RCIU Se P.falciparum = insuficiência uteroplacentária • INFECÇÕES MISTAS (apresenta sintomas das duas) • SÍNDROME DA ESPLENOMEGALIA TROPICAL: adulto jovem, geralmente da raça negra - Esplenomegalia volumosa de evolução crônica; + Hipergamaglobulinemia + Altos títulos de anticorpos circulantes contra os plasmódios da malária; + Infiltração linfocitária sinusoidal hepática; + Hiperesplenismo + Regressão do quadro clinicolaboratorial após a terapia antimalárica prolongada. porém não visualizamos o plasmódio DIAGNÓSTICO: 1. esfregaço do sangue periférico (“ESFREGAÇO DELGADO”): Este método é suficiente para o diagnóstico na maioria dos casos é mais difícil encontrar o plasmodio mas quando encontramos conseguimos identificar a espécie. 2. GOTA ESPESSA: tem uma sensibilidade superior ao esfregaço e deve ser usado para a contagem de parasitas (quanto mais tiver pior). É considerado o método “padrão- ouro” pela OMS. 3. Imunotestes rápidos (TESTE RÁPIDO): testes imunocromatográficos de diagnóstico rápido da malária. São realizados em fitas de nitrocelulose contendo anticorpos monoclonais contra antígenos específicos do parasito. úteis principalmente em situações onde é complicado processar o exame da gota espessa, como áreas de difícil acesso ao serviço de saúde. Sensível só para P.falciparum DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: • Influenza • Febre entérica • Bacteremia / sepse • Dengue clássica • Esquistossomose aguda (febre Katayama ) • Leptospirose • Febre do carrapato africano • Febre amarela TRATAMENTO: Cloroquina: esquizontomicida sanguíneo Primaquina: esquizontomicina hepático (mata hipnozoito, p.vivax) e gametocida Artesunato: esquizonticida sanguíneo e gametocida Quinino: esquizonticida sanguíneo (usa-se em lugares com predomínio de cepas de p.falciparum resistentes à cloroquina.) Gametocida = inibe a contaminação do mosquito que picar a pessoa. Primaquina: em áreas endêmicas os pacientes são testados para deficiência de G6PD antes de inicar o tto, porque a primaquina pode aumentar a hemólise nesse tipo de paciente = colúria. TRATAMENTO P.VIVAX: Cloroquina VO por três dias + primaquina VO por sete dias. Cloroquina pode ser usada na gestação, a primaquina não. Se paciente não consegue VO = cloroquina venosa – pode dar assistolia se infusão rápida TRATAMENTO P. FALCIPARUM: forma não grave: Artesunato + mefloquina VO por três dias + primaquina dose única no 1º dia (primeira escolha) forma grave: Artesunato IV por seis dias + clindamicina IV por sete dias PROFILAXIA: PROTEÇÃO CONTRA O ANOPHELES (perigo maior no final da tarde e no amanhecer, floresta, estações chuvosas) COMBATE AO VETOR QUIMIOPROFILAXIA (excepcionalmente, para viajantes que visitarão regiões de alto risco de transmissão de P. falciparum na Amazônia Legal, que permanecerão na região por tempo maior que o período de incubação da doença e em locais cujo acesso ao diagnóstico e tratamento de malária estejam distantes mais de 24 horas.) MALÁRIA: CICLO EVOLUTIVO: PATOGÊNESE: SEMI-IMUNIDADE: QUADRO CLÍNICO: MALÁRIA POR P. VIVAX – “FEBRE TERÇÃ BENIGNA”: MALARIA GRAVE - POR P. FALCIPARUM – “FEBRE TERÇÃ MALIGNA” : DIAGNÓSTICO: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: TRATAMENTO: PROFILAXIA:
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