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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 2 CONCEITOS E TIPOS DE EMBALAGENS ALIMENTÍCIAS ...................... 4 2.1 Funções das embalagens alimentícias................................................. 6 3 TECNOLOGIA DE EMBALAGENS: CLASSIFICAÇÃO E APLICAÇÃO TECNOLÓGICA .......................................................................................................... 8 3.1 Funções das embalagens .................................................................... 9 3.2 Materiais das embalagens ................................................................. 10 3.3 Avanços e inovações.......................................................................... 14 4 LEGISLAÇÃO PARA EMBALAGEM DE ALIMENTOS ............................. 18 4.1 As principais regulamentações a respeito da fabricação de embalagens 19 5 REQUISITOS PARA AS EMPRESAS PRODUTORAS DE EMBALAGENS 23 6 A NOVA ROTULAGEM NUTRICIONAL PARA ALIMENTOS EMBALADOS 26 7 TABELA DE INFORMAÇÃO NUTRICIONAL ............................................ 29 7.1 Rotulagem nutricional frontal .............................................................. 35 7.2 Alegações nutricionais........................................................................ 40 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 43 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 CONCEITOS E TIPOS DE EMBALAGENS ALIMENTÍCIAS Fonte: revistamenu.com.br As embalagens surgiram com a finalidade de conter, manter e conservar os alimentos que não pudessem ser consumidos imediatamente após a sua colheita ou seu processamento, para isolar o alimento do meio externo. Com o passar do tempo e o surgimento do dinheiro, que veio substituir o escambo, houve a necessidade de serem desenvolvidas embalagens que permitissem transportar os alimentos para locais mais distantes, procurando, dessa forma, evitar perdas em quantidade e qualidade (BATALHA; GOMIDE; CÉSAR, 2009). As embalagens são fundamentais na preservação dos alimentos durante toda sua vida útil. São as embalagens que podem garantir que todo o processo empregado na produção de um determinado alimento será respeitado e mantido durante o transporte, a distribuição e a comercialização, até que chegue à mesa das pessoas na forma adequada para o consumo. Na década de 1980, quando os conceitos de embalagem começaram a ser modificados, estabeleceu-se que as condições essenciais e as características gerais das embalagens deveriam ser: que elas pudessem ser produzidas em grande escala, que possuíssem estrutura e forma adequadas, que tivessem conveniência ao consumidor e pudessem ser adequadamente eliminadas. Seguindo essas características, o desenvolvimento de embalagens exigiu criatividade e aplicação de questões de engenharia e ciência ambiental. Os aspectos 5 de preservação, a conveniência e a sua disposição receberam atenção especial visando ao adequado descarte. Desde a década de 1990, até o ano de 2017, inúmeras pesquisas que comprovam que as embalagens podem, além de servirem como meio de informação ao consumidor, serem também um meio de atrair ou mesmo afastar os consumidores, tanto no ponto de venda, quanto no consumo vêm sendo realizadas. As formas, as cores, as orientações e as posições dos elementos que compõem a embalagem podem afetar significativamente as avaliações dos produtos pelos consumidores e, consequentemente, a intenção de compra. O que pode ser constatado, a partir de 2014, é que uma das tendências foi a introdução do conceito de transparência em uma ampla gama de embalagens, principalmente no mercado americano. Diante disso, as embalagens vêm se tornando cada vez mais importantes e significativas na indústria alimentícia, onde a funcionalidade foi um valor importante. Os materiais utilizados para produzir as embalagens são agrupados e classificados como primários, secundários e terciários. Os materiais que compõem a classe primária são os que entram em contato direto com o alimento, como, por exemplo, as latas, os vidros e os plásticos. O grupo de materiais da classe secundária entra em contato com as embalagens primárias, como, por exemplo, as caixas de cartão ou de cartolina. Já os materiais que compõem a classe terciária são compostos por materiais de ambas as classes: primária e secundária, abaixo você contemplará melhor essas informações. As embalagens são específicas para cada tipo de alimento e processamento. Existem diversos tipos de materiais que podem ser utilizados para a produção de embalagens de alimentos, mas os principais materiais utilizados, abrangendo alimentos e bebidas, são: vidro; plástico; papelão; alumínio; têxteis; madeira; metal; polímeros; papel. Há algumas embalagens que são usualmente utilizadas para determinados tipos de produtos, como: embalagens de vidro para compotas, cerveja e conservas; embalagens de polietileno tereftalato (PET) utilizadas para refrigerantes, sucos e água; embalagens de alumínio utilizadas em latas de refrigerante e cerveja); embalagens cartonadas utilizadas em produtos lácteos líquidos e pastosos. 6 2.1 Funções das embalagens alimentícias Fonte: news.certifee.com.br As funções primárias das embalagens alimentícias são a preservação e a entrega segura dos produtos até os consumidores. Durante a distribuição dos alimentos, a qualidade destes pode ser alterada por meio da deterioração biológica, química ou física. Portanto, as embalagens de alimentos servem para prolongar a vida útil; manter a qualidade; manter a segurança. Uma das importantes funções secundárias das embalagens é melhorar a apresentação do produto no momento da comercialização. Além desta, as embalagens servem também para facilitar o transporte do produto; educar o consumidor sobre o produto; auxiliar o rastreamento dos produtos. A função das embalagens alimentícias foi sendo modificada com o passar do tempo, saindo de métodos simples de preservação para incluir aspectos, como conveniência, na década de 1960. Na década de 1970, as embalagens foram mais leves e menores, mas somente na década de 1980 é que aspectos relacionados à segurança alimentar e à preocupação com adulterações foram considerados no desenvolvimento de novas embalagens. Já a preocupação com questões ambientais veio à tona em 1990, fazendo com que os resíduos sólidos gerados pelas embalagens fossem motivo de preocupação e, por consequência, de estudos. Os anos 2000 foram marcados pela segurança alimentar, culminando com a redução da pegada de carbono em 2010. 7 A importância das embalagens vai além da sua principal função,sendo a preservação dos alimentos. Há outras características que é preciso considerar quando as embalagens são selecionadas para serem utilizadas nos alimentos, as quais incluem a produção em massa das embalagens; o material da embalagem ser eficiente; as embalagens possuírem estrutura e forma adequadas; a embalagem apresentar conveniência; um plano de descarte adequado. A partir dessas características, o desenvolvimento de embalagens irá necessitar de ferramentas de design industrial, criatividade e marketing, bem como a aplicação de engenharia e ciência ambiental. Por fim, a disposição das embalagens quando o produto for consumido também deve ser considerada como aspecto importante do desenvolvimento da embalagem, sendo este um problema no desenvolvimento de embalagens que já estamos enfrentando. A pegada de carbono é uma medida da quantidade total das emissões de gases de efeito estufa causadas por uma pessoa, uma organização, uma indústria, um evento ou um produto (EPSTEIN; SYKES; CARRIS, 2011). Diante disso, a pegada de carbono possui um importante papel quando relacionada às embalagens, pois diversos tipos de embalagens podem ser responsáveis por propiciar a emissão de gases, da sua emissão até seu descarte. Fonte: FaithHopeLove/Shutterstock.com. 8 3 TECNOLOGIA DE EMBALAGENS: CLASSIFICAÇÃO E APLICAÇÃO TECNOLÓGICA Fonte: redefoodservice.com.br Como já vimos a embalagem serve como uma fronteira que separa o ambiente externo do interno. Ela é o material em contato direto com os alimentos, desde a fabricação até a entrega ao consumidor, e também serve como proteção contra agentes externos que possam alterar ou contaminar o produto. Veja como se deve apresentar uma embalagem conforme os critérios a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2018): ela é o invólucro, recipiente ou qualquer forma de acondicionamento, removível ou não, destinada a cobrir, empacotar, envasar, proteger ou manter, especificamente ou não, matérias-primas, produtos semielaborados ou produtos acabados. Deve incluir dentro desse conceito as embalagens primárias, secundárias e terciárias. Saiba que elas não melhoram um alimento, mas funcionam como uma proteção, pois quanto maior for a qualidade do produto maior será sua vida de prateleira. Sua utilização está diretamente associada ao que se necessita no alimento, dessa forma, cada tipo de embalagem responderá de uma forma diferente no auxílio da conservação do produto. 9 3.1 Funções das embalagens Elas são utilizadas por três funções básicas: ✓ Função de proteção; ✓ Função de conveniência; ✓ Função de comunicação Proteção A função de proteção está diretamente relacionada aos mecanismos de alteração da qualidade dos alimentos que são: fatores intrínsecos, em que ocorrem as reações químicas, enzimáticas, de atividades metabólicas e de natureza físico- química; e fatores extrínsecos, os quais determinam a vida de prateleira dos produtos, tais como: tempo, temperatura, hidratação/ desidratação do alimento, teor de oxigênio/gás carbônico na atmosfera que os rodeia, tensões mecânicas e contaminação por microrganismos ambientais. Veja também que as formas de proteção de uma embalagem podem ser passivas ou ativas: A proteção passiva se refere a uma proteção mecânica, frente às transferências de massa (sendo impermeabilidade a líquidos e transferência de gases), e proteção frente às transferências de energia (luz e calor e proteção frente às transferências de microrganismos ambientais), ou seja, a embalagem é utilizada como barreira. Na proteção ativa, a embalagem é parte essencial do processo de conservação. São as que mudam as condições do ambiente que cerca o alimento para prolongar sua vida útil, manter as propriedades sensoriais e de segurança, enquanto conserva a qualidade do alimento, ou seja, a embalagem é essencial para o processo de conservação. Dentre as embalagens com proteção ativa, podemos destacar as latas e vidros utilizados no processo de apertização, as embalagens tetrapak multicamadas, utilizadas no acondicionamento asséptico de alimentos, e a conservação dos alimentos sob atmosfera modificada. Conveniência A função de conveniência das embalagens de alimentos é a que mais evolui ao longo dos anos, pois ela influencia muito na aceitação dos produtos por parte do consumidor. Veja os principais requisitos de conveniência esperados pelo 10 consumidor: o tamanho das embalagens, o formato, a facilidade de manuseio e de abertura e fechamento. Outro fator evidente são as embalagens pequenas, pois quando um recipiente tem pouco alimento, rapidamente ele é consumido, dessa forma, não é necessário armazenar as embalagens após abertas. Deve-se considerar a abertura das embalagens porque influencia muito na aceitabilidade por parte do consumidor. Até pouco tempo os consumidores necessitavam de instrumentos cortantes para abrir determinadas embalagens, que após abertas não tinham como fechar. Atualmente são inúmeras as marcas que oferecem alimentos em embalagens com tampa de fechamento. Comunicação A embalagem também é um veículo de venda de produto, pois, ela é a comunicação com a marca ou empresa, o que torna uma das características principais na hora da compra. Além de estar prevista na legislação, ela será o vendedor silencioso, pois se comunica visualmente com seu cliente por ser o primeiro contato do consumidor com o produto. Entenda também que a embalagem e o rótulo são vistos pelas empresas para comunicação entre o produto e o consumidor, além de proteger durante o armazenamento e o transporte. Os rótulos, em especial, adicionam um valor que ajuda as empresas a diferenciarem seus produtos e a aumentarem o valor da marca entre os consumidores finais. Ainda, devem informar: as referências nutricionais, para orientar os consumidores no momento da compra e do consumo. 3.2 Materiais das embalagens A embalagem deverá contribuir para a redução da perda do produto acondicionado, seja na produção, no transporte ou no próprio consumo do produto. Deverá considerar que materiais com melhores propriedades de barreira a gases e/ou vapor d\’água preservam produtos sensíveis à ação destes agentes por mais tempo, ampliando a vida-de-prateleira do produto, reduzindo perdas e aumentando seu potencial de uso. São usadas embalagens de diversos materiais como: vidro, metal, plástico, papel ou cartão, madeira, têxteis, cortiça e as embalagens multicamadas. É 11 importante saber que elas podem ser encontradas como embalagem primária, secundária e terciária ou de transporte. As primárias são aquelas que entram em contato direto com o alimento, podendo ser a lata; o vidro ou o plástico (sua função é conservar e conter o produto). As secundárias (caixas de cartão ou de cartolina) entram em contato com as embalagens primárias, podendo conter uma ou várias embalagens primárias (sua função é proteger as embalagens primárias das ações físicas e mecânicas durante a distribuição). As terciárias agrupam diversas embalagens primárias ou secundárias, responsáveis pela proteção durante o transporte, como: caixas de cartão canelado ou caixas plásticas (engradados) usadas para garrafas. A escolha para este tipo de embalagem dependerá da natureza da embalagem individual. Entre os materiais mais utilizados para embalagens de alimentos, destaca-se o plástico, vidro, metal e papel, além das embalagens multicamadas. Para a escolha do material mais adequado ao acondicionamento de determinado alimento, deverá considerar o tipo de produto, os requisitos de proteção, a vida útil do produto, o mercado a que se destina e o circuito de distribuição e venda. Plástico As embalagens plásticas são obtidas a partir de polímeros orgânicos ou inorgânicos de alto peso molecular, constituídos de unidades estruturais unidos entresi por ligações covalentes formando cadeias lineares ou modificadas. O plástico, como é denominado comercialmente, é um material que consegue ser moldado em condições especiais de calor e pressão. Veja os principais termoplásticos usados em embalagem de alimentos: o polietileno (PE), polipropileno (PP), policloreto de vinila (PVC), poliestireno (PS) e o polietileno tereftalato (PET): Polietileno (PE) É um material plástico transparente, sendo mais vendido e de menor preço. Possui a densidade como uma das características mais importantes (quanto maior a densidade, maior sua resistência mecânica, temperatura e barreira e quanto menor a sua densidade, maior a sua resistência ao impacto). Em função da densidade existem três tipos de polietileno, saiba: o de baixa densidade (PEBD), o de alta densidade (PEAD) e o de densidade intermediária. Polipropileno (PP) 12 É um plástico não transparente, exceto na forma de filme, quando amassado adquire uma coloração branca ou prateada. Também conhecido como o mais leve dos plásticos, devido a sua densidade baixa. O polipropileno (PP) durante seu processo de fabricação permite variações na sua forma, o que confere propriedades diferenciadas ao produto final, seja em recipientes ou filmes. É importante saber que na sua forma não-orientada apresenta resistência à tração duas vezes maior que a do polietileno e quando orientado essa resistência torna-se quatro vezes maior. Quando o polipropileno é revestido e metalizado aumenta a termossoldagem, a barreira a gases e a barreira ao vapor de água e à luz. Poderá ser utilizado o polipropileno principalmente nas embalagens de alimentos desidratados e gordurosos por apresentar alta barreira ao vapor e gases. Policloreto de vinila (PVC) Conhecido como PVC, é obtido a partir da polimerização por emulsão ou suspensão do cloreto de vinila. Veja suas características gerais: fácil processamento, boa barreira a gases, baixa barreira ao vapor de água, excelente transparência e brilho, boa resistência ao impacto, quando utilizado modificador de impacto, resistente a produtos químicos, baixa resistência a solventes e baixa resistência térmica. O policloreto de vinila deverá ser empregado na proteção de carnes, pois reduz a perda de peso e evita a descoloração. É importante que saiba que as carnes acondicionadas com filmes de PVC mantêm sua cor vermelha brilhante, devido à permeabilidade do filme. Saiba os outros produtos acondicionados por recipientes de PVC: o vinagre e a água mineral, algumas empresas já estão acondicionando óleo vegetal. Poliestireno (PS) Não se deve usar o poliestileno (PS) para alimentos quentes ou outras aplicações de alta temperatura, pois tem baixo ponto de amolecimento. Poderá ser usado as embalagens de poliestireno para acondicionar ovos, frutas e chocolates, devido a sua característica de proteção ao conteúdo. Polietileno tereftalato (PET) O PET é um polímero que possui propriedades termoplásticas, ou seja, o material poderá ser reciclado várias vezes, pois quando submetido a altas temperaturas, esse plástico amolece, se funde e pode ser novamente modelado. É utilizado, principalmente, nas indústrias de bebidas para a produção de frascos de refrigerantes e água mineral. 13 Vidro O vidro é um dos materiais mais antigos utilizado como embalagem para alimentos, principalmente pelo fato de ser um material inerte, com excelente barreira contra os gases e aromas, além de ser um material reciclável. É ótimo para reduzir os custos na empresa, fácil de higienizar, reutilizável, porém seu custo, alto peso e fragilidade fazem com que este material seja menos utilizado em comparação a outros, a exemplo o plástico. Além disso, as embalagens de vidro podem apresentar alguns problemas de vedação (comprometendo a hermeticidade da embalagem). Papel São geralmente empregadas como embalagem primária nas indústrias de alimentos, ou seja, em contato direto com o alimento e terá que usar outros materiais para revestir, como polímeros (filmes plásticos), alumínio, ceras e parafinas. Seu emprego nas embalagens secundárias (que não entram em contato direto com o alimento, como cartão ou papelão ondulado), é, em geral, para volumes maiores, devido a sua boa rigidez, facilidade de transporte e proteção contra impactos. Também pode-se utilizar o papelão ondulado como embalagem primária para o acondicionamento e o transporte de frutas e vegetais. Metal Nicolas Appert foi o grande responsável pela utilização das embalagens metálicas para conservar os alimentos, seu maior objetivo era conservar o alimento por um período mais longo, através da apertização. Veja o objetivo principal das embalagens metálicas: proteger o alimento de ações físicas, químicas e biológicas. Saiba também que suas propriedades fundamentais são: a resistência à corrosão e a resistência mecânica. Então, deve-se conservar o produto enlatado de maneira adequada, evitando assim a alteração da cor e do sabor do alimento. Embalagens multicamadas Entende-se ser um tipo de embalagem elaborada com diferentes camadas de materiais, que atuam de forma sinérgica, conferindo maior dureza, maior rigidez, melhor maquinabilidade, maior barreira a gases, etc. Observe as características e funções de alguns materiais utilizados em embalagens multicamadas: PP: brilho, boa resistência a ácidos fortes e álcalis, não sendo afetado pela maioria dos solventes orgânicos; Al: barreira a gases, vapor d’água e luz; 14 PET: transparência, brilho, resistência e inércia química, boa barreira a gases e vapores; PA: resistência mecânica, estabilidade dimensional às temperaturas de processo e baixa permeabilidade ao oxigênio, barreira e estabilidade térmica superiores às de outros náilons; PVDC: alta estabilidade dimensional, boas propriedades de barreira; EVOH: alta barreira a gases e vapor d’água; PEBD: boas propriedades mecânicas e de selagem, permeável a óleos e gorduras, baixa barreira a gases e vapor d’água; PEMD: não apresenta boa barreira a gases e vapor d’água, boas propriedades mecânicas. 3.3 Avanços e inovações Biofilmes Recentemente, surgiu um grande interesse no desenvolvimento de biofilmes comestíveis ou degradáveis biologicamente, principalmente devido à demanda por alimentos de alta qualidade e preocupações ambientais sobre o descarte de materiais não renováveis de embalagem para alimentos. Saiba que biofilmes são materiais elaborados a partir de hidrocolóides e/ou substâncias hidrofóbicas e têm por objetivo controlar a migração de água de um sistema alimentício, a permeabilidade ao oxigênio e ao dióxido de carbono, a migração lipídica, além de manter qualidades desejáveis em um alimento relacionadas à cor, ao sabor, ao aroma, à doçura, à acidez e à textura. Podem ainda, conter aditivos alimentícios como antioxidantes e antimicrobianos. Biofilmes comestíveis são usados no recobrimento de frutas e hortaliças como uma alternativa para promover a modificação da atmosfera. Por estarem em contato com os alimentos, é desejável que os filmes e coberturas comestíveis apresentem propriedades sensoriais neutras (transparente, inodoro e insípido), de modo a não alterar a qualidade dos alimentos. A utilização de filmes e coberturas comestíveis está relacionada com sua capacidade de agir como um adjunto para promover maior qualidade, estendendo a vida de prateleira e possibilitando a economia com materiais de embalagem final. 15 Embalagem ativa A embalagem ativa mantém ou melhora a qualidade e/ou a segurança do alimento pela interação com o produto ou com seu ambiente, por exemplo, os absorvedores de etileno (utilizado em frutas), absorvedores de umidade e os sistemas de atmosfera modificada. Embalagem inteligente Essa embalagem avalia a qualidade e/ou a segurança do alimento embalado e transmite esta informaçãoao ambiente externo, por exemplo, os lacres de segurança, os indicadores de tempo e temperatura e indicadores de amadurecimento de frutas. Dada a importância das embalagens ativas, vale relembrar que elas são consideradas as que interagem deliberadamente com o alimento ou com o ambiente ao redor do alimento para aumentar a segurança e a vida útil deste, enquanto as embalagens inteligentes são aquelas que apresentam a propriedade de monitorar as condições do alimento e fornecer informações sobre o produto ou sobre as condições de estocagem que afetam a qualidade, a vida útil ou a segurança do alimento. Dadas todas essas tecnologias, bem como as funcionalidades das embalagens, a legislação vigente define normas para os materiais em contato direto com os alimentos, de modo a evitar que substâncias nocivas possam comprometer a saúde humana. A legislação sanitária de embalagens está organizada por tipo de material, ou seja, plástico, celulósico, metálico, vidro, têxtil e elastomérico. Além disso, algumas normas estabelecem princípios gerais referentes a materiais em contato com alimentos e requisitos específicos que se aplicam a alguns materiais. Todo material destinado ao contato direto com alimentos e/ou bebidas, nacional ou importado, deve atender ao disposto na legislação sanitária de materiais em contato com alimentos, uma vez que substâncias presentes nesses materiais podem migrar para os alimentos, o que pode representar risco à saúde humana. Além das embalagens, incluem-se nos materiais destinados ao contato com alimento os utensílios de cozinha, as embalagens descartáveis, bem como as partes de equipamentos utilizados na fabricação de alimentos que tenham contato direto com estes. Embalagens e equipamentos que estejam em contato direto com alimentos devem ser fabricados conforme as boas práticas de fabricação para que, nas 16 condições normais ou previsíveis de emprego, não produzam migração de componentes indesejáveis, tóxicos ou contaminantes para os alimentos em quantidades que superem os limites máximos estabelecidos de migração total ou específica, tais que: a) possam representar risco para a saúde humana; b) ocasionem uma modificação inaceitável na composição dos alimentos ou nas características sensoriais destes. Os componentes utilizados nos materiais destinados a entrar em contato com alimentos são regidos pelos seguintes princípios: devem estar incluídos nas listas positivas, que são relações taxativas de substâncias que provaram ser fisiologicamente inócuas em ensaios com animais e cujo uso está autorizado para a fabricação de materiais em contato com alimentos. Essas listas poderão ser modificadas pelo órgão fiscalizador quando houver a necessidade de atualização. Em alguns casos, para alimentos específicos, podem ser estabelecidas restrições de uso. Além disso, os materiais devem seguir critérios de pureza compatíveis com sua utilização e devem concordar com o limite de migração total estabelecido e com os limites de migração específica estabelecidos para certos componentes. No caso de embalagens e equipamentos compostos por camadas de um mesmo material ou de diferentes materiais (multicamadas), as camadas que não entram em contato direto com os alimentos devem cumprir com os Regulamentos Técnicos do Mercosul, específicos para cada material, ou deve--se garantir que não ocorra migração de substâncias em quantidades que representam risco à saúde. Não existe uma lista negativa, ou seja, materiais que não podem ser utilizados nas embalagens. No entanto, a regulamentação se baseia em listas positivas de substâncias comprovadamente seguras. Se uma substância não está prevista, ela não pode ser usada em materiais em contato com alimentos. Quando houver evidências científicas de que o consumo de uma substância oferece risco à saúde, ela é retirada da lista. De modo geral, os regulamentos de materiais definem parâmetros de migração total, migração específica e, em alguns casos, de composição. Quando esses parâmetros estiverem definidos no regulamento do material, é necessário realizar análises para comprovar a adequação do material. As análises não necessitam ser 17 realizadas a cada lote, desde que se tenha comprovação de que as condições de processo e as especificações do material não foram alteradas e controladas, garantindo o atendimento à legislação em vigor. Em relação aos parâmetros microbiológicos para embalagens, não existem definições específicas. No entanto, deve-se seguir os padrões microbiológicos compatíveis com os alimentos que entrarão em contato definidos na RDC (Resolução da Diretoria Colegiada), n.º 12/01 (BRASIL, 2001). O uso de materiais reciclados em contato com alimentos deve seguir a permissão ou a restrição do uso definido nos regulamentos específicos por tipo de material (Quadro 1). Fonte: FaithHopeLove/Shutterstock.com. Para o uso de nanopartículas em contato com os alimentos, não há uma legislação específica. Ainda não há consenso em relação ao tipo de abordagem para condução dos processos de avaliação de segurança desses materiais. A ANVISA está discutindo o assunto com outros órgãos. Atualmente, a aprovação para uso de 18 substâncias nanométricas para uso, como os aditivos, e em materiais destinados ao contato com alimentos depende de sua inclusão nas listas positivas. Para essa inclusão, a substância deve estar autorizada em legislações ou referências utilizadas pela ANVISA para elaboração dos regulamentos nacionais, como a legislação da União Europeia, FDA (Food and Drug Administration), e Codex Alimentarius. Ressalta-se, ainda, que, para os regulamentos harmonizados no MERCOSUL, a atualização das listas positivas depende de consenso entre os países. 4 LEGISLAÇÃO PARA EMBALAGEM DE ALIMENTOS Fonte: plastico.com.br Os regulamentos relacionados às embalagens incluem as embalagens e os materiais que entram em contato direto com alimentos sendo destinados a contê-los, desde a sua fabricação, até a sua entrega ao consumidor, com a finalidade de protegê- los de agentes externos, alterações e contaminações, bem como de adulterações. Incluem ainda os equipamentos para alimentos utilizados durante a elaboração, o fracionamento, o armazenamento, a comercialização e o consumo de alimentos. Estão incluídos nessa definição: recipientes, máquinas, correias transportadoras, tubulações, acessórios, válvulas, utensílios e similares. Conforme o artigo 8º da Lei n.º 9782/99 (BRASIL, 1999), é atribuída à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) a competência de regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e os serviços que envolvam risco à saúde pública, entre eles, 19 embalagens para alimentos, e ainda as instalações físicas e as tecnologias envolvidas no processo de produção. Os materiais constituintes das embalagens são assim classificados: 1. Materiais plásticos, incluindo vernizes e revestimentos; 2. Celulose e madeira; 3. Elastômeros e borrachas; 4. Vidro; 5. Metais e suas ligas; 6. Produtos têxteis; 7. Ceras de parafina e microcristalinas; 8. Outros materiais. 4.1 As principais regulamentações a respeito da fabricação de embalagens RDC 91/2001 (BRASIL, 2001) — Estabelece as condições normais ou previsíveis de utilização de materiais em embalagens e equipamentos em contato com alimentos, de modo que a matéria-prima e os componentes utilizados não produzam migração de substâncias indesejáveis para os alimentos em quantidades que superem os limites máximos estabelecidos. Os materiais utilizados não devem ocasionar modificação inaceitável que represente risco para a saúde humana na composição ou nas características sensoriais dos alimentos. Segundo a RDC 91/2001 (BRASIL, 2001), considera-se embalagem para alimentos o artigo em contato direto com o alimento, destinado a contê-lo,desde a sua fabricação, até a sua entrega ao consumidor, com a finalidade de protegê-lo de agentes externos, alterações, contaminações e adulterações. A legislação estabelece ainda o conceito de migração como sendo a transferência de componentes do material em contato com alimentos para esses produtos, devido a fenômenos físicos e químicos, considerando migração total ou global a quantidade de componentes transferida dos materiais em contato com alimentos ou seus simulantes, nas condições usuais de emprego, elaboração e armazenamento ou nas condições equivalentes (BRASIL, 2001). A legislação considera ainda a migração específica como sendo a quantidade de um componente não polimérico particular de interesse toxicológico transferida dos 20 materiais em contato com alimentos para os alimentos ou seus simulantes, nas condições equivalentes de ensaio (BRASIL, 2001). Os limites de migração dos componentes constituintes também estão estabelecidos conceitualmente: — Limite de migração total ou global: é a quantidade máxima admissível de componentes de material em contato com alimentos transferida aos simulantes sob as condições de ensaio. — Limite de migração específica: é a quantidade máxima admissível de um componente específico do material em contato com alimentos transferida aos simulantes, nas condições de referência. –– Limite de composição: é a quantidade máxima permitida de um componente particular de interesse toxicológico no material em contato com alimentos. — Simulante: é um produto que imita o comportamento de um grupo de alimentos com características semelhantes. A RDC 91/2001 (BRASIL, 2001) regulamenta também o uso de adesivos para contato com alimentos. Estes podem ser elaborados a partir de uma ou mais substâncias mencionadas na Lista positiva de polímeros e resinas para embalagens e equipamentos plásticos em contato com alimentos, na Lista positiva de aditivos para materiais plásticos destinados à elaboração de embalagens e equipamentos em contato com alimentos, na Lista positiva para embalagens e equipamentos celulósicos em contato com alimentos e na Lista positiva para embalagens e equipamentos elastoméricos em contato com alimentos aprovadas em legislações específicas. Dessa forma, as substâncias utilizadas devem ser de boa qualidade, segundo os critérios de pureza. A quantidade de adesivo em contato com os alimentos nas uniões e nas bordas dos laminados deve ser mínima, conforme as boas práticas de fabricação. Sob condições normais de uso, a união da embalagem ou dos laminados deve permanecer firmemente aderida, sem separação visível. Por fim, é necessário realizar os ensaios para a comprovação do cumprimento do Regulamento Técnico para produção de Embalagens e Equipamentos em contato com Alimentos, ficando sujeito à aprovação e à autorização. 21 Segue as resoluções da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que determinam as normas: RDC 122/01 — Estabelece o regulamento técnico sobre ceras e parafinas em contato com alimentos. RDC 88/16 — Aprova o regulamento técnico sobre materiais, embalagens e equipamentos celulósicos destinados a entrar em contato com alimentos. RDC 89/16 — Aprova o regulamento técnico sobre materiais celulósicos para cocção e filtração a quente. RDC 90/16 — Aprova o regulamento técnico sobre materiais, embalagens e equipamentos celulósicos destinados a entrar em contato com alimentos durante a cocção ou o aquecimento em forno e dá outras providências. RDC 177/99 — Aprova o Regulamento Técnico Disposições gerais para embalagens e equipamentos celulósicos em contato com alimentos. RDC 129/02 — Aprova o regulamento técnico sobre material celulósico reciclado. RDC 217/02 — Aprova o regulamento técnico sobre películas de celulose regenerada em contato com alimentos. RDC 218/02 — O regulamento técnico sobre tripas sintéticas de celulose regenerada em contato com alimentos. RDC 123/01 — Aprova o regulamento técnico sobre embalagens e equipamentos elastoméricos em contato com alimentos. Uso de Embalagens Metálicas — a Lei n.º 9.832, de 14 de setembro de 1999, proíbe o uso industrial de embalagens metálicas soldadas com liga de chumbo e estanho para acondicionar gêneros alimentícios, exceto para produtos secos ou desidratados. RDC 20/07 — Aprova o regulamento técnico sobre disposições para embalagens, revestimentos, utensílios, tampas e equipamentos metálicos em contato com alimentos. Portaria n.º 987, de 8 de dezembro de 1998 — Aprova o regulamento técnico para embalagens descartáveis de polietileno tereftalato (PET) multicamada destinadas ao acondicionamento de bebidas não alcoólicas carbonatadas. RDC 105/99 — Aprova o Regulamento Técnico Disposições gerais para embalagens e equipamentos plásticos em contato com alimentos. 22 RDC 124/01 — Aprova o regulamento técnico sobre preparados formadores de películas à base de polímeros e/ou resinas destinados ao revestimento de alimentos. RDC 146/01 — Regulamenta o processo de deposição de camada interna de carbono amorfo em garrafas de PET virgem via plasma destinadas a entrar em contato com alimentos, da temperatura de congelamento à temperatura ambiente por tempo prolongado e à temperatura máxima de processamento do alimento de 121 °C. RDC 20/08 — Aprova o regulamento técnico que dispõe sobre as embalagens de PET pós-consumo recicladas de grau alimentício (PET-PCR grau alimentício) destinadas a entrar em contato com alimentos. RDC 51/10 — Dispõe sobre migração em materiais, embalagens e equipamentos plásticos destinados a entrar em contato com alimentos. RDC 52/10 — Dispõe sobre corantes em embalagens e equipamentos plásticos destinados a entrar em contato com alimentos. RDC 41/11 — Dispõe sobre a proibição de uso de bisfenol A em mamadeiras destinadas à alimentação de lactentes e dá outras providências (revogada pela Resolução RDC n. 56/2012). RDC 56/12 — Dispõe sobre a lista positiva de monômeros, outras substâncias iniciadoras e polímeros autorizados para a elaboração de embalagens e equipamentos plásticos em contato com alimentos. RDC 17/08 — Dispõe sobre regulamento técnico sobre a Lista positiva de aditivos para materiais plásticos destinados à elaboração de embalagens e equipamentos em contato com alimentos. Portaria n.º 27, de 13 de março de 1996 — Aprova o regulamento técnico sobre embalagens e equipamentos de vidro e cerâmica e não metálicos em contato com alimentos. Instrução Normativa Conjunta n.º 9, de 12 de novembro de 2002 — Dispõe sobre as embalagens destinadas ao acondicionamento de produtos hortícolas in natura. Os regulamentos sobre embalagens são harmonizados no Mercosul, portanto, qualquer alteração nesses regulamentos requer discussão e consenso nesse âmbito. Para fins de regulamentação de embalagens, o Mercosul utiliza como referência os regulamentos de embalagens e materiais para contato com alimentos da Comunidade 23 Europeia, do Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos da América e do Instituto Alemão de Avaliação de Risco (BFR), entre outros. 5 REQUISITOS PARA AS EMPRESAS PRODUTORAS DE EMBALAGENS A indústria de embalagem reúne empresas nacionais e grandes empresas multinacionais com operações globais capazes de atender aos diferentes mercados, contribuindo para harmonizar, entre estes, os parâmetros de qualidade, as tecnologias, as funcionalidades e as tendências. Em função disso, os fabricantes necessitam seguir procedimentos e normas definidas nas legislações dos países a que se destinam seus produtos. Normalmente, em associação, no mercado de produção de embalagens, organiza-se uma cadeia bem estruturada de empresas que oferecem matérias-primas, como resinas plásticas, chapas metálicas, celulose e barrilha, fabricantes de equipamentos para a produção das embalagens eprocesso de envase de produtos, insumos, como adesivos, tintas, tonalizantes e coatings, acessórios, como tampas, lacres e fitas, empresas de transporte e logística, agências de design, empresas de bens de consumo, cursos de formação técnica e superior, laboratórios de análise, pesquisa e estudo e reguladores. É importante ressaltar que as empresas fabricantes de embalagens para contato direto com alimentos devem estar licenciadas devidamente junto ao órgão de vigilância sanitária de sua localidade e devem observar o atendimento aos respectivos regulamentos, conforme parágrafo 3º do art. 40º da Lei nº 9.782 (BRASIL, 1999). As embalagens e os materiais destinados ao contato com alimentos podem transferir substâncias que podem representar risco à saúde de quem consome esses produtos. Por isso, a ANVISA regulamenta esses materiais, estabelecendo requisitos que visam a garantir a segurança de uso destes e devem ser rigorosamente seguidos pelos fabricantes. A escolha do material e da embalagem é responsabilidade do fabricante do alimento em função das características do produto e da vida de prateleira pretendida. Somente o palmito em conserva possui restrições relacionadas ao material para sua embalagem. Devem ser observados os critérios gerais para embalagens em contato com alimentos definidos pela RDC nº 91/2001 (BRASIL, 2001), bem como os 24 regulamentos específicos de cada material, em que são definidas as restrições de uso, os limites de migração e os limites de composição relacionados a determinadas substâncias. As embalagens, em geral, são isentas da obrigatoriedade de registro junto à ANVISA, consoante a Resolução RDC n.º 27/2010 (BRASIL, 2010), o que não as desobriga de atender às exigências definidas nos regulamentos técnicos em vigor. No entanto, as embalagens obtidas por novas tecnologias, como, por exemplo, embalagens de PET-PCR para contato com alimentos, têm obrigatoriedade de registro previamente à sua comercialização. As orientações quanto ao licenciamento de empresas, aos regulamentos técnicos e à obrigatoriedade ou à isenção de registro se aplicam às embalagens nacionais, bem como às importadas. Em relação aos critérios higiênico-sanitários, as empresas fabricantes de embalagens devem seguir os critérios gerais definidos pela Portaria SVS/MS 326/97 (BRASIL, 1997), uma vez que não foi estabelecido ainda um regulamento específico sobre as boas práticas de fabricação para embalagens de alimentos. A cor das embalagens não é um critério definido pela legislação. No entanto, a visibilidade do produto dentro de uma embalagem é uma opção da empresa, conforme as características do produto, a sua estratégia de comercialização e o comportamento do consumidor, além disso, não há obrigação legal para ser possível visualizar o produto na embalagem. Na parte inferior de todas as embalagens há símbolos triangulares com números indicativos de informação. Esses símbolos não são regulamentados pela ANVISA. São definidos, em norma da ABNT NBR (16182:2013) (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013), para a orientação de descarte seletivo e de identificação de materiais, sendo que: 1- Se refere ao PET, 2- Ao polietileno de alta densidade (PEAD), 3- Ao policloreto de vinila (PVC), 4- Ao polietileno de baixa densidade PEBD, 5- Ao polipropileno (PP), 6- Ao poliestireno (PS) e 25 7- Outros. O termo outros significa que a embalagem é elaborada a partir de outro material que não seja PET, PEAD, PVC, PEBD, PP ou PS. Sempre que um fabricante for desenvolver uma embalagem para um alimento, ele deve buscar fornecedores confiáveis que disponham de especificação técnica nas embalagens comercializadas, de modo que seja possível identificar os materiais utilizados, bem como a adequação desses materiais para contato direto com alimentos. Quando o material utilizado na embalagem for PET-PCR, além das especificações, o fabricante do alimento ou da embalagem deve solicitar ao seu fornecedor de material o registro, ou autorização do PET-PCR pela ANVISA. Dessa forma, a constante atualização dos conhecimentos na área de legislação de embalagem para contato direto com alimentos é de fundamental importância para os profissionais responsáveis pela especificação e pelo uso de embalagem para o acondicionamento de alimentos, sejam eles processados ou in natura. Essas legislações tratam da adequação dos materiais para contato com alimentos, visando a assegurar a saúde do consumidor por intermédio do controle da contaminação química de produtos alimentícios ou devido à migração de componentes da embalagem. Além disso, o conhecimento das legislações nacionais, do Mercosul e de outros países é necessário para que a indústria nacional tenha a correta especificação de suas embalagens para o mercado externo, evitando, assim, problemas relacionados com barreiras não tarifárias, além de aumentar a sua competitividade. 26 6 A NOVA ROTULAGEM NUTRICIONAL PARA ALIMENTOS EMBALADOS Fonte: veja.abril.com.br Os rótulos nutricionais são informações nutricionais e indicações aos consumidores como, por exemplo, as propriedades nutritivas dos alimentos, incluindo tabelas com informações nutricionais (Brasil, 2020). Em geral, todos os produtos alimentícios embalados na ausência dos consumidores devem cumprir as normas da RDC n.º 429/2020 e da IN n.º 209 75/2020 quando em vigor. Os prazos para cumprimento das regras dos grupos constam da Tabela 1, a partir da qual se depreende que todos os produtos alimentares cumprem as novas regras até ao final de 2025. Tabela 1 – Prazos para regularização dos alimentos embalados e sua adaptação às novas alterações de rotulagem. 27 Fonte: ALMEIDA (2022) Essas mudanças estão agrupadas em três grupos principais: tabela de Informações, nutricionais, rotulagem nutricional frontal, e alegações nutricionais (BRASIL, 2020), que será apresentada e discutida na Tabela 2. 28 Tabela 2 – Alterações e novidades trazidas pelas novas regras de rotulagem nutricional. Fonte: ALMEIDA (2022) 29 7 TABELA DE INFORMAÇÃO NUTRICIONAL Fonte: tabelanutricional.com.br As informações nutricionais contidas em uma tabela, trata-se de uma declaração minuciosa do valor energético, de nutrientes e das substâncias bioativas presentes nos alimentos, obrigatoriamente, devem estar especificadas nos rótulos dos alimentos embalados. Entretanto, para alguns alimentos, a apresentação da tabela nutricional é opcional como, por exemplo, os alimentos com embalagens de superfície visível para rotulagem menor ou igual a 100 cm², alimentos embalados no mesmo ponto de venda solicitado pelo cliente, alimentos embalados no local ou ato da venda, ou aqueles feitos ou fracionados vendidos no próprio estabelecimento como bebidas alcoólicas, gelo, especiarias, café, frutas, leguminosas, grãos, sementes, castanhas, cogumelos, carnes e peixes embalados, desde que estes não tenham sido fortificados com nutrientes essenciais, substâncias biologicamente ativas, alegações de propriedades funcionais ou de saúde em suas composições (BRASIL, 2020). Também, a regra de rotulagem não se aplica à água mineral natural, água natural, água adicionada de sais e água do mar dessalinizada potável e envasada, pois, esses já possuem regulamentos técnicos específicos (BRASIL, 2020b). É importante frisar que com as novas regras de rotulagem nutricional, torna-se obrigatório que as tabelas de informações nutricionais apresentem além dos valores energéticos; os carboidratos, açúcares totais, açúcares adicionados, proteínas, 30 gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans, fibra alimentar e sódio. E também qualquer outro nutriente ou substância bioativa que possua valor nutricional, ou propriedades funcionais. Assim como, devem divulgardemais nutrientes inseridos ao produto que estejam em um volume por porção igual ou superior a 5% do seu valor diário de referência (VDR) (BRASIL, 2020). Quanto a obrigatoriedade da informação sobre os açúcares totais e açúcares adicionados na tabela de informação nutricional é nova se comparado com a legislação em vigor, onde são obrigatórias somente as informações sobre as quantidades de valor energético, carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans, fibra alimentar e sódio (BRASIL, 2003). Em suma, os açúcares adicionados aos alimentos são aqueles introduzidos intencionalmente durante sua produção, e apresentados em legislação, como exemplo, o açúcar da beterraba, mel, melaço, melado, rapadura, caldo de cana, extrato de malte e xaropes, excluindo os açúcares presentes naturalmente nos leites e derivados e vegetais (BRASIL, 2020). Há casos específicos na legislação, como alimentos dietéticos com restrição de lactose, onde os teores de lactose e galactose devem constar na Tabela de Informações Nutricionais, conforme especificado no Número RDC. Já as bebidas alcoólicas, apenas com alegações de valor energético. Além disso, as quantidades de vitaminas e minerais de ocorrência natural nos alimentos podem ser incluídas na Tabela de Informações Nutricionais, desde que as quantidades por porção sejam iguais ou superiores a 5% de seus respectivos VDR, bem como outros nutrientes de ocorrência natural em sua composição (BRASIL, 2020). Para alimentos destinados exclusivamente ao processamento industrial ou serviço de alimentação, podem ser feitas alegações para qualquer quantidade de vitaminas e minerais presentes no alimento (BRASIL, 2020). A composição dos alimentos deve estar listada na tabela nutricional conforme as normas descritas na IN n.º 289 75/2020, devem ser apresentados numericamente, com valores corretamente arredondados e expressos, declarando os valores energéticos e de nutrientes insignificantes segundo o indicado, e com valores energéticos e porcentuais de valores diários expressos em números inteiros (BRASIL, 2020). Após a entrada em vigor das novas regras, alguns indicadores de VDR serão modificados, como mostra a Tabela 3. 31 Tabela 3 – Os valores diários recomendados para nutrientes na legislação atuam conforme a nova legislação. Os constituintes do alimento devem ser apresentados na tabela nutricional Fonte: NOTA: BRASIL (2003). É importante ressaltar que as quantidades declaradas na ficha de Informações nutricionais devem ser baseadas no produto comercializado exposto à venda, apresentadas por 100 g (sólido ou semissólido) ou 100 ml (líquido), as fichas de informações nutricionais devem ser incluídas na embalagem múltipla e no rótulo de cada produto alimentício nela, contido (Brasil, 2020). A definição do tamanho da porção a ser declarada no Formulário de Informações Nutricionais e deve concordar com a lei. Quanto às medidas caseiras, devem ser declaradas da forma mais adequada, com base nas características de cada produto alimentar, para ser definido corretamente o tamanho das porções deve ser declarado e arredondado e a apresentação do número de porções deve corretamente definidos nos produtos declarados na ficha nutricional, atendendo aos requisitos estabelecidos na RDC n.º 429/2020 e IN n.º 75/2020 (BRASIL, 2020). As porções incluídas na embalagem do produto também devem ser exibidas na ficha de informações nutricionais, esta é outra modificação da ficha de informações nutricionais atuais, que antes não tinha essa informação (BRASIL, 2020). Conforme o VDR especificado na IN n.º 75/2020, a quantidade deve ser declarada adicionalmente na Tabela de Informações Nutricionais como percentual do Valor Diário (%DV). A legislação também estabelece claramente que para nutrientes sem um VDR 32 claramente definido, o fabricante deve deixar o espaço para declarar o %DV correspondente vazio, e quando o valor energético ou a quantidade do nutriente não for significativo, o %DV deve ser declarado zero (BRASIL, 2020). Em relação aos valores nutricionais apresentados no rótulo, esse, devem ser aqueles que melhor representam o que realmente está no alimento. A IN n° 75/2020 explica de forma sucinta e detalhada como arredondar quantidades e expressões de nutrientes. Quanto à localização da ficha nutricional, ela deve ser disposta em uma única face contínua da embalagem e no mesmo painel da ficha de ingredientes, não em áreas cobertas, áreas deformadas (áreas seladas e torcidas) ou em áreas de difícil colocação como, por exemplo, em bordas, ângulos, cantos e costuras (BRASIL, 2020). Atualmente, a declaração da tabela de informações nutricionais permite a utilização do modelo vertical A, modelo vertical B e modelo linear (BRASIL, 2003). Porém, com a nova legislação, serão definidos novos modelos que devem ser seguidos, a saber, modelo vertical, modelo horizontal, modelo vertical quebrado, modelo horizontal quebrado e modelo agregado (Brasil, 2020). Em situações específicas onde os recursos de compactação especificados na legislação não são suficientes para declarar em uma tabela de informações de nutrientes em uma única superfície contínua da embalagem, pode ser utilizado um modelo linear (Brasil, 2020b). Modelos agregados, por outro lado, podem ser usados para declarar tabelas de informações nutricionais para múltiplas embalagens e alimentos para vários grupos de pessoa (BRASIL, 2020). Observando o novo modelo de tabela de informação nutricional apresentado na Figura 1 e comparando-o com a RDC 360/2020, é certo que há algumas mudanças relacionadas ao modelo atual. A frase” Quantidade por porção” foi removida e substituída por “porções por embalagem” e o número de porções de alimentos contidos na embalagem será exibido. Quanto ao valor energético, será indicado apenas kcal, é atualmente indicado como valor por kcal e = (igual) ao valor por kJ. Além disso, serão adicionadas declarações obrigatórias de teor de nutrientes de açúcar total e adicionado. Além da declaração de informação obrigatória para alimentos de 100g ou 100ml, apresentar duas colunas em vez de uma, na mesma tabela. No entanto, é importante ressaltar que o %DV será declarado pelas porções, e não 100g ou 100ml (BRASIL, 2020). 33 Figura 1 – Novos modelos para declaração da tabela de informação nutricional de acordo com IN 361 n° 75/2020 (BRASIL, 2020). Fonte: ALMEIDA (2022) Fonte: ALMEIDA (2022) 34 Atualmente, abaixo da tabela de informação nutricional está “*% Valores Diários com base em uma dieta de 2000 kcal ou 8400 kJ. Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades energéticas.” (BRASIL, 2003). A mesma deverá ser substituída pela frase “*Percentual de valores diários fornecidos pela porção.” e localizada no interior da tabela de informação nutricional, ao invés do lado de fora (BRASIL, 2020). Quanto ao formato da tabela nutricional, também há mudanças. A legislação exige que seja apresentada com caracteres 100% pretos e linhas sobre fundo branco, implementando um novo padrão de formato. Além disso, os fabricantes devem utilizar bordas de proteção, barras, linhas e separadores, bem como margens internas, dependendo do modelo escolhido, e seguir outros requisitos específicos de formatação padrão descritos na legislação. Além do painel principal, alguns recursos de compactação são permitidos, como simplificar as declarações de vitaminas e minerais, abreviar nomes de nutrientes, modificar o tamanho da fonte para um formato reduzido quando não houver espaço suficiente para que as declarações da ficha nutricional sejam apresentadas em uma única superfície contínua das limitações do pacote, e formatado com fontes compactadas (BRASIL, 2020). Ressalta-se que, com a nova legislação, o cálculo do valor nutricional dosalimentos deve ser feito por meio de análise laboratorial por meio de métodos analíticos validados, e/ou calculados indiretamente a partir da quantidade de constituintes dos ingredientes utilizados no produto, e/ou por cálculos indiretos a partir das quantidades dos constituintes por meio de tabelas de composição de alimentos (Brasil, 2020). Não é mais necessário realizar a transformação kJ descrita anteriormente na RDC 360/2003. Para a declaração de vitaminas e minerais, deve-se seguir uma ordem antes definida na IN n.º 391 75/2020, onde a ordem de declaração atualmente é apenas para os nutrientes de declaração obrigatória, enquanto vitaminas e minerais só precisam ser declarados, quando presente, abaixo do Sódio (Brasil, 2020; Brasil, 2003). De acordo com Martins (2014), estudos realizados com mulheres, verificou-se que elas apresentavam baixos níveis de compreensão e interpretação das informações nutricionais, mas as entrevistadas disseram terem o hábito de ler rótulos, informações nutricionais e frases nas embalagens, porém, com menos frequência, 35 consultavam as tabelas nutricionais, tendo como justificativa a dificuldade de compreendê-la. Em um estudo onde os participantes foram questionados sobre quais informações consideravam relevantes nos rótulos dos alimentos, 21,5% consideraram que as informações existentes eram suficientes, com alguns sugerindo as seguintes alterações: letras maiores e informações de valores nutricionais mais claras, lista de ingredientes fácil de ser compreendida, e objetividade ao declarar o teor de sódio (KRUMREICH et al., 2021). Ainda conforme os autores, as informações nos rótulos nutricionais dos alimentos podem ajudar a reduzir as doenças crônicas não transmissíveis, e que a leitura dos rótulos dos alimentos e suas informações nutricionais podem influenciar os consumidores a fazerem escolhas mais saudáveis (KRUMREICH et al., 2021, apud ALMEIDA, 2022, p. 28). 7.1 Rotulagem nutricional frontal Fonte: embrapa.br De acordo com Araújo (2017), os alimentos ricos em gordura, sal e açúcar é cada vez mais comum na alimentação humana, despertando preocupações sobre doenças crônicas não transmissíveis que podem resultar do consumo prolongado dos mesmos. O relatório do Grupo de Trabalho sobre Rotulagem Nutricional publicado em 2017 fornece, entre outras informações, uma compilação de países que utilizam algum tipo de rotulagem nutricional frontal. Destas, destacam-se as apresentações na União 36 Europeia, Suécia, Islândia, Noruega, Finlândia, Dinamarca, Equador, Chile, México, Austrália, Nova Zelândia e o Reino Unido (ANVISA, 2017). A rotulagem nutricional frontal será uma grande inovação na rotulagem de alimentos no Brasil, incluindo uma declaração padronizada simplificada exibida no painel principal de rótulos de alimentos informando altos níveis de nutrientes específicos. Sua declaração, que será aplicada nos rótulos dos alimentos embalados na ausência do consumidor, é responsável por destacar os teores elevados de açúcar de adição, gordura saturada e/ou sódio, desde que iguais ou superiores aos limites estabelecidos pela legislação (BRASIL, 2020). Martins (2014) relatou que um estudo da Consumers International sobre a rotulagem de alimentos processados destacou os benefícios de os rótulos fornecerem informações claras e consistentes na frente da embalagem. O estudo mostrou que a maioria dos participantes não sabia verificar o teor de sal, açúcar e gordura dos produtos sem rótulos visíveis, constatando assim que a maioria dos consumidores realizava a avaliação correta quando as informações eram apresentadas pela parte da frente. Bandeira et al. (2021, apud ALMEIDA, 2022, p. 28) em um estudo com 2.400 pessoas representando a população brasileira por gênero, classe econômica e às cinco macrorregiões do país, a avaliação de diferentes modelos de alerta de rotulagem nutricional frontal, confirma que as advertências aumentaram a compreensão do conteúdo nutricional, reduziram as intenções de compras dos entrevistados e, além disso, eles descobriram que os consumidores eram favoráveis à rotulagem nutricional frontal e acreditavam que o aumento da conscientização sobre as informações nutricionais seriam mais confiáveis. A IN nº 463 75/2020 proíbe o uso de rótulos nutricionais frontal para determinados alimentos, como frutas, hortaliças, leguminosas, tubérculos, grãos, nozes, castanhas, sementes, cogumelos, farinhas, carnes e peixes, ovos, leites fermentados e queijos, desde que a esses alimentos não sejam atribuídos ingredientes que acrescentem açúcar ou importante valor nutricional da gordura saturada, ou sódio (BRASIL, 2020). A proibição se estende para o leite de todas as espécies animais, leite em pó, azeite e outros óleos vegetais, sal, fórmula infantil, fórmula enteral, alimentos para controle de peso, suplementos alimentares, bebidas alcoólicas, produtos específicos 37 ao processamento industrial, aditivos alimentares e coadjuvante de tecnologia e formulações dietoterápicas para erros inatos do metabolismo. Ressalva, se esses alimentos forem adicionados ingredientes de valor nutricional significativo contendo açúcares adicionados ou gordura saturada ou sódio, as informações no rótulo deverão ser aplicas (BRASIL, 2020). Será opcional, a alegação nutricional frontal no rótulo, podendo ou não aparecer em alimentos embalados com área principal inferior a 35 centímetros quadrados, em alimentos embalados diretamente no ponto de venda a pedido do consumidor e em alimentos embalados preparados ou fracionados, e vendidos no próprio local de venda. Se o rótulo do produto tiver mais de uma embalagem, o rótulo nutricional na frente deve ser indicado no rótulo do produto e em cada unidade de alimento contida nele (BRASIL, 2020). A IN nº 486 75/2020 estabelece as restrições que geralmente devem ser observadas quando os alimentos são expostos à venda para a declaração de rotulagem nutricional frontal. Para açúcares adicionados em alimentos sólidos ou semissólidos, o teor de açúcar adicionado deve ser maior ou igual a 15 gramas por 100 gramas de alimento, e o teor de açúcar adicionado em alimentos líquidos deve ser maior ou igual a 7,5 gramas de açúcar adicionado por 100 ml de alimento. Para gordura saturada em alimentos sólidos ou semissólidos, o teor de gordura saturada deve ser maior ou igual a 6 gramas por 100 gramas de alimento, e o teor de gordura saturada em alimentos líquidos deve ser maior ou igual a 3 gramas por 100 ml de comida. Para sódio em alimentos sólidos ou semissólidos, o teor de sódio deve ser maior ou igual a 600 mg por 100 gramas de alimento, e o teor de sódio em alimentos líquidos deve ser maior ou igual a 300 mg por 100 ml de alimento. Brasil, 2020) (BRASIL, 2020). Excepcionalmente, para alimentos preparados com adição de outros ingredientes, devem ser consideradas em relação aos alimentos prontos, de acordo com as informações de preparo informadas pelo fabricante no rótulo, sem considerar o valor nutricional dos ingredientes inseridos (BRASIL, 2020). A alegação do rótulo nutricional na frente do produto deve ser impressa em 100% na cor preta sobre fundo branco, estar fixada na metade superior do painel principal e em superfície contínua, deve estar na mesma direção do texto das demais informações descritas no rótulo, apresentado em um dos modelos definidos na 38 legislação nos requisitos de molde e formato específico (BRASIL, 2020; BRASIL, 2020). A área mínima do rótulo nutricional frontal deve ser especificada pelo percentual de ocupação do painel principal, e nos casos em que o percentual de ocupação do painel principal exija o uso de fonte menor que o tamanho mínimo ou maior que o tamanho máximo, a área mínima do rótulo nutricional frontal deve ser especificada pelo tamanho mínimo ou máximo da fonte (BRASIL,2020). A Figura 2 apresentam os modelos a serem colocados em rótulos de alimento que precisam de rotulagem nutricional frontal. Figura 2 – Modelo para alegação de rotulagem nutricional frontal com adição de açúcares e/ou gordura saturada e/ou sódio dentro ou acima dos limites especificados na IN n° 75/2020 (BRASIL, 2020). 39 Fonte: ALMEIDA (2022) Analisando os modelos de rotulagem nutricional na parte frontal (Figura 2), percebe-se que a forma como deverão ser utilizados nas embalagens de alimentos está bem definida, além disso, deve seguir a ordem dos nutrientes, primeiro: açúcares adicionados, depois as gorduras, saturadas e sódio, caso seja necessário declarar níveis elevados de mais de um nutriente. Além disso, serão proibidos modelos de rotulagem nutricional frontal, que fogem dos modelos previamente definidos na legislação (BRASIL, 2020). É necessário enfatizar que as informações nutricionais Legenda: A) Para três nutrientes, B) Para dois nutrientes e C) Para um nutriente. 40 frontais não podem ser fixadas em locais ocultos, removíveis ou de difícil visualização, como lacres e torções. (BRASIL, 2020). 7.2 Alegações nutricionais Fonte: comida-saudavel.hi7.com De acordo com a RDC 539 360/2003, declaração de propriedades nutricionais, também conhecida como informação nutricional suplementar (INC), é qualquer declaração afirmando que um alimento possui propriedades nutricionais individuais, principalmente valor energético e proteico, gordura, carboidratos, fibra alimentar, vitaminas e substâncias minerais (BRASIL, 2003). O regulamento técnico sobre INC é preconizado na RDC no 54/2012, se destina para alimentos embalados onde o consumidor não está presente no ato de sua embalagem e Estados membros do MERCOSUL (BRASIL, 2012). Quando as novas regras de rotulagem de alimentos embalados entrarem em vigor, elas serão revogadas, o que incluirá a maioria dos requisitos e pequenas alterações já em vigor na antiga legislação. Os atributos nutricionais permitidos pela alegação são: "baixo", "muito baixo”, “não contém”, “sem adição de”, “alto conteúdo”, “fonte”, “reduzido”, e “aumentado”, atualmente já existem em norma vigente (BRASIL, 2012; BRASIL, 2020). Eles podem ser usados para demonstrar o índice de valor energético, açúcares, lactose, gordura total, gordura saturada, gordura trans, colesterol, sódio, sal, ácidos graxos ômega 3, 41 ácidos graxos ômega 6, ácidos graxos ômega 9, proteína, fibra alimentar, vitaminas e minerais. Além disso, tais declarações devem ser redigidas em português, com exceção da palavra “light”, que não requer tradução para uso (BRASIL, 2020). Quanto ao padrão de composição dos alimentos para declaração de alegações nutricionais, esses devem estar relacionados à alimentos prontos para consumo. Quando os alimentos precisam ser preparados, de acordo com as orientações do fabricante, as alegações de conteúdo absoluto para os termos "baixo", "muito baixo", "sem adição" ou "não contém" devem estar de acordo com o valor nutricional dos ingredientes adicionados, e quando forem utilizadas alegações de conteúdo absoluto para valor nutricional de ingredientes adicionados “fonte” ou “alto teor” não podem ser considerados quando taxa nutricional dos ingredientes adicionados (BRASIL, 2020). Uma nova alegação nutricional de “sem adição de gorduras totais” será permitida desde que não contenha gorduras ou óleos adicionados de origem vegetal ou animal, como manteiga, creme vegetal, margarina, creme de leite, ou quaisquer alimentos que contenham esses ingredientes, nem exibir a rotulagem nutricional frontal para gordura saturada (BRASIL, 2020). Além disso, uma alegação nutricional “sem lactose” é permitida para todos os produtos alimentícios, desde que o teor de lactose não exceda 0,1 gramas por 100 gramas ou por mililitro do produto exposto à venda e o teor de galactose seja indicado na tabela (BRASIL, 2020). No entanto, é importante ressaltar que a RDC nº 580 135/2017 não será revogada ou alterada, a diferença entre as afirmações é que para um alimento para dietas com restrição de lactose, continuam tendo que informar na denominação de venda que se trata de um alimento para dieta restrita, e declarar lactose e galactose na ficha nutricional, e para os demais produtos basta seguir as regras já citadas (BRASIL, 2017). Se um produto alimentar tiver um rótulo nutricional frontal de açúcar adicionado, as alegações nutricionais para o açúcar e o açúcar adicionado não são permitidas. As alegações nutricionais relativas ao teor de sal e sódio também não são permitidas se o alimento tiver um rótulo nutricional frontal de sódio. Da mesma forma, as alegações nutricionais referentes ao teor de gordura total, gordura saturada, gordura trans e colesterol não são permitidas se o rótulo nutricional de gordura saturada estiver na frente do alimento (BRASIL, 2020). 42 Pode-se inferir que com a implantação da RDC nº 597 429/2020 e da IN n° 598 75/2020, as regras de rotulagem nutricional dos alimentos embalados sofreram diversas alterações. O objetivo principal de todas as revisões e melhorias nos rótulos dos alimentos embalados é melhorar a legibilidade e a visibilidade das informações na embalagem. Assim, nos próximos anos, a indústria alimentícia deverá comercializar seus produtos de acordo com as novas regulamentações, o que permitirá ao consumidor compreender melhor as informações das embalagens dos alimentos. 43 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, G. M. A nova rotulagem nutricional para alimentos embalados: principais modificações nos rótulos dos produtos alimentícios. 2022. 48 f. 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