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1 Curva de indiferença Para mostrar as varias escolhas disponiveis ao consumidor, podemos transformar o grafico tridimensional de uma funcao utilidade, num grafico bidimensional, como a Fig. Ambos os graficos ilustram a mesma funcao utilidade 𝑈 = 𝑥𝑦; Na Fig. cada contorno representa as cestas que geram o mesmo nivel de utilidade para o consumidor. Cada contomo é chamado de curva de indiferenca, porque o consumidor estaria igualmente satisfeito com (ou indiferente em escolher) todas as cestas sobre a mesma curva de indiferenca. Por exemplo, o consumidor estaria igualmente satisfeito com as cestas A, B e C, porque elas estao sobre a curva de indiferenca com U=4. Um grafico como a Fig. 3.5 é as vezes chamado de mapa de indiferenca, porque mostra um conjunto de curvas de indiferenca. Curva de indiferença Em geral as curvas de indiferenca representam todas combinações de bens e serviços no mercado que fornecem o mesmo nível de satisfação ao consumidor. Portanto, para ele, são indiferentes as cestas básicas do mercado representadas pelos pontos ao longo da curva. 2 Propriedades das Curvas de Indiferença 1. Tem uma inclinação negativa 2. Quanto mais distante da origem melhor 3. Não se cruzam 4. É convexa em relação a origem 3 1. Tem uma inclinação negativa Quando o consumidor gosta de ambos os bens (UMgx, e UMgy, sao positivas), a curva de indiferenga tern inclinagao negativa. • Um consumidor está disposto a abrir mão de um bem só se ela ganhar mais do outro bem • Se a quantidade de um bem diminui a quantidade do outro tem que aumentar • Por essa razão, a maioria das curvas de indiferença são negativamente inclinadas 2. Quanto mais distante da origem melhor • Consumidores normalmente preferem mais de um bem do que menos de um bem • Curvas de indiferença mais elevadas representam maior quantidade de bens que curvas de indiferença mais baixas 4 3. As curvas de Indiferença não se cruzam • Os pontos A e B fazem o consumidor igualmente satisfeito • Os pontos B e C fazem o consumidor igualmente satisfeito • Isso implica que os pontos A e C também faz o consumidor igualmente feliz • Mas C tem mais dos dois bens que A, e isso é impossível 5 4. É convexa em relação a origem • As pessoas estão mais dispostas a trocar os bens que têm em abundância e menos dispostas a ceder aqueles dos quais têm pouca quantidade. • Essas diferenças na taxa marginal de substituição causa a curva de indiferença ser convexa em relação à origem. 6 7 Taxa Marginal de Substituição (TMS) Quando dois bens possuem utilidades marginais positivas, a inclinacao decrescente de uma curva de indiferenca mostra uma escolha economica bastante importante entre diferentes alternativas de consumo. Comece com uma dada cesta, como a cesta A da Fig. Abaixo. Se o consumidor quiser manter o mesmo nivel de utilidade, quando consome mais unidades de um bem, entao ele deve abrir mao de algumas unidades de outro bem. Quando ele se move da cesta A para uma cesta B sobre uma mesma curva de indiferenca, ele recebe mais unidades do bem x, mas deve abrir mao de algumas unidades do bem y. A inclinacao da curva de indiferenca nos diz algo a respeito da disposicao do consumidor em substituir um bem por outro. Em economia, o termo que descreve essa disposicao de substituir um bem pelo outro é chamado de Taxa Marginal de substituicao. Em termos mais especificos, a taxa marginal de substituicao de y por x (representada por TMSx,y) é a taxa em que o consumidor ira abrir mao de y para obter mais x, mantendo o nivel de utilidade constante. • Representa a quantidade máxima de um bem que um consumidor deseja deixar de consumir para obter uma unidade adicional de um outro bem. • Mede o valor que um individuo atribui a uma unidade extra de um bem em termos do outro. • A TMS em qualquer ponto tem seu valor igual à inclinação da C.I naquele ponto Suponha que um consumidor esteja consumindo atualmente a cesta A, localizada sobre a curva de indiferenca Uo. A inclinacao da curva de indiferenca no ponto representado pela cesta A é -5 (A inclinacao da curva de indiferenca em A é a mesma inclinacao da reta tangente a curva de indiferenca nesse mesmo ponto.) A inclinacao nos diz que o consumidor estaria disposto a trocar y por x a taxa de 5 unidades de y por cada unidade extra de x. Desse modo, a taxa marginal de substituicao de y por x é 5. 8 Do mesmo modo, no ponto representado pela cesta D, a inclinacao da curva de indiferenca é -2. Novamente, a inclinacao da curva de indiferenca em D é a mesma inclinacao da recta tangente a curva de indiferenca neste ponto. Desse modo, o consumidor estaria disposto a abrir mao de y por x a taxa de 2 unidades de y para cada unidade extra de x, e a TMSx,y na cesta D seria igual a 2. Num grafico em que x esta representado no eixo horizontal e y esta representado no eixo vertical, a TMSx,y em qualquer cesta é o valor negarivo da inclinacao da curva de indiferenca no ponto que representa essa cesta. Entao, a TMSx,y é o valor negativo da inclinacao da reta tangente a curva de indiferenca naquele ponto. Podemos agora calcular a inclinacao da curva de indiferenca ∆y/∆x: ∆𝑦 ∆𝑥 |𝑚𝑎𝑛𝑡𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑎 𝑢𝑡𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = − 𝑈𝑀𝑔𝑥 𝑈𝑀𝑔𝑦 Por fim, como a TMSx,y é o valor negativo da inclinacao da curva de indiferenca (-∆y/∆x), observamos que: − ∆𝑦 ∆𝑥 |𝑚𝑎𝑛𝑡𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑎 𝑢𝑡𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = 𝑼𝑴𝒈𝒙 𝑼𝑴𝒈𝒚 = 𝑻𝑴𝑺𝒙,𝒚 . 9 Taxa Marginal de Substituição decrescente Pam muitos bens (mas nao todos), a TMSx,y diminuirá ao longo da curva de indiferenca, a medida que a quantidade de x aumenta. Na cesta A, para obter mais um hamburguer, o consumidor estaria disposto a abrir mao do consumo de 5 copos de limonada. Afinal, na cesta A o consumidor esta bebendo muita limonada e comendo apenas poucos hamburgueres. Portanto, a TMS deve ser alto. Entretanto, se nos movermos para a cesta D, onde ele consome mais hamburgueres e menos limonada, ele nao deve estar disposto a abrir mao de tantos copos de limonada para comer mais um hambarguer. Logo, a TMS deve ser menor na cesta D do que na cesta A. Nesse caso, as preferéncias do consumidor exibem uma taxa marginal de substituicao decrescente de y por x. Em outras palavras, a taxa marginal de substituicao de y por x diminui ao longo da curva de indiferenca, a medida que o consumidor aumenta o consumo de x. Sea TMSx,y diminui ao longo da curva de indiferenca a medida que o consumidor aumenta x, entao a inclinacao da curva de indiferenca deve estar ficando menor (menos negativa), conforme x aumenta. Desse modo, com TMS decrescente, as curvas de indiferenca devem ser convexas em relacao a origem. 10 Funções de utilidade especiais Embora a taxa marginal de substituicao seja decrescente, nem sempre isso ocorre. A disposicao de um consumidor a substituir um bem pelo outro dependera dos bens em questao. Por exemplo, um consumidor pode considerar que Pepsi e CocaCola sejam bens substitutos perfeitos e estar sempre disposto a substituir um copo de um refrigerante por um copo do outro. Neste caso, a taxa marginal de substituicao de Pepsi por CocaCola sera constante e igual a 1, em vez de ser decrescente. As vezes, o consumidor pode simplesmente não estar disposto a substituir um bem pelo outro. Por exemplo, um consumidor pode sempre estar disposto a consumir exatamente uma medida de manteiga de amendoim com uma medida de geleia em seus sandes, mas pode nao estar disposto a consumir manteiga de amendoim e geleia em proporcoes diferentes dessa. Para analisar casos como esses, existem varias funcoes utilidade especiais. Nesta seccao, veremos tres: funcao utilidade Cobb-Douglas, o caso dos bens substitutos perfeitos e o caso dos bens complementares perfeitos. 11 Função utilidade Cobb-Douglas As funcaes utilidade 𝑈 = 𝑥𝑦 𝑒 𝑈 = 𝑥𝑦 sao exemplos da funcao utilidade Cobb- Douglas. Para o caso de dois bens, a representacao mais geral da funcao utilidadeCobb- Ddirgias é 𝑈 = 𝐴𝑥𝛼𝑦𝛽, onde A, 𝛼 𝑒 𝛽 sao constantes positivas. A funcao utilidade Cobb-Douglas possui tres propriedades muito importantes para o estudo da escolha do consumidor: As utilidades marginais sao positivas para todos os bens. As utilidades marginais sao 𝑈𝑀𝑔𝑥 = 𝛼𝐴𝑥𝛼−1𝑦𝛽 e 𝑈𝑀𝑔𝑦 = 𝛽𝐴𝑥𝛼𝑦𝛽−1, onde UMgx, e UMgy, sao positivas, quando A, 𝛼 e 𝛽 sao constantes positivas. Isso significa que a hipotese de monotonicidade das preferencias é satisfeita. Como as utilidades marginais sao positivas, as curvas de indiferenca possuem inclinacao decrescente. A funcao utilidade Cobb-Douglas tambem exibe taxa marginal de substituicao decrescente. Desse modo, as curvas de indiferenca serao convexas em relacao a origem. 12 Substitutos Perfeitos Dois bens sao substitutos perfeitos, quando a taxa marginal de substituicao entre eles é constante. Por exemplo, suponha que um consumidor goste de manteiga (B) e margarina (M) e que esteja sempre disposto a substituir um grama de manteiga por um grama de margarina. Entao, 𝑇𝑀𝑆𝐵,𝑀 = 𝑇𝑀𝑆𝑀,𝐵 = 1. Podemos utilizar uma funcao utilidade como U = aB + aM, onde a é uma constante positiva qualquer, para descrever essas preferencias. Com essa funcao utilidade, 𝑈𝑀𝑔𝐵 = 𝑎 e 𝑈𝑀𝑔𝑀 = 𝑎 . Portanto, 𝑇𝑀𝑆𝐵,𝑀 = 𝑈𝑀𝑔𝐵 𝑈𝑀𝑔𝑀 = a a =1. Desse modo, a taxa marginal de substituicao é constante (e nao decrescente), indicando que o consumidor esta sempre disposto a abrir mao de 1 unidade de margarina para obter 1 unidade de manteiga. Em termos mais gerais, as curvas de indiferenca para bens substitutos sao linhas retas, e a taxa marginal de substituicao sera constante, embora nao seja necessariamente igual a 1. 13 Substitutos Perfeitos Poe exemplo, suponha que o consumidor goste de panquecas e waffles, e que esteja sempre disposto a substituir um waffle por duas panquecas. Um exemplo de funcao utilidade, que poderia representar essas preferencias, seria: 𝑼 = 𝑷+ 𝟐𝑾 𝑈𝑀𝑔𝑃 = 1 𝑒 𝑈𝑀𝑔𝑊 = 2, de forma que cada waffle gera duas vezes a utilidade marginal de uma panqueca. Tambem podemos observar que 𝑇𝑀𝑆𝑃,𝑊 = 𝑈𝑀𝑔𝑃/𝑈𝑀𝑔𝑊 = 1 2 14 Complementares perfeitos Em alguns casos, os consumidores podem nao estar dispostos a substituir um hem pelo outro. Considere as preferencias de um consumidor tipico pelo sapato direito e pelo sapato esquerdo, o consumidor quer consumir o par do sapato, com exatamente um sapato esquerdo e um sapato direito. O consumidor obtem satisfacao da compra de pares completos de sapatos, mas nao obtem qualquer utilidade extra de um sapato direito ou esquerdo sozinho. Por exemplo, a utilidade do consumidor na cesta G, com 2 sapatos esquerdos e 2 sapatos direitos, nao aumenta, quando nos movemos para a cesta H, onde o consumidor tem 2 sapatos esquerdos e 3 sapatos direitos. Neste caso, as curvas de indiferenca sao segmentos de linhas retas formando angulos retos. Os complementares perfeitos sao bens que o consumidor sempre quer constimir em proporcao fixa. 15 Complementares perfeitos 16 Para mostrar em termos algebricos a utilidade do consumidor por bens complementares, suponha que 𝑈1 = 10,𝑈2 = 20 e 𝑈3 = 30, a funcao utilidade pode ser representada como: 𝐔 𝐑, 𝐋 = 𝟏𝟎𝐦𝐢𝐧(𝐑, 𝐋) onde U é a utilidade obtida com o par de sapato. A notacao "min" significa que "pegamos o valor minimo dos dois numeros entre parenteses." Por exemplo, na cesta G, R=2 e L=2. Portanto, o minimo de R e L é 2, e U=10(2)=20. Do mesmo modo, na cesta H, R=3 e L=2. Logo, o minimo de R e L é ainda 2, e U=10(2) = 20. Essa solucao verifica que as cestas G e H estao sobre a mesma curva de indiferenca.