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a REPÚBLICA VELHA 1889-1930 a ERA VARGAS 1930-1945 a REPÚBLICA POPULISTA 1945-1964 Governo JK 1956-1961 – Desenvolvimento Associado e OPA Nesse período estamos presenciando uma espécie de novo Brasil: um país urbano, moderno e desigual. 50 Anos em 5 A ideia do seu lema “50 Anos em 5” era que o Brasil era um país atrasado, com uma distância cada vez maior frente às potências e que não tinha tempo a perder. Essa ideia deriva da Comissão Mista Brasil-EUA atrelada com os ideais do grupo da Cepal. Em suma, o objetivo era notar quais setores da economia o Estado poderia ajudar que teriam um efeito rápido de expansão em outros setores de maneira direta ou indireta. Os estudos feitos à época apontaram para o setor automobilístico (marco do governo JK), o setor de energia e de transporte. Havia, portanto, a concepção de que se desenvolvêssemos esses 3 setores simultaneamente, produziríamos uma dinâmica econômica virtuosa, fazendo com que setores associados direta e indiretamente se desenvolvam por consequência. Obs.: Muitos acreditam que é aqui que se consolida o paradigma desenvolvimentista, uma vez que a metodologia fica muito mais clara. JK precisava ganhar as eleições, para isso coopta os antigos setores varguistas com ele e faz parceria com Jango na vice. Isso desagradou os miliares, uma vez que Jango era antigo ministro do Trabalho de Vargas. Pelo cenário fragmentado tal qual 2018, JK vence com pouca vantagem. Carlos Lacerda propõe golpe preventivo, mas o Marechal Lott, militar associado com as ideias nacionais-trabalhistas, garante a posse (no Brasil, infelizmente, os militares precisam estar satisfeitos com o arranjo político, ainda mais nessa época que o golpismo era mais aberto). Dada a legitimidade pelos militares, JK assume com estabilidade para governar. Obs.: O parágrafo acima, creio eu, é o contexto histórico das eleições, não se atentem muito ao mesmo. O importante é entender que o JK assumiu. JK e a Política Externa Já no governo, JK tenta agraciar grupos a favor do capital estrangeiro e grupos a favor do desenvolvimentismo associado ao Estado. Essa tentativa vai ser o marco de seu governo. Nesse sentido, o desenvolvimento aqui passa a ser visto como destino, seja usando capital estrangeiro, seja usando a força geradora do Estado. Seu governo pegou muito dinheiro no exterior, aumentou muito a dívida externa, imaginando que o resultado econômico seria suficiente para que se pagassem essas dívidas no curto prazo, e isso gera inflação ao fim do governo; ao mesmo tempo, seu governo é responsável pelo maior surto de industrialização desde então. É em seu governo, por exemplo que se cria a grande construção civilizacional do país, quebrando o paradigma das regiões costeiras e indo para o interior do país: Brasília. Ao contrário do trabalhismo varguista, não tinha problema em pedir cooperação internacional financeira. Nesse sentido, seu governo resolve um problema que vinha de Vargas: através da Sumoc (espécie de antecessor do Banco Central) ele facilita o envio e recebimento do dinheiro do exterior; ao fazê-lo, melhora o ambiente de negócios e facilita a atração do capital estrangeiro. É importante lembrarmos que a deterioração dos termos de troca avança muito nesse período; a agroexportação não conseguia manter a balança comercial como antes e, portanto, havia pressa generalizada para que o desenvolvimento começasse a gerar resultados expressivos. Os meios de financiamento, portanto, deveriam ser os meios possíveis. Brasil rompe com o FMI no meio de tudo isso pois tentou pegar dinheiro, mas foi exigido muita austeridade, não se concretizando o empréstimo. Isso agrada os setores trabalhistas. Ou seja, ele joga o jogo duplo, agradando aos dois setores. JK percebe o agronegócio como essencial para pagarmos nossas contas. Seu governo é o primeiro a usar o corpo diplomático para que eles criem condições para que novos mercados sejam abertos, criando alternativas para nosso desenvolvimento. Vai fazer isso dirigindo nossa malha diplomática à Ásia e à África, pois lá os impérios coloniais estavam sendo desmontados e novos Estados estavam surgindo com necessidade de produtos; é uma oportunidade inclusive para que vendêssemos produtos industrializados a eles no futuro. Esse foi o primeiro ensaio do universalismo em PEB. Obs.: Universalismo é uma concepção pragmática visando desenvolver-se, ou seja, negociar com todos os países, sem escrúpulos, contanto que nos ajudem. A ideia é que o país pobre não tem direito de escolher seus relacionamentos. Essa visão impera no governo JK. Operação Pan-Americana 1958 Nesse período a URSS abre larga vantagem na corrida aeroespacial, com um desenvolvimento que muda a percepção da Guerra Fria. A URSS era, no imaginário das pessoas, tida como a civilização do futuro. O sentimento antiamericano está no auge de um lado ao outro no espectro político na América Latina. Há uma decepção coletiva com a inexistência de um projeto de desenvolvimento patrocinado pelos EUA para a América Latina. Eles passam a ser vistos como contrários ao desenvolvimento na região. O vice- presidente norte-americano vem à AL na época e sua viagem é desastrosa, com muitas manifestações contrárias, tendo ampla repercussão mundial. Washington tem a leitura de que estava perdendo muito prestígio que poderia culminar em algo pior. O momento era, portanto, bom o suficiente para que o Brasil conseguisse mobilizar toda a América Latina para uma postura reivindicatória frente aos EUA e lança uma proposta de cooperação hemisférica. Os EUA, por sua vez, olham essa conjuntura, inclusive sobre o que está acontecendo em Cuba, e aceita o diálogo. É aqui que a América Latina nasce para a diplomacia brasileira, uma vez que se cria uma política para a mesma de maneira intensa. O argumento central era o mesmo varguista: se não nos desenvolvermos e acabarmos com a miséria haveria revoluções comunistas. A premissa da miséria era mais forte pois exigia urgência, ao contrário de um desenvolvimento, ou seja, se os EUA não ajudassem, a URSS o faria. A barganha dos anos 40 surge novamente aqui. O governo brasileiro ressaltava que era uma política permanente e sistemática e não um simples plano de cooperação. Em suma, o pedido de estudos e investimentos nas áreas mais atrasadas era uma proposição de uma nova abordagem para os EUA lidar com a América Latina. Resultados da OPA Em 1959 acontece a Revolução Cubana, confirmando essa tese brasileira. Em 1960 os EUA criam um fundo de 600 US$ milhões, que apesar de insuficiente, mostrava o interesse estadunidense. Nasce uma consciência latino-americana utilitária, onde um precisava do outro para barganhar. Cria-se também o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Por fim, em 1961, por iniciativa norte- americana lança-se a Aliança para o Progresso, promovendo não apenas uma ajuda econômica, mas o desenvolvimento por assessoria técnica e científica para ajudar a AL, marcando um novo momento das relações EUA-AL.
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