Buscar

Desenvolvimento Infantil

Prévia do material em texto

GT 5
Desenvolvimento
Caderno de Atenção Básica - Saúde da Criança: Crescimento e Desenvolvimento
● Acompanhamento do Desenvolvimento
● Durante os dois primeiros anos, um aspecto importantíssimo do seu desenvolvimento é o
desenvolvimento afetivo, caracterizado no apego, que é o vínculo afetivo básico. Nos
anos pré-escolares, diferentes dimensões e estilos paternos têm efeitos sobre diferentes
aspectos do desenvolvimento social e das personalidades das crianças: autoestima,
desenvolvimento moral, conduta pró-social, autocontrole etc. Além da família, não
podemos nos esquecer da escola, que se transforma rapidamente em um importante
contexto de socialização, que se encarrega, principalmente, da transmissão do saber
organizado, que é o produto do desenvolvimento cultural.
● Acompanhamento e avaliação do desenvolvimento infantil: A identificação de
problemas (tais como: atraso no desenvolvimento da fala, alterações relacionais,
tendência ao isolamento social, dificuldade no aprendizado, agressividade, entre outros)
é fundamental para o desenvolvimento e a intervenção precoce para o prognóstico
dessas crianças
1
2
Burns - Tratado de Pediatria
DESENVOLVIMENTO NORMAL:
● Conceituação:
- Do ponto de vista biológico, o sucesso do desenvolvimento depende da integridade dos
vários órgãos e sistemas que concorrem para lhe condicionar, principalmente o sistema
nervoso, que participa de toda ordenação funcional que o indivíduo irá experimentar.
3
- Neste aspecto, é importante salientar que o tecido nervoso cresce e amadurece
sobretudo nos primeiros anos de vida, portanto, nesse período, é mais vulnerável aos
agravos de natureza diversa e às adversidades das condições ambientais que podem
ocasionar prejuízos relacionados aos processos em desenvolvimento. Por outro lado, por
sua grande plasticidade, é também nessa época que a criança melhor responde aos
estímulos que recebe e às intervenções, quando necessárias.
● Avaliação:
- Quanto às aquisições motoras, reconhece-se no recém- -nascido um padrão motor muito
imaturo, com a presença do reflexo tônico cervical assimétrico, que lhe confere uma
postura assimétrica, com predomínio do tônus flexor nos membros e intensa hipotonia na
musculatura paravertebral. Seus movimentos são, geralmente, reflexos, controlados por
partes primitivas do cérebro. Assim, reflexos como sucção, preensão palmar, plantar e da
marcha passarão em poucos meses a ser atividades voluntárias. Outros, como o de Moro
e o tônico cervical assimétrico, desaparecerão em breve, sendo que, dentro do padrão
de desenvolvimento normal, não devem persistir no 2º semestre de vida.
- Continuando a evolução do sistema motor, durante os primeiros meses, há uma
diminuição progressiva do tônus flexor e substituição pelo padrão extensor. Esse
amadurecimento se faz na direção craniocaudal, sendo o quadril e os membros inferiores
os últimos a adquiri-lo. A partir do 2º semestre, não ocorre mais predomínio de padrão
flexor ou extensor, e assim, a criança, por meio de alternância entre os tônus, consegue,
primeiramente, rolar e, posteriormente, já tendo dissociado os movimentos entre as
cinturas escapular e pélvica, consegue mudar da posição deitada para sentada.
- A regra do desenvolvimento motor é que ocorra no sentido craniocaudal e proximodistal
e, por meio de aquisições mais simples para mais complexas. Assim, a primeira
musculatura a ser controlada é a ocular. Depois, há o controle progressivo da
musculatura para a sustentação da cabeça e depois do tronco. Finalmente, durante o 3º
trimestre, a criança adquire a posição ortostática. O apoio progressivo na musculatura
dos braços permite o apoio nos antebraços e as primeiras tentativas de engatinhar. No
entanto, algumas crianças andam sem ter engatinhado, sem que isso indique algum tipo
de anormalidade.
- O desenvolvimento motor fino se dá no sentido proximodistal. Ao nascimento, a criança
fica com as mãos fechadas na maior parte do tempo. Por volta do 3o mês, em
decorrência da redução do tônus flexor, as mãos ficam abertas por período maior de
tempo, e as crianças conseguem agarrar os objetos, embora ainda sejam incapazes de
soltá-los. Entre o 5o e o 6o mês, conseguem apreender um objeto voluntariamente e
4
iniciam o movimento de pinça, que será aprimorado progressivamente até se tornar
completo, polpa com polpa.
- A avaliação do sistema sensorial, principalmente da audição e da visão, deve ser feita
desde os primeiros atendimentos. É importante indagar os familiares se a criança focaliza
objetos e os segue com o olhar, e também se prefere o rosto materno. Isto porque, desde
os primeiros dias de vida, o recém-nascido é capaz de focalizar um objeto a poucos
centímetros de seu campo visual e detém nítida preferência pelo rosto humano.
- No exame dos olhos, deve-se estar atento ao tamanho das pupilas, pesquisar o reflexo
fotomotor bilateralmente, assim como o reflexo vermelho que avalia a transparência dos
meios e, no caso da suspeita de opacidades, encaminhar para um exame oftalmológico
minucioso.
- A audição inicia-se por volta do 5o mês de gestação, portanto, ao nascimento, a criança
já está familiarizada com os ruídos do organismo materno e com as vozes de seus
familiares. Deve-se perguntar se o bebê se assusta, chora ou acorda com sons intensos e
repentinos, se é capaz de reconhecer e se acalmar com a voz materna e se procura a
origem dos sons. A avaliação objetiva da audição pode ser feita com várias frequências
de estímulos sonoros, mas no Brasil, desde 2010, tornou-se obrigatória a realização da
triagem auditiva neonatal, para todos os recém-nascidos, por meio de emissões
otoacústicas evocadas, comumente denominado “teste da orelhinha”.
- Quanto à interação social, o olhar e o sorriso, presentes desde o nascimento,
representam formas de comunicação, mas, entre a 4a e a 6a semana de vida surge o
“sorriso social” desencadeado por estímulo, principalmente pela face humana. Já no 2º
semestre de vida, a criança não responde mais com um sorriso a qualquer adulto, pois
passa a distinguir o familiar do estranho. Assim, a criança pode manifestar um amplo
espectro de comportamentos que expressam o medo e a recusa de entrar em contato
com o estranho.
- Relativo à linguagem, durante os primeiros meses de vida, o bebê expressa-se por meio
de sua mímica facial e, principalmente, pelo choro. Entre o 2o e o 3o mês, a criança inicia
a emissão de arrulhos e, por volta do 6o mês, de balbucio ou sons bilabiais, cujas
repetições são realizadas pelo simples prazer de se escutar. Entre 9 e 10 meses, emite
balbucios com padrão de entonação semelhantes à linguagem de seu meio cultural. A
primeira palavra, na maioria dos idiomas, corresponde a um encontro silábico
reconhecido que se inicia com sons de m, n, p, d ou t, como “mama”, “papa” e “dada”.
- A linguagem gestual também aparece no 2º semestre de vida e é fruto da significação
dada pelos adultos do seu meio. Nessa fase, é comum a criança apontar e obedecer aos
comandos verbais como bater palmas, acenar e jogar beijinhos. Por volta dos 12 meses
de idade, surgem as primeiras palavras denominadas palavras-frase. Aos 18 meses, a
criança inicia frases simples e, a partir daí, ocorre um grande aumento em seu repertório
5
de palavras. Nessa fase, também começa o diálogo com troca de turnos, isto é, a criança
fala e depois aguarda a resposta do outro para nova interferência.
6

Continue navegando