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Livro Sociologia da Educação - 1

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Universidade Federal do Piauí
Centro de Educação Aberta e a Distância
SoCiologiA DA 
EDUCAção
Ferdinan Francisco do Nascimento
Ministério da Educação - MEC
Universidade Aberta do Brasil - UAB
Universidade Federal do Piauí - UFPi
Universidade Aberta do Piauí - UAPi
Centro de Educação Aberta e a Distância - CEAD
Ferdinan Francisco do Nascimento
SoCiologiA DA EDUCAção
© 2011. Universidade Federal do Piauí - UFPI. Todos os direitos reservados.
A responsabilidade pelo conteúdo e imagens desta obra é dos autores. O conteúdo desta obra foi licenciado temporária e 
gratuitamente para utilização no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil, através da UFPI. O leitor se compromete 
a utilizar oconteúdo desta obra para aprendizado pessoal, sendo que a reprodução e distribuição ficarão limitadas ao âmbito 
interno dos cursos. A citação desta obra em trabalhos acadêmicos e/ou profissionais poderá ser feita com indicação da fonte. 
A cópia deste obra sem autorização expressa ou com intuito de lucro constitui crime contra a propriedade intelectual, com 
sansões previstas no Código Penal.
É proibida a venda ou distribuição deste material.
N244A Nascimento, Ferdinan Francisco do
 Sociologia da Educação/ Ferdinan Francisco do Nascimen-
to- Teresina: EDUFPI/UAPI
2010
 111 p.
 
ISBN: 978-85-7463-315-2
1- Educação-Sociologia 2 - Pedagogia
I. Título 
 C.D.D. - 370.193
Cleidinalva Maria Barbosa Oliveira
Ubirajara Santana Assunção
Zilda Vieira Chaves
Elis Rejane Silva Oliveira
Roberto Denes Quaresma Rêgo
Samuel Falcão Silva
Francisco Wellington B. Gomes
Francisca das Dores Oliveira Araújo
Giselle da Silva Castro
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
GOVERNADOR DO ESTADO
REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO MEC
PRESIDENTE DA CAPES
COORDENADOR GERAL DA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
DIRETOR DO CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA DA UFPI
Dilma Vana Rousseff Linhares
Fernando Haddad
Wilson Nunes Martins
Luiz de Sousa Santos Júnior
Carlos Eduardo Bielshowsky
Jorge Almeida Guimarães
Celso Costa
Gildásio Guedes Fernandes
CONSELHO EDITORIAL DA EDUFPI
Prof. Dr. Ricardo Alaggio Ribeiro ( Presidente )
Des. Tomaz Gomes Campelo
Prof. Dr. José Renato de Araújo Sousa
Profª. Drª. Teresinha de Jesus Mesquita Queiroz
Profª. Francisca Maria Soares Mendes
Profª. Iracildes Maria de Moura Fé Lima
Prof. Dr. João Renór Ferreira de Carvalho
COORDENAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO
TÉCNICOS EM ASSUNTOS EDUCACIONAIS
EDIÇÃO
PROJETO GRÁFICO
DIAGRAMAÇÃO
REVISÃO
REVISÃO GRÁFICA
EQUIPE DE DESENVOLVIMENTO
COORDENADORES DE CURSOS
ADMINISTRAÇÃO
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
FILOSOFIA
FÍSICA
MATEMÁTICA
PEDAGOGIA
QUÍMICA
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
Antonella Maria das Chagas Sousa
Maria da Conceição Prado de Oliveira
Zoraida Maria Lopes Feitosa
Miguel Arcanjo Costa
João Benício de Melo Neto
Vera Lúcia Costa Oliveira
Rosa Lima Gomes do Nascimento Pereira da Silva
Luiz Cláudio Demes da Mata Sousa
 Este texto é destinado aos estudantes aprendizes que participam 
do Programa de Educação a Distância da Universidade Aberta do Piauí 
(UAPI), vinculada ao consórcio formado pela Universidade Federal do 
Piauí (UFPI), Universidade Estadual do Piauí (UESPI), Instituto Federal 
de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFET-PI), com apoio do 
Governo do Estado do Piauí, através da Secretaria de Educação.
 O texto é composto de quatro unidades, contendo itens e subitens, 
que discorrem sobre a Sociologia Geral e a Sociologia da Educação 
propriamente dita;
Na unidade 1, abordarei o contexto histórico do surgimento da 
Sociologia como ciência. Apresentarei, também, as disciplinas que têm 
afinidades com a Sociologia. 
 Na unidade 2, enfatizarei as primeiras formas de pensamento 
social, como também os procedimentos teórico-metodológicos dos 
pensadores clássicos, como o francês Émile Durkheim, com o método 
positivista-funcionalista; o alemão Karl Marx, com o seu método histórico e 
dialético; e o também alemão Max Weber, com o método compreensivista. 
 Na unidade 3, apresento a análise da educação na perspectiva 
marxista, durkheimiana e weberiana.
 Na unidade 4, contextualizarei a Sociologia da Educação 
propriamente dita, abordando a sua importância, analisando a função da 
escola na sociedade capitalista; a sua trajetória desde o funcionalismo 
até o pós-modernismo, o seu papel no processo socializador, e as 
explicações sociológicas para o contexto brasileiro com reflexos na 
educação. Além do mais, ela será compreendida como Espaço Sócio-
Cultural na versão de Juarez Dayrel.
UNiDADE 1
A SoCiologiA CoMo CiÊNCiA
O Contexto Histórico do surgimento da Sociologia ............................11 
Disciplinas que têm afinidades com a Sociologia ...............................15 
UNiDADE 2
AS FoRMAS DE PENSAMENTo SoCiAl
O Positivismo como primeira forma de compreensão da vida social ..25
As Correntes Sociológicas ...................................................................27
UNiDADE 3
A EDUCAção NA PERSPECTiVA MARXiSTA, DURKHEiMiANA E 
WEBERiANA
Educação em Marx .............................................................................43
Educação em Durkheim ......................................................................45
Educação em Weber ...........................................................................46
UNiDADE 4
CoMPREENSão DA EDUCAção NUMA PERSPECTiVA SoCiolÓgiCA
Para que estudar Sociologia da Educação .........................................51
A Sociologia da Educação: entre o Funcionalismo e o Pós-modernis-
mo ........................................................................................................55
A função da escola na Sociedade Capitalista .....................................60
Educação como Processo Socializador: Função Diferenciadora e Função 
Homogeneizadora .............................................................................63
Explicações Sociológicas para o Contexto Brasileiro e seus reflexos na 
Educação ............................................................................................66
11
25
43
51
UNiDADE 1
UNiDADE 1
A Sociologia como Ciência
11SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
A Sociologia como 
Ciência
Contexto HistóriCo do surgimento da soCiologia
 A Sociologia é uma ciência que estuda o comportamento humano, 
os meios de comunicação em função do meio e os processos que 
interligam o indivíduo em associações, grupos e instituições. Ela estuda 
os fenômenos que ocorrem quando vários indivíduos se encontram em 
grupos de tamanhos diversos e interagem no seu interior.
Sociologia: A palavra Sociologia é um vocábulo composto da palavra latina 
societas (sociedade, socius = companheiro) e da palavra grega logos (estudo, 
ciência). A Sociologia é, então, a ciência da sociedade, da associação ou do 
companheirismo. Assim, a Sociologia é o estudo científico das formas fundamentais 
da convivência humana.
 A Sociologia como ciência surgiu como um conjunto de ideias a 
respeito do processo de constituição, consolidação e desenvolvimento da 
sociedade moderna. Ela é fruto da revolução industrial e é denominada 
de “ciência da crise” porque procurou dar resposta às questões sociais 
impostas por essa revolução que, num primeiro momento, alterou a 
sociedade europeia e, depois, o mundo todo.
Revolução Francesa é o nome dado ao conjunto de acontecimentos que, entre 5 
de Maio de 1789 e 9 de Novembro de 1799, alteraram o quadro político e social da 
França. Em causa estavam o Antigo Regime (Ancien Régime) e a autoridade do 
clero e da nobreza. Foi influenciada pelos ideais do Iluminismo e da Independência 
Americana (1776). Está entre as maiores revoluções da história da humanidade.
 A Sociologia como “ciência da sociedade” não surgiu de repente 
ou da reflexão de algum autor iluminado. Ela representao resultado 
1212 UNIDADE 01
da elaboração de um conjunto de pensadores que se empenharam 
em compreender as novas transformações que estavam em curso. Ela 
é fruto de todo o conhecimento sobre a natureza e a sociedade, que 
se desenvolveu a partir do século XV. Mas a sua formação constitui 
um acontecimento complexo para o qual concorrerá uma constelação 
de circunstâncias históricas e intelectuais, e determinadas intenções 
práticas que se iniciam com a desagregação da sociedade feudal e a 
consolidação da civilização capitalista.
 O século XVIII foi um século de profundas transformações políticas 
e econômicas na sociedade européia que posteriormente se expandiram 
para o resto do mundo. As transformações políticas em decorrência da 
Revolução Francesa, de 1789, levaram a uma transformação no modelo 
político e administrativo das nações européias. O fim da monarquia 
absolutista fez surgir outras formas de organização política coniventes 
com as transformações econômicas causadas pela Revolução Industrial 
da segunda metade do século XVIII. Surge aí o Estado burguês. Os 
pensadores iluministas eram os ideólogos da burguesia que atacavam 
os fundamentos da sociedade feudal e os privilégios de sua classe 
dominante (nobreza, clero), que restringia os interesses econômicos 
e políticos da burguesia nascente. Foi este contexto que antecedeu a 
Revolução Francesa. 
Revolução Industrial consistiu em um conjunto de mudanças tecnológicas com 
profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. Iniciada 
na Inglaterra, em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do 
século XIX.
 A Revolução Industrial representa o triunfo da sociedade 
capitalista, quando os empresários passaram a controlar os meios de 
produção e as grandes massas das classes trabalhadoras desprovidas 
dos meios de produção, detentores apenas de força de trabalho, 
que passaram a ser submetidos ao dono do capital. A nova forma de 
produção da vida material, a partir de então, faz surgir uma nova forma 
de organização da vida social. A utilização da máquina na Revolução 
Industrial, além de destruir o artesanato, submete o trabalhador a uma 
nova disciplina na qual, a partir daquele momento, toda a produção se 
dá numa linha de trabalho produtivo. Em uma linha do trabalho produtivo 
o trabalhador não se reconhece como produtor de bens de consumo. A 
partir daquele momento, ele passa a trabalhar como um robô, ou seja, 
no trabalho automatizado e repetitivo, e não participa de todas as etapas 
13SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
da produção. Como conseqüência, ele perde a capacidade do saber 
produtivo que a partir de agora é apropriado pelo capitalista.
Podemos definir meios de produção ou também modos de produção, como o 
conjunto formado pelos "meios de trabalho" e pelos "objetos de trabalho", além da 
maneira como a sociedade se organiza economicamente. Os meios de trabalho 
incluem os "instrumentos de produção" (máquinas, ferramentas), as instalações 
(edifícios, armazéns, silos etc.), as fontes de energia utilizadas na produção 
(elétrica, hidráulica, nuclear, eólica etc.) e os meios de transporte.
 O novo modo de produção interferiu também na forma de 
organização familiar e desmantelou a família patriarcal, passando, a 
partir daquele momento, a predominar a família nuclear.
Com os cercamentos dos campos para a criação de ovelhas 
para abastecer a indústria têxtil e com o desenvolvimento da Revolução 
Industrial, ocorre uma grande migração do campo para a cidade aprocura 
de trabalho, tendo como consequência um excedente de mão-de-obra. 
Isso faz com que o capitalista passe a explorar o trabalho de crianças e 
mulheres, com jornadas de 12 a 14 horas diárias de trabalho, salários 
de subsistência, vivendo em cidades sem as menores condições 
de saneamento devido à rápida urbanização, uma consequência da 
industrialização. Como resultado, aumentam a prostituição, o suicídio, 
o alcoolismo, infanticídio, a criminalidade, a violência, as epidemias etc.
Sindicalismo é o movimento social de associação de trabalhadores assalariados 
para a proteção dos seus interesses. Ao mesmo tempo, é também uma doutrina 
política segundo a qual os trabalhadores agrupados em sindicatos devem ter um 
papel ativo na condução da sociedade.
 Em decorrência da Revolução Industrial e da situação de 
exploração em que passa a viver a classe proletária, esta inicia o seu 
papel histórico como classe revolucionária na sociedade capitalista. As 
manifestações que se sucederam como forma de negar suas condições 
de vida se materializaram em destruir máquinas, praticar sabotagem, 
roubos, crimes, criação de associações, formação de sindicatos etc. 
Passaram a produzir jornais criticando o modelo capitalista e a inclinar-
se para a nova forma de organização social em que desapareceriam as 
classes sociais. 
 Diante de todos esses acontecimentos que tornam visíveis as 
dinâmicas da vida social, a sociedade coloca-se em um plano de análise, 
1414 UNIDADE 01
em objeto que deveria ser investigado de forma científica, fugindo das 
explicações metafísicas ou espirituais.
O Socialismo é um sistema sócio-político caracterizado pela apropriação dos 
meios de produção pela coletividade. Abolida a sua propriedade privada destes 
meios, todos se tornariam trabalhadores, tomando parte na produção, e as 
desigualdades sociais tenderiam a ser drasticamente reduzidas uma vez que a 
produção, sendo social, poderia ser equitativamente distribuída.
 Uma coisa havia em comum entre os pensadores que 
testemunhavam as transformações da época: apesar de pertencerem a 
correntes de pensamentos diferenciados, como liberais, conservadores, 
socialistas etc., eles compartilhavam do mesmo pensamento – de que 
a sociedade capitalista era passível de ser analisada cientificamente. 
A partir daquele momento, o pensamento vai renunciando a visão 
sobrenatural de explicar os fatos e passa a buscar explicações racionais 
para as modificações que ocorriam na sociedade daquela época. O que 
até então era fenômeno passou a ser explicado pelo método científico 
com a aplicação da observação e da experiência, ou seja, aquilo que tinha 
uma autoridade teológica deveria ceder lugar a uma dúvida metódica 
para que a objetividade dos fatos passasse a ser conhecida.
Iluminismo é o estudo da política — dos sistemas políticos, das organizações 
políticas e dos processos políticos. Envolve o estudo da estrutura (e das mudanças 
de estrutura) e dos processos de governo — ou qualquer sistema equivalente de 
organização humana que tente assegurar segurança, justiça e direitos civis. Os 
cientistas políticos podem estudar instituições, como corporações (ou empresas, 
no Brasil), uniões (ou sindicatos, no Brasil), igrejas ou outras organizações cujas 
estruturas e processos de ação se aproximem de um governo, em complexidade 
e interconexão.
 Em suma, o surgimento da Sociologia prende-se, em parte, 
aos desenvolvimentos oriundos da Revolução Industrial, pelas novas 
condições de existência por ela criada. Mas uma outra circunstância 
concorreria também para a sua formação. Trata-se das modificações 
que vinham ocorrendo nas formas de pensamento, originadas pelo 
Iluminismo. As transformações econômicas que se achavam em curso 
no ocidente europeu desde o século XVI não poderiam deixar de provocar 
modificações na forma de conhecer a natureza e a cultura.
15SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Veja mais sobre o surgimento da Sociologia
www.alunosonline.com.br/sociologia
www.brasilescola.com/sociologia
disCiplinas que têm afinidades Com a soCiologia
 A falta de entrosamento entre as disciplinas tem sido um equívoco 
grave cometido pelas escolas no Brasil e, por isso, hoje, os professores 
estão sofrendo as consequências da ausência dessa interdisciplinaridade 
em sua formação.
 No passado, isso ocorria porque cada professor preparava o 
seu programa sem conhecer o dos companheiros. Os motivos que 
levavam à falta de entrosamento entre os professores eram: a falta detradição de trabalho em equipe; a vaidade de muitas pessoas, que não 
queriam precisar da contribuição dos outros; o excesso de encargos dos 
professores – muitos deles iam à escola somente para dar aula; a falta de 
embasamento filosófico. Isso dificultava uma visão integrada do processo 
educativo.
 Hoje os Programas Curriculares Nacionais (PCN’s) propõem 
uma visão interdisciplinar, multidisciplinar, transdisciplinar, no sentido de 
fundir os conteúdos curriculares. 
Sociologia e Filosofia da Educação 
 Nas escolas que trabalham com educação é importante o 
entrosamento da Sociologia com a Filosofia da Educação e que as duas 
disciplinas caminhem juntas na produção de saberes. Os fatos têm de 
ser estudados junto com os valores, embora a Sociologia busque a 
objetividade dos fatos.
 Os sociólogos modernos têm de saber distinguir em que 
medida seus juízos de valor afetam a atitude científica. Eles têm de ser 
imparciais; não podem tomar posição, mas seus valores estão imbuídos 
na investigação dos fatos.
 A Filosofia deve estabelecer os fins a que se propõe a educação 
e os valores desta, ou seja, a educação não é simplesmente o repasse 
Os Parâmetros 
Curriculares 
Nacionais 
são diretrizes 
elaboradas pelo 
Governo Federal 
que orientam a 
educação no Brasil 
e são separados por 
disciplina.
ATENTE!
1616 UNIDADE 01
de informações, é também a formação humanística do homem e, por 
isso, tem valores. Ela deve também distinguir quais são os valores 
permanentes e quais são os determinados por momentos históricos, 
os valores de manutenção da vida são permanentes; valores de uma 
sociedade de consumo são históricos, são modernos; valores que se dão 
à educação sistematizada são modernos e históricos.
 A Sociologia da Educação busca na Filosofia os valores a partir 
dos quais se elabora a teoria da educação e volta à Sociologia para ver 
como a educação interage na sociedade.
Ela oferece o ponto de partida e de chegada para todo o 
conhecimento humano, uma vez que a mesma elabora as perguntas que 
angustiam o homem. Ela também se encarrega de dar as respostas.
Sociologia e Psicologia
 Na Psicologia, a falta de conhecimento sociológico pode levar 
a uma visão deformada dos problemas psíquicos. Tendemos a ver os 
problemas como reflexos de uma situação isolada e individual.
 Para entendermos a sociedade, temos de entender a psique 
humana. O homem é individual e interage com os outros, formando o 
social.
 À Sociologia cabe integrar um caso isolado do contexto global 
em que estão inseridos o indivíduo e sua família, mostrando os 
condicionamentos sociais e culturais que explicam a maior parte das 
afecções psíquicas do homem.
Sociologia e Ciências Sociais
As ciências sociais são um ramo do conhecimento científico que estuda os 
aspectos sociais do mundo humano. Diferenciam-se das artes e das humanidades 
pela preocupação metodológica. Os métodos das ciências sociais, como a 
observação participante e o survey, podem ser utilizados nas mais diversas 
áreas do conhecimento, não apenas na grande área das humanidades e artes, 
mas também nas ciências sociais aplicadas, nas ciências da terra, nas ciências 
agrárias, nas ciências biomédicas etc. Embora polêmica, é comum a distinção 
entre qualitativos e quantitativos.
 
A Sociologia ocupa-se dos aspectos da vida do homem e seu 
relacionamento com os outros homens. O que a distingue das outras 
ciências sociais, já que estas também se ocupam do homem sob o 
A Psicologia (do 
grego Ψυχολογία, 
transl. psykhologuía, 
termo derivado das 
palavras ψυχή, 
psykhé, "alma", 
e λόγος, lógos, 
"palavra", "razão" 
ou "estudo") é a 
ciência que estuda 
os processos mentais 
(sentimentos, 
pensamentos, razão) 
e o comportamento 
humano e animal 
(para fins de pesquisa 
e correlação, na 
área da Psicologia 
comparada).
ATENTE!
17SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
aspecto das relações sociais? 
 Para começar, toda ciência tem sua particularidade, e a Sociologia 
é a única ciência social que se ocupa das relações entre os homens em 
seu aspecto mais geral, procurando analisar o comportamento humano 
naquilo em que tal comportamento é afetado pela vida em sociedade, 
estudando, ao mesmo tempo, o produto destas inter-relações, que são 
as instituições sociais. 
Economia Política
 Ela é uma ciência social porque estuda o homem e suas relações 
sociais, mas tem sua particularidade. Ela estuda as relações que homens 
estabelecem entre si por imposição de suas necessidades materiais 
ligadas à subsistência, como alimentação, moradia, vestuário etc.
 O conceito de Economia Política, segundo o estudioso Charles 
Gide, “é o estudo daquelas relações do homem em sociedade que 
conduzem à satisfação de suas necessidades, ao seu bem-estar e que 
dependem da posse dos objetos materiais”.
 A busca da satisfação das necessidades materiais do homem 
afeta a ordenação da superestrutura da sociedade. Marx analisou que 
para compreender a sociedade, é necessário entender as relações 
de produção, baseadas nas forças produtivas existentes nos modos 
produção que se organizam em torno das forças produtivas.
Ciência Política
 A Ciência Política estuda, como as outras ciências, a relação 
entre os homens, sob o ângulo da organização e da destruição do poder 
– o poder dos homens sobre outros homens, que se dissimula através 
do Estado. Esse fato impõe-se aos grupos que adquiriram um mínimo de 
complexidade em suas relações.
 No campo da educação, o conhecimento das Ciências Políticas 
nos ajuda a compreender o contexto social dentro do qual se inserem as 
instituições educacionais; ajuda-nos a entender de quem o Estado está a 
serviço.
 Em todo o grupo, a educação tem uma política que precisa ser 
entendida para que se possam tomar decisões ligadas à educação.
Economia é a 
ciência social que 
estuda a produção, 
distribuição, e 
consumo de bens 
e serviços. O termo 
economia vem do 
grego para oikos 
(casa) e nomos 
(costume ou lei), 
daí "regras da casa 
(lar).” 
ATENTE!
1818 UNIDADE 01
Ciência Política: É o estudo da política — dos sistemas políticos, das organizações 
políticas e dos processos políticos. Envolve o estudo da estrutura (e das mudanças 
de estrutura) e dos processos de governo — ou qualquer sistema equivalente de 
organização humana que tente assegurar segurança, justiça e direitos civis. Os 
cientistas políticos podem estudar instituições, como corporações (ou empresas, 
no Brasil), uniões (ou sindicatos, no Brasil), igrejas ou outras organizações cujas 
estruturas e processos de ação se aproximem de um governo, em complexidade 
e interconexão.
Antropologia 
 Antropologia, apesar de ser também uma ciência social, tem 
vínculos com a Biologia e com a Arqueologia: a Biologia estuda a vida; 
a Arqueologia, os fósseis. A Antropologia estuda o desenvolvimento 
do corpo humano e o desenvolvimento cultural através de tempo. Ela 
procura explicar como as alterações no mundo físico influenciam como 
sócios.
 Tanto a Etnografia (estudo do corpo humano descrevendo raça, 
religião, língua, costumes etc.) como a Etnologia (estudo da cultura dos 
povos naturais) têm contribuído para a Teoria da Educação. Como? 
Estudando as culturas particulares.
 Esses estudos derrubam o mito de uma natureza humana que 
impediu durante muito tempo o avanço das teorias e dos métodos 
educacionais.
 A Antropologia e a Etnologia têm contribuído para desvendar os 
papéis sociais do homem e da mulher: As comparações entre diferentes 
comunidades nos mostram que os papéis masculinos e femininos são 
socialmente construídos; não são imutáveis; não são de uma natureza 
humana. Levantamentos da Etnografia têm nos mostrado que os papéis 
tidos por nós como tipicamente masculinos são desempenhados por 
mulheres, e vice-versa.
História
História é o estudo do homem no tempo, concomitante à análise de processos e 
eventos ocorridos no passado. Por metonímia, é o conjunto destes processos e 
eventos. A palavra história tem sua origem nas «investigações» de Heródoto, cujotermo em grego antigo é Ἱστορίαι (História). Todavia, foi Tucídides o primeiro a 
aplicar métodos críticos, como o cruzamento de dados e fontes diferentes.
 A História mantém estreita relação com a Sociologia. Nós vimos 
19SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
que para entender os aspectos em que surgiu a Sociologia tivemos 
de fazer um resgate histórico, embora seus objetos de estudo sejam 
distintos.
 A História ocupa-se do fato histórico e a Sociologia ocupa-se da 
inter-relação dos indivíduos, que é constante.
 A História ajuda a Sociologia da Educação no sentido de distinguir 
entre o que precisa ser preservado e o que é inútil. A grande lição que a 
história pode nos dar consiste em impedir que se cometam, de novo, os 
erros do passado.
Psicologia Social
 A Psicologia Social estuda a interação recíproca entre pessoas e 
os efeitos que essa interação exerce sobre os pensamentos, sentimentos, 
emoções e hábitos dos indivíduos.
 Para a Sociologia Educacional, a Psicologia Social contribui 
no sentido de permitir entender que os indivíduos que interagem no 
processo educativo são seres sociais e, ao mesmo tempo, pessoas, 
na sua individualidade. A função da Psicologia Social é neutralizar os 
equívocos ditos somente sociológicos ou psicológicos.
Conclusões
 O objetivo deste texto é mostrar o objeto de estudo de alguns 
ramos do conhecimento que dizem respeito aos homo sócios, e que as 
divisões destas áreas são divisões arbitrárias com fins metodológicos.
 Não existe, no homem e nem na sociedade, atuação 
compartimentada ou isolada. O comportamento humano é uma totalidade 
permanente. 
• Leia o livro Introdução ao Pensamento Sociológico, de Ana 
Maria de Castro e Edmundo Fernandes Dias (orgs.) Eldorado.
Esse é um livro muito interessante, pois os organizadores procuram, 
por meio de textos de autores clássicos (Èmile Durkheim, Max Weber, Karl 
Marx, Talcott Parsons) e de alguns de seus comentadores, dar uma visão 
panorâmica das principais questões do conhecimento sociológico.
• O que é Sociologia, de Carlos B. Martins, Brasiliense.
2020 UNIDADE 01
Pesquise sobre o Iluminismo e produza um pequeno texto 
sintetizando as ideias e os principais representantes desse movimento, e 
compartilhe com seus colegas.
O dicionário será uma ferramenta de trabalho importante para você durante 
o curso. Por isso, se você ainda não começou a utilizá-lo, comece a fazê-
lo, pesquisando o significado dos termos “igualitarismo”, “racionalismo”, 
“individualismo” e “secularização”. Utilizem, em suas pesquisas, dicionários da 
língua portuguesa e de áreas como Filosofia, Pedagogia, Sociologia e História.
FILME: Germinal
Trabalhadores Despertos
 O título do livro e do filme nos confunde um pouco e, se não 
estivermos a par da temática da obra de Émile Zola, que deu origem ao 
filme de Claude Berri, podemos passar por esse filme na locadora sem 
percebê-lo e sem dar a ele o devido valor. Não nos enganemos: essa 
produção do cinema francês merece ser vista e apreciada tanto pelos 
amantes da sétima arte, quanto pelos estudiosos da Literatura, da História, 
das relações humanas e dos movimentos de trabalhadores.
 "Germinal" refere-se ao processo de gestação e maturação de 
movimentos grevistas e de uma atitude mais ofensiva por parte dos 
trabalhadores das minas de carvão do século XIX, na França, em relação 
à exploração de seus patrões. Nesse período alguns países passaram a 
integrar o seleto conjunto de nações industrializadas ao lado da pioneira 
Inglaterra, entre os quais, a França, palco das ações descritas no romance 
e representadas no filme.
 A forma contundente como as ações ocorrem no filme tornam a 
crueza dos acontecimentos extremamente chocante para os espectadores. 
No entanto, esse discurso um tanto quanto agressivo por parte do diretor 
Berri tem o firme propósito de conclamar os espíritos da audiência e 
chamar a atenção para as dificuldades e a rudeza do mundo operário do 
século XIX.
21SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
 Vilipendiado, roubado, esgotado, trabalhando em condições 
totalmente impróprias, inseguro, sujeito a acidentes que podem ceifar-lhe 
a vida ou decepar-lhe um braço ou uma perna, assim nos é mostrado o 
proletariado francês nas telas. Inserido na escuridão das minas de carvão, 
sujo, cumprindo jornadas de 14, 15 ou 16 horas, recebendo salários 
baixíssimos e tendo de ver sua família toda encaminhar-se para o mesmo 
tipo de trabalho e péssimas condições, pouco resta aos trabalhadores, 
senão a luta contra aqueles que os oprimem.
 A obra literária é do período que marca o surgimento da 
Internacional Comunista. Por isso, há menções a Marx e Engels, e 
também ao anarquismo (uma das personagens centrais da trama assume 
o discurso dos pensadores que propuseram o anarquismo até as últimas 
consequências, mesmo tendo em vista as desgraças que isso poderia 
causar naquele contexto específico).
 Um trabalho paralelo envolvendo a leitura de trechos selecionados 
do livro, sendo monitorado pelos professores da área de Literatura, 
acompanhado por uma passagem em Filosofia, pelas obras dos intelectuais 
que abordaram os temas das lutas de classes, e uma elucidativa aula 
sobre as condições em que se desenvolveu o movimento trabalhista ao 
longo do século XIX, na Europa, por parte do professor de História, fariam 
com que a compreensão do filme e, consequentemente, do fenômeno da 
confrontação entre patrões e empregados, fosse mais bem assimilada 
pelos estudantes.
 A história do filme gira em torno de uma família que se encontra 
nas mencionadas condições de miséria e penúria listadas nos parágrafos 
anteriores. O chefe dessa família, vivido pelo grandalhão Gerárd Depárdieu 
(considerado um dos melhores atores franceses de todos os tempos, que 
também trabalhou em outros importantes filmes com temática histórica, 
como "Danton - O Processo da Revolução", e "1492 - A Conquista do 
Paraíso"), vê-se, então, obrigado a tomar providências, e para isso é 
estimulado pela chegada de um novo operário, que já possui vivência em 
termos de criação e fomentação de movimentos reivindicatórios. O primeiro 
passo dessa dupla passa a ser, então, criar condições de sobrevivência 
para os trabalhadores, tendo-se em vista que uma greve poderia se 
prolongar por um longo período de tempo. Por isso, criam uma caixa de 
resistência com a qual todos os operários deveriam contribuir. A diminuição 
dos salários e o pouco caso dos patrões em relação à segurança e à saúde 
dos trabalhadores aumenta ainda mais as tensões.
 Paralelamente à história dos trabalhadores, podemos acompanhar 
a burguesia e seu cotidiano de brioches, grandes refeições, luxuosas 
residências e total descaso em relação ao mundo que existe além dos 
seus portões.
 O contraste também é proposital. Tem por objetivo acirrar os 
ânimos de quem assiste e fazer com que as pessoas tomem partido 
2222 UNIDADE 01
(obviamente dos trabalhadores). Por isso, deve-se destacar, quando se 
trabalhar esse filme, a questão ideológica. Como obra que procurou ser 
fiel aos acontecimentos do período em que foi escrita, a perspectiva para 
os operários não é das melhores. 
 Uma boa reprodução de época, acompanhada por atuações 
convincentes, a escolha acertada das locações onde o filme foi produzido 
e a excelente trama que se desenvolve paralelamente às disputas entre 
burgueses e trabalhadores tornam o filme uma ótima pedida para facilitar 
o estudo dessa difícil e complicada questão. Assistam!
Ficha Técnica:
País/Ano de produção: França, 1993
Duração/Gênero: 158 min, drama
Disponível em vídeo
Esta unidade contém o contexto histórico em que se deu o 
surgimento da sociologia. As transformações políticas e econômicas 
que ocorriam na Europa da segunda metade do século XVIII causaram 
transformações profundas na forma das pessoas se organizarem. As 
transformações políticas se deram a partir da derrocada da monarquia 
absolutista com a revolução francesa de 1789. As transformações 
econômicas deram-se devido às novas formas de produção atravésda maquinofatura. Isso fez com que os problemas de ordem sociais 
causados pela relação de exploração de uma classe sobre outra tornasse 
a sociedade um objeto cientifico culminando no surgimento da sociologia.
Será abordada também a afinidade que a sociologia tem com 
outras disciplinas.
UNiDADE 2
As formas de 
Pensamento Social
25SoCiologiA DA EDUCAção
As formas de 
Pensamento Social
Auguste Comte (1798-1857)
Nasceu em Montpellier, França, de uma família católica e 
monarquista. Viveu a infância na França napoleônica. Estudou 
no colégio de sua cidade e depois em Paris, na Escola 
Politécnica. Tornou-se discípulo de Saint-Simon, de quem sofreu 
enorme influência. Devotou seus estudos à Filosofia Positivista, 
considerada por ele como uma religião, da qual era o pregador. 
Segundo sua Filosofia Política, existiam, na história, três Estados: 
um teológico, outro metafísico e, finalmente, o positivo. Este 
último representava o coroamento do progresso da humanidade. 
Sobre as ciências, distinguia as abstratas das concretas, sendo 
que a ciência mais complexa e profunda seria a Sociologia, 
ciência que batizou na sua obra Curso de Filosofia Positiva, em 
seis volumes, publicada entre 1830 e 1842. Além desta, publicou 
Discurso sobre o Espírito Positivo, Discurso sobre o Conjunto do 
Positivismo, Sistema de Política Positiva, Catecismo Positivista e 
a Síntese Subjeíiva. Morreu em Paris.
o positivismo Como primeira forma de Compreensão 
da vida soCial
 A primeira corrente do pensamento sociológico foi desenvolvida 
por Augusto Comte e foi denominado de Positivismo, que veio para 
substituir as explicações teológicas pela crença na razão.
Auguste Conte
Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/
Ficheiro:Auguste_Comte.jpg
2626 UNiDADE 02
Positivismo é uma corrente sociológica cujo precursor foi o francês Auguste 
Comte (1798-1857). Surgiu com o desenvolvimento sociológico do Iluminismo e 
das crises social e moral do fim da Idade Média, e do nascimento da sociedade 
industrial. Propõe à existência humana valores completamente humanos, 
afastando radicalmente a Teologia ou Metafísica. Assim, o Positivismo - na versão 
contemporânea, pelo menos - associa uma interpretação das ciências e uma 
classificação do conhecimento a uma ética humana, desenvolvida na segunda 
fase da carreira de Comte.
Na visão de Comte, a sociedade era concebida como um organismo 
constituído de partes integradas e coesas. Por isso ele foi chamado de 
para-organicismo.
 A visão positivista de sociedade dá-se com o avanço do imperialismo 
europeu do século XIX. Nesse período, os europeus deparam-se com 
uma civilização de características rudimentares, onde predominava a 
poligamia, a economia agrária, o artesanato, e a produção doméstica. 
Para os europeus, esse novo mundo teria de ser transformado para 
receber o produto industrializado e a mão-de-obra assalariada. Então, 
os europeus se veem na obrigação de civilizar os incivilizados e, para 
isso, utilizaram-se da Teoria Evolucionista, de Charles Darwin, e criaram 
o darwinismo social, argumentando que as sociedades saem de um 
estágio primitivo para estágios avançados, que é o capitalismo.
 Os cientistas sociais positivistas entendiam que as sociedades 
atrasadas eram verdadeiros “fósseis vivos primitivos” em plena era 
capitalista.
 Apesar do otimismo positivista, o desenvolvimento industrial fazia 
surgir a todo o momento novos conflitos sociais e, consequentemente, 
a classe trabalhadora passava a manifestar-se, exigindo mudanças 
políticas e econômicas nas novas relações sociais. Para evitar conflito, 
os filósofos positivistas da época, desenvolveram as ideias de “ordem 
e progresso”. O progresso, no sentido de transformar a sociedade das 
mais simples para as mais complexas; e a ordem ajustaria os indivíduos 
para melhor funcionamento da sociedade. 
 O Positivismo buscava justificar, através de um método científico 
adequado, os padrões burgueses e industriais da organização social. 
Procurava resolver os conflitos por meio da exaltação à coesão. 
 As formulações positivistas, apesar de serem organicistas, mas 
não terem aspirações divinas, já são o suficiente para perceber que a 
sociedade é passível de ser analisada e explicada de outra forma que 
não a religiosa.
27SoCiologiA DA EDUCAção
as Correntes soCiológiCas
 A Sociologia não é uma ciência de apenas uma orientação 
teórico-metodológica dominante. Ela tem diferentes formas de analisar a 
sociedade. As principais, fundadas pelos seus autores clássicos, dentre 
as quais podemos citar, não necessariamente em ordem de importância 
Positivista-Funcionalista, tendo como fundador Auguste Comte e principal 
expoente clássico Émile Durkheim – de fundamentação analítica; a 
Sociologia Compreensiva, iniciada por Max Weber – de matriz teórico-
metodológica-hermenêutico-compreensiva; e a linha de explicação 
Sociológica Dialética, iniciada por Karl Marx, que mesmo não sendo um 
sociólogo e sequer se pretendendo a tal, deu início a uma linha árdua de 
explicação sociológica.
 Estas três formas de análise da sociedade, originadas pelos 
seus três principais autores clássicos, influenciaram quase todos os 
posteriores desenvolvimentos da Sociologia, levando à sua consolidação 
como disciplina acadêmica já no início do século XX, quando Èmile 
Durkheim sistematizou seus conteúdos e a implantou nas Universidades 
da França. 
Durkheim e o positivismo-funcionalismo
 Èmile Durkheim (1858-1917) foi fortemente influenciado pelo 
pensamento científico do século XIX. Sua preocupação era delimitar 
o objeto e o método da Sociologia. Para ele, somente o 
sociólogo seria capaz de perceber a constituição da vida 
social através de uma aventura intelectual. Durkheim achava 
que as leis que regulam os fenômenos da natureza seriam 
iguais às leis que regulam a dinâmica da vida social. Sendo 
assim, cabe à Sociologia descobrir as leis da vida coletiva. 
Émile Durkheim (1858-1917)
Nasceu em Epinal, na Al-sácia. Descendente de uma família de 
rabinos, iniciou seus estudos filosóficos na Escola Normal Superior 
de Paris, indo depois para a Alemanha. Lecionou Sociologia em 
Bordéus, primeira cátedra dessa ciência criada na França. Transferiu-
se em 1902 para a Sorbonne, para onde levou inúmeros cientistas, 
entre eles, seu sobrinho Mareei Mauss, reunindo-os num grupo que 
ficou conhecido como “Escola Sociológica Francesa”. Suas principais 
obras foram: Da Divisão do Trabalho Social; As Regras do Método 
Émile Durkheim
Fonte:http://pt.wikipedia.
org/wik i /Ficheiro:Emi le_
Durkheim.jpg 
2828 UNiDADE 02
Sociológico; O Suicídio; Formas Elementares da Vida Religiosa; Educação e 
Sociologia; Sociologia e Filosofia; e Lições de Sociologia (obra póstuma). Morreu 
em Paris.
A Sociologia, na visão de Durkheim, é o estudo dos fatos sociais 
que podem ser entendidos como os modos de agir que exercem sobre 
o individuo uma coerção exterior e apresentam uma existência própria, 
independente das manifestações individuais que possam ter. Durkheim 
afirmava que os fatos sociais devem ser considerados como coisas. 
Ele as chama de coisas pelo fato de termos uma visão vaga e confusa, 
além da ilusão de conhecê-los. Portanto, para livrar-se das pré-noções 
e dos preconceitos não-científicos, devemos tratar os fatos sociais como 
coisas. Coisa para ele é todo objeto de conhecimento que a inteligência 
humana não penetra de modo imediato, necessita do auxílio da ciência. 
Essa atitude é tida somente na mente do intelectual. 
 Os fatos sociais exercem uma força sobre o comportamento dos 
indivíduos. É o caso da moda, do casamento, das correntes de opinião. 
São situações que exercem uma coerção, uma espécie de obrigatoriedade 
sobre o indivíduo. 
 Os fatos sociais são exteriores à consciência individual e 
são coercitivos. Na exterioridade, os próprios homens elaboram as 
“maneiras de fazer”, que também são ligadas pelas gerações anteriores 
(já encontramos prontas). Fazemos em conjunto com uma multidão de 
pessoas que sequerconhecemos, e o resultado final escapa ao nosso 
controle. Para que exista um fato social, é preciso que vários indivíduos 
tenham misturado suas ações e saia um resultado novo.
 Já o caráter coercitivo dos fatos sociais dá-se pelo fato de 
existirem fora de nós, e termos de nos conformar com a sua existência. 
Ele age como uma força exterior que atua sobre nós, nos moldando e 
nos regulando. Causa-nos uma espécie de sanção, que pode ser legal 
ou espontânea. As legais são as sanções prescritas pela sociedade, e 
as espontâneas seriam as que afloriam em decorrência de uma conduta 
não adaptada à estrutura do grupo ou da sociedade ao qual o indivíduo 
pertence.
 Ao estudar os fatos sociais o investigador deve ser neutro, pois 
eles devem ser estudados como se estivessem fora da consciência do 
investigador, para não haver parcialidade entre sujeito e objeto.
 Durkheim faz a distinção entre consciência individual (psique, 
Fato social é 
qualquer forma de 
coerção sobre os 
indivíduos, que é 
tida como uma coisa 
exterior a eles, tendo 
uma existência 
independente e 
estabelecida em toda 
a sociedade, que é 
considerada, então, 
como caracterizada 
pelo conjunto 
de fatos sociais 
estabelecidos.
ATENTE!
29SoCiologiA DA EDUCAção
jeito de pensar, agir, entender a vida, a alma do indivíduo) e consciência 
coletiva (conjunto de crenças e sentimentos comuns aos membros de 
determinada sociedade, que é independente dos indivíduos – embora só 
se realize através deste). As duas convivem juntas em cada indivíduo. 
Só separamos as duas consciências para fins de pesquisa científica, 
tratando os fatos sociais como coisas exteriores ao indivíduo.
Formas de solidariedade
Solidariedade mecânica, para Durkheim, era aquela que predominava nas 
sociedades pré-capitalistas, em que os indivíduos se identificavam através 
da família, da religião, da tradição e dos costumes, permanecendo, em geral, 
independentes e autônomos em relação à divisão do trabalho social. A consciência 
coletiva aqui exerce todo seu poder de coerção sobre os indivíduos.
 Durkheim acreditava que as “espécies” sociais tinham as mesmas 
semelhanças das “espécies” vivas, e que poderiam ser classificadas 
numa escala evolutiva das mais simples para as mais complexas. 
 Ele caracteriza dois tipos extremos de sociedade, que 
correspondiam ao nível inferior e ao nível superior da escala evolutiva. 
Nelas estariam a solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica.
Solidariedade mecânica: o princípio das semelhanças
 Nas sociedades arcaicas – primitiva e feudal – a consciência 
coletiva exercia um papel preponderante para a integração social. Nelas, 
as pessoas uniam-se a partir de semelhanças na religião, na tradição, nos 
sentimentos, nas crenças. Todos exercem aproximadamente as mesmas 
atividades, observam os mesmos costumes, cultuam os mesmos deuses. 
Os seja, o que unia as pessoas não era a dependência uns dos outros, 
mas o fato de terem sentimentos comuns.
 Este tipo de solidariedade tende a declinar nas sociedades 
modernas.
Solidariedade orgânica: princípio da diferenciação
3030 UNiDADE 02
Solidariedade orgânica é aquela típica das sociedades capitalistas, em que, 
através da acelerada divisão do trabalho social, os indivíduos tornavam-se 
interdependentes. Essa interdependência garante a união social, em lugar dos 
costumes, das tradições ou das relações sociais estreitas. Nas sociedades 
capitalistas, a consciência coletiva afrouxa-se. Assim, ao mesmo tempo que 
os indiví-duos são mutuamente dependentes, cada qual se especializa numa 
atividade e tende a desenvolver maior autonomia pessoal.
 Neste tipo de solidariedade a integração é realizada a partir da 
diferenciação entre os indivíduos e os grupos no interior da sociedade. 
As pessoas se unem a partir da dependência que umas têm das outras 
para realizar determinada atividade social. Todos têm sua individualidade 
e cada uma age de acordo com sua vontade. A divergência não põe em 
risco o grupo. 
 Então, por que as sociedades passaram de um modelo de 
solidariedade que predominava a integração para um modelo de sociedade 
que tem como princípio a diferença? Qual a causa da solidariedade 
orgânica? A resposta está na divisão social do trabalho.
 Mas o que levou à divisão social do trabalho? A busca da felicidade, 
não foi; porque não há provas de que nas sociedades modernas os 
homens sejam mais felizes do que nas sociedades arcaicas.
 Para Durkheim a divisão é um fenômeno social decorrente de 
uma combinação do volume, densidade material e moral da sociedade.
 Volume é o número de indivíduos. Mas só volume não explica a 
diferenciação social; é preciso acrescentar a densidade material e moral.
 Densidade do material é o número de indivíduos em determinado 
território; densidade moral é a intensidade das comunicações e trocas 
entre esses indivíduos.
 A diferenciação social resulta da combinação dos fenômenos do 
volume e das densidades material e moral.
 Para explicar esse mecanismo, Durkheim invoca o conceito de 
“luta pela vida” (quanto mais numerosos somos, mais intensa é a luta 
pela vida).
 Então, a diferenciação social é a solução pacífica da luta pela vida. 
Ao invés de alguns serem eliminados para que outros sobrevivam (como 
fazem os animais), a diferenciação social faz com que um número maior 
de indivíduos sobreviva, diferenciando-se. Como somos diferentes, cada 
um contribui com seu papel para a vida de todos.
31SoCiologiA DA EDUCAção
A Sociologia diante do caso patológico e da anomia
 Durkheim admitia que o capitalismo é bom, e a sociedade é perfeita. 
Contrapondo-se ao pensamento socialista, dizia ele, basta apenas 
conhecer os seus problemas e buscar uma solução científica para eles. 
Porque os problemas sociais entre empresários e trabalhadores não se 
resolveria dentro de uma luta política e sim, através da ciência, ou melhor, 
da Sociologia. Seria tarefa do sociólogo compreender o funcionamento 
da sociedade de modo objetivo, por observar, compreender e classificar 
as leis sociais, descobrir as falhas e corrigi-las por outras mais eficientes.
 O autor acreditava que os problemas sociais tivessem suas 
origens na crise moral, isto é, no estado social em que várias regras de 
conduta não estão funcionando. A esse estado de crise social Durkheim 
denomina de caso patológico. Por outro lado, os problemas sociais podem 
ter sua origem também na ausência ou insuficiência de normatização das 
relações sociais, e que, por sua vez, caracteriza-se como anomia.
 Frente ao caso patológico (regras sociais falhas), cabe à 
Sociologia captar suas causas, procurando evitar a anomia (crise total), 
através da criação de uma nova moral social que supere a velha moral e 
seja eficiente.
 Sabendo que a sociedade capitalista está cheia de problemas, 
Durkheim admitia que o Estado fosse uma instituição que teria o poder 
de elaborar leis que corrigissem os casos patológicos da sociedade. 
Karl Marx (1818-1883)
Nasceu na cidade de Treves, na Alemanha. Em 1836, 
matriculou-se na Universidade de Berlim, doutorando-se 
em Filosofia, em Lena. Foi redator de uma gazeta liberal 
em Colónia. Mudou-se em 1842 para Paris, onde conheceu 
Friedrich Engels, seu companheiro de ideias e publicações 
por toda a vida. Expulso da França em 1845, foi para Bruxelas 
participar da recém-fundada Liga dos Comunistas. Em 1848, 
escreveu com Engels o Manifesto do Partido Comunista, obra 
fundadora do "marxismo", enquanto movimento político e 
social a favor do proletariado. Com o malogro das revoluções 
sociais de 1848, Marx mudou-se para Londres, onde se 
dedicou a um grandioso estudo crítico da economia política. 
Marx foi um dos fundadores da Associação Internacional dos 
Operários ou Primeira Internacional. Morreu em 1883, após 
intensa vida política e intelectual. Suas principais obras foram: 
A Ideologia Alemã; Miséria da Filosofia; Para a Crítica da 
Economia Política; A Luta de Classes em França; O capital.
Karl Marx
fonte:http://commons.wikimedia.
org/wiki/File:Karl_Marx.png3232 UNiDADE 02
Marx e o materialismo histórico e dialético
 Marx observava as transformações que ocorriam na sociedade de 
sua época. Transformações essas que causaram miséria e sofrimento na 
classe trabalhadora, enquanto que a burguesia se elevava à condição de 
classe dominante.
 Para entender essas transformações que ocorreram na sociedade 
capitalista, Marx julgou necessário entender como a história humana 
funciona, desde os primórdios da civilização. Para ele, a história da 
humanidade é a história da luta de classes. A luta de classe é o motor da 
história.
 Max e seu companheiro Engels escreveram que a história humana 
é a história da relação dos homens com a natureza e dos homens entre 
si.
 A primeira condição para o homem viver é ter de comer; e para 
ter de comer, tem de trabalhar; e ao trabalhar, ele relaciona-se com a 
natureza e com os outros membros da sociedade.
 No processo de produção da vida material, o homem desenvolveu 
formas de relacionar-se com a natureza que se intensificaram ao longo 
da história. A essa forma Marx chamou de forças produtivas.
 As forças produtivas foram desenvolvendo-se à medida que 
o homem passou a organizar a produção junto a seus semelhantes, 
distribuindo tarefas, benefício entre os membros da sociedade. Foi este 
o ponto de partida do processo de divisão do trabalho, sendo primeiro 
a divisão social do trabalho, depois a agricultura e a domesticação de 
animais, campo, a cidade, a indústria e o comércio.
Modo de produção, em economia marxista, é a forma de organização 
socioeconômica associada a uma determinada etapa de desenvolvimento das 
forças produtivas e das relações de produção. Existem 7 modos de produção: 
Primitivo, Asiático, Escravista, Feudal, Capitalista, Comunista e Socialista.
 Durante o processo produtivo o homem nunca está sozinho; ele 
relaciona-se com seus pares, pois a intervenção do homem na produção 
não é isolada, antes, reveste-se de um caráter social. A esse conjunto de 
relações Marx denominou de relação de produção.
 As relações de produção transformam-se com a alteração e o 
desenvolvimento das forças produtivas a que estão organicamente 
ligadas e, por sua vez, agem sobre o desenvolvimento dessas mesmas 
33SoCiologiA DA EDUCAção
forças. Ao produzirem bens necessários à vida, os homens criam 
determinadas relações espontâneas, independentes de sua vontade 
e consciência, que correspondem às etapas de desenvolvimento das 
forças produtivas. 
 As relações de propriedade são, portanto, a base das desigualdades 
sociais, na medida em que a divisão do trabalho possibilita a existência 
de homens que trabalham para os outros, por que o fazem com os meios 
dos outros; e de homens que não trabalham porque têm meios e podem 
fazer com que os outros trabalhem para si.
 Cada época histórica possui um conjunto de forças produtivas 
desenvolvidas e, ao mesmo tempo, um conjunto de relações sociais e 
produção, que são o modo pelo qual os homens assumem o controle 
sobre as forças produtivas.
 As grandes transformações pelas quais passou a história da 
humanidade foram as transformações de um modo produção para 
outro. São eles: o modo de produção escravista, o feudal e o capitalista, 
com suas diferentes formas de organização da propriedade como a de 
escravidão, de servidão e de assalariamento. Dessas diferentes relações 
de propriedade surgem as classes sociais, e as transformações dão-se 
por causa da luta de classes em cada época. 
 As relações sociais de produção funcionam como forma de 
desenvolvimento das forças produtivas, mas chega um momento em que 
as forças não mais conseguem se desenvolver; abre-se aí um período 
de convulsão social, em que as relações vigentes são contestadas, 
ocasionando a revolução que leva à passagem de um modo de produção 
a outro
Dialética 
 Engels afirmava que a Dialética considera as coisas e os conceitos 
no seu encadeamento: suas relações mútuas, sua ação recíproca e as 
decorrentes modificações mútuas, seu nascimento, o desenvolvimento, 
sua decadência.
A Dialética tem três características:
 A primeira é que tudo se relaciona – lei da ação recíproca: a 
natureza é um todo unido, coeso, em que os objetos e os fenômenos 
estão intimamente ligados entre si, dependentes uns dos outros, e 
Forças Produtivas: 
são as forças de 
que se vale a 
sociedade sobre 
a natureza para 
produzir sua 
existência.
ATENTE!
3434 UNiDADE 02
condicionando-se reciprocamente.
 A segunda característica é que tudo se transforma - 
desenvolvimento incessante: nem a natureza, nem a sociedade estão 
em repouso; elas estão sempre em mudanças, e sempre em relação. 
Realidade e natureza é processo, é movimento.
 E por fim, a terceira característica é a luta dos contrários – 
contradição: tudo tem um lado positivo e um negativo; um passado e 
um futuro; o que aparece e desaparece; existe o velho e o novo; o que 
morre e o que nasce; o que perece o que evolui. Um exemplo típico é que 
acontece com o estudante de Sociologia, quando há uma luta entre a sua 
falta de conhecimento sociológico e a vontade de saber.
 Essa teoria é para mostrar que a sociedade humana é produto de 
uma luta entre nossos ancestrais e a natureza. O conteúdo dessa luta foi 
e continua sendo o trabalho.
As Formas de consciências
 Marx se propõe a explicar que a consciência está ligada às 
condições materiais da vida, ou seja, ao intercâmbio econômico entre os 
homens. Mas a consciência que os homens têm dessa relação é falsa. As 
ideias, as concepções sobre como funciona o mundo são representações 
que os homens fazem a respeito de suas vidas, são apenas aparências. 
Essas representações implicam, num primeiro momento, em uma falsa 
consciência, uma consciência invertida.
 A percepção da aparência e o entendimento de suas consequências 
para cada um ficam bloqueados pelo modo como os indivíduos adquirem 
consciência do mundo social em que nascem, crescem e morrem. 
A palavra alienação tem várias definições: cessão de bens; transferência de 
domínio de algo; perturbação mental, na qual se registra uma anulação da 
personalidade individual; arrombamento de espírito; loucura. A partir desses 
significados, traçam-se algumas diretrizes para melhor analisar o que é a 
alienação, e assim, buscar alguns motivos pelos quais as pessoas se alienam. 
Ainda assim, os processos alienantes da vida humana foram tratados de maneira 
atemporal, defraudada, abstraídas de processos socioeconômicos concretos. A 
alienação trata-se do mistério de ser ou não ser, pois uma pessoa alienada carece 
de si mesmo, tornando-se sua própria negação.
 A realidade cotidiana só lhe ensinou que tem de trabalhar e 
receber seu salário para viver. Se o trabalho sempre foi o meio através do 
35SoCiologiA DA EDUCAção
qual o homem se relacionou com a natureza para retirar o seu sustento, 
no sistema capitalista, ele é compreendido como algo que não pertence 
a este ser humano, e aí o indivíduo torna-se alienado, adquirindo uma 
falsa consciência do mundo em que vive. Como consequência, o trabalho 
alienado e a dominação de uma classe sobre outra é visto como algo 
natural, porque o processo histórico real é ocultado pela ideologia, ou 
seja, por um sistema ordenado de ideias e concepções, de normas e de 
regras que obrigam os homens a comportarem-se segundo a vontade 
do sistema, como se estivessem se comportando segunda a sua própria 
vontade.
Ideologia é um termo usado no senso comum contendo o sentido de "conjunto 
de ideias, pensamentos, doutrinas e visões de mundo de um indivíduo ou de um 
grupo, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticas". A ideologia, 
segundo Karl Marx, pode ser considerada um instrumento de dominação que age 
através do convencimento (e não da força), de forma prescritiva, alienando a 
consciência humana e mascarando a realidade.
 Se a exploração econômica e a opressão política do homem 
pelo homem sempre houve em todas as sociedades, no capitalismo 
essa opressão se dá de forma dissimulada,a ponto tal que a classe 
trabalhadora pensa com a cabeça da classe dominante, ou seja, as ideias 
dominantes são as ideias da classe dominante.
 No modo de produção capitalista, o proprietário dos meios de 
produção compra força de trabalho da classe trabalhadora, e nessa 
relação ocorre a mais-valia, ou seja, o patrão não remunera todo o 
trabalho realizado pelo operário, mas apenas parte dele; a outra parte é 
apropriada pelo capitalista.
 Marx e Engels achavam que chegaria o momento em que as 
forças produtivas entrariam em contradição, e aí se abre uma época 
de revolução social e política, fazendo com que surgisse outro tipo de 
sociedade, sem exploradores e inexplorados, sem a alienação, sem 
ideologia, sem classes sociais, e sem Estado. Seria o comunismo.
O Comunismo é uma ideologia e um sistema econômico que tem por objetivo 
a criação de uma sociedade sem classes, baseada na propriedade comum dos 
meios de produção, com a consequente abolição da propriedade privada. Sob tal 
sistema, o Estado não teria necessidade de existir e seria extinto.
3636 UNiDADE 02
Max Weber (1864 – 1820)
Foi na cidade de Erfurt que nasceu Max Weber, numa família de burgueses liberais. 
Desenvolveu estudos de Direito, Filosofia, História e Sociologia, constantemente 
interrompidos por uma doença que o acompanhou por toda a vida. Iniciou a carreira 
de professor em Berlim e, em 1895, foi catedrático em 
Heidelberg. Manteve contato permanente com intelectuais 
de sua época, como Simmel, Sombart, Tõnnies e Georg 
Lukács. Na política, defendeu ardorosamente seus 
pontos de vista liberais e parlamentaristas, e participou 
da comissão redatora da Constituição da República de 
Weimar. Sua maior influência nos ramos especializados 
da Sociologia foi no estudo das religiões, estabelecendo 
relações entre formações políticas e crenças religiosas. 
Suas principais obras foram: Artigos Reunidos de 
Sociologia da Religião; Artigos Reunidos de Teoria da 
Ciência; Economia e Sociedade (obra póstuma); e A 
Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Morreu em 
Munique.
Weber e o compreensivismo
 Weber teve uma contribuição importantíssima para o 
desenvolvimento da Sociologia. Herdeiro de uma tradição filosófica 
diferente e vivendo os problemas da Alemanha, diversos dos da França 
e Inglaterra na mesma época, pode trazer uma nova visão que não 
descendia nem de ideais políticos, nem de racionalismo positivista de 
origem anglo-francesa.
 Diferentemente de Durkheim, Weber tem como preocupação 
central compreender o indivíduo e suas ações. Segundo ele, a sociedade 
existe concretamente, não é algo externo acima das pessoas, é sim, 
o conjunto das ações individuais, relacionando-se reciprocamente. 
Durkheim afirmava que o indivíduo é produto da sociedade. Quando nós 
nascemos, a sociedade já existe e vai nos moldar através de um processo 
educacional chamado de socialização. Já Weber diz que a sociedade é 
formada por indivíduos, que na sua individualidade se relacionam com 
seus pares, formando a sociedade. 
 As representações (Estado, a igreja, a família) são o desenvolvimento 
e entrelaçamento de ações específicas de pessoas individuais, e para se 
compreender como se encadeia esse entrelaçamento de ações, Weber 
desenvolveu o conceito de ação social para estruturar a Sociologia como 
uma ciência compreensiva.
Max Weber
Fonte: pt.wikipedia.org/
wiki/Max_Weber
37SoCiologiA DA EDUCAção
 O objeto das Ciências Sociais é decifrar o sentido da ação social, 
ou seja, as ações humanas, e a única maneira de estudar esse objeto é 
tendo a compreensão de como se desenvolvem essas ações.
 O ponto de partida é a ação social. Weber, ao analisar o modo 
como os indivíduos agem e, levando em conta a maneira como eles 
orientam suas ações, agrupou as ações individuais em quatro grandes 
tipos, a saber: 
 - Ação social racional com relação a fins: nesse tipo de ação, o 
indivíduo pensa antes de agir em uma situação dada; ele calcula 
os custos e benefícios que terá realizando ou não a ação.
 - Ação social racional com relação a valores: fundamenta-se em 
convicções, tais como o dever, a dignidade, a beleza, a sabedoria, 
a piedade ou a transcendência de uma causa. São os valores que 
estão impregnados na sociedade.
 - Ação social afetiva: esta ação tem por fundamento os sentimentos 
de qualquer ordem. O que importa nesta ação é dar vazão às 
paixões momentâneas.
 - Ação tradicional: tem por base os costumes arraigados, a 
tradição familiar ou um hábito. É um tipo de ação que se adota 
quase automaticamente, reagindo a estímulos habituais.
 Reparem que no dia a dia, esses tipos de ações sociais não 
aparecem separadamente. As razões se misturam. Mas o método de 
Weber consiste em isolar esses tipos “puros” de comportamentos, que 
não existem, servem apenas como referência pelos sociólogos para 
analisar a realidade social.
 Vamos compreender como funciona a metodologia de Weber, 
através da metodologia compreensivista. Para isso, temos de seguir 
alguns passos.
 O primeiro passo é construir um tipo ideal “puro” (o tipo é uma 
construção mental, feita na cabeça de investigadora, a partir de vários 
exemplos históricos. Ele é um exagero de perfeição que jamais será 
encontrado na vida prática).
 No segundo passo, selecione o aspecto a ser investigado no 
mundo social que o cerca. 
3838 UNiDADE 02
Na Filosofia, Empirismo é um movimento que acredita nas experiências como 
únicas (ou principais) formadoras das ideias, discordando, portanto, da noção de 
idéias inatas. Na ciência, o empirismo é normalmente utilizado quando falamos 
no método científico tradicional (que é originário do empirismo filosófico), o qual 
defende que as teorias científicas devem ser baseadas na observação do mundo, 
em vez da intuição ou fé.
 No terceiro passo, compare o mundo social empírico com o tipo 
ideal que você construiu na sua mente.
 No quarto passo, à medida que você compara, a realidade 
apresenta-se para você, aproximando-se ou distanciando-se do tipo puro 
que você imaginou, ou seja, revelando-se em seu caráter mais complexo.
 É assim que a ação social com relação a fins serve – para que 
se possa avaliar o alcance daquilo que é irracional. Então, chegamos 
a um entendimento melhor do que seja a Sociologia chamada de 
Compreensiva, que é aquela que se refere à análise de comportamentos 
movidos pela racionalidade dos sujeitos com relação aos outros.
 Neste capítulo, examinamos conceitos utilizados por diferentes 
autores na análise da relação dos indivíduos na sociedade: classe social 
(Marx), consciência coletiva e anomia (Durkheim), ação social (Weber). Qual 
desses conceitos poderia nos ajudar na interpretação do comportamento 
de nossa sociedade?
 Produza um texto e compartilhe com seus colegas.
VIDA DE KASPAr HAuSE
 Kaspar Hauser (provável 30 de Abril de 1812 – 17 de dezembro de 
1833, em Ansbach, Mittelfranken) foi uma criança abandonada, envolta em 
mistério, encontrada na praça Unschlittplatz, em Nuremberg, Alemanha do 
século XIX, com alegadas ligações com a família real de Baden.
 Hauser passou os primeiros anos de sua vida aprisionado numa 
cela, não tendo contato verbal com nenhuma outra pessoa, fato esse 
que o impediu de adquirir uma língua. Porém, logo lhe foram ensinadas 
39SoCiologiA DA EDUCAção
as primeiras palavras, e com o seu posterior contato com a sociedade, 
ele pode, paulatinamente, aprender a falar, da mesma maneira que uma 
criança o faz. Afinal, ele havia sido destituído somente de uma língua, que 
é um produto social da faculdade de linguagem, não da própria faculdade 
em si. A exclusão social de que foi vítima não o privou apenas da fala, mas 
de uma série de conceitos e raciocínios, o que fazia, por exemplo, com 
que Hauser não conseguisse diferenciar sonhos de realidade durante o 
período em que passou aprisionado.
 Hauser, supostamente com quinze anos de idade, foi deixado em 
uma praça pública de Nuremberg, em 26 de maio de 1828, com apenas 
uma carta endereçada a um capitãoda cidade explicando parte de sua 
história, um pequeno livro de orações, entre outros itens que indicavam 
que ele provavelmente pertencia a uma família da nobreza.
 Entre as idiossincracias originadas pelos seus anos de solidão, 
Hauser odiava comer carne e beber álcool, já que aparentemente havia 
sido alimentado basicamente por pão e água. Aprendeu a falar, a ler e a 
comportar-se, e a sua fama correu a Europa, tendo ficado conhecido à 
época como o "filho da Europa". Obteve um desenvolvimento do lado direito 
do cérebro notadamente maior que o do esquerdo, o que teoricamente lhe 
proporcionou avanços consideráveis no campo da música.
 Hauser foi assassinado com uma facada no peito, em dezembro de 
1833, nos jardins do palácio de Ansbach. As circunstâncias e motivações, 
ou autoria do crime jamais foram esclarecidas, apesar da recompensa de 
10.000 Gulden (c. 180.000,00 Euros), oferecida pelo rei Luís I, da Baviera.
 A sua história foi representada no filme de Werner Herzog, "Jeder 
für sich und Gott gegen alle" (em língua portuguesa, "Cada um por si e 
Deus contra todos"), de 1974, lançado no Brasil com o título "O Enigma de 
Kaspar Hauser".
4040 UNiDADE 02
UNiDADE 3Esta unidade trata das formas de pensamento social, iniciando 
pela forma de pensamento social desenvolvido pelo francês Augusto 
Comte denominado positivismo. Posteriormente surgem, ainda 
no século XIX, formas diversas e cientificas de se compreeder a 
sociedade. Sendo elas as desenvolvidas pelo francês Émile Durkheim 
com a análise dos fatos sociais que ele acha que deveriam ser 
encaradas como coisas, e que o indivíduo é produto da sociedade; 
o outro método foi o desenvolvido pelo alemã Karl Marx que foi 
denominado de materialismo histórico dialético, e finalmente o método 
desenvolvido pelo também alemã Marx Weber que foi batizado de 
compreensivismo. O filme “O engma de Kaspe” reflete muito bem o 
processo de socilização enfatizado por Durkheim.
UNiDADE 3
A Educação na perspectiva 
Marxista, Durkheiminiana 
e Weberiana
43SoCiologiA DA EDUCAção
A Educação na 
perspectiva Marxista, 
Durkheiminiana e 
Weberiana
a eduCação em marx
 O tema da educação não ocupou o lugar central na obra de 
Marx. Ele não formulou explicitamente uma teoria da educação, muito 
menos princípios metodológicos e diretrizes para o processo ensino-
aprendizagem. Observamos que sua principal preocupação fora o estudo 
das relações socioeconômicas e políticas e o seu desenvolvimento no 
processo histórico. Entretanto, a questão educacional encontra-se 
inevitavelmente enredada em sua obra. Existem alguns textos que Max, 
juntamente com Engels, redigiu sobre a formação e o ensino em que a 
concepção de educação está articulada com o horizonte das relações 
socioeconômicas daquela época. É por isso que, antes de fazer algumas 
considerações sobre educação, foi necessário passar pelo seu modo de 
compreender a sociedade.
 A educação, na sociedade capitalista é, segundo Marx e Engels, 
um elemento de manutenção da hierarquia social. A igualdade política 
é algo meramente formal e não passa de uma ilusão, visto que a 
desigualdade social é concreta e inequívoca.
 No entanto, uma das possibilidades de viabilizar a superação 
das dicotomias existentes e da emancipação do ser humano reside na 
integração entre ensino e trabalho. A esta integração eles designam ensino 
politécnico ou formação ominilateral. Por meio dessa educação omnilateral 
o ser humano desenvolver-se-á numa perspectiva abrangente, isto é, em 
todos os sentidos. A integração entre ensino e trabalho constitui-se na 
maneira de sair da alienação crescente, reunificando o homem com a 
sociedade. Essa unidade, segundo Marx, deve dar-se desde a infância. O 
tripé básico da educação para todos é o ensino intelectual (cultura geral), 
desenvolvimento físico (ginástica e esportes) e aprendizado profissional 
4444 UNiDADE 03
polivalente (técnico e científico).
 Marx e Engels não só indicaram frequentemente que o trabalho 
físico sem elementos espirituais destrói a natureza humana como, 
também, que a atividade intelectual à margem do trabalho físico conduz 
facilmente aos erros de um idealismo artificial e de uma abstração falsa. 
Logo, a união entre os dois dá um caráter integral à educação e tomará 
o lugar da formação unilateral, especializada e alienada.
“O novo homem comunista deveria ser educado de tal modo que ele pudesse de 
fato superar a divisão do trabalho que o dominara sob o capitalismo. Não seria 
suficiente a revolução política e o controle do poder do Estado pelos operários 
para socializar os meios de produção. Seria necessário que, ao socializar os 
meios de produção, a nova forma de organização industrial encontrasse homens 
preparados para desempenhar um trabalho que não fosse alienado, parcial, 
restrito de suas potencialidades.”
 
Assim, o ensino aparece como instrumento para o conhecimento 
e também para a transformação da sociedade e do mundo. Este é o 
potencial e o caráter revolucionário da educação. O proletariado, por si 
só, não conquista sua consciência de classe, sua consciência política, 
justamente pelo fato de ter sido privado desde o início dos meios que 
lhe permitem consegui-lo. Por isso, há a necessidade de um processo 
educativo pautado em um projeto político e pedagógico definido e voltado 
aos interesses da grande maioria excluída. Aí é que surge o papel 
estratégico da escola, dos educadores e intelectuais, os quais, em nosso 
entender, são decisivos para construção da consciência de classe do 
trabalhador.
 Acreditamos que é extremamente pertinente a concepção 
educativa de Marx e Engels, visto que a sua proposta recupera o sentido 
do trabalho enquanto atividade vital em que o homem humaniza-se 
sempre mais, ao invés de alienar-se, e a educação é concebida não 
como instrumento de dominação e manutenção do status quo, mas como 
processo de transformação dessa situação.
 A obra desses autores constitui uma crítica fundamental à 
concepção da burguesia sobre o ser humano e a educação. Às concepções 
metafísicas e idealistas, que são fundamentalmente conservadoras, estes 
pensadores opõem a concepção materialista, histórica e dialética, isto é, 
no interesse pelo ser humano real em carne e osso, por seus problemas 
enquanto vivem em sociedade, visando a uma transformação positiva 
e o humanizante. Esta concepção dialético-histórica do ser humano 
45SoCiologiA DA EDUCAção
toma como premissa fundamental o fato de ele não ser um dado, mas é 
essencialmente um “construir-se”. Deste modo, a educação deve vir para 
corroborar essa construção que não é meramente teórica ou abstrata, 
mas real, prática.
 Na sociedade capitalista contemporânea, a educação reproduz 
o sistema dominante tanto ideologicamente quanto nos níveis técnico 
e produtivo. Na concepção socialista, a educação assume um caráter 
dinâmico, transformador, tendo sempre o ser humano e sua dignidade 
como ponto de referência. Uma educação omnilateral é o que continua 
fazendo falta à nossa sociedade. O atual sistema educativo, sobretudo 
no Brasil, vem confirmando o que se diz sobre reprodução, exclusão e 
dominação. 
eduCação em durkHeim
 Para Durkheim, a educação é essencialmente um processo pelo 
qual aprendemos a ser membros da sociedade. Educação e socialização.
Para Durkheim, a “educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre 
as gerações que não são encontradas ainda preparadas para a vida social; tem 
por objeto suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, 
intelectuais e morais, relacionados pela sociedade política, no seu conjunto, e 
pelo meio moral a que a criança, particularmente, se destine”.
 “É uma ilusão acreditar que podemos educar nossos filhos como 
queremos”, sentencia Durkheim, no seu livro Educação e Sociologia. 
Existem certos costumes, certas regras, que devem ser obrigatoriamente 
transmitidas no processo educacional, gostemos deles ou não. Se 
não fizermos isso, a sociedade vingar-se-á de nossosfilhos, pois não 
estarão em condição de viver em meio aos outros, quando adultos. A 
cada momento histórico, acredita Durkheim, existe um tipo adequado de 
educação a ser transmitida. Ideias educacionais muito ultrapassadas ou 
muito à frente das do tempo, diz nosso sociólogo, não são boas porque 
não permitem que o indivíduo educado tenha uma vida normal, harmônica 
com seus contemporâneos.
 Mas se, como dissemos antes, as sociedades modernas são muito 
diferenciadas, devido à divisão do trabalho social, como seria possível um 
único tipo adequado de educação para todos? Ora, não seria possível. 
Para Durkheim, a educação adequada é educação própria ao meio moral 
que cada um compartilha. Nas sociedades complexas existem muitos 
4646 UNiDADE 03
meios morais, conforme a divisão em classes, em castas, em grupos, em 
profissões etc. Assim, não existe uma educação única para que todos 
aprendam a ser membros da sociedade. Você aprende a ser um membro 
da sua classe, no seu grupo, de sua casta, de sua profissão, enfim, no 
seu meio moral. Este é o modo específico, particular, pelo qual você se 
torna membro da sociedade. Isto não é algo que esteja disponível em 
sua abrangência total para todas as pessoas. Socializar-se é aprender 
a ser membro da sociedade, e aprender a ser membro da sociedade 
é aprender seu devido lugar nela. Só assim é possível preservar a 
sociedade. Preservá-la inclusive de sua própria diferenciação. 
 É isso que nos permite viver em sociedade; é isso que permite 
que a sociedade viva em nós; e é isso que permite à sociedade continuar 
viva: sermos iguais e diferentes ao mesmo tempo. Só a educação pela 
qual passamos é capaz de fazer assim. E é por isso que educação é um 
processo social.
a eduCação em Weber
 Segundo Weber, a história humana é um processo crescente de 
racionalização da vida, ou seja, é o abandono de concepções mágicas e 
tradicionais que justificavam o comportamento dos homens.
 Para ele, o que constitui a sociedade é a ação e a interação dos 
indivíduos. Quanto mais complexas forem as sociedades, mais conflitivas 
tendem a ser as interações entre indivíduos e grupos, uma vez que 
maiores serão as constelações de interesses. Então, o Estado veio para 
regular o conflito através da dominação de uns sobre os outros.
 O exercício da autoridade do Estado depende de um quadro 
administrativo, hierarquizado e profissional que se caracteriza pela 
existência de uma burocracia. Nesse sentido é que a educação é o modo 
pelo qual determinados tipos de homens são preparados para exercer as 
funções de racionalização.
 Segundo Weber, a educação sistemática passou a ser um pacote 
de conteúdos e de disposições voltados para o treinamento de indivíduos 
que tivesse de fato condições de operar essas novas funções, de “pilotar” 
o Estado, as empresas e a própria política, de um modo racional.
 A racionalização e a burocratização alteraram radicalmente o 
modo de educar. Então, a burocracia estatal e a empresa capitalista 
precisam de profissionais para isto.
 A educação, para Weber, não é mais, então, a preparação para 
Enquanto que Marx 
via na educação 
a possibilidade 
de romper com a 
escravidão do ser 
humano, Weber 
via a possibilidade 
de desenvolver 
o talento do ser 
humano, em nome 
da preparação para 
obtenção de poder e 
dinheiro.
ATENTE!
47SoCiologiA DA EDUCAção
que o membro do todo orgânico aprenda a sua parte do comportamento 
harmônico do organismo social, como propôs Durkheim. Nem é, tampouco, 
vista com possibilidades de emancipação com base na ruptura com a 
alienação, como propôs Marx. Ela passa a ser, na medida em que a 
sociedade se racionaliza historicamente, o fator de estratificação social, 
um meio de distinção, de obtenção de honras, de prebendas, de poder e 
de dinheiro.
 Weber vê a educação dirigida com três tipos de finalidades: a 
de despertar o carisma, preparar uma conduta de vida e transmitir 
conhecimentos especializados. As duas primeiras fogem à nossa 
racionalização; portanto, a terceira, por ser a racional, torna-se a 
pedagogia do treinamento.
 Com a racionalização da vida social e a crescente burocratização 
do aparato público de dominação política e das grandes corporações 
capitalistas privada, a educação passa a ter a finalidade de um preparo 
especial com o objetivo de tornar o indivíduo um perito.
Com base na visão dos autores sobre o papel da educação, comente 
no fórum a sua visão de educação, destacando a sua preferência em uma 
das análises anteriores.
À luz das análises da sociedade de suas épocas, os tres clássicos da sociologia 
deixam bem claro o papel da educação como instituição responsável pela 
interferência na vida das pessoas. Para Marx a educação é um instrumento 
de emancipação ou alienação da classe proletária; para Durkheim, educar é 
socializar, e para Weber, educar é preparar o indivíduo para o mundo cada vez 
mais racional com o objetivo de obter dinheiro e poder.
UNiDADE 4
UNiDADE 4
A compreensão da 
educação numa 
perspectiva sociológica
51SoCiologiA DA EDUCAção
para que estudar soCiologia da eduCação?
 No artigo “Sociologia da Educação: para quê?” O autor Cristian 
Baudelot faz um questionamento: é útil ou inútil ensinar Sociologia da 
Educação aos futuros professores? O sociólogo francês Èmille Durkheim 
foi o primeiro a formular este questionamento há mais de um século. A 
essa pergunta ele deu respostas teóricas e práticas.
 Durkheim era um erudito e militante da educação. Ele tinha um 
interesse enorme pela educação por dois motivos: como intelectual que 
era, via na educação o principal mecanismo de socialização dos jovens; 
ele também tinha interesse em desenvolver uma moral laica, isso porque 
a moral existente na época era impregnada de dogmas religiosos, e 
esses dogmas não mostravam a realidade de forma objetiva e racional, 
como preconizava Durkheim, ao entender a sociedade cientificamente.
 Durkheim via na disciplina Sociologia da Educação a ciência 
destinada aos futuros professores, uma forma de proceder a uma 
análise objetiva do sistema de ensino, sua história, suas funções, seus 
conteúdos, seus ideais. Isso para se obter dois resultados: primeiro, 
manter a educação moral na educação primária. E uma moral laica, 
racionalista e sociológica, embasando os professores de conhecimentos 
sobre os sistemas de ensino para que eles mesmos possam transformá-
los, sabendo o que estão fazendo.
 A partir dessa nova visão da realidade social, a sociedade passaria 
a ter uma nova fé, a fé na racionalidade, na objetividade dos fatos, 
desarmados de dogmas religiosos, para que se tivesse uma nova opinião 
que não fosse uma inculcada de cima para baixo, sem questionamentos. 
Mas Durkheim sabia que isso não seria tarefa fácil para a Sociologia da 
A compreensão da 
educação numa 
perspectiva sociológica
O laicismo é 
uma doutrina 
filosófica que 
defende e promove 
a separação do 
Estado das igrejas 
e comunidades 
religiosas, 
assim como a 
neutralidade do 
Estado em matéria 
religiosa. Não deve 
ser confundida 
com o ateísmo de 
Estado.
ATENTE!
5252 UNiDADE 04
Educação, porque ele conhecia a resistência que oferecia a realidade 
social. Afinal de contas, quando as pessoas nascem, a realidade já existe; 
e essa realidade vai atuar sobre o individuo. E fazer o inverso não seria 
tarefa fácil. 
 A Sociologia da Educação seria a disciplina que deveria introduzir 
no desenvolvimento da sociedade uma alta consciência de si através 
da educação. Então, professores bem preparados teriam esse papel de 
conscientização. Daí a utilidade do ensino da Sociologia da Educação 
aos futuros professores.
Mas segundo Cristian Baudelot, a Sociologia da Educação 
adormeceu um bom período, votando a renascer nos anos 60, com a 
pesquisa de alguns sociólogos na área da educação.
A Sociologia moderna, diferente da Sociologia durkheimiana, vê 
os estudantes como o centro das análises: suas origens de classes, 
os diferentes resultados escolares, as diferenças sociais.

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