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Universidade Federal do Piauí Centro de Educação Aberta e a Distância SoCiologiA DA EDUCAção Ferdinan Francisco do Nascimento Ministério da Educação - MEC Universidade Aberta do Brasil - UAB Universidade Federal do Piauí - UFPi Universidade Aberta do Piauí - UAPi Centro de Educação Aberta e a Distância - CEAD Ferdinan Francisco do Nascimento SoCiologiA DA EDUCAção © 2011. Universidade Federal do Piauí - UFPI. Todos os direitos reservados. A responsabilidade pelo conteúdo e imagens desta obra é dos autores. O conteúdo desta obra foi licenciado temporária e gratuitamente para utilização no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil, através da UFPI. O leitor se compromete a utilizar oconteúdo desta obra para aprendizado pessoal, sendo que a reprodução e distribuição ficarão limitadas ao âmbito interno dos cursos. A citação desta obra em trabalhos acadêmicos e/ou profissionais poderá ser feita com indicação da fonte. A cópia deste obra sem autorização expressa ou com intuito de lucro constitui crime contra a propriedade intelectual, com sansões previstas no Código Penal. É proibida a venda ou distribuição deste material. N244A Nascimento, Ferdinan Francisco do Sociologia da Educação/ Ferdinan Francisco do Nascimen- to- Teresina: EDUFPI/UAPI 2010 111 p. ISBN: 978-85-7463-315-2 1- Educação-Sociologia 2 - Pedagogia I. Título C.D.D. - 370.193 Cleidinalva Maria Barbosa Oliveira Ubirajara Santana Assunção Zilda Vieira Chaves Elis Rejane Silva Oliveira Roberto Denes Quaresma Rêgo Samuel Falcão Silva Francisco Wellington B. Gomes Francisca das Dores Oliveira Araújo Giselle da Silva Castro PRESIDENTE DA REPÚBLICA MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO GOVERNADOR DO ESTADO REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO MEC PRESIDENTE DA CAPES COORDENADOR GERAL DA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL DIRETOR DO CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA DA UFPI Dilma Vana Rousseff Linhares Fernando Haddad Wilson Nunes Martins Luiz de Sousa Santos Júnior Carlos Eduardo Bielshowsky Jorge Almeida Guimarães Celso Costa Gildásio Guedes Fernandes CONSELHO EDITORIAL DA EDUFPI Prof. Dr. Ricardo Alaggio Ribeiro ( Presidente ) Des. Tomaz Gomes Campelo Prof. Dr. José Renato de Araújo Sousa Profª. Drª. Teresinha de Jesus Mesquita Queiroz Profª. Francisca Maria Soares Mendes Profª. Iracildes Maria de Moura Fé Lima Prof. Dr. João Renór Ferreira de Carvalho COORDENAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO TÉCNICOS EM ASSUNTOS EDUCACIONAIS EDIÇÃO PROJETO GRÁFICO DIAGRAMAÇÃO REVISÃO REVISÃO GRÁFICA EQUIPE DE DESENVOLVIMENTO COORDENADORES DE CURSOS ADMINISTRAÇÃO CIÊNCIAS BIOLÓGICAS FILOSOFIA FÍSICA MATEMÁTICA PEDAGOGIA QUÍMICA SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Antonella Maria das Chagas Sousa Maria da Conceição Prado de Oliveira Zoraida Maria Lopes Feitosa Miguel Arcanjo Costa João Benício de Melo Neto Vera Lúcia Costa Oliveira Rosa Lima Gomes do Nascimento Pereira da Silva Luiz Cláudio Demes da Mata Sousa Este texto é destinado aos estudantes aprendizes que participam do Programa de Educação a Distância da Universidade Aberta do Piauí (UAPI), vinculada ao consórcio formado pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Estadual do Piauí (UESPI), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFET-PI), com apoio do Governo do Estado do Piauí, através da Secretaria de Educação. O texto é composto de quatro unidades, contendo itens e subitens, que discorrem sobre a Sociologia Geral e a Sociologia da Educação propriamente dita; Na unidade 1, abordarei o contexto histórico do surgimento da Sociologia como ciência. Apresentarei, também, as disciplinas que têm afinidades com a Sociologia. Na unidade 2, enfatizarei as primeiras formas de pensamento social, como também os procedimentos teórico-metodológicos dos pensadores clássicos, como o francês Émile Durkheim, com o método positivista-funcionalista; o alemão Karl Marx, com o seu método histórico e dialético; e o também alemão Max Weber, com o método compreensivista. Na unidade 3, apresento a análise da educação na perspectiva marxista, durkheimiana e weberiana. Na unidade 4, contextualizarei a Sociologia da Educação propriamente dita, abordando a sua importância, analisando a função da escola na sociedade capitalista; a sua trajetória desde o funcionalismo até o pós-modernismo, o seu papel no processo socializador, e as explicações sociológicas para o contexto brasileiro com reflexos na educação. Além do mais, ela será compreendida como Espaço Sócio- Cultural na versão de Juarez Dayrel. UNiDADE 1 A SoCiologiA CoMo CiÊNCiA O Contexto Histórico do surgimento da Sociologia ............................11 Disciplinas que têm afinidades com a Sociologia ...............................15 UNiDADE 2 AS FoRMAS DE PENSAMENTo SoCiAl O Positivismo como primeira forma de compreensão da vida social ..25 As Correntes Sociológicas ...................................................................27 UNiDADE 3 A EDUCAção NA PERSPECTiVA MARXiSTA, DURKHEiMiANA E WEBERiANA Educação em Marx .............................................................................43 Educação em Durkheim ......................................................................45 Educação em Weber ...........................................................................46 UNiDADE 4 CoMPREENSão DA EDUCAção NUMA PERSPECTiVA SoCiolÓgiCA Para que estudar Sociologia da Educação .........................................51 A Sociologia da Educação: entre o Funcionalismo e o Pós-modernis- mo ........................................................................................................55 A função da escola na Sociedade Capitalista .....................................60 Educação como Processo Socializador: Função Diferenciadora e Função Homogeneizadora .............................................................................63 Explicações Sociológicas para o Contexto Brasileiro e seus reflexos na Educação ............................................................................................66 11 25 43 51 UNiDADE 1 UNiDADE 1 A Sociologia como Ciência 11SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO A Sociologia como Ciência Contexto HistóriCo do surgimento da soCiologia A Sociologia é uma ciência que estuda o comportamento humano, os meios de comunicação em função do meio e os processos que interligam o indivíduo em associações, grupos e instituições. Ela estuda os fenômenos que ocorrem quando vários indivíduos se encontram em grupos de tamanhos diversos e interagem no seu interior. Sociologia: A palavra Sociologia é um vocábulo composto da palavra latina societas (sociedade, socius = companheiro) e da palavra grega logos (estudo, ciência). A Sociologia é, então, a ciência da sociedade, da associação ou do companheirismo. Assim, a Sociologia é o estudo científico das formas fundamentais da convivência humana. A Sociologia como ciência surgiu como um conjunto de ideias a respeito do processo de constituição, consolidação e desenvolvimento da sociedade moderna. Ela é fruto da revolução industrial e é denominada de “ciência da crise” porque procurou dar resposta às questões sociais impostas por essa revolução que, num primeiro momento, alterou a sociedade europeia e, depois, o mundo todo. Revolução Francesa é o nome dado ao conjunto de acontecimentos que, entre 5 de Maio de 1789 e 9 de Novembro de 1799, alteraram o quadro político e social da França. Em causa estavam o Antigo Regime (Ancien Régime) e a autoridade do clero e da nobreza. Foi influenciada pelos ideais do Iluminismo e da Independência Americana (1776). Está entre as maiores revoluções da história da humanidade. A Sociologia como “ciência da sociedade” não surgiu de repente ou da reflexão de algum autor iluminado. Ela representao resultado 1212 UNIDADE 01 da elaboração de um conjunto de pensadores que se empenharam em compreender as novas transformações que estavam em curso. Ela é fruto de todo o conhecimento sobre a natureza e a sociedade, que se desenvolveu a partir do século XV. Mas a sua formação constitui um acontecimento complexo para o qual concorrerá uma constelação de circunstâncias históricas e intelectuais, e determinadas intenções práticas que se iniciam com a desagregação da sociedade feudal e a consolidação da civilização capitalista. O século XVIII foi um século de profundas transformações políticas e econômicas na sociedade européia que posteriormente se expandiram para o resto do mundo. As transformações políticas em decorrência da Revolução Francesa, de 1789, levaram a uma transformação no modelo político e administrativo das nações européias. O fim da monarquia absolutista fez surgir outras formas de organização política coniventes com as transformações econômicas causadas pela Revolução Industrial da segunda metade do século XVIII. Surge aí o Estado burguês. Os pensadores iluministas eram os ideólogos da burguesia que atacavam os fundamentos da sociedade feudal e os privilégios de sua classe dominante (nobreza, clero), que restringia os interesses econômicos e políticos da burguesia nascente. Foi este contexto que antecedeu a Revolução Francesa. Revolução Industrial consistiu em um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. Iniciada na Inglaterra, em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX. A Revolução Industrial representa o triunfo da sociedade capitalista, quando os empresários passaram a controlar os meios de produção e as grandes massas das classes trabalhadoras desprovidas dos meios de produção, detentores apenas de força de trabalho, que passaram a ser submetidos ao dono do capital. A nova forma de produção da vida material, a partir de então, faz surgir uma nova forma de organização da vida social. A utilização da máquina na Revolução Industrial, além de destruir o artesanato, submete o trabalhador a uma nova disciplina na qual, a partir daquele momento, toda a produção se dá numa linha de trabalho produtivo. Em uma linha do trabalho produtivo o trabalhador não se reconhece como produtor de bens de consumo. A partir daquele momento, ele passa a trabalhar como um robô, ou seja, no trabalho automatizado e repetitivo, e não participa de todas as etapas 13SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO da produção. Como conseqüência, ele perde a capacidade do saber produtivo que a partir de agora é apropriado pelo capitalista. Podemos definir meios de produção ou também modos de produção, como o conjunto formado pelos "meios de trabalho" e pelos "objetos de trabalho", além da maneira como a sociedade se organiza economicamente. Os meios de trabalho incluem os "instrumentos de produção" (máquinas, ferramentas), as instalações (edifícios, armazéns, silos etc.), as fontes de energia utilizadas na produção (elétrica, hidráulica, nuclear, eólica etc.) e os meios de transporte. O novo modo de produção interferiu também na forma de organização familiar e desmantelou a família patriarcal, passando, a partir daquele momento, a predominar a família nuclear. Com os cercamentos dos campos para a criação de ovelhas para abastecer a indústria têxtil e com o desenvolvimento da Revolução Industrial, ocorre uma grande migração do campo para a cidade aprocura de trabalho, tendo como consequência um excedente de mão-de-obra. Isso faz com que o capitalista passe a explorar o trabalho de crianças e mulheres, com jornadas de 12 a 14 horas diárias de trabalho, salários de subsistência, vivendo em cidades sem as menores condições de saneamento devido à rápida urbanização, uma consequência da industrialização. Como resultado, aumentam a prostituição, o suicídio, o alcoolismo, infanticídio, a criminalidade, a violência, as epidemias etc. Sindicalismo é o movimento social de associação de trabalhadores assalariados para a proteção dos seus interesses. Ao mesmo tempo, é também uma doutrina política segundo a qual os trabalhadores agrupados em sindicatos devem ter um papel ativo na condução da sociedade. Em decorrência da Revolução Industrial e da situação de exploração em que passa a viver a classe proletária, esta inicia o seu papel histórico como classe revolucionária na sociedade capitalista. As manifestações que se sucederam como forma de negar suas condições de vida se materializaram em destruir máquinas, praticar sabotagem, roubos, crimes, criação de associações, formação de sindicatos etc. Passaram a produzir jornais criticando o modelo capitalista e a inclinar- se para a nova forma de organização social em que desapareceriam as classes sociais. Diante de todos esses acontecimentos que tornam visíveis as dinâmicas da vida social, a sociedade coloca-se em um plano de análise, 1414 UNIDADE 01 em objeto que deveria ser investigado de forma científica, fugindo das explicações metafísicas ou espirituais. O Socialismo é um sistema sócio-político caracterizado pela apropriação dos meios de produção pela coletividade. Abolida a sua propriedade privada destes meios, todos se tornariam trabalhadores, tomando parte na produção, e as desigualdades sociais tenderiam a ser drasticamente reduzidas uma vez que a produção, sendo social, poderia ser equitativamente distribuída. Uma coisa havia em comum entre os pensadores que testemunhavam as transformações da época: apesar de pertencerem a correntes de pensamentos diferenciados, como liberais, conservadores, socialistas etc., eles compartilhavam do mesmo pensamento – de que a sociedade capitalista era passível de ser analisada cientificamente. A partir daquele momento, o pensamento vai renunciando a visão sobrenatural de explicar os fatos e passa a buscar explicações racionais para as modificações que ocorriam na sociedade daquela época. O que até então era fenômeno passou a ser explicado pelo método científico com a aplicação da observação e da experiência, ou seja, aquilo que tinha uma autoridade teológica deveria ceder lugar a uma dúvida metódica para que a objetividade dos fatos passasse a ser conhecida. Iluminismo é o estudo da política — dos sistemas políticos, das organizações políticas e dos processos políticos. Envolve o estudo da estrutura (e das mudanças de estrutura) e dos processos de governo — ou qualquer sistema equivalente de organização humana que tente assegurar segurança, justiça e direitos civis. Os cientistas políticos podem estudar instituições, como corporações (ou empresas, no Brasil), uniões (ou sindicatos, no Brasil), igrejas ou outras organizações cujas estruturas e processos de ação se aproximem de um governo, em complexidade e interconexão. Em suma, o surgimento da Sociologia prende-se, em parte, aos desenvolvimentos oriundos da Revolução Industrial, pelas novas condições de existência por ela criada. Mas uma outra circunstância concorreria também para a sua formação. Trata-se das modificações que vinham ocorrendo nas formas de pensamento, originadas pelo Iluminismo. As transformações econômicas que se achavam em curso no ocidente europeu desde o século XVI não poderiam deixar de provocar modificações na forma de conhecer a natureza e a cultura. 15SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO Veja mais sobre o surgimento da Sociologia www.alunosonline.com.br/sociologia www.brasilescola.com/sociologia disCiplinas que têm afinidades Com a soCiologia A falta de entrosamento entre as disciplinas tem sido um equívoco grave cometido pelas escolas no Brasil e, por isso, hoje, os professores estão sofrendo as consequências da ausência dessa interdisciplinaridade em sua formação. No passado, isso ocorria porque cada professor preparava o seu programa sem conhecer o dos companheiros. Os motivos que levavam à falta de entrosamento entre os professores eram: a falta detradição de trabalho em equipe; a vaidade de muitas pessoas, que não queriam precisar da contribuição dos outros; o excesso de encargos dos professores – muitos deles iam à escola somente para dar aula; a falta de embasamento filosófico. Isso dificultava uma visão integrada do processo educativo. Hoje os Programas Curriculares Nacionais (PCN’s) propõem uma visão interdisciplinar, multidisciplinar, transdisciplinar, no sentido de fundir os conteúdos curriculares. Sociologia e Filosofia da Educação Nas escolas que trabalham com educação é importante o entrosamento da Sociologia com a Filosofia da Educação e que as duas disciplinas caminhem juntas na produção de saberes. Os fatos têm de ser estudados junto com os valores, embora a Sociologia busque a objetividade dos fatos. Os sociólogos modernos têm de saber distinguir em que medida seus juízos de valor afetam a atitude científica. Eles têm de ser imparciais; não podem tomar posição, mas seus valores estão imbuídos na investigação dos fatos. A Filosofia deve estabelecer os fins a que se propõe a educação e os valores desta, ou seja, a educação não é simplesmente o repasse Os Parâmetros Curriculares Nacionais são diretrizes elaboradas pelo Governo Federal que orientam a educação no Brasil e são separados por disciplina. ATENTE! 1616 UNIDADE 01 de informações, é também a formação humanística do homem e, por isso, tem valores. Ela deve também distinguir quais são os valores permanentes e quais são os determinados por momentos históricos, os valores de manutenção da vida são permanentes; valores de uma sociedade de consumo são históricos, são modernos; valores que se dão à educação sistematizada são modernos e históricos. A Sociologia da Educação busca na Filosofia os valores a partir dos quais se elabora a teoria da educação e volta à Sociologia para ver como a educação interage na sociedade. Ela oferece o ponto de partida e de chegada para todo o conhecimento humano, uma vez que a mesma elabora as perguntas que angustiam o homem. Ela também se encarrega de dar as respostas. Sociologia e Psicologia Na Psicologia, a falta de conhecimento sociológico pode levar a uma visão deformada dos problemas psíquicos. Tendemos a ver os problemas como reflexos de uma situação isolada e individual. Para entendermos a sociedade, temos de entender a psique humana. O homem é individual e interage com os outros, formando o social. À Sociologia cabe integrar um caso isolado do contexto global em que estão inseridos o indivíduo e sua família, mostrando os condicionamentos sociais e culturais que explicam a maior parte das afecções psíquicas do homem. Sociologia e Ciências Sociais As ciências sociais são um ramo do conhecimento científico que estuda os aspectos sociais do mundo humano. Diferenciam-se das artes e das humanidades pela preocupação metodológica. Os métodos das ciências sociais, como a observação participante e o survey, podem ser utilizados nas mais diversas áreas do conhecimento, não apenas na grande área das humanidades e artes, mas também nas ciências sociais aplicadas, nas ciências da terra, nas ciências agrárias, nas ciências biomédicas etc. Embora polêmica, é comum a distinção entre qualitativos e quantitativos. A Sociologia ocupa-se dos aspectos da vida do homem e seu relacionamento com os outros homens. O que a distingue das outras ciências sociais, já que estas também se ocupam do homem sob o A Psicologia (do grego Ψυχολογία, transl. psykhologuía, termo derivado das palavras ψυχή, psykhé, "alma", e λόγος, lógos, "palavra", "razão" ou "estudo") é a ciência que estuda os processos mentais (sentimentos, pensamentos, razão) e o comportamento humano e animal (para fins de pesquisa e correlação, na área da Psicologia comparada). ATENTE! 17SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO aspecto das relações sociais? Para começar, toda ciência tem sua particularidade, e a Sociologia é a única ciência social que se ocupa das relações entre os homens em seu aspecto mais geral, procurando analisar o comportamento humano naquilo em que tal comportamento é afetado pela vida em sociedade, estudando, ao mesmo tempo, o produto destas inter-relações, que são as instituições sociais. Economia Política Ela é uma ciência social porque estuda o homem e suas relações sociais, mas tem sua particularidade. Ela estuda as relações que homens estabelecem entre si por imposição de suas necessidades materiais ligadas à subsistência, como alimentação, moradia, vestuário etc. O conceito de Economia Política, segundo o estudioso Charles Gide, “é o estudo daquelas relações do homem em sociedade que conduzem à satisfação de suas necessidades, ao seu bem-estar e que dependem da posse dos objetos materiais”. A busca da satisfação das necessidades materiais do homem afeta a ordenação da superestrutura da sociedade. Marx analisou que para compreender a sociedade, é necessário entender as relações de produção, baseadas nas forças produtivas existentes nos modos produção que se organizam em torno das forças produtivas. Ciência Política A Ciência Política estuda, como as outras ciências, a relação entre os homens, sob o ângulo da organização e da destruição do poder – o poder dos homens sobre outros homens, que se dissimula através do Estado. Esse fato impõe-se aos grupos que adquiriram um mínimo de complexidade em suas relações. No campo da educação, o conhecimento das Ciências Políticas nos ajuda a compreender o contexto social dentro do qual se inserem as instituições educacionais; ajuda-nos a entender de quem o Estado está a serviço. Em todo o grupo, a educação tem uma política que precisa ser entendida para que se possam tomar decisões ligadas à educação. Economia é a ciência social que estuda a produção, distribuição, e consumo de bens e serviços. O termo economia vem do grego para oikos (casa) e nomos (costume ou lei), daí "regras da casa (lar).” ATENTE! 1818 UNIDADE 01 Ciência Política: É o estudo da política — dos sistemas políticos, das organizações políticas e dos processos políticos. Envolve o estudo da estrutura (e das mudanças de estrutura) e dos processos de governo — ou qualquer sistema equivalente de organização humana que tente assegurar segurança, justiça e direitos civis. Os cientistas políticos podem estudar instituições, como corporações (ou empresas, no Brasil), uniões (ou sindicatos, no Brasil), igrejas ou outras organizações cujas estruturas e processos de ação se aproximem de um governo, em complexidade e interconexão. Antropologia Antropologia, apesar de ser também uma ciência social, tem vínculos com a Biologia e com a Arqueologia: a Biologia estuda a vida; a Arqueologia, os fósseis. A Antropologia estuda o desenvolvimento do corpo humano e o desenvolvimento cultural através de tempo. Ela procura explicar como as alterações no mundo físico influenciam como sócios. Tanto a Etnografia (estudo do corpo humano descrevendo raça, religião, língua, costumes etc.) como a Etnologia (estudo da cultura dos povos naturais) têm contribuído para a Teoria da Educação. Como? Estudando as culturas particulares. Esses estudos derrubam o mito de uma natureza humana que impediu durante muito tempo o avanço das teorias e dos métodos educacionais. A Antropologia e a Etnologia têm contribuído para desvendar os papéis sociais do homem e da mulher: As comparações entre diferentes comunidades nos mostram que os papéis masculinos e femininos são socialmente construídos; não são imutáveis; não são de uma natureza humana. Levantamentos da Etnografia têm nos mostrado que os papéis tidos por nós como tipicamente masculinos são desempenhados por mulheres, e vice-versa. História História é o estudo do homem no tempo, concomitante à análise de processos e eventos ocorridos no passado. Por metonímia, é o conjunto destes processos e eventos. A palavra história tem sua origem nas «investigações» de Heródoto, cujotermo em grego antigo é Ἱστορίαι (História). Todavia, foi Tucídides o primeiro a aplicar métodos críticos, como o cruzamento de dados e fontes diferentes. A História mantém estreita relação com a Sociologia. Nós vimos 19SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO que para entender os aspectos em que surgiu a Sociologia tivemos de fazer um resgate histórico, embora seus objetos de estudo sejam distintos. A História ocupa-se do fato histórico e a Sociologia ocupa-se da inter-relação dos indivíduos, que é constante. A História ajuda a Sociologia da Educação no sentido de distinguir entre o que precisa ser preservado e o que é inútil. A grande lição que a história pode nos dar consiste em impedir que se cometam, de novo, os erros do passado. Psicologia Social A Psicologia Social estuda a interação recíproca entre pessoas e os efeitos que essa interação exerce sobre os pensamentos, sentimentos, emoções e hábitos dos indivíduos. Para a Sociologia Educacional, a Psicologia Social contribui no sentido de permitir entender que os indivíduos que interagem no processo educativo são seres sociais e, ao mesmo tempo, pessoas, na sua individualidade. A função da Psicologia Social é neutralizar os equívocos ditos somente sociológicos ou psicológicos. Conclusões O objetivo deste texto é mostrar o objeto de estudo de alguns ramos do conhecimento que dizem respeito aos homo sócios, e que as divisões destas áreas são divisões arbitrárias com fins metodológicos. Não existe, no homem e nem na sociedade, atuação compartimentada ou isolada. O comportamento humano é uma totalidade permanente. • Leia o livro Introdução ao Pensamento Sociológico, de Ana Maria de Castro e Edmundo Fernandes Dias (orgs.) Eldorado. Esse é um livro muito interessante, pois os organizadores procuram, por meio de textos de autores clássicos (Èmile Durkheim, Max Weber, Karl Marx, Talcott Parsons) e de alguns de seus comentadores, dar uma visão panorâmica das principais questões do conhecimento sociológico. • O que é Sociologia, de Carlos B. Martins, Brasiliense. 2020 UNIDADE 01 Pesquise sobre o Iluminismo e produza um pequeno texto sintetizando as ideias e os principais representantes desse movimento, e compartilhe com seus colegas. O dicionário será uma ferramenta de trabalho importante para você durante o curso. Por isso, se você ainda não começou a utilizá-lo, comece a fazê- lo, pesquisando o significado dos termos “igualitarismo”, “racionalismo”, “individualismo” e “secularização”. Utilizem, em suas pesquisas, dicionários da língua portuguesa e de áreas como Filosofia, Pedagogia, Sociologia e História. FILME: Germinal Trabalhadores Despertos O título do livro e do filme nos confunde um pouco e, se não estivermos a par da temática da obra de Émile Zola, que deu origem ao filme de Claude Berri, podemos passar por esse filme na locadora sem percebê-lo e sem dar a ele o devido valor. Não nos enganemos: essa produção do cinema francês merece ser vista e apreciada tanto pelos amantes da sétima arte, quanto pelos estudiosos da Literatura, da História, das relações humanas e dos movimentos de trabalhadores. "Germinal" refere-se ao processo de gestação e maturação de movimentos grevistas e de uma atitude mais ofensiva por parte dos trabalhadores das minas de carvão do século XIX, na França, em relação à exploração de seus patrões. Nesse período alguns países passaram a integrar o seleto conjunto de nações industrializadas ao lado da pioneira Inglaterra, entre os quais, a França, palco das ações descritas no romance e representadas no filme. A forma contundente como as ações ocorrem no filme tornam a crueza dos acontecimentos extremamente chocante para os espectadores. No entanto, esse discurso um tanto quanto agressivo por parte do diretor Berri tem o firme propósito de conclamar os espíritos da audiência e chamar a atenção para as dificuldades e a rudeza do mundo operário do século XIX. 21SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO Vilipendiado, roubado, esgotado, trabalhando em condições totalmente impróprias, inseguro, sujeito a acidentes que podem ceifar-lhe a vida ou decepar-lhe um braço ou uma perna, assim nos é mostrado o proletariado francês nas telas. Inserido na escuridão das minas de carvão, sujo, cumprindo jornadas de 14, 15 ou 16 horas, recebendo salários baixíssimos e tendo de ver sua família toda encaminhar-se para o mesmo tipo de trabalho e péssimas condições, pouco resta aos trabalhadores, senão a luta contra aqueles que os oprimem. A obra literária é do período que marca o surgimento da Internacional Comunista. Por isso, há menções a Marx e Engels, e também ao anarquismo (uma das personagens centrais da trama assume o discurso dos pensadores que propuseram o anarquismo até as últimas consequências, mesmo tendo em vista as desgraças que isso poderia causar naquele contexto específico). Um trabalho paralelo envolvendo a leitura de trechos selecionados do livro, sendo monitorado pelos professores da área de Literatura, acompanhado por uma passagem em Filosofia, pelas obras dos intelectuais que abordaram os temas das lutas de classes, e uma elucidativa aula sobre as condições em que se desenvolveu o movimento trabalhista ao longo do século XIX, na Europa, por parte do professor de História, fariam com que a compreensão do filme e, consequentemente, do fenômeno da confrontação entre patrões e empregados, fosse mais bem assimilada pelos estudantes. A história do filme gira em torno de uma família que se encontra nas mencionadas condições de miséria e penúria listadas nos parágrafos anteriores. O chefe dessa família, vivido pelo grandalhão Gerárd Depárdieu (considerado um dos melhores atores franceses de todos os tempos, que também trabalhou em outros importantes filmes com temática histórica, como "Danton - O Processo da Revolução", e "1492 - A Conquista do Paraíso"), vê-se, então, obrigado a tomar providências, e para isso é estimulado pela chegada de um novo operário, que já possui vivência em termos de criação e fomentação de movimentos reivindicatórios. O primeiro passo dessa dupla passa a ser, então, criar condições de sobrevivência para os trabalhadores, tendo-se em vista que uma greve poderia se prolongar por um longo período de tempo. Por isso, criam uma caixa de resistência com a qual todos os operários deveriam contribuir. A diminuição dos salários e o pouco caso dos patrões em relação à segurança e à saúde dos trabalhadores aumenta ainda mais as tensões. Paralelamente à história dos trabalhadores, podemos acompanhar a burguesia e seu cotidiano de brioches, grandes refeições, luxuosas residências e total descaso em relação ao mundo que existe além dos seus portões. O contraste também é proposital. Tem por objetivo acirrar os ânimos de quem assiste e fazer com que as pessoas tomem partido 2222 UNIDADE 01 (obviamente dos trabalhadores). Por isso, deve-se destacar, quando se trabalhar esse filme, a questão ideológica. Como obra que procurou ser fiel aos acontecimentos do período em que foi escrita, a perspectiva para os operários não é das melhores. Uma boa reprodução de época, acompanhada por atuações convincentes, a escolha acertada das locações onde o filme foi produzido e a excelente trama que se desenvolve paralelamente às disputas entre burgueses e trabalhadores tornam o filme uma ótima pedida para facilitar o estudo dessa difícil e complicada questão. Assistam! Ficha Técnica: País/Ano de produção: França, 1993 Duração/Gênero: 158 min, drama Disponível em vídeo Esta unidade contém o contexto histórico em que se deu o surgimento da sociologia. As transformações políticas e econômicas que ocorriam na Europa da segunda metade do século XVIII causaram transformações profundas na forma das pessoas se organizarem. As transformações políticas se deram a partir da derrocada da monarquia absolutista com a revolução francesa de 1789. As transformações econômicas deram-se devido às novas formas de produção atravésda maquinofatura. Isso fez com que os problemas de ordem sociais causados pela relação de exploração de uma classe sobre outra tornasse a sociedade um objeto cientifico culminando no surgimento da sociologia. Será abordada também a afinidade que a sociologia tem com outras disciplinas. UNiDADE 2 As formas de Pensamento Social 25SoCiologiA DA EDUCAção As formas de Pensamento Social Auguste Comte (1798-1857) Nasceu em Montpellier, França, de uma família católica e monarquista. Viveu a infância na França napoleônica. Estudou no colégio de sua cidade e depois em Paris, na Escola Politécnica. Tornou-se discípulo de Saint-Simon, de quem sofreu enorme influência. Devotou seus estudos à Filosofia Positivista, considerada por ele como uma religião, da qual era o pregador. Segundo sua Filosofia Política, existiam, na história, três Estados: um teológico, outro metafísico e, finalmente, o positivo. Este último representava o coroamento do progresso da humanidade. Sobre as ciências, distinguia as abstratas das concretas, sendo que a ciência mais complexa e profunda seria a Sociologia, ciência que batizou na sua obra Curso de Filosofia Positiva, em seis volumes, publicada entre 1830 e 1842. Além desta, publicou Discurso sobre o Espírito Positivo, Discurso sobre o Conjunto do Positivismo, Sistema de Política Positiva, Catecismo Positivista e a Síntese Subjeíiva. Morreu em Paris. o positivismo Como primeira forma de Compreensão da vida soCial A primeira corrente do pensamento sociológico foi desenvolvida por Augusto Comte e foi denominado de Positivismo, que veio para substituir as explicações teológicas pela crença na razão. Auguste Conte Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/ Ficheiro:Auguste_Comte.jpg 2626 UNiDADE 02 Positivismo é uma corrente sociológica cujo precursor foi o francês Auguste Comte (1798-1857). Surgiu com o desenvolvimento sociológico do Iluminismo e das crises social e moral do fim da Idade Média, e do nascimento da sociedade industrial. Propõe à existência humana valores completamente humanos, afastando radicalmente a Teologia ou Metafísica. Assim, o Positivismo - na versão contemporânea, pelo menos - associa uma interpretação das ciências e uma classificação do conhecimento a uma ética humana, desenvolvida na segunda fase da carreira de Comte. Na visão de Comte, a sociedade era concebida como um organismo constituído de partes integradas e coesas. Por isso ele foi chamado de para-organicismo. A visão positivista de sociedade dá-se com o avanço do imperialismo europeu do século XIX. Nesse período, os europeus deparam-se com uma civilização de características rudimentares, onde predominava a poligamia, a economia agrária, o artesanato, e a produção doméstica. Para os europeus, esse novo mundo teria de ser transformado para receber o produto industrializado e a mão-de-obra assalariada. Então, os europeus se veem na obrigação de civilizar os incivilizados e, para isso, utilizaram-se da Teoria Evolucionista, de Charles Darwin, e criaram o darwinismo social, argumentando que as sociedades saem de um estágio primitivo para estágios avançados, que é o capitalismo. Os cientistas sociais positivistas entendiam que as sociedades atrasadas eram verdadeiros “fósseis vivos primitivos” em plena era capitalista. Apesar do otimismo positivista, o desenvolvimento industrial fazia surgir a todo o momento novos conflitos sociais e, consequentemente, a classe trabalhadora passava a manifestar-se, exigindo mudanças políticas e econômicas nas novas relações sociais. Para evitar conflito, os filósofos positivistas da época, desenvolveram as ideias de “ordem e progresso”. O progresso, no sentido de transformar a sociedade das mais simples para as mais complexas; e a ordem ajustaria os indivíduos para melhor funcionamento da sociedade. O Positivismo buscava justificar, através de um método científico adequado, os padrões burgueses e industriais da organização social. Procurava resolver os conflitos por meio da exaltação à coesão. As formulações positivistas, apesar de serem organicistas, mas não terem aspirações divinas, já são o suficiente para perceber que a sociedade é passível de ser analisada e explicada de outra forma que não a religiosa. 27SoCiologiA DA EDUCAção as Correntes soCiológiCas A Sociologia não é uma ciência de apenas uma orientação teórico-metodológica dominante. Ela tem diferentes formas de analisar a sociedade. As principais, fundadas pelos seus autores clássicos, dentre as quais podemos citar, não necessariamente em ordem de importância Positivista-Funcionalista, tendo como fundador Auguste Comte e principal expoente clássico Émile Durkheim – de fundamentação analítica; a Sociologia Compreensiva, iniciada por Max Weber – de matriz teórico- metodológica-hermenêutico-compreensiva; e a linha de explicação Sociológica Dialética, iniciada por Karl Marx, que mesmo não sendo um sociólogo e sequer se pretendendo a tal, deu início a uma linha árdua de explicação sociológica. Estas três formas de análise da sociedade, originadas pelos seus três principais autores clássicos, influenciaram quase todos os posteriores desenvolvimentos da Sociologia, levando à sua consolidação como disciplina acadêmica já no início do século XX, quando Èmile Durkheim sistematizou seus conteúdos e a implantou nas Universidades da França. Durkheim e o positivismo-funcionalismo Èmile Durkheim (1858-1917) foi fortemente influenciado pelo pensamento científico do século XIX. Sua preocupação era delimitar o objeto e o método da Sociologia. Para ele, somente o sociólogo seria capaz de perceber a constituição da vida social através de uma aventura intelectual. Durkheim achava que as leis que regulam os fenômenos da natureza seriam iguais às leis que regulam a dinâmica da vida social. Sendo assim, cabe à Sociologia descobrir as leis da vida coletiva. Émile Durkheim (1858-1917) Nasceu em Epinal, na Al-sácia. Descendente de uma família de rabinos, iniciou seus estudos filosóficos na Escola Normal Superior de Paris, indo depois para a Alemanha. Lecionou Sociologia em Bordéus, primeira cátedra dessa ciência criada na França. Transferiu- se em 1902 para a Sorbonne, para onde levou inúmeros cientistas, entre eles, seu sobrinho Mareei Mauss, reunindo-os num grupo que ficou conhecido como “Escola Sociológica Francesa”. Suas principais obras foram: Da Divisão do Trabalho Social; As Regras do Método Émile Durkheim Fonte:http://pt.wikipedia. org/wik i /Ficheiro:Emi le_ Durkheim.jpg 2828 UNiDADE 02 Sociológico; O Suicídio; Formas Elementares da Vida Religiosa; Educação e Sociologia; Sociologia e Filosofia; e Lições de Sociologia (obra póstuma). Morreu em Paris. A Sociologia, na visão de Durkheim, é o estudo dos fatos sociais que podem ser entendidos como os modos de agir que exercem sobre o individuo uma coerção exterior e apresentam uma existência própria, independente das manifestações individuais que possam ter. Durkheim afirmava que os fatos sociais devem ser considerados como coisas. Ele as chama de coisas pelo fato de termos uma visão vaga e confusa, além da ilusão de conhecê-los. Portanto, para livrar-se das pré-noções e dos preconceitos não-científicos, devemos tratar os fatos sociais como coisas. Coisa para ele é todo objeto de conhecimento que a inteligência humana não penetra de modo imediato, necessita do auxílio da ciência. Essa atitude é tida somente na mente do intelectual. Os fatos sociais exercem uma força sobre o comportamento dos indivíduos. É o caso da moda, do casamento, das correntes de opinião. São situações que exercem uma coerção, uma espécie de obrigatoriedade sobre o indivíduo. Os fatos sociais são exteriores à consciência individual e são coercitivos. Na exterioridade, os próprios homens elaboram as “maneiras de fazer”, que também são ligadas pelas gerações anteriores (já encontramos prontas). Fazemos em conjunto com uma multidão de pessoas que sequerconhecemos, e o resultado final escapa ao nosso controle. Para que exista um fato social, é preciso que vários indivíduos tenham misturado suas ações e saia um resultado novo. Já o caráter coercitivo dos fatos sociais dá-se pelo fato de existirem fora de nós, e termos de nos conformar com a sua existência. Ele age como uma força exterior que atua sobre nós, nos moldando e nos regulando. Causa-nos uma espécie de sanção, que pode ser legal ou espontânea. As legais são as sanções prescritas pela sociedade, e as espontâneas seriam as que afloriam em decorrência de uma conduta não adaptada à estrutura do grupo ou da sociedade ao qual o indivíduo pertence. Ao estudar os fatos sociais o investigador deve ser neutro, pois eles devem ser estudados como se estivessem fora da consciência do investigador, para não haver parcialidade entre sujeito e objeto. Durkheim faz a distinção entre consciência individual (psique, Fato social é qualquer forma de coerção sobre os indivíduos, que é tida como uma coisa exterior a eles, tendo uma existência independente e estabelecida em toda a sociedade, que é considerada, então, como caracterizada pelo conjunto de fatos sociais estabelecidos. ATENTE! 29SoCiologiA DA EDUCAção jeito de pensar, agir, entender a vida, a alma do indivíduo) e consciência coletiva (conjunto de crenças e sentimentos comuns aos membros de determinada sociedade, que é independente dos indivíduos – embora só se realize através deste). As duas convivem juntas em cada indivíduo. Só separamos as duas consciências para fins de pesquisa científica, tratando os fatos sociais como coisas exteriores ao indivíduo. Formas de solidariedade Solidariedade mecânica, para Durkheim, era aquela que predominava nas sociedades pré-capitalistas, em que os indivíduos se identificavam através da família, da religião, da tradição e dos costumes, permanecendo, em geral, independentes e autônomos em relação à divisão do trabalho social. A consciência coletiva aqui exerce todo seu poder de coerção sobre os indivíduos. Durkheim acreditava que as “espécies” sociais tinham as mesmas semelhanças das “espécies” vivas, e que poderiam ser classificadas numa escala evolutiva das mais simples para as mais complexas. Ele caracteriza dois tipos extremos de sociedade, que correspondiam ao nível inferior e ao nível superior da escala evolutiva. Nelas estariam a solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica. Solidariedade mecânica: o princípio das semelhanças Nas sociedades arcaicas – primitiva e feudal – a consciência coletiva exercia um papel preponderante para a integração social. Nelas, as pessoas uniam-se a partir de semelhanças na religião, na tradição, nos sentimentos, nas crenças. Todos exercem aproximadamente as mesmas atividades, observam os mesmos costumes, cultuam os mesmos deuses. Os seja, o que unia as pessoas não era a dependência uns dos outros, mas o fato de terem sentimentos comuns. Este tipo de solidariedade tende a declinar nas sociedades modernas. Solidariedade orgânica: princípio da diferenciação 3030 UNiDADE 02 Solidariedade orgânica é aquela típica das sociedades capitalistas, em que, através da acelerada divisão do trabalho social, os indivíduos tornavam-se interdependentes. Essa interdependência garante a união social, em lugar dos costumes, das tradições ou das relações sociais estreitas. Nas sociedades capitalistas, a consciência coletiva afrouxa-se. Assim, ao mesmo tempo que os indiví-duos são mutuamente dependentes, cada qual se especializa numa atividade e tende a desenvolver maior autonomia pessoal. Neste tipo de solidariedade a integração é realizada a partir da diferenciação entre os indivíduos e os grupos no interior da sociedade. As pessoas se unem a partir da dependência que umas têm das outras para realizar determinada atividade social. Todos têm sua individualidade e cada uma age de acordo com sua vontade. A divergência não põe em risco o grupo. Então, por que as sociedades passaram de um modelo de solidariedade que predominava a integração para um modelo de sociedade que tem como princípio a diferença? Qual a causa da solidariedade orgânica? A resposta está na divisão social do trabalho. Mas o que levou à divisão social do trabalho? A busca da felicidade, não foi; porque não há provas de que nas sociedades modernas os homens sejam mais felizes do que nas sociedades arcaicas. Para Durkheim a divisão é um fenômeno social decorrente de uma combinação do volume, densidade material e moral da sociedade. Volume é o número de indivíduos. Mas só volume não explica a diferenciação social; é preciso acrescentar a densidade material e moral. Densidade do material é o número de indivíduos em determinado território; densidade moral é a intensidade das comunicações e trocas entre esses indivíduos. A diferenciação social resulta da combinação dos fenômenos do volume e das densidades material e moral. Para explicar esse mecanismo, Durkheim invoca o conceito de “luta pela vida” (quanto mais numerosos somos, mais intensa é a luta pela vida). Então, a diferenciação social é a solução pacífica da luta pela vida. Ao invés de alguns serem eliminados para que outros sobrevivam (como fazem os animais), a diferenciação social faz com que um número maior de indivíduos sobreviva, diferenciando-se. Como somos diferentes, cada um contribui com seu papel para a vida de todos. 31SoCiologiA DA EDUCAção A Sociologia diante do caso patológico e da anomia Durkheim admitia que o capitalismo é bom, e a sociedade é perfeita. Contrapondo-se ao pensamento socialista, dizia ele, basta apenas conhecer os seus problemas e buscar uma solução científica para eles. Porque os problemas sociais entre empresários e trabalhadores não se resolveria dentro de uma luta política e sim, através da ciência, ou melhor, da Sociologia. Seria tarefa do sociólogo compreender o funcionamento da sociedade de modo objetivo, por observar, compreender e classificar as leis sociais, descobrir as falhas e corrigi-las por outras mais eficientes. O autor acreditava que os problemas sociais tivessem suas origens na crise moral, isto é, no estado social em que várias regras de conduta não estão funcionando. A esse estado de crise social Durkheim denomina de caso patológico. Por outro lado, os problemas sociais podem ter sua origem também na ausência ou insuficiência de normatização das relações sociais, e que, por sua vez, caracteriza-se como anomia. Frente ao caso patológico (regras sociais falhas), cabe à Sociologia captar suas causas, procurando evitar a anomia (crise total), através da criação de uma nova moral social que supere a velha moral e seja eficiente. Sabendo que a sociedade capitalista está cheia de problemas, Durkheim admitia que o Estado fosse uma instituição que teria o poder de elaborar leis que corrigissem os casos patológicos da sociedade. Karl Marx (1818-1883) Nasceu na cidade de Treves, na Alemanha. Em 1836, matriculou-se na Universidade de Berlim, doutorando-se em Filosofia, em Lena. Foi redator de uma gazeta liberal em Colónia. Mudou-se em 1842 para Paris, onde conheceu Friedrich Engels, seu companheiro de ideias e publicações por toda a vida. Expulso da França em 1845, foi para Bruxelas participar da recém-fundada Liga dos Comunistas. Em 1848, escreveu com Engels o Manifesto do Partido Comunista, obra fundadora do "marxismo", enquanto movimento político e social a favor do proletariado. Com o malogro das revoluções sociais de 1848, Marx mudou-se para Londres, onde se dedicou a um grandioso estudo crítico da economia política. Marx foi um dos fundadores da Associação Internacional dos Operários ou Primeira Internacional. Morreu em 1883, após intensa vida política e intelectual. Suas principais obras foram: A Ideologia Alemã; Miséria da Filosofia; Para a Crítica da Economia Política; A Luta de Classes em França; O capital. Karl Marx fonte:http://commons.wikimedia. org/wiki/File:Karl_Marx.png3232 UNiDADE 02 Marx e o materialismo histórico e dialético Marx observava as transformações que ocorriam na sociedade de sua época. Transformações essas que causaram miséria e sofrimento na classe trabalhadora, enquanto que a burguesia se elevava à condição de classe dominante. Para entender essas transformações que ocorreram na sociedade capitalista, Marx julgou necessário entender como a história humana funciona, desde os primórdios da civilização. Para ele, a história da humanidade é a história da luta de classes. A luta de classe é o motor da história. Max e seu companheiro Engels escreveram que a história humana é a história da relação dos homens com a natureza e dos homens entre si. A primeira condição para o homem viver é ter de comer; e para ter de comer, tem de trabalhar; e ao trabalhar, ele relaciona-se com a natureza e com os outros membros da sociedade. No processo de produção da vida material, o homem desenvolveu formas de relacionar-se com a natureza que se intensificaram ao longo da história. A essa forma Marx chamou de forças produtivas. As forças produtivas foram desenvolvendo-se à medida que o homem passou a organizar a produção junto a seus semelhantes, distribuindo tarefas, benefício entre os membros da sociedade. Foi este o ponto de partida do processo de divisão do trabalho, sendo primeiro a divisão social do trabalho, depois a agricultura e a domesticação de animais, campo, a cidade, a indústria e o comércio. Modo de produção, em economia marxista, é a forma de organização socioeconômica associada a uma determinada etapa de desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção. Existem 7 modos de produção: Primitivo, Asiático, Escravista, Feudal, Capitalista, Comunista e Socialista. Durante o processo produtivo o homem nunca está sozinho; ele relaciona-se com seus pares, pois a intervenção do homem na produção não é isolada, antes, reveste-se de um caráter social. A esse conjunto de relações Marx denominou de relação de produção. As relações de produção transformam-se com a alteração e o desenvolvimento das forças produtivas a que estão organicamente ligadas e, por sua vez, agem sobre o desenvolvimento dessas mesmas 33SoCiologiA DA EDUCAção forças. Ao produzirem bens necessários à vida, os homens criam determinadas relações espontâneas, independentes de sua vontade e consciência, que correspondem às etapas de desenvolvimento das forças produtivas. As relações de propriedade são, portanto, a base das desigualdades sociais, na medida em que a divisão do trabalho possibilita a existência de homens que trabalham para os outros, por que o fazem com os meios dos outros; e de homens que não trabalham porque têm meios e podem fazer com que os outros trabalhem para si. Cada época histórica possui um conjunto de forças produtivas desenvolvidas e, ao mesmo tempo, um conjunto de relações sociais e produção, que são o modo pelo qual os homens assumem o controle sobre as forças produtivas. As grandes transformações pelas quais passou a história da humanidade foram as transformações de um modo produção para outro. São eles: o modo de produção escravista, o feudal e o capitalista, com suas diferentes formas de organização da propriedade como a de escravidão, de servidão e de assalariamento. Dessas diferentes relações de propriedade surgem as classes sociais, e as transformações dão-se por causa da luta de classes em cada época. As relações sociais de produção funcionam como forma de desenvolvimento das forças produtivas, mas chega um momento em que as forças não mais conseguem se desenvolver; abre-se aí um período de convulsão social, em que as relações vigentes são contestadas, ocasionando a revolução que leva à passagem de um modo de produção a outro Dialética Engels afirmava que a Dialética considera as coisas e os conceitos no seu encadeamento: suas relações mútuas, sua ação recíproca e as decorrentes modificações mútuas, seu nascimento, o desenvolvimento, sua decadência. A Dialética tem três características: A primeira é que tudo se relaciona – lei da ação recíproca: a natureza é um todo unido, coeso, em que os objetos e os fenômenos estão intimamente ligados entre si, dependentes uns dos outros, e Forças Produtivas: são as forças de que se vale a sociedade sobre a natureza para produzir sua existência. ATENTE! 3434 UNiDADE 02 condicionando-se reciprocamente. A segunda característica é que tudo se transforma - desenvolvimento incessante: nem a natureza, nem a sociedade estão em repouso; elas estão sempre em mudanças, e sempre em relação. Realidade e natureza é processo, é movimento. E por fim, a terceira característica é a luta dos contrários – contradição: tudo tem um lado positivo e um negativo; um passado e um futuro; o que aparece e desaparece; existe o velho e o novo; o que morre e o que nasce; o que perece o que evolui. Um exemplo típico é que acontece com o estudante de Sociologia, quando há uma luta entre a sua falta de conhecimento sociológico e a vontade de saber. Essa teoria é para mostrar que a sociedade humana é produto de uma luta entre nossos ancestrais e a natureza. O conteúdo dessa luta foi e continua sendo o trabalho. As Formas de consciências Marx se propõe a explicar que a consciência está ligada às condições materiais da vida, ou seja, ao intercâmbio econômico entre os homens. Mas a consciência que os homens têm dessa relação é falsa. As ideias, as concepções sobre como funciona o mundo são representações que os homens fazem a respeito de suas vidas, são apenas aparências. Essas representações implicam, num primeiro momento, em uma falsa consciência, uma consciência invertida. A percepção da aparência e o entendimento de suas consequências para cada um ficam bloqueados pelo modo como os indivíduos adquirem consciência do mundo social em que nascem, crescem e morrem. A palavra alienação tem várias definições: cessão de bens; transferência de domínio de algo; perturbação mental, na qual se registra uma anulação da personalidade individual; arrombamento de espírito; loucura. A partir desses significados, traçam-se algumas diretrizes para melhor analisar o que é a alienação, e assim, buscar alguns motivos pelos quais as pessoas se alienam. Ainda assim, os processos alienantes da vida humana foram tratados de maneira atemporal, defraudada, abstraídas de processos socioeconômicos concretos. A alienação trata-se do mistério de ser ou não ser, pois uma pessoa alienada carece de si mesmo, tornando-se sua própria negação. A realidade cotidiana só lhe ensinou que tem de trabalhar e receber seu salário para viver. Se o trabalho sempre foi o meio através do 35SoCiologiA DA EDUCAção qual o homem se relacionou com a natureza para retirar o seu sustento, no sistema capitalista, ele é compreendido como algo que não pertence a este ser humano, e aí o indivíduo torna-se alienado, adquirindo uma falsa consciência do mundo em que vive. Como consequência, o trabalho alienado e a dominação de uma classe sobre outra é visto como algo natural, porque o processo histórico real é ocultado pela ideologia, ou seja, por um sistema ordenado de ideias e concepções, de normas e de regras que obrigam os homens a comportarem-se segundo a vontade do sistema, como se estivessem se comportando segunda a sua própria vontade. Ideologia é um termo usado no senso comum contendo o sentido de "conjunto de ideias, pensamentos, doutrinas e visões de mundo de um indivíduo ou de um grupo, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticas". A ideologia, segundo Karl Marx, pode ser considerada um instrumento de dominação que age através do convencimento (e não da força), de forma prescritiva, alienando a consciência humana e mascarando a realidade. Se a exploração econômica e a opressão política do homem pelo homem sempre houve em todas as sociedades, no capitalismo essa opressão se dá de forma dissimulada,a ponto tal que a classe trabalhadora pensa com a cabeça da classe dominante, ou seja, as ideias dominantes são as ideias da classe dominante. No modo de produção capitalista, o proprietário dos meios de produção compra força de trabalho da classe trabalhadora, e nessa relação ocorre a mais-valia, ou seja, o patrão não remunera todo o trabalho realizado pelo operário, mas apenas parte dele; a outra parte é apropriada pelo capitalista. Marx e Engels achavam que chegaria o momento em que as forças produtivas entrariam em contradição, e aí se abre uma época de revolução social e política, fazendo com que surgisse outro tipo de sociedade, sem exploradores e inexplorados, sem a alienação, sem ideologia, sem classes sociais, e sem Estado. Seria o comunismo. O Comunismo é uma ideologia e um sistema econômico que tem por objetivo a criação de uma sociedade sem classes, baseada na propriedade comum dos meios de produção, com a consequente abolição da propriedade privada. Sob tal sistema, o Estado não teria necessidade de existir e seria extinto. 3636 UNiDADE 02 Max Weber (1864 – 1820) Foi na cidade de Erfurt que nasceu Max Weber, numa família de burgueses liberais. Desenvolveu estudos de Direito, Filosofia, História e Sociologia, constantemente interrompidos por uma doença que o acompanhou por toda a vida. Iniciou a carreira de professor em Berlim e, em 1895, foi catedrático em Heidelberg. Manteve contato permanente com intelectuais de sua época, como Simmel, Sombart, Tõnnies e Georg Lukács. Na política, defendeu ardorosamente seus pontos de vista liberais e parlamentaristas, e participou da comissão redatora da Constituição da República de Weimar. Sua maior influência nos ramos especializados da Sociologia foi no estudo das religiões, estabelecendo relações entre formações políticas e crenças religiosas. Suas principais obras foram: Artigos Reunidos de Sociologia da Religião; Artigos Reunidos de Teoria da Ciência; Economia e Sociedade (obra póstuma); e A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Morreu em Munique. Weber e o compreensivismo Weber teve uma contribuição importantíssima para o desenvolvimento da Sociologia. Herdeiro de uma tradição filosófica diferente e vivendo os problemas da Alemanha, diversos dos da França e Inglaterra na mesma época, pode trazer uma nova visão que não descendia nem de ideais políticos, nem de racionalismo positivista de origem anglo-francesa. Diferentemente de Durkheim, Weber tem como preocupação central compreender o indivíduo e suas ações. Segundo ele, a sociedade existe concretamente, não é algo externo acima das pessoas, é sim, o conjunto das ações individuais, relacionando-se reciprocamente. Durkheim afirmava que o indivíduo é produto da sociedade. Quando nós nascemos, a sociedade já existe e vai nos moldar através de um processo educacional chamado de socialização. Já Weber diz que a sociedade é formada por indivíduos, que na sua individualidade se relacionam com seus pares, formando a sociedade. As representações (Estado, a igreja, a família) são o desenvolvimento e entrelaçamento de ações específicas de pessoas individuais, e para se compreender como se encadeia esse entrelaçamento de ações, Weber desenvolveu o conceito de ação social para estruturar a Sociologia como uma ciência compreensiva. Max Weber Fonte: pt.wikipedia.org/ wiki/Max_Weber 37SoCiologiA DA EDUCAção O objeto das Ciências Sociais é decifrar o sentido da ação social, ou seja, as ações humanas, e a única maneira de estudar esse objeto é tendo a compreensão de como se desenvolvem essas ações. O ponto de partida é a ação social. Weber, ao analisar o modo como os indivíduos agem e, levando em conta a maneira como eles orientam suas ações, agrupou as ações individuais em quatro grandes tipos, a saber: - Ação social racional com relação a fins: nesse tipo de ação, o indivíduo pensa antes de agir em uma situação dada; ele calcula os custos e benefícios que terá realizando ou não a ação. - Ação social racional com relação a valores: fundamenta-se em convicções, tais como o dever, a dignidade, a beleza, a sabedoria, a piedade ou a transcendência de uma causa. São os valores que estão impregnados na sociedade. - Ação social afetiva: esta ação tem por fundamento os sentimentos de qualquer ordem. O que importa nesta ação é dar vazão às paixões momentâneas. - Ação tradicional: tem por base os costumes arraigados, a tradição familiar ou um hábito. É um tipo de ação que se adota quase automaticamente, reagindo a estímulos habituais. Reparem que no dia a dia, esses tipos de ações sociais não aparecem separadamente. As razões se misturam. Mas o método de Weber consiste em isolar esses tipos “puros” de comportamentos, que não existem, servem apenas como referência pelos sociólogos para analisar a realidade social. Vamos compreender como funciona a metodologia de Weber, através da metodologia compreensivista. Para isso, temos de seguir alguns passos. O primeiro passo é construir um tipo ideal “puro” (o tipo é uma construção mental, feita na cabeça de investigadora, a partir de vários exemplos históricos. Ele é um exagero de perfeição que jamais será encontrado na vida prática). No segundo passo, selecione o aspecto a ser investigado no mundo social que o cerca. 3838 UNiDADE 02 Na Filosofia, Empirismo é um movimento que acredita nas experiências como únicas (ou principais) formadoras das ideias, discordando, portanto, da noção de idéias inatas. Na ciência, o empirismo é normalmente utilizado quando falamos no método científico tradicional (que é originário do empirismo filosófico), o qual defende que as teorias científicas devem ser baseadas na observação do mundo, em vez da intuição ou fé. No terceiro passo, compare o mundo social empírico com o tipo ideal que você construiu na sua mente. No quarto passo, à medida que você compara, a realidade apresenta-se para você, aproximando-se ou distanciando-se do tipo puro que você imaginou, ou seja, revelando-se em seu caráter mais complexo. É assim que a ação social com relação a fins serve – para que se possa avaliar o alcance daquilo que é irracional. Então, chegamos a um entendimento melhor do que seja a Sociologia chamada de Compreensiva, que é aquela que se refere à análise de comportamentos movidos pela racionalidade dos sujeitos com relação aos outros. Neste capítulo, examinamos conceitos utilizados por diferentes autores na análise da relação dos indivíduos na sociedade: classe social (Marx), consciência coletiva e anomia (Durkheim), ação social (Weber). Qual desses conceitos poderia nos ajudar na interpretação do comportamento de nossa sociedade? Produza um texto e compartilhe com seus colegas. VIDA DE KASPAr HAuSE Kaspar Hauser (provável 30 de Abril de 1812 – 17 de dezembro de 1833, em Ansbach, Mittelfranken) foi uma criança abandonada, envolta em mistério, encontrada na praça Unschlittplatz, em Nuremberg, Alemanha do século XIX, com alegadas ligações com a família real de Baden. Hauser passou os primeiros anos de sua vida aprisionado numa cela, não tendo contato verbal com nenhuma outra pessoa, fato esse que o impediu de adquirir uma língua. Porém, logo lhe foram ensinadas 39SoCiologiA DA EDUCAção as primeiras palavras, e com o seu posterior contato com a sociedade, ele pode, paulatinamente, aprender a falar, da mesma maneira que uma criança o faz. Afinal, ele havia sido destituído somente de uma língua, que é um produto social da faculdade de linguagem, não da própria faculdade em si. A exclusão social de que foi vítima não o privou apenas da fala, mas de uma série de conceitos e raciocínios, o que fazia, por exemplo, com que Hauser não conseguisse diferenciar sonhos de realidade durante o período em que passou aprisionado. Hauser, supostamente com quinze anos de idade, foi deixado em uma praça pública de Nuremberg, em 26 de maio de 1828, com apenas uma carta endereçada a um capitãoda cidade explicando parte de sua história, um pequeno livro de orações, entre outros itens que indicavam que ele provavelmente pertencia a uma família da nobreza. Entre as idiossincracias originadas pelos seus anos de solidão, Hauser odiava comer carne e beber álcool, já que aparentemente havia sido alimentado basicamente por pão e água. Aprendeu a falar, a ler e a comportar-se, e a sua fama correu a Europa, tendo ficado conhecido à época como o "filho da Europa". Obteve um desenvolvimento do lado direito do cérebro notadamente maior que o do esquerdo, o que teoricamente lhe proporcionou avanços consideráveis no campo da música. Hauser foi assassinado com uma facada no peito, em dezembro de 1833, nos jardins do palácio de Ansbach. As circunstâncias e motivações, ou autoria do crime jamais foram esclarecidas, apesar da recompensa de 10.000 Gulden (c. 180.000,00 Euros), oferecida pelo rei Luís I, da Baviera. A sua história foi representada no filme de Werner Herzog, "Jeder für sich und Gott gegen alle" (em língua portuguesa, "Cada um por si e Deus contra todos"), de 1974, lançado no Brasil com o título "O Enigma de Kaspar Hauser". 4040 UNiDADE 02 UNiDADE 3Esta unidade trata das formas de pensamento social, iniciando pela forma de pensamento social desenvolvido pelo francês Augusto Comte denominado positivismo. Posteriormente surgem, ainda no século XIX, formas diversas e cientificas de se compreeder a sociedade. Sendo elas as desenvolvidas pelo francês Émile Durkheim com a análise dos fatos sociais que ele acha que deveriam ser encaradas como coisas, e que o indivíduo é produto da sociedade; o outro método foi o desenvolvido pelo alemã Karl Marx que foi denominado de materialismo histórico dialético, e finalmente o método desenvolvido pelo também alemã Marx Weber que foi batizado de compreensivismo. O filme “O engma de Kaspe” reflete muito bem o processo de socilização enfatizado por Durkheim. UNiDADE 3 A Educação na perspectiva Marxista, Durkheiminiana e Weberiana 43SoCiologiA DA EDUCAção A Educação na perspectiva Marxista, Durkheiminiana e Weberiana a eduCação em marx O tema da educação não ocupou o lugar central na obra de Marx. Ele não formulou explicitamente uma teoria da educação, muito menos princípios metodológicos e diretrizes para o processo ensino- aprendizagem. Observamos que sua principal preocupação fora o estudo das relações socioeconômicas e políticas e o seu desenvolvimento no processo histórico. Entretanto, a questão educacional encontra-se inevitavelmente enredada em sua obra. Existem alguns textos que Max, juntamente com Engels, redigiu sobre a formação e o ensino em que a concepção de educação está articulada com o horizonte das relações socioeconômicas daquela época. É por isso que, antes de fazer algumas considerações sobre educação, foi necessário passar pelo seu modo de compreender a sociedade. A educação, na sociedade capitalista é, segundo Marx e Engels, um elemento de manutenção da hierarquia social. A igualdade política é algo meramente formal e não passa de uma ilusão, visto que a desigualdade social é concreta e inequívoca. No entanto, uma das possibilidades de viabilizar a superação das dicotomias existentes e da emancipação do ser humano reside na integração entre ensino e trabalho. A esta integração eles designam ensino politécnico ou formação ominilateral. Por meio dessa educação omnilateral o ser humano desenvolver-se-á numa perspectiva abrangente, isto é, em todos os sentidos. A integração entre ensino e trabalho constitui-se na maneira de sair da alienação crescente, reunificando o homem com a sociedade. Essa unidade, segundo Marx, deve dar-se desde a infância. O tripé básico da educação para todos é o ensino intelectual (cultura geral), desenvolvimento físico (ginástica e esportes) e aprendizado profissional 4444 UNiDADE 03 polivalente (técnico e científico). Marx e Engels não só indicaram frequentemente que o trabalho físico sem elementos espirituais destrói a natureza humana como, também, que a atividade intelectual à margem do trabalho físico conduz facilmente aos erros de um idealismo artificial e de uma abstração falsa. Logo, a união entre os dois dá um caráter integral à educação e tomará o lugar da formação unilateral, especializada e alienada. “O novo homem comunista deveria ser educado de tal modo que ele pudesse de fato superar a divisão do trabalho que o dominara sob o capitalismo. Não seria suficiente a revolução política e o controle do poder do Estado pelos operários para socializar os meios de produção. Seria necessário que, ao socializar os meios de produção, a nova forma de organização industrial encontrasse homens preparados para desempenhar um trabalho que não fosse alienado, parcial, restrito de suas potencialidades.” Assim, o ensino aparece como instrumento para o conhecimento e também para a transformação da sociedade e do mundo. Este é o potencial e o caráter revolucionário da educação. O proletariado, por si só, não conquista sua consciência de classe, sua consciência política, justamente pelo fato de ter sido privado desde o início dos meios que lhe permitem consegui-lo. Por isso, há a necessidade de um processo educativo pautado em um projeto político e pedagógico definido e voltado aos interesses da grande maioria excluída. Aí é que surge o papel estratégico da escola, dos educadores e intelectuais, os quais, em nosso entender, são decisivos para construção da consciência de classe do trabalhador. Acreditamos que é extremamente pertinente a concepção educativa de Marx e Engels, visto que a sua proposta recupera o sentido do trabalho enquanto atividade vital em que o homem humaniza-se sempre mais, ao invés de alienar-se, e a educação é concebida não como instrumento de dominação e manutenção do status quo, mas como processo de transformação dessa situação. A obra desses autores constitui uma crítica fundamental à concepção da burguesia sobre o ser humano e a educação. Às concepções metafísicas e idealistas, que são fundamentalmente conservadoras, estes pensadores opõem a concepção materialista, histórica e dialética, isto é, no interesse pelo ser humano real em carne e osso, por seus problemas enquanto vivem em sociedade, visando a uma transformação positiva e o humanizante. Esta concepção dialético-histórica do ser humano 45SoCiologiA DA EDUCAção toma como premissa fundamental o fato de ele não ser um dado, mas é essencialmente um “construir-se”. Deste modo, a educação deve vir para corroborar essa construção que não é meramente teórica ou abstrata, mas real, prática. Na sociedade capitalista contemporânea, a educação reproduz o sistema dominante tanto ideologicamente quanto nos níveis técnico e produtivo. Na concepção socialista, a educação assume um caráter dinâmico, transformador, tendo sempre o ser humano e sua dignidade como ponto de referência. Uma educação omnilateral é o que continua fazendo falta à nossa sociedade. O atual sistema educativo, sobretudo no Brasil, vem confirmando o que se diz sobre reprodução, exclusão e dominação. eduCação em durkHeim Para Durkheim, a educação é essencialmente um processo pelo qual aprendemos a ser membros da sociedade. Educação e socialização. Para Durkheim, a “educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não são encontradas ainda preparadas para a vida social; tem por objeto suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais, relacionados pela sociedade política, no seu conjunto, e pelo meio moral a que a criança, particularmente, se destine”. “É uma ilusão acreditar que podemos educar nossos filhos como queremos”, sentencia Durkheim, no seu livro Educação e Sociologia. Existem certos costumes, certas regras, que devem ser obrigatoriamente transmitidas no processo educacional, gostemos deles ou não. Se não fizermos isso, a sociedade vingar-se-á de nossosfilhos, pois não estarão em condição de viver em meio aos outros, quando adultos. A cada momento histórico, acredita Durkheim, existe um tipo adequado de educação a ser transmitida. Ideias educacionais muito ultrapassadas ou muito à frente das do tempo, diz nosso sociólogo, não são boas porque não permitem que o indivíduo educado tenha uma vida normal, harmônica com seus contemporâneos. Mas se, como dissemos antes, as sociedades modernas são muito diferenciadas, devido à divisão do trabalho social, como seria possível um único tipo adequado de educação para todos? Ora, não seria possível. Para Durkheim, a educação adequada é educação própria ao meio moral que cada um compartilha. Nas sociedades complexas existem muitos 4646 UNiDADE 03 meios morais, conforme a divisão em classes, em castas, em grupos, em profissões etc. Assim, não existe uma educação única para que todos aprendam a ser membros da sociedade. Você aprende a ser um membro da sua classe, no seu grupo, de sua casta, de sua profissão, enfim, no seu meio moral. Este é o modo específico, particular, pelo qual você se torna membro da sociedade. Isto não é algo que esteja disponível em sua abrangência total para todas as pessoas. Socializar-se é aprender a ser membro da sociedade, e aprender a ser membro da sociedade é aprender seu devido lugar nela. Só assim é possível preservar a sociedade. Preservá-la inclusive de sua própria diferenciação. É isso que nos permite viver em sociedade; é isso que permite que a sociedade viva em nós; e é isso que permite à sociedade continuar viva: sermos iguais e diferentes ao mesmo tempo. Só a educação pela qual passamos é capaz de fazer assim. E é por isso que educação é um processo social. a eduCação em Weber Segundo Weber, a história humana é um processo crescente de racionalização da vida, ou seja, é o abandono de concepções mágicas e tradicionais que justificavam o comportamento dos homens. Para ele, o que constitui a sociedade é a ação e a interação dos indivíduos. Quanto mais complexas forem as sociedades, mais conflitivas tendem a ser as interações entre indivíduos e grupos, uma vez que maiores serão as constelações de interesses. Então, o Estado veio para regular o conflito através da dominação de uns sobre os outros. O exercício da autoridade do Estado depende de um quadro administrativo, hierarquizado e profissional que se caracteriza pela existência de uma burocracia. Nesse sentido é que a educação é o modo pelo qual determinados tipos de homens são preparados para exercer as funções de racionalização. Segundo Weber, a educação sistemática passou a ser um pacote de conteúdos e de disposições voltados para o treinamento de indivíduos que tivesse de fato condições de operar essas novas funções, de “pilotar” o Estado, as empresas e a própria política, de um modo racional. A racionalização e a burocratização alteraram radicalmente o modo de educar. Então, a burocracia estatal e a empresa capitalista precisam de profissionais para isto. A educação, para Weber, não é mais, então, a preparação para Enquanto que Marx via na educação a possibilidade de romper com a escravidão do ser humano, Weber via a possibilidade de desenvolver o talento do ser humano, em nome da preparação para obtenção de poder e dinheiro. ATENTE! 47SoCiologiA DA EDUCAção que o membro do todo orgânico aprenda a sua parte do comportamento harmônico do organismo social, como propôs Durkheim. Nem é, tampouco, vista com possibilidades de emancipação com base na ruptura com a alienação, como propôs Marx. Ela passa a ser, na medida em que a sociedade se racionaliza historicamente, o fator de estratificação social, um meio de distinção, de obtenção de honras, de prebendas, de poder e de dinheiro. Weber vê a educação dirigida com três tipos de finalidades: a de despertar o carisma, preparar uma conduta de vida e transmitir conhecimentos especializados. As duas primeiras fogem à nossa racionalização; portanto, a terceira, por ser a racional, torna-se a pedagogia do treinamento. Com a racionalização da vida social e a crescente burocratização do aparato público de dominação política e das grandes corporações capitalistas privada, a educação passa a ter a finalidade de um preparo especial com o objetivo de tornar o indivíduo um perito. Com base na visão dos autores sobre o papel da educação, comente no fórum a sua visão de educação, destacando a sua preferência em uma das análises anteriores. À luz das análises da sociedade de suas épocas, os tres clássicos da sociologia deixam bem claro o papel da educação como instituição responsável pela interferência na vida das pessoas. Para Marx a educação é um instrumento de emancipação ou alienação da classe proletária; para Durkheim, educar é socializar, e para Weber, educar é preparar o indivíduo para o mundo cada vez mais racional com o objetivo de obter dinheiro e poder. UNiDADE 4 UNiDADE 4 A compreensão da educação numa perspectiva sociológica 51SoCiologiA DA EDUCAção para que estudar soCiologia da eduCação? No artigo “Sociologia da Educação: para quê?” O autor Cristian Baudelot faz um questionamento: é útil ou inútil ensinar Sociologia da Educação aos futuros professores? O sociólogo francês Èmille Durkheim foi o primeiro a formular este questionamento há mais de um século. A essa pergunta ele deu respostas teóricas e práticas. Durkheim era um erudito e militante da educação. Ele tinha um interesse enorme pela educação por dois motivos: como intelectual que era, via na educação o principal mecanismo de socialização dos jovens; ele também tinha interesse em desenvolver uma moral laica, isso porque a moral existente na época era impregnada de dogmas religiosos, e esses dogmas não mostravam a realidade de forma objetiva e racional, como preconizava Durkheim, ao entender a sociedade cientificamente. Durkheim via na disciplina Sociologia da Educação a ciência destinada aos futuros professores, uma forma de proceder a uma análise objetiva do sistema de ensino, sua história, suas funções, seus conteúdos, seus ideais. Isso para se obter dois resultados: primeiro, manter a educação moral na educação primária. E uma moral laica, racionalista e sociológica, embasando os professores de conhecimentos sobre os sistemas de ensino para que eles mesmos possam transformá- los, sabendo o que estão fazendo. A partir dessa nova visão da realidade social, a sociedade passaria a ter uma nova fé, a fé na racionalidade, na objetividade dos fatos, desarmados de dogmas religiosos, para que se tivesse uma nova opinião que não fosse uma inculcada de cima para baixo, sem questionamentos. Mas Durkheim sabia que isso não seria tarefa fácil para a Sociologia da A compreensão da educação numa perspectiva sociológica O laicismo é uma doutrina filosófica que defende e promove a separação do Estado das igrejas e comunidades religiosas, assim como a neutralidade do Estado em matéria religiosa. Não deve ser confundida com o ateísmo de Estado. ATENTE! 5252 UNiDADE 04 Educação, porque ele conhecia a resistência que oferecia a realidade social. Afinal de contas, quando as pessoas nascem, a realidade já existe; e essa realidade vai atuar sobre o individuo. E fazer o inverso não seria tarefa fácil. A Sociologia da Educação seria a disciplina que deveria introduzir no desenvolvimento da sociedade uma alta consciência de si através da educação. Então, professores bem preparados teriam esse papel de conscientização. Daí a utilidade do ensino da Sociologia da Educação aos futuros professores. Mas segundo Cristian Baudelot, a Sociologia da Educação adormeceu um bom período, votando a renascer nos anos 60, com a pesquisa de alguns sociólogos na área da educação. A Sociologia moderna, diferente da Sociologia durkheimiana, vê os estudantes como o centro das análises: suas origens de classes, os diferentes resultados escolares, as diferenças sociais.
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