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A FLEXIBILIZAÇÃO DA EXIGIBILIDADE DA REGULARIDADE FISCAL NO CERTAME LICITATÓRIO

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YOLANDA ZINK GALLE 
 
 
 
A FLEXIBILIZAÇÃO DA EXIGIBILIDADE DA REGULARIDADE FISCAL 
 NO CERTAME LICITATÓRIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NITERÓI 
 2021 
 
 
 
 
 
 
 YOLANDA ZINK GALLE 
 
 
 
 
 
A FLEXIBILIZAÇÃO DA EXIGIBILIDADE DA REGULARIDADE FISCAL 
 NO CERTAME LICITATÓRIO 
 
 
Artigo científico apresentado ao Curso 
de Graduação em Direito como requisito 
para obtenção do título de Bacharel em 
Direito, sob a orientação jurídica do 
Professor Luiz Otávio de Souza Matta e 
sob a orientação metodológica do 
Professor Franciley Ribeiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 NITERÓI 
 2021 
 
 
 
 
 
 
 YOLANDA ZINK GALLE 
 
 
 
 
A FLEXIBILIZAÇÃO DA EXIGIBILIDADE DA REGULARIDADE FISCAL 
 NO CERTAME LICITATÓRIO 
 
Artigo científico apresentado ao 
Curso de Graduação em Direito da 
Universidade Cândido Mendes como 
requisito para a obtenção do título de 
Bacharel em Direito e submetida à 
avaliação da banca composta pelos 
seguintes membros: 
 
 
 
 
Prof. Dr. Luiz Otávio de Souza 
Matta 
Orientador Jurídico 
 
 
 
Prof. Ms. Franciley Ribeiro 
Orientador Metodológico 
 
 
 
Prof. Dr. Mariana Macahyba 
Marun 
Membro-examinador 
 
 Niterói _______ de _____ de 2021. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço a Deus por ter chegado até aqui. 
 
Aos meus pais pelo apoio, oportunidade e por tornarem esse sonho possível. 
 
Aos meus irmãos por serem minhas inspirações e a minha força. 
 
Ao meu namorado por todo apoio e motivação, principalmente nas horas mais difíceis 
e a sua família pelo carinho e suporte nos últimos 4 anos. 
 
A minha amiga e companheira de faculdade Laryssa Valviesse por percorrer essa 
trajetória comigo desde o primeiro dia e estar até o último. 
 
Ao meu orientador e professor Luiz Otavio Matta por aceitar esse desafio e realizá-lo 
com excelência, dando todo o suporte e atenção ao longo da construção do trabalho. 
 
A todos os professores ao longo do curso, que de alguma forma me ajudaram a chegar 
até esse momento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
A FLEXIBILIZAÇÃO DA EXIGIBILIDADE DA REGULARIDADE FISCAL 
 NO CERTAME LICITATÓRIO 
 
 Yolanda Zink Galle1 
 
 
SUMÁRIO: INTRODUÇÃO; 1 A LICITAÇÃO; 1.1 PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS; 2 A 
HABILITAÇÃO E SEUS TIPOS; 2.2 A HABILITAÇÃO E O REQUISITO DA 
REGULARIDADE FISCAL; 3 DA DIVERGÊNCIA LEGAL ACERCA DA 
REGULARIDADE FISCAL; 4 DA POSSIBILIDADE DE FLEXIBILIZAÇÃO DA 
EXIGÊNCIA DA REGULARIDADE FISCAL; CONSIDERAÇÕES FINAIS; 
REFERÊNCIAS. 
 
RESUMO: O presente trabalho utilizou como tema de estudo a exigibilidade da 
regularidade fiscal no certame licitatório e a sua possível flexibilização no âmbito da 
Lei 8666/93 e a recém promulgada 14.133/21. Este feito, sustenta-se em uma ampla 
pesquisa doutrinaria de juristas renomados com posições atuais sobre o tema. Analisa 
as diferentes correntes ocasionadas pelas divergências doutrinarias, que vêm sendo 
debatidas até a atualidade e pelas divergências legais envolvendo a lei de licitações, 
a lei das estatais e a Constituição Federal. Fundamenta-se nos princípios específicos 
do certame licitatório como os princípios da legalidade, impessoalidade e publicidade, 
nas leis que tratam do tema e na opinião dos juristas para apresentar uma solução 
viável para essa divergência. Apresentou uma solução para o debate baseado em 
uma terceira corrente de pensamento, defendida pelo juris Marçal Justen Filho, a qual 
mesclou as duas principais correntes existentes defendidas por Hely Lopes Meirelles 
e Maria Sylvia Zanella Di Pietro. 
 
PALAVRAS CHAVES: Licitação; Habilitação; Regularidade Fiscal; Flexibilização da 
Exigibilidade; 
 
INTRODUÇÃO 
O presente trabalho utilizou como tema de estudo a exigibilidade da 
regularidade fiscal no certame licitatório e a sua possível flexibilização no âmbito da 
Lei 8666/93 e a recém promulgada 14.133/21.Sustenta-se em uma ampla pesquisa 
 
1 Discente do Curso de Graduação em Direito da Universidade Candido Mendes, Niterói 
5 
 
doutrinaria de juristas renomados com posições atuais sobre o tema. Analisa as 
diferentes correntes ocasionadas pelas divergências doutrinarias, que vem sendo 
debatidas até a atualidade e pelas divergências legais envolvendo a lei de licitações, 
a lei das estatais e a Constituição Federal. 
No primeiro capítulo, funda-se no conceito e entendimento de forma 
generalizada do certame licitatório, apresentando a nova alteração legislativa da nova 
lei de licitações sancionada (14.133/2021) no curso do trabalho. Explica como 
funciona o certame, o seu objetivo e processo baseando-se em princípios específicos 
e artigos da lei. Também demonstra de forma suscinta as diferenças entre a lei antiga 
e a lei recentemente sancionada. 
No segundo capítulo, consiste no processo de habilitação, sendo essa uma das 
fases do certame licitatório e a qual está inserida a exigibilidade da regularidade fiscal 
que será apresentada e debatida ao longo do trabalho. Neste capítulo possui os 
requisitos necessários para o licitante obter a habilitação e de que forma deverá ser 
realizado. 
No terceiro capítulo, pauta-se na regularidade fiscal, o principal objeto desse 
trabalho. Este requisito está inserido na fase de habilitação e ocasiona muitas 
divergências doutrinarias o que geram diversos debates sobre a sua exigibilidade. 
Neste capítulo é demonstrada a posição de alguns dos mais renomados juristas da 
área e a suas fundamentações legais. 
No quarto capítulo, apresenta-se a parte mais importante do trabalho, na qual 
está inserida a possível solução para a divergência apresentada ao longo do trabalho. 
Fundamenta-se na opinião divergente de dois dos juristas mais importantes e 
renomados da área e na opinião de um terceiro jurista que apresenta um meio termo 
entre as opiniões divergentes mencionadas anteriormente, trazendo uma solução 
muito interessante para o tema. 
 
1 A LICITAÇÃO 
 
Primeiramente, para a devida compreensão do tema apresentado, é necessária 
a explicação da matéria na qual ele está inserido. 
A licitação que era regulamentada pela Lei 8666/93 e agora, com a recente 
promulgação (01/04/2021), é regulamentada pela Lei 14.133/21, tem como objetivo 
6 
 
principal estabelecer um procedimento específico para as contratações com a 
Administração Pública. 
Essa modalidade de contratação é um procedimento administrativo prévio às 
contratações públicas, busca contornar riscos de celebração de contratos impróprios, 
dando a oportunidade de várias pessoas concorrerem ao contrato de serviço 
divulgado pela administração pública, com igualdade de condições entre os 
concorrentes, viabilizando a melhor contratação possível e consequentemente, 
buscando a proposta mais vantajosa para o Estado. 
Todos os entes da Administração Direita e Indireta e empresas controladas por 
estes entes devem realizar contratos de bens e/ou serviços através de licitação. Estão 
excetuadas as empresas estatais (empresariais) exploradoras de atividade 
econômica e serviços públicos, pois os processos licitatórios destas se encontram 
regulamentados pela lei 13.303/2016, também conhecida como lei das estatais. 
A obrigatoriedade da licitação em contratos administrativos se encontra prevista 
no Art. 37, XXI, da CF/88: 
 
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, 
compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação 
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com 
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as 
condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá 
as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia 
do cumprimentodas obrigações. 
 
Para finalizar o entendimento do conceito e finalidade da licitação, temos a 
definição do jurista Marçal Justen Filho2: 
 
A licitação é um procedimento administrativo disciplinado por lei e por um ato 
administrativo prévio, que determina critérios objetivos de seleção de 
proposta da contratação mais vantajosa, com observância do princípio da 
isonomia, conduzido por um órgão dotado de competência específica. 
 
Essa obrigatoriedade não é absoluta, tendo em vista a existência de casos de 
dispensa ou inexigibilidade de licitação como veremos a seguir: 
Casos de dispensa de licitação conforme Art. 24, Lei 8666/93 e Art. 75 da Lei 
14.133/21, a qual é facultada ao administrador público realizar ou não a licitação 
quando o caso estiver inserido no rol taxativo abaixo: 
 
2JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. Belo Horizonte: Editora Fórum, 7ª 
ed.2011. 
7 
 
• Em razão do valor 
• Em razão de Licitação Fracassada 
• Em razão do objeto 
• Em razão de Emergência ou Calamidade Pública 
• Em razão de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico 
• Em razão das Forças Armadas e Segurança Nacional 
• Em razão da Pessoa 
• Em razão da Área de Saúde 
 
Casos de inexigibilidade conforme o Art. 25, Lei 8666/93 e Art. 74 da Lei 
14.133/21, a qual apresenta um rol exemplificativo de casos que não há como ter 
competitividade entre os participantes, logo não sendo necessária a licitação como é 
possível ver a seguir: 
• Aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou contratação 
de serviços que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou 
representante comercial exclusivo. Neste caso, a prova deverá ser feita 
através de atestado de exclusividade, contrato de exclusividade, 
declaração do fabricante ou outro documento idôneo. Vedada a 
preferência de marca exclusiva. 
• Contratação de profissional do setor artístico, diretamente ou por meio 
de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica 
especializada ou pela opinião pública; 
• Contratação dos seguintes serviços técnicos especializados de 
natureza predominantemente intelectual com profissionais ou empresas 
de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de 
publicidade e divulgação: 
• a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou projetos 
executivos; 
• b) pareceres, perícias e avaliações em geral; 
• c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou 
tributárias; 
• d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços; 
• e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; 
8 
 
• f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; 
• g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico; 
• h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e ensaios de 
campo e laboratoriais, instrumentação e monitoramento de parâmetros 
específicos de obras e do meio ambiente e demais serviços de 
engenharia que se enquadrem no disposto neste inciso; 
• Objetos que devam ou possam ser contratados por meio de 
credenciamento; 
• Aquisição ou locação de imóvel cujas características de instalações e 
de localização tornem necessária sua escolha, devendo ser observado 
os seguintes requisitos: 
• I - Avaliação prévia do bem, do seu estado de conservação, dos custos 
de adaptações, quando imprescindíveis às necessidades de utilização, 
e do prazo de amortização dos investimentos; 
• II - Certificação da inexistência de imóveis públicos vagos e disponíveis 
que atendam ao objeto; 
• III - justificativas que demonstrem a singularidade do imóvel a ser 
comprado ou locado pela Administração e que evidenciem vantagem 
para ela 
 
A licitação também é dividida em modalidades, que são os procedimentos 
necessários para se chegar a melhor proposta, quando eram regulamentadas pela lei 
8666/93 possuíam um rol e agora com a promulgação da lei 14.1333/21 também 
conhecida como a nova lei de licitações, esse rol foi alterado como podemos ver a 
seguir: 
 Lei 8666/93 Lei 14.133/21 
Concorrência (Art. 22, §1º) Concorrência (Art.6º XXXVIII) 
Tomada de preços (Art. 22, §2º) Concurso (Art.6º XXXXIX) 
Convite (Art. 22, §3º) Leilão (Art.6º XL) 
Concurso (Art. 22, §4º) Pregão (Art.6º XLI) 
Leilão (Art. 22, §5º) Diálogos Competitivos (Art.6º XLII) 
Obras (Art. 23, I e II) 
9 
 
Fornecimento e Serviços (Art. 23, §4º) 
 
Vale ressaltar que no período de abril de 2021 até abril de 2023, de acordo com 
o Art.191 da lei 14.133/21, o ente que quiser promover um certame licitatório poderá 
optar dentro do período mencionado anteriormente por uma das duas leis, não 
podendo combiná-las e devendo estar expresso no edital qual lei estará sendo 
abordada. 
 
1.1 Princípios específicos 
 
Tendo em vista que que os princípios fazem parte da base do ordenamento 
jurídico, é importante destacar alguns princípios essenciais para que haja um certame 
licitatório, observe a seguir: 
- Princípio da Legalidade: Os certames licitatórios devem estar sempre de 
acordo com a lei correspondente vigente. Lembrando que a lei que estava vigente era 
a 8666/93 que deu lugar a nova lei 14.133/2021. 
- Princípio da impessoalidade: Tem como objetivo evitar fraudes ou favoritismos 
na contratação, tendo em vista que os requisitos são estabelecidos em lei e 
previamente estabelecido no edital. 
- Princípio da Eficiência: Se consubstancia na escolha da proposta mais 
vantajosa tendo como objetivo obter a melhor contratação. 
- Princípio da Publicidade: As licitações devem ser de conhecimento público, 
para que seja acessível a todos que desejarem concorrer. Ao respeitar o princípio da 
publicidade teremos uma concorrência justa e igualitária. 
 
2 A HABILITAÇÂO E SEUS TIPOS 
 
Em primeiro, o processo licitatório possui o requisito de habilitação jurídica (Art. 
28 da Lei 8666/93 e Artigo 66 da Lei 14.133/21), que concerne na demonstração de 
que a empresa se encontra devidamente constituída e registrada na junta comercial 
correspondente. 
Em segundo, tem-se a habilitação técnica (Art. 30 da Lei 8666/93 e Artigo 67 
da Lei 14.133/21) que consiste na verificação das condições profissionais e 
10 
 
operacionais do licitante para executar o serviço que foi contratado. A habilitação 
técnica possui três subtipos: 
- Genérica: se refere a inscrição no órgão de classe condizente com a atividade 
- Específica: se refere a comprovação de que o candidato já prestou serviços 
idênticos anteriormente a terceiros, serviços esse que devem ser comprovados 
através de atestados expedidos por pessoas de direito público ou privado, que 
estejam registrados nas entidades profissionais competentes. 
- Operativa: se refere a comprovação de que o candidato possui a estrutura 
necessária para atender a complexidade do serviço contratado. 
Em terceiro, é exigida a qualificação econômico-financeira (Art. 31 da Lei 
8666/93 e Artigo 69 da Lei 14.133/21) a qual consiste na comprovação de que o 
candidato possui capacidade de arcar com os gastos decorrentes do contrato e que 
também possui subdivisões: 
- Balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social 
- Certidão negativa de falência e concordatas 
- Garantia de, no máximo, 1% do valor estimado para contrato 
Em quarto, é exigida a regularidade fiscal, social e trabalhista (Art. 29 da Lei 
8666/93 e Artigo 68 da Lei 14.133/21), ou seja, saber se o licitante está regular com o 
fisco e com as obrigações sociais e trabalhistas, conforme alguns requisitos e 
novidades apresentadas a seguir: 
- Estar em dia com o INSS durante todo o contrato, pois conforme prevê o art. 
71, §2º a Administração Pública responde solidariamente pelas dívidas de 
contribuições previdenciárias. 
- Cumprir o disposto no Art. 7º, XXXIII, CRFB/88 (Proibição de trabalho noturno, 
perigoso ou insalubre para menores de 18 anos e de qualquer trabalho a menores de 
16, salvo na condiçãode aprendiz a partir dos 14) que foi inserido na nova lei como 
requisito de regularidade social, podendo ser comprovado através de Certidão da 
Justiça ou do Ministério Público do Trabalho ou através de declaração do próprio 
empregador conforme a doutrina. 
- Cumprir o disposto no artigo 63, IV da lei 14.133/21 que prevê a declaração 
do licitante de que cumpre as exigências de reserva de cargos para pessoa com 
deficiência e para reabilitado da Previdência Social, previstas em lei e em outras 
normas específicas. 
11 
 
Apesar de todas as exigências e requisitos apresentados anteriormente, o 
administrador possui a faculdade de dispensar todo ou em parte os documentos para 
a habilitação conforme Art. 32, §§1º e 7º da Lei 8666/93 e Artigo 70, III da Lei 
14.133/21. 
Caso o licitante seja considerado inabilitado, ele terá 3 dias para entrar com 
recurso caso o edital esteja regulamentado pela nova lei ou 5 dias, caso esteja 
regulamentado pela lei antiga (Art. 109, I, ‘’a’’ da Lei 8666/93 e Artigo 165, I, ‘’c’’ da 
Lei 14.133/21). Poderá também, dentro do mesmo prazo entrar com pedido de 
reconsideração (Art. 109, III da Lei 8666/93 e Artigo 165, II da Lei 14.133/21). Ambos 
possuem efeito suspensivo até o julgamento (artigo 109, parágrafo 2̕º da Lei 8666/93 
e Artigo 168 da Lei 14.133/21). 
 
2.2 A habilitação e o requisito da regularidade fiscal 
 
Conhecida também como fase de qualificação, a fase de habilitação consiste 
em verificar se a pessoa ou empresa que deseja contratar com a administração 
pública cumpre todos os requisitos exigidos no edital do processo licitatório, como 
afirma Marçal Justen Filho3: 
 
O exame das condições do direito de participar da licitação é denominado 
usualmente de habilitação, tanto na fase procedimental como na decisão 
proferida pela administração. 
 
Nessa fase, os requisitos mencionados anteriormente são principalmente os 
documentos pessoais do licitante e são através destes que a administração pública 
verifica se possuem idoneidade para a contratação. 
A regularidade fiscal, expressa no Art. 27, IV da Lei 8666/93, agora Art.62, III 
da Lei 14.1333/2021 integra essa fase da licitação, na qual o candidato deve 
demonstrar que não possui débitos com a fazenda pública ou, caso possua, que esse 
está com a sua exigibilidade suspensa. 
Essa demonstração consiste na apresentação de Certidão Negativa de Débitos 
ou Certidão Positiva com efeitos de negativa. 
 
3 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. Belo Horizonte: Editora Fórum, 7ª 
ed.2011 
12 
 
Além disso, o Art. 55, XIII, da Lei 8666/93 determina que, caso vencedor da 
licitação, deve-se manter durante a execução do contrato. 
A não apresentação dos documentos requeridos ou estando estes em descordo 
com o edital da licitação, terá como consequência a inabilitação do licitante. 
 
3 DA DIVERGÊNCIA LEGAL ACERCA DA REGULARIDADE FISCAL 
 
Neste capítulo, serão abordadas as divergências entre as principais leis que de 
alguma forma abordam o requisito da regularidade fiscal. 
 
- Lei 8666/93 X Constituição Federal 
Na lei das licitações, em seu Art. 27, IV atual Art.62, III da Lei 14.1333/2021 
determina a necessidade de comprovação da regularidade fiscal através e certidões, 
podendo ser exigidas em relação a todos os entes federativos. 
Em contrapartida, Carta da República o Art. 37, XXI determina que: 
 
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, 
compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação 
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com 
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as 
condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá 
as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à 
garantia do cumprimento das obrigações (grifo nosso). 
 
Como é possível notar no item grifado acima, a constituição menciona somente 
sobre qualificação técnica e econômica, sem mencionar sobre regularidade fiscal e 
suas exigências. 
Inclusive essa diferença entre as leis foi observada pela jurista Maria Sylvia 
Zanella Di Pietro4 que entende que a exigência de documentos desnecessários 
tornaria o processo licitatório extremamente burocrático, formalista e moroso. 
Para a jurista, na edição mais recente de seu livro, deve-se interpretar o Art. 
37, XXI da CF/88 em relação a qualificação técnica e econômica exclusivamente5, 
 
4 Di Pietro, Maria Sylvia Zanella Direito administrativo. – 34. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 
2021. p.451 
5 CAVALCANTE, Vanessa Capistrano. Análise jurídica da exigência da regularidade fiscal na 
fase de habilitação no âmbito das licitações públicas. Revista Âmbito Jurídico, ago.2017. 
Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-administrativo/analise-juridica-
da-exigencia-da-regularidade-fiscal-na-fase-de-habilitacao-no-ambito-das-licitacoes-publicas. 
Acesso em 03 de set 2021 
13 
 
mas sim permitir somente exigências que sejam estritamente necessárias para que 
haja o cumprimento das obrigações, o que vai de encontro com o exigido na lei de 
licitações. 
Além disso, o Art.195, § 3º da CF/88 também legisla sobre requisitos de 
participação de licitações com a Administração Pública, como podemos ver a seguir: 
 
§ 3º - A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, 
como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem 
dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. 
 
 Como destacado anteriormente, a constituição específica que a proibição de 
licitar, analisando o aspecto fiscal, diz respeito somente a débitos com o sistema de 
seguridade social. 
 O rigor na exigibilidade da regularidade fiscal tem sido tema de discussão no 
âmbito judiciário como é possível observar no entendimento jurisprudencial6 a seguir: 
 
APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA. SISCOMEX.HABILITAÇÃO, 
CERTIDÕES DE REGULARIDADE FISCAL. EXIGÊNCIA ILEGAL. 1. A 
Fazenda Pública deve cobrar os seus créditos através de execução fiscal, 
sem impedir direta ou indiretamente a atividade profissional ou econômica 
do contribuinte. Precedentes do STF e STJ. 2. O indeferimento do pedido 
de habilitação formulado pela impetrante - em razão da não apresentação 
das certidões requeridas - paralisou as atividades da empresa, donde ser 
possível concluir ser ilegal a exigência do Fisco, posto que em desacordo 
com o entendimento jurisprudencial sufragado e acima referido.3. Apelação 
provida. 
(TRF-3 - AMS: 5324 SP 2004.61.00.005324-2, Relator: JUIZ CONVOCADO 
EM AUXÍLIO RUBENS CALIXTO, TERCEIRA TURMA) 
 
- Lei 8666/93 X Lei 13.303/2016 
A lei de licitações, no âmbito da regularidade fiscal, é bem rigorosa como foi 
explicado mais especificamente no capítulo 2 deste trabalho, porém ao analisarmos a 
lei das estatais, verificamos que esse rigor existente na lei de licitações não é o 
mesmo. 
O Art. 58 da Lei 13.303/2016 trata da habilitação em relação a licitação das 
estatais. Analisando mais especificamente o inciso III temos “capacidade econômica 
e financeira”. 
 
6 BRASIL. Tribunal Regional Federa da 3 Região. TRF-3 - AMS: 5324 SP 2004.61.00.005324-
2. Relator: Juiz Convocado em Auxílio Rubens Calixto, Terceira Turma. Disponível em: < 
https://trf-3.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/6964809/apelacao-em-mandado-de-seguranca-
262685-ams-5324-sp-20046100005324-2-trf3> Acesso em 03 de set 2021. 
14 
 
É visível a diferença entre as habilitações das duas leis, uma sendo a primeira 
mais rigorosa e a segunda mais flexível, abordando somente o tema da capacidade 
econômica e financeira, não exigindo nada em relação a regularidade fiscal. 
Ambas as leis possuem a mesma finalidade, porém possuem exigências 
diferentes já que, para um licitante privado participar do certame ele terá que cumprir 
e se enquadrar em requisitos mais rígidos, sendo o processo mais burocrático e 
moroso. Já para empresasestatais, o processo é muito mais rápido tendo em vista a 
quantidade inferior de requisitos a serem cumpridos. 
 
4 DA POSSIBILIDADE DE FLEXIBILIZAÇÃO DA EXIGÊNCIA DA 
REGULARIDADE FISCAL 
 
A exigibilidade da regularidade fiscal nos certames licitatórios é um tema 
que tem ocasionado muita divergência e muitos debates na atualidade. A primeira 
corrente que é frequentemente debatida é a do jurista Hely Lopes Meirelles que, 
defende a constitucionalidade da exigência e a necessidade de requisitos mínimos, 
afirmando que seria contraditório o Poder Público contratar uma empresa que possui 
débitos com ele.7 
Ele defende essa corrente utilizando como base o princípio da igualdade, 
no qual nenhuma cláusula poderá beneficiar um candidato em detrimento a outro, ou 
seja, na sua concepção se não há a exigência da regularidade fiscal na fase da 
habilitação do certame licitatório, a empresa que possuí débitos com o Poder Público 
estaria sendo beneficiada em detrimento da empresa que mantem todos os seus 
compromissos com o Poder Público em dia. 
Além disso, para o jurista, contratar uma empresa que se encontra em 
débito com o Poder Público seria algo arriscado tendo em vista a possibilidade dessa 
mesma empresa não conseguir garantir a execução do serviço para o qual fora 
contratada até o final. 
Nesse sentido, para o jurista é indispensável a exigibilidade da regularidade 
fiscal na fase de habilitação do certame licitatório, como é possível visualizar na 
transcrição do seu pensamento: 
 
 
7 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 34. ed. São Paulo: Malheiros, 2008. 
p. 227. 
15 
 
7.2.2.3 Igualdade entre os licitantes: a igualdade entre os licitantes é o 
princípio impeditivo da discriminação entre os participantes do certame, quer 
através de cláusulas que no edital ou convite favoreçam uns em detrimento 
de outros, quer mediante julgamento faccioso, quer desiguale os iguais ou 
iguale os desiguais (art. 3°, §1°). 
 
Diferentemente de Hely Lopes Meirelles, a jurista Maria Sylvia Zanella Di 
Pietro entende que ao exigir certidões de comprovação da regularidade fiscal, o Poder 
Público estaria indo além do disposto no texto constitucional, mais especificamente os 
artigos 27 e 29, V, da lei 8666/93, já que, o texto da Carta Magna obriga somente a 
regularidade acerca da seguridade social. Desta forma, na opinião da jurista, o 
processo licitatório se tornaria moroso e burocrático, o que no caso seria 
extremamente ao contrário do intuito da licitação.8 
No mesmo sentido, Adílson A. Dallari entende que é irrelevante a situação 
fiscal dos licitantes, tendo em vista que o artigo 195, parágrafo 3° da CF/88 impede 
somente a contratação se houver débitos com a seguridade social.9 
Para tentar solucionar essa discussão, o jurista Marçal Justen Filho 
apresentou uma alternativa que tenta flexibilizar a exigibilidade da regularidade fiscal, 
mesclando um pouco de cada entendimento que foram apresentados anteriormente.10 
Para o jurista, deve haver a exigência da regularidade fiscal, porém apenas 
no âmbito do ente que está realizando o processo licitatório e somente em relação a 
matéria na licitação. Ele entende que se a regularidade fiscal for cobrada perante 
todos os entes federativos, tornará o processo licitatório demorado e burocrático. 
Em outro ponto de vista, ele entende que se não houver nenhuma 
comprovação de regularidade, no mínimo em relação ao ente que está licitando, 
poderia colocar em risco a garantia da conclusão da obra ou serviço. 
Afirma Marçal Justen Filho: 
 
Ou seja, há apenas duas soluções juridicamente cabíveis. A primeira é 
entender que a existência de uma dívida fiscal em qualquer lugar do Brasil é 
suficiente para acarretar a inabilitação. A outra é reputar que somente a dívida 
em face da entidade que promove a licitação é que impedirá a licitação. 11 
 
8 Di Pietro, Maria Sylvia Zanella Direito administrativo. – 34. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 
2021. p.451 
9 DALLARI, Adilson Abreu. Aspectos jurídicos da licitação. 6. ed. atualizada e ampliada. São 
Paulo: Saraiva, 2003. p. 126. 
10 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. 14. ed. 
São Paulo: Dialética, 
2010. p. 406. 
11 JUSTEN FILHO, op. cit., p. 420. 
16 
 
O que se demanda é que o particular, no ramo da atividade pertinente ao 
objeto licitado, encontre-se em situação fiscal regular. Trata-se de evitar 
contratação de sujeito que descumpre obrigações fiscais relacionadas com o 
âmbito da atividade a ser executada. Assim o é porque não cabe ao Estado 
recorrer a particular que não desempenhe regularmente a atividade ou 
profissão relacionada com o objeto do contrato.12 
 
 Desta forma, a flexibilização da exigência da regularidade fiscal é a 
alternativa viável para a solução do debate, sendo exigido o comprovante de 
regularidade fiscal em relação ao ente que está promovendo o certame e ao objeto 
dele. Com essa solução, o processo ficará mais célere, menos burocrático, porém 
mantendo seguro e garantido o êxito do serviço contratado no decorrer de sua 
execução e na sua finalização. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 O presente trabalho sustentou-se em pesquisas doutrinarias de juristas 
renomados na área, com opiniões divergentes e atuais. Também se baseou em 
princípios específicos do tema juntamente com a fundamentação legal, inclusive 
sendo apresentado no âmbito da lei 14.133/21 também conhecida como nova lei de 
licitações. 
Foi dividido de forma que fosse fácil o entendimento, apresentando o conceito 
de licitação, assim como seus objetivos, princípios e requisitos. Logo em seguida se 
apresenta o requisito da habilitação com seu respectivo conceito e requisitos. 
Foi elucidado no que consiste a regularidade fiscal, onde está inserida, de que 
forma é exigida e quais são os seus requisitos. 
No último capítulo, foram apresentadas as principais divergências doutrinarias 
sobre a exigibilidade da regularidade fiscal por juristas conceituados sobre o tema. 
Fundamentou-se em artigos da Constituição Federal e na lei infraconstitucional. Para 
apresentar uma solução ao debate foi trazida a posição do Jurista Marçal Justen Filho, 
que apresenta um meio termo trazendo um pouco dos pensamentos de cada jurista 
sugerindo uma flexibilização da exigibilidade da regularidade fiscal nos certames 
licitatórios. 
 
 
 
12 JUSTEN FILHO, op. cit., p. 418. 
17 
 
REFERÊNCIAS 
 
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 34. ed. São Paulo: 
Malheiros, 2008. 
 
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella Direito administrativo. – 34. ed. – Rio de Janeiro: 
Forense, 2021. 
 
DALLARI, Adilson Abreu. Aspectos jurídicos da licitação. 6. ed. atualizada e 
ampliada. São Paulo: Saraiva, 2003. 
 
JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos 
administrativos. 14. ed. São Paulo: Dialética, 2010. 
 
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. Belo Horizonte: Editora 
Fórum, 7ª ed. 2011. 
 
CARVALHO, Matheus. Nova Lei de Licitações Comparada. Salvador: Editora 
Juspodivm, 2021. 
 
CAVALCANTE, Vanessa Capistrano. Análise jurídica da exigência da regularidade 
fiscal na fase de habilitação no âmbito das licitações públicas. Revista Âmbito 
Jurídico, ago.2017. Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-
administrativo/analise-juridica-da-exigencia-da-regularidade-fiscal-na-fase-de-
habilitacao-no-ambito-das-licitacoes-publicas. Acesso em 03 de set 2021.

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