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Espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos

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08/11/2022 18:48 Espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03572/index.html# 1/57
Espectro da esquizofrenia e outros transtornos
psicóticos
Prof.ª Simone Biangolino
Descrição
Composição da categoria diagnóstica do espectro da esquizofrenia no contexto dos transtornos psicóticos.
Propósito
Compreender a dinâmica dos transtornos relacionados à psicose, situando a esquizofrenia com seu quadro
sintomático como a principal condição clínica desta categoria diagnóstica, e compreender as
especificidades inerentes a cada variação dos transtornos do espectro da esquizofrenia, tendo em vista a
precisão diagnóstica.
Objetivos
Módulo 1
08/11/2022 18:48 Espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos
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Os transtornos do espectro da esquizofrenia
Identificar os sintomas característicos das síndromes psicóticas.
Módulo 2
Esquizofrenia e transtorno psicótico breve
Identificar as características e especificidades da esquizofrenia e do transtorno psicótico breve.
Módulo 3
Transtorno esquizofreniforme e transtorno esquizoafetivo
Identificar as características e especificidades do transtorno esquizofreniforme e do transtorno
esquizoafetivo.
Módulo 4
Transtornos de personalidade
Identificar as características e especificidades do transtorno da personalidade esquizotípica e do
transtorno delirante.
Introdução

08/11/2022 18:48 Espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03572/index.html# 3/57
Introdução
Os quadros denominados como transtorno do espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos
reúnem condições clínicas designadas como Síndromes Psicóticas, uma vez que o conjunto de sinais e
sintomas se concentram na manifestação de comportamentos e pensamentos que demonstram romper
com a lógica da realidade externa possível de ser compartilhada com as demais pessoas, e a qual permite,
de fato, atender às necessidades básicas, assim como às demais necessidades da vida.
Esses comportamentos e pensamentos são reflexos, sobretudo, da ocorrência de alucinações e delírios, que
acabam desencadeando comportamentos claramente diferentes do esperado, considerados como
“bizarros”, em função da forma de sua apresentação, como, por exemplo, a catatonia, na qual a pessoa fica
por muito tempo, às vezes horas, em posições incômodas e incomuns, ou a manifestação de falas e risos
imotivados; o pensamento, da mesma forma afetado pelos delírios e alucinações, apresenta alterações na
fluência e no seu curso, como por exemplo o “descarrilhamento” e/ou “interceptação” do pensamento. Além
do fato de que a vida da pessoa passa a ser organizada e gerida por essas alucinações e/ou delírios, de
modo que, em alguns casos, chegam a acreditar que estão sendo vítimas de perseguições, injúrias, calúnias
e difamações (no contexto do delírio de perseguição, por exemplo), ou desejadas e amadas de forma
extrema e em segredo, por “figuras públicas” da mídia como cantores, atores, políticos ou qualquer outra
personalidade de destaque (no contexto do delírio erótico ou erotomania).
O principal sofrimento clínico encontrado nesse grupo de patologias é a esquizofrenia, a qual concentra, de
forma bastante expressiva, o maior número de sintomas, sendo este um dos motivos centrais de ter sido
eleita para representar a dinâmica vivenciada pelas pessoas acometidas por essa dificuldade mental, assim
como, nomear a categoria (ou grupo) diagnóstico. Encontramos na literatura estudos que remontam aos
primórdios da história da psiquiatria, já em Pinel; mas começou a ser formalmente compreendida em torno
do final do século XIX, sobretudo por meio dos estudos de Emil Kraepelin e Eugen Bleuler, sendo atribuído a
este último a designação do termo “esquizofrenia” em 1911, expressando a ideia de
rompimento/fragmentação da mente. Atualmente, outros quadros clínicos compartilham semelhanças
sintomática com a esquizofrenia, mas apresentam algumas variações em relação ao tempo, acréscimo de
outros sintomas, além dos característicos às síndromes psicóticas e certas especificidades, como segue na
ilustração abaixo e os quais serão apresentados ao longo deste conteúdo.
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Espectro da Esquizofrenia e outros Transtornos Psicóticos DSM-V
1 - Os transtornos do espectro da esquizofrenia
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os sintomas característicos das
síndromes psicóticas.
Mecanismos sintomáticos especí�cos das síndromes
psicóticas
É importante ter em mente que, quando indicamos a ocorrência de uma determinada síndrome, estamos
fazendo referência a um conjunto de sinais e sintomas. Por exemplo, em uma “síndrome gripal”, as pessoas
costumam apresentar a face ruborizada (sinal), olhos lacrimejantes (sinal), coriza (sinal) e febre (sintoma);
na “síndrome de Down”, os portadores dessa patologia costumam apresentar baixa estatura (sinal), mãos
pequenas e dedos curtos (sinal), olhos com linhas ascendentes e dobras na pele nos cantos internos (sinal),
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atrasos no desenvolvimento (sintoma), deficiência intelectual (sintoma), entre outros. Do mesmo modo, nas
síndromes denominadas como psicóticas, encontramos a ocorrência de determinado conjunto de sinais e
sintomas como:
Os grupos de sintomas denominados como positivos e negativos são os mais importantes para o
entendimento da dinâmica das síndromes psicóticas, e da identificação diagnóstica dos transtornos do
espectro da esquizofrenia. Poderíamos dizer, inclusive, que essa designação é exclusiva dessa categoria
diagnóstica. Sintomas negativos e sintomas positivos estão relacionados a comportamentos ou
Sintomas positivos;
Sintomas negativos;
Sintomas de desorganização;
Sintomas psicomotores;
Sintomas cognitivos;
Sintomas de humor.
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mecanismos mentais que permitem/possibilitam ou não ao sujeito expressar e manifestar o que possa
estar acontecendo em seu interior (em sua mente). Dessa forma, “sintomas positivos” não significam que
sejam sintomas que tragam “coisas boas” para o sujeito, e sim, um grupo especial de sintomas que permite
a manifestação de estados francamente alterados de sua mente, como a ocorrência de alucinações,
delírios, pensamentos desordenados e alterações características da psicomotricidade que se apresentam
tanto na fala como em movimentos, gestos e expressões. Do mesmo modo, “sintomas negativos” não são
aqueles que trazem prejuízos ou danos para o sujeito, mas aqueles que não permitem/possibilitam sinalizar
para o exterior o que de fato está acontecendo (e perturbando) a sua mente. São considerados sintomas
negativos:
Do mesmo modo, “sintomas negativos” não são aqueles que trazem prejuízos ou danos para o sujeito, mas
aqueles que não permitem/possibilitam sinalizar para o exterior o que de fato está acontecendo (e
perturbando) a sua mente. Confira a seguir o que são considerados sintomas negativos:
O embotamento afetivo.
O “mutismo seletivo” (quando a pessoa “opta” por parar de falar).
A diminuição significativa ou mesmo ausência da expressão emocional.
A avolia (que se caracteriza por uma diminuição acentuada das ações motivadas, com iniciativa e
com indicação de um objetivo).
A anedonia (capacidade reduzida ou ausente de manifestar satisfação em decorrência de estímulos
positivos, ou a degradação na lembrança de situações prazerosas anteriormente vividas).
A alogia (expressando-se por uma diminuição importante da conversação/discurso).
A ausênciade interesse no estabelecimento e/ou manutenção do contato social (manifestando-se
como uma falta de sociabilidade).
Autores como Emil Kraepelin, Eugen Bleuler, Karl Jaspers e Kurt Schneider dedicaram-se ao estudo profundo
da esquizofrenia e conseguiram localizar grupos sintomáticos específicos e característicos dessa
dificuldade mental. Kurt Schneider criou um termo específico para referir-se a sintomas primordiais para o
diagnóstico da esquizofrenia, denominados “sintomas de primeira ordem”, indicando uma profunda
alteração da relação eu-mundo, os quais, segundo o autor, não deixariam dúvidas sob a presença da doença,
sendo estes:
Percepção delirante
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Percepção absolutamente normal recebe uma significação delirante, que ocorre
simultaneamente ao ato perceptivo, como uma experiência de “revelação”.
Alucinações auditivas características
Como as “vozes que comentam a ação” do paciente e as “vozes que comandam a ação” do
doente.
Eco do pensamento ou sonorização do pensamento
O paciente escuta seus pensamentos ao pensá-los.
Difusão do pensamento
O doente sente que seus pensamentos são ouvidos ou percebidos claramente pelos outros,
quando os pensa.
Roubo do pensamento
Experiência na qual o indivíduo sente que seu pensamento é inexplicavelmente extraído de
sua mente, como se fosse roubado.
Vivências de in�uência
São várias as vivências de influência características da esquizofrenia, entre elas, pode-se
d t i ê i d i fl ê i b t
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A união de todos os grupos sintomáticos definidos até o presente momento (inclusive os apresentados
pelos atuais sistemas de classificação internacionalmente utilizados – DSM-5 e CID-11), na tentativa de
localizar uma dinâmica ou um perfil comum às síndromes psicóticas, indica que os principais processos
mentais afetados e comprometidos nesse quadro clínico são os processos de pensamento e da afetividade,
chegando a expressar uma profunda desarmonia entre ambos. Sendo assim, a sintomatologia psicótica se
caracteriza, principalmente, pelas alterações relacionadas ao pensamento e aos processos afetivos e,
consequentemente, todo comportamento e toda dinâmica existencial da pessoa ficam comprometidos. De
modo geral, apresentamos, no quadro a seguir, os principais sintomas presentes nos transtornos
denominados como pertencentes ao espectro da esquizofrenia:
Sintomas positivos
Alucinações: mais comuns auditivas e visuais e, menos comuns, táteis e olfativas.
Delírios: persecutórios, de grandeza, de ciúmes, somáticos, místicos, fantásticos.
Perturbações da forma e do curso do pensamento, como incoerência, prolixidade, desagregação.
Comportamento desorganizado, bizarro.
Agitação psicomotora.
Negligência dos cuidados pessoais.
Sintomas negativos
Falta de repertório do pensamento e da fala.
Embotamento ou rigidez afetiva.
Prejuízo do pragmatismo.
Incapacidade de sentir emoções e prazer.
Isolamento social.
Diminuição de iniciativa e da vontade.
Transtornos do espectro da esquizofrenia
destacar a vivência de influência sob o corpo e o pensamento.
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Basicamente, há quatro modalidades de construções teóricas acerca da etiologia dos transtornos do
espectro da esquizofrenia e iremos estudá-las a seguir:
Biológicas
Psicológicas
Socioculturais
Biopsicossociais
Nas construções teóricas biológicas, nos encontramos com as raízes das investigações etiológicas nesse
campo do saber. O que hoje denominamos como esquizofrenia foi inicialmente designada por Kraepelin, no
final do século XIX, como demência precoce, atribuindo a esta uma degeneração do tecido cerebral.
Emil Kraepelin.
Inspirados pelos movimentos de Kraepelin de indicar explicações para a esquizofrenia em processos
orgânicos, outros pesquisadores investiram em tentativas de encontrar causas genéticas, neuroquímicas,
estruturais/anatômicas, e relacionadas a alterações nos processos normais do desenvolvimento, mais
especificamente, o neurodesenvolvimento.
Estudos genéticos revelaram que há maior vulnerabilidade e incidência para a ocorrência, sobretudo da
esquizofrenia, em pessoas que possuem parentes em primeiro grau com o diagnóstico confirmado da
doença. Outro dado importante vem de levantamentos epidemiológicos relacionados a gêmeos idênticos,
nos quais, em 50 % dos casos, há concordância para esquizofrenia, reduzindo essa taxa para 12%, em
gêmeos dizigóticos, sendo significativamente maior que os 1% de risco esperado para a população em
geral.
Estudos neuroquímicos concentram-se, sobretudo, na hiperfunção dopaminérgica central, e indicam que o
aumento da concentração deste neurotransmissor – dopamina (DA) – pode simular a ocorrência de um
quadro de esquizofrenia, sendo considerada como uma “psicose tóxica”.
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Quanto às pesquisas relacionadas ao neurodesenvolvimento, há indicação de que ocorrências como a má
nutrição, redução do suprimento de oxigênio, iodo, glicose e ferro, durante o período intrauterino, podem
prejudicar o desenvolvimento do cérebro, assim como doenças da mãe, como diabetes, anemia e doença
crônica pulmonar.
As construções teóricas psicológicas acerca da esquizofrenia e, consequentemente, dos transtornos
relacionados a seu espectro, podem ser agrupadas em duas modalidades de argumentações, confira a
seguir:
Psicodinâmicas
Cognitivas
A teoria psicanalítica freudiana indicou que certas pessoas podem ser mais vulneráveis aos conflitos e
estresses mais intensos da vida, reagindo a estes com mecanismos defensivos regressivos em alta
potencialidade. Freud sustentava a ideia de que adultos bem ajustados têm egos bem desenvolvidos, que
conseguem estabelecer limites sobre a atividade da fantasia, conseguindo, assim, conectar a pessoa com a
realidade que a circunda.
Por outro lado, Holmes (2001) chama a atenção para o fato de que teóricos psicodinâmicos consideram o
relacionamento mãe-filho(a) como um dos fatores cruciais no desenvolvimento da esquizofrenia. A
identificação de importante hostilidade e rejeição materna, principalmente no início da vida, foi sinalizada
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por alguns autores. Fromm-Reichmann, em 1948, cunhou o termo “mãe esquizofrenogênica” para referir-se a
mulheres que estabelecem relacionamentos obscuros e confusos para com seus filhos, nos quais a
hostilidade, distanciamento e rejeição coexistem com superproteção e controle.
Argumentações cognitivas, no sentido de explicar as manifestações e ocorrências dos quadros referentes
ao espectro da esquizofrenia, destacam que algumas das operações/processos mentais, como a
sensopercepção, o pensamento e a atenção, operam de forma diferenciada, levando o sujeito à distorção e,
consequentemente, à relação com o mundo e com as demais pessoas de forma comprometida. Esses
teóricos acreditam que as experiências sensoriais atípicas encontradas nessas pessoas, como, por
exemplo, a alucinação, são decorrentes de uma sobrecarga de estímulos “não filtrados” por “defeitos” no
funcionamento dessas operações mentais.
Construções teóricas socioculturais procuram contextualizar as dinâmicas familiares, assim como as
condições dos sujeitos acometidos pelos transtornos dessa categoria diagnóstica, frente a parâmetros
sociais mais amplos, como renda e classe social.
Dessa forma, identificaram que os transtornos do espectro da esquizofrenia tendem aapresentar maior
incidência em classes socioeconômicas mais baixas. Pessoas com redes de apoio social restrita e mesmo
inexistentes, que tendem ao isolamento, ampliam a probabilidade de desenvolvimento dessas doenças,
principalmente em áreas urbanas.
Finalmente, construções teóricas biopsicossociais têm se apresentado como uma tendência na literatura e
pesquisas atuais, que buscam compreender a organização e sistematização dos quadros do espectro da
esquizofrenia. Nessa perspectiva, busca-se integrar fatores orgânicos, principalmente aqueles centrados em
mecanismos cerebrais, com dinâmicas existenciais que englobam vivências emocionais e processos
cognitivos, assim como procuram contemplar processos socioculturais, tendo em vista a complexidade
desse quadro psicopatológico. Cada vez mais os cientistas e clínicos têm concordado com o fato de que há
múltiplas causas e combinações peculiares de fatores etiológicos relacionados aos transtornos do espectro
da esquizofrenia.
Condições médicas indutoras de transtorno psicótico
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Condições médicas indutoras de transtorno psicótico
Todas as manifestações clínicas das doenças reunidas sob a denominação “espectro da esquizofrenia”,
com exceção do transtorno da personalidade esquizotípica, podem se manifestar em decorrência do fato de
a pessoa ter alguma doença orgânica não diagnosticada ou não tratada, como, por exemplo, a epilepsia, em
que é comum ocorrer alucinações (principalmente olfativas, no caso das epilepsias relacionadas a
atividades elétricas desreguladas do lobo temporal). Muitas doenças podem simular os sintomas da
esquizofrenia, assim como outra variante dessa categoria diagnóstica.
Nesse sentido, é importante, sobretudo no início da avaliação, certificar-se de que o conjunto de sintomas
apresentado pelo paciente é de fato sinalizador de transtornos mentais ou se está sendo provocado por
alguma alteração metabólica ou funcional característica de alguma doença física, porque está diretamente
relacionado à intervenção e conduta terapêutica.
Outro elemento que dá apoio a esse parecer é o de que, assim que haja controle ou extinção das
doenças/condições clínicas, há interrupção dos sintomas característicos das síndromes psicóticas.
Critérios diagnósticos do DSM-5
Neste tópico, apresentaremos os critérios diagnósticos apontados pelo DSM-5 sobre o transtorno psicótico
devido a outra condição médica:
Alucinações ou delírios proeminentes.
Critério A 
Critério B 
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Há evidências da história, do exame físico ou de achados laboratoriais de que a perturbação é a
consequência fisiopatológica direta de outra condição médica.
A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental.
A perturbação não ocorre exclusivamente durante o curso de delirium.
A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social,
profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo (APA, 2014, p. 115).
Desenvolvimento e curso
Podem se constituir em quadros passageiros e isolados ou recorrentes. Habitualmente, variam e regulam-se
com o aumento ou remissão dos sintomas das doenças clínicas de base, tendendo a desaparecer com o
tratamento da condição médica subjacente. Alguns sintomas podem persistir, mesmo com o tratamento
das doenças, sobretudo em condições nas quais a cronicidade já se estabeleceu, como na esclerose
múltipla, por exemplo.
Prevalência, consequências e fatores de risco
A precisão em relação à prevalência dessa ocorrência clínica é bastante difícil, tendo em vista a
complexidade e grande variedade de etiologias médicas. Segundo registros fornecidos pelo DSM-5, estima-
se que a prevalência ao longo da vida oscile entre 0,21% e 0,54%, aumentando um pouco, quando a
Critério C 
Critério D 
Critério E 
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população focal tem mais de 65 anos de idade, passando assim para 0,74%. Quando são consideradas as
condições médicas específicas (distúrbios endócrinos, metabólicos não tratados, distúrbios autoimunes ou
epilepsia), também há grande variabilidade. Há maior incidência desse quadro em mulheres, sobretudo em
idosas.
Segundo o DSM-5, a incapacidade funcional pode ocorrer e costuma ser grave no contexto desses quadros
clínicos, variando, consideravelmente, de acordo com o tipo de doença em questão. No entanto, há também
a possibilidade de melhoria se ocorrer resolução exitosa (cura ou controle de sintomas) das doenças.
Em relação aos possíveis riscos subjacentes a esse grupo diagnóstico, as pesquisas ainda não
conseguiram identificar informações claras ou mesmo dignas de nota, embora haja alguns registros de
suicídios associados aos quadros de epilepsia e esclerose múltipla.
Substâncias indutoras de transtorno psicótico
Do mesmo modo que nos quadros referentes à ocorrência de doenças de causas orgânicas, todas as
manifestações clínicas das doenças reunidas sob a denominação “espectro da esquizofrenia”, com exceção
do transtorno da personalidade esquizotípica, podem se manifestar em decorrência do fato de a pessoa
fazer uso de algum medicamento com ação psicoativa (ação no sistema nervoso central) ou uso de drogas
lícitas ou ilícitas.
De modo geral, esses quadros são caracterizados pela manifestação dos sintomas típicos das síndromes
psicóticas, sobretudo delírios e/ou alucinações, após o consumo de substâncias/medicamentos. Tais
manifestações são reflexos da ação fisiológica das drogas, medicamentos ou exposição às toxinas nos
mecanismos de transmissão sináptica, e nos mecanismos de ação dos neurotransmissores (produção,
liberação e sistema de recaptação).
O DSM-5 chama a atenção para o fato de que ocorrências apenas de alucinações
provocadas especificamente pela ação de drogas e/ou medicamentos devem ser
diagnosticadas como processos de intoxicação ou abstinência provocados pelas
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substâncias, e não como transtornos do espectro da esquizofrenia devido ao uso
de medicamentos e/ou substâncias.
Reforçando ainda a necessidade de indicação dos “especificadores” para explicitar o que de fato está
acontecendo em termos de prejuízo para a pessoa, como, por exemplo, “perturbações da percepção”
(aplicável à abstinência de álcool, intoxicação por Cannabis, abstinência de sedativos, hipnóticos ou
ansiolíticos e intoxicação por estimulantes).
Outro dado importante colocado em destaque no DSM-5 é que para que esse diagnóstico seja efetuado,
além da pessoa apresentar os sintomas indicados nos critérios diagnósticos para essa categoria, devem ser
excluídas as possibilidades de outras apresentações clínicas referentes a domínios cognitivos, à presença
de alterações de humor que possam estar relacionadas com quadros de manias ou depressões, e mesmo a
outros transtornos do espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos.
Critérios diagnósticos do DSM-5
A seguir, apresentaremos os critérios do DSM-5 para transtorno psicótico induzido por
substância/medicamento.
Presença de pelo menos um dos sintomas: delírios e alucinações.
Esses sintomas se desenvolvem durante ou logo após intoxicação por uma substância ou
abstinência ou após exposição a um medicamento.
A substância/medicamento envolvida é capaz de produzir os sintomas de delírio e alucinações.
Critério A 
Critério B 
Critério C 
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Aperturbação não ocorre exclusivamente durante o curso de delirium.
A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social,
profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
Desenvolvimento e curso
Podem surgir durante ou logo após o uso ou exposição a algum dos medicamentos/substâncias
associadas a essas condições clínicas, assim como podem manifestar-se em decorrência da falta de
alguma substância de uso contínuo (medicamento ou droga), configurando quadro de abstinência. O início
das manifestações que caracterizam os quadros psicóticos varia muito, e estão relacionadas com as
propriedades específicas e formas de uso/exposição das substâncias. A interrupção do quadro costuma
ocorrer com a retirada da substância/agente ofensivo ao sistema nervoso central.
Prevalência, consequências e fatores de risco
Há ainda carência de informações precisas em relação à população em geral, mas, estima-se que entre 7% e
25% das pessoas que manifestam um primeiro episódio de psicose em diferentes contextos são
decorrentes do consumo ou exposição a substâncias psicoativas. Segundo o DSM-5, essa ocorrência clínica
costuma ser gravemente incapacitante, fazendo com que, na maioria das vezes, as pessoas necessitem de
assistência de serviços de emergência.
Transtornos psicóticos: uma desconexão da realidade
Neste vídeo a especialista reflete sobre a incapacidade do indivíduo de distinguir entre a experiência
Critério D 
Critério E 

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Neste vídeo, a especialista reflete sobre a incapacidade do indivíduo de distinguir entre a experiência
subjetiva e a realidade externa presente nos transtornos psicóticos, com destaque para a esquizofrenia e
síndromes psicóticas.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Analise o seguinte fragmento clínico:
Um homem de 26 anos chega acompanhado por um de seus vizinhos em uma Unidade de Atenção
Básica à Saúde por apresentar comportamentos bizarros e perigosos. Há pelo menos um ano,
apresenta delírios e alucinações auditivas. Acredita que os vizinhos e familiares conspiram contra a sua
vida e que diariamente é informado pelo plano espiritual de que, de fato, isso está acontecendo. Não
consegue explicar como certas coisas acontecem com ele, mas afirma escutar pessoas comentando
seu comportamento, mesmo quando está completamente sozinho e algumas dessas vozes,
principalmente a de um homem, costuma lhe dar ordens. Esses sintomas o levaram a ter um
comportamento antissocial e irregular. Ele nega uso de drogas, bebidas alcóolicas ou doenças. No
exame do estado mental, foi observado negligência no cuidado com a aparência e na higiene, além de
verificar-se atividade intensa de delírio (com características persecutórias). O afeto estava embotado e
o pensamento desorganizado. A hipótese diagnóstica levantada foi esquizofrenia.
Qual dos seguintes sintomas destacados do fragmento clínico pode ser associado aos sintomas
negativos das síndromes consideradas psicóticas?
A Os comportamentos bizarros.
B As alucinações auditivas.
C O embotamento afetivo.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
O embotamento afetivo é o sintoma, dentre os destacados, característico de sintomas negativos por
permitir identificar o estado afetivo real do paciente no momento da avaliação.
Questão 2
Dentre as condições médicas abaixo listadas, qual costuma ser mais frequentemente associada aos
quadros de transtornos do espectro da esquizofrenia?
Parabéns! A alternativa A está correta.
A esclerose múltipla é uma das doenças/condições clínicas neurológicas associadas a manifestações
D Os delírios de perseguição.
E O pensamento desorganizado.
A Esclerose múltipla.
B Embolia pulmonar.
C Isquemia miocárdica.
D Diabetes melitos.
E Prolapso da valva mitral.
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de sintomas característicos das síndromes do espectro da esquizofrenia.
2 - Esquizofrenia e transtorno psicótico breve
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as características e especi�cidades da
esquizofrenia e do transtorno psicótico breve.
Identi�cando a esquizofrenia
A esquizofrenia é um dos sofrimentos mentais mais sérios e severos, uma vez que seu impacto é grande
sobre a capacidade da pessoa conseguir levar uma vida produtiva e autônoma. É uma doença multifatorial,
não podendo ser atribuída a ocorrências sintomáticas isoladas e descontextualizadas.
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Embora a literatura, assim como a clínica, indique que alguns indivíduos com esse transtorno consigam
viver sem ação ativa e prejudicial dos sintomas, muitos ainda precisam encontrar uma forma de adaptar-se
à realidade dessa doença, tendo em vista a sua cronicidade. Holmes (2001) sinaliza que essa patologia se
refere a um conjunto de alterações complexas com a presença de sintomas, relativamente assustadores,
por romperem completamente com a lógica da realidade externa.
Essa doença caracteriza-se, essencialmente, por uma fragmentação da estrutura primária dos mecanismos
do pensamento, em conjunto com uma dificuldade importante em estabelecer a distinção entre vivências
externas e internas, configurando:
Perda de conexão com a realidade (psicose);
Ocorrência de alucinações (percepções falsas);
Delírios (crenças falsas);
Discurso confuso e desconexo;
Comportamento desorganizado ou catatônico;
Embotamento afetivo (variação emocional restrita);
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O diagnóstico da esquizofrenia é bastante complexo, e a dimensão temporal é um fator de grande
importância.
Sendo assim, mesmo que os sintomas psicóticos estejam claramente presentes, o
diagnóstico será proferido apenas se estes se mantiverem de forma ininterrupta
durante seis meses, pelo menos.
Além disso, a pessoa deve apresentar rendimento geral (nos três principais setores da vida – pessoal, social
e ocupacional/acadêmico (no caso de crianças ou adolescentes)) – abaixo do nível mais alto atingido
anteriormente ao longo desse período. Apesar de raro, pode acontecer também no período da infância.
Nesse caso, para o diagnóstico, a criança necessita ter fracassado em atingir o nível esperado de
desenvolvimento social.
Critérios diagnósticos do DSM-5 para esquizofrenia
A seguir, apresentaremos os critérios do DSM-5 para o diagnóstico da esquizofrenia:
Dois (ou mais) dos itens a seguir, cada um presente por uma quantidade significativa de tempo
durante um período de um mês (ou menos, se tratados com sucesso). Pelo menos um deles deve
ser (1), (2) ou (3):
Dé�cits cognitivos (comprometimento do raciocínio e da solução de problemas);
Disfunção ocupacional e social.
Critério A 
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1. Delírios;
2. Alucinações;
3. Discurso desorganizado;
4. Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico;
5. Sintomas negativos (ex.: expressão emocional diminuída ou avolia).
Por período significativo de tempo, desde o aparecimento da perturbação, o nível de funcionamento
em uma ou mais áreas importantes do funcionamento, como trabalho, relações interpessoaisou
autocuidado, está acentuadamente abaixo do nível alcançado antes do início (ou, quando o início se
dá na infância ou na adolescência, incapacidade de atingir o nível esperado de funcionamento
interpessoal, acadêmico ou profissional).
Sinais contínuos de perturbação persistem durante, pelo menos, seis meses. Esse período de seis
meses deve incluir no mínimo um mês de sintomas (ou menos, se tratados com sucesso) que
precisam satisfazer ao Critério A (ex.: sintomas da fase ativa) e pode incluir períodos de sintomas
prodrômicos ou residuais. Durante esses períodos prodrômicos ou residuais, os sinais da
perturbação podem ser manifestados apenas por sintomas negativos ou por dois ou mais sintomas
listados no Critério A presentes em uma forma atenuada (ex.: crenças esquisitas, experiências
perceptivas incomuns).
Transtorno esquizoafetivo e transtorno depressivo ou transtorno bipolar com características
psicóticas são descartados porque 1) não ocorreram episódios depressivos maiores ou maníacos
concomitantemente com os sintomas da fase ativa, ou 2) se episódios de humor ocorreram durante
os sintomas da fase ativa, sua duração total foi breve em relação aos períodos ativo e residual da
doença.
Critério B 
Critério C 
Critério D 
Critério E 
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A perturbação pode ser atribuída aos efeitos fisiológicos de uma substância (ex.: droga de abuso,
medicamento) ou a outra condição médica. Se há história de transtorno do espectro autista ou de
um transtorno da comunicação iniciado na infância, o diagnóstico adicional de esquizofrenia é
realizado somente se delírios ou alucinações proeminentes, além dos demais sintomas exigidos de
esquizofrenia, estão também presentes por pelo menos um mês (ou menos, se tratados com
sucesso). (APA, 2014, p. 99)
Características da esquizofrenia
Desenvolvimento e curso
A seguir, apresentamos algumas informações relevantes que nos permitem identificar o desenvolvimento e
curso da esquizofrenia:
Pico de incidência aos 15-25 anos nos homens e 25-35 anos nas mulheres. De modo geral, essa doença
tende a surgir no início ou fim da adolescência e no começo da idade adulta, mas pode começar mais
tardiamente, principalmente nas mulheres.
Segundo registros, há grande probabilidade de que pessoas portadoras dessa dificuldade mental tenham
2 a 3 vezes mais chances de morrer precocemente por doenças físicas (cardiovasculares, metabólicas e
infecciosas) do que a população em geral.
Registros epidemiológicos indicam que 1% da população mundial apresentam tal dificuldade.
No Brasil, aparecem cerca de 75.000 novos casos desse transtorno por ano, o que representa 50 casos
para cada 100.000 habitantes.
O sexo masculino apresenta um risco 1,4 a 2,3 vezes maior do que o sexo feminino de desenvolver
esquizofrenia, com idade média de cinco anos menor.
Caso clínico de esquizofrenia
Neste exemplo clínico, você terá a oportunidade de compreender um pouco melhor a dinâmica vivencial de
uma pessoa que tem a esquizofrenia.
Critério E 
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João, 16 anos, morador de uma comunidade da zona norte do Rio de Janeiro, abandonou a escola após
repetir a sétima série. Mora com avó materna, uma tia e uma irmã de 14 anos.
Apresentou desenvolvimento escolar normal até os 14 anos. Segundo a avó, nessa idade, tornou-se retraído,
parou de mostrar interesse pela escola, passava o dia na Internet, fechado no quarto e sem querer falar com
os familiares ou amigos, e descuidando da alimentação e da higiene pessoal.
Foi trazido à consulta pelos familiares porque nos últimos meses “passa a noite acordado se
movimentando, rindo sem motivo aparente, e parecendo estar falando só, não quer tomar banho, fuma sem
parar”. Foi levado a um centro espírita porque os familiares pensaram que tinha “um problema espiritual”.
Apesar dos rituais, a situação tem piorado nas últimas semanas.
Se apresenta na consulta com as roupas algo desajeitadas e sujas. Entra no consultório para o atendimento
observando atentamente todas as partes da sala, com postura de receio. Inicialmente, recusa estabelecer
comunicação verbal com o profissional de saúde. Ao ser indagado sobre o motivo da consulta, refere que
“está bem e foi trazido pela tia”.
Ao ser perguntado se estava escutando alguma voz, após alguma resistência inicial e movimentos
sucessivos da cabeça, relata que uma pessoa não identificada fala na sua cabeça “que o vizinho está
querendo matar ele para pegar suas coisas, e que ele precisa ficar esperto”. Informa ainda que “há várias
facas escondidas no quarto”.
A equipe suspeita que se trata de um primeiro episódio psicótico agudo que oferece risco à segurança do
paciente e/ou terceiros e, em conjunto com a família, decide a referência para unidade de urgências
psiquiátricas. Passado um ano, o paciente continua com os mesmos sintomas, abandonou a escola,
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interage apenas com os familiares, não tem amigos e passa os dias deambulando pela comunidade ou
pelos cômodos da casa.
Este exemplo clínico ilustra o início de um quadro de esquizofrenia com possível evolução deteriorante e
prognóstico negativo, e retrata grande parte da realidade encontrada nas unidades de assistência básica à
saúde.
Transtorno psicótico breve
Diagnóstico de transtorno psicótico breve
Segundo o DSM-5, a característica essencial do transtorno psicótico breve é o aparecimento repentino,
súbito e perturbador de pelo menos um dos sintomas considerados como psicóticos (delírios, alucinações,
discurso desorganizado, muitas vezes com as características do descarrilhamento, ou comportamento
psicomotor grosseiramente anormal (podendo inclusive apresentar as características da catatonia).
Esses sintomas organizam-se e manifestam-se inesperadamente e tendem a manter-se ativos por um
período de algumas semanas, desaparecendo antes de completar um mês. É importante que, antes de
atribuir esse diagnóstico, o profissional deve levar em conta a realidade cultural do paciente.
A seguir, apresentaremos os critérios de diagnósticos do DSM-5 para o transtorno psicótico breve (APA,
2014, p. 94):
Presença de um (ou mais) dos sintomas a seguir. Pelo menos um deles deve ser (1), (2) ou (3):
1. Delírios;
Critério A 
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2. Alucinações;
3. Discurso desorganizado (ex.: descarrilamento ou incoerência frequentes);
4. Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico;
Nota: não incluir um sintoma que seja um padrão de resposta culturalmente aceito.
A duração de um episódio da perturbação é de, pelo menos, um dia, mas inferior a um mês, com
eventual retorno completo a um nível de funcionamento pré-mórbido.
A perturbação não é mais bem explicada por transtorno depressivo maior ou transtorno bipolar com
características psicóticas, por outro transtorno psicótico como esquizofrenia ou catatonia, nem se
deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (ex.: droga de abuso, medicamento) ou a outra
condição médica.
Desenvolvimento e curso
Confira a seguir como ocorre o desenvolvimento e curso do transtorno psicótico breve.
Pode aparecer desde a adolescência, podendo ocorrer durante a vida toda, com idade média de início aos
30 anos.
Recaídas são comuns, mas os pacientes, por definição, não têm sintomas psicóticos entre os episódios.
Prevalência, consequências e fatores de risco
Estima-se que cerca de 9% das ocorrências de primeiro surto psicótico nos Estados Unidos tenham a
característica do transtorno psicótico breve.
Costumamocorrer com maior incidência em países em desenvolvimento.
Sua ocorrência é duas vezes maior no sexo feminino.
Critério B 
Critério C 
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Manifesta-se mais frequentemente em pessoas com transtornos e traços de personalidade
preexistentes.
Caso clínico de transtorno psicótico breve
Vamos a mais um exemplo clínico, para que você consiga compreender a especificidade do transtorno
psicótico breve.
Maria, 34 anos, branca, moradora de um bairro da zona norte do Rio de Janeiro, a 100 metros de uma
comunidade, professora concursada do município e casada. Mora com esposo, um filho de 4 anos e sua
mãe.
O esposo relata que a paciente sempre foi “muito desconfiada e sistemática”, o que já trouxe problemas no
trabalho e em casa.
A família adquiriu recentemente uma casa próxima à entrada de uma favela, investindo todas suas
economias.
Há 1 semana, houve um tiroteio na madrugada, a 100 metros da vivenda. A partir desse momento, a
paciente começou a ficar “muito nervosa, com dificuldades para dormir e afirmando que os traficantes
queriam tirar sua casa e entrar pela janela do quarto”, que passou a fechar de dia e de noite. Está com
dificuldades para ficar sem o companheiro em casa. O marido trabalha como porteiro de um prédio em
noites alternadas.
Se apresenta no consultório com a aparência preservada, relatando estar muito “ansiosa” e com certa
agitação motora. Confirma a história de que os traficantes “querem tomar sua casa” e que isso a deixa
“muito nervosa”. A mãe afirma que, por diversas vezes, tentou confirmar a presença de estranhos nas
redondezas, não sendo confirmada tal hipótese.
A equipe de saúde considera o quadro como um primeiro episódio psicótico. Por não haver elementos que
sugiram a possibilidade de autoagressão ou de terceiros, toma a decisão em conjunto com a família de
iniciar tratamento ambulatorial com 2mg de risperidona à noite e reavaliar na semana seguinte.
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No retorno, a paciente afirma que não está escutando mais “as conversas embaixo da janela” e que “acha
que realmente ninguém quer tirar a casa da família”, mas “que continua alerta”. A família confirma retorno às
atividades habituais e recuperação do padrão de sono.
A apresentação súbita e de forma importante dos sintomas psicóticos, assim como a melhora no curto
intervalo de tempo retrata a ocorrência do transtorno psicótico breve.
Esquizofrenia: uma doença multifatorial
Neste vídeo, a especialista reflete sobre a esquizofrenia, com destaque para sua causa multifatorial,
envolvendo fatores genéticos e do ambiente ainda pouco conhecidos.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Leia com atenção o seguinte fragmento clínico:
Joshua é um homem de 43 anos que fica parado diariamente nas escadarias de um banco local, na
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esquina de uma rua movimentada. Todos os dias ele usa um boné de time de futebol, uma camiseta
amarela, veste calções e tênis cor de laranja. Chova ou faça sol, dia após dia, Joshua mantém seu
posto no banco. Às vezes, ele fica conversando com pessoas imaginárias. Sem provocação, ele soluça
tristemente. De vez em quando, ele explode em acessos de gargalhada. A polícia e os assistentes
sociais continuam a levá-lo para abrigos destinados a sem-teto, mas Joshua dá um jeito de voltar para
a rua antes que possa receber tratamento. Ele tem insistido repetidamente que essas pessoas não têm
o direito de incomodá-lo.” (WHITBOURNE; HALGIN, 2015, p. 141)
Considerando essa ocorrência como a de um quadro de esquizofrenia, identifique a alternativa correta,
tendo em vista o fragmento clínico:
Parabéns! A alternativa E está correta.
Choros e risos imotivados são considerados sintomas positivos que revelam as características
destoantes das alterações do humor na esquizofrenia. São entendidos como positivos ou produtivos
porque revelam informações importantes sobre o paciente, tendo em vista o diagnóstico.
A
O fato de o paciente ficar parado na frente do banco ilustra a ocorrência de uma
catatonia.
B
O uso de cores destoantes e chamativas como a camiseta amarela e calções e tênis
laranja não apresenta relação alguma com o diagnóstico da esquizofrenia, e sim com o
transtorno de humor.
C
Choros e risos imotivados podem ser considerados como sintomas psicóticos com
características negativas (sintomas negativos), apoiando o diagnóstico de
esquizofrenia.
D
O fato de retornar ao local habitual, em frente ao banco, está relacionado a processos
delirantes típicos dos quadros de esquizofrenia.
E
Choros e risos imotivados, assim como conversar com pessoas imaginárias, podem ser
considerados como sintomas psicóticos com características positivas (sintomas
positivos), apoiando o diagnóstico de esquizofrenia.
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Questão 2
Assinale a alternativa que apresenta as características clínicas associadas ao diagnóstico de
transtorno psicótico breve:
Parabéns! A alternativa A está correta.
A consideração em relação ao diagnóstico do transtorno psicótico breve está relacionada à dimensão
temporal, devendo este apresentar sintomas característicos do espectro da esquizofrenia em um
período curto de tempo (dias ou semana), não chegando a completar um mês de forma ininterrupta.
A
A duração dessa ocorrência clínica é de pelo menos um dia, e inferior a um mês, com
eventual retorno completo a um nível de funcionamento dentro dos parâmetros da
normalidade.
B
Para o diagnóstico, é necessária a apresentação de um período distinto de humor
anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e
persistente da atividade dirigida a um objetivo, com duração mínima de uma semana.
C
A duração dessa ocorrência clínica é de pelo menos um mês, e inferior a seis meses,
com eventual retorno completo a um nível de funcionamento dentro dos parâmetros da
normalidade.
D
Para o diagnóstico, é necessária a apresentação de humor deprimido na maior parte do
dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo ou por observação feita
por outra pessoa.
E
Para esse diagnóstico, o tempo mínimo de ocorrência de sintomas de forma ininterrupta
é de seis meses, com total impossibilidade de retorno à normalidade.
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3 - Transtorno esquizofreniforme e transtorno
esquizoafetivo
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as características e especi�cidades do
transtorno esquizofreniforme e do transtorno esquizoafetivo.
Identi�cando o transtorno esquizofreniforme
O transtorno esquizofreniforme caracteriza-se pela manifestação dos sintomas típicos da esquizofrenia ao
longo de um período de mais de um mês completo, podendo chegar até seis meses, não mais do que isso.
Se o paciente apresentar os sintomas da esquizofrenia por apenas três meses, quatro meses, ou qualquer
intervalo de tempo superior a um mês, mas que não ultrapasse seis meses, receberá esse diagnóstico.
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Se os sintomas permanecerem, e se mantiverem por mais de seis meses, o diagnóstico deverá ser o de
esquizofrenia.O critério central nessa categoria diagnóstica é o tempo. Vale lembrar que, nesse intervalo de
tempo, devem ser considerados desde os sintomas prodrômicos até a remissão total dos sintomas.
Segundo o DSM-5, além do tempo, outra característica distintiva do transtorno esquizofreniforme para a
esquizofrenia diz respeito à exigência de os sintomas estarem presentes e causando prejuízos nas três
principais áreas da vida da pessoa (pessoal, social e ocupacional). Dessa forma, apesar da presença dos
sintomas, estes podem preservar algum campo do funcionamento mental.
Para o diagnóstico ser preciso, deve-se também excluir a presença de sintomas de humor, sobretudo os
relacionados à mania e à depressão, concomitantes aos sintomas da esquizofrenia.
Atualmente, a literatura especializada, inclusive o próprio DSM-5, sinaliza a existência de anormalidades
neuroanatômicas e neurofisiológicas, sugerindo a possibilidade de configurar-se como uma neuropatologia,
mas nada possível de ser comprovado ou mesmo demonstrado, pelo menos, até o momento.
Critérios do DSM-5 para o transtorno esquizofreniforme
A seguir, apresentaremos os critérios de diagnósticos do DSM-5 para o transtorno esquizofreniforme.
Dois (ou mais) dos itens a seguir, cada um presente por uma quantidade significativa de tempo
durante um período de um mês (ou menos se tratados om sucesso). Pelo menos um deles deve ser
(1), (2) ou (3):
1. Delírios;
2. Alucinações;
3. Discurso desorganizado (ex.: descarrilamento ou incoerência frequentes);
4. Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico;
5. Sintomas negativos (ex.: expressão emocional diminuída ou avolia).
Critério A 
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Episódio do transtorno que dura pelo menos um mês, mas menos do que seis meses. Quando deve
ser feito um diagnóstico sem aguardar a recuperação, ele deve ser qualificado como “provisório”.
Transtorno esquizoafetivo e transtorno depressivo ou transtorno bipolar com características
psicóticas foram descartados porque 1) nenhum episódio depressivo maior ou maníaco ocorreu
concomitantemente com os sintomas da fase ativa ou 2) se os episódios de humor ocorreram
durante os sintomas da fase ativa, estiveram presentes pela menor parte da duração total dos
períodos ativo e residual da doença.
A perturbação não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (ex.: droga de abuso,
medicamento) ou a outra condição médica. (APA, 2014, p. 96-97).
Características do transtorno esquizofreniforme
Desenvolvimento do transtorno
Há grande semelhança entre o desenvolvimento do transtorno esquizofreniforme com o desenvolvimento
da esquizofrenia. Segundo DSM-5, em torno de um terço das pessoas que, inicialmente e em função do
tempo (mais de um mês e inferior a seis meses), recebem o diagnóstico do transtorno esquizofreniforme
como diagnóstico provisório, têm esse diagnóstico confirmado e recupera-se em seis meses; os outros dois
terços das pessoas que recebem esse diagnóstico, costumam ter uma “correção diagnóstica” para a
Critério B 
Critério C 
Critério D 
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esquizofrenia (se os sintomas avançarem os seis primeiros meses), ou para o transtorno esquizoafetivo.
Um período prodrômico curto e a instalação rápida dos sintomas (cerca de apenas quatro semanas), com
manifestação de confusão das funções mentais ou perplexidade perante as vivências sintomáticas no auge
dessa apresentação clínica, mas preservação do funcionamento social e pessoal, sinaliza boas chances de
recuperação e não desenvolvimento da esquizofrenia. Há também chances de um bom prognóstico nos
casos em que sintomas negativos como apatia, distanciamento social e associabilidade não se
manifestam.
Prevalência, consequências e fatores de risco
Pesquisas em diferentes contextos socioculturais indicam uma provável similaridade de incidência entre o
transtorno esquizofreniforme e a esquizofrenia (cerca de 1% da população mundial). O desenvolvimento
socioeconômico e sociocultural do país também está diretamente relacionado à manifestação e
desenvolvimento dessa ocorrência clínica. Países desenvolvidos e que não estejam passando por situações
de grandes conflitos internos ou externos (situações de guerra, por exemplo) tendem a apresentar baixas
incidências, até mesmo se comparadas às ocorrências da esquizofrenia (até cinco vezes menor). Apesar da
maior incidência em países pobres e em desenvolvimento, estima-se que o especificador “com
características de bom prognóstico” seja o prevalente.
A vida das pessoas que desenvolvem esse tipo de transtorno, sobretudo na fase
ativa da doença, é marcada por perdas ou prejuízos funcionais nas relações
interpessoais, na produção acadêmica (escolar) ou laboral (trabalho), que tendem a
ser recuperadas com a remissão dos sintomas.
Fatores de risco para o desenvolvimento desse transtorno estão diretamente relacionados ao fato de se ter
ou não familiares com diagnósticos similares, apontando assim para a provável participação de fatores
genéticos.
Caso clínico de transtorno esquizofreniforme
Holmes (2001, p. 236), apresenta um caso de uma mulher, Lauren, 34 anos, que, ao longo de um período de
algumas semanas, começava a comportar-se de um modo cada vez mais estranho. Essa estranheza das
atitudes não era percebida pela paciente, a única diferença indicada pela mesma era uma dificuldade para
concentrar-se. Segundo seus amigos, ao falar, Lauren pulava de um assunto para outro sem qualquer
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conexão aparente. Sem que nenhuma causa identificada houvesse, ela tornou-se muito preocupada sobre
poluição e “radiação cósmica” e atribuía vários problemas pessoais e interpessoais a tais fatores. Às vezes,
ria muito, sem razão aparente.
Depois de aproximadamente três semanas internada, muitos dos seus sintomas diminuíram e ela foi
transferida para uma clínica ambulatorial, onde encontrava-se com uma assistente social uma vez por
semana. Em um mês, ela foi considerada “livre de sintomas” e seu tratamento foi terminado.
A apresentação sintomática, assim como o intervalo de tempo de permanência da doença e a extinção dos
sintomas, sem recidiva e preservação das funções sociais e cognitivas da paciente, exemplificam a
ocorrência de um transtornoesquizofreniforme.
Transtorno esquizoafetivo
O transtorno esquizoafetivo caracteriza-se pela manifestação de sintomas psicóticos típicos da
esquizofrenia (como os delírios e as alucinações) em conjunto com alterações de humor significativas para
configurar um transtorno (mania ou depressão). Apesar da presença marcante e prejudicial das alterações
do humor, para receber esse diagnóstico, há a necessidade de que no curso de algumas semanas (pelo
menos duas), a pessoa apresente apenas os sintomas para a esquizofrenia. Esses sintomas são
ininterruptos (da esquizofrenia), recebendo o incremento periódico e constante, das alterações de humor.
Esse diagnóstico é bastante complexo porque, na esquizofrenia, já é esperado que ocorra a perda de
interesse e prazer para as várias esferas da vida. Fica difícil, dessa forma, indicar a relação desse
desinteresse e perda de energia com a depressão. Sendo assim, para esse diagnóstico, é necessária, nos
episódios depressivos, a presença acentuada e generalizada do estado de humor deprimido. Outro
complicador associado ao diagnóstico é a distinção entre o transtorno esquizoafetivo e transtorno
depressivo com sintomas psicóticos.
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O DSM-5 alerta para a necessidadeda constância dos sintomas de humor para esse diagnóstico, indicando
que, caso os sintomas de humor estejam presentes apenas por um período relativamente curto, o
diagnóstico deve ser de esquizofrenia, e não de transtorno esquizoafetivo.
Assim como na esquizofrenia, não existem ainda testes ou medidas biológicas para auxiliar no diagnóstico.
Do mesmo modo, não foram identificados estudos ou pesquisas que tenham conseguido sinalizar
diferenças em relação à esquizofrenia no que diz respeito a achados referentes às anormalidades
anatômicas e funcionais do cérebro, assim como em relação aos déficits cognitivos e aos fatores de risco
genéticos.
Critérios do DSM-5 para o transtorno esquizoafetivo
A seguir, apresentaremos os critérios de diagnósticos do DSM-5 para o transtorno esquizoafetivo.
Período ininterrupto de doença durante o qual há um episódio depressivo maior ou maníaco
concomitante com o Critério A da esquizofrenia.
Delírios ou alucinações por duas semanas ou mais na ausência de episódio depressivo maior ou
maníaco durante a duração da doença ao longo da vida.
Sintomas que satisfazem os critérios para um episódio de humor estão presentes na maior parte da
Critério A 
Critério B 
Critério C 
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duração total das fases ativa e residual da doença.
A perturbação não pode ser atribuída aos efeitos de uma substância (ex.: droga de abuso:
medicamento) ou a outra condição médica. (APA, 2014, pp. 105-106).
Desenvolvimento e curso
A manifestação do transtorno esquizoafetivo pode ocorrer em qualquer momento da vida a partir da
adolescência, sendo mais frequente no início da idade adulta. A periodicidade dessa apresentação clínica
pode ser bastante variada, não existindo padrões predefinidos e esperados. Segundo o DSM-5, sintomas
depressivos ou maníacos podem ocorrer antes do início de uma psicose, durante episódios psicóticos
agudos, durante os períodos residuais e após o término de uma psicose.
Prevalência, consequências e fatores de risco
Estima-se que o transtorno esquizoafetivo seja um terço tão comum quanto a esquizofrenia, e que as
chances de permanecer, por praticamente toda a vida, seja a de 0,3%. Tende a ocorrer mais em mulheres e,
de certa forma, isso pode estar relacionado ao fato de a depressão também ser mais incidente para essa
faixa da população.
O autocuidado, assim como a capacidade de estabelecer laços e relações afetivas estão comprometidos no
transtorno esquizoafetivo da mesma forma que na esquizofrenia. No entanto, a ocorrência de sintomas
negativos tende a ser menor e menos persistente, não comprometendo tanto a pessoa nas relações
interpessoais e nas atividades laborais (de trabalho) quanto na esquizofrenia. Segundo o DSM-5, o
funcionamento profissional costuma estar prejudicado, não apenas pela presença dos sintomas psicóticos,
Critério D 
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mas também pelas oscilações do humor, no entanto, este não chega a ser um pré-requisito para o
diagnóstico dessa patologia. Por esses motivos, postula-se que o prognóstico para o transtorno
esquizoafetivo é um pouco melhor que o da esquizofrenia, porém, pior do que os transtornos relacionados
ao humor (transtornos depressivos e transtornos bipolares).
A possibilidade de a pessoa conseguir compreender que está afetada por um processo patológico (que está
doente) é bastante reduzida no transtorno esquizoafetivo, mas esses déficits de insights são menores e
menos persistentes do que na esquizofrenia.
O desenvolvimento dessa patologia pode tornar a pessoa mais vulnerável à organização de quadros
depressivos e bipolares, principalmente se os sintomas de humor continuarem após a remissão dos
sintomas psicóticos. O alcoolismo, assim como o uso de substâncias ilícitas (como, por exemplo, a
maconha e a cocaína), podem também ser desenvolvidos por pessoas diagnosticadas com o transtorno
esquizoafetivo.
A condição clínica psicótica
Neste vídeo, a especialista reflete sobre a condição clínica psicótica, com destaque para o transtorno
esquizofreniforme e o transtorno esquizoafetivo.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Tendo em vista o transtorno esquizofreniforme, analise as afirmativas a seguir:
I. Para o diagnóstico, devem estar presentes dois ou mais sintomas psicóticos, de forma ininterrupta,
por um período de pelo menos seis meses ou mais.
II. Caso sejam constatadas doenças ou associação dos sintomas com a ingestão de substâncias
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psicoativas, o diagnóstico de transtorno esquizofreniforme deve ser descartado.
III. Caso seja necessária a emissão de um parecer diagnóstico de transtorno esquizofreniforme,
anterior ao tempo necessário para a recuperação do paciente, este deve vir acompanhado do
qualificador “provisório”.
IV. Para o diagnóstico é necessário que os sintomas que satisfazem os critérios para um episódio de
humor estejam presentes na maior parte da duração total das fases ativa e residual da doença.
É correto o que se afirma
Parabéns! A alternativa D está correta.
Apenas as afirmativas II e III podem ser consideradas corretas, pois apresentam os critérios
diagnósticos para o transtorno esquizofreniforme, segundo o DSM-5. Na afirmativa I, são expostos os
critérios diagnósticos para a esquizofrenia, e na afirmativa IV, os critérios para o transtorno
esquizoafetivo.
Questão 2
Analise o seguinte relato apresentado por Whitbourne & Halgin (2015):
Na época em que desenvolveu um transtorno psicológico, Edward tinha 26 anos e trabalhava para uma
A apenas em I.
B nas afirmativas I e IV.
C apenas em II.
D nas afirmativas II e III.
E nas afirmativas I, II e III.
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cadeia de lojas de conveniência. Embora a família e os amigos sempre o tenham considerado
incomum, ele nunca tinha apresentado sintomas psicóticos. Isso tudo mudou quando ele se tornou
cada vez mais perturbado ao longo de vários meses. Sua mãe pensou que ele estivesse apenas
“estressado” devido a seus problemas financeiros, mas Edward não parecia preocupado com essas
questões. Ele gradualmente desenvolveu delírios paranoides e passou a se preocupar com a leitura da
Bíblia. O que trouxe sua perturbação à atenção de seus supervisores foi o fato de ele ter feito um
pedido ao escritório distrital de 6 mil pães. Ele tinha rabiscado em cima do formulário do pedido, “Jesus
multiplicará os pães”. Quando supervisores questionaram esse pedido inadequado, Edward ficou
enraivecido e insistiu em que eles estavam conspirando para impedi-lo de combater a fome mundial.
Temas paranoides e comportamentos bizarros também apareceram nas relações de Edward com sua
esposa e seus filhos. Após dois meses de comportamento cada vez mais perturbado, o chefe de
Edward exigiu que ele procurasse um psiquiatra. Com repouso e doses relativamente baixas de
medicamento antipsicótico, ele retornou ao funcionamento normal após algumas semanas de
hospitalização.” Qual diagnóstico está ilustrado por esse fragmento clínico?
Parabéns! A alternativa C está correta.
O fragmento clínico ilustra a ocorrência de um transtorno esquizoafetivo, tendo em vista a ocorrência
de sintomas psicóticos, sobretudo a do delírio e a desorganização do comportamento, acrescidos de
sintomas de alterações do humor com as características da mania.
A Transtorno delirante.B Transtorno esquizofreniforme.
C Transtorno esquizoafetivo.
D Esquizofrenia.
E Transtorno bipolar, fase de mania.
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4 - Transtornos de personalidade
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as características e especi�cidades do
transtorno da personalidade esquizotípica e do transtorno delirante.
Conhecendo o transtorno da personalidade
esquizotípica
Os transtornos de personalidade são padrões persistentes e generalizados no modo de pensar, perceber,
reagir e se relacionar que causam sofrimento significativo à pessoa e/ou prejudicam sua capacidade
funcional.
O transtorno de personalidade esquizotípica é caracterizado por um padrão
generalizado de desconforto intenso com relacionamentos íntimos e com
capacidade reduzida para tal, por pensamento e percepções distorcidas e por
comportamento excêntrico (estranho).
A pessoa com o transtorno de personalidade esquizotípica prefere não interagir com outros, porque acredita
que é diferente e não faz parte do grupo.
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Características do transtorno da personalidade
esquizotípica
Confira a seguir os critérios diagnósticos do DSM-5 para o transtorno da personalidade esquizotípica (p.
655-656).
Um padrão difuso de déficits sociais e interpessoais marcado por desconforto agudo e capacidade
reduzida para relacionamentos íntimos, além de distorções cognitivas ou perceptivas e
comportamento excêntrico, que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos,
conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:
1. Ideias de referência (excluindo delírios de referência).
2. Crenças estranhas ou pensamento mágico que influenciam o comportamento e são
inconsistentes com as normas subculturais (ex.: superstições, crença em clarividência,
telepatia ou “sexto sentido”; em crianças e adolescentes, fantasias ou preocupações bizarras).
3. Experiências perceptivas incomuns, incluindo ilusões corporais.
4. Pensamento e discurso estranhos (ex.: vago, circunstancial, metafórico, excessivamente
elaborado ou estereotipado).
5. Desconfiança ou ideação paranoide.
6. Afeto inadequado ou constrito.
7. Comportamento ou aparência estranha, excêntrica ou peculiar.
8. Ausência de amigos próximos ou confidentes que não sejam parentes de primeiro grau.
9. Ansiedade social excessiva que não diminui com o convívio e que tende a estar associada
mais a temores paranoides do que a julgamentos negativos sobre si mesmo.
Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno bipolar ou depressivo com
sintomas psicóticos, outro transtorno psicótico ou transtorno do espectro autista.
Nota: se os critérios são atendidos antes do surgimento de esquizofrenia, acrescentar “pré-mórbido”,
Critério A 
Critério B 
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isto é, “transtorno da personalidade esquizotípica (pré-morbido)”. (APA, 2014, pp. 655-656).
Desenvolvimento e curso
Confira a seguir como ocorre o desenvolvimento e curso do transtorno da personalidade esquizotípica.
O transtorno de personalidade esquizotípica tem menos propensão a desaparecer ou a melhorar com o
avanço da idade que a maioria dos transtornos de personalidade.
Mais da metade das pessoas com transtorno de personalidade esquizotípica tiveram um episódio de
transtorno depressivo maior.
Entre 30% e 50% desses pacientes têm transtorno depressivo maior quando o transtorno de
personalidade esquizotípica é diagnosticado.
Frequentemente também têm um transtorno de abuso de substâncias.
Prevalência, consequências e fatores de risco
4% da população geral dos Estados Unidos.
Mais frequente em homens.
Mais comum entre parentes de primeiro grau (pais, irmãos e filhos) de pessoas que têm esquizofrenia ou
outro transtorno psicótico.
Caso clínico de transtorno da personalidade
esquizotípica
Para que consiga compreender a peculiaridade e especificidade dos transtornos da personalidade
esquizotípica, apresentamos um caso ilustrativo.
Pedro, 26 anos, branco, morador de um bairro da zona central do Rio de Janeiro, cursou 2 anos de
Engenharia Mecatrônica, mas desistiu “porque não se sentia bem com os colegas”. Fez um novo vestibular
para Ciências da Computação, mas, novamente, se sentiu socialmente inadaptado. Filho único. Solteiro e
sem relações sentimentais. Mora com os pais.
Trazido à consulta pelos pais porque o consideravam muito inteligente, mas um pouco “esquisito”, sem
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amigos, sem relações íntimas para além deles e porque passava o dia todo dentro do quarto lendo sobre
matemática e outras ciências, além de consertando equipamentos eletrônicos em sua pequena oficina. Não
realiza trabalho remunerado e abandonou os estudos universitários.
Durante a entrevista, se apresenta com o cabelo pintado de diversas cores, com descuido relativo da
higiene, com diversas tatuagens e piercings. A família é enfática em reprovar sua vestimenta.
Perguntado sobre suas relações sociais, afirma que nunca foi muito popular na escola porque “as pessoas
têm interesses diferentes dos dele” e não se encaixa em “nenhuma tribo”. Apenas conversa virtualmente
com alguns desconhecidos, mas “com cuidado porque há muita gente ruim por aí”.
Perguntado por seus interesses, afirma estar muito preocupado com a chegada da tecnologia 5G e a
colocação de antenas na sua vizinhança porque “as pessoas podem adoecer pelas ondas eletromagnéticas,
apesar do que o governo diz”. Por isso está estudando na Internet como pode defender sua casa e construir
um “escudo protetor” em sua oficina.
Se declara heterossexual, mas nunca namorou “porque fica com receio e não sabe como falar com as
mulheres”. Teve alguns encontros com prostitutas, mas nunca contou para a família porque é “algo sujo” e
não gostou da experiência.
Quando inquirido sobre algum mal-estar físico, disse ter a sensação de "água se mexendo na cabeça o
tempo todo por causa das ondas eletromagnéticas”.
Após discutirmos algumas alternativas com o paciente, aceita iniciar acompanhamento por psicólogo.
A seguir, veja no caso características relativas a:
Sentimento de inadequação e estratégias de isolamento desde muito cedo.
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Padrão difuso de déficits sociais e interpessoais marcado por desconforto agudo.
Capacidade reduzida para relacionamentos íntimos, entre outras coisas.
Transtorno delirante
A característica central do transtorno delirante é a ocorrência de delírios que duram por pelo menos um mês
de forma ininterrupta. Sendo assim, o delírio é o sintoma único presente nesse quadro clínico. Esse
diagnóstico é realizado apenas se a pessoa não apresentar nenhum outro sintoma que sinalize a
esquizofrenia ou qualquer de suas variantes. De modo geral, essas pessoas podem até parecer normais, e
de fato seu comportamento é relativamente normal, salvo nas situações em que estão sob a ação de seus
delírios.
O diagnóstico baseia-se na temática delirante apresentada pela pessoa. Essa temática pode girar em torno
de um único assunto (delírio simples) ou pode comportar temáticas diferentes (delírio complexo) que, de
certa forma, possam conversar entre si (“ideias delirantes aparentadas”). No DSM-5, encontramos as
temáticas reunidas em cinco subtipos. Confira a seguir:
Erotomaníaco
Acreditam falsamente que outra pessoa, geralmente importante ou famosa, está apaixonada
por eles.
Grandioso
Acreditam estar envolvidosem grande feitos e invenções ou que tenham uma missão
importante perante a humanidade.
Ciumento
Nutrem a certeza de que estão sendo traídos.
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Holmes (2001) chama a atenção para o fato de que, ao contrário de alguns delírios esquizofrênicos, os
delírios presentes no transtorno delirante costumam não ser bizarros. Ou seja, tendem a envolver situações
que poderiam ocorrer na vida real. O que dá o teor delirante é todo o conjunto do enredo e a impossibilidade
de confronto com a realidade. Apenas o sujeito compreende daquela forma e se relaciona com o fato a
partir dessa compreensão de forma desconexa com a realidade.
Características do transtorno delirante
A seguir, os critérios diagnósticos do DSM-5 para o transtorno delirante (APA, 2014, p. 90-91).
Presença de um delírio (ou mais) com duração de um mês ou mais.
Persecutório
Acreditam que há intenção em outra pessoa ou grupo de assediá-lo, ridicularizá-lo,
menosprezá-lo ou até mesmo acabar com a sua vida.
Somático
Acreditam ser portadores de doenças, principalmente as mais fatais, sem que tenham
comprovação de exames.
Critério A 
Critério B 
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O Critério A para esquizofrenia jamais foi atendido.
Nota: alucinações, quando presentes, não são proeminentes e têm relação com o tema do delírio
(ex.: a sensação de estar infestado de insetos associada a delírios de infestação).
Exceto pelo impacto do(s) delírio(s) ou de seus desdobramentos, o funcionamento não está
acentuadamente prejudicado, e o comportamento não é claramente bizarro ou esquisito.
Se episódios maníacos ou depressivos ocorreram, eles foram breves em comparação com a duração
dos períodos delirantes.
A perturbação não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição
médica, não sendo mais bem explicada por outro transtorno mental, como transtorno dismórfico
corporal ou transtorno obsessivo-compulsivo.
Desenvolvimento e curso
Confira agora como ocorre o desenvolvimento e curso do transtorno delirante.
Estima-se que esse transtorno tende a manifestar-se em torno dos 40-50 anos, com idade média de 48,8
para os homens e 44,9 para as mulheres;
Tendência a manter-se estável ao longo da vida, mas pode evoluir para a esquizofrenia.
Prevalência, consequências e fatores de risco
Critério C 
Critério D 
Critério E 
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Estima-se está presente em 0,2% da população, com subtipo persecutório sendo o mais frequente.
Subtipo ciumento mais comum ao sexo masculino, com variações da faixa etária entre 17 e 72 anos de
idade.
Maior incidência – sexo feminino, com variações da faixa etária entre 29 e 78 anos de idade.
Prejuízos funcionais são menores quando comparados com os demais transtornos do espectro da
esquizofrenia; quando estes existem, costumam estar relacionados com o quadro delirante.
História familiar, principalmente que envolva algum transtorno psicótico, pode tornar o indivíduo mais
susceptível a desenvolver esse transtorno.
Transtorno da personalidade esquizotípica: padrões de
comportamento e relacionamentos afetivos
Neste vídeo, a especialista reflete sobre o transtorno da personalidade esquizotípica, com destaque para a
dificuldade de estabelecer vínculos afetivos devido às distorções da realidade e comportamentos
excêntricos.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Analise o seguinte fragmento clínico:
O Sr. Arronson era um executivo muito bem-sucedido em uma grande empresa. Era inteligente,
trabalhador e um pouco competitivo. (...) estava feliz em seu casamento, tinha dois filhos e era bem
apreciado por seus amigos e colegas. (...) Certo dia, chegou ao escritório antes da sua secretária.
Aproximadamente às 9h, um técnico da empresa telefônica chegou para instalar um telefone novo no
seu escritório. A secretária não sabia que o Sr. Arronson já estava no escritório, então mandou o técnico
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entrar sem anunciá-lo. Quando a porta do escritório abriu e o Sr. Arronson viu um homem desconhecido
carregando uma pesada caixa de metal e usando uma jaqueta com o emblema da companhia
telefônica, ele abriu a gaveta de sua mesa, tirou um revólver calibre 38 e atirou contra o técnico! (...) O
Sr. Arronson trabalhava em um negócio competitivo no qual havia alguma “espionagem empresarial”,
mas suas crenças eram claramente delirantes. (...) Quando o técnico entrou no escritório sem ser
anunciado carregando uma valise de metal preta, o Sr. Arronson pensou que eles estavam vindo pegá-lo
e atirou em autodefesa.” (HOLMES, D. S. Psicologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed,
2001, p. 249)
Tendo em vista o transtorno delirante, indique o subtipo para o qual o conteúdo do delírio aponta:
Parabéns! A alternativa B está correta.
O conteúdo da narrativa do fragmento clínico aponta para o subtipo persecutório. O texto apresenta de
forma clara e direta que o Sr. Arronson, apesar de manter um excelente funcionamento laboral e
familiar, nutria fortes ideias persecutórias. Estava tão convicto da perseguição que estruturou uma rede
de recursos, desde a arma até as caminhonetes espalhadas pela cidade, para defender-se e efetuar
uma fuga frente ao esperado confronto.
Questão 2
Os transtornos do espectro da esquizofrenia são definidos por anormalidades que afetam uma ou mais
A Grandioso
B Persecutório
C Somático
D Ciumento
E Erotomaníaco
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funções psíquicas, sendo as mais afetadas as relacionadas à sensopercepção (alucinações), ao juízo
(delírios), ao pensamento (desorganizado), à linguagem (discurso desorganizado) e à psicomotricidade
(comportamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal, incluindo a catatonia). Muitas
combinações sintomáticas podem acontecer, consequentemente, apresentações variadas de doenças
com dinâmicas semelhantes, que para serem diferenciadas, necessitam explicitar critérios para a
classificação diagnóstica. Sendo assim, qual dos critérios diagnósticos abaixo listados está
relacionado ao transtorno da personalidade esquizotípica?
Parabéns! A alternativa A está correta.
Segundo o DSM-5, o primeiro e principal critério diagnóstico para o transtorno da personalidade
esquizotípica é “um padrão difuso de déficits sociais e interpessoais marcado por desconforto agudo e
capacidade reduzida para relacionamentos íntimos, além de distorções cognitivas ou perceptivas e
A
Um padrão difuso de déficits sociais e interpessoais marcado por desconforto agudo e
capacidade reduzida para relacionamentos íntimos, além de distorções cognitivas ou
perceptivas e comportamento excêntrico, que surge no início da vida adulta e está
presente em vários contextos.
B
Um período ininterrupto de doença durante o qual há um episódio depressivo maior ou
maníaco concomitante com dois ou mais dos seguintes sintomas: delírios, alucinações,
discurso desorganizado, comportamento grosseiramente desorganizado.
C
Alucinações ou delírios proeminentes com evidências da história, do exame físico ou de
achados laboratoriais de que a perturbação é a consequência fisiopatológica direta de
outra condição médica.
D
Dois ou mais dos seguintes sintomas: delírios, alucinações,

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