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Tutoria 1 - Perda de peso, anemias e fadiga (Síndrome consumptiva, sarcopenia, caquexia, idoso frágil)

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/ Página 1 de 19 
Objetivos: 
1. Definir a caquexia e a sarcopenia. 
2. Caracterizar o protocolo dos nove D's. 
3. Elucidar a síndrome consumptiva, etiologia, epidemiologia, fatores de risco, quadro clínico, 
diagnóstico e tratamento. 
4. Definir a síndrome de fragilidade do idoso. 
5. Discutir a importância da equipe multidisciplinar na APS e com a família no cuidado do 
paciente com síndrome consumptiva. 
 
A musculatura esquelética constitui o maior tecido do corpo, compreendendo a maior massa celular e o maior 
componente proteico do organismo. O tecido muscular, responsável pela autonomia motora do indivíduo, 
participa não só da homeostase glicêmica e da metabólica, com o suprimento de aminoácidos aos demais 
tecidos, como também da oxidação das gorduras, fixação do oxigênio e modulação do gasto energético de 
repouso. 
A massa muscular é resultante do equilíbrio entre síntese (anabolismo) e catabolismo (destruição) das suas 
proteínas, principalmente as miofibrilares. Os fatores catabólicos incluem resistência insulínica e níveis 
elevados de glicocorticoides, denervação, estresse inflamatório, desuso, restrição calórica, acidose e estresse 
oxidativo. Além do comprometimento da força, da potência e do equilíbrio, a hipotrofia muscular está 
associada à resistência insulínica, diabetes mellitus tipo II, hiperadiposidade, menor reparo tecidual e 
incompetência imunitária. 
A perda de massa muscular associada a prejuízos de função constitui entidade sindrômica denominada 
sarcopenia. A mais comum é a senil; no entanto, deficiência energética, HIV e doenças inflamatórias crônicas 
(por exemplo, AR) podem resultar em sarcopenia em indivíduos não idosos. 
Baumgartner definiu sarcopenia como diminuição de massa muscular esquelética dois desvios-padrões abaixo 
da média do grupo-controle constituído por indivíduos jovens (29 anos), saudáveis, pareados para mesma 
etnia. Baseado nesses critérios, encontrou-se prevalência de 13-24% na faixa etária de 65 a 70 anos e de mais 
de 50% nos indivíduos acima dos 80 anos. 
A sarcopenia é decorrente da interação de distúrbios da inervação (redução dos motoneurônios acelerada pela 
grande quantidade de fármacos habitualmente ingerida pelos idosos), diminuição da atividade física, redução 
de hormônios, aumento dos mediadores inflamatórios e alterações da ingestão proteicocalórica que ocorrem 
durante o envelhecimento. 
É importante frisar que sarcopenia é distinta de caquexia causada por doenças inflamatórias, doenças crônicas 
avançadas, doenças musculares debilitantes ou desnutrição. Nessas situações, ocorrendo a diminuição de 
massa muscular esquelética (sarcopenia), ela é apenas uma das manifestações da síndrome mais complexa 
denominada de caquexia. Trata-se, portanto, do componente sarcopênico da caquexia. A síndrome da caquexia 
é caracterizada pela anorexia, perda de peso, hipoalbuminemia, anemia, alterações da cicatrização de feridas 
e da imunocompetência. 
 / Página 2 de 19 
Literalmente do grego, caquexia significa condição 
ruim. Essa palavra habitualmente era relacionada a 
pacientes em mau estado geral, com doenças 
consuptivas, estado avançado de desnutrição e 
depauperação. 
Atualmente caquexia refere-se à perda de massa 
celular corpóreapor doenças, sendo acompanhada 
por perda de massa muscular (componente 
sarcopênico); deve ser entendida como uma 
adaptação multidimensional abrangendo grande 
variedade de alterações, desde mudanças 
fisiológicas até comportamentais. 
Frequentemente pacientes com doenças crônicas ou 
terminais, como câncer, AIDS, insuficiência 
cardíaca congestiva, tuberculose, doença pulmonar 
obstrutiva crônica, fibrose cística, artrite 
reumatoide (AR), doença de Crohn e outras, 
apresentam caquexia. 
O grau máximo de emagrecimento denomina-se 
caquexia, caracterizado por síndrome de perda 
acelerada de musculatura esquelética. 
O caráter multifatorial e sistêmico da caquexia 
dificulta sobremaneira a elaboração de critérios que 
a definam de forma indiscutível. Na realidade, 
apesar da caquexia associada ao câncer constituir 
causa direta da mortalidade em até 40% dos 
pacientes, a síndrome é raramente identificada ou diagnosticada, e ainda com menor frequência, tratada. 
Assim, em função da ausência de definição padrão apropriada, o clínico não conta com meios para a detecção, 
tornando os pacientes mais vulneráveis à morbidade, ao comprometimento da qualidade de vida e à 
mortalidade aumentados. 
O critério mais utilizado na detecção da síndrome é sem dúvida, a perda de peso e, há mais de 10 anos, a 
caquexia é distinguida da má nutrição. Definiram a caquexia como processo no qual há perda de peso e massa 
celular, em concomitância à redução da ingestão. Esses autores atribuem peso maior à redução da massa 
celular, mesmo na ausência de perda de peso. 
A caquexia caracteriza-se por uma perda de massa muscular, aumento da taxa metabólica e uma 
diminuição do apetite. Esta síndrome está associada à anorexia, inflamação, resistência à insulina e 
degradação de proteínas musculares. A perda de gordura resulta, quer da anorexia, quer da 
inflamação, e a perda de massa muscular provem tanto de uma inflamação a nível muscular, da 
resistência à insulina e hipogonadismo. A perda de peso e fadiga são dois sintomas importantes na 
caquexia, que agravam uma variedade de doenças crónicas, levando a uma diminuição da qualidade de 
vida e a um pior prognóstico da doença de base. 
Outra definição que define a caquexia como síndrome multifatorial, na qual há balanço energético e 
nitrogenado negativo, em combinação com redução da ingestão e anomalias metabólicas. 
Já a “Society for cancer and wasting disorders” a coloca como “síndrome metabólica complexa em associação 
a doenças, caracterizada por perda de massa muscular em concomitância ou não, à perda de massa gorda. 
Outros sintomas relevantes são anorexia, inflamação, resistência à insulina e proteólise “. 
 / Página 3 de 19 
Já o estudo “SCRINIO Screening of the nutritional risk of oncology patients” também descrito em Bozzetti 
et. al, propõe a divisão da síndrome em pré- caquexia e caquexia, adotando o critério de redução de 10% do 
peso corporal como divisor. São ainda propostas outras subdivisões considerando a existência de anorexia, 
fadiga e saciedade precoce. 
O grupo de estudos da caquexia associada ao câncer propunha o diagnóstico baseado em três fatores: perda 
de peso igual ou superior a 10%, ingestão calórica equivalente ou inferior a 1500 kcal/dia, e concentração 
sérica de proteína C-reativa igual ou superior a 10 mg/L. Os critérios diagnósticos estabelecidos em acordo 
pelo grupo internacional proponente da definição incluem perda involuntária de peso superior a 5%, ou 2% 
(em indivíduos já abaixo dos valores esperados de peso, segundo o índice de massa corporal - IMC < 20kg/m2) 
ou presença de sarcopenia. O mesmo grupo propõe a classificação da síndrome, segundo a gravidade, em pré 
caquexia, caquexia e caquexia refratária. 
O primeiro estágio é definido como aquele no qual, o paciente apresenta perda de peso igual ou superior a 5%, 
anorexia e alterações metabólicas; para inclusão do paciente no segundo estágio, considera-se perda de peso 
igual ou superior a 5%, ou de 2%, com IMC < 20kg/m2, ou sarcopenia acompanhada de perda de peso corporal 
equivalente ou superior a 2%. Referem ainda presença frequente de redução da ingestão e de inflamação 
sistêmica. Finalmente, o terceiro estágio (caquexia refratária) inclui os pacientes com diferentes graus de 
caquexia, mas nos quais há intenso catabolismo e que não respondem ao tratamento anticâncer. Ainda nesse 
estágio, pacientes com baixo escore de desempenho e sobrevida esperada inferior a três meses devem ser 
incluídos. 
Os parâmetros para determinar a inclusão do paciente em cada um dos estágios abrangem a determinação da 
concentração de proteína C-reativa no soro, avaliação da anorexia e fatorescorrelatos (redução do apetite, 
alterações na percepção gustativa e olfativa, motilidade gastrointestinal reduzida, constipação, dor, entre 
outros), metabólitos indicadores de catabolismo, massa e força muscular (dinamometria dos membros 
superiores), bem como manifestações psicossociais. Os autores alertam para possíveis variações decorrentes 
da especificidade da população analisada, como por exemplo, idade, sexo, etnicidade. Essa classificação 
garante que o paciente receba o tratamento mais adequado às suas necessidades. 
 
A caquexia (a caquexia é, como a própria definição deixa claro, induzida por uma doença crônica, como o 
câncer, a insuficiência cardíaca, a doença pulmonar obstrutiva crônica e outras, enquanto a síndrome da 
fragilidade incide de maneira independente destes diagnósticos). No câncer por exemplo, a caquexia está 
relacionada a um aumento do consumo de energia do organismo devido a substâncias inflamatórias produzidas 
pelo tumor (no caso do câncer); provoca perda de peso, perda de massa muscular e está correlacionada a uma 
má resposta ao tratamento oncológico e ao aumento da mortalidade. 
A caquexia é desencadeada por balanço energético negativo e metabolismo anormal; já a sarcopenia pode 
ocorrer com o avanço da idade, no entanto ambas têm um ponto de concordância. A perda de massa muscular 
está presente nestas duas condições. A maioria dos pacientes com caquexia apresenta sarcopenia, ao passo 
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que a maioria dos pacientes sarcopênicos não tem caquexia. Na prática clínica, sarcopenia também pode 
preexistir à caquexia. A perda rápida e aguda do músculo esquelético é normalmente observada na presença 
de caquexia, enquanto a caquexia relacionada a sarcopenia está associada com uma perda gradual e 
progressiva de massa muscular. 
A perda modesta de peso pode se dever a oscilações habituais no peso corporal ou ao processo fisiológico 
natural de envelhecimento. Considera-se involuntária e significativa a perda de 5% ou mais do peso corporal 
em seis a 12 meses, o que deve suscitar a busca por uma doença subjacente. Exclui-se, aqui, a relacionada ao 
uso de diuréticos ou proposital de dietas ou medicamentos “para emagrecer”. 
Alguns autores, consideram clinicamente significativa a perda de 4,5 kg ou mais em seis a 12 meses. Outros, 
ainda, no que diz respeito aos idosos, ressaltam que ela deve ser investigada sempre que houver diminuição 
de 10% ou mais no peso corporal usual. 
As causas de perda de peso podem ser divididas em: sociais, psiquiátricas, clínicas e relacionadas à idade. 
Bouras et al de forma similar, as dividem em orgânicas, psicossociais ou idiopáticas. 
As diversas condições clínicas relacionadas com a perda de peso, para facilidade didática, podem ser 
agrupadas em três categorias básicas: 
Oferta reduzida de nutrientes/calorias: a ingestão de alimentos é influenciada por estímulos olfativos, 
gustativos e visuais, bem como por fatores genéticos, psicológicos e socioeconômico-culturais. A redução do 
aporte alimentar pode estar presente pela conjunção de vários desses aspectos. A anorexia pode ser verificada 
na fase inicial ou no decorrer de uma série de processos mórbidos. 
Aumento da demanda metabólica: representa situações que envolvem processo de catabolismo acelerado, com 
redução substancial dos depósitos corporais de gordura e massa proteica, como se percebe nos estados de 
debilidade crônica do organismo. Está presente, de maneira geral, nas neoplasias, nos processos febris de 
diversas origens, na síndrome da resposta inflamatória sistêmica, na sepse, na insuficiência cardíaca 
congestiva, nas doenças infeccto-parasitárias crônicas, no pós-traumatismo acidental ou cirúrgico extenso e 
em pessoas com atividades físicas extenuantes ou que estão em período de estirão do crescimento. As 
condições hipermetabólicas também ocorrem quando do uso continuado de psicotrópicos (anfetaminas, 
cocaína, heroína, entre outros). 
Perda excessiva de nutrientes/calorias: pode haver perda de nutrientes através de vômito, diarreia, glicosúria, 
proteinúria e drenagem fistulosa. É observada no diabetes mellitus, em nefropatias e em processos de má-
absorção secundários a tumores, doenças inflamatórias, infecções e parasitoses intestinais e a uso de 
medicamentos. 
Mesmo sendo evidente que cada local de atendimento ao idoso apresenta sua dinâmica peculiar, é fato comum 
a todos a utilização de critérios, escalas, índices e protocolos. Vários deles fazem parte da avaliação geriátrica 
ampla (AGA) ou são consagrados pelo seu amplo uso. Torna-se, assim, frequente a criação de regras 
mnemônicas para a rápida lembrança de circunstâncias relacionadas à prática clínica. 
Existe aparente correlação entre perda voluntária de peso e aumento nas taxas de mortalidade. Wallace et al.3 
observaram que essa taxa foi de 36% em dois anos de acompanhamento a pacientes que emagreceram, 
comparados com 11% entre os que não emagreceram, diferença está, porém, sem significância estatística (p 
= 0,16). 
Segundo Robbins, podem-se resumir as causas de perda de peso em idosos com o mnemônico dos nove "Ds": 
dentição (próteses dentárias mal-adaptadas, dor ao mastigar, diminuição do paladar, lesões gengivais); 
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disgeusia (perda do olfato e do paladar com a idade, efeito de drogas); disfagia; diarreia; doença; depressão; 
demência (perda progressiva dos instintos de sede e fome); disfunção (perda de ente querido, condições 
socioeconômicas precárias, dependência); drogas. Estão 
envolvidos, muitas vezes, um ou mais fatores. 
Robbins preconiza o método mnemônico dos 9 “D” para 
pesquisa de emagrecimento no idoso, ao qual alguns 
autores, com humor, sugerem a adição do “10o D”. 
Alibhai et al. enfatizam que a causa de emagrecimento no 
idoso geralmente é múltipla e preconizam o mnemônico 
MEALS ON WHEELS (refeições sobre rodas) para 
pesquisa de emagrecimento no idoso: 
 M: medicações. 
 E: emocional (problemas emocionais). 
 A: anorexia tardive (Discinesia tardia) /alcoolismo. 
 L: late-life paranoia (paranóia de incidência tardia). 
 S: swalowing disorders (distúrbio da deglutição). 
 O: oral factors (fatores orais, como dentição em mau estado). 
 N: no money (sem dinheiro). 
 W: wondering and other dementia-related behaviors (esquecimento e outros comportamentos 
relacionados com demência). 
 H: hipertireoidismo, hipotireoidismo, hiperparatireoidismo, hipoadrenalismo. 
 E: enteric problems (problemas entéricos, má absorção). 
 E: eating problems (distúrbios alimentares, incapacidade de alimentar-se sozinho). 
 L: low salt, low cholesterol diets (dietas com restrição de sal e colesterol). 
 S: social problems, gallstones (problemas sociais: isolamento, incapacidade de obter alimentos 
favoritos; colecistopatia calculosa). 
Embora não exista uma definição universalmente aceita da perda de peso clinicamente importante, a maior 
parte dos estudos observacionais a define como uma redução de 5% ou mais do peso corporal em 6-12 meses. 
Para considerar a variabilidade do peso basal, a perda de peso é expressa como porcentagem, e não como um 
valor absoluto; por exemplo, uma perda de 2-3 kg é menos relevante em um paciente de 90 kg do que em um 
idoso frágil, que já está abaixo do peso. 
A mortalidade em 1-2,5 anos relacionada à perda de peso clinicamente importante varia de 9% a 38%, e os 
grupos particularmente em risco incluem idosos frágeis, idosos com baixo peso corporal basal e idosos 
internados recentemente. 
A síndrome consumptiva é caracterizada por perda involuntária de peso maior que 10% do peso basal em um 
período de 6 a 12 meses, apresentando como principais sintomas a diminuição de massa magra corporal, 
atrofia muscular, e depleção proteica. A Síndrome Consumptiva pode também ser encontrada como 
“emagrecimento involuntário” em diversas literaturas. Ambos podem ser definidos como o estado patológico 
resultante de absolutaou relativa deficiência de proteína e energia. 
Portanto, pense em uma balança na qual em um lado se encontra o gasto de energia e do outro o consumo 
dessa energia. Caso a balança pese mais no gasto de energia, ocorre o emagrecimento. Quando o 
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emagrecimento ocorre de maneira involuntária geralmente está associado a alguma patologia, demandando 
avaliação e tratamento. 
Para abordar este tema, devemos dominar alguns conceitos. A caquexia é a perda de peso associada à perda 
de massa muscular, podendo haver ou não perda de gordura. É o estado mais grave do emagrecimento. 
A desnutrição, por sua vez, é a deficiência de nutrientes específicos ou globais, associada ou não com a perda 
de peso. 
A sarcopenia é usualmente uma síndrome geriátrica, caracterizada por perda de massa muscular, de força e de 
desempenho, gerando um déficit funcional no idoso. 
Por fim, a desnutrição energético-proteica (DEP) ocorre por aporte inadequado de energia associado ou não 
ao déficit de proteínas. 
Para definição da síndrome consumptiva, devemos ter em mente que tanto o grau de emagrecimento, bem 
como o tempo em que ele ocorreu, devem ser avaliados sempre de acordo com o seu peso basal anterior ao 
quadro de emagrecimento involuntário. Considera-se emagrecimento involuntário se houve perda de > 2% do 
peso basal em 1 semana, >5% em 1 mês, >7,5% em 3 meses e > 10% em 6 a 12 meses. 
Algumas situações devem ser avaliadas de forma específicas, como em idosos, nos quais considera-se 
síndrome consumptiva em perdas maiores que 5% em 6 a 12 meses e em pacientes portadores de anorexia 
nervosa, nos quais considera-se emagrecimento involuntário em perdas maiores que 15% em 6 meses. 
Em geral, está associada à febre documentada por mais de 30 dias, fraqueza e diarréia (> 2 evacuações líquidas 
ou amolecidas/dia). Há associação com aumento da morbidade e da mortalidade e, maior susceptibilidade a 
infecções oportunistas e tumores (SAVI, 2013). Os principais fatores que contribuem para síndrome 
consumptiva são a falta de ingestão adequada, má absorção, irregularidades metabólicas, infecção oportunista 
não controlada e falta de atividade física. (KRAUSE, 2005) 
Apesar de a Síndrome Consumptiva apresentar como principal manifestação a perda de tecido gorduroso, 
outros sintomas são vistos em pacientes com esta patologia, tais como: dispneia, cansaço e falta de disposição 
(BISELLI e ATTA, 2005). 
A perda de peso é mais preocupante quando ocorre acima de 40 anos de idade, em vista da maior prevalência 
de neoplasias e de fatores psicossociais e funcionais mais frequentes nessa faixa etária, especialmente em 
idosos. Constitui fator de risco para aumento na mortalidade em pacientes submetidos a cirurgias eletivas, 
além de prejudicar a resposta à terapia medicamentosa. 
A síndrome consumptiva possui incidência semelhante entre homens e mulheres. Seus principais fatores de 
risco são o tabagismo, a idade avançada e um autorrelato de “mal estado de saúde”, ou seja, uma saúde 
prejudicada basalmente. Esses fatores supracitados também são associados a um pior prognóstico no 
emagrecimento, assim como o fator idade (pacientes idosos), deficientes físicos e pacientes com doença 
sistêmica crônica. Se estima que 15 a 20% de todos adultos com mais de 65 anos terão emagrecimento 
involuntário se acompanhados e observados por um período de 5 a 10 anos. 
No tocante a epidemiologia devemos nos atentar para as neoplasias malignas, a causa mais comum entre elas, 
ocorrendo em cerca de 15 a 37% dos pacientes com emagrecimento involuntário. Em seguida, existem as 
causas gastrointestinais não malignas e as causas psiquiátricas, ambas representando cerca de 10 a 20% do 
total. Mais de 25% dos casos de emagrecimento involuntário não apresentam uma causa definida. 
No Brasil se acordo com pesquisas de saúde populacionais sobre a desnutrição/emagrecimento, o 
emagrecimento involuntário atinge: 8% das queixas ambulatoriais de adulto; 13% das queixas ambulatoriais 
 / Página 7 de 19 
de idosos; de 50 a 60% dos pacientes em cuidados domiciliares; 10% de recém-nascidos de baixo peso; 6% 
de crianças abaixo de 5 anos com insuficiência ponderal moderada a grave; 
A porcentagem de desnutrição/baixo peso decresce até a idade de 45 anos, quando volta a subir, dando um 
salto a partir dos 65 anos em ambos os sexos (PNSN, 1991). Em acordo com esses dados, Morigutti et al.10, 
avaliando idosos brasileiros, demonstraram associação de morte prematura e aumento de morbidades e 
incapacidades, mesmo excluindo-se doenças pré-existentes, quando o emagrecimento era maior ou igual a 5% 
em 6 meses. 
Villas Boas analisou o emagrecimento em 55 pacientes idosos institucionalizados e constatou 40% com IMC 
< 22 kg/m2 , 27,3% entre 22 e 27 kg/m2 e 32,7% acima de 27 kg/m2 , independentemente do gênero. 
Vasconcelos et al. analisaram 177 casos de câncer de mama e concluíram que a diminuição de massa corpórea 
na pré-menopausa aumenta o risco de neoplasia maligna de mama. Por outro lado, Costa et al.26, em estudo 
observacional retrospectivo de coorte, constataram, em 106 pacientes com neoplasia de mama tratados, 
aumento de peso durante o tratamento com QT neo-adjuvante e adjuvante; diminuição de peso associada à 
doença metastática e cuidados paliativos; nenhuma correlação entre variação de peso e sobrevida livre de 
doença ou sobrevida total. 
 quadro mais dramático de perda de peso com aumento de apetite podendo ocorrer até 16% 
de queda no peso. Ocorre pelo aumento de gasto energético algumas vezes associado a má-absorção pelo 
aumento da motilidade intestinal. 
 causa mais comum de perda de peso com aumento de apetite. Ocorre pela 
hiperglicemia e pela acentuada glicosúria, que leva a uma perda calórica importante além de depleção do 
volume extracelular. Pode acontecer tanto na abertura do DM 1 (deficiência de insulina) quanto no DM 2 
(resistência periférica aumentada à insulina) e pode aparecer no curso da doença em momentos de controle 
metabólico ruim, o que pode ser detectado pela medida de hemoglobina glicosilada (HbA1c). 
 ocorre perda de peso 
com aumento de apetite por aumento das taxas metabólicas pela atividade adrenérgica excessiva. 
 independentemente da etiologia (doença celíaca, doença de Whipple, deficiência de 
lactase, síndrome do intestino curto, pancreatite crônica, doença inflamatória intestinal), a má absorção pode 
cursar com perda de peso e aumento de apetite. Nem sempre se encontra um quadro de diarreia ou mesmo 
ruídos hidroaéreos aumentados. Outro ponto importante é que quando cursa com doenças inflamatórias 
intestinais, costumam causar perda de peso com diminuição de apetite. 
 pessoas que começam a fazer treinamento físico intenso passam a ter aumento de 
apetite, que nem sempre é capaz de compensar a quantidade de perdas calóricas geradas pelo exercício, 
levando a um desbalanço entre perdas e ingesta. 
 perda de peso involuntária pode ser a única manifestação da doença em muitos casos. Os gastos 
energéticos e a anorexia parecem ser mediados por citocinas como TNF-a, IL-6 e por proteína C-Reativa. 
Outros fatores contribuem para o quadro: o próprio tratamento com quimioterápicos e radioterapia que 
induzem anorexia, náuseas e vômitos, sintomas da própria doença como disfagia, dor abdominal, 
empaxamento por hepatoesplenomegalia ou massas abdominais, distensão abdominal por ascite, má-absorção 
por invasão tumoral ou ressecção cirúrgica de segmentos intestinais. 
 / Página 8 de 19 
 na insuficiência adrenal, a deficiência de glicocorticóides gera anorexia, náuseas e perda de 
peso; casos de hiperparatireoidismo que cursam com hipercalcemia levam a perda de peso por anorexia 
(porém, isso é mais frequente em pacientes com câncer em que os níveis de cálcio tendem a ser maiores); 
pacientes idosos com hipertiroidismo podem, paradoxalmente, apresentar perda de apetite junto com a perda 
de peso; há casosde diabete com perda de apetite por gastroparesia diabética e por episódios de diarréia 
desencadeados por neuropatia autonômica intestinal; em gestantes pode ocorrer hiperêmese gravídica por 
aumento da secreção da gonadotropina coriônica humana. 
 pacientes com quadros febris persistentes têm aumento da demanda metabólica e, 
consequentemente, do consumo de energia. Parasitoses intestinais ainda são frequentes nas áreas mais carentes 
de nosso país. Endocardite bacteriana, principalmente em apresentações subagudas, infecções com curso 
prolongado como tuberculose e micoses sistêmicas tipicamente vêm com perda de peso. Pacientes com HIV 
têm perda de massa corpórea pela própria doença, perdas mais pronunciadas na vigência de infecções 
oportunistas e ainda há os efeitos colaterais da terapia anti-retroviral, competindo para facilitar a perda de 
peso. 
 nesse grupo incluímos diversas doenças. Pacientes com insuficiência cardíaca e doença 
pulmonar obstrutiva crônica avançadas têm quadros de caquexia pelo aumento metabólico associado a níveis 
aumentados de TNF-a e da atividade autonômica simpática. Doenças do conectivo como lúpus e artrite 
reumatóide cursam com anorexia e esclerodermia podendo evoluir com dismotilidade esofágica. A uremia em 
pacientes renais crônicos leva a anorexia. Quadros neurológicos como sequelas pós-AVC dificultando a 
ingesta ou a busca por alimento, quadros de parkinsonismo que cursam com disfagia, alteração da salivação e 
quadros demenciais como Alzheimer também são causas importantes de perda de peso com diminuição da 
ingesta. 
 sintomas associados a diversas doenças gastrintestinais podem se relacionar a queda 
na ingesta, como disfagia, empaxamento, náuseas e vômitos, dor abdominal. Doenças inflamatórias intestinais 
podem cursar com dor abdominal, gerando desconforto e perdas por má-absorção. Doença péptica cursa 
muitas vezes com dores importantes que levam a diminuição na ingesta. Disfagia pode ter origem em tumores 
de cavidade oral, neoplasia esofágica ou por dismotilidade secundária a megaesôfago chagásico. 
Náuseas e vômitos são comuns com doença calculosa biliar crônica, úlcera péptica e neoplasias compressivas 
de estômago, pâncreas ou vias biliares. Gastrite atrófica é outra causa de perda de apetite. Pacientes com 
ressecção de segmentos do trato gastrintestinal também tendem a perder peso. 
 perda de mais de 5% do peso em um mês sem outra explicação é um dos critérios para 
diagnóstico de depressão, pacientes em mania podem simplesmente esquecer de comer pela hiperatividade, 
quadros psicóticos, esquizofrenia e catatonia podem gerar perda de peso por falta de procura por alimento. Há 
quadros de caquexia desencadeados por parada no uso crônico de neurolépticos. 
 etilistas crônicos diminuem a ingesta de alimento seja pela carga calórica fornecida pelo 
álcool seja por condições psiquiátricas e gastrintestinais associadas. Fumantes tendem a ter baixo peso, tanto 
por inibição do apetite quanto por perda no prazer de comer por inibição das fibras olfatórias pela fumaça. 
Usuários de opióides também têm seus centros do apetite inibidos, bem como diminuição da motilidade 
intestinal e das secreções gástrica, biliar e pancreática. Anfetamina e Cocaína são anorexígenos por ação no 
centro da saciedade. Inibidores da recaptação de serotonina como fluoxetina e sertralina, biguanidas 
(metformin), digoxina, levodopa, antiinflamatórios não-hormonais, quimioterápicos e anti-retrovirais são 
outros exemplos de medicamentos ligados à perda de peso. 
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: pacientes obesos ou com sobrepeso devem ser encorajados a manter 
suas dietas com o objetivo de chegar ao seu peso ideal. Pacientes que se submetem a cirurgias bariátricas 
tendem a ter grandes perdas de peso em pouco espaço de tempo. 
Anorexia nervosa e Bulimia nervosa: são condições mais frequentes em mulheres jovens. Na anorexia ocorre 
uma busca incessante por uma imagem corporal distorcida muito abaixo do peso esperado para a pessoa, além 
de uma recusa muito grande em ganhar qualquer peso. Na Bulimia ocorrem episódios de ingesta abundante e 
descontrolada de alimentos, seguidos de atitudes compensatórias purgativas como indução de vômitos. A 
perda de peso é importante nas duas condições, mais pronunciada na anorexia. 
 
Para todos os pacientes deve ser feito um completo interrogatório, a começar pelos sintomas mais comumente 
associados a perda de peso: febre, dor, dispneia, palpitação ou sinal de doença neurológica. Questionar 
também sintomas gastrintestinais: disfagia, anorexia, náuseas, alteração de hábito intestinal. Pesquisar sobre 
uso de cigarro, álcool, outras drogas e medicamentos, passado cirúrgico, história familiar de neoplasia, 
procedência remota de áreas de doenças endêmicas, contato com tuberculose e fatores de risco para HIV. 
Deve-se lembrar de realizar uma adequada anamnese psíquica em busca de sintomas de depressão, ansiedade 
ou sinais de demência. Sempre perguntar sobre o uso de medicações e questionar sobre uso de drogas, lícitas 
ou ilícitas. As alterações observadas na caquexia associada ao câncer incluem anorexia, perda de peso, perda 
e atrofia da massa muscular, anemia e alterações no metabolismo de carboidratos, lipídeos e proteínas. 
A depleção da proteína muscular constitui um aspecto de grande relevância, pois envolve não apenas o tecido 
muscular esquelético como também proteínas cardíacas, o que resulta em alterações importantes no 
desempenho cardíaco dos pacientes. Atualmente, considera-se a caquexia como reunindo potencial epidêmico 
para as próximas décadas. 
Os dados de exame físico são importantes para auxiliar no raciocínio etiológico da perda de peso ao fornecer 
informações sobre a possível causa. Alguns pontos devem ser lembrados: 
 Pesar o paciente na primeira consulta e consecutivamente. 
 Lembrar-se sempre de pesar e calcular o IMC do paciente, pois são as únicas formas objetivas de 
documentar a perda de peso, tanto para comparar com possíveis medidas prévias quanto para o 
seguimento evolutivo durante a investigação. 
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 Sinais gerais: Febre pode apontar infecção ou neoplasia; Taquicardia pode se relacionar a 
hipertiroidismo ou abuso de anfetaminas; Dispneia é uma pista para ICC e DPOC. Descoramento e 
anemia podem ser sinais de uma neoplasia. 
 Palpar a região cervical: Procure por aumento linfonodal e caracterize os linfonodos acometidos. 
 Outro ponto a ressaltar é a palpação de tireóide, procurando por bócio ou nódulos. 
 Exame do tórax: Crepitação e sibilância, sopros e terceira bulha devem ser procurados. Lembrar que 
podem sugerir doenças cardíacas ou pulmonares. 
 Procurar por linfonodos aumentados em todas as cadeias do corpo. Diversas doenças neoplásicas e 
infecciosas estão relacionadas a linfonodomegalia. 
 Procure massas abdominais. Hepatomegalia e esplenomegalia, bem como presença de massas são 
pistas para doenças crônicas, infeccioas e neoplásicas. 
 Faça um exame neurológico, mesmo que sumário. Principalmente em pacientes idosos, usar um 
“minimental” pode ser útil para investigar demências. 
Os exames iniciais para todos os pacientes devem incluir hemograma completo, ureia e eletrólitos, testes de 
função hepática, testes de função da tireoide, proteína C reativa, glicose e desidrogenase láctica, radiografia 
de tórax, exame de urina e pesquisa de sangue oculto nas fezes. 
Marcadores tumorais não são exames diagnósticos úteis e não devem ser usados como parte da avaliação 
inicial, já que podem levar a erros. Seu papel está no monitoramento da resposta ao tratamento em pacientes 
com câncer ou na detecção de recorrência precoce após o tratamento. 
Achados anormais na avaliação inicial devem orientar a investigação subsequente da causa para a perda de 
peso. Se a história, o exame físico e os exames iniciais estiverem normais, as evidências publicadas sugerem 
que não há indicação paracontinuar investigando imediatamente e que são aconselháveis três meses de 
“observação vigilante”, em vez de uma busca cega com exames adicionais, mais invasivos ou dispendiosos. 
Como as doenças orgânicas são raramente encontradas em pacientes com exame físico e resultados 
laboratoriais normais, é improvável que esse período de espera tenha um desfecho adverso. Embora três 
sistemas de pontuação tenham sido desenvolvidos para ajudar os médicos a identificar quais pacientes com 
perda de peso têm probabilidade de apresentar uma causa física ou maligna e não uma causa psicológica ou 
social, nenhum deles foi validado em populações independentes que se apresentam com perda de peso. 
 
Na ausência de sinais e sintomas característicos, bem como testes iniciais negativos, rastrear neoplasias passa 
a ser de grande importância, lembrando que, se necessário, deve-se proceder a um exame de imagem como 
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radiografia simples, exames de ultra-sonografia, tomografia computadorizada, endoscopias e biópsias 
direcionadas. Não se deve esquecer também que pacientes com fatores de risco (usuários de drogas injetáveis 
ou com comportamento sexual de risco) devem fazer pesquisa para HIV e, no Brasil, sempre lembrar de 
tuberculose como diagnóstico diferencial. 
 
As alterações encontradas nestes exames serão seguidos de outros exames, conforme indicação. Se todos os 
resultados dos exames forem normais e os exame físico também for normal, outros exames mais complexos 
(p. ex., TC, RM) não são recomendados. Este tipo de exame não é muito útil e pode ser enganoso e prejudicial 
ao revelar resultados não relacionados fortuitos. Deve-se instruir esses pacientes como assegurar uma ingestão 
calórica adequada e devem ser submetidos a uma avaliação de acompanhamento depois de cerca de 1 mês 
com medida do peso. 
Se os pacientes continuarem a perder peso, deve-se repetir toda a anamnese e o exame físico porque os 
pacientes podem compartilhar informações importantes não reveladas anteriormente, e novas alterações 
físicas sutis podem então ser detectadas. Se a perda ponderal continuar e todos os outros resultados 
permanecerem normais, deve-se considerar outros exames mais complexos (p. ex., TC, RM). 
Na avaliação nutricional global, incluem-se a pesquisa do grau de perda de massa magra e gordurosa, 
micronutrientes e suas repercussões sistêmicas. São eles: 
 Albumina sérica: é a proteína corpórea mais utilizada para avaliação de desnutrição, podendo-se medir 
também a pré-albumina e a transferrina; 
 Excreção de creatinina urinária de 24 horas: dosagem indireta da excreção da creatinina muscular 
esquelética; 
 Balanço nitrogenado corpóreo e/ou excreção urinária de nitrogênio: balanço entre aporte de nitrogênio 
oral, parenteral ou enteral e perdas urinárias, fecais ou de outras fontes intestinais (drenos, fístulas); 
 Metabolismo basal = taxa de metabolismo basal (TMB) x fator estressor x fator de atividade ou pela 
dosagem de calorimetria indireta; 
 Calorimetria indireta: técnica de consumo de O2 e produção de CO2 (medidas de consumo de energia) 
para calcular o gasto de energia de repouso e quociente respiratório. Um litro de O2 consumido 
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corresponde a 3,9 kcal (16,32 kj); 1 L de CO2 produzido gera 1,1 kcal (4 kj). A calorimetria indireta 
mede com precisão o gasto de energia diária; 
 Bioimpedância ou impedância bioelétrica: por meio de corrente fraca e posicionando-se eletrodos no 
dorso das mãos e dos pés, quantifica-se o teor de massa magra, gordura e água corpórea; 
 Ressonância magnética: por meio de campo magnético, dosa-se o teor de gordura e a musculatura 
corpórea, é o método mais utilizado durante a fase de recuperação para monitorar a restauração de 
massa magra versus massa e gordura; 
 Dosagem de vitaminas e sais minerais: pesquisa de micronutrientes como ferro, zinco, vitaminas (B12, 
B6) e ácido fólico. Dosagem indireta de vitamina: K pelo tempo de protrombina (fatores K-
dependentes), hemograma (carência de ácido fólico, B12, ferro), índice de segmentação neutrofílica 
(B12); 
 
Há cerca de 30 anos é reconhecida, por diferentes autores, a existência de um quadro de fragilização que 
acomete parte dos idosos, e cujo conceito vem se modificando ao longo do tempo. 
Com o passar do tempo, e especialmente na última década, o conceito de fragilidade do idoso evoluiu para 
proposições de natureza não mais exclusivamente funcionais, mas, agora, de base fisiopatológica. Estudos de 
diversos grupos mostraram, em idosos fragilizados, a redução da reserva funcional e a disfunção de diversos 
sistemas orgânicos, o que reduziria, acentuadamente, a capacidade de restabelecimento das funções após 
agressões de várias naturezas, a eficiência de medidas terapêuticas e de reabilitação, a resposta dos sistemas 
de defesa, a interação com o meio e, em última análise, a capacidade de sobrevida. 
Em resumo, estes autores definiram a fragilidade como uma síndrome de declínio espiral de energia, 
embasada por um tripé de alterações relacionadas com o envelhecimento, composto por sarcopenia, 
desregulação neuroendócrina e disfunção imunológica. 
Os idosos portadores desta tríade estariam propensos à redução acentuada da massa muscular e a um estado 
inflamatório crônico que, se associados a fatores extrínsecos como a incidência de doenças agudas ou crônicas, 
a imobilidade, a redução da ingestão alimentar e outros, levariam a um ciclo vicioso de redução de energia e 
aumento da dependência e suscetibilidade a agressores. 
Segundo os critérios diagnósticos propostos por Fried e Walston, a prevalência, varia de 2,5%, entre os idosos 
com idade entre 65 e 70 anos, a mais de 30% entre os idosos com 90 anos ou mais. Em diversos estudos, 
idosos classificados como frágeis apresentam maior taxa de hospitalização, sofrem mais quedas, apresentaram 
piora nas atividades de vida diária e maior mortalidade, ou seja, estudos epidemiológicos confirmam que a 
presença da fragilidade, conforme sua definição mais aceita atualmente, implica desfechos negativos – o que 
é elemento essencial para sua classificação como síndrome. 
O estudo da fisiopatologia da fragilidade é 
dificultado pela complexidade dos sistemas 
envolvidos e pela coexistência frequente de 
doenças agudas, crônicas e incapacidades. 
Segundo a teoria proposta, a síndrome seria 
embasada na redução da atividade de eixos 
hormonais anabólicos, na instalação da sarcopenia 
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e na presença de um estado inflamatório crônico subliminar 
Estas três alterações, quando intensas o suficiente, interagiriam de maneira deletéria (p. ex., a inflamação e as 
alterações hormonais induzindo a sarcopenia; esta, por sua vez, diminuindo a atividade física e promovendo 
mais inflamação e alterações hormonais), precipitando a ocorrência de um ciclo autossustentado de redução 
de energia, perda de peso, inatividade, baixa ingestão alimentar e sarcopenia. 
Diversos fatores, como doenças agudas e crônicas, alterações próprias do envelhecimento, efeito de 
medicamentos, quedas e outras contribuiriam para que uma pessoa idosa entrasse no ciclo de fragilidade. 
(Imagem abaixo) 
Como afirmado anteriormente, esta teoria tem recebido boa aceitação na comunidade científica, porém 
diversos autores têm proposto o envolvimento de outros fatores na gênese da fragilidade. Como exemplos, 
Bortz propôs a importância da carga genética, estilo de vida e doenças ou lesões; Morley propôs como fatores 
etiológicos da síndrome idade, genética e nível educacional prévio, além de prejuízo cognitivo. 
São ainda citados como envolvidos na patogênese da fragilidade a carga alostática - escore de risco composto 
por medidas biológicas que capta a desregulação de múltiplos sistemas fisiológicos em decorrência da 
exposição crônica ao estresse - ao longo da vida, o acúmulo de lesões oxidativas do DNA, o declínio na 
capacidade de reparo, anormalidadesna transcrição, deleções e mutações no DNA mitocondrial, encurtamento 
telomérico e alterações proteicas como glicação e oxidação. 
Estudo realizado por nosso grupo, ainda em fase de publicação, verificou, pela análise da expressão gênica 
em larga escala de idosos frágeis e grupo controle, uma série de genes diferencialmente modulados, quando 
comparados pacientes idosos frágeis com sadios. Diversas vias de processos biológicos foram demonstradas 
comprometidas, em especial as de reparo de lesões no DNA, sistemas de processamento e degradação de 
proteínas e as vias relacionadas com a resposta ao estresse. 
Fica evidente, portanto, que, embora existam pontos de concordância fundamentais acerca da fisiopatologia 
da síndrome da fragilidade, diferentes fatores envolvidos na sua patogênese ainda se encontram em 
investigação. 
 
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Imagem abaixo mostra o Ciclo da fragilidade, conforme proposto por Fried. Observa-se a existência de um 
ciclo central, em que a redução da massa e da força muscular se associam a redução da atividade física e 
redução da ingestão alimentar que, por sua vez, precipitam a piora da massa e da força muscular. Vários fatores 
(“entradas”) se precipitam e perpetuam esse círculo vicioso. 
As manifestações da síndrome da fragilidade propostas por Fried (et al. são: perda de peso não intencional, 
fraqueza muscular, fadiga, redução da velocidade da marcha e redução do nível de atividade física. 
Ainda que não determinantes da presença da fragilidade, são frequentes, entre os seus portadores, 
anormalidades da marcha e balanço, ocorrência de quedas, sintomas depressivos, redução da massa óssea, 
alterações cognitivas e déficits sensoriais. Também a vulnerabilidade a processos infecciosos ou traumáticos 
e a má resposta às terapêuticas instituídas são características frequentes desta população. 
 apresentam similaridades óbvias, o que promove algum grau de confusão entre 
seus conceitos. No entanto, enquanto a fragilidade é um quadro necessariamente multissistêmico de 
instalação lenta e que promove vulnerabilidade da regulação homeostática, a incapacidade pode se instalar 
de maneira aguda e comprometer um único sistema, como em um acidente vascular cerebral que evolua para 
a permanência de sequelas e que, não necessariamente, implica instabilidade homeostática de seu portador. 
Neste caso, o portador da incapacidade pode não ser portador de fragilidade, exemplo que diferencia as duas 
condições. 
Do mesmo modo, a fragilidade deve ser diferenciada da presença de comorbidades. Embora bastante frequente 
com o envelhecimento, a presença de comorbidades não necessariamente é associada à redução de reservas 
de múltiplos sistemas e inadequação da manutenção da homeostase frente a estímulos agressivos, o que a 
diferencia da síndrome de fragilidade. 
Outros dois conceitos, de emprego cada vez mais frequente, e que também devem ser diferenciados de 
fragilidade são a sarcopenia e a caquexia. Recentemente, foi publicado um consenso europeu que define a 
sarcopenia como a redução da massa muscular, relacionada com o envelhecimento, associada à redução da 
força e/ou função. Na verdade, este é um conceito em evolução e ainda em disputa: pesquisadores mais 
“puristas” da sarcopenia insistem que esta seja definida exclusivamente pela redução da massa muscular, 
sendo que a perda de função ou força seriam mais bem definidas como “dinapenia”. De qualquer maneira, a 
sarcopenia pode estar presente sem os outros comemorativos da síndrome de fragilidade, sendo, quando 
coexistente, apenas um dos componentes de um processo muito mais complexo. 
Já a síndrome da caquexia é definida como “uma síndrome metabólica complexa associada à doença e 
caracterizada pela perda de músculo, com ou sem a perda de massa gorda”. A caquexia apresenta várias 
semelhanças, em sua fisiopatologia e apresentação clínica, com a síndrome da fragilidade, como a perda de 
peso, redução da força e fadiga; no entanto, a caquexia é, como a própria definição deixa claro, induzida por 
uma doença crônica, como o câncer, a insuficiência cardíaca, a doença pulmonar obstrutiva crônica e outras, 
enquanto a síndrome da fragilidade incide de maneira independente destes diagnósticos. Além disso, aspectos 
fisiopatológicos da síndrome da fragilidade não estão, necessariamente, envolvidos no desenvolvimento da 
caquexia. 
 Diversos autores propuseram, nas últimas décadas, critérios próprios para a definição de 
fragilidade, o que impede a definição de critérios universalmente aceitos ou empregados. Rockwood (et al., 
em 2005, propuseram uma escala de sete itens, classificando o idoso desde “gravemente frágil” 
(“completamente dependente de outros para as atividades da vida diária, ou terminalmente enfermo”) a “muito 
apto” (“robusto, ativo, energético, bem motivado e apto). 
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Observa-se, nesta proposição, que reflete o ponto de vista defendido por este grupo, o emprego, como referido 
no início deste capítulo, de aspectos essencialmente funcionais para o diagnóstico da fragilidade, em 
oposição às propostas de Fried (et al. 
Resumidamente, estes autores postulam que não existe, ainda, um claro mecanismo fisiopatológico comum 
para a fragilidade, e que a abordagem funcional torna esta condição mais direta e objetivamente detectável e 
abordável na prática clínica. Outros autores apresentam critérios mistos, porém com aceitação menos 
evidente. 
Os critérios mais frequentemente empregados em estudos internacionais são adaptados a partir dos estudos de 
Fried e Walston, compondo cinco diferentes critérios. 
 
Idosos portadores de três ou mais desses critérios são classificados como frágeis, idosos com um ou dois 
critérios, pré-frágeis e idosos sem a presença destes critérios, não frágeis. 
Em relação aos critérios de Fried (et al., alguns pontos críticos devem ser citados. Em primeiro lugar, embora 
a perda de peso, a força de preensão palmar e a velocidade de marcha sejam objetivos, os critérios referentes 
à exaustão e à redução da atividade física não o são. 
Isso porque exaustão se refere a uma percepção altamente subjetiva, que nem sempre é bem compreendida 
pelos idosos (é perguntado ao idoso: “na última semana, o(a) senhor(a) sentiu que teve de fazer esforço para 
dar conta das suas tarefas habituais?” e “na última semana, o(a) senhor(a) não conseguiu levar adiante suas 
coisas?”). 
Quanto ao nível de atividade física, hoje é bem determinado que os questionários de atividade física são muito 
pouco acurados para classificar o nível real de atividade e o gasto energético. Por isso, este critério diagnóstico 
de fragilidade se embasa em uma variável de mensuração altamente imprecisa. 
Na prática, apesar do trabalho original de Fried (et al. adotar o (Minnesota Leisure Time Activity 
Questionnaire, versão curta, diferentes autores empregam questionários diferentes, como o Perfil de 
Atividades Humanas e o (International Physical Activity Questionnaire, de acordo com a prática de seus 
serviços. 
Outra questão que deve ser considerada é que, uma vez que os critérios baseados em desempenho (velocidade 
de marcha, força de preensão palmar e nível de atividade física) são considerados presentes quando o idoso se 
encontra abaixo de um determinado percentil da população, este valor irá variar em diferentes populações. 
No Brasil, enquanto dados definitivos acerca dos valores de corte para nossa população são estabelecidos (este 
é um dos objetivos do estudo da Rede FIBRA e de outros estudos), são aplicados valores adotados nos estudos 
internacionais ou valores de populações locais. 
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Em que pese estas considerações, estes critérios vêm sendo ampla e crescentemente empregados e, como 
afirmado anteriormente, a síndrome da fragilidade, assim definida, é preditiva de eventos adversos e desfechos 
negativos. 
 Mesmo que, dada a fisiopatologia da fragilidade, diversos exameslaboratoriais possam 
estar alterados (marcadores de aumento da atividade inflamatória, redução da creatinina sérica, redução da 
albumina sérica, anemia, alterações hormonais), nenhum destes testes, empregados isolados ou em conjunto, 
possibilita o diagnóstico de fragilidade ou para ele contribui de modo definido. 
Diversas modalidades de tratamento vêm sendo propostas para a síndrome da fragilidade, mas ainda não estão 
disponíveis tratamentos específicos para a síndrome como um todo. Tratamentos medicamentosos embasados 
na fisiopatologia desta condição (p. ex., anti-inflamatórios, reposição hormonal, anabolizantes para reduzir a 
perda de massa muscular), embora ainda em fase de estudos, não se mostraram, isoladamente, eficazes para a 
terapêutica. 
Uma vez que o tratamento da síndrome da fragilidade, como se pode ver, é ainda consideravelmente limitado, 
a sua prevenção, quando possível, é primordial. 
Embora ainda não existam preditores claros de quem evoluirá para a fragilidade com o avançar da idade, 
estudos recentes mostram que a avaliação funcional (p. ex., da velocidade e qualidade da marcha), mesmo em 
idades mais precoces, é o melhor preditor de fragilidade futura, o que não parece se confirmar para a massa 
muscular em si. 
A prevenção da fragilidade inclui mudanças no estilo de vida (quando indicadas), suspensão do tabagismo, da 
ingestão excessiva de álcool e da ingestão de substâncias psicoativas, além do tratamento rigoroso de doenças 
crônicas e rápido de doenças agudas. 
Acrescentamos a essas medidas as recomendações próprias para a promoção do envelhecimento saudável, 
como alimentação balanceada e diversificada, manutenção de atividade física adequada e o uso judicioso de 
medicamentos. 
Para a prevenção secundária devem ser considerados, além dos itens anteriores, a prevenção de quedas, a 
correção de perdas com órteses e a reposição de vitaminas e minerais quando apropriado, além do tratamento 
judicioso de condições crônicas, dentro da visão integrada da Geriatria e Gerontologia. 
O tratamento do emagrecimento involuntário e a correção da desnutrição/caquexia são multifatoriais e 
necessitam de estratégia integrada multidisciplinar. Objetivam a maior recuperação possível da função 
fisiológica adaptada com capacitação física, melhora da função muscular e orgânica e competência 
imunológica. 
Requerem um tempo muito maior que o tempo de instalação do processo e está baseado, na prática, em 3 
pontos: 
1. Definir metas significativas e possíveis: peso, composição corpórea, força, desempenho e status, 
apetite e qualidade de vida específicos individualmente para cada paciente. 
2. Definir medidas de tratamento (multidisciplinar): nutrição, medicação, exercício (dentista, assistência 
social, fisioterapia, fonaudiologia, enfermagem,médico). 
3. Parar perdas de peso causadas por doença específica, seguir a terapia prescrita no tratamento da causa 
de base. 
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1. acesso às necessidades básicas (abrigo, alimentação), tratamento de 
distúrbios do humor (depressão e compulsão alimentar), distúrbios alimentares (anorexia nervosa e 
bulimia). Inclusão (sensibilização, orientação, adesão, participação e intervenção) da família no 
tratamento. Em casos precoces, a anorexia nervosa pode ser tratada com internação hospitalar sob rígida 
supervisão. Mesmo após aparente cura, pacientes com anorexia nervosa devem manter consultas médicas 
regulares, pois recidiva são muito frequentes 
2. (principalmente idosos, pacientes com distúrbios alimentares tipo anorexia 
e bulimia, distúrbios neurológicos e doenças com mucosites como tumores, HIV, imunossuprimidos): 
avaliação de dentista, fonaudiólogo, otorrinolaringologista. 
3. leve à moderada diariamente (quando tolerar); se possível, exercício de resistência (peso) 
para aumentar a musculatura contrapondo-se ao ganho de massa de gordura (efeito anabolizante); 
exercício em excesso induz perda de peso (cálculo individualizado); em idosos, ter cuidado com quedas; 
além de melhorar a musculatura, prevenir osteoporose e evitar quedas, o exercício, se não for bem 
orientado, pode também predispor a quedas e causar fraturas. 
4. Apesar do mau aproveitamento de nutrientes durante processos 
inflamatórios/proliferativos, o aporte nutricional deve ser aumentado na tentativa de manter/reverter o 
balanço energético negativo. A dieta deve conter refeições pequenas e frequentes e ser balanceada para 
impedir ganho predominante de gordura, se possível, dentro das preferências do paciente. As causas 
digestivas de intolerância alimentar (anorexia, refluxos gastrintestinais, vômitos, diarréias, mucosites, 
dumping, empachamentos, distensões abdominais, intolerância medicamentosa, laxativos) devem ser 
tratadas especificamente com medicações sintomáticas e orientação disciplinar 
 Checagem da ingesta - anotar diário dietético; comparar alteração de peso e total de calorias 
consumidas. 
 Uso de produtos enterais (sondagens: nasogástrica, nasoenteral, gastrostomia, jejunostomia): 
 Indicações: ingestão oral insuficiente, doenças neuromusculares, incapacidade de alimentação 
via oral (cirurgia ou ventilação mecânica invasiva); 
 Contra-indicações absolutas: obstrução mecânica digestiva; 
 Contra-indicações relativas: diarréia, vômitos, fístulas, aspiração (responsável por 40% da 
mortalidade). 
 Considerar nutrição parenteral se prognóstico e qualidade de vida justificarem. Suas 
desvantagens é que necessita de internação hospitalar ou recursos domiciliares de 
enfermagem/médico, além de predispor à infecção. 
 Cálculo de macro e micronutrientes da dieta: deve ser baseado no cálculo de gasto de energia ou 
medido diretamente (em pacientes internados, calcular pela calorimetria indireta). 
 Cálculo do gasto de energia: determinar a taxa do metabolismo basal (TMB: 25 kcal/kg (adulto 
jovem); 20 kcal/kg (idosos), com aumento de 30 a 40% para pacientes doentes); determinar o nível de 
atividade como aumento fracionado da TMB + exercício de resistência como 25 a 50% de aumento; 
estimar o fator estressor (físico e/ou orgânico) por meio de tabelas pré-determinadas. 
Energia = TMB x fator atividade x fator estressor 
 Necessidades de macronutrientes: 55 a 60% de carboidratos, 20 a 25% de gordura, 20 a 25% de 
proteínas 
 Carboidratos: normal = 3,3 kcal/g (máximo tolerável: 7 a 8 g/kg/dia; preferir carboidratos 
complexos e não açúcares simples; aplicar insulina se glicemia > 250 mg/dL; diminuir o aporte 
se hiperglicemia severa); 
 Gordura: normal = 0,2 kcal/g (máximo de 2 g/ kg/dia); 
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 Proteína: normal = 0,8 g/kg/dia (adulto); 1 a 1,2 g/ kg/dia (idoso). Se albumina sérica de 3,5 a 
2,7 g/dL = 1 a 1,5 g/kg/dia (déficit moderado). Se albumina sérica < 2,7 g/dL = 1 a 2,5 g/kg/dia 
(déficit severo). 
 Necessidades de micronutrientes: 5 a 10 vezes as necessidades basais/dia até correção do processo 
catabólico. Os antioxidantes, entre eles a glutationa feita de glutamina e a cisteína, têm grande 
importância, além de vitaminas C e E e do betacaroteno, associados aos co-fatores enzimáticos como 
zinco, manganês e cobre (vitamina C = 1 a 2 g; vitamina E = 400 a 1.000 UI; betacaroteno = 50 a 100 
mg; cobre = 2 a 3 mg; manganês = 20 a 50 mg; selênio = 100 a 150 mcg; zinco = 5 mg). 
 Água: bom aporte de macro e micronutriente com aporte hídrico insuficiente leva a processamento 
baixo de nutrientes e pode acentuar o grau de desidratação e falência renal. Recomenda-se 1 a 1,5 
mL/caloria consumida + reposição adicional das perdas por doença e medicações; 30 a 35 mL/kg de 
peso; mínimo de 1.500 mL/dia. 
5. : Não existe suporte científico validado na literatura para a utilização de 
tratamento medicamentoso de emagrecimento involuntário. 
Porém, a terapêutica por meio de suplementação de macro e micronutrientes, sintomáticos quando indicados 
como analgésicos, ansiolíticos, antidepressivos, antieméticos, antidiarréicos,protetores gástricos e 
procinéticos (metoclopramida, domperidona) e anabolizantes são sugeridos na literatura na tentativa de 
melhorar a qualidade de vida. 
Depressão, independentemente da idade, sempre deve ser tratada, após afastar/tratar tireoidopatia pré-
existente. As drogas anabolizantes/orexígenas mais estudadas são glicocorticóides, progesterona, derivados 
de testosterona, ornitina e derivados canabinóides, como dronabinol, nabilona. 
 apesar do seu baixo custo, somente são utilizados para tratamento de doença específica, 
pois mesmo sendo orexígenos e produzindo sensação de “bem-estar” (euforia), pioram o catabolismo 
protéico e ósseo e aumentam o risco de infecções. 
 é associado a discreto ganho de peso e talvez de qualidade de vida 
em pacientes com HIV e neoplasias, porém aumenta predominantemente a gordura, e não a massa magra, 
o risco de tromboses e embolia, e retém água, produzindo edema, fatos que limitam sua utilização em 
idosos. 
 : é uma enzima que catalisa a reação de L-ornitina+2-cetoácidos liberando 
glutamina, arginina e poliaminas. Tem efeito orexígeno e imunomodulador, principalmente via 
neutrófilo, e podem produzir discreto aumento de peso e melhora da qualidade de vida e apetite. 
 é um canabinóide (tetra-hidrocanabinol) indicado como antiemético e orexígeno. Volicer et 
al., em estudo randomizado em pacientes com Alzheimer que se recusavam a se alimentar, testaram o 
dronabinol e a cipro-heptadina (orexígeno anti-histamínico anti-serotoninérgico), constatando efeito 
orexígeno e antiemético, sem alteração da composição corpórea, porém com efeitos colaterais 
importantes no SNC (sistema nervoso central) e imunossupressores. 
 testaram GH recombinante em idosos caquéticos e obtiveram melhora do 
tempo de caminhada. Porém, sua utilização em outros estudos foi associada ao aumento da mortalidade. 
 derivados de testosterona com configuração de 17-alfametil; drogas orais como 
oxandrolona e 17-beta-éster para administração parenteral foram sugeridos no tratamento da caquexia 
em aids, grandes queimados e feridas extensas e, mais raramente, idosos. Induzem aumento discreto de 
peso total e de massa magra, aumento de retenção de nitrogenados, aumento de síntese muscular e 
aparente melhora da qualidade de vida e do status funcional, porém apresentam toxicidade hepática e 
retenção hídrica. 
A realimentação pode ser associada às drogas orexígenas no tratamento de má nutrição protéica, apesar de seu 
uso não estar totalmente comprovado na literatura, pois a avaliação precoce da nutrição e a prevenção de perda 
de peso durante o estresse e a hospitalização nos idosos são fatores que melhoram o prognóstico. 
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Tomografia e exames complexos raramente são úteis e não ajudam na pesquisa de triagem básica. É necessária 
ação multidisciplinar para o tratamento. O tratamento do emagrecimento involuntário deve ser instituído o 
mais breve possível, devido a suas altas morbidade e mortalidade. 
População de alto risco de EI e DEP: idosos, deficientes e doentes crônicos. Três fatores são fundamentais na 
pesquisa de queixa de emagrecimento: grau/velocidade da perda ponderal, alteração do apetite e presença ou 
não de inflamação. As patologias com aumento de apetite e emagrecimento são poucas, de fácil diagnóstico e 
tratamento, com melhor prognóstico. 
O tratamento do emagrecimento deve combater a causa específica. A adição de tratamento farmacológico com 
orexígenos e anabolizantes não tem, por ora, embasamento científico validado. 
Melhora do aporte nutricional e atividade física melhoram qualidade de vida e o ganho de peso, porém sem 
alterar a morbidade e a mortalidade. 
1. Rocha, Oswaldo Melo da et al. Sarcopenia da caquexia reumatoide: conceituação, mecanismos, 
consequências clínicas e tratamentos possíveis. Revista Brasileira de Reumatologia [online]. 2009, v. 
49, n. 3 [Acessado 3 Novembro 2022] , pp. 288-301. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0482-
50042009000300010>. Epub 07 Jul 2009. ISSN 1809-4570. https://doi.org/10.1590/S0482-
50042009000300010. 
2. Avaliação e tratamento da perda de peso involuntária e significativa, Antonio Vaz De Macedo1, 
Manoel Otávio da Costa Rocha. 
3. Tratado de Geriatria e Gerontologia. X.C.; Gorzoni, M.L.; Doll, J. 4ª. Edição. Grupo Editorial Nacional 
(GEN), 2016. 
4. Robbins & Cotran - Patologia - Bases Patológicas das Doenças, 8ª ed., Elsevier/Medicina Nacionais, 
Rio de Janeiro, 2010. 
https://doi.org/10.1590/S0482-50042009000300010
https://doi.org/10.1590/S0482-50042009000300010

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