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1 tutorial fadiga, perda de peso e anemias

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1 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia 
1. Definir: síndrome consumptiva, caquexia e sarcopenia; 
Embora não exista uma definição universalmente aceita da perda de peso clinicamente importante, a maior 
parte dos estudos observacionais a define como uma redução de 5% ou mais do peso corporal em 6-12 meses. 
Para considerar a variabilidade do peso basal, a perda de peso é expressa como porcentagem, e não como um 
valor absoluto; por exemplo, uma perda de 2-3 kg é menos relevante em um paciente de 90 kg do que em um 
idoso frágil, que já está abaixo do peso. A mortalidade em 1-2,5 anos relacionada à perda de peso clinicamente 
importante varia de 9% a 38%,1 e os grupos particularmente em risco incluem idosos frágeis, idosos com baixo 
peso corporal basal e idosos internados recentemente. 
Síndrome consumptiva: perda involuntária de peso maior que 10% do peso basal em um período de 6 a 12 
meses, apresentando como principais sintomas a diminuição de massa magra corporal, atrofia muscular, e 
depleção proteica. 
A Síndrome Consumptiva pode também ser encontrada como “emagrecimento involuntário” em diversas 
literaturas. Ambos podem ser definidos como o estado patológico resultante de absoluta ou relativa deficiência 
de proteína e energia. Portanto, pense em uma balança na qual em um lado se encontra o gasto de energia e 
do outro o consumo dessa energia. Caso a balança pese mais no gasto de energia, ocorre o emagrecimento. 
Quando o emagrecimento ocorre de maneira involuntária geralmente está associado a alguma patologia, 
demandando avaliação e tratamento. 
Para abordar este tema, devemos dominar alguns conceitos. A caquexia é a perda de peso associada à perda 
de massa muscular, podendo haver ou não perda de gordura. É o estado mais grave do emagrecimento. 
A desnutrição, por sua vez, é a deficiência de nutrientes específicos ou globais, associada ou não com a perda 
de peso. A sarcopenia é usualmente uma síndrome geriátrica, caracterizada por perda de massa muscular, de 
força e de desempenho, gerando um déficit funcional no idoso. Por fim, a desnutrição energético-proteica 
(DEP) ocorre por aporte inadequado de energia associado ou não ao déficit de proteínas. 
Para definição da síndrome consumptiva, devemos ter em mente que tanto o grau de emagrecimento, bem 
como o tempo em que ele ocorreu, devem ser avaliados sempre de acordo com o seu peso basal anterior ao 
quadro de emagrecimento involuntário. Considera-se emagrecimento involuntário se houve perda de > 2% do 
peso basal em 1 semana, >5% em 1 mês, >7,5% em 3 meses e > 10% em 6 a 12 meses. Algumas situações devem 
ser avaliadas de forma específicas, como em idosos, nos quais considera-se síndrome consumptiva em perdas 
maiores que 5% em 6 a 12 meses e em pacientes portadores de anorexia nervosa, nos quais considera-se 
emagrecimento involuntário em perdas maiores que 15% em 6 meses. 
Caquexia: A caquexia é uma síndrome associada à perda de massa celular, reduzida ingestão de alimento, 
diminuição de atividade física e acelerada degradação de proteínas (LANGSTEIN; NORTON, 1991; WALSMITH; 
ROUBENOFF, 2002). Esta disfunção metabólica ocorre em muitas doenças crônicas tais como AIDS, câncer, 
insuficiência crônica do coração, falência crônica dos pulmões, cirrose hepática, deficiência renal, artrite 
reumatoide e sepse. Embora a caquexia sempre inclua um componente de redução na ingestão de alimentos, 
ela difere da "semi-inanição" pelo fato de que há também alterações metabólicas que diferem da resposta 
normal à reduzida ingestão de alimentos (EMERY, 1999). Isto significa que a perda de massa corporal pode 
ocorrer mais rapidamente do que seria de se esperar de uma redução da ingestão de alimentos de igual 
magnitude ou ainda, que a composição desta perda pode devido a uma maior proporção de perda de tecido 
não-gorduroso em relação ao adiposo (EMERY, 1999). 
A caquexia representa a consequência clínica de uma resposta inflamatória sistêmica crônica, sendo que suas 
manifestações diferem consideravelmente do estado de “semi-inanição”, embora, na maioria dos casos a 
anorexia esteja presente. Esta severa condição patológica ocorre na maioria dos pacientes com câncer em 
estágio terminal e é responsável por 22% das mortes (ARGILÉS et al., 2005a). O grau de caquexia está 
inversamente correlacionado com o tempo de sobrevida dos pacientes e sempre implica em prognósticos ruins 
(DE WYS, 1985). 
Sarcopenia: a sarcopenia é caracterizada pela perda de massa e funcionalidade muscular e está associada a 
uma série de disfunções e doenças sistêmicas que acometem os idosos. Também é um dos parâmetros 
 2 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia 
utilizados para definição da síndrome de fragilidade, que é altamente prevalente em idosos, conferindo maior 
risco para quedas, fraturas, incapacidade, dependência, hospitalização recorrente e mortalidade. 
O termo sarcopenia deriva do grego e significa "pobreza de carne".3 A sarcopenia, que é caracterizada pela 
perda de massa muscular, está associada a uma série de disfunções e doenças sistêmicas prevalentes no idoso, 
como é o caso da osteoporose,4 resistência à insulina,5 obesidade6 e osteoartrite,7 além de causar complicações 
com o avanço da idade. O potencial impacto da sarcopenia é grande, considerando que o tecido muscular é o 
mais abundante do corpo humano.3,8 
Segundo revisão de Silva et al., 
sarcopenia é uma das variáveis utilizadas para definição da síndrome de fragilidade, que é altamente prevalente 
em idosos, conferindo maior risco para quedas, fraturas, incapacidade, dependência, hospitalização recorrente 
e mortalidade.9 
A síndrome representa uma vulnerabilidade fisiológica relacionada à idade, resultado da deterioração da 
homeostase biológica e da capacidade do organismo de se adaptar às novas situações de estresse.9 Entretanto, 
o caráter reversível da sarcopenia é consenso entre a maioria dos especialistas,1,3,6,10 visto que está diretamente 
relacionada ao desempenho músculo-esquelético, que tem potencial para reabilitação com consequente 
restauração da capacidade física. Isto é, a atividade física desempenha papel fundamental na manutenção ou 
lentificação da perda de massa muscular. Dessa forma, o sedentarismo parece ser um fator de risco para a 
sarcopenia em idosos.11 
Recentemente, evidências têm sugerido que o estresse oxidativo excessivo,12 disfunção mitocondrial13 e 
inflamação crônica ao longo do envelhecimento14 estão envolvidos em um subsequente declínio da força e 
mobilidade do idoso, que são considerados, entre outros, critérios diagnósticos para a sarcopenia. 
Recentemente, foi publicado um consenso europeu que define a sarcopenia como a redução da massa 
muscular, relacionada com o envelhecimento, associada à redução da força e/ou função (Cruz-Jentoft et al., 
2010). Na verdade, este é um conceito em evolução e ainda em disputa: pesquisadores mais “puristas” da 
sarcopenia insistem que esta seja definida exclusivamente pela redução da massa muscular, sendo que a perda 
de função ou força seriam mais bem definidas como “dinapenia” (Clark e Manini, 2008). De qualquer maneira, 
a sarcopenia pode estar presente sem os outros comemorativos da síndrome de fragilidade, sendo, quando 
coexistente, apenas um dos componentes de um processo muito mais complexo. Já a síndrome da caquexia é 
definida como “uma síndrome metabólica complexa associada à doença e caracterizada pela perda de músculo, 
com ou sem a perda de massa gorda” (Evans et al., 2008). A caquexia apresenta várias semelhanças, em sua 
fisiopatologia e apresentação clínica, com a síndrome da fragilidade, como perda de peso, redução da força e 
fadiga; no entanto, a caquexia é, como a própria definição deixa claro, induzida por uma doença crônica, como 
o câncer, a insuficiência cardíaca, a doença pulmonar obstrutiva crônica e outras, enquanto asíndrome da 
fragilidade incide de maneira independente destes diagnósticos. 
A caquexia é frequentemente associada a inflamação, resistência à insulina, anorexia e quebra das proteínas 
musculares. Portanto, muitos indivíduos caquéticos são também sarcopênicos. Todavia, muitos indivíduos 
sarcopênicos não são considerados caquéticos. Dessa maneira, a sarcopenia é um dos elementos da definição 
proposta para a caquexia 
2. Explanar o DD da caquexia/síndrome consumptiva, epidemiologia, manifestações clinicas e diagnóstico; 
Síndrome Consumptiva consiste na perda involuntária de peso maior que 10% do peso basal em um período de 
6 a 12 meses, apresentando como principais sintomas a diminuição de massa magra corporal, atrofia muscular, 
e depleção proteica (PINHEIRO et al, 2011). Em geral, está associada à febre documentada por mais de 30 dias, 
fraqueza e diarréia (> 2 evacuações líquidas ou amolecidas/dia). Há associação com aumento da morbidade e 
da mortalidade e, maior susceptibilidade a infecções oportunistas e tumores (SAVI, 2013). Os principais fatores 
que contribuem para síndrome consumptiva são a falta de ingestão adequada, má absorção, irregularidades 
metabólicas, infecção oportunista não controlada e falta de atividade física. (KRAUSE, 2005) Apesar de a 
Síndrome Consumptiva apresentar como principal manifestação a perda de tecido gorduroso, outros sintomas 
são vistos em pacientes com esta patologia, tais como: dispneia, cansaço e falta de disposição (BISELLI e ATTA, 
 3 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia 
2005). A perda de peso é mais preocupante quando ocorre acima de 40 anos de idade, em vista da maior 
prevalência de neoplasias e de fatores psicossociais e funcionais mais freqüentes nessa faixa etária, 
especialmente em idosos. Constitui fator de risco para aumento na mortalidade em pacientes submetidos a 
cirurgias eletivas, além de prejudicar a resposta à terapia medicamentosa. 
DD: caquexia (a caquexia é, como a própria definição deixa claro, induzida por uma doença crônica, como o 
câncer, a insuficiência cardíaca, a doença pulmonar obstrutiva crônica e outras, enquanto a síndrome da 
fragilidade incide de maneira independente destes diagnósticos). No câncer por exemplo, a caquexia está 
relacionada a um aumento do consumo de energia do organismo devido a substâncias inflamatórias produzidas 
pelo tumor (no caso do câncer); provoca perda de peso, perda de massa muscular e está correlacionada a uma 
má resposta ao tratamento oncológico e ao aumento da mortalidade. 
 
 
Perda de peso involuntária com aumento de apetite 
 Hipertiroidismo: quadro mais dramático de perda de peso com aumento de apetite podendo ocorrer até 
16% de queda no peso. Ocorre pelo aumento de gasto energético algumas vezes associado a má-absorção pelo 
aumento da motilidade intestinal. Em um estudo com 880 pacientes com doença de Graves, por exemplo, 61% 
tinham perda de peso e 42% tinham aumento de apetite. 
 Diabete descompensado: causa mais comum de perda de peso com aumento de apetite. Ocorre pela 
hiperglicemia e pela acentuada glicosúria, que leva a uma perda calórica importante além de depleção do 
volume extracelular. Pode acontecer tanto na abertura do DM 1 (deficiência de insulina) quanto no DM 2 
(resistência periférica aumentada à insulina) e pode aparecer no curso da doença em momentos de controle 
metabólico ruim, o que pode ser detectado pela medida de hemoglobina glicosilada (HbA1c). 
 Feocromocitoma (tumor secretor de hormônio que pode ocorrer nas glândulas adrenais): ocorre perda de 
peso com aumento de apetite por aumento das taxas metabólicas pela atividade adrenérgica excessiva. 
 síndrome de má-absorção: independentemente da etiologia (doença celíaca, doença de Whipple, 
deficiência de lactase, síndrome do intestino curto, pancreatite crônica, doença inflamatória intestinal), a má-
absorção pode cursar com perda de peso e aumento de apetite. Nem sempre se encontra um quadro de diarréia 
ou mesmo ruídos hidroaéreos aumentados. Outro ponto importante é que quando cursa com doenças 
inflamatórias intestinais, costumam causar perda de peso com diminuição de apetite. 
 
https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/diabete_descompensado.htm
 4 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia 
 Aumento de atividade física: pessoas que começam a fazer treinamento físico intenso passam a ter 
aumento de apetite, que nem sempre é capaz de compensar a quantidade de perdas calóricas geradas pelo 
exercício, levando a um desbalanço entre perdas e ingesta. 
Perda de peso involuntária com diminuição de apetite 
 Câncer: perda de peso involuntária pode ser a única manifestação da doença em muitos casos. Os gastos 
energéticos e a anorexia parecem ser mediados por citocinas como TNF-a, IL-6 e por proteína C-Reativa. Outros 
fatores contribuem para o quadro: o próprio tratamento com quimioterápicos e radioterapia que per si induzem 
anorexia, náuseas e vômitos, sintomas da própria doença como disfagia, dor abdominal, empaxamento por 
hepatoesplenomegalia ou massas abdominais, distensão abdominal por ascite, má-absorção por invasão 
tumoral ou ressecção cirúrgica de segmentos intestinais. 
 Endocrinopatias: na insuficiência adrenal, a deficiência de glicocorticóides gera anorexia, náuseas e perda 
de peso; casos de hiperparatireoidismo que cursam com hipercalcemia levam a perda de peso por anorexia 
(porém, isso é mais freqüente em pacientes com câncer em que os níveis de cálcio tendem a ser maiores); 
pacientes idosos com hipertiroidismo podem, paradoxalmente, apresentar perda de apetite junto com a perda 
de peso; há casos de diabete com perda de apetite por gastroparesia diabética e por episódios de diarréia 
desencadeados por neuropatia autonômica intestinal; em gestantes pode ocorrer hiperêmese gravídica por 
aumento da secreção da gonadotropina coriônica humana. 
 Infecções crônicas: pacientes com quadros febris persistentes têm aumento da demanda metabólica e, 
conseqüentemente, do consumo de energia. Parasitoses intestinais ainda são freqüentes nas áreas mais 
carentes de nosso país. Endocardite bacteriana, principalmente em apresentações subagudas, infecções com 
curso prolongado como tuberculose e micoses sistêmicas tipicamente vêm com perda de peso. Pacientes com 
HIV têm perda de massa corpórea pela própria doença, perdas mais pronunciadas na vigência de infecções 
oportunistas e ainda há os efeitos colaterais da terapia anti-retroviral, competindo para facilitar a perda de 
peso. 
 Doenças crônicas: nesse grupo incluímos diversas doenças. Pacientes com insuficiência cardíaca e doença 
pulmonar obstrutiva crônica avançadas têm quadros de caquexia pelo aumento metabólico associado a níveis 
aumentados de TNF-a e da atividade autonômica simpática. Doenças do conectivo como lúpus e artrite 
reumatóide cursam com anorexia e esclerodermia podendo evoluir com dismotilidade esofágica. A uremia em 
pacientes renais crônicos leva a anorexia. Quadros neurológicos como seqüelas pós-AVC dificultando a ingesta 
ou a busca por alimento, quadros de parkinsonismo que cursam com disfagia, alteração da salivação e quadros 
demenciais como Alzheimer também são causas importantes de perda de peso com diminuição da ingesta. 
 Doenças gastrintestinais: sintomas associados a diversas doenças gastrintestinais podem se relacionar a 
queda na ingesta, como disfagia, empaxamento, náuseas e vômitos, dor abdominal. Doenças inflamatórias 
intestinais podem cursar com dor abdominal, gerando desconforto e perdas por má-absorção. Doença péptica 
cursa muitas vezes com dores importantes que levam a diminuição na ingesta. disfagia pode ter origem em 
tumores de cavidade oral, neoplasia esofágica ou por dismotilidade secundária a megaesôfago chagásico. 
Náuseas e vômitos são comunscom doença calculosa biliar crônica, úlcera péptica e neoplasias compressivas 
de estômago, pâncreas ou vias biliares. Gastrite atrófica é outra causa de perda de apetite. Pacientes com 
ressecção de segmentos do trato gastrintestinal também tendem a perder peso. 
 Doenças psiquiátricas: perda de mais de 5% do peso em um mês sem outra explicação é um dos critérios 
para diagnóstico de depressão, pacientes em mania podem simplesmente esquecer de comer pela 
hiperatividade, quadros psicóticos, esquizofrenia e catatonia podem gerar perda de peso por falta de procura 
por alimento. Há quadros de caquexia desencadeados por parada no uso crônico de neurolépticos. 
 Drogas e medicações: etilistas crônicos diminuem a ingesta de alimento seja pela carga calórica fornecida 
pelo álcool seja por condições psiquiátricas e gastrintestinais associadas. Fumantes tendem a ter baixo peso, 
tanto por inibição do apetite quanto por perda no prazer de comer por inibição das fibras olfatórias pela fumaça. 
Usuários de opióides também têm seus centros do apetite inibidos, bem como diminuição da motilidade 
intestinal e das secreções gástrica, biliar e pancreática. Anfetamina e Cocaína são anorexígenos por ação no 
https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/insuficiencia_adrenal.htm
https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/insuficiencia_cardiaca.htm
https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/doenca_pulmonar_obstrutiva_cronica.htm
https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/doenca_pulmonar_obstrutiva_cronica.htm
https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/anfetamina.htm
 5 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia 
centro da saciedade. Inibidores da recaptação de serotonina como fluoxetina e sertralina, biguanidas 
(metformin), digoxina, levodopa, antiinflamatórios não-hormonais, quimioterápicos e anti-retrovirais são 
outros exemplos de medicamentos ligados à perda de peso. 
Perda de peso voluntária 
 Pacientes que fazem controle dietético: pacientes obesos ou com sobrepeso devem ser encorajados a 
manter suas dietas com o objetivo de chegar ao seu peso ideal. Pacientes que se submetem a cirurgias 
bariátricas tendem a ter grandes perdas de peso em pouco espaço de tempo. 
 Anorexia nervosa e Bulimia nervosa: são condições mais freqüentes em mulheres jovens. Na anorexia 
ocorre uma busca incessante por uma imagem corporal distorcida muito abaixo do peso esperado para a 
pessoa, além de uma recusa muito grande em ganhar qualquer peso. Na Bulimia ocorrem episódios de ingesta 
abundante e descontrolada de alimentos, seguidos de atitudes compensatórias purgativas como indução de 
vômitos. A perda de peso é importante nas duas condições, mais pronunciada na anorexia. 
 
 
 
Epidemiologia da Síndrome Consumptiva 
A síndrome consumptiva possui incidência semelhante entre homens e mulheres. Seus principais fatores de 
risco são o tabagismo, a idade avançada e um autorrelato de “mal estado de saúde”, ou seja, uma saúde 
prejudicada basalmente. 
Esses fatores supracitados também são associados a um pior prognóstico no emagrecimento, assim como o 
fator idade (pacientes idosos), deficientes físicos e pacientes com doença sistêmica crônica. 
Se estima que 15 a 20% de todos adultos com mais de 65 anos terão emagrecimento involuntário se 
acompanhados e observados por um período de 5 a 10 anos. 
https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/fluoxetina.htm
https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/sertralina.htm
 6 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia 
Existem diversas etiologias para a síndrome consumptiva, que serão discutidas abaixo. No tocante a 
epidemiologia devemos nos atentar para as neoplasias malignas, a causa mais comum entre elas, ocorrendo 
em cerca de 15 a 37% dos pacientes com emagrecimento involuntário. 
Em seguida, existem as causas gastrointestinais não malignas e as causas psiquiátricas, ambas representando 
cerca de 10 a 20% do total. Mais de 25% dos casos de emagrecimento involuntário não apresentam uma causa 
definida. 
Brasil De acordo com pesquisas de saúde populacionais sobre a desnutrição/emagrecimento no Brasil, o 
emagrecimento involuntário atinge: 
• 8% das queixas ambulatoriais de adulto; 13% das queixas ambulatoriais de idosos; de 50 a 60% dos 
pacientes em cuidados domiciliares23; 
• 10% de recém-nascidos de baixo peso; 6% de crianças abaixo de 5 anos com insuficiência ponderal 
moderada a grave (UNICEF, 2004); 
• metade das mortes infantis estão associadas à DEP; 40% adultos com vulnerabilidade à fome (IMC < 
18,5 kg/m2) (OMS, 1996); 
• 10,4% de crianças apresentam DEP (17,9% região NE; 16,2% região Norte, 5,6% no Centro-Sul) (% baixa 
estatura, PNDS, 1996); 
• 15,9% de baixo peso (adultos): 15,4% masculino, 16,5% feminino. 
A porcentagem de desnutrição/baixo peso decresce até a idade de 45 anos, quando volta a subir, dando um 
salto a partir dos 65 anos em ambos os sexos (PNSN, 1991). Em acordo com esses dados, Morigutti et al.10, 
avaliando idosos brasileiros, demonstraram associação de morte prematura e aumento de morbidades e 
incapacidades, mesmo excluindo-se doenças pré-existentes, quando o emagrecimento era maior ou igual a 5% 
em 6 meses. Villas Boas24 analisou o emagrecimento em 55 pacientes idosos institucionalizados e constatou 
40% com IMC < 22 kg/m2 , 27,3% entre 22 e 27 kg/m2 e 32,7% acima de 27 kg/m2 , independentemente do 
gênero. Vasconcelos et al.25 analisaram 177 casos de câncer de mama e concluíram que a diminuição de massa 
corpórea na pré-menopausa aumenta o risco de neoplasia maligna de mama. Por outro lado, Costa et al.26, em 
estudo observacional retrospectivo de coorte, constataram, em 106 pacientes com neoplasia de mama 
tratados, aumento de peso durante o tratamento com QT neo-adjuvante e adjuvante; diminuição de peso 
associada à doença metastática e cuidados paliativos; nenhuma correlação entre variação de peso e sobrevida 
livre de doença ou sobrevida total. 
Manifestações clínicas 
Para todos os pacientes deve ser feito um completo interrogatório, a começar pelos sintomas mais comumente 
associados a perda de peso: febre, dor, dispnéia, palpitação ou sinal de doença neurológica. 
Questionar também sintomas gastrintestinais: disfagia, anorexia, náuseas, alteração de hábito intestinal. 
Pesquisar sobre uso de cigarro, álcool, outras drogas e medicamentos, passado cirúrgico, história familiar de 
neoplasia, procedência remota de áreas de doenças endêmicas, contato com tuberculose e fatores de risco 
para HIV. 
Deve-se lembrar de realizar uma adequada anamnese psíquica em busca de sintomas de depressão, ansiedade 
ou sinais de demência. Sempre perguntar sobre o uso de medicações e questionar sobre uso de drogas, lícitas 
ou ilícitas. 
As alterações observadas na caquexia associada ao câncer incluem anorexia, perda de peso, perda e atrofia da 
massa muscular, anemia e alterações no metabolismo de carboidratos, lipídeos e proteínas (ARGILÉS et al., 
1997). A depleção da proteína muscular constitui um aspecto de grande relevância, pois envolve não apenas o 
tecido muscular esquelético como também proteínas cardíacas, o que resulta em alterações importantes no 
desempenho cardíaco dos pacientes (ARGILÉS et al., 2005b). Atualmente, considera-se a caquexia como 
reunindo potencial epidêmico para as próximas décadas. 
Síndrome Consumptiva consiste na perda involuntária de peso maior que 10% do peso basal em um período de 
6 a 12 meses, apresentando como principais sintomas a diminuição de massa magra corporal, atrofia muscular, 
https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/disfagia.htm
https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/tuberculose.htm
 7 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia 
e depleção proteica (PINHEIRO et al, 2011). Em geral, está associada à febre documentada por mais de 30 dias, 
fraquezae diarréia (> 2 evacuações líquidas ou amolecidas/dia). Há associação com aumento da morbidade e 
da mortalidade e, maior susceptibilidade a infecções oportunistas e tumores (SAVI, 2013). Os principais fatores 
que contribuem para síndrome consumptiva são a falta de ingestão adequada, má absorção, irregularidades 
metabólicas, infecção oportunista não controlada e falta de atividade física. (KRAUSE, 2005) Apesar de a 
Síndrome Consumptiva apresentar como principal manifestação a perda de tecido gorduroso, outros sintomas 
são vistos em pacientes com esta patologia, tais como: dispneia, cansaço e falta de disposição (BISELLI e ATTA, 
2005). A perda de peso é mais preocupante quando ocorre acima de 40 anos de idade, em vista da maior 
prevalência de neoplasias e de fatores psicossociais e funcionais mais freqüentes nessa faixa etária, 
especialmente em idosos. Constitui fator de risco para aumento na mortalidade em pacientes submetidos a 
cirurgias eletivas, além de prejudicar a resposta à terapia medicamentosa 
Os dados de exame físico são importantes para auxiliar no raciocínio etiológico da perda de peso ao 
fornecer informações sobre a possível causa. A postura do médico nesses casos deve ser a de um examinador 
ativo em busca de qualquer pista que o ajude. Alguns pontos devem ser lembrados: 
 Pesar o paciente na primeira consulta e consecutivamente. Lembrar-se sempre de pesar e calcular o IMC 
do paciente, pois são as únicas formas objetivas de documentar a perda de peso, tanto para comparar com 
possíveis medidas prévias quanto para o seguimento evolutivo durante a investigação. 
 Sinais gerais. Febre pode apontar infecção ou neoplasia. Taquicardia pode se relacionar a hipertiroidismo 
ou abuso de anfetaminas. Dispnéia é uma pista para ICC e DPOC. Descoramento e anemia podem ser sinais de 
uma neoplasia. 
 Palpar a região cervical. Procure por aumento linfonodal e caracterize os linfonodos acometidos. Outro 
ponto a ressaltar é a palpação de tireóide, procurando por bócio ou nódulos. 
 Exame do tórax. Crepitação e sibilância, sopros e terceira bulha devem ser procurados. Lembrar que 
podem sugerir doenças cardíacas ou pulmonares. 
 Procurar por linfonodos aumentados em todas as cadeias do corpo. Diversas doenças neoplásicas e 
infecciosas estão relacionadas a linfonodomegalia. 
 Procure massas abdominais. Hepatomegalia e esplenomegalia, bem como presença de massas são pistas 
para doenças crônicas, infeccioas e neoplásicas. 
 Faça um exame neurológico, mesmo que sumário. Principalmente em pacientes idosos, usar um “mini-
mental” pode ser útil para investigar demências. 
 
PERDA DE PESO NÃO INTENCIONAL 
EXAMES 
Os exames iniciais para todos os pacientes devem incluir hemograma completo, ureia e eletrólitos, testes de 
função hepática, testes de função da tireoide, proteína C reativa, glicose e desidrogenase láctica, radiografia de 
tórax, exame de urina e pesquisa de sangue oculto nas fezes. 
Marcadores tumorais não são exames diagnósticos úteis e não devem ser usados como parte da avaliação 
inicial, já que podem levar a erros. 
Seu papel está no monitoramento da resposta ao tratamento em pacientes com câncer ou na detecção de 
recorrência precoce após o tratamento. 
Achados anormais na avaliação inicial devem orientar a investigação subsequente da causa para a perda de 
peso. 
Se a história, o exame físico e os exames iniciais estiverem normais, as evidências publicadas sugerem que não 
há indicação para continuar investigando imediatamente e que são aconselháveis três meses de “observação 
vigilante”, em vez de uma busca cega com exames adicionais, mais invasivos ou dispendiosos. 
 8 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia 
Como as doenças orgânicas são raramente encontradas em pacientes com exame físico e resultados 
laboratoriais normais, é improvável que esse período de espera tenha um desfecho adverso. 
Embora três sistemas de pontuação tenham sido desenvolvidos para ajudar os médicos a identificar quais 
pacientes com perda de peso têm probabilidade de apresentar uma causa física ou maligna e não uma causa 
psicológica ou social, nenhum deles foi validado em populações independentes que se apresentam com perda 
de peso. 
 
 
Na ausência de sinais e sintomas característicos, bem como testes iniciais negativos, rastrear neoplasias passa 
a ser de grande importância, lembrando que, se necessário, deve-se proceder a um exame de imagem como 
radiografia simples, exames de ultra-sonografia, tomografia computadorizada, endoscopias e biópsias 
direcionadas. Não se deve esquecer também que pacientes com fatores de risco (usuários de drogas injetáveis 
 9 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia 
ou com comportamento sexual de risco) devem fazer pesquisa para HIV e, no Brasil, sempre lembrar de 
tuberculose como diagnóstico diferencial. 
Exames 
O rastreamento do tipo de câncer apropriado à idade (p. ex., colonoscopia, mamografia) é indicado se não 
tiver sido feito anteriormente. Outros exames são feitos para as doenças suspeitas de acordo com as 
alterações verificadas na anamnese e no exame físico. Não existem diretrizes amplamente aceitas sobre 
outros exames para pacientes sem essas alterações focais. Uma sugestão de conduta é fazer os seguintes 
exames: 
• Radiografia de tórax 
• Exame de urina 
• Hemograma completo (HC) com contagem diferencial 
• Velocidade de hemossedimentação (velocidade de sedimentação das hemácias) ou proteína C reativa 
(CRP) 
• Teste para HIV 
• Bioquímica sérica (eletrólitos, cálcio e provas de função renal e hepática) 
• Concentração de TSH 
As alterações encontradas nestes exames serão seguidos de outros exames, conforme indicação. Se todos os 
resultados dos exames forem normais e os exame físico também for normal, outros exames mais complexos 
(p. ex., TC, RM) não são recomendados. Este tipo de exame não é muito útil e pode ser enganoso e prejudicial 
ao revelar resultados não relacionados fortuitos. Deve-se instruir esses pacientes como assegurar uma 
ingestão calórica adequada e devem ser submetidos a uma avaliação de acompanhamento depois de cerca 
de 1 mês com medida do peso. Se os pacientes continuarem a perder peso, deve-se repetir toda a anamnese 
e o exame físico porque os pacientes podem compartilhar informações importantes não reveladas 
anteriormente, e novas alterações físicas sutis podem então ser detectadas. Se a perda ponderal continuar e 
todos os outros resultados permanecerem normais, deve-se considerar outros exames mais complexos (p. 
ex., TC, RM). 
Na avaliação nutricional global, incluem-se a pesquisa do grau de perda de massa magra e gordurosa, 
micronutrientes e suas repercussões sistêmicas. São eles: 
• albumina sérica: é a proteína corpórea mais utilizada para avaliação de desnutrição, podendo-se medir também 
a pré-albumina e a transferrina; 
• excreção de creatinina urinária de 24 horas: dosagem indireta da excreção da creatinina muscular esquelética; 
• balanço nitrogenado corpóreo e/ou excreção urinária de nitrogênio: balanço entre aporte de nitrogênio oral, 
parenteral ou enteral e perdas urinárias, fecais ou de outras fontes intestinais (drenos, fístulas); 
• metabolismo basal = taxa de metabolismo basal (TMB) x fator estressor x fator de atividade ou pela dosagem de 
calorimetria indireta; 
• calorimetria indireta: técnica de consumo de O2 e produção de CO2 (medidas de consumo de energia) para 
calcular o gasto de energia de repouso e quociente respiratório. Um litro de O2 consumido corresponde a 3,9 
kcal (16,32 kj); 1 L de CO2 produzido gera 1,1 kcal (4 kj). A calorimetria indireta mede com precisão o gasto de 
energia diária; 
• bioimpedância ou impedância bioelétrica: por meio de corrente fraca e posicionando-se eletrodos no dorso das 
mãos e dos pés, quantifica-se o teorde massa magra, gordura e água corpórea; 
• ressonância magnética: por meio de campo magnético, dosa-se o teor de gordura e a musculatura corpórea, é o 
método mais utilizado durante a fase de recuperação para monitorar a restauração de massa magra versus massa 
e gordura; 
• dosagem de vitaminas e sais minerais: pesquisa de micronutrientes como ferro, zinco, vitaminas (B12, B6) e ácido 
fólico. Dosagem indireta de vitamina: K pelo tempo de protrombina (fatores K-dependentes), hemograma 
(carência de ácido fólico, B12, ferro), índice de segmentação neutrofílica (B12); 
 
 10 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia 
3. Classificar os graus de emagrecimento e seus sinais de alerta; 
Não encontrei exatamente os graus de emagrecimento, mas encontrei os estágios da caquexia em casos de 
câncer. 
Devido às diferentes manifestações e níveis de gravidade, em 2011 foi elaborado um consenso internacional 
que classifica e define os três estágios da síndrome da caquexia em câncer: 
– Pré-caquexia: é definida com base na presença de todos os seguintes critérios: doença crônica subjacente, 
como o câncer; perda de peso involuntária ≤ 5% do peso corporal durante os últimos seis meses; resposta 
inflamatória sistêmica crônica ou recorrente; anorexia ou sintomas relacionados com anorexia. Na pré-
caquexia, o risco de progressão é variável e depende de fatores como, o tipo de câncer e de seu estágio, a 
presença de inflamação sistêmica, baixa ingestão alimentar e falta de resposta à terapia anticâncer. 
– Caquexia: é considerada quando há perda de peso corporal ≥ 5%, ou de 2%, com índice de massa corporal 
(IMC) inferior a 20 kg/m2, ou sarcopenia acompanhada de perda de peso corporal equivalente ou superior a 
2%. Além disso, apresentam redução frequente da ingestão alimentar e inflamação sistêmica. 
– Caquexia refratária: ocorre como resultado de um câncer muito avançado (pré-terminal) ou a presença de 
câncer que progrediu rapidamente e que não responde a terapia anticâncer. Esta fase está associada com 
catabolismo ativo e presença de fatores que tornam difícil a manutenção do peso corporal. A caquexia refratária 
é caracterizada também pela expectativa de vida inferior a três meses. Nestes casos, as intervenções 
terapêuticas são focadas na atenuação das consequências e complicações da caquexia, por meio do aumento 
de estímulo do apetite, controle das náuseas e para amenizar os sofrimentos dos pacientes e familiares. 
Sinais de alerta 
• Febre, sudorese noturna, linfadenopatia generalizada 
• Dor óssea 
• Dispneia, tosse, hemoptise 
• Medo inapropriado de ganho ponderal em uma adolescente ou jovem 
• Polidipsia e poliúria 
• Cefaleia, claudicação mandíbular e/ou alterações visuais em um adulto mais velho 
• Manchas de Roth, lesões de Janeway, nódulos de Osler, hemorragia ungueal, embolia retiniana 
Manchas de Roth – hemorragias com centro branco correspondentes a células tumorais e trombos 
fibrinoplaquetários ocluindo vasos sanguíneos rompidos; Epiteliopatia pigmentada leucêmica – manchas de 
leopardo. Oclusões venosas com conseqüente neovascularização periférica. 
lesões de Janeway: Essas lesões são indolores para o paciente, e estão representando embolias que ocorrem 
naqueles vasos periféricos. Elas não requerem nenhum tipo de tratamento específico, e, na grande maioria das 
vezes, somem quando a doença de base que levou ao seu aparecimento é tratada. 
Os nódulos de Osler são pequenas elevações do tamanho de uma ervilha, dolorosas, mas frequentemente 
encontradas na face anterior das extremidades dos dedos, na eminência tenar e hipotenar ou nas plantas dos 
pés. Ainda que incomuns, eles são relativamente específicos para endocardite infecciosa. 
 
4. Entender os “nove D’s” e a sua utilização; 
Vários auxílios foram criados para permitir aos médicos considerarem as várias causas possíveis para a perda 
de peso não intencional em pacientes idosos. Eles incluem os “9 Ds da perda de peso em idosos”14 e a 
mnemônica “meals on wheels” 
Segundo Robbins, podem-se resumir as causas de perda de peso em idosos com o mnemônico dos nove 
"Ds": dentição (próteses dentárias mal-adaptadas, dor ao mastigar, diminuição do paladar, lesões 
gengivais); disgeusia (perda do olfato e do paladar com a idade, efeito de 
 11 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia 
drogas); disfagia; diarreia; doença; depressão; demência (perda progressiva dos instintos de sede e 
fome); disfunção (perda de ente querido, condições socioeconômicas precárias, dependência); drogas. Estão 
envolvidos, muitas vezes, um ou mais fatores. 
Robbins35 preconiza o método mnemônico dos 9 “D” para pesquisa de emagrecimento no idoso, ao qual alguns 
autores, com humor, sugerem a adição do “10o D” (Tabela IV). Alibhai et al.8 enfatizam que a causa de 
emagrecimento no idoso geralmente é múltipla e preconizam o mnemônico MEALS ON WHEELS para pesquisa 
de emagrecimento no idoso: M: medicações. E: emocional (problemas emocionais). A: anorexia 
tardive/alcoolismo. L: late-life paranoia (paranóia de incidência tardia). S: swalowing disorders (distúrbio da 
deglutição). O: oral factors (fatores orais, como dentição em mau estado). N: no money (sem dinheiro). W: 
wondering and other dementia-related behaviors (esquecimento e outros comportamentos relacionados com 
demência). H: hipertireoidismo, hipotireoidismo, hiperparatireoidismo, hipoadrenalismo. E: enteric problems 
(problemas entéricos, má absorção). E: eating problems (distúrbios alimentares, incapacidade de alimentar-se 
sozinho). L: low salt, low cholesterol diets (dietas com restrição de sal e colesterol). S: social problems, gallstones 
(problemas sociais: isolamento, incapacidade de obter alimentos favoritos; colecistopatia calculosa). 
 
5. Estudar o manejo do paciente com caquexia (tratamento: alimentação, suplementação, etc.); 
O tratamento do emagrecimento involuntário e a correção da desnutrição/caquexia são multifatoriais e 
necessitam de estratégia integrada multidisciplinar. Objetivam a maior recuperação possível da função 
fisiológica adaptada com capacitação física, melhora da função muscular e orgânica e competência imunológica. 
Requerem um tempo muito maior que o tempo de instalação do processo e está baseado, na prática, em 3 
pontos: 
1. Definir metas significativas e possíveis: peso, composição corpórea, força, desempenho e status, 
apetite e qualidade de vida específicos individualmente para cada paciente. 
2. Definir medidas de tratamento (multidisciplinar): nutrição, medicação, exercício (dentista, assistência 
social, fisioterapia, fonaudiologia, enfermagem, médico). 
3. Para perdas de peso causadas por doença específica, seguir a terapia prescrita no tratamento da causa 
de base. 
Avaliação multidisciplinar 
1 Avaliação psicossocioconômica: acesso às necessidades básicas (abrigo, alimentação), tratamento de 
distúrbios do humor (depressão e compulsão alimentar), distúrbios alimentares (anorexia nervosa e bulimia). 
Inclusão (sensibilização, orientação, adesão, participação e intervenção) da família no tratamento. Em casos 
precoces, a anorexia nervosa pode ser tratada com internação hospitalar sob rígida supervisão. Mesmo após 
aparente cura, pacientes com anorexia nervosa devem manter consultas médicas regulares, pois recidivas são 
muito freqüentes. 
2 Avaliação bucal e de deglutição (principalmente idosos, pacientes com distúrbios alimentares tipo anorexia e 
bulimia, distúrbios neurológicos e doenças com mucosites como tumores, HIV, imunossuprimidos): avaliação 
de dentista, fonaudiólogo, otorrinolaringologista. 
3 Atividade física: 
• leve à moderada diariamente (quando tolerar); 
• se possível, exercício de resistência (peso) para aumentar a musculatura contrapondo-se ao ganho de 
massa de gordura (efeito anabolizante); 
 12 Tutorial 1Fadiga, perda de peso e anemia 
• exercício em excesso induz perda de peso (cálculo individualizado); 
• em idosos, ter cuidado com quedas; além de melhorar a musculatura, prevenir osteoporose e evitar 
quedas, o exercício, se não for bem orientado, pode também predispor a quedas e causar fraturas. 
4 Intervenção nutricional - Apesar do mau aproveitamento de nutrientes durante processos 
inflamatórios/proliferativos, o aporte nutricional deve ser aumentado na tentativa de manter/reverter o 
balanço energético negativo. A dieta deve conter refeições pequenas e freqüentes e ser balanceada para 
impedir ganho predominante de gordura, se possível, dentro das preferências do paciente. As causas digestivas 
de intolerância alimentar (anorexia, refluxos gastrintestinais, vômitos, diarréias, mucosites, dumping, 
empachamentos, distensões abdominais, intolerância medicamentosa, laxativos) devem ser tratadas 
especificamente com medicações sintomáticas e orientação disciplinar. 
4.1 Checagem da ingesta: 
• anotar diário dietético; 
• comparar alteração de peso e total de calorias consumidas. 
4.2 Uso de produtos enterais (sondagens: nasogástrica, nasoenteral, gastrostomia, jejunostomia): 
• indicações: ingestão oral insuficiente, doenças neuromusculares, incapacidade de alimentação via oral 
(cirurgia ou ventilação mecânica invasiva); 
• contra-indicações absolutas: obstrução mecânica digestiva; 
• contra-indicações relativas: diarréia, vômitos, fístulas, aspiração (responsável por 40% da mortalidade). 
4.3 Considerar nutrição parenteral se prognóstico e qualidade de vida justificarem. 
Desvantagens: necessita de internação hospitalar ou recursos domiciliares de enfermagem/médico, além de 
predispor à infecção. 
4.4 Cálculo de macro e micronutrientes da dieta: deve ser baseado no cálculo de gasto de energia ou medido 
diretamente (em pacientes internados, calcular pela calorimetria indireta) 
4.4.1 Cálculo do gasto de energia5,7: 
• determinar a taxa do metabolismo basal (TMB: 25 kcal/kg (adulto jovem); 20 kcal/kg (idosos), com 
aumento de 30 a 40% para pacientes doentes); 
• determinar o nível de atividade como aumento fracionado da TMB + exercício de resistência como 25 
a 50% de aumento; 
• estimar o fator estressor (físico e/ou orgânico) por meio de tabelas pré-determinadas. 
Energia = TMB x fator atividade x fator estressor 
4.4.2 Necessidades de macronutrientes: 55 a 60% de carboidratos, 20 a 25% de gordura, 20 a 25% de proteínas: 
• carboidratos: normal = 3,3 kcal/g (máximo tolerável: 7 a 8 g/kg/dia; preferir carboidratos complexos e 
não açúcares simples; aplicar insulina se glicemia > 250 mg/dL; diminuir o aporte se hiperglicemia 
severa); 
• gordura: normal = 0,2 kcal/g (máximo de 2 g/ kg/dia); 
• proteína: normal = 0,8 g/kg/dia (adulto); 1 a 1,2 g/ kg/dia (idoso). Se albumina sérica de 3,5 a 2,7 g/dL 
= 1 a 1,5 g/kg/dia (déficit moderado). Se albumina sérica < 2,7 g/dL = 1 a 2,5 g/kg/dia (déficit severo). 
4.4.3 Necessidades de micronutrientes: 5 a 10 vezes as necessidades basais/dia até correção do processo 
catabólico. Os antioxidantes, entre eles a glutationa feita de glutamina e a cisteína, têm grande importância, 
além de vitaminas C e E e do betacaroteno, associados aos co-fatores enzimáticos como zinco, manganês e 
cobre (vitamina C = 1 a 2 g; vitamina E = 400 a 1.000 UI; betacaroteno = 50 a 100 mg; cobre = 2 a 3 mg; manganês 
= 20 a 50 mg; selênio = 100 a 150 mcg; zinco = 5 mg). 
4.5 Água: bom aporte de macro e micronutriente com aporte hídrico insuficiente leva a processamento baixo 
de nutrientes e pode acentuar o grau de desidratação e falência renal. Recomenda-se 1 a 1,5 mL/caloria 
consumida + reposição adicional das perdas por doença e medicações; 30 a 35 mL/kg de peso; mínimo de 1.500 
 13 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia 
mL/dia. Alibhai et al.8 preconizam pesquisar 2 referências canadenses validadas para avaliação nutricional no 
idoso: Mini Nutritional Assessment (www.mna-elderly.com) e Nutrition Screening Initiative 
(www.aafp.org/x16081. xml), criados pela American Academy of Family Physician associada à American Dietetic 
Association. 
5 Intervenção medicamentosa 
Não existe suporte científico validado na literatura para a utilização de tratamento medicamentoso de 
emagrecimento involuntário, limitando-se apenas, na maioria das vezes, a estudos pequenos, sem casos-
controle necessários, e com benefícios de pequeno e restrito ganho de peso, sem evidências de melhora na 
morbidade e na mortalidade ou melhora da qualidade de vida5,8,10. A maioria desses agentes induz efeitos 
colaterais importantes, particularmente em pacientes de alto risco, como idosos, fragilizados e desnutridos, 
limitando sua utilização. Porém, a terapêutica por meio de suplementação de macro e micronutrientes, 
sintomáticos quando indicados como analgésicos, ansiolíticos, antidepressivos, antieméticos, antidiarréicos, 
protetores gástricos e procinéticos (metoclopramida, domperidona) e anabolizantes são sugeridos na literatura 
na tentativa de melhorar a qualidade de vida. Depressão, independentemente da idade, sempre deve ser 
tratada, após afastar/tratar tireoidopatia pré-existente. As drogas anabolizantes/orexígenas mais estudadas são 
glicocorticóides, progesterona, derivados de testosterona, ornitina e derivados canabinóides, como dronabinol, 
nabilona. 
5.1 Glicocorticóides: apesar do seu baixo custo, somente são utilizados para tratamento de doença específica, 
pois mesmo sendo orexígenos e produzindo sensação de “bem-estar” (euforia), pioram o catabolismo protéico 
e ósseo e aumentam o risco de infecções. 
5.2 Progesterona acetato de megestrol: é associado a discreto ganho de peso e talvez de qualidade de vida em 
pacientes com HIV e neoplasias, porém aumenta predominantemente a gordura, e não a massa magra, o risco 
de tromboses e embolia, e retém água, produzindo edema, fatos que limitam sua utilização em idosos7,23,37. 
5.3 Oxoglutarato de ornitina: é uma enzima que catalisa a reação de L-ornitina+2-cetoácidos liberando 
glutamina, arginina e poliaminas. Tem efeito orexígeno e imunomodulador, principalmente via neutrófilo, e 
podem produzir discreto aumento de peso e melhora da qualidade de vida e apetite38. 
5.4 Dronabinol: é um canabinóide (tetra-hidrocanabinol) indicado como antiemético e orexígeno. Volicer et al., 
em estudo randomizado em pacientes com Alzheimer que se recusavam a se alimentar, testaram o dronabinol 
e a cipro-heptadina (orexígeno anti-histamínico anti-serotoninérgico), constatando efeito orexígeno e 
antiemético, sem alteração da composição corpórea, porém com efeitos colaterais importantes no SNC 
(sistema nervoso central) e imunossupressores39. 
5.5 Hormônio de crescimento (GH): Chu et al.40 testaram GH recombinante em idosos caquéticos e obtiveram 
melhora do tempo de caminhada. Porém, sua utilização em outros estudos foi associada ao aumento da 
mortalidade. 
5.6 Testosterona modificada: derivados de testosterona com configuração de 17-alfametil; drogas orais como 
oxandrolona e 17-beta-éster para administração parenteral foram sugeridos no tratamento da caquexia em 
aids, grandes queimados e feridas extensas e, mais raramente, idosos. Induzem aumento discreto de peso total 
e de massa magra, aumento de retenção de nitrogenados, aumento de síntese muscular e aparente melhora 
da qualidade de vida e do status funcional, porém apresentam toxicidade hepática e retenção hídrica. 
Várias drogas anabolizantes estão sendo testadas, como outros androgênicos, orexígenos com terapias 
anticitocinas, neurotransmissores como monoaminérgicos hipotalâmicos, anticolecistocininas, análogos do 
neuropeptídeo Y, canabinóides e antileptina com resposta aparentemente promissora5,8. Para o paciente 
idoso, preconiza-se identificar e tratar a causa específica associada a suporte nutricional. Sempre tratar 
depressão quando sintomática após afastartireoidopatias e infeccções ou distúrbios metabólicos. A 
realimentação pode ser associada às drogas orexígenas no tratamento de má nutrição protéica, apesar de seu 
uso não estar totalmente comprovado na literatura, pois a avaliação precoce da nutrição e a prevenção de 
perda de peso durante o estresse e a hospitalização nos idosos são fatores que melhoram o prognóstico. 
Manejo da perda de peso não intencional em idosos 
 14 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia 
O princípio mais importante do manejo é identificar e tratar qualquer causa subjacente. O manejo ideal costuma 
exigir avaliações multidisciplinares (médicos, dentistas, nutricionistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, 
terapeutas ocupacionais e serviços sociais).20 Sugerimos enfaticamente a revisão dos medicamentos em uso a 
fim de tentar eliminar aqueles cujos efeitos colaterais possam estar contribuindo para a perda de peso. Se 
houver suspeita de uma causa psiquiátrica para a perda de peso, como depressão, recomendamos uma 
avaliação por um psicogeriatra ou psicólogo. Nesses casos, deve-se considerar o tratamento com um 
antidepressivo, já que a depressão é uma causa potencialmente reversível da perda de peso. Se a avaliação 
inicial for negativa, sugerimos que os pacientes sejam reavaliados após três meses para estabelecer se houve 
desenvolvimento de qualquer outro sintoma ou sinal e verificar seu peso. Enquanto isso, como faltam 
evidências que indiquem qualquer tratamento com medicamentos,1,20 pode-se usar uma variedade de 
intervenções não farmacológicas. 
Intervenções não farmacológicas para a perda de peso não intencional em pacientes idosos 
Otimização do consumo de alimentos: 
O paciente deve ser encorajado a ingerir refeições menores com maior frequência. O paciente deve ser 
incentivado a ingerir seus alimentos e lanches preferidos; as restrições dietéticas devem ser restringidas, pois 
geralmente são pobres em energia e menos palatáveis, aumentando o risco de perda de peso em pacientes 
idosos. O paciente deve ingerir alimentos com alto teor energético na principal refeição do dia (pessoas idosas, 
particularmente aquelas com demência, tendem a consumir a maior parte da energia diária no café da manhã). 
A apresentação e a variedade da dieta devem ser melhoradas, o que oferece um benefício particular para 
pacientes com demência. O paciente deve alimentar-se acompanhado ou com auxílio, pois isso melhora o 
aproveitamento das refeições e, portanto, aumenta a ingestão.2 Muitos idosos apresentam deficiências físicas 
ou cognitivas que prejudicam sua capacidade de se alimentar sem auxílio ou incentivo. Os serviços comunitários 
de apoio nutricional (como os programas “meals on wheels”) são recomendados para pacientes idosos na 
comunidade, já que melhoram o consumo dietético. 
Suplementos nutricionais orais, se recomendados por um nutricionista: 
Os suplementos nutricionais orais (como bebidas de alto teor energético) demonstraram aumentar o consumo 
diário de energia e o ganho de peso, embora sejam limitadas as evidências de que resultem em benefício de 
longo prazo para a saúde, capacidade funcional e sobrevida em pacientes idosos subnutridos. Os suplementos 
devem ser consumidos entre as refeições para evitar a supressão do apetite e a diminuição do consumo de 
alimentos na hora das refeições. 
Comprimidos diários de multivitamínicos: 
Os multivitamícos são recomendados por alguns autores, devido à alta prevalência de deficiências nutricionais 
em idosos, porém há poucas evidências de que resultem em redução da perda de peso. 
Boa saúde oral: 
Problemas com a dentição e a saúde oral são causas comumente ignoradas para a perda de peso. 
Realização de exercícios regulares ou fisioterapia: 
Exercícios regulares (particularmente de resistência) também são recomendados para pacientes idosos frágeis, 
já que estimulam o apetite e previnem a sarcopenia. A fisioterapia pode ajudar a alcançar esses objetivos em 
alguns pacientes. 
6. Compreender a síndrome do idoso frágil; 
Assim, Woodhouse (1988) definiu como frágil o idoso dependente de outros para as atividades da vida diária e 
Gillick (1989) classificou como frágeis as pessoas debilitadas, que não podiam sobreviver sem o auxílio de 
outros. 
Com o passar do tempo, e especialmente na última década, o conceito de fragilidade do idoso evoluiu para 
proposições de natureza não mais exclusivamente funcionais, mas, agora, de base fisiopatológica. Com o 
desenvolvimento de mais pesquisas, Fried e colaboradores definiram a fragilidade como uma síndrome de 
 15 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia 
declínio espiral de energia, embasada por um tripé de alterações relacionadas ao envelhecimento, composto 
por sarcopenia, desregulação neuroendócrina e disfunção imunológica. Os idosos portadores desta tríade 
estariam propensos à redução acentuada da massa muscular e a um estado inflamatório crônico que, se 
associados a fatores extrínsecos como a incidência de doenças agudas ou crônicas, a imobilidade, a redução da 
ingestão alimentar e outros, levariam a um ciclo vicioso de redução de energia e aumento da dependência e 
susceptibilidade a agressores, ou seja, estas três alterações, quando intensas o suficiente, interagiriam de 
maneira deletéria (p. ex., a inflamação e as alterações hormonais induzindo a sarcopenia; esta, por sua vez, 
diminuindo a atividade física e promovendo mais inflamação e alterações hormonais), precipitando a ocorrência 
de um ciclo autossustentado de redução de energia, perda de peso, inatividade, baixa ingestão alimentar e 
sarcopenia. 
As manifestações da síndrome da fragilidade propostas por Fried et al. são perda de peso não intencional, 
fraqueza muscular, fadiga, redução da velocidade da marcha e redução do nível de atividade física. 
O estudo da fisiopatologia da fragilidade é dificultado pela complexidade dos sistemas envolvidos e pela 
coexistência frequente de doenças agudas, crônicas e incapacidades. Segundo a teoria proposta por Fried et al. 
(2001), a síndrome seria embasada na redução da atividade de eixos hormonais anabólicos, na instalação da 
sarcopenia e na presença de um estado inflamatório crônico subliminar (Figura 90.1). Estas três alterações, 
quando intensas o suficiente, interagiriam de maneira deletéria (p. ex., a inflamação e as alterações hormonais 
induzindo a sarcopenia; esta, por sua vez, diminuindo a atividade física e promovendo mais inflamação e 
alterações hormonais), precipitando a ocorrência de um ciclo autossustentado de redução de energia, perda 
de peso, inatividade, baixa ingestão alimentar e sarcopenia. Diversos fatores, como doenças agudas e crônicas, 
alterações próprias do envelhecimento, efeito de medicamentos, quedas e outras condições mórbidas, 
contribuiriam para que uma pessoa idosa entrasse no ciclo de fragilidade (Figura 90.2). 
 
7. Explicar como os fatores biopsicossociais interferem na perda de peso e a importância da atuação da equipe 
multidisciplinar. 
No indivíduo idoso, Moriguti et al.10 classificaram as causas de perda de peso em 4 categorias: social (queda 
do poder econômico por aposentadoria, perda da renda própria ou sustento de familiares), psiquiátrica 
(demência, depressão), secundária às condições médicas (doença e/ou remédios) e relacionadas à idade 
(mecânica da deglutição, envelhecimento dos sistemas). Villas Boas24, em estudos de idosos 
institucionalizados, associou IMC < 22 kg/m2 a hipoalbuminemia e queda de vitamina E, e sugeriu que o estresse 
oxidativo teria papel relevante na fisiopatologia do emagrecimento nesses indivíduos 
Orgânicas: As causas orgânicas da perda de peso incluem câncer, distúrbios clínicos não malignos e efeitos 
colaterais de certos medicamentos 
Psicossociais: Estudos observacionais publicados relatam que transtornos psiquiátricos, particularmente 
demência e depressão, sãoa principal causa da perda de peso sem explicação em 10-20% dos pacientes idosos. 
Esse número sobe para 58% em residentes de asilos. 
 16 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia 
Déficit cognitivo: Pacientes com déficit cognitivo que estão agitados ou que têm tendência a “perambular” 
podem gastar muita energia. Outros podem esquecer que precisam comer ou ficam desconfiados ou paranoicos 
em relação à comida. As habilidades de autoalimentação são perdidas com a progressão da doença de 
Alzheimer, podendo haver o desenvolvimento de disfagia. 
Depressão: A depressão pode causar perda de peso devido à falta de apetite ou de motivação para comprar e 
preparar os alimentos. Está mais comumente associada à perda de peso em idosos do que em adultos jovens, 
tendo sido relacionada a um aumento na mortalidade em uma revisão sistemática de pacientes idosos (>65 
anos) que vivem na comunidade (razão de chances estimada para mortalidade com depressão de 1,73, 1,53 a 
1,95).18 As taxas de depressão reportadas na comunidade variam consideravelmente, de acordo com uma 
revisão sistemática de 34 estudos baseados na comunidade sobre a prevalência desse quadro em uma etapa 
tardia da vida (>55 anos), mas podem chegar a 35%, dependendo dos critérios usados para definir a depressão. 
Prevalências mais altas têm sido relatadas em idosos institucionalizados. 
Fatores socioeconômicos: A pobreza ou o isolamento social podem contribuir para a perda de peso nos idosos 
devido ao consumo de alimentos inadequados e à subnutrição. Déficits físicos ou cognitivos podem impedi-los 
de ir às compras, reduzindo, assim, a disponibilidade dos alimentos preferidos. A incapacidade de cozinhar e de 
se autoalimentar pode contribuir ainda mais para a ingestão insuficiente de alimentos, já que alguns idosos 
contam apenas com parentes ou cuidadores, que podem visitá-los de maneira ocasional. 
Causa desconhecida: a causa para a perda de peso permaneceu desconhecida em 16-28% dos pacientes em 
estudos observacionais prospectivos e retrospectivos publicados, apesar das extensas investigações durante 
períodos que variaram de seis meses a três anos. Isso pode ter acontecido porque os pacientes idosos 
geralmente apresentam múltiplas comorbidades, e não uma única doença grave, usam múltiplos 
medicamentos e podem apresentar problemas psicológicos ou sociais. Talvez cada fator individual não seja 
suficiente para causar perda de peso substancial, mas o efeito cumulativo pode resultar em perda de peso 
clinicamente importante. Todos os estudos que avaliaram o prognóstico de pacientes idosos com perda de peso 
não intencional concluíram que os que se encaixam nessa categoria de “causa desconhecida” têm prognóstico 
muito melhor do que aqueles com câncer, e não pior do que os pacientes diagnosticados com causas não 
malignas.3 Casos de câncer diagnosticados no contexto da perda de peso involuntária costumam ter 
prognóstico ruim, pois geralmente estão avançados quando a perda de peso se torna aparente. 
 
Fontes gerais: Tratado de geriatria e gerontologia 4ed – freitas/py 
FMUSP - Clínica Médica - Vol 1 – capitulo 5 
https://www.passeidireto.com/arquivo/85742429/caquexia-sindrome-consumptiva-sindrome-do-idoso-
fragil 
Fontes do 1 objetivo: 
https://eventos.set.edu.br/cie/article/view/5947 
https://www.sanarmed.com/sindrome-consumptiva 
https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/4645/TESE%20PRONTA.pdf?sequence=2&isAllowed=y 
https://www.scielo.br/j/rbgg/a/pRK5kvvX89Zww59hvGrmw7C/?lang=pt 
Fontes do 2 objetivo: 
https://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1329/perda_de_peso.htm 
http://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/73254 
https://www.sanarmed.com/sindrome-consumptiva 
https://www.passeidireto.com/arquivo/85742429/caquexia-sindrome-consumptiva-sindrome-do-idoso-fragil
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 17 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia 
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/t%C3%B3picos-especiais/sintomas-
inespec%C3%ADficos/perda-ponderal-involunt%C3%A1ria 
Fontes do 3 objetivo: 
https://nutritotal.com.br/pro/qual-a-importa-ncia-de-reconhecer-as-diferentes-fases-da-sa-ndrome-
da-caquexia-em-ca-ncer/ 
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/t%C3%B3picos-especiais/sintomas-
inespec%C3%ADficos/perda-ponderal-involunt%C3%A1ria 
Fontes do 4 objetivo: 
http://rmmg.org/artigo/detalhes/390 
Dar uma olhada em http://ggaging.com/details/280/pt-BR/mnemonic-in-geriatrics 
Fontes do 5 objetivo: 
https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1331500198BMJ%20-%20Brasil.pdf 
FMUSP - Clínica Médica - Vol 1 – capitulo 5 
Fontes do 6 objetivo: 
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2409481/mod_resource/content/1/O%20Idoso%20Fragil.p
df 
Fontes do 7 objetivo: 
https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1331500198BMJ%20-%20Brasil.pdf 
 
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/t%C3%B3picos-especiais/sintomas-inespec%C3%ADficos/perda-ponderal-involunt%C3%A1ria
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/t%C3%B3picos-especiais/sintomas-inespec%C3%ADficos/perda-ponderal-involunt%C3%A1ria
https://nutritotal.com.br/pro/qual-a-importa-ncia-de-reconhecer-as-diferentes-fases-da-sa-ndrome-da-caquexia-em-ca-ncer/
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