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1 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia 1. Definir: síndrome consumptiva, caquexia e sarcopenia; Embora não exista uma definição universalmente aceita da perda de peso clinicamente importante, a maior parte dos estudos observacionais a define como uma redução de 5% ou mais do peso corporal em 6-12 meses. Para considerar a variabilidade do peso basal, a perda de peso é expressa como porcentagem, e não como um valor absoluto; por exemplo, uma perda de 2-3 kg é menos relevante em um paciente de 90 kg do que em um idoso frágil, que já está abaixo do peso. A mortalidade em 1-2,5 anos relacionada à perda de peso clinicamente importante varia de 9% a 38%,1 e os grupos particularmente em risco incluem idosos frágeis, idosos com baixo peso corporal basal e idosos internados recentemente. Síndrome consumptiva: perda involuntária de peso maior que 10% do peso basal em um período de 6 a 12 meses, apresentando como principais sintomas a diminuição de massa magra corporal, atrofia muscular, e depleção proteica. A Síndrome Consumptiva pode também ser encontrada como “emagrecimento involuntário” em diversas literaturas. Ambos podem ser definidos como o estado patológico resultante de absoluta ou relativa deficiência de proteína e energia. Portanto, pense em uma balança na qual em um lado se encontra o gasto de energia e do outro o consumo dessa energia. Caso a balança pese mais no gasto de energia, ocorre o emagrecimento. Quando o emagrecimento ocorre de maneira involuntária geralmente está associado a alguma patologia, demandando avaliação e tratamento. Para abordar este tema, devemos dominar alguns conceitos. A caquexia é a perda de peso associada à perda de massa muscular, podendo haver ou não perda de gordura. É o estado mais grave do emagrecimento. A desnutrição, por sua vez, é a deficiência de nutrientes específicos ou globais, associada ou não com a perda de peso. A sarcopenia é usualmente uma síndrome geriátrica, caracterizada por perda de massa muscular, de força e de desempenho, gerando um déficit funcional no idoso. Por fim, a desnutrição energético-proteica (DEP) ocorre por aporte inadequado de energia associado ou não ao déficit de proteínas. Para definição da síndrome consumptiva, devemos ter em mente que tanto o grau de emagrecimento, bem como o tempo em que ele ocorreu, devem ser avaliados sempre de acordo com o seu peso basal anterior ao quadro de emagrecimento involuntário. Considera-se emagrecimento involuntário se houve perda de > 2% do peso basal em 1 semana, >5% em 1 mês, >7,5% em 3 meses e > 10% em 6 a 12 meses. Algumas situações devem ser avaliadas de forma específicas, como em idosos, nos quais considera-se síndrome consumptiva em perdas maiores que 5% em 6 a 12 meses e em pacientes portadores de anorexia nervosa, nos quais considera-se emagrecimento involuntário em perdas maiores que 15% em 6 meses. Caquexia: A caquexia é uma síndrome associada à perda de massa celular, reduzida ingestão de alimento, diminuição de atividade física e acelerada degradação de proteínas (LANGSTEIN; NORTON, 1991; WALSMITH; ROUBENOFF, 2002). Esta disfunção metabólica ocorre em muitas doenças crônicas tais como AIDS, câncer, insuficiência crônica do coração, falência crônica dos pulmões, cirrose hepática, deficiência renal, artrite reumatoide e sepse. Embora a caquexia sempre inclua um componente de redução na ingestão de alimentos, ela difere da "semi-inanição" pelo fato de que há também alterações metabólicas que diferem da resposta normal à reduzida ingestão de alimentos (EMERY, 1999). Isto significa que a perda de massa corporal pode ocorrer mais rapidamente do que seria de se esperar de uma redução da ingestão de alimentos de igual magnitude ou ainda, que a composição desta perda pode devido a uma maior proporção de perda de tecido não-gorduroso em relação ao adiposo (EMERY, 1999). A caquexia representa a consequência clínica de uma resposta inflamatória sistêmica crônica, sendo que suas manifestações diferem consideravelmente do estado de “semi-inanição”, embora, na maioria dos casos a anorexia esteja presente. Esta severa condição patológica ocorre na maioria dos pacientes com câncer em estágio terminal e é responsável por 22% das mortes (ARGILÉS et al., 2005a). O grau de caquexia está inversamente correlacionado com o tempo de sobrevida dos pacientes e sempre implica em prognósticos ruins (DE WYS, 1985). Sarcopenia: a sarcopenia é caracterizada pela perda de massa e funcionalidade muscular e está associada a uma série de disfunções e doenças sistêmicas que acometem os idosos. Também é um dos parâmetros 2 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia utilizados para definição da síndrome de fragilidade, que é altamente prevalente em idosos, conferindo maior risco para quedas, fraturas, incapacidade, dependência, hospitalização recorrente e mortalidade. O termo sarcopenia deriva do grego e significa "pobreza de carne".3 A sarcopenia, que é caracterizada pela perda de massa muscular, está associada a uma série de disfunções e doenças sistêmicas prevalentes no idoso, como é o caso da osteoporose,4 resistência à insulina,5 obesidade6 e osteoartrite,7 além de causar complicações com o avanço da idade. O potencial impacto da sarcopenia é grande, considerando que o tecido muscular é o mais abundante do corpo humano.3,8 Segundo revisão de Silva et al., sarcopenia é uma das variáveis utilizadas para definição da síndrome de fragilidade, que é altamente prevalente em idosos, conferindo maior risco para quedas, fraturas, incapacidade, dependência, hospitalização recorrente e mortalidade.9 A síndrome representa uma vulnerabilidade fisiológica relacionada à idade, resultado da deterioração da homeostase biológica e da capacidade do organismo de se adaptar às novas situações de estresse.9 Entretanto, o caráter reversível da sarcopenia é consenso entre a maioria dos especialistas,1,3,6,10 visto que está diretamente relacionada ao desempenho músculo-esquelético, que tem potencial para reabilitação com consequente restauração da capacidade física. Isto é, a atividade física desempenha papel fundamental na manutenção ou lentificação da perda de massa muscular. Dessa forma, o sedentarismo parece ser um fator de risco para a sarcopenia em idosos.11 Recentemente, evidências têm sugerido que o estresse oxidativo excessivo,12 disfunção mitocondrial13 e inflamação crônica ao longo do envelhecimento14 estão envolvidos em um subsequente declínio da força e mobilidade do idoso, que são considerados, entre outros, critérios diagnósticos para a sarcopenia. Recentemente, foi publicado um consenso europeu que define a sarcopenia como a redução da massa muscular, relacionada com o envelhecimento, associada à redução da força e/ou função (Cruz-Jentoft et al., 2010). Na verdade, este é um conceito em evolução e ainda em disputa: pesquisadores mais “puristas” da sarcopenia insistem que esta seja definida exclusivamente pela redução da massa muscular, sendo que a perda de função ou força seriam mais bem definidas como “dinapenia” (Clark e Manini, 2008). De qualquer maneira, a sarcopenia pode estar presente sem os outros comemorativos da síndrome de fragilidade, sendo, quando coexistente, apenas um dos componentes de um processo muito mais complexo. Já a síndrome da caquexia é definida como “uma síndrome metabólica complexa associada à doença e caracterizada pela perda de músculo, com ou sem a perda de massa gorda” (Evans et al., 2008). A caquexia apresenta várias semelhanças, em sua fisiopatologia e apresentação clínica, com a síndrome da fragilidade, como perda de peso, redução da força e fadiga; no entanto, a caquexia é, como a própria definição deixa claro, induzida por uma doença crônica, como o câncer, a insuficiência cardíaca, a doença pulmonar obstrutiva crônica e outras, enquanto asíndrome da fragilidade incide de maneira independente destes diagnósticos. A caquexia é frequentemente associada a inflamação, resistência à insulina, anorexia e quebra das proteínas musculares. Portanto, muitos indivíduos caquéticos são também sarcopênicos. Todavia, muitos indivíduos sarcopênicos não são considerados caquéticos. Dessa maneira, a sarcopenia é um dos elementos da definição proposta para a caquexia 2. Explanar o DD da caquexia/síndrome consumptiva, epidemiologia, manifestações clinicas e diagnóstico; Síndrome Consumptiva consiste na perda involuntária de peso maior que 10% do peso basal em um período de 6 a 12 meses, apresentando como principais sintomas a diminuição de massa magra corporal, atrofia muscular, e depleção proteica (PINHEIRO et al, 2011). Em geral, está associada à febre documentada por mais de 30 dias, fraqueza e diarréia (> 2 evacuações líquidas ou amolecidas/dia). Há associação com aumento da morbidade e da mortalidade e, maior susceptibilidade a infecções oportunistas e tumores (SAVI, 2013). Os principais fatores que contribuem para síndrome consumptiva são a falta de ingestão adequada, má absorção, irregularidades metabólicas, infecção oportunista não controlada e falta de atividade física. (KRAUSE, 2005) Apesar de a Síndrome Consumptiva apresentar como principal manifestação a perda de tecido gorduroso, outros sintomas são vistos em pacientes com esta patologia, tais como: dispneia, cansaço e falta de disposição (BISELLI e ATTA, 3 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia 2005). A perda de peso é mais preocupante quando ocorre acima de 40 anos de idade, em vista da maior prevalência de neoplasias e de fatores psicossociais e funcionais mais freqüentes nessa faixa etária, especialmente em idosos. Constitui fator de risco para aumento na mortalidade em pacientes submetidos a cirurgias eletivas, além de prejudicar a resposta à terapia medicamentosa. DD: caquexia (a caquexia é, como a própria definição deixa claro, induzida por uma doença crônica, como o câncer, a insuficiência cardíaca, a doença pulmonar obstrutiva crônica e outras, enquanto a síndrome da fragilidade incide de maneira independente destes diagnósticos). No câncer por exemplo, a caquexia está relacionada a um aumento do consumo de energia do organismo devido a substâncias inflamatórias produzidas pelo tumor (no caso do câncer); provoca perda de peso, perda de massa muscular e está correlacionada a uma má resposta ao tratamento oncológico e ao aumento da mortalidade. Perda de peso involuntária com aumento de apetite Hipertiroidismo: quadro mais dramático de perda de peso com aumento de apetite podendo ocorrer até 16% de queda no peso. Ocorre pelo aumento de gasto energético algumas vezes associado a má-absorção pelo aumento da motilidade intestinal. Em um estudo com 880 pacientes com doença de Graves, por exemplo, 61% tinham perda de peso e 42% tinham aumento de apetite. Diabete descompensado: causa mais comum de perda de peso com aumento de apetite. Ocorre pela hiperglicemia e pela acentuada glicosúria, que leva a uma perda calórica importante além de depleção do volume extracelular. Pode acontecer tanto na abertura do DM 1 (deficiência de insulina) quanto no DM 2 (resistência periférica aumentada à insulina) e pode aparecer no curso da doença em momentos de controle metabólico ruim, o que pode ser detectado pela medida de hemoglobina glicosilada (HbA1c). Feocromocitoma (tumor secretor de hormônio que pode ocorrer nas glândulas adrenais): ocorre perda de peso com aumento de apetite por aumento das taxas metabólicas pela atividade adrenérgica excessiva. síndrome de má-absorção: independentemente da etiologia (doença celíaca, doença de Whipple, deficiência de lactase, síndrome do intestino curto, pancreatite crônica, doença inflamatória intestinal), a má- absorção pode cursar com perda de peso e aumento de apetite. Nem sempre se encontra um quadro de diarréia ou mesmo ruídos hidroaéreos aumentados. Outro ponto importante é que quando cursa com doenças inflamatórias intestinais, costumam causar perda de peso com diminuição de apetite. https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/diabete_descompensado.htm 4 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia Aumento de atividade física: pessoas que começam a fazer treinamento físico intenso passam a ter aumento de apetite, que nem sempre é capaz de compensar a quantidade de perdas calóricas geradas pelo exercício, levando a um desbalanço entre perdas e ingesta. Perda de peso involuntária com diminuição de apetite Câncer: perda de peso involuntária pode ser a única manifestação da doença em muitos casos. Os gastos energéticos e a anorexia parecem ser mediados por citocinas como TNF-a, IL-6 e por proteína C-Reativa. Outros fatores contribuem para o quadro: o próprio tratamento com quimioterápicos e radioterapia que per si induzem anorexia, náuseas e vômitos, sintomas da própria doença como disfagia, dor abdominal, empaxamento por hepatoesplenomegalia ou massas abdominais, distensão abdominal por ascite, má-absorção por invasão tumoral ou ressecção cirúrgica de segmentos intestinais. Endocrinopatias: na insuficiência adrenal, a deficiência de glicocorticóides gera anorexia, náuseas e perda de peso; casos de hiperparatireoidismo que cursam com hipercalcemia levam a perda de peso por anorexia (porém, isso é mais freqüente em pacientes com câncer em que os níveis de cálcio tendem a ser maiores); pacientes idosos com hipertiroidismo podem, paradoxalmente, apresentar perda de apetite junto com a perda de peso; há casos de diabete com perda de apetite por gastroparesia diabética e por episódios de diarréia desencadeados por neuropatia autonômica intestinal; em gestantes pode ocorrer hiperêmese gravídica por aumento da secreção da gonadotropina coriônica humana. Infecções crônicas: pacientes com quadros febris persistentes têm aumento da demanda metabólica e, conseqüentemente, do consumo de energia. Parasitoses intestinais ainda são freqüentes nas áreas mais carentes de nosso país. Endocardite bacteriana, principalmente em apresentações subagudas, infecções com curso prolongado como tuberculose e micoses sistêmicas tipicamente vêm com perda de peso. Pacientes com HIV têm perda de massa corpórea pela própria doença, perdas mais pronunciadas na vigência de infecções oportunistas e ainda há os efeitos colaterais da terapia anti-retroviral, competindo para facilitar a perda de peso. Doenças crônicas: nesse grupo incluímos diversas doenças. Pacientes com insuficiência cardíaca e doença pulmonar obstrutiva crônica avançadas têm quadros de caquexia pelo aumento metabólico associado a níveis aumentados de TNF-a e da atividade autonômica simpática. Doenças do conectivo como lúpus e artrite reumatóide cursam com anorexia e esclerodermia podendo evoluir com dismotilidade esofágica. A uremia em pacientes renais crônicos leva a anorexia. Quadros neurológicos como seqüelas pós-AVC dificultando a ingesta ou a busca por alimento, quadros de parkinsonismo que cursam com disfagia, alteração da salivação e quadros demenciais como Alzheimer também são causas importantes de perda de peso com diminuição da ingesta. Doenças gastrintestinais: sintomas associados a diversas doenças gastrintestinais podem se relacionar a queda na ingesta, como disfagia, empaxamento, náuseas e vômitos, dor abdominal. Doenças inflamatórias intestinais podem cursar com dor abdominal, gerando desconforto e perdas por má-absorção. Doença péptica cursa muitas vezes com dores importantes que levam a diminuição na ingesta. disfagia pode ter origem em tumores de cavidade oral, neoplasia esofágica ou por dismotilidade secundária a megaesôfago chagásico. Náuseas e vômitos são comunscom doença calculosa biliar crônica, úlcera péptica e neoplasias compressivas de estômago, pâncreas ou vias biliares. Gastrite atrófica é outra causa de perda de apetite. Pacientes com ressecção de segmentos do trato gastrintestinal também tendem a perder peso. Doenças psiquiátricas: perda de mais de 5% do peso em um mês sem outra explicação é um dos critérios para diagnóstico de depressão, pacientes em mania podem simplesmente esquecer de comer pela hiperatividade, quadros psicóticos, esquizofrenia e catatonia podem gerar perda de peso por falta de procura por alimento. Há quadros de caquexia desencadeados por parada no uso crônico de neurolépticos. Drogas e medicações: etilistas crônicos diminuem a ingesta de alimento seja pela carga calórica fornecida pelo álcool seja por condições psiquiátricas e gastrintestinais associadas. Fumantes tendem a ter baixo peso, tanto por inibição do apetite quanto por perda no prazer de comer por inibição das fibras olfatórias pela fumaça. Usuários de opióides também têm seus centros do apetite inibidos, bem como diminuição da motilidade intestinal e das secreções gástrica, biliar e pancreática. Anfetamina e Cocaína são anorexígenos por ação no https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/insuficiencia_adrenal.htm https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/insuficiencia_cardiaca.htm https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/doenca_pulmonar_obstrutiva_cronica.htm https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/doenca_pulmonar_obstrutiva_cronica.htm https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/anfetamina.htm 5 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia centro da saciedade. Inibidores da recaptação de serotonina como fluoxetina e sertralina, biguanidas (metformin), digoxina, levodopa, antiinflamatórios não-hormonais, quimioterápicos e anti-retrovirais são outros exemplos de medicamentos ligados à perda de peso. Perda de peso voluntária Pacientes que fazem controle dietético: pacientes obesos ou com sobrepeso devem ser encorajados a manter suas dietas com o objetivo de chegar ao seu peso ideal. Pacientes que se submetem a cirurgias bariátricas tendem a ter grandes perdas de peso em pouco espaço de tempo. Anorexia nervosa e Bulimia nervosa: são condições mais freqüentes em mulheres jovens. Na anorexia ocorre uma busca incessante por uma imagem corporal distorcida muito abaixo do peso esperado para a pessoa, além de uma recusa muito grande em ganhar qualquer peso. Na Bulimia ocorrem episódios de ingesta abundante e descontrolada de alimentos, seguidos de atitudes compensatórias purgativas como indução de vômitos. A perda de peso é importante nas duas condições, mais pronunciada na anorexia. Epidemiologia da Síndrome Consumptiva A síndrome consumptiva possui incidência semelhante entre homens e mulheres. Seus principais fatores de risco são o tabagismo, a idade avançada e um autorrelato de “mal estado de saúde”, ou seja, uma saúde prejudicada basalmente. Esses fatores supracitados também são associados a um pior prognóstico no emagrecimento, assim como o fator idade (pacientes idosos), deficientes físicos e pacientes com doença sistêmica crônica. Se estima que 15 a 20% de todos adultos com mais de 65 anos terão emagrecimento involuntário se acompanhados e observados por um período de 5 a 10 anos. https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/fluoxetina.htm https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/sertralina.htm 6 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia Existem diversas etiologias para a síndrome consumptiva, que serão discutidas abaixo. No tocante a epidemiologia devemos nos atentar para as neoplasias malignas, a causa mais comum entre elas, ocorrendo em cerca de 15 a 37% dos pacientes com emagrecimento involuntário. Em seguida, existem as causas gastrointestinais não malignas e as causas psiquiátricas, ambas representando cerca de 10 a 20% do total. Mais de 25% dos casos de emagrecimento involuntário não apresentam uma causa definida. Brasil De acordo com pesquisas de saúde populacionais sobre a desnutrição/emagrecimento no Brasil, o emagrecimento involuntário atinge: • 8% das queixas ambulatoriais de adulto; 13% das queixas ambulatoriais de idosos; de 50 a 60% dos pacientes em cuidados domiciliares23; • 10% de recém-nascidos de baixo peso; 6% de crianças abaixo de 5 anos com insuficiência ponderal moderada a grave (UNICEF, 2004); • metade das mortes infantis estão associadas à DEP; 40% adultos com vulnerabilidade à fome (IMC < 18,5 kg/m2) (OMS, 1996); • 10,4% de crianças apresentam DEP (17,9% região NE; 16,2% região Norte, 5,6% no Centro-Sul) (% baixa estatura, PNDS, 1996); • 15,9% de baixo peso (adultos): 15,4% masculino, 16,5% feminino. A porcentagem de desnutrição/baixo peso decresce até a idade de 45 anos, quando volta a subir, dando um salto a partir dos 65 anos em ambos os sexos (PNSN, 1991). Em acordo com esses dados, Morigutti et al.10, avaliando idosos brasileiros, demonstraram associação de morte prematura e aumento de morbidades e incapacidades, mesmo excluindo-se doenças pré-existentes, quando o emagrecimento era maior ou igual a 5% em 6 meses. Villas Boas24 analisou o emagrecimento em 55 pacientes idosos institucionalizados e constatou 40% com IMC < 22 kg/m2 , 27,3% entre 22 e 27 kg/m2 e 32,7% acima de 27 kg/m2 , independentemente do gênero. Vasconcelos et al.25 analisaram 177 casos de câncer de mama e concluíram que a diminuição de massa corpórea na pré-menopausa aumenta o risco de neoplasia maligna de mama. Por outro lado, Costa et al.26, em estudo observacional retrospectivo de coorte, constataram, em 106 pacientes com neoplasia de mama tratados, aumento de peso durante o tratamento com QT neo-adjuvante e adjuvante; diminuição de peso associada à doença metastática e cuidados paliativos; nenhuma correlação entre variação de peso e sobrevida livre de doença ou sobrevida total. Manifestações clínicas Para todos os pacientes deve ser feito um completo interrogatório, a começar pelos sintomas mais comumente associados a perda de peso: febre, dor, dispnéia, palpitação ou sinal de doença neurológica. Questionar também sintomas gastrintestinais: disfagia, anorexia, náuseas, alteração de hábito intestinal. Pesquisar sobre uso de cigarro, álcool, outras drogas e medicamentos, passado cirúrgico, história familiar de neoplasia, procedência remota de áreas de doenças endêmicas, contato com tuberculose e fatores de risco para HIV. Deve-se lembrar de realizar uma adequada anamnese psíquica em busca de sintomas de depressão, ansiedade ou sinais de demência. Sempre perguntar sobre o uso de medicações e questionar sobre uso de drogas, lícitas ou ilícitas. As alterações observadas na caquexia associada ao câncer incluem anorexia, perda de peso, perda e atrofia da massa muscular, anemia e alterações no metabolismo de carboidratos, lipídeos e proteínas (ARGILÉS et al., 1997). A depleção da proteína muscular constitui um aspecto de grande relevância, pois envolve não apenas o tecido muscular esquelético como também proteínas cardíacas, o que resulta em alterações importantes no desempenho cardíaco dos pacientes (ARGILÉS et al., 2005b). Atualmente, considera-se a caquexia como reunindo potencial epidêmico para as próximas décadas. Síndrome Consumptiva consiste na perda involuntária de peso maior que 10% do peso basal em um período de 6 a 12 meses, apresentando como principais sintomas a diminuição de massa magra corporal, atrofia muscular, https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/disfagia.htm https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/tuberculose.htm 7 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia e depleção proteica (PINHEIRO et al, 2011). Em geral, está associada à febre documentada por mais de 30 dias, fraquezae diarréia (> 2 evacuações líquidas ou amolecidas/dia). Há associação com aumento da morbidade e da mortalidade e, maior susceptibilidade a infecções oportunistas e tumores (SAVI, 2013). Os principais fatores que contribuem para síndrome consumptiva são a falta de ingestão adequada, má absorção, irregularidades metabólicas, infecção oportunista não controlada e falta de atividade física. (KRAUSE, 2005) Apesar de a Síndrome Consumptiva apresentar como principal manifestação a perda de tecido gorduroso, outros sintomas são vistos em pacientes com esta patologia, tais como: dispneia, cansaço e falta de disposição (BISELLI e ATTA, 2005). A perda de peso é mais preocupante quando ocorre acima de 40 anos de idade, em vista da maior prevalência de neoplasias e de fatores psicossociais e funcionais mais freqüentes nessa faixa etária, especialmente em idosos. Constitui fator de risco para aumento na mortalidade em pacientes submetidos a cirurgias eletivas, além de prejudicar a resposta à terapia medicamentosa Os dados de exame físico são importantes para auxiliar no raciocínio etiológico da perda de peso ao fornecer informações sobre a possível causa. A postura do médico nesses casos deve ser a de um examinador ativo em busca de qualquer pista que o ajude. Alguns pontos devem ser lembrados: Pesar o paciente na primeira consulta e consecutivamente. Lembrar-se sempre de pesar e calcular o IMC do paciente, pois são as únicas formas objetivas de documentar a perda de peso, tanto para comparar com possíveis medidas prévias quanto para o seguimento evolutivo durante a investigação. Sinais gerais. Febre pode apontar infecção ou neoplasia. Taquicardia pode se relacionar a hipertiroidismo ou abuso de anfetaminas. Dispnéia é uma pista para ICC e DPOC. Descoramento e anemia podem ser sinais de uma neoplasia. Palpar a região cervical. Procure por aumento linfonodal e caracterize os linfonodos acometidos. Outro ponto a ressaltar é a palpação de tireóide, procurando por bócio ou nódulos. Exame do tórax. Crepitação e sibilância, sopros e terceira bulha devem ser procurados. Lembrar que podem sugerir doenças cardíacas ou pulmonares. Procurar por linfonodos aumentados em todas as cadeias do corpo. Diversas doenças neoplásicas e infecciosas estão relacionadas a linfonodomegalia. Procure massas abdominais. Hepatomegalia e esplenomegalia, bem como presença de massas são pistas para doenças crônicas, infeccioas e neoplásicas. Faça um exame neurológico, mesmo que sumário. Principalmente em pacientes idosos, usar um “mini- mental” pode ser útil para investigar demências. PERDA DE PESO NÃO INTENCIONAL EXAMES Os exames iniciais para todos os pacientes devem incluir hemograma completo, ureia e eletrólitos, testes de função hepática, testes de função da tireoide, proteína C reativa, glicose e desidrogenase láctica, radiografia de tórax, exame de urina e pesquisa de sangue oculto nas fezes. Marcadores tumorais não são exames diagnósticos úteis e não devem ser usados como parte da avaliação inicial, já que podem levar a erros. Seu papel está no monitoramento da resposta ao tratamento em pacientes com câncer ou na detecção de recorrência precoce após o tratamento. Achados anormais na avaliação inicial devem orientar a investigação subsequente da causa para a perda de peso. Se a história, o exame físico e os exames iniciais estiverem normais, as evidências publicadas sugerem que não há indicação para continuar investigando imediatamente e que são aconselháveis três meses de “observação vigilante”, em vez de uma busca cega com exames adicionais, mais invasivos ou dispendiosos. 8 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia Como as doenças orgânicas são raramente encontradas em pacientes com exame físico e resultados laboratoriais normais, é improvável que esse período de espera tenha um desfecho adverso. Embora três sistemas de pontuação tenham sido desenvolvidos para ajudar os médicos a identificar quais pacientes com perda de peso têm probabilidade de apresentar uma causa física ou maligna e não uma causa psicológica ou social, nenhum deles foi validado em populações independentes que se apresentam com perda de peso. Na ausência de sinais e sintomas característicos, bem como testes iniciais negativos, rastrear neoplasias passa a ser de grande importância, lembrando que, se necessário, deve-se proceder a um exame de imagem como radiografia simples, exames de ultra-sonografia, tomografia computadorizada, endoscopias e biópsias direcionadas. Não se deve esquecer também que pacientes com fatores de risco (usuários de drogas injetáveis 9 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia ou com comportamento sexual de risco) devem fazer pesquisa para HIV e, no Brasil, sempre lembrar de tuberculose como diagnóstico diferencial. Exames O rastreamento do tipo de câncer apropriado à idade (p. ex., colonoscopia, mamografia) é indicado se não tiver sido feito anteriormente. Outros exames são feitos para as doenças suspeitas de acordo com as alterações verificadas na anamnese e no exame físico. Não existem diretrizes amplamente aceitas sobre outros exames para pacientes sem essas alterações focais. Uma sugestão de conduta é fazer os seguintes exames: • Radiografia de tórax • Exame de urina • Hemograma completo (HC) com contagem diferencial • Velocidade de hemossedimentação (velocidade de sedimentação das hemácias) ou proteína C reativa (CRP) • Teste para HIV • Bioquímica sérica (eletrólitos, cálcio e provas de função renal e hepática) • Concentração de TSH As alterações encontradas nestes exames serão seguidos de outros exames, conforme indicação. Se todos os resultados dos exames forem normais e os exame físico também for normal, outros exames mais complexos (p. ex., TC, RM) não são recomendados. Este tipo de exame não é muito útil e pode ser enganoso e prejudicial ao revelar resultados não relacionados fortuitos. Deve-se instruir esses pacientes como assegurar uma ingestão calórica adequada e devem ser submetidos a uma avaliação de acompanhamento depois de cerca de 1 mês com medida do peso. Se os pacientes continuarem a perder peso, deve-se repetir toda a anamnese e o exame físico porque os pacientes podem compartilhar informações importantes não reveladas anteriormente, e novas alterações físicas sutis podem então ser detectadas. Se a perda ponderal continuar e todos os outros resultados permanecerem normais, deve-se considerar outros exames mais complexos (p. ex., TC, RM). Na avaliação nutricional global, incluem-se a pesquisa do grau de perda de massa magra e gordurosa, micronutrientes e suas repercussões sistêmicas. São eles: • albumina sérica: é a proteína corpórea mais utilizada para avaliação de desnutrição, podendo-se medir também a pré-albumina e a transferrina; • excreção de creatinina urinária de 24 horas: dosagem indireta da excreção da creatinina muscular esquelética; • balanço nitrogenado corpóreo e/ou excreção urinária de nitrogênio: balanço entre aporte de nitrogênio oral, parenteral ou enteral e perdas urinárias, fecais ou de outras fontes intestinais (drenos, fístulas); • metabolismo basal = taxa de metabolismo basal (TMB) x fator estressor x fator de atividade ou pela dosagem de calorimetria indireta; • calorimetria indireta: técnica de consumo de O2 e produção de CO2 (medidas de consumo de energia) para calcular o gasto de energia de repouso e quociente respiratório. Um litro de O2 consumido corresponde a 3,9 kcal (16,32 kj); 1 L de CO2 produzido gera 1,1 kcal (4 kj). A calorimetria indireta mede com precisão o gasto de energia diária; • bioimpedância ou impedância bioelétrica: por meio de corrente fraca e posicionando-se eletrodos no dorso das mãos e dos pés, quantifica-se o teorde massa magra, gordura e água corpórea; • ressonância magnética: por meio de campo magnético, dosa-se o teor de gordura e a musculatura corpórea, é o método mais utilizado durante a fase de recuperação para monitorar a restauração de massa magra versus massa e gordura; • dosagem de vitaminas e sais minerais: pesquisa de micronutrientes como ferro, zinco, vitaminas (B12, B6) e ácido fólico. Dosagem indireta de vitamina: K pelo tempo de protrombina (fatores K-dependentes), hemograma (carência de ácido fólico, B12, ferro), índice de segmentação neutrofílica (B12); 10 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia 3. Classificar os graus de emagrecimento e seus sinais de alerta; Não encontrei exatamente os graus de emagrecimento, mas encontrei os estágios da caquexia em casos de câncer. Devido às diferentes manifestações e níveis de gravidade, em 2011 foi elaborado um consenso internacional que classifica e define os três estágios da síndrome da caquexia em câncer: – Pré-caquexia: é definida com base na presença de todos os seguintes critérios: doença crônica subjacente, como o câncer; perda de peso involuntária ≤ 5% do peso corporal durante os últimos seis meses; resposta inflamatória sistêmica crônica ou recorrente; anorexia ou sintomas relacionados com anorexia. Na pré- caquexia, o risco de progressão é variável e depende de fatores como, o tipo de câncer e de seu estágio, a presença de inflamação sistêmica, baixa ingestão alimentar e falta de resposta à terapia anticâncer. – Caquexia: é considerada quando há perda de peso corporal ≥ 5%, ou de 2%, com índice de massa corporal (IMC) inferior a 20 kg/m2, ou sarcopenia acompanhada de perda de peso corporal equivalente ou superior a 2%. Além disso, apresentam redução frequente da ingestão alimentar e inflamação sistêmica. – Caquexia refratária: ocorre como resultado de um câncer muito avançado (pré-terminal) ou a presença de câncer que progrediu rapidamente e que não responde a terapia anticâncer. Esta fase está associada com catabolismo ativo e presença de fatores que tornam difícil a manutenção do peso corporal. A caquexia refratária é caracterizada também pela expectativa de vida inferior a três meses. Nestes casos, as intervenções terapêuticas são focadas na atenuação das consequências e complicações da caquexia, por meio do aumento de estímulo do apetite, controle das náuseas e para amenizar os sofrimentos dos pacientes e familiares. Sinais de alerta • Febre, sudorese noturna, linfadenopatia generalizada • Dor óssea • Dispneia, tosse, hemoptise • Medo inapropriado de ganho ponderal em uma adolescente ou jovem • Polidipsia e poliúria • Cefaleia, claudicação mandíbular e/ou alterações visuais em um adulto mais velho • Manchas de Roth, lesões de Janeway, nódulos de Osler, hemorragia ungueal, embolia retiniana Manchas de Roth – hemorragias com centro branco correspondentes a células tumorais e trombos fibrinoplaquetários ocluindo vasos sanguíneos rompidos; Epiteliopatia pigmentada leucêmica – manchas de leopardo. Oclusões venosas com conseqüente neovascularização periférica. lesões de Janeway: Essas lesões são indolores para o paciente, e estão representando embolias que ocorrem naqueles vasos periféricos. Elas não requerem nenhum tipo de tratamento específico, e, na grande maioria das vezes, somem quando a doença de base que levou ao seu aparecimento é tratada. Os nódulos de Osler são pequenas elevações do tamanho de uma ervilha, dolorosas, mas frequentemente encontradas na face anterior das extremidades dos dedos, na eminência tenar e hipotenar ou nas plantas dos pés. Ainda que incomuns, eles são relativamente específicos para endocardite infecciosa. 4. Entender os “nove D’s” e a sua utilização; Vários auxílios foram criados para permitir aos médicos considerarem as várias causas possíveis para a perda de peso não intencional em pacientes idosos. Eles incluem os “9 Ds da perda de peso em idosos”14 e a mnemônica “meals on wheels” Segundo Robbins, podem-se resumir as causas de perda de peso em idosos com o mnemônico dos nove "Ds": dentição (próteses dentárias mal-adaptadas, dor ao mastigar, diminuição do paladar, lesões gengivais); disgeusia (perda do olfato e do paladar com a idade, efeito de 11 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia drogas); disfagia; diarreia; doença; depressão; demência (perda progressiva dos instintos de sede e fome); disfunção (perda de ente querido, condições socioeconômicas precárias, dependência); drogas. Estão envolvidos, muitas vezes, um ou mais fatores. Robbins35 preconiza o método mnemônico dos 9 “D” para pesquisa de emagrecimento no idoso, ao qual alguns autores, com humor, sugerem a adição do “10o D” (Tabela IV). Alibhai et al.8 enfatizam que a causa de emagrecimento no idoso geralmente é múltipla e preconizam o mnemônico MEALS ON WHEELS para pesquisa de emagrecimento no idoso: M: medicações. E: emocional (problemas emocionais). A: anorexia tardive/alcoolismo. L: late-life paranoia (paranóia de incidência tardia). S: swalowing disorders (distúrbio da deglutição). O: oral factors (fatores orais, como dentição em mau estado). N: no money (sem dinheiro). W: wondering and other dementia-related behaviors (esquecimento e outros comportamentos relacionados com demência). H: hipertireoidismo, hipotireoidismo, hiperparatireoidismo, hipoadrenalismo. E: enteric problems (problemas entéricos, má absorção). E: eating problems (distúrbios alimentares, incapacidade de alimentar-se sozinho). L: low salt, low cholesterol diets (dietas com restrição de sal e colesterol). S: social problems, gallstones (problemas sociais: isolamento, incapacidade de obter alimentos favoritos; colecistopatia calculosa). 5. Estudar o manejo do paciente com caquexia (tratamento: alimentação, suplementação, etc.); O tratamento do emagrecimento involuntário e a correção da desnutrição/caquexia são multifatoriais e necessitam de estratégia integrada multidisciplinar. Objetivam a maior recuperação possível da função fisiológica adaptada com capacitação física, melhora da função muscular e orgânica e competência imunológica. Requerem um tempo muito maior que o tempo de instalação do processo e está baseado, na prática, em 3 pontos: 1. Definir metas significativas e possíveis: peso, composição corpórea, força, desempenho e status, apetite e qualidade de vida específicos individualmente para cada paciente. 2. Definir medidas de tratamento (multidisciplinar): nutrição, medicação, exercício (dentista, assistência social, fisioterapia, fonaudiologia, enfermagem, médico). 3. Para perdas de peso causadas por doença específica, seguir a terapia prescrita no tratamento da causa de base. Avaliação multidisciplinar 1 Avaliação psicossocioconômica: acesso às necessidades básicas (abrigo, alimentação), tratamento de distúrbios do humor (depressão e compulsão alimentar), distúrbios alimentares (anorexia nervosa e bulimia). Inclusão (sensibilização, orientação, adesão, participação e intervenção) da família no tratamento. Em casos precoces, a anorexia nervosa pode ser tratada com internação hospitalar sob rígida supervisão. Mesmo após aparente cura, pacientes com anorexia nervosa devem manter consultas médicas regulares, pois recidivas são muito freqüentes. 2 Avaliação bucal e de deglutição (principalmente idosos, pacientes com distúrbios alimentares tipo anorexia e bulimia, distúrbios neurológicos e doenças com mucosites como tumores, HIV, imunossuprimidos): avaliação de dentista, fonaudiólogo, otorrinolaringologista. 3 Atividade física: • leve à moderada diariamente (quando tolerar); • se possível, exercício de resistência (peso) para aumentar a musculatura contrapondo-se ao ganho de massa de gordura (efeito anabolizante); 12 Tutorial 1Fadiga, perda de peso e anemia • exercício em excesso induz perda de peso (cálculo individualizado); • em idosos, ter cuidado com quedas; além de melhorar a musculatura, prevenir osteoporose e evitar quedas, o exercício, se não for bem orientado, pode também predispor a quedas e causar fraturas. 4 Intervenção nutricional - Apesar do mau aproveitamento de nutrientes durante processos inflamatórios/proliferativos, o aporte nutricional deve ser aumentado na tentativa de manter/reverter o balanço energético negativo. A dieta deve conter refeições pequenas e freqüentes e ser balanceada para impedir ganho predominante de gordura, se possível, dentro das preferências do paciente. As causas digestivas de intolerância alimentar (anorexia, refluxos gastrintestinais, vômitos, diarréias, mucosites, dumping, empachamentos, distensões abdominais, intolerância medicamentosa, laxativos) devem ser tratadas especificamente com medicações sintomáticas e orientação disciplinar. 4.1 Checagem da ingesta: • anotar diário dietético; • comparar alteração de peso e total de calorias consumidas. 4.2 Uso de produtos enterais (sondagens: nasogástrica, nasoenteral, gastrostomia, jejunostomia): • indicações: ingestão oral insuficiente, doenças neuromusculares, incapacidade de alimentação via oral (cirurgia ou ventilação mecânica invasiva); • contra-indicações absolutas: obstrução mecânica digestiva; • contra-indicações relativas: diarréia, vômitos, fístulas, aspiração (responsável por 40% da mortalidade). 4.3 Considerar nutrição parenteral se prognóstico e qualidade de vida justificarem. Desvantagens: necessita de internação hospitalar ou recursos domiciliares de enfermagem/médico, além de predispor à infecção. 4.4 Cálculo de macro e micronutrientes da dieta: deve ser baseado no cálculo de gasto de energia ou medido diretamente (em pacientes internados, calcular pela calorimetria indireta) 4.4.1 Cálculo do gasto de energia5,7: • determinar a taxa do metabolismo basal (TMB: 25 kcal/kg (adulto jovem); 20 kcal/kg (idosos), com aumento de 30 a 40% para pacientes doentes); • determinar o nível de atividade como aumento fracionado da TMB + exercício de resistência como 25 a 50% de aumento; • estimar o fator estressor (físico e/ou orgânico) por meio de tabelas pré-determinadas. Energia = TMB x fator atividade x fator estressor 4.4.2 Necessidades de macronutrientes: 55 a 60% de carboidratos, 20 a 25% de gordura, 20 a 25% de proteínas: • carboidratos: normal = 3,3 kcal/g (máximo tolerável: 7 a 8 g/kg/dia; preferir carboidratos complexos e não açúcares simples; aplicar insulina se glicemia > 250 mg/dL; diminuir o aporte se hiperglicemia severa); • gordura: normal = 0,2 kcal/g (máximo de 2 g/ kg/dia); • proteína: normal = 0,8 g/kg/dia (adulto); 1 a 1,2 g/ kg/dia (idoso). Se albumina sérica de 3,5 a 2,7 g/dL = 1 a 1,5 g/kg/dia (déficit moderado). Se albumina sérica < 2,7 g/dL = 1 a 2,5 g/kg/dia (déficit severo). 4.4.3 Necessidades de micronutrientes: 5 a 10 vezes as necessidades basais/dia até correção do processo catabólico. Os antioxidantes, entre eles a glutationa feita de glutamina e a cisteína, têm grande importância, além de vitaminas C e E e do betacaroteno, associados aos co-fatores enzimáticos como zinco, manganês e cobre (vitamina C = 1 a 2 g; vitamina E = 400 a 1.000 UI; betacaroteno = 50 a 100 mg; cobre = 2 a 3 mg; manganês = 20 a 50 mg; selênio = 100 a 150 mcg; zinco = 5 mg). 4.5 Água: bom aporte de macro e micronutriente com aporte hídrico insuficiente leva a processamento baixo de nutrientes e pode acentuar o grau de desidratação e falência renal. Recomenda-se 1 a 1,5 mL/caloria consumida + reposição adicional das perdas por doença e medicações; 30 a 35 mL/kg de peso; mínimo de 1.500 13 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia mL/dia. Alibhai et al.8 preconizam pesquisar 2 referências canadenses validadas para avaliação nutricional no idoso: Mini Nutritional Assessment (www.mna-elderly.com) e Nutrition Screening Initiative (www.aafp.org/x16081. xml), criados pela American Academy of Family Physician associada à American Dietetic Association. 5 Intervenção medicamentosa Não existe suporte científico validado na literatura para a utilização de tratamento medicamentoso de emagrecimento involuntário, limitando-se apenas, na maioria das vezes, a estudos pequenos, sem casos- controle necessários, e com benefícios de pequeno e restrito ganho de peso, sem evidências de melhora na morbidade e na mortalidade ou melhora da qualidade de vida5,8,10. A maioria desses agentes induz efeitos colaterais importantes, particularmente em pacientes de alto risco, como idosos, fragilizados e desnutridos, limitando sua utilização. Porém, a terapêutica por meio de suplementação de macro e micronutrientes, sintomáticos quando indicados como analgésicos, ansiolíticos, antidepressivos, antieméticos, antidiarréicos, protetores gástricos e procinéticos (metoclopramida, domperidona) e anabolizantes são sugeridos na literatura na tentativa de melhorar a qualidade de vida. Depressão, independentemente da idade, sempre deve ser tratada, após afastar/tratar tireoidopatia pré-existente. As drogas anabolizantes/orexígenas mais estudadas são glicocorticóides, progesterona, derivados de testosterona, ornitina e derivados canabinóides, como dronabinol, nabilona. 5.1 Glicocorticóides: apesar do seu baixo custo, somente são utilizados para tratamento de doença específica, pois mesmo sendo orexígenos e produzindo sensação de “bem-estar” (euforia), pioram o catabolismo protéico e ósseo e aumentam o risco de infecções. 5.2 Progesterona acetato de megestrol: é associado a discreto ganho de peso e talvez de qualidade de vida em pacientes com HIV e neoplasias, porém aumenta predominantemente a gordura, e não a massa magra, o risco de tromboses e embolia, e retém água, produzindo edema, fatos que limitam sua utilização em idosos7,23,37. 5.3 Oxoglutarato de ornitina: é uma enzima que catalisa a reação de L-ornitina+2-cetoácidos liberando glutamina, arginina e poliaminas. Tem efeito orexígeno e imunomodulador, principalmente via neutrófilo, e podem produzir discreto aumento de peso e melhora da qualidade de vida e apetite38. 5.4 Dronabinol: é um canabinóide (tetra-hidrocanabinol) indicado como antiemético e orexígeno. Volicer et al., em estudo randomizado em pacientes com Alzheimer que se recusavam a se alimentar, testaram o dronabinol e a cipro-heptadina (orexígeno anti-histamínico anti-serotoninérgico), constatando efeito orexígeno e antiemético, sem alteração da composição corpórea, porém com efeitos colaterais importantes no SNC (sistema nervoso central) e imunossupressores39. 5.5 Hormônio de crescimento (GH): Chu et al.40 testaram GH recombinante em idosos caquéticos e obtiveram melhora do tempo de caminhada. Porém, sua utilização em outros estudos foi associada ao aumento da mortalidade. 5.6 Testosterona modificada: derivados de testosterona com configuração de 17-alfametil; drogas orais como oxandrolona e 17-beta-éster para administração parenteral foram sugeridos no tratamento da caquexia em aids, grandes queimados e feridas extensas e, mais raramente, idosos. Induzem aumento discreto de peso total e de massa magra, aumento de retenção de nitrogenados, aumento de síntese muscular e aparente melhora da qualidade de vida e do status funcional, porém apresentam toxicidade hepática e retenção hídrica. Várias drogas anabolizantes estão sendo testadas, como outros androgênicos, orexígenos com terapias anticitocinas, neurotransmissores como monoaminérgicos hipotalâmicos, anticolecistocininas, análogos do neuropeptídeo Y, canabinóides e antileptina com resposta aparentemente promissora5,8. Para o paciente idoso, preconiza-se identificar e tratar a causa específica associada a suporte nutricional. Sempre tratar depressão quando sintomática após afastartireoidopatias e infeccções ou distúrbios metabólicos. A realimentação pode ser associada às drogas orexígenas no tratamento de má nutrição protéica, apesar de seu uso não estar totalmente comprovado na literatura, pois a avaliação precoce da nutrição e a prevenção de perda de peso durante o estresse e a hospitalização nos idosos são fatores que melhoram o prognóstico. Manejo da perda de peso não intencional em idosos 14 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia O princípio mais importante do manejo é identificar e tratar qualquer causa subjacente. O manejo ideal costuma exigir avaliações multidisciplinares (médicos, dentistas, nutricionistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e serviços sociais).20 Sugerimos enfaticamente a revisão dos medicamentos em uso a fim de tentar eliminar aqueles cujos efeitos colaterais possam estar contribuindo para a perda de peso. Se houver suspeita de uma causa psiquiátrica para a perda de peso, como depressão, recomendamos uma avaliação por um psicogeriatra ou psicólogo. Nesses casos, deve-se considerar o tratamento com um antidepressivo, já que a depressão é uma causa potencialmente reversível da perda de peso. Se a avaliação inicial for negativa, sugerimos que os pacientes sejam reavaliados após três meses para estabelecer se houve desenvolvimento de qualquer outro sintoma ou sinal e verificar seu peso. Enquanto isso, como faltam evidências que indiquem qualquer tratamento com medicamentos,1,20 pode-se usar uma variedade de intervenções não farmacológicas. Intervenções não farmacológicas para a perda de peso não intencional em pacientes idosos Otimização do consumo de alimentos: O paciente deve ser encorajado a ingerir refeições menores com maior frequência. O paciente deve ser incentivado a ingerir seus alimentos e lanches preferidos; as restrições dietéticas devem ser restringidas, pois geralmente são pobres em energia e menos palatáveis, aumentando o risco de perda de peso em pacientes idosos. O paciente deve ingerir alimentos com alto teor energético na principal refeição do dia (pessoas idosas, particularmente aquelas com demência, tendem a consumir a maior parte da energia diária no café da manhã). A apresentação e a variedade da dieta devem ser melhoradas, o que oferece um benefício particular para pacientes com demência. O paciente deve alimentar-se acompanhado ou com auxílio, pois isso melhora o aproveitamento das refeições e, portanto, aumenta a ingestão.2 Muitos idosos apresentam deficiências físicas ou cognitivas que prejudicam sua capacidade de se alimentar sem auxílio ou incentivo. Os serviços comunitários de apoio nutricional (como os programas “meals on wheels”) são recomendados para pacientes idosos na comunidade, já que melhoram o consumo dietético. Suplementos nutricionais orais, se recomendados por um nutricionista: Os suplementos nutricionais orais (como bebidas de alto teor energético) demonstraram aumentar o consumo diário de energia e o ganho de peso, embora sejam limitadas as evidências de que resultem em benefício de longo prazo para a saúde, capacidade funcional e sobrevida em pacientes idosos subnutridos. Os suplementos devem ser consumidos entre as refeições para evitar a supressão do apetite e a diminuição do consumo de alimentos na hora das refeições. Comprimidos diários de multivitamínicos: Os multivitamícos são recomendados por alguns autores, devido à alta prevalência de deficiências nutricionais em idosos, porém há poucas evidências de que resultem em redução da perda de peso. Boa saúde oral: Problemas com a dentição e a saúde oral são causas comumente ignoradas para a perda de peso. Realização de exercícios regulares ou fisioterapia: Exercícios regulares (particularmente de resistência) também são recomendados para pacientes idosos frágeis, já que estimulam o apetite e previnem a sarcopenia. A fisioterapia pode ajudar a alcançar esses objetivos em alguns pacientes. 6. Compreender a síndrome do idoso frágil; Assim, Woodhouse (1988) definiu como frágil o idoso dependente de outros para as atividades da vida diária e Gillick (1989) classificou como frágeis as pessoas debilitadas, que não podiam sobreviver sem o auxílio de outros. Com o passar do tempo, e especialmente na última década, o conceito de fragilidade do idoso evoluiu para proposições de natureza não mais exclusivamente funcionais, mas, agora, de base fisiopatológica. Com o desenvolvimento de mais pesquisas, Fried e colaboradores definiram a fragilidade como uma síndrome de 15 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia declínio espiral de energia, embasada por um tripé de alterações relacionadas ao envelhecimento, composto por sarcopenia, desregulação neuroendócrina e disfunção imunológica. Os idosos portadores desta tríade estariam propensos à redução acentuada da massa muscular e a um estado inflamatório crônico que, se associados a fatores extrínsecos como a incidência de doenças agudas ou crônicas, a imobilidade, a redução da ingestão alimentar e outros, levariam a um ciclo vicioso de redução de energia e aumento da dependência e susceptibilidade a agressores, ou seja, estas três alterações, quando intensas o suficiente, interagiriam de maneira deletéria (p. ex., a inflamação e as alterações hormonais induzindo a sarcopenia; esta, por sua vez, diminuindo a atividade física e promovendo mais inflamação e alterações hormonais), precipitando a ocorrência de um ciclo autossustentado de redução de energia, perda de peso, inatividade, baixa ingestão alimentar e sarcopenia. As manifestações da síndrome da fragilidade propostas por Fried et al. são perda de peso não intencional, fraqueza muscular, fadiga, redução da velocidade da marcha e redução do nível de atividade física. O estudo da fisiopatologia da fragilidade é dificultado pela complexidade dos sistemas envolvidos e pela coexistência frequente de doenças agudas, crônicas e incapacidades. Segundo a teoria proposta por Fried et al. (2001), a síndrome seria embasada na redução da atividade de eixos hormonais anabólicos, na instalação da sarcopenia e na presença de um estado inflamatório crônico subliminar (Figura 90.1). Estas três alterações, quando intensas o suficiente, interagiriam de maneira deletéria (p. ex., a inflamação e as alterações hormonais induzindo a sarcopenia; esta, por sua vez, diminuindo a atividade física e promovendo mais inflamação e alterações hormonais), precipitando a ocorrência de um ciclo autossustentado de redução de energia, perda de peso, inatividade, baixa ingestão alimentar e sarcopenia. Diversos fatores, como doenças agudas e crônicas, alterações próprias do envelhecimento, efeito de medicamentos, quedas e outras condições mórbidas, contribuiriam para que uma pessoa idosa entrasse no ciclo de fragilidade (Figura 90.2). 7. Explicar como os fatores biopsicossociais interferem na perda de peso e a importância da atuação da equipe multidisciplinar. No indivíduo idoso, Moriguti et al.10 classificaram as causas de perda de peso em 4 categorias: social (queda do poder econômico por aposentadoria, perda da renda própria ou sustento de familiares), psiquiátrica (demência, depressão), secundária às condições médicas (doença e/ou remédios) e relacionadas à idade (mecânica da deglutição, envelhecimento dos sistemas). Villas Boas24, em estudos de idosos institucionalizados, associou IMC < 22 kg/m2 a hipoalbuminemia e queda de vitamina E, e sugeriu que o estresse oxidativo teria papel relevante na fisiopatologia do emagrecimento nesses indivíduos Orgânicas: As causas orgânicas da perda de peso incluem câncer, distúrbios clínicos não malignos e efeitos colaterais de certos medicamentos Psicossociais: Estudos observacionais publicados relatam que transtornos psiquiátricos, particularmente demência e depressão, sãoa principal causa da perda de peso sem explicação em 10-20% dos pacientes idosos. Esse número sobe para 58% em residentes de asilos. 16 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia Déficit cognitivo: Pacientes com déficit cognitivo que estão agitados ou que têm tendência a “perambular” podem gastar muita energia. Outros podem esquecer que precisam comer ou ficam desconfiados ou paranoicos em relação à comida. As habilidades de autoalimentação são perdidas com a progressão da doença de Alzheimer, podendo haver o desenvolvimento de disfagia. Depressão: A depressão pode causar perda de peso devido à falta de apetite ou de motivação para comprar e preparar os alimentos. Está mais comumente associada à perda de peso em idosos do que em adultos jovens, tendo sido relacionada a um aumento na mortalidade em uma revisão sistemática de pacientes idosos (>65 anos) que vivem na comunidade (razão de chances estimada para mortalidade com depressão de 1,73, 1,53 a 1,95).18 As taxas de depressão reportadas na comunidade variam consideravelmente, de acordo com uma revisão sistemática de 34 estudos baseados na comunidade sobre a prevalência desse quadro em uma etapa tardia da vida (>55 anos), mas podem chegar a 35%, dependendo dos critérios usados para definir a depressão. Prevalências mais altas têm sido relatadas em idosos institucionalizados. Fatores socioeconômicos: A pobreza ou o isolamento social podem contribuir para a perda de peso nos idosos devido ao consumo de alimentos inadequados e à subnutrição. Déficits físicos ou cognitivos podem impedi-los de ir às compras, reduzindo, assim, a disponibilidade dos alimentos preferidos. A incapacidade de cozinhar e de se autoalimentar pode contribuir ainda mais para a ingestão insuficiente de alimentos, já que alguns idosos contam apenas com parentes ou cuidadores, que podem visitá-los de maneira ocasional. Causa desconhecida: a causa para a perda de peso permaneceu desconhecida em 16-28% dos pacientes em estudos observacionais prospectivos e retrospectivos publicados, apesar das extensas investigações durante períodos que variaram de seis meses a três anos. Isso pode ter acontecido porque os pacientes idosos geralmente apresentam múltiplas comorbidades, e não uma única doença grave, usam múltiplos medicamentos e podem apresentar problemas psicológicos ou sociais. Talvez cada fator individual não seja suficiente para causar perda de peso substancial, mas o efeito cumulativo pode resultar em perda de peso clinicamente importante. Todos os estudos que avaliaram o prognóstico de pacientes idosos com perda de peso não intencional concluíram que os que se encaixam nessa categoria de “causa desconhecida” têm prognóstico muito melhor do que aqueles com câncer, e não pior do que os pacientes diagnosticados com causas não malignas.3 Casos de câncer diagnosticados no contexto da perda de peso involuntária costumam ter prognóstico ruim, pois geralmente estão avançados quando a perda de peso se torna aparente. Fontes gerais: Tratado de geriatria e gerontologia 4ed – freitas/py FMUSP - Clínica Médica - Vol 1 – capitulo 5 https://www.passeidireto.com/arquivo/85742429/caquexia-sindrome-consumptiva-sindrome-do-idoso- fragil Fontes do 1 objetivo: https://eventos.set.edu.br/cie/article/view/5947 https://www.sanarmed.com/sindrome-consumptiva https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/4645/TESE%20PRONTA.pdf?sequence=2&isAllowed=y https://www.scielo.br/j/rbgg/a/pRK5kvvX89Zww59hvGrmw7C/?lang=pt Fontes do 2 objetivo: https://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1329/perda_de_peso.htm http://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/73254 https://www.sanarmed.com/sindrome-consumptiva https://www.passeidireto.com/arquivo/85742429/caquexia-sindrome-consumptiva-sindrome-do-idoso-fragil https://www.passeidireto.com/arquivo/85742429/caquexia-sindrome-consumptiva-sindrome-do-idoso-fragil https://eventos.set.edu.br/cie/article/view/5947 https://www.sanarmed.com/sindrome-consumptiva https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/4645/TESE%20PRONTA.pdf?sequence=2&isAllowed=y https://www.scielo.br/j/rbgg/a/pRK5kvvX89Zww59hvGrmw7C/?lang=pt https://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1329/perda_de_peso.htm http://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/73254 https://www.sanarmed.com/sindrome-consumptiva 17 Tutorial 1 Fadiga, perda de peso e anemia https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/t%C3%B3picos-especiais/sintomas- inespec%C3%ADficos/perda-ponderal-involunt%C3%A1ria Fontes do 3 objetivo: https://nutritotal.com.br/pro/qual-a-importa-ncia-de-reconhecer-as-diferentes-fases-da-sa-ndrome- da-caquexia-em-ca-ncer/ https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/t%C3%B3picos-especiais/sintomas- inespec%C3%ADficos/perda-ponderal-involunt%C3%A1ria Fontes do 4 objetivo: http://rmmg.org/artigo/detalhes/390 Dar uma olhada em http://ggaging.com/details/280/pt-BR/mnemonic-in-geriatrics Fontes do 5 objetivo: https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1331500198BMJ%20-%20Brasil.pdf FMUSP - Clínica Médica - Vol 1 – capitulo 5 Fontes do 6 objetivo: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2409481/mod_resource/content/1/O%20Idoso%20Fragil.p df Fontes do 7 objetivo: https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1331500198BMJ%20-%20Brasil.pdf https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/t%C3%B3picos-especiais/sintomas-inespec%C3%ADficos/perda-ponderal-involunt%C3%A1ria https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/t%C3%B3picos-especiais/sintomas-inespec%C3%ADficos/perda-ponderal-involunt%C3%A1ria https://nutritotal.com.br/pro/qual-a-importa-ncia-de-reconhecer-as-diferentes-fases-da-sa-ndrome-da-caquexia-em-ca-ncer/ https://nutritotal.com.br/pro/qual-a-importa-ncia-de-reconhecer-as-diferentes-fases-da-sa-ndrome-da-caquexia-em-ca-ncer/ https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/t%C3%B3picos-especiais/sintomas-inespec%C3%ADficos/perda-ponderal-involunt%C3%A1ria https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/t%C3%B3picos-especiais/sintomas-inespec%C3%ADficos/perda-ponderal-involunt%C3%A1ria http://rmmg.org/artigo/detalhes/390 http://ggaging.com/details/280/pt-BR/mnemonic-in-geriatrics https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1331500198BMJ%20-%20Brasil.pdf https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2409481/mod_resource/content/1/O%20Idoso%20Fragil.pdf https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2409481/mod_resource/content/1/O%20Idoso%20Fragil.pdf https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1331500198BMJ%20-%20Brasil.pdf
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