Buscar

Aula 4 - Responsabilidade Social e Empresarial

Prévia do material em texto

RESPONSABILIDADE SOCIAL 
EMPRESARIAL 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Cora Catalina 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta quarta aula, o tema central se relaciona com tecnologia e 
sociedade. O primeiro tema é sobre o desenvolvimento tecnológico e o impacto 
social, com ênfase na inteligência artificial e no machine learning. No segundo 
tema, veremos como a tecnologia social pode ser aplicada para o progresso da 
população. E vamos conhecer o exemplo do Índice de Progresso Social (IPC). 
Em seguida, trabalharemos os impactos sociais resultantes do 
desenvolvimento tecnológico, dentre eles o desemprego e as novas 
oportunidades, com destaque para a ecoinovação e energias renováveis. No 
último tema, sobre ativismo socioambiental na sociedade de informação, 
apresentamos conceitos, panorama e o exemplo da ONG Greenpeace 
ciberativismo. 
CONTEXTUALIZANDO 
As tecnologias estão sendo utilizadas por empresas pequenas, médias e 
de grande porte. Elas são indispensáveis e, cada vez mais, é preciso estar 
atento à concorrência e aos benefícios que oferece ao consumidor. Na gestão 
da responsabilidade social não é diferente. Há uma gama de tecnologias 
sociais que podem ser aplicadas, de acordo com as diretrizes de governança 
que inclui os stakeholders. Este é o ponto-chave e o que diferencia uma 
empresa de excelência em RSE, a escolha de estratégias coerentes com as 
responsabilidades assumidas, transparência, qualidade e, principalmente, 
procurar atender às necessidades, bem-estar e oportunidades dos envolvidos. 
TEMA 1 – O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E SEU IMPACTO SOCIAL 
As reflexões a seguir foram propostas por Salomão Filho, investidor em 
startups de tecnologia e autor da matéria publicada na Isto é Dinheiro (Filho, 
2018) declara que, o impacto da inteligência artificial, do machine learning e 
deep learning no campo da medicina está apenas começando e as 
transformações que irão ocorrer na indústria da saúde nos próximos anos com 
o amadurecimento dessas tecnologias são de tirar o fôlego. 
Já pensou se, logo após o nascimento, seu filho fosse submetido a 
um teste de DNA que mostrasse todos os riscos de saúde que 
poderia ter ao longo da vida e, a partir de um cruzamento de dados 
 
 
3 
em um sistema inteligente, o pediatra prescrevesse um tratamento 
preventivo para evitar o surgimento de doenças crônicas no futuro? 
Você se assustaria em ser submetido a uma cirurgia assistida por um 
robô? Aceitaria passar por uma consulta por um App no seu 
smartphone ou no voicebot? Acharia esquisito usar uma lente de 
contato para medir os níveis de açúcar no sangue?”. (Filho, 2018) 
Nos esportes também não é diferente, Paulo R. Santiago, docente da 
USP, na Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto, avalia a 
grande probabilidade de que a evolução da inteligência artificial criará uma 
nova classe de profissionais do esporte porque o tema desenvolvimento do 
atleta, alto rendimento e biomecânica do esporte vem sendo pautado nos 
debates dos últimos anos. E afirma que “os profissionais do esporte precisam 
evoluir ao mesmo nível das novas tecnologias” (Talamone, 2016). 
Na gestão empresarial, sistemas controlam processos, produção, 
apontam tendências, avaliam resultados. Tudo baseado na inserção de dados 
e complexas estruturas de softwares que analisam as informações para 
aumentar a eficiência nas operações, na logística, na otimização de custos etc. 
e vêm revolucionando o mercado. Tomemos, por exemplo, os sistemas ERPs 
Inteligentes – Enterprise Resource Planning, que, em português, significa 
Sistema de Gestão Empresarial ou, segundo o portal ERP, significa 
Planejamento dos Recursos da Empresa: 
é um software responsável por cuidar de todas as operações diárias 
de uma empresa, desde faturamento até o balanço contábil, compras, 
fluxo de caixa, apuração de impostos, administração de pessoal, 
inventário de estoque às contas a receber, o ponto dos funcionários, 
controle do maquinário da fábrica, enfim, todo o trabalho 
administrativo e operacional feito numa empresa. (Entenda..., S.d.) 
Mas, afinal, o que significa inteligência artificial? Não existe apenas uma 
definição para isso, mas várias, explica Marcelo Módolo, professor de Sistemas 
de Informação da Universidade Metodista de São Paulo. “A inteligência artificial 
faz parte dos estudos de Ciências da Computação e é, basicamente, fazer com 
que os computadores pensem como os seres humanos ou que sejam tão 
inteligentes quanto o homem” (Sato, 2009). 
Vejamos alguns exemplos de onde estão sendo aplicadas as tecnologias 
de inteligência artificial: 
Assistentes virtuais: conversas com assistentes virtuais já são 
realidade, como a Alexa, da Amazon, a Cortana da Microsoft. A 
Cortana, está nos carros da Nissan. O consumidor pode acessar 
mapas, trânsito, agenda e outras informações importantes através de 
seu computador de bordo. 
 
 
4 
Compras por um robô: o Walmart está integrado ao Google Home 
nos Estados Unidos. O assistente permite fazer compras apenas com 
a voz. Com acesso ao histórico de compras, não é preciso indicar a 
marca ou modelo preferido, é só dizer “Google, compre uma 
margarina”, por exemplo. 
Atendimento a clientes: esta é uma área em ampla expansão. O 
Bradesco também usa a tecnologia BIA (Bradesco Inteligência 
Artificial). Isso dá autonomia aos clientes e, ao mesmo tempo, maior 
eficiência ao banco ao desafogar canais de atendimento. 
Nas lojas: na Lowe’s, rede de materiais de construção dos Estados 
Unidos, robôs recepcionam os clientes e dão indicações da 
localização dos produtos, fiscalizam corredores e ajudam os 
vendedores a realizar o inventário da loja. (Salomão, 2018) 
 Na área empresarial, a tendência é crescente para o mercado de 
atendentes virtuais – chatbots, um software que cruza as mensagens enviadas 
por usuários com respostas preparadas na sua base de dados. O robô 
responde automaticamente as perguntas mais simples e pode se atualizar 
automaticamente com as próprias respostas dadas por uma pessoa (Fonseca, 
2017). 
Diante de diversos exemplos apresentados, e muitos mais que não 
conseguimos mostrar, permitem-nos observar os extraordinários impactos na 
vida das pessoas que vêm sendo alcançados com o desenvolvimento das 
tecnologias. 
Saiba mais 
Assista ao vídeo e saiba como funciona o machine learning: 
<https://www.youtube.com/watch?v=Z1YHbl0lh88>. 
TEMA 2 – A TECNOLOGIA E O PROGRESSO DO HOMEM 
Ao referirmos a palavra “progresso”, cujo significado é ação ou resultado 
de progredir; movimento para a frente, o primeiro pensamento que nos vem à 
mente talvez seja a capacidade que o homem tem de adquirir bens de 
consumo e mercadorias, ou seja, há uma tendência a associar progresso ao 
acesso a recursos materiais que a pessoa adquire ao longo de sua vida. Seria 
isso mesmo? Vamos conhecer o caso Natura e Coca-Cola que, em 2013 
descobriram que só oportunizar a geração de renda às famílias moradoras na 
Amazônia não resolveria os problemas. 
Gestores da fabricante de bebidas Coca-Cola no Brasil depararam 
com um dilema. Para lançar um suco com sabor açaí da marca Del 
Valle, tinham duas opções: uma delas era comprar a fruta de grandes 
fornecedores, sem garantia de que a extração seguiria critérios de 
manejo sustentável. A outra, entrar na floresta para treinar famílias a 
 
 
5 
coletar o açaí nativo sem derrubar a mata ou prejudicar o ciclo de 
reprodução das árvores. Ao mesmo tempo, poderiam melhorar as 
condições de vida numa das comunidades mais pobres do país. 
Decidiram pela segunda alternativa e passaram a comprar a matéria-
prima extraída por mais de 600 famílias da região do Médio Juruá, 
município de Carauari, no Amazonas. Em dois anos a renda média 
aumentou cerca de 50%. Porém, mesmo com mais dinheiro no bolso, 
os moradores continuavam a se queixar dos problemas críticos, como 
o alto índice de mortalidade infantil. Representantes da fabricante de 
cosméticosNatura, que treina a população local há 15 anos para a 
coleta de frutos como andiroba e murumuru, chegaram à mesma 
conclusão dos gestores da Coca Cola. As duas empresas resolveram 
se unir para descobrir a causa dessas questões. “Só medíamos 
quanto gerávamos de renda para a região”, diz João Paulo Ferreira, 
vice-presidente de redes da Natura. “Sentimos necessidade de ir 
além para melhorar de fato a qualidade de vida das pessoas”. 
(Scherer, 2015) 
Ao identificar as causas, concluíram que o problema não era a 
desnutrição, como os moradores pensavam, mas sim a falta de saneamento 
básico: 
João Paulo Ferreira, vice-presidente de redes da Natura, relatou que 
Natura e Coca-Cola fizeram parceria com a ONG Memorial Chico 
Mendes para organizar um pedido de financiamento de 35 milhões de 
reais ao Ministério do Desenvolvimento Social para construir a rede 
de esgoto e fornecimento de água potável para 2 800 famílias da 
região. A experiência demonstrou que era insuficiente mensurar 
somente quanto gerávamos de renda para as famílias da região. 
(Scherer, 2015) 
As duas empresas, Natura e Coca-Cola encontraram a tecnologia social 
adequada para trabalhar: o Índice de Progresso Social (IPS), o qual utiliza 
indicadores exclusivamente sociais e ambientais e não apenas indicadores 
econômicos. Ele analisa dados como a quantidade de usuários de internet e a 
expectativa de vida ao nascer, disponíveis em fontes como ONU e Fórum 
Econômico Mundial. O IPS se fundamenta em três dimensões do progresso 
social: necessidades humanas, fundamentos de bem-estar e oportunidades. 
No cenário global, segundo conclusões da pesquisa que dá base ao 
Índice de Progresso Social (IPS), realizada pela entidade do terceiro setor 
Social Progress Imperative (SPI): “enquanto os indicadores de qualidade de 
vida vêm melhorando, líderes mundiais devem enfrentar os desafios de duas 
tendências extremamente preocupantes: o declínio dos direitos pessoais, da 
segurança individual, da tolerância e da inclusão”. Para Michael Green (Aberje, 
2017), diretor executivo da SPI, os baixos índices de desenvolvimento 
registrados nos últimos anos mostram que as transformações sociais têm 
ocorrido de maneira concentrada e não como deveria ser. E diz: 
 
 
6 
Alguns países, inclusive, estão recuando em áreas críticas para 
atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, metas em 
qualidade ambiental, saúde e bem-estar, moradia, liberdade e direitos 
a escolhas pessoais estabelecidas pela ONU (Organização das 
Nações Unidas). (Aberje, 2017) 
Gestores de Responsabilidade Social encontram no IPS um importante 
instrumento de Tecnologia Social porque atende aos requisitos da 
sustentabilidade e pode ser aplicado de acordo com a realidade, necessidades 
e benefícios comuns a alcançar. 
Saiba mais 
 Para saber mais sobre IPS, acesse: <http://www.aberje.com.br/indice-
de-progresso-social-mostra-recuo-em-direitos-seguranca-e-tolerancia-em-
paises-do-mundo-todo/> ou <www.socialprogressimperative.org> (informações 
em inglês). 
TEMA 3 – IMPACTOS SOCIAIS RESULTANTES DO DESEVOLVIMENTO 
TECNOLÓGICO 
No livro Sociedade da informação no Brasil: livro verde, publicado em 
2000 pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, destaca-se que não é possível 
antecipar quais são as novas demandas profissionais que irão surgir nem que 
rumos irão tomar as mudanças nos padrões de trabalho e emprego porque: 
o caráter e os impactos dessas transformações irão variar segundo 
as condições de cada país, região, segmento da economia e a 
qualificação do trabalhador. Determinantes dessas diferenças serão 
as políticas e estratégias adotadas por agentes públicos e empresas, 
a geração de empregos para os que ingressam no mercado de 
trabalho, a qualificação e requalificação profissional dos 
trabalhadores e os mecanismos de apoio e recolocação dos 
desempregados. (Takahashi, 2000) 
O desemprego preocupa a humanidade tanto quanto a fome, a 
superpopulação, as doenças endêmicas e o uso de recursos não renováveis. 
Acredita-se que em poucos anos mergulharemos na era do trabalho 
temporário, dos subcontratados. O emprego fixo será substituído para trabalho 
por projeto, por tarefa, com jornadas flexíveis, horários livres etc. Especialistas 
das Nações Unidas se dedicam a discutir a questão e, segundo artigo 
publicado pelo professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em 
Ciência da Informação e do Centro de Economia e Administração (CEA) da 
 
 
7 
PUC de Campinas, Fernando Mattos, o emprego nos países capitalistas 
avançados tem destacado – equivocadamente – que se vive um período de 
jobless growth – crescimento sem emprego. O desemprego é um problema, 
sem dúvida, mas a explicação não se encontra em uma tendência inescapável 
gerada por uma fatalidade tecnológica ou de qualquer outro tipo: “O que está 
havendo no mundo do trabalho, não é simplesmente uma alta taxa de 
desemprego, mas uma deterioração das condições de trabalho, seja pelo lado 
da renda, seja pela crescente precariedade dos contratos de trabalho” (Mattos, 
2004). 
Olhando sob o prisma da sustentabilidade, relembremos que as 
dimensões social, econômica e ambiental precisam ser integralmente 
contempladas por gestores de responsabilidade social. Num cenário global, 
em que as mudanças climáticas são cada vez mais alarmantes devido ao 
elevado índice de emissão de gases que provoca o efeito estufa, os avanços 
tecnológicos relacionados ao uso de energias renováveis (solar, eólica, 
hidráulica, biomassa) aliado às novas responsabilidades corporativas, são cada 
vez mais essenciais e urgentes para diminuir impactos como a emissão de 
gases efeito estufa e o aquecimento global. 
Energias renováveis representam novas oportunidades, tendências de 
mercado empresarial e preservação dos recursos naturais. No relatório 
publicado pela ONU Meio Ambiente, Tendências globais no investimento em 
energias renováveis 2018, em colaboração com a Escola de Finanças e 
Administração de Frankfurt e a empresa de dados Bloomberg New Energy 
Finance, os dados mostram que, em 2017, a energia solar agregou mais 
capacidade de geração elétrica do que os combustíveis fósseis (maiores 
responsáveis pelo efeito estufa). Os custos decrescentes da eletricidade solar 
e, em certa medida, da energia eólica continuam impulsionando o aumento dos 
investimentos (Energia..., 2018). 
O crescimento mais expressivo da produção de energias renováveis no 
Brasil foi maior a partir dos anos 2000. É o que apontou o balanço da Agência 
Nacional de Energia Aneel divulgado em agosto de 2016. 
O Brasil tem, aproximadamente, 40% da energia gerada proveniente de 
fontes renováveis, sendo, inclusive, pioneiro no uso de bioenergia (etanol). As 
hidrelétricas ocupam 64% da produção, mas não garantem segurança 
energética, resultando muitas vezes em problemas de abastecimento, como a 
 
 
8 
crise enfrentada pelo Brasil em 2015 e os apagões generalizados em 2017 e 
2018. 
O setor solar fotovoltaico cresceu mais de 300% em 2016, segundo 
matéria do Canal Jornal da Bioenergia ao divulgar o mapeamento realizado 
pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar): 
Há no país 12.520 sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede, 
trazendo economia e engajamento ambiental a 13.897 unidades 
consumidoras, somando mais de R$ 850 milhões em investimentos 
acumulados desde 2012, distribuídos ao redor de todas as regiões do 
Brasil. (Setor..., 2017) 
Com os avanços tecnológicos no setor energético, os impactos ocorridos 
nas residências dos consumidores impactam definitivamente a qualidade de 
vida. É exemplo de eficiência energética (utilização racional de energia): uma 
lâmpada tipo LED de 7W ilumina com a mesma intensidade que uma lâmpada 
incandescente de 60 W. Ou seja, a economia é de quase 90%. Além disso, a 
vida útil do LED é 50 vezes maior e o calor que é transferido para o ambiente é 
menor. Portanto, locaisclimatizados gastam menos energia para resfriar o 
ambiente. Entretanto, lembremos que o custo unitário da lâmpada LED é muito 
superior ao da incandescente, o que é um fator relevante para pessoas que 
têm baixa renda, entretanto, com a economia na conta mensal de energia que 
o uso da LED proporciona, pode-se afirmar que todos saem ganhando: 
consumidores e meio ambiente. Assim também ocorre com produtos da linha 
branca (geladeiras, máquinas de lavar, fogões). A dicotomia entre produtos 
com eficiência energética e baixo custo ainda não existe no Brasil, infelizmente. 
 
LEDs – O LED (Light Emitter Diode) – ou “Diodo Emissor de Luz” – é 
um dispositivo eletrônico que transforma energia elétrica em luz. Essa 
transformação é diferente da realizada nas lâmpadas convencionais 
(incandescentes e fluorescentes), que utilizam filamentos metálicos e 
descargas de gases. (Galhardi, 2014) 
TEMA 4 – TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS 
O trecho a seguir de uma reportagem mostra o impacto socioambiental 
sobre a pior seca ocorrida nos últimos 73 anos na Bahia: 
Da porta de casa, um cenário desolador. O olhar atento de seu 
Antônio Ferreira do Sá se perde no horizonte em meio a um 
sentimento de angústia quando se percebe que o verde que dá vida à 
natureza a seu redor vai aos poucos desaparecendo, sendo 
 
 
9 
devastado pela seca. O solo árido não permite que as plantações 
vinguem, animais debilitados por fome e sede se reduzem a carcaças 
expostas aos urubus. É nesse contexto que o homem do campo de 
70 anos, hoje um dos mais de 4,1 milhões afetados pela estiagem 
prolongada que assola a Bahia há cinco anos, tenta tocar a “vida pra 
lá de difícil”, como ele mesmo diz. (Alves, 2017) 
A Bahia é um estado que tem 417 municípios em situação de 
emergência, com fome e fazendo a população dividir água com os animais, 
conforme relata o jornalista Alves (2017). Esse exemplo provocado por efeitos 
do clima na vida das pessoas, que é devastador quando não há as condições 
mínimas para sobrevivência, demonstra a vulnerabilidade socioambiental à 
qual estão sujeitadas milhares de famílias. 
Segundo o especialista Berté (2013), em sua obra Gestão 
Socioambiental no Brasil, as pressões sobre o meio ambiente provocam a 
vulnerabilidade ambiental e, se forem fruto da ação humana, são consequência 
de três fatores: da pressão industrial; pressão agrícola; e pressão urbana. Em 
seu estudo, os indicadores relacionados a esses 3 fatores são a sensibilidade 
das águas, dos solos, do clima e atmosfera, da vegetação e da fauna. Esses 
impactos ambientais contemplam os pressupostos da sustentabilidade que 
incluem aspectos ecológicos, sociais, culturais e econômicos. (Berté, 2017, 
p.108) 
Com as novas responsabilidades corporativas, aumentou também o 
processo de responsabilização sustentável, um movimento fortemente 
pressionado pelas organizações internacionais, como a ONU e ONGs 
ambientalista e de direitos humanos. Sob esse olhar sistêmico da 
sustentabilidade, os autores do livro O Bem-Feito classificam as 
responsabilidades corporativas em cinco tipos: 
1. responsabilidade do negócio: lucro, investimento e retorno. 
2. responsabilidade social: normas e diretrizes ISO e ABNT, geração 
de emprego, melhores condições de trabalho; saúde e segurança no 
ambiente de trabalho; salário justo; concessão de benefícios; 
relações trabalhistas e sindicais justas e democráticas. 
3. responsabilidade ambiental: certificações ambientais, 
administração e prevenção de riscos; adoção de padrões de 
Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) internacionais e nacionais; 
redução do consumo de recursos naturais; fomento à economia verde 
e ecoinovação. 
4. responsabilidade socioambiental: prevenção e controle dos 
impactos negativos do negócio no meio ambiente e na sociedade; 
transparência nas operações e decisões; apoio ao desenvolvimento 
de comunidades. 
5. responsabilidade humanitária: promoção dos diretos humanos; 
combate à corrupção e desigualdade social; fomento ao 
empreendedorismo e educação inclusiva. (Melo Neto, 2011, p.133) 
 
 
10 
Os caminhos que vêm sendo trilhados por pesquisadores, na busca de 
novas ideias, metodologias e instrumentos que atendam às diretrizes da 
sustentabilidade, têm levado a importantes descobertas. 
No estudo das tecnologias sustentáveis, a ecoinovação é imprescindível 
para as empresas porque, para se manterem competitivas e satisfazerem os 
desafios do desenvolvimento sustentável, têm que combinar inovação e 
ecologia. A ecoinovação é uma estratégia de gestão que possibilita atender a 
questões ambientais relevantes para o negócio, ao mesmo tempo em que 
agrega valor e satisfaz as necessidades dos consumidores. Segundo 
Maçaneiro e Duda (2017, p. 41): 
ecoinovação é entendida como uma inovação que consiste em 
mudanças e melhorias no desempenho ambiental, no âmbito da 
dinâmica de ecologização, de produtos, processos, estratégias de 
negócios, mercados, tecnologias e sistemas de inovação. Nesse 
contexto, ela é definida por sua contribuição à redução dos impactos 
ambientais de produtos, serviços e processos organizacionais. 
As empresas voltadas para a ecoinovação, que inclui o Programa de 
Logística Verde (PLVB), Produção Mais Limpa, entre outros, constroem 
cadeias de valores com a criação de produtos e serviços ambientalmente 
seguros. Priorizam a redução do consumo de recursos não renováveis e 
renováveis, na fábrica, nos escritórios e na cadeia de suprimentos. É exemplo 
a empresa de bebidas Heineken Brasil, que instalou uma caldeira de biomassa 
na cervejaria do município de Ponta Grossa (PR). A caldeira reduziu em 57% 
as emissões de CO2 durante todo o ano de 2017 (Relatório..., 2018). 
TEMA 5 – ATIVISMO SOCIOAMBIENTAL NA SOCIEDADE DE INFORMAÇÃO 
A bordo de um barco de pesca, os ativistas queriam impedir que os 
Estados Unidos levassem a cabo testes nucleares em uma pequena 
ilha chamada Amchitka, na costa ocidental do Alasca. Para levar 
adiante tal empreitada, o grupo tentou arrecadar fundos com a venda 
de broches. Verde (Green) e Paz (Peace) eram as palavras de 
ordem, mas não cabiam separadas no broche. Nascia assim o nome 
Greenpeace. Interceptados antes de chegar a seu destino, os 
ativistas não impediram os Estados Unidos de detonarem a bomba. 
Mas sua obstinação e coragem despertou a atenção do planeta. Após 
forte pressão popular, os testes nucleares foram suspensos em 
Amchitka, então declarada santuário de pássaros. O protesto pacifista 
teve ainda consequências muito além da esperada. A ideia de que 
alguns indivíduos podiam fazer a diferença por um planeta mais verde 
e pacífico se tornou realidade e arrebatou uma legião de seguidores. 
Foi também o embrião do que é hoje a maior organização 
ambientalista do mundo. (O surgimento..., 2010) 
 
 
11 
A história da ONG Greenpeace começou em 1971, quando um grupo de 
ecologistas, jornalistas e hippies zarparam do porto de Vancouver, no Canadá, 
rumo ao Ártico. Foi o período em que o ativismo socioambiental começou a dar 
os primeiros passos na Europa. Na América Latina, os movimentos sociais se 
articulavam por questões político-partidárias. 
A Era da Informação, também conhecida como Era Digital ou Era 
Tecnológica, acontece após a década de 1980 com o surgimento da rede de 
computadores, a fibra ótica, o computador pessoal, a internet e o projeto world 
wide web. Com a cibercultura, surge o fenômeno tribalismo, termo aplicado 
pelo sociólogo Michel Maffesoli. É o início às novas formas de se relacionar, 
para a importância de querer estar junto, período que, para ele (Maffesoli, 
2006), é “o tempo das Tribos” 
O termo [ciberespaço] especifica não apenas a infraestrutura material 
da comunicação digital, mas também o universo oceânico de 
informação que ela abriga, assim como os seres humanos que 
navegam e alimentam esse universo. ‘Cibercultura’ especifica o 
conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de 
atitudes, de modosde pensamento e de valores que se desenvolvem 
juntamente com o crescimento do ciberespaço. (Lévy, 1999, p. 17) 
Surge também a cultura da sociedade em rede, caracterizada pela 
importância dos projetos de autonomia, como princípio de orientação em 
manifestações coletivas e individuais, por exemplo, a mobilização característica 
do movimento antiglobalização e da ecologia. Castells (2007, p. 227) mostra 
que “as pessoas aspiram a construir sua própria autonomia, em todas as 
dimensõesvida, definindo a sua cultura de uma forma prática. Não começando 
de quem eles são, mas do que querem ser”. 
É exemplo para compreensão de cibercultura e sociedade em rede o 
convite da ONG Greenpeace, que convida para ser um ciberativista: 
Proteste nas 'ruas' da internet 
A internet ganha cada vez mais espaço político ao permitir que as 
pessoas exponham publicamente sua vontade e sua opinião de modo 
interativo, dinâmico e veloz. As redes sociais conectam e aproximam 
pessoas que partilham valores e interesses como, por exemplo, a 
defesa e proteção do meio ambiente. 
Há muitas maneiras para se tornar um ciberativista. Você pode 
assinar e compartilhar nossas petições on-line, comentar notícias, 
publicar reportagens, vídeos e banners em sua rede social ou blog. 
(Proteste..., 2018) 
O impacto das redes sociais é extraordinário. Além do acesso à 
informação, isso estimula práticas fora do campo virtual. O exemplo dessa 
 
 
12 
interação no Brasil foi o “Vem pra rua” (2013), que mobilizou milhares de 
pessoas convocadas pelo Facebook. Saíram às ruas moradores de Porto 
Alegre, Salvador, Brasília, Curitiba, São Paulo, Rio Janeiro, pela melhoria na 
saúde, educação e assistência social. 
O modelo deliberativo democrático garante um lugar de destaque para o 
ativismo – participação cidadã – e discussão na vida pública, pois fazem parte 
do processo de interpretações coletivas entre uma pluralidade de atores 
distintos (Gutmann e Thompson citados por Maia, 2006, p. 154). 
Gestores de responsabilidade social têm a importante atribuição de 
proporcionar acesso à inclusão digital e promover o ativismo socioambiental 
junto aos stakeholders comunidade e público interno (funcionários e 
colaboradores). 
NA PRÁTICA 
Para consolidar os conhecimentos adquiridos relacionados às 
tecnologias para a sustentabilidade, a atividade proposta é pesquisar empresas 
que disponibilizem relatórios de sustentabilidade e saber o que realizam na 
área de ecoinovação e/ou energias renováveis. 
Passos para resolver: 
1. Decidir: qual empresa quer analisar 
2. Escolher o que vai pesquisar; 
3. Fazer a análise das informações obtidas. 
A síntese de uma resolução: 
1. Pesquisar na internet ou analisar a empresa na qual trabalha; 
2. Fazer o resumo em uma página; 
3. Que atividades a empresa realiza? Como mede os resultados positivos? 
FINALIZANDO 
O primeiro tema desta aula foi sobre o desenvolvimento tecnológico e 
impacto social, com ênfase na inteligência artificial e machine learning. 
Abordamos, no segundo tema, como a tecnologia social pode ser aplicada para 
o progresso da população. E vimos o exemplo do Índice de Progresso Social 
(IPC). Em seguida, vimos os impactos sociais resultantes do desenvolvimento 
 
 
13 
tecnológico, dentre eles o desemprego e as novas oportunidades, com 
destaque para a ecoinovação e energias renováveis. No último tema, sobre 
ativismo socioambiental na sociedade de informação, apresentamos conceitos, 
panorama e o exemplo da ONG Greenpeace ciberativismo. 
 
 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
ALVES, A. T. Pior seca em 73 anos traz fome e faz população dividir água com 
animais. G1, 2 abr. 2017. Disponível em: 
<http://g1.globo.com/bahia/noticia/2017/04/pior-seca-em-73-anos-traz-fome-e-
faz-populacao-dividir-agua-com-animais.html>. Acesso em: 5 jun. 2018. 
ASHLEY, P. (Org.). Ética e responsabilidade social nos negócios. São Paulo: 
Saraiva, 2002. 
BERTÉ, R. Gestão socioambiental no Brasil. Curitiba: InterSaberes, 2013. 
ONU – Organização das Nações Unidas Brasil. Energia solar agregou mais 
capacidade de geração elétrica que combustíveis fósseis em 2017. 5 abr. 
2018. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/energia-solar-agregou-mais-
capacidade-de-geracao-eletrica-que-combustiveis-fosseis-em-2017/>. Acesso 
em: 5 jun. 2018. 
ENTENDA o que é ERP (Sistemas de Gestão Empresarial). Portal ERP. 
Disponível em: < https://portalerp.com/erp/5-entenda-erp>. Acesso em: 5 jun. 
2018. 
SALOMÃO FILHO. Como a inteligência artificial vai cuidar da sua saúde. IstoÉ 
Dinheiro, 8 maio 2018. Disponível em: <https://www.istoedinheiro.com.br/como
-a-inteligencia-artificial-vai-cuidar-da-sua-saude/>. Acesso em: 5 jun. 2018. 
FONSECA, M. Já conversou com um robô hoje? Entenda como isso vai virar 
rotina. Exame, 18 jul. 2017. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/pme/ja-
trocou-ideias-com-robos-para-estas-startups-isso-sera-rotina/>. Acesso em: 5 
jun. 2018. 
GALHARDI, R. Compare as vantagens das lâmpadas de LED. O Estado de S. 
Paulo, 16 out. 2014. Disponível em: 
<https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,compare-as-vantagens-das-
lampadas-de-led,1577724>. Acesso em: 5 jun. 2018. 
ÍNDICE de progresso social mostra recuo em direitos, segurança e tolerância 
em países do mundo todo. Aberje, 17 set. 2017. Disponível em: 
<http://www.aberje.com.br/indice-de-progresso-social-mostra-recuo-em-
direitos-seguranca-e-tolerancia-em-paises-do-mundo-todo/>. Acesso em: 5 jun. 
2018. 
 
 
15 
LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. 
MAÇANEIRO, M. B.; DUDA, A. A. A gestão da ecoinovação a partir da logística 
reversa. Revista Livre de Sustentabilidade e Empreendedorismo, v. 2, n. 3, 
p. 92-106, jul-set, 2017. 
MAFFESOLI, M. O tempo das tribos: o declínio do individualismo nas 
sociedades pós-modernas. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006. 
MAIA, R. (Org.). Mídia, esfera pública e identidades coletivas. Belo Horizonte: 
Ed. da UFMG, 2006. 
MATTOS, F. Fim dos empregos? Revista Economia Contemporânea da 
UFRJ, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 155-182, jan./jun. 2004. Disponível em: 
<www.ie.ufrj.br/images/pesquisa/publicacoes/.../REC_8.1_06_Fim_dos_empre
gos.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2018. 
MELO NETO, F.P. O bem-feito. São Paulo: Qualitymark, 2011. 
O SURGIMENTO do Greenpeace. Greenpeace, 7 abr. 2010. Disponível em: 
<http://www.greenpeace.org/brasil/pt/quemsomos/Greenpeace-no-mundo/>. 
Acesso em: 5 jun. 2018. 
PROTESTE nas ruas da internet. Greenpeace, 2018. Disponível em: 
<http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Participe/Ciberativista/>. Acesso em: 5 
jun. 2018. 
RELATÓRIO de sustentabilidade 2017. Heinneken, 2018. Disponível em: 
<http://www.heinekenbrasil.com.br/files/sustentabilidade/Brazil-
MessageInABottle-2017-08_portugues_VF_Site.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2018. 
SALOMÃO, K. O futuro da inteligência artificial e as empresas que a adotaram. 
Exame, 8 fev. 2018. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/negocios/o-
futuro-da-inteligencia-artificial-e-as-empresas-que-a-adotaram/>. Acesso em: 5 
jun. 2018. 
SATO, P. O que é inteligência artificial? Onde ela é aplicada? Nova Escola, 1 
jun. 2009. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/1115/o-que-e-
inteligencia-artificial-onde-ela-e-aplicada>. Acesso em: 5 jun. 2018. 
SCHERER, A. Só o dinheiro não basta para obter progresso social. Exame, 17 
jun. 2015, <https://exame.abril.com.br/revista-exame/so-o-dinheiro-nao-basta-
para-obter-progresso-social>. Acesso em: 5 jun. 2018. 
 
 
16 
SETOR de energia fotovoltaica precisa de mão de obra qualificada. Canal 
Jornal da Bioenergia, 10 nov. 2017. Disponível em: 
<http://www.canalbioenergia.com.br/profissionais-especializados-ainda-sao-
poucos-no-setor-de-energia-fotovoltaica/>. Acesso em: 5 jun. 2018. 
STADLER, A. Organizações e desenvolvimento sustentável. Curitiba: 
InterSaberes, 2012. 
TAKAHASHI, T. (Org.). Sociedade da informação no Brasil: livro verde. 
Brasília: Ministérioda Ciência e Tecnologia, 2000. Disponível em: 
<https://www.governodigital.gov.br/documentos-e-arquivos/livroverde.pdf>. 
Acesso em: 5 jun. 2018. 
TALAMONE, R. Inteligência artificial cria nova classe de profissionais no 
esporte. Jornal da USP, 27 abr. 2016. Disponível em: 
<https://jornal.usp.br/atualidades/inteligencia-artificial-cria-nova-classe-de-
profissionais-no-esporte/>. Acesso em: 5 jun. 2018.

Continue navegando