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RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL AULA 4 Profª Cora Catalina 2 CONVERSA INICIAL Nesta quarta aula, o tema central se relaciona com tecnologia e sociedade. O primeiro tema é sobre o desenvolvimento tecnológico e o impacto social, com ênfase na inteligência artificial e no machine learning. No segundo tema, veremos como a tecnologia social pode ser aplicada para o progresso da população. E vamos conhecer o exemplo do Índice de Progresso Social (IPC). Em seguida, trabalharemos os impactos sociais resultantes do desenvolvimento tecnológico, dentre eles o desemprego e as novas oportunidades, com destaque para a ecoinovação e energias renováveis. No último tema, sobre ativismo socioambiental na sociedade de informação, apresentamos conceitos, panorama e o exemplo da ONG Greenpeace ciberativismo. CONTEXTUALIZANDO As tecnologias estão sendo utilizadas por empresas pequenas, médias e de grande porte. Elas são indispensáveis e, cada vez mais, é preciso estar atento à concorrência e aos benefícios que oferece ao consumidor. Na gestão da responsabilidade social não é diferente. Há uma gama de tecnologias sociais que podem ser aplicadas, de acordo com as diretrizes de governança que inclui os stakeholders. Este é o ponto-chave e o que diferencia uma empresa de excelência em RSE, a escolha de estratégias coerentes com as responsabilidades assumidas, transparência, qualidade e, principalmente, procurar atender às necessidades, bem-estar e oportunidades dos envolvidos. TEMA 1 – O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E SEU IMPACTO SOCIAL As reflexões a seguir foram propostas por Salomão Filho, investidor em startups de tecnologia e autor da matéria publicada na Isto é Dinheiro (Filho, 2018) declara que, o impacto da inteligência artificial, do machine learning e deep learning no campo da medicina está apenas começando e as transformações que irão ocorrer na indústria da saúde nos próximos anos com o amadurecimento dessas tecnologias são de tirar o fôlego. Já pensou se, logo após o nascimento, seu filho fosse submetido a um teste de DNA que mostrasse todos os riscos de saúde que poderia ter ao longo da vida e, a partir de um cruzamento de dados 3 em um sistema inteligente, o pediatra prescrevesse um tratamento preventivo para evitar o surgimento de doenças crônicas no futuro? Você se assustaria em ser submetido a uma cirurgia assistida por um robô? Aceitaria passar por uma consulta por um App no seu smartphone ou no voicebot? Acharia esquisito usar uma lente de contato para medir os níveis de açúcar no sangue?”. (Filho, 2018) Nos esportes também não é diferente, Paulo R. Santiago, docente da USP, na Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto, avalia a grande probabilidade de que a evolução da inteligência artificial criará uma nova classe de profissionais do esporte porque o tema desenvolvimento do atleta, alto rendimento e biomecânica do esporte vem sendo pautado nos debates dos últimos anos. E afirma que “os profissionais do esporte precisam evoluir ao mesmo nível das novas tecnologias” (Talamone, 2016). Na gestão empresarial, sistemas controlam processos, produção, apontam tendências, avaliam resultados. Tudo baseado na inserção de dados e complexas estruturas de softwares que analisam as informações para aumentar a eficiência nas operações, na logística, na otimização de custos etc. e vêm revolucionando o mercado. Tomemos, por exemplo, os sistemas ERPs Inteligentes – Enterprise Resource Planning, que, em português, significa Sistema de Gestão Empresarial ou, segundo o portal ERP, significa Planejamento dos Recursos da Empresa: é um software responsável por cuidar de todas as operações diárias de uma empresa, desde faturamento até o balanço contábil, compras, fluxo de caixa, apuração de impostos, administração de pessoal, inventário de estoque às contas a receber, o ponto dos funcionários, controle do maquinário da fábrica, enfim, todo o trabalho administrativo e operacional feito numa empresa. (Entenda..., S.d.) Mas, afinal, o que significa inteligência artificial? Não existe apenas uma definição para isso, mas várias, explica Marcelo Módolo, professor de Sistemas de Informação da Universidade Metodista de São Paulo. “A inteligência artificial faz parte dos estudos de Ciências da Computação e é, basicamente, fazer com que os computadores pensem como os seres humanos ou que sejam tão inteligentes quanto o homem” (Sato, 2009). Vejamos alguns exemplos de onde estão sendo aplicadas as tecnologias de inteligência artificial: Assistentes virtuais: conversas com assistentes virtuais já são realidade, como a Alexa, da Amazon, a Cortana da Microsoft. A Cortana, está nos carros da Nissan. O consumidor pode acessar mapas, trânsito, agenda e outras informações importantes através de seu computador de bordo. 4 Compras por um robô: o Walmart está integrado ao Google Home nos Estados Unidos. O assistente permite fazer compras apenas com a voz. Com acesso ao histórico de compras, não é preciso indicar a marca ou modelo preferido, é só dizer “Google, compre uma margarina”, por exemplo. Atendimento a clientes: esta é uma área em ampla expansão. O Bradesco também usa a tecnologia BIA (Bradesco Inteligência Artificial). Isso dá autonomia aos clientes e, ao mesmo tempo, maior eficiência ao banco ao desafogar canais de atendimento. Nas lojas: na Lowe’s, rede de materiais de construção dos Estados Unidos, robôs recepcionam os clientes e dão indicações da localização dos produtos, fiscalizam corredores e ajudam os vendedores a realizar o inventário da loja. (Salomão, 2018) Na área empresarial, a tendência é crescente para o mercado de atendentes virtuais – chatbots, um software que cruza as mensagens enviadas por usuários com respostas preparadas na sua base de dados. O robô responde automaticamente as perguntas mais simples e pode se atualizar automaticamente com as próprias respostas dadas por uma pessoa (Fonseca, 2017). Diante de diversos exemplos apresentados, e muitos mais que não conseguimos mostrar, permitem-nos observar os extraordinários impactos na vida das pessoas que vêm sendo alcançados com o desenvolvimento das tecnologias. Saiba mais Assista ao vídeo e saiba como funciona o machine learning: <https://www.youtube.com/watch?v=Z1YHbl0lh88>. TEMA 2 – A TECNOLOGIA E O PROGRESSO DO HOMEM Ao referirmos a palavra “progresso”, cujo significado é ação ou resultado de progredir; movimento para a frente, o primeiro pensamento que nos vem à mente talvez seja a capacidade que o homem tem de adquirir bens de consumo e mercadorias, ou seja, há uma tendência a associar progresso ao acesso a recursos materiais que a pessoa adquire ao longo de sua vida. Seria isso mesmo? Vamos conhecer o caso Natura e Coca-Cola que, em 2013 descobriram que só oportunizar a geração de renda às famílias moradoras na Amazônia não resolveria os problemas. Gestores da fabricante de bebidas Coca-Cola no Brasil depararam com um dilema. Para lançar um suco com sabor açaí da marca Del Valle, tinham duas opções: uma delas era comprar a fruta de grandes fornecedores, sem garantia de que a extração seguiria critérios de manejo sustentável. A outra, entrar na floresta para treinar famílias a 5 coletar o açaí nativo sem derrubar a mata ou prejudicar o ciclo de reprodução das árvores. Ao mesmo tempo, poderiam melhorar as condições de vida numa das comunidades mais pobres do país. Decidiram pela segunda alternativa e passaram a comprar a matéria- prima extraída por mais de 600 famílias da região do Médio Juruá, município de Carauari, no Amazonas. Em dois anos a renda média aumentou cerca de 50%. Porém, mesmo com mais dinheiro no bolso, os moradores continuavam a se queixar dos problemas críticos, como o alto índice de mortalidade infantil. Representantes da fabricante de cosméticosNatura, que treina a população local há 15 anos para a coleta de frutos como andiroba e murumuru, chegaram à mesma conclusão dos gestores da Coca Cola. As duas empresas resolveram se unir para descobrir a causa dessas questões. “Só medíamos quanto gerávamos de renda para a região”, diz João Paulo Ferreira, vice-presidente de redes da Natura. “Sentimos necessidade de ir além para melhorar de fato a qualidade de vida das pessoas”. (Scherer, 2015) Ao identificar as causas, concluíram que o problema não era a desnutrição, como os moradores pensavam, mas sim a falta de saneamento básico: João Paulo Ferreira, vice-presidente de redes da Natura, relatou que Natura e Coca-Cola fizeram parceria com a ONG Memorial Chico Mendes para organizar um pedido de financiamento de 35 milhões de reais ao Ministério do Desenvolvimento Social para construir a rede de esgoto e fornecimento de água potável para 2 800 famílias da região. A experiência demonstrou que era insuficiente mensurar somente quanto gerávamos de renda para as famílias da região. (Scherer, 2015) As duas empresas, Natura e Coca-Cola encontraram a tecnologia social adequada para trabalhar: o Índice de Progresso Social (IPS), o qual utiliza indicadores exclusivamente sociais e ambientais e não apenas indicadores econômicos. Ele analisa dados como a quantidade de usuários de internet e a expectativa de vida ao nascer, disponíveis em fontes como ONU e Fórum Econômico Mundial. O IPS se fundamenta em três dimensões do progresso social: necessidades humanas, fundamentos de bem-estar e oportunidades. No cenário global, segundo conclusões da pesquisa que dá base ao Índice de Progresso Social (IPS), realizada pela entidade do terceiro setor Social Progress Imperative (SPI): “enquanto os indicadores de qualidade de vida vêm melhorando, líderes mundiais devem enfrentar os desafios de duas tendências extremamente preocupantes: o declínio dos direitos pessoais, da segurança individual, da tolerância e da inclusão”. Para Michael Green (Aberje, 2017), diretor executivo da SPI, os baixos índices de desenvolvimento registrados nos últimos anos mostram que as transformações sociais têm ocorrido de maneira concentrada e não como deveria ser. E diz: 6 Alguns países, inclusive, estão recuando em áreas críticas para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, metas em qualidade ambiental, saúde e bem-estar, moradia, liberdade e direitos a escolhas pessoais estabelecidas pela ONU (Organização das Nações Unidas). (Aberje, 2017) Gestores de Responsabilidade Social encontram no IPS um importante instrumento de Tecnologia Social porque atende aos requisitos da sustentabilidade e pode ser aplicado de acordo com a realidade, necessidades e benefícios comuns a alcançar. Saiba mais Para saber mais sobre IPS, acesse: <http://www.aberje.com.br/indice- de-progresso-social-mostra-recuo-em-direitos-seguranca-e-tolerancia-em- paises-do-mundo-todo/> ou <www.socialprogressimperative.org> (informações em inglês). TEMA 3 – IMPACTOS SOCIAIS RESULTANTES DO DESEVOLVIMENTO TECNOLÓGICO No livro Sociedade da informação no Brasil: livro verde, publicado em 2000 pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, destaca-se que não é possível antecipar quais são as novas demandas profissionais que irão surgir nem que rumos irão tomar as mudanças nos padrões de trabalho e emprego porque: o caráter e os impactos dessas transformações irão variar segundo as condições de cada país, região, segmento da economia e a qualificação do trabalhador. Determinantes dessas diferenças serão as políticas e estratégias adotadas por agentes públicos e empresas, a geração de empregos para os que ingressam no mercado de trabalho, a qualificação e requalificação profissional dos trabalhadores e os mecanismos de apoio e recolocação dos desempregados. (Takahashi, 2000) O desemprego preocupa a humanidade tanto quanto a fome, a superpopulação, as doenças endêmicas e o uso de recursos não renováveis. Acredita-se que em poucos anos mergulharemos na era do trabalho temporário, dos subcontratados. O emprego fixo será substituído para trabalho por projeto, por tarefa, com jornadas flexíveis, horários livres etc. Especialistas das Nações Unidas se dedicam a discutir a questão e, segundo artigo publicado pelo professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação e do Centro de Economia e Administração (CEA) da 7 PUC de Campinas, Fernando Mattos, o emprego nos países capitalistas avançados tem destacado – equivocadamente – que se vive um período de jobless growth – crescimento sem emprego. O desemprego é um problema, sem dúvida, mas a explicação não se encontra em uma tendência inescapável gerada por uma fatalidade tecnológica ou de qualquer outro tipo: “O que está havendo no mundo do trabalho, não é simplesmente uma alta taxa de desemprego, mas uma deterioração das condições de trabalho, seja pelo lado da renda, seja pela crescente precariedade dos contratos de trabalho” (Mattos, 2004). Olhando sob o prisma da sustentabilidade, relembremos que as dimensões social, econômica e ambiental precisam ser integralmente contempladas por gestores de responsabilidade social. Num cenário global, em que as mudanças climáticas são cada vez mais alarmantes devido ao elevado índice de emissão de gases que provoca o efeito estufa, os avanços tecnológicos relacionados ao uso de energias renováveis (solar, eólica, hidráulica, biomassa) aliado às novas responsabilidades corporativas, são cada vez mais essenciais e urgentes para diminuir impactos como a emissão de gases efeito estufa e o aquecimento global. Energias renováveis representam novas oportunidades, tendências de mercado empresarial e preservação dos recursos naturais. No relatório publicado pela ONU Meio Ambiente, Tendências globais no investimento em energias renováveis 2018, em colaboração com a Escola de Finanças e Administração de Frankfurt e a empresa de dados Bloomberg New Energy Finance, os dados mostram que, em 2017, a energia solar agregou mais capacidade de geração elétrica do que os combustíveis fósseis (maiores responsáveis pelo efeito estufa). Os custos decrescentes da eletricidade solar e, em certa medida, da energia eólica continuam impulsionando o aumento dos investimentos (Energia..., 2018). O crescimento mais expressivo da produção de energias renováveis no Brasil foi maior a partir dos anos 2000. É o que apontou o balanço da Agência Nacional de Energia Aneel divulgado em agosto de 2016. O Brasil tem, aproximadamente, 40% da energia gerada proveniente de fontes renováveis, sendo, inclusive, pioneiro no uso de bioenergia (etanol). As hidrelétricas ocupam 64% da produção, mas não garantem segurança energética, resultando muitas vezes em problemas de abastecimento, como a 8 crise enfrentada pelo Brasil em 2015 e os apagões generalizados em 2017 e 2018. O setor solar fotovoltaico cresceu mais de 300% em 2016, segundo matéria do Canal Jornal da Bioenergia ao divulgar o mapeamento realizado pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar): Há no país 12.520 sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede, trazendo economia e engajamento ambiental a 13.897 unidades consumidoras, somando mais de R$ 850 milhões em investimentos acumulados desde 2012, distribuídos ao redor de todas as regiões do Brasil. (Setor..., 2017) Com os avanços tecnológicos no setor energético, os impactos ocorridos nas residências dos consumidores impactam definitivamente a qualidade de vida. É exemplo de eficiência energética (utilização racional de energia): uma lâmpada tipo LED de 7W ilumina com a mesma intensidade que uma lâmpada incandescente de 60 W. Ou seja, a economia é de quase 90%. Além disso, a vida útil do LED é 50 vezes maior e o calor que é transferido para o ambiente é menor. Portanto, locaisclimatizados gastam menos energia para resfriar o ambiente. Entretanto, lembremos que o custo unitário da lâmpada LED é muito superior ao da incandescente, o que é um fator relevante para pessoas que têm baixa renda, entretanto, com a economia na conta mensal de energia que o uso da LED proporciona, pode-se afirmar que todos saem ganhando: consumidores e meio ambiente. Assim também ocorre com produtos da linha branca (geladeiras, máquinas de lavar, fogões). A dicotomia entre produtos com eficiência energética e baixo custo ainda não existe no Brasil, infelizmente. LEDs – O LED (Light Emitter Diode) – ou “Diodo Emissor de Luz” – é um dispositivo eletrônico que transforma energia elétrica em luz. Essa transformação é diferente da realizada nas lâmpadas convencionais (incandescentes e fluorescentes), que utilizam filamentos metálicos e descargas de gases. (Galhardi, 2014) TEMA 4 – TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS O trecho a seguir de uma reportagem mostra o impacto socioambiental sobre a pior seca ocorrida nos últimos 73 anos na Bahia: Da porta de casa, um cenário desolador. O olhar atento de seu Antônio Ferreira do Sá se perde no horizonte em meio a um sentimento de angústia quando se percebe que o verde que dá vida à natureza a seu redor vai aos poucos desaparecendo, sendo 9 devastado pela seca. O solo árido não permite que as plantações vinguem, animais debilitados por fome e sede se reduzem a carcaças expostas aos urubus. É nesse contexto que o homem do campo de 70 anos, hoje um dos mais de 4,1 milhões afetados pela estiagem prolongada que assola a Bahia há cinco anos, tenta tocar a “vida pra lá de difícil”, como ele mesmo diz. (Alves, 2017) A Bahia é um estado que tem 417 municípios em situação de emergência, com fome e fazendo a população dividir água com os animais, conforme relata o jornalista Alves (2017). Esse exemplo provocado por efeitos do clima na vida das pessoas, que é devastador quando não há as condições mínimas para sobrevivência, demonstra a vulnerabilidade socioambiental à qual estão sujeitadas milhares de famílias. Segundo o especialista Berté (2013), em sua obra Gestão Socioambiental no Brasil, as pressões sobre o meio ambiente provocam a vulnerabilidade ambiental e, se forem fruto da ação humana, são consequência de três fatores: da pressão industrial; pressão agrícola; e pressão urbana. Em seu estudo, os indicadores relacionados a esses 3 fatores são a sensibilidade das águas, dos solos, do clima e atmosfera, da vegetação e da fauna. Esses impactos ambientais contemplam os pressupostos da sustentabilidade que incluem aspectos ecológicos, sociais, culturais e econômicos. (Berté, 2017, p.108) Com as novas responsabilidades corporativas, aumentou também o processo de responsabilização sustentável, um movimento fortemente pressionado pelas organizações internacionais, como a ONU e ONGs ambientalista e de direitos humanos. Sob esse olhar sistêmico da sustentabilidade, os autores do livro O Bem-Feito classificam as responsabilidades corporativas em cinco tipos: 1. responsabilidade do negócio: lucro, investimento e retorno. 2. responsabilidade social: normas e diretrizes ISO e ABNT, geração de emprego, melhores condições de trabalho; saúde e segurança no ambiente de trabalho; salário justo; concessão de benefícios; relações trabalhistas e sindicais justas e democráticas. 3. responsabilidade ambiental: certificações ambientais, administração e prevenção de riscos; adoção de padrões de Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) internacionais e nacionais; redução do consumo de recursos naturais; fomento à economia verde e ecoinovação. 4. responsabilidade socioambiental: prevenção e controle dos impactos negativos do negócio no meio ambiente e na sociedade; transparência nas operações e decisões; apoio ao desenvolvimento de comunidades. 5. responsabilidade humanitária: promoção dos diretos humanos; combate à corrupção e desigualdade social; fomento ao empreendedorismo e educação inclusiva. (Melo Neto, 2011, p.133) 10 Os caminhos que vêm sendo trilhados por pesquisadores, na busca de novas ideias, metodologias e instrumentos que atendam às diretrizes da sustentabilidade, têm levado a importantes descobertas. No estudo das tecnologias sustentáveis, a ecoinovação é imprescindível para as empresas porque, para se manterem competitivas e satisfazerem os desafios do desenvolvimento sustentável, têm que combinar inovação e ecologia. A ecoinovação é uma estratégia de gestão que possibilita atender a questões ambientais relevantes para o negócio, ao mesmo tempo em que agrega valor e satisfaz as necessidades dos consumidores. Segundo Maçaneiro e Duda (2017, p. 41): ecoinovação é entendida como uma inovação que consiste em mudanças e melhorias no desempenho ambiental, no âmbito da dinâmica de ecologização, de produtos, processos, estratégias de negócios, mercados, tecnologias e sistemas de inovação. Nesse contexto, ela é definida por sua contribuição à redução dos impactos ambientais de produtos, serviços e processos organizacionais. As empresas voltadas para a ecoinovação, que inclui o Programa de Logística Verde (PLVB), Produção Mais Limpa, entre outros, constroem cadeias de valores com a criação de produtos e serviços ambientalmente seguros. Priorizam a redução do consumo de recursos não renováveis e renováveis, na fábrica, nos escritórios e na cadeia de suprimentos. É exemplo a empresa de bebidas Heineken Brasil, que instalou uma caldeira de biomassa na cervejaria do município de Ponta Grossa (PR). A caldeira reduziu em 57% as emissões de CO2 durante todo o ano de 2017 (Relatório..., 2018). TEMA 5 – ATIVISMO SOCIOAMBIENTAL NA SOCIEDADE DE INFORMAÇÃO A bordo de um barco de pesca, os ativistas queriam impedir que os Estados Unidos levassem a cabo testes nucleares em uma pequena ilha chamada Amchitka, na costa ocidental do Alasca. Para levar adiante tal empreitada, o grupo tentou arrecadar fundos com a venda de broches. Verde (Green) e Paz (Peace) eram as palavras de ordem, mas não cabiam separadas no broche. Nascia assim o nome Greenpeace. Interceptados antes de chegar a seu destino, os ativistas não impediram os Estados Unidos de detonarem a bomba. Mas sua obstinação e coragem despertou a atenção do planeta. Após forte pressão popular, os testes nucleares foram suspensos em Amchitka, então declarada santuário de pássaros. O protesto pacifista teve ainda consequências muito além da esperada. A ideia de que alguns indivíduos podiam fazer a diferença por um planeta mais verde e pacífico se tornou realidade e arrebatou uma legião de seguidores. Foi também o embrião do que é hoje a maior organização ambientalista do mundo. (O surgimento..., 2010) 11 A história da ONG Greenpeace começou em 1971, quando um grupo de ecologistas, jornalistas e hippies zarparam do porto de Vancouver, no Canadá, rumo ao Ártico. Foi o período em que o ativismo socioambiental começou a dar os primeiros passos na Europa. Na América Latina, os movimentos sociais se articulavam por questões político-partidárias. A Era da Informação, também conhecida como Era Digital ou Era Tecnológica, acontece após a década de 1980 com o surgimento da rede de computadores, a fibra ótica, o computador pessoal, a internet e o projeto world wide web. Com a cibercultura, surge o fenômeno tribalismo, termo aplicado pelo sociólogo Michel Maffesoli. É o início às novas formas de se relacionar, para a importância de querer estar junto, período que, para ele (Maffesoli, 2006), é “o tempo das Tribos” O termo [ciberespaço] especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informação que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. ‘Cibercultura’ especifica o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modosde pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço. (Lévy, 1999, p. 17) Surge também a cultura da sociedade em rede, caracterizada pela importância dos projetos de autonomia, como princípio de orientação em manifestações coletivas e individuais, por exemplo, a mobilização característica do movimento antiglobalização e da ecologia. Castells (2007, p. 227) mostra que “as pessoas aspiram a construir sua própria autonomia, em todas as dimensõesvida, definindo a sua cultura de uma forma prática. Não começando de quem eles são, mas do que querem ser”. É exemplo para compreensão de cibercultura e sociedade em rede o convite da ONG Greenpeace, que convida para ser um ciberativista: Proteste nas 'ruas' da internet A internet ganha cada vez mais espaço político ao permitir que as pessoas exponham publicamente sua vontade e sua opinião de modo interativo, dinâmico e veloz. As redes sociais conectam e aproximam pessoas que partilham valores e interesses como, por exemplo, a defesa e proteção do meio ambiente. Há muitas maneiras para se tornar um ciberativista. Você pode assinar e compartilhar nossas petições on-line, comentar notícias, publicar reportagens, vídeos e banners em sua rede social ou blog. (Proteste..., 2018) O impacto das redes sociais é extraordinário. Além do acesso à informação, isso estimula práticas fora do campo virtual. O exemplo dessa 12 interação no Brasil foi o “Vem pra rua” (2013), que mobilizou milhares de pessoas convocadas pelo Facebook. Saíram às ruas moradores de Porto Alegre, Salvador, Brasília, Curitiba, São Paulo, Rio Janeiro, pela melhoria na saúde, educação e assistência social. O modelo deliberativo democrático garante um lugar de destaque para o ativismo – participação cidadã – e discussão na vida pública, pois fazem parte do processo de interpretações coletivas entre uma pluralidade de atores distintos (Gutmann e Thompson citados por Maia, 2006, p. 154). Gestores de responsabilidade social têm a importante atribuição de proporcionar acesso à inclusão digital e promover o ativismo socioambiental junto aos stakeholders comunidade e público interno (funcionários e colaboradores). NA PRÁTICA Para consolidar os conhecimentos adquiridos relacionados às tecnologias para a sustentabilidade, a atividade proposta é pesquisar empresas que disponibilizem relatórios de sustentabilidade e saber o que realizam na área de ecoinovação e/ou energias renováveis. Passos para resolver: 1. Decidir: qual empresa quer analisar 2. Escolher o que vai pesquisar; 3. Fazer a análise das informações obtidas. A síntese de uma resolução: 1. Pesquisar na internet ou analisar a empresa na qual trabalha; 2. Fazer o resumo em uma página; 3. Que atividades a empresa realiza? Como mede os resultados positivos? FINALIZANDO O primeiro tema desta aula foi sobre o desenvolvimento tecnológico e impacto social, com ênfase na inteligência artificial e machine learning. Abordamos, no segundo tema, como a tecnologia social pode ser aplicada para o progresso da população. E vimos o exemplo do Índice de Progresso Social (IPC). Em seguida, vimos os impactos sociais resultantes do desenvolvimento 13 tecnológico, dentre eles o desemprego e as novas oportunidades, com destaque para a ecoinovação e energias renováveis. No último tema, sobre ativismo socioambiental na sociedade de informação, apresentamos conceitos, panorama e o exemplo da ONG Greenpeace ciberativismo. 14 REFERÊNCIAS ALVES, A. T. Pior seca em 73 anos traz fome e faz população dividir água com animais. G1, 2 abr. 2017. Disponível em: <http://g1.globo.com/bahia/noticia/2017/04/pior-seca-em-73-anos-traz-fome-e- faz-populacao-dividir-agua-com-animais.html>. Acesso em: 5 jun. 2018. ASHLEY, P. (Org.). Ética e responsabilidade social nos negócios. São Paulo: Saraiva, 2002. BERTÉ, R. Gestão socioambiental no Brasil. Curitiba: InterSaberes, 2013. ONU – Organização das Nações Unidas Brasil. Energia solar agregou mais capacidade de geração elétrica que combustíveis fósseis em 2017. 5 abr. 2018. 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