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2 
 
 
CONVERSA INICIAL 
 
Os desafios para alcançarmos o desenvolvimento e o equilibrio planetário 
são inúmeros. A Responsabilidade Social Empresarial (RSE) é um dos caminhos 
para o desenvolvimento sustentável. Conhecer o contexto e os fatores que 
influenciam esta diretriz de gestão estratégica é parte da etapa inicial. 
Nesta primeira aula, apresentamos a origem de conceitos relativos a RSE, 
terceiro setor e sustentabilidade. Aprofundaremos a temática das organizacões da 
sociedade civil, explicando as características do terceiro setor, o papel que ocupa 
dentro do sistema organizacional e práticas atuais relacionadas. Retomaremos o 
tema da sustentabilidade no terceiro tema da aula, com mais detalhamento, de 
modo a desvelar sua importância, além dos aspectos políticos, econômicos e 
sociais aos quais se correlaciona. 
Também apresentaremos a questão ambiental, com ênfase na evolucão 
histórica global e no Brasil, fazendo uma análise dos efeitos de mudanças 
culturais, técnicas, científicas e sociais. O propósito deste estudo é contribuir para 
a construção de elementos norteadores, que possibilitem ações efetivas para a 
Gestão da Responsabilidade Social Empresarial. 
Para melhor compreensão de conceitos e sua aplicabilidade, trataremos 
separadamente o tema RS e Sustentabilidade, embora esteja integrado no 
processo. 
 
CONTEXTUALIZANDO 
 
O panorama mundial, quanto aos impactos socioambientais provocados 
pela industrialização no curso da história, é marcado pelo uso irrestrito dos 
recursos naturais e por elevados índices de desigualdade social, realidade que 
a maioria dos países enfrenta na atualidade. Temos uma história de revoluções 
industriais cíclicas. Essas revoluções têm sido consequência de um sistema 
econômico, social, político e cultural fundamentado na produção e no consumo 
de mercadorias e serviços. Vivenciamos nesse momento a Quarta Revolução 
Industrial. Ela é marcada por forte participação da sociedade civil, que veio 
gradativamente se organizando em movimentos associativos comunitários e 
ONGs de atuação nacional e global, de forma a estabelecer canais de 
comunicação, reivindicação e pressão para que as indústria, empresas e 
governos mudem a sua maneira de fazer negócios. Novas teorias de 
3 
 
 
administração orientam os gestores, e assim o paradigma do crescimento a 
qualquer custo está sendo deixado de lado. Mas ainda há muito por fazer. O 
capitalismo precisa dar lugar ao desenvolvimento sustentável. 
Depois de assistir esta aula, reflita sobre essas questões observando o 
que ocorre na sua cidade, como é sua realidade e seu entorno; considere quais 
impactos socioambientais estão mais visíveis. E, caso tenha a possibilidade de 
interagir com uma indústria ou empresa, analise-a sob a ótica da RSE. 
 
TEMA 1 – ORIGEM E CONCEITOS: RSE E SUSTENTABILIDADE 
 
Para a compreensão dos conceitos pertinentes ao tema responsabilidade 
social e sustentabilidade, vamos estudar a evolução do pensamento desses dois 
movimentos globais. Tanto a Responsabilidade Social Empresarial quanto a 
Sustentabilidade promovem mudanças em todos os segmentos de uma 
empresa, moldando uma nova maneira de fazer negócios. Ambas as áreas são 
diretrizes estruturantes que norteiam a política de governança de uma 
organização, além de sua política de gestão, rumo ao equilíbrio social, ambiental 
e econômico como bases para a perenidade do negócio. 
O aspecto desafiador é o modo como lidar com a equação lucro versus 
responsabilidade social, algo impensado décadas atrás pela Escola da 
Economia Clássica, que apontava que a única obrigação de uma empresa seria 
gerar lucro para seus acionistas de acordo com os limites legais. O que 
chamamos de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) se fundamenta na 
ética da responsabilidade. Segundo o Livro Verde da Comissão Europeia (2002), 
responsabilidade social é “um conceito segundo o qual, as empresas decidem, 
numa base voluntária, contribuir para uma sociedade mais justa e um ambiente 
mais limpo”. Outra definição bastante aplicada pelas empresas, por ser de uma 
das ONG pioneiras no Brasil, é do Instituto Ethos (2007): 
 
RS é a relação que a empresa estabelece com todos os seus públicos 
(stakeholders) no curto e no longo prazo. As ações das empresas 
precisam ser pautadas nos seguintes temas: Valores, transparência e 
governança; Público interno; Meio ambiente; Fornecedores; 
Consumidores/clientes; Comunidade ; Governo e sociedade. 
 
 
O conceito de RS, segundo o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade 
e Tecnologia (Inmetro), órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, 
Indústria e Comércio Exterior, seria: 
4 
 
 
Responsabilidade Social pode ser traduzido como um princípio ético, 
aplicado à realidade através de uma gestão que leva em consideração 
as necessidades e opiniões dos diferentes stakeholders: clientes, 
funcionários, acionistas, comunidades, meio ambiente, fornecedores, 
governo e outros. 
 
Patrícia A. Ashley (2005), pesquisadora e autora de diversos livros na 
área, conceitua RSE como sendo: 
 
um compromisso empresarial para o desenvolvimento da sociedade 
expresso por suas atitudes e valores. De maneira ampla, as empresas 
devem contribuir para o desenvolvimento sustentável com obrigações 
de caráter moral, além das estabelecidas pelas diversas leis às quais 
está submetida, mesmo que não estejam diretamente vinculadas à sua 
atividade. 
 
Ashley aponta para um novo modelo, em que a RSE se incorpora às 
estruturas institucionais, legais, de comunicação e conhecimento, influenciando 
a cultura e os valores sociais, em diferentes níveis éticos imbricados nos 
processos sociais de educação, governança, desenvolvimento da sociedade civil 
e formulação de políticas. Ashley acredita numa renovação das perspectivas 
existentes sobre o conceito de responsabilidade social. 
Até alguns anos atrás, a RSE era confundida com filantropia ou 
assistencialismo, cujo foco são ações de caridade ou doações voltadas a “fazer o 
bem” e atender importantes necessidades imediatas, como calamidades naturais 
(enchentes, terremotos, incêndios). O termo investimento social vem sendo 
aplicado pelas empresas, que também investem recursos voluntariamente, só que 
de maneira planejada, visando a transformação das comunidades. Por exemplo, 
muitas empresas investem em projetos para o desenvolvimento de 
empreendedorismo comunitário (panificadoras, hortas, artesanato etc.) para 
geração autosustentável de emprego e renda. Outro exemplo são projetos de 
inclusão digital, que visam facilitar a inserção no mercado de trabalho. Filantropia, 
assistencialismo e investimento social fazem parte da RSE. No entanto, é um 
equívoco comum que empresas divulguem que são socialmente responsáveis 
apenas por realizarem projetos nessas áreas de atuação. Na verdade, o conceito 
de RSE é bem mais amplo. 
Charles Handy, autor do livro The Hungry Spirit (citado por Visser, 2012), 
descreve um aspecto da RSE: 
 
Indivíduos e organizações têm um desejo nato de encontrar uma 
finalidade superior, muito além daquele de fazer dinheiro e obter lucros 
(esses são simplesmente meios para um fim). 
5 
 
 
Assim, aponta-se para a importância de a empresa oferecer um lugar 
melhor para trabalhar. Uma pesquisa na Grã-Bretanha mostrou que 72% dos 
trabalhadores não gostavam de suas organizações, e que 19% deles as 
sabotavam. “Não me parece que seja um lugar feliz para se trabalhar. Se 
quisermos fazer as pessoas terem orgulho da organização onde trabalham, 
temos de demonstrar que estamos fazendo bem para o mundo”, destaca o autor 
(Handy, citado por Visser, 2012). 
Sem dúvida, a RSE transforma o clima organizacional e tem 
desempenhado um importante papel na cultura interna das empresas. Ao 
realizar projetos e programas socioambientais, os gestores têm contribuído para 
o desenvolvimento da cidadania empresarial. Por sua vez, a cidadania 
empresarialabre caminhos para a gestão da sustentabilidade. 
A sustentabilidade, segundo o sociólogo e pesquisador britânico John 
Elkington, está relacionada ao equilibrio entre os aspectos econômico, social e 
ambiental, os quais a organização precisa considerar se deseja estabelecer a 
sustentabilidade como diretriz estratégica. John foi o criador do nome Triple 
Bottom Line – TBL (em português, linha de base tripla ou tripê da 
sustentabilidade). Os pilares do TBL são três Ps: planet, people e profit (em 
português, planeta, pessoas e lucro): 
 
1. O planeta se relaciona ao capital e aos impactos dos recursos naturais na 
fabricação de bens de consumo, produtos e serviços; 
2. As pessoas se referem ao desenvolvimento do capital humano e do capital 
social, com os stakeholders da organização; 
3. O lucro é o resultado econômico positivo da empresa, sem o qual ela não 
existe. 
 
Vejamos o conceito de sustentabilidade, de acordo com Barbieri (citado 
por Scatena, 2012): 
 
é a capacidade de desenvolver atividade econômico-produtiva, 
atendendo às necessidades da geração presente, sem comprometer 
as fontes de recursos e vida da geração futura. 
 
A sustentabilidade deve atender a três forças: a preservação do meio 
ambiente; o desenvolvimento econômico; e a responsabilidade social. 
A gestão da RSE e Sustentabilidade acontecem com planejamento a 
longo prazo e, por isso, precisam ser executadas pela organização durante todo 
6 
 
 
o processo. É preciso pensar inclusive nas atitudes dos membros da organização 
e seus públicos de interesse. (Arantes, 2014) 
Estudiosos resgataram a origem histórica da responsabilidade social e 
analisaram, que durante a Revolução Industrial (1840-1870), foram realizadas 
campanhas para: a abolição das prisões por dívidas; a extensão de direito ao 
voto às mulheres; a restrição do trabalho infantil. Mas foi a atitude do americano 
Henry Ford que se tornou um marco histórico em 1916, quando, contrariando a 
maioria dos acionistas da empresa Ford Motor Company, da qual era fundador, 
dividiu parte dos lucros da empresa com seus funcionários. Esta atitude histórica 
o tornou um dos pioneiros da responsabilidade social, impulsionando mudanças 
no comportamento empresarial. 
Quanto à caridade e doações, as corporações americanas passaram a 
realizar ações de filantropia com base legal, a partir de 1953, por determinação 
da justiça, mesmo a contragosto dos acionistas, que não queriam diminuir seus 
ganhos financeiros. Nos anos seguintes, teve início na Europa a mesma adesão 
(Ashley, 2005). No Brasil, a filantropia acontece desde o século XVIII, 
diretamente associada, em grande parte, a instituições religiosas. Entretanto, 
apenas a partir da Constituição de 1988 a assistência social foi instituída como 
política pública; em 1993, as entidades filantrópicas passam a ser reconhecidas 
através de certificação. 
A partir da década de 1990, questões relativas à ética, meio ambiente, 
justiça social, educação, inovação, qualidade em produtos e serviços passam a 
compor a pauta da responsabilidade social das empresas, que assumem novo 
papel rumo ao desenvolvimento sustentável. Ações de filantropia tomavam lugar 
de destaque na gestão empresarial, de modo que até hoje ela ainda é confundida 
com RSE. 
 
TEMA 2 – TERCEIRO SETOR: CONCEITO E CARACTERÍSTICAS 
Os países democráticos estruturam a sociedade em organizações sociais. 
Essas organizações são classificadas em três setores: 
 
• Primeiro setor – Corresponde ao Estado no âmbito federal, estadual e 
municipal. São as prefeituras e suas secretariais, governos estaduais e 
suas secretariais, a presidência da república e os ministérios. 
7 
 
 
• Segundo setor – Formado por empresas privadas. Engloba toda 
empresa legalmente constituída, registrada no Cadastro Nacional de 
Pessoas Jurídicas e portadora de CNPJ. 
• Terceiro Setor – São as organizações sem fins lucrativos. Nesse setor, o 
objetivo é o lucro social. Precisam estar legalmente constituídas. São, em 
geral, associações, fundações e institutos voltados à educação e 
pesquisa. 
 
As organizações do Terceiro Setor são entidades que trabalham para o 
bem público, de finalidades coletivas em torno de uma causa comum. Elas não 
visam lucro e não pertencem a empresas ou governos. Há cinco características 
em comum nessas organizações: 
 
1. Pessoas jurídicas de direito privado. 
2. Sem fins lucrativos, mas que podem e devem ter receitas. Os 
rendimentos/superávit serão revertidos para o desenvolvimento da 
missão e não para o benefício pessoal dos membros da entidade. 
3. Institucionalizadas, ou seja, devem ser gerenciadas coletivamente. 
4. Devem prestar serviços de interesse público. 
5. Devem ser de caráter voluntário, ou seja, nascem pela vontade das 
pessoas de se unirem para uma causa comum. Os membros podem ser 
remunerados, desde que sejam estabelecidos certos critérios no Estatuto 
de cada entidade. 
 
Integram o Terceiro Setor todas as organizações que visam ao benefício 
mútuo, seja em artes, práticas culturais, assistência social, práticas esportivas e, 
principalmente, na promoção da cidadania e de direitos fundamentais, desde que 
não possuam como escopo formal a obtenção de lucro financeiro. Para Vital 
Moreira (citado por Mânica, 2016), “trata-se de um setor intermediário entre o 
Estado e o mercado, entre o setor público e o privado, que compartilha de alguns 
traços de cada um deles”. 
Segundo Antonio S. Munhoz (2015), o surgimento do Terceiro Setor foi 
consequência direta da falência do Estado no tratamento das questões sociais, 
aliada à vontade das pessoas de solucionar problemas graves que eram 
ignorados. Esse setor contribui para garantir uma gestão democrática das 
organizações como um todo. Atua como fiscalizador, denunciante e agente de 
8 
 
 
mobilização social para promover políticas públicas e políticas de mercado 
empresarial mais justas, menos discriminatórias e tendenciosas, minimizando 
comportamentos maniqueístas político-partidários ou interesses exclusivamente 
mercadológicos. 
As organizações que integram esse setor são: Fundações; Institutos; 
Associações; Clubes sem fins lucrativos, tais como Clube de Mães; e 
Organizações Sociais (OS) destinadas a ensino, pesquisa, desenvolvimento 
tecnológico, meio ambiente, cultura e saúde. Com a participação de membros 
do Primeiro Setor, temos Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público 
(OSCIP), instituídas pela Lei Federal n. 9.790, de 1999, que traz disposições 
estatutárias para a atuação conjunta com o Poder Público com vistas ao acesso 
a recursos públicos, cabendo ao Ministério da Justiça a expedição de certificado. 
Empresas apoiadoras e doadoras podem obter dedução fiscal, e os 
administradores de uma entidade podem ser remunerados. Temos também 
Organizações da Sociedade Civil (OSC), que é o mesmo que ONG. 
As Organizações Não Governamentais (ONGs) derivam de uma 
expressão criada em 1945 pela ONU para definir as entidades que não 
estivessem vinculadas ao Estado. O termo ONG, embora mundialmente usado, 
não pode ser aplicado a todas as entidades do terceiro setor. As ONGs têm 
amplo poder de influenciar a opinião pública, sendo capaz de angariar recursos 
financeiros e pessoas para trabalho voluntário para as mais diversas causas 
sociais e ambientais. A Greenpeace e a World Wildlife Fund (WWF) são 
conhecidas mundialmente por conseguir adesões massivas em causas 
ambientais, com ativismo engajado em defesa da sustentabilidade planetária. 
Por exemplo, a “Pegada Ecológica” introduzida pela ONG WWF é uma 
metodologia de contabilidade ambiental que avalia a pressão do consumo das 
populações humanas sobre os recursos naturais. Ela possibilita que cada 
indivíduo conheça o impacto que seu estilo de vida provoca no planeta. 
No Brasil, estimativas apontam que 12 milhões de pessoas estejam 
envolvidas no Terceiro Setor. Vejamos as estatísticas de 2010.Nesse período, 
haviam 290 mil Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos 
(FASFIL), voltadas, predominantemente (Abong, 2012): 
 
à religião (28,5%), associações patronais e profissionais (15,5%) e ao 
desenvolvimento e defesa de direitos (14,6%). As áreas de saúde, 
educação, pesquisa e assistência social (políticas governamentais) 
totalizavam 54,1 mil entidades (18,6%). 
9 
 
 
Dessas instituições, 72,2% não possuíam empregados formalizados. 
Todas as pessoas trabalhavam como voluntários e/ou na prestação de serviços 
autônomos (Abong, 2012). 
Nas três últimas décadas, houve uma transformação nas diretrizes de 
governança de grandes empresas privadas. Por um lado, a inserção da 
responsabilidade social movimentou as organizações; a maioria não sabia o que 
fazer nem como fazer. Em 1998, um grupo de executivos da iniciativa privada, 
interessados em criar grupos de estudos e pesquisas, fundou o Instituto Ethos, 
entidade do Terceiro Setor que busca apoiar empresas associadas na gestão de 
responsabilidade social e sustentabilidade. Na mesma época, empresas da 
iniciativa privada começaram a criar suas próprias organizações do Terceiro 
Setor. Elas passaram a implementar, monitorar, avaliar resultados e impactos 
nas comunidades com relação a seus próprios investimentos em projetos sociais 
e ambientais, na maioria das vezes gerenciados e executados por colaboradores 
e funcionários da empresa, com apoio de consultorias e auditorias externas. 
Essas iniciativas estimularam novas práticas de cidadania empresarial, inseridas 
em indicadores de RSE. 
A gestão dos recursos investidos, em busca da sustentabilidade de ações 
que no passado ficavam à mercê, muitas vezes, de pessoas com poucas 
qualificações técnicas para a prestação de contas, fez com que esse cenário 
parecesse promissor para muitas empresas, inclusive para as instituições 
bancárias. O Banco Itaú criou, em 1986, o Instituto Itaú Cultural, que tem por 
objeto incentivar, promover e pesquisar linguagens artísticas, de modo preservar 
o patrimônio cultural do país. O Banco Santander, que pertence a um grupo 
espanhol, tem a Fundação Banco Santander, que exerce atividades de mecenas 
no campo das artes, música, letras, ciência e projetos de recuperação do 
Patrimônio Natural. No setor de produção de bens e mercadorias, a empresa 
Boticário, uma rede de franquias brasileira de cosméticos e perfumes, desde 
1990 desenvolve programas de proteção à natureza por intermédio da Fundação 
Boticário. 
Empresas e órgãos governamentais que possuem governança voltada 
para RSE e Sustentabilidade costumam atuar de forma integrada e participativa 
com as organizações do Terceiro Setor. Constroem indicadores, compartilham 
resultados e mantêm informados seus colaboradores e toda a sociedade. 
10 
 
 
TEMA 3 – SUSTENTABILIDADE: IMPORTÂNCIA, TRAJETO, ASPECTOS 
POLÍTICOS, ECONÔMICOS E SOCIAIS 
A preocupação com o desenvolvimento sustentável é resultado de longas 
décadas de exploração dos recursos naturais para a manutenção da indústria, 
além da alarmante desigualdade social provocada pelo sistema de produção. 
Essa preocupação advém do questionamento ao sistema econômico dominante, 
o sistema capitalista, para atender principalmente duas questões: cumprir as 
normas regulatórias e leis e atender à pressão da sociedade. Pode-se afirmar, 
nesse sentido, que existem empresas genuinamente preocupadas com todo o 
processo de fabricação de seus produtos. (Stadler; Maioli 2012, p.99). 
O Relatório de Brundtland Comission, intitulado “Nosso Futuro Comum” e 
divulgado em 1987, abordan as principais questões sobre desenvolvimento 
sustentável (citado por ONU, 2018): 
 
“O desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que encontra as 
necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras 
gerações de atender suas próprias necessidades.” 
 
“Um mundo onde a pobreza e a desigualdade são endêmicas estará 
sempre propenso à crises ecológicas, entre outras…O 
desenvolvimento sustentável requer que as sociedades atendam às 
necessidades humanas tanto pelo aumento do potencial produtivo 
como pela garantia de oportunidades iguais para todos.” 
 
“Muitos de nós vivemos além dos recursos ecológicos, por exemplo, 
em nossos padrões de consumo de energia… No mínimo, o 
desenvolvimento sustentável não deve pôr em risco os sistemas 
naturais que sustentam a vida na Terra: a atmosfera, as águas, os 
solos e os seres vivos.” 
 
“Na sua essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de 
mudança no qual a exploração dos recursos, o direcionamento dos 
investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a 
mudança institucional estão em harmonia e reforçam o atual e futuro 
potencial para satisfazer as aspirações e necessidades humanas”. 
 
Em 2002, durante a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, 
realizada na África, foi elaborado o Plano de Implementação de Johanesburgo, 
que definiu a integração das dimensões econômicas, sociais e ambientais do 
desenvolvimento sustentável, reforçando a implementação da Agenda 21, 
inclusive por meio da mobilização de recursos financeiros e tecnológicos, além 
de variados programas de capacitação, especialmente para os países em 
desenvolvimento. 
O pensamento estratégico da sustentabilidade é “pensar no futuro 
olhando para o todo”, considerando a totalidade em seu devido contexto. Esse 
11 
 
 
“todo” significa uma visão sistêmica; trata-se de olhar tudo o que está ao redor. 
A visão sistêmica é originária do método de sistemas, criado inicialmente para 
atacar complexos problemas organizacionais de âmbito militar. Depois, foi 
aplicado por biólogos para a compreensão dos seres vivos e, por fim, utilizado 
por administradores para a resolução de problemas nos negócios. 
Segundo Fritjof Capra (2016), o significado raiz da palavra sistema, deriva 
do grego synhistanai (colocar junto). A visão sistêmica considera cada coisa 
dentro de um contexto, estabelecendo a natureza das interações e relações 
entre as partes. Nos organismos vivos, essa relação recebe o nome de 
ecossistema. Podemos analisar a metáfora da árvore, como exemplo: ao olhar 
para ela, vemos uma rede de relações entre folhas, ramos, galhos e tronco. Em 
muitas árvores, não vemos as raízes; no entanto, as raízes dão vida à árvore. 
Numa floresta, as raízes de todas as árvores estão interligadas e formam uma 
rede subterrânea e, portanto, não há fronteiras entre uma árvore e outra. A inter- 
relação entre os elementos é um dos princípios básicos da sustentabilidade. 
Nos ecossistemas de produção, todos os bens de consumo, no seu 
processo de fabricação, utilizam recursos naturais (energia, ar, água, minérios), 
os quais posteriormente devolvem rejeitos, resíduos que poluem o meio 
ambiente. São milhares de comunidades que respiram ar poluído, bebem água 
com alterações químicas e são impactados pelos resíduos de minérios ou por 
resíduos nucleares, dependendo do tipo de indústria. 
Um exemplo de impacto provocado pelo setor industrial é o caso do 
rompimento da barragem da mineradora Samarco, em 2015, sob o controle 
acionário das transnacionais Vale S.A. (50%) e da australiana BHP Billiton Brasil 
(50%). O desastre ocorreu no município de Bento Rodrigues (MG), tendo sido 
registrado como o pior acidente ambiental na história do Brasil. Foram 34 milhões 
de metros cúbicos de rejeito de minério de ferro jorrando nos rios até desaguar 
no Rio Doce (Mota, 2018). Tal catástrofe traz tem implicações sociais 
imensuráveis. Comunidades perderam moradias e bens. Surgiram gravíssimos 
problemas de saúde coletiva. Perdeu-se a biodiversidade da bacia do Rio Doce. 
Perda total de equipamentos públicos, infraestrutura. Poluição das águas. Além 
disso, a identidade local foi completamente alterada, uma vez que a população 
precisou ser acomodada em abrigos emergenciais. Famílias perderam sua fonte 
de emprego, comerciantes da região tiveramque fechar ou mudar de ramo. 
Escolas foram destruídas. Altíssimos prejuízos econômicos, sociais e ambientais 
12 
 
 
para o município e o Estado. Segundo reportagem da BBC Brasil, após dois anos 
(novembro de 2017), o impacto ambiental do desastre em Mariana continua sendo 
um grave problema social e ambiental (Mota, 2018). 
Outro aspecto importante é a transparência na declaração que a empresa 
faz sobre si mesma. Sobre a construção imagética da Samarco: 
 
A mineradora Samarco foi reconhecida nos últimos 20 anos como uma 
das líderes em responsabilidade socioambiental no Brasil. Enfileirou 
prêmios, foi a primeira mineradora do mundo a ter a certificação de 
gestão ambiental para todas as etapas de produção. (Almeida, 2015) 
 
Este evento, assim como milhares de desastres ambientais na história, 
tem suas causas. Há diversas causas relacionadas: falhas técnicas ou humanas, 
tudo engloba os sistemas de gestão. O desafio mais urgente é conciliar 
interesses antagônicos; conciliar interesses públicos e privados sobre questões 
ambientais, mercadológicas, políticas, econômicas. Infelizmente, a 
implementação de mecanismos de controle, leis e fiscalização adequada e 
rigorosa, tem sido um ponto problemático. Além disso, o comportamento 
antiético, como aceitação de propinas e corrupção de gestores e líderes das 
organizações, têm pautado a agenda de noticiários. São atos que descumprem 
a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, Art. 225: 
 
ao consagrar o meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito de 
todos, de uso comum e essencial à boa qualidade de vida, atribui a 
responsabilidade de sua preservação ao Poder Público e à 
coletividade. (Citado por Berté, 2013) 
 
 
Diante desse contexto, vejamos a importância do Gestor em 
Sustentabilidade, cuja função originalmente recebe nomenclatura em inglês, 
Chief Sustainability Officer (CSO). Cabe a este profissional exercer a liderança 
com fundamentos éticos e visão sistêmica. Para cada tipo de empresa e 
segmento de mercado, o CSO estabelece missão flexível o suficiente para 
adaptação às necessidades e particularidades de cada negócio. Dentre as 
principais atribuições, estão: promover ações em prol da sustentabilidade com 
todos os stakeholders; acompanhar ações da concorrência; desenvolver 
diretrizes e construir indicadores relacionados à sustentabilidade; acompanhar 
mudanças nos produtos e serviços da empresa, para que se adequem às 
necessidades de uso racional dos recursos naturais, com redução de resíduos e 
correto descarte; acompanhar programas de compras sustentáveis junto aos 
13 
 
 
fornecedores; representar a empresa perante entidades que pesquisam e 
desenvolvem o tema da sustentabilidade em seus mercados. 
Gestores em Sustentabilidade têm aplicado diretrizes do documento 
“Transformando o Nosso Mundo: Agenda 2030 para o Desenvolvimento 
Sustentável”, proposto pela ONU. Nela estão contidos 17 Objetivos do 
Desenvolvimento Sustentável (ODS) para a erradicação da pobreza. Os ODS 
são o foco da Agenda 2030, durante o período 2016-2030. 
Outra plataforma, direcionada para empresas, é o Pacto Global, lançado 
no Fórum Econômico Mundial (Fórum de Davos) de 1999. É também uma diretriz 
proposta pela ONU para encorajar as organizações privadas a adotar políticas 
de responsabilidade social e sustentabilidade em suas práticas de negócios, e 
considera direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à 
corrupção. O Pacto Global disponibiliza uma plataforma online sobre cidadania 
empresarial, divulga práticas de responsabilidade social empresarial e é uma 
base para implementar a ISO 26000 de RSE. 
Temos também os indicadores internacionais de sustentabilidade, 
propostos pela Norma Global Reporting Iniciative (GRI), que são amplamente 
aplicados pelas empresas como orientação de diretrizes para a elaboração de 
relatórios. 
 
TEMA 4 – A QUESTÃO AMBIENTAL E SUA EVOLUÇÃO 
Entre os estudos ambientais, a Ecologia ocupa o primeiro lugar na história. 
Palavra de origem grega, traz o prefixo oikos, que significa casa/lar, e a base logos 
quer dizer estudo. Seria, então, o estudo das relações que interligam todos os 
membros da Terra. Esse termo foi introduzido em 1866 pelo biólogo alemão E. 
Haeckel. Quase 70 anos depois (1935), o ecologista britânico A.G. Tansley 
trabalhou a ecologia por uma abordagem sistêmica: a concepção de ecossistema, 
como sendo o conjunto de elementos bióticos e abióticos de uma determinada 
área, que se influenciam entre si de maneira cíclica. Num ecosissistema, todos os 
organismos produzem resíduos; lembramos que aquili que é resíduo para uma 
espécie é alimento para outra. É assim a evolução: reaproveitamos e reciclamos 
as moléculas de minerais, de água e ar. 
Os ecossistemas podem ser interessantes para a Administração das 
Organizações, uma vez que os sistemas industriais, e também as atividades 
comerciais que extraem recursos naturais, são atividades cíclicas, transformando 
14 
 
 
produtos em resíduos e vice-versa. Segundo Fritjof Capra (2016), a Nova Ciência 
da Ecologia introduziu duas concepções: comunidade e rede, que formam 
complexos ecossistemas. Abelhas e formigas são um exemplo, pois são 
incapazes de sobreviver isoladas; em grande número, agem com inteligência 
coletiva e capacidade de adaptação muito superiores do que agindo 
individualamente. Capra descreve os ecossistemas como sendo uma rede, uma 
teia com nodos. Cada nodo na nova rede pode representar um órgão, o qual, por 
sua vez, vai ampliando a rede. Em junho de 2012, Capra esteve no Brasil para a 
Rio+20, a Conferência Mundial sobre Meio Ambiente, e declarou: “Nosso desafio 
é mudar de um sistema econômico baseado na noção de crescimento ilimitado 
para um que é tanto ecologicamente sustentável quanto socialmente justo”. 
(Capra, 2012). 
Uma das primeiras vozes a se levantar contra a confiança cega da 
humanidade no progresso tecnológico foi a da bióloga e escritora americana 
Rachel Carson. Em 1962, publicou o livro Primavera Silenciosa, no qual 
denunciou os efeitos desastrosos do poderoso pesticida DDT 
(diclorodifeniltricloroetano), intensamente utilizados nas plantações após a 
Segunda Guerra Mundial. Demonstrou que ele penetrava na cadeia alimentar e 
se acumulava nos tecidos de animais e seres humanos, aumentando os riscos de 
câncer e danos genéticos. A obra é considera um marco importantíssimo na na 
trajetória do pensamento ambientalista. (Alencastro, 2015). 
Dez anos depois, em 1972, no polêmico relatório “Os Limites do 
Crescimento”, publicado por um grupo de cientistas do Massachusetts Institute 
of Technology (MIT), membros da ONG Clube de Roma abordaram temas sobre 
meio ambiente e recursos naturais. Utilizando programas de computador, 
comprovaram que a utilização indiscriminada dos recursos naturais levaria nosso 
planeta a um colapso, se não fossem tomadas novas atitudes. Foi quando o 
conceito de desenvolvimento sustentável começou a ser delineado. “A 
repercussão internacional do Relatório fez com que fosse o principal objeto de 
discussão, no mesmo ano, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o 
Ambiente Humano, mais conhecida como Conferência de Estocolmo, na 
Suécia”. (Portal Educação, 2012) 
A partir daí, a temática ambiental se consolidou nos debates e práticas de 
organizações do mundo todo. Para o Brasil, a Conferência da ONU-ECO-92, 
também conhecida como Cúpula da Terra e Rio-92, que aconteceu no Rio de 
15 
 
 
Janeiro, culminou na elaboração do documento Agenda 21 Global, um marco 
referencial para políticas públicas, com diretrizes para serem adotadas global, 
nacional e localmente por organizações do sistema das Nações Unidas, de 
governos e da sociedade civil. A partir desse documento, a Comissão Mundial 
de Desenvolvimento Sustentável da ONU (CDS) sugeriu a realização da 
Conferência de Johanesburgo, na África do Sul. Assim, em 2002,na Declaração 
de Joanesburgo sobre Desenvolvimento Sustentável, foi apresentada a proposta 
de integrar as três dimensões do desenvolvimento sustentável: econômica, 
social e ambiental. 
No Brasil, em julho de 2002, o Conselho Nacional do Meio Ambiente 
(Conama) publica a Resolução No. 306, estabelecendo os requisitos mínimos e 
o termo de referência para a realização de auditorias ambientais. Também define 
meio ambiente, como sendo “o conjunto de condições, leis, influência e 
interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que 
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (Brasil, 2002). 
Na Rio+20 (2012), Conferência das Nações Unidas sobre 
Desenvolvimento Sustentável, foi elaborado o documento “O Futuro que 
Queremos”. O foco das discussões foi a “Economia Verde”; a eliminação da 
pobreza e a estruturação institucional para o desenvolvimento sustentável. Neste 
encontro, também foram iniciadas as discussões para a Agenda para o 
Desenvolvimento Sustentável de 2030, com os Objetivos do Desenvolvimento 
Sustentável (ODS). 
Na prática das organizações, a preocupação mundial é grande, porque as 
devastações provocadas por acidentes industriais aterrorizam as populações, 
deixando marcas terríveis para os sobreviventes das regiões afetadas e para o 
ambiente como um todo. Alguns dos mais recentes e principais desastres 
ambientais no mundo e no Brasil são: 
 
• 1976 – A explosão da fábrica de produtos químicos na Itália lançou ao ar 
uma nuvem composta de dioxina, gerado na produção de cloro e 
inseticida e na incineração do lixo. Provocou doenças e mortes. 
• 1979/1986/1999/2011 – Acidentes das Usinas Nucleares: Three Mile 
Island nos EUA; Chernobyl na Ucrânia, quandi a explosão de reatores foi 
dezenas de vezes maior que a das bombas de Hiroshima e Nagasaki; 
Tokaimura em Tóquio; Fukushima no Japão. 
16 
 
 
• 1984 - Vazamento de agrotóxicos na Índia. Mais de duas mil pessoas 
morreram pelo contato com as substâncias tóxicas, e outras tiveram 
queimaduras nos olhos e pulmões. 
• 1989/1991/2002 - Derramamento de óleo: Navio Exxon Valdez no Alaska; 
Queima de petróleo no Golfo Pérsico, parte que foi queimada bloqueou a 
luz do Sol. Aproximadamente mil pessoas morreram por problemas 
respiratórios; Navio Prestige na Espanha, contaminou 700 praias e 
mataou mais de 20 mil aves. 
• 2015 – Derramamento de rejeitos da Mineradora Samarco, Brasil. 
 
Em relação aos assuntos socioambientais, a empresa pode agir de três 
formas, segundo aponta Barbieri (citado por Scatena, 2012, p. 219): 
 
1. Controle da poluição: consiste em definir práticas que impeçam os 
efeitos desta, causados por uma, ou mais, atividades produtivas; o 
melhoramento no tratamento e descarte de resíduos. 
2. Prevenção da poluição: realizar modificações nos processos produtivos 
tradicionais, com foco na eco-inovação. 
3. Incorporação dessas questões na estratégia empresarial: 
implementação de diretrizes e capacitação para a gestão da 
sustentabilidade. Os benefícios são posicionamento institucional, 
renovação do portfólio de produtos, melhores relações de trabalho, 
abertura de novos mercados e maior facilidade para cumprir os padrões 
ambientais. 
 
Essas três formas podem ser vistas como fases de um processo pelo qual 
a empresa se engaja gradualmente ao movimento de preservação e recuperação 
ambiental. A definição de modelos a serem adotados também é fundamental. 
Dentre alguns modelos, destacam-se no Brasil a Produção Mais Limpa (P+L), 
que envolve produtos e processos, estabelecendo uma hierarquia de prioridades: 
prevençao, redução; reuso e reciclagem, tratamento com recuperação de 
materiais e energia, tratamento e disposição final. Outro modelo, idealizado em 
1992 pelo World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), é o 
da Ecoeficiência, focado na redução dos impactos ecológicos e na diminuição do 
uso dos recursos naturais (ex. energia), ao longo da fabricação do produto. 
17 
 
 
TEMA 5 – ANÁLISE DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CULTURAIS, TÉCNICAS, 
CIENTÍFICAS E SOCIAIS 
Os avanços tecnológicos e seus desdobramentos envolvem, certamente, 
uma série de riscos e incertezas: são os riscos próprios de todo processo. Ao 
mesmo tempo, proporcionam à ciência um laboratório em grande escala, uma 
incubadora para desafios constantes. Para Habermas (citado por Alencastro, 
2015, p. 24), 
 
no capitalismo a pressão institucional para aumentar a produtividade 
do trabalho pela introdução de novas técnicas e uso de tecnologias 
sempre existiu. Uma mudança aconteceu a partir do século XIX, com 
o advento da pesquisa industrial em grande escala. A ciência e a 
técnica passaram a fazer parte de um mesmo sistema. 
 
O sistema de controle de qualidade total dos produtos e a pressão da 
sociedade civil trouxeram novas metodologias de gestão empresarial. Uma 
delas, revolucionária para a gestão empresarial, é o Balanced Scorecard (BSC). 
O BSC foi criado na década de 1990, e é utilizado até os dias de hoje. Kaplan e 
Norton (citados por Stadler; Maioli, 2012. p.51) classificam o BSC como sistema 
de mensuração de desempenho das organizações privadas, governamentais e 
do terceiro setor, com base em medições não financeiras, sempre considerando 
que nem todas as decisões se baseiam somente nisso, porque há outros 
mecanismos de gestão que agregam valor ao negócio e ao posicionamento das 
marcas. Essa filosofia, com visão nas diretrizes de sustentabilidade, foi um 
marco para o desenvolvimento da RSE. 
A Responsabilidade Social, fortemente influenciada por novos valores 
culturais e motivações compartilhadas provocaram mudanças comportamentais 
entre os gestores e os públicos da empresa. Com isso, o Investimento Social 
Privado se fortaleceu, substituindo em grande parte os projetos de caráter 
filantrópico e assistencial. As ações sociais passam a ser protagonizadas por 
fundações e institutos de origem empresarial, ou instituídos por famílias, 
comunidades ou indivíduos. O repasse de recursos privados é feito de maneira 
voluntária, planejada, monitorada e sistemática, com vistas ao desenvolvimento 
de projetos de interesse público. Disponibilizam-se incentivos fiscais para 
repasses do poder público e/ou para alocação de recursos não-financeiros e 
intangíveis. Segundo o Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE, 2012), 
os elementos fundamentais de Investimento Social Privado (ISP), são: 
18 
 
 
1. Preocupação com planejamento, monitoramento e avaliação 
dos projetos; 
2. Estratégia voltada para resultados sustentáveis de impacto e 
transformação social; 
3. Envolvimento da comunidade no desenvolvimento da ação. 
 
Outra consequência provocada pela nova cultura organizacional da RSE 
é o foco no relacionamento com os públicos, denominados stakeholders. 
Estudos sobre os públicos nas organizações afirmam os públicos se formam com 
o objetivo de obter respostas ou formalizar acordos com a organização. Entre as 
reivindicações do público, podem estar consciência socioambiental, 
empregabilidade e até mesmo redução no preço dos produtos. 
No planejamento estratégico, os stakeholders são os públicos 
influenciados direta ou indiretamente pelas decisões da organização. De acordo 
com Grunig e Hunt (citado por Mota, 2016): “são pessoas que estão vinculadas 
à organização porque exercem consequências uma sobre outra”. Vejamos a 
definição do criador da Teoria de Stakeholder, Edward Freeman (1984): 
“Stakeholder é qualquer indivíduo ou grupo que pode influenciar ou ser 
influenciado pelos atos, decisões, práticas, ou objetivos de uma organização. ” 
Com a definição do conceito, é possível compreender a amplitude das 
empresas no relacionamento com os públicos-chave do negócio. Grayson e 
Hodges (citados por Arantes, 2014), definem cinco pontos principais que devem 
ser avaliados para que o relacionamento seja efetivo e consistente: 
 
1. Utilizar canais de comunicaçãoque possibilitem o diálogo permanente; 
2. Capacidade de elaborar mensagens que fortaleçam a credibilidade da 
empresa; 
3. Estabelecer parcerias com organizações do 3o. Setor; 
4. Haver coerência entre o discurso e as ações que a empresa realiza; 
5. Utilizar linguagens de fácil compreensão para cada público. 
 
Segundo diretrizes para o relato da Sustentabilidade G4-Global Reporting 
Iniciative (GRI), são exemplos de grupos de stakeholders: sociedade civil, 
clientes, empregados, outros funcionários e seus sindicatos, comunidades 
locais, acionistas e provedores de capital, e fornecedores. 
19 
 
 
TROCANDO IDEIAS 
 
Na página do link abaixo você conhecerá os principais acidentes 
ambientais ocorridos no Brasil. Você consideraria verdadeiro que estas 
empresas aplicam diretrizes da sustentabilidade? Analise cada caso. 
PORTAL EBC. Relembre os principais desastres ambientais ocorridos no 
Brasil. 2015. Disponível em: <http://www.ebc.com.br/noticias/meio- 
ambiente/2015/11/conheca-os-principais-desastres-ambientais-ocorridos-no- 
brasil>. Acesso em: 28 abr. 2018. 
 
NA PRÁTICA 
A empresa que adota a diretriz de RSE sem considerar os indicadores 
necessários normalmente cai no erro comum de considerar que a 
implementação de um projeto social com funcionários e colaboradores é o 
suficiente para comunicar em seus relatórios que se trata de uma empresa 
socialmente responsável. A atividade proposta é fazer um levantamento sobre 
quais são os indicadores de RSE mais aplicados pelas empresas brasileiras. 
Passos para resolver: 
1. Compreender o que são indicadores de RSE 
2. Pesquisar práticas no mercado 
3. Identificar a empresa o negócio 
4. Fazer a análise das informações 
A síntese de uma resolução: 
1. Procurar artigos científicos, teses e dissertações 
2. Buscar exemplos de empresas na internet 
3. Buscar falhas e acertos na comunicação 
4. Elaborar suas próprias conclusões observando os conteúdos da aula 
 
FINALIZANDO 
Nesta aula conhecemos a origem, o conceito e os fundamentos da RSE 
e Sustentabilidade. Também aprendemos sobre o 3o. Setor, suas características 
e quais entidades integram essas organizações. Conhecemos quais são as 
atribuições do gestor em sustentabilidade. Finalizamos conhecendo a questão 
ambiental e sua evolução no contexto das políticas públicas. E ainda, os efeitos 
http://www.ebc.com.br/noticias/meio-
20 
 
 
das mudanças, no escopo da RSE. Os desafios não são poucos porque, se por 
um lado devemos estimular o consumo de bens e produtos, por outro, 
precisamos educar para o consumo consciente, valores éticos, respeito, 
honestidade e transparência nos negócios. Entretanto, estes desafios nos 
tornam pessoas capacitadas para a transformação e para minimizar impactos 
negativos na sociedade e na natureza. 
2 
 
 
REFERÊNCIAS 
CONVERSA INICIAL 
 
O ideário de sustentabilidade tomou conta dos debates nessas últimas 
décadas. Está sempre presente na mídia e nas conversas entre empresários, 
tomadores de decisão, governantes, acadêmicos, ativistas e cidadãos de 
maneira ampla. Poderia se dizer que se trata de uma necessidade quase urgente 
de reagir aos inúmeros problemas provocados pelos padrões insustentáveis de 
produção e consumo praticados durante décadas, característicos do capitalismo, 
modelo do qual fazemos parte até os dias atuais. 
Nesta segunda aula, apresentamos conceitos do modelo capitalista e seu 
contexto na globalização. Abordaremos a linha do tempo relacionada às fases 
de crise industrial e os impactos sociais da Revolução Industrial. Vamos 
conhecer as teorias de administração que conduzem às diretrizes da RSE, 
dentre elas, a Teoria dos Stakeholders. Faremos uma breve análise histórica do 
capitalismo. Nos dois últimos temas, veremos aspectos relacionados à 
correlação entre desigualdade social e riscos ambientais, bem como ações 
voltadas ao crescimento e progresso social. O propósito desse conteúdo é 
disponibilizar conhecimento e estimular a reflexão sobre as formas de produção 
de mercadorias e bens realizadas até agora, para que você possa implementar 
a RSE da maneira mais adequada ao negócio, buscando ser a mais justa para 
a sociedade, cuidando da saúde do planeta. 
 
CONTEXTUALIZANDO 
 
O crescimento vertiginoso da população e a desigualdade social em níveis 
alarmantes vêm alertando para o novo paradigma de olhar de maneira holística 
o mundo e as organizações. Os novos processos de gestão aliam soluções de 
problemas socioambientais aplicados às estratégias de RSE, prospectando 
ganhos financeiros, uma vez que a lógica do mercado considera essas ações 
como valores indiretos remuneráveis. 
3 
 
 
 
 
 
TEMA 1 – CONCEITOS: CAPITALISMO, REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 
 
Hoje, uma linha de produção de carros está muito distante da fábrica 
representada por Charles Chaplin em seu filme Tempos modernos, no 
qual o cineasta faz uma crítica ao modelo de produção do início do 
século 20. Nas fábricas atuais, em que os robôs são responsáveis por 
70% das tarefas relacionadas à fabricação de carros. E as palavras de 
ordem são eficiência e ergonomia. (Carvalho, 2017) 
 
Nesse trecho da reportagem da Quatro Rodas sobre como funciona uma 
linha de automóveis, o engenheiro que faz a demonstração na fábrica, 
complementa: “temos uma máquina que alcança lugares de soldagem que 
seriam impossíveis para humanos. A última etapa, de tapeçaria e mecânica, é a 
que exige a presença de um funcionário.” (Carvalho, 2017). 
Esse exemplo de automação na fabricação de automóveis ilustra o 
funcionamento da produção industrial que, embora com enormes avanços 
tecnológicos, advém desde antes da Primeira Revolução Industrial. 
O processo de desenvolvimento industrial começou pelos anos de 1780, 
na Inglaterra, e se espalhou na Europa e nos Estados Unidos. A Revolução 
Industrial transformou a capacidade humana principalmente por modificar a 
natureza na fabricação de bens de consumo. As máquinas foram inventadas 
para poupar o trabalho humano, aumentando a produtividade e a geração de 
lucros. Pesquisadores e inventores trabalharam para o desenvolvimento de 
ferrovias, máquinas a vapor, maquinarias de produção, produção do aço, energia 
elétrica. 
Segundo Rodolfo Pena (2018), no sistema capitalista predomina a 
propriedade privada. O lucro e a acumulação de capital se manifestam na forma 
de bens e dinheiro. Ele afirma que, apesar de ser considerado um sistema 
econômico, o capitalismo estende-se aos campos político, social, cultural, ético, 
entre muitos outros. 
Segundo o trabalho de pesquisa do Grupo de Automação Elétrica em 
Sistemas Industriais da Universidade de São Paulo, no processo histórico do 
capitalismo as várias revoluções industriais trouxeram transformações para a 
sociedade e foram impulsionadas por uma ou mais tecnologias. As respectivas 
épocas das revoluções industriais foram: 
4 
 
 
 
 
 
 
1a. Revolução Industrial (1700-1900): Transformação da produção 
manual para a mecanizada. Surgem as máquinas a vapor, locomotivas; 2a. 
Revolução Industrial (a partir de 1870): Produção em massa. Surgem 
tecnologias, eletricidade, fontes de energia fóssil; 
3a. Revolução Industrial (após 1930): Conhecimento acessível a todo 
o planeta. Surgem os computadores, a tv; 
4a. Revolução Industrial (em curso séc. XXI): Mudanças profundas 
em toda a sociedade. Convergência entre o mundo físico, o biológico 
e o digital. (Gaesi-USP, citado por Comparato, 2011) 
 
A inovação de produtos e processos foi a principal estratégia de gestão 
empresarial, a partir dos anos 1990. O foco na aquisição de máquinas e 
equipamentos foi considerado a principal atividade promovida pelas empresas 
para o desenvolvimento tecnológico. No Brasil atual, o foco está na introdução 
de novos produtos, maior eficiência produtiva e abertura de novos mercados 
(CNI, 2002). Como consequência da industrialização, diversos fatores de 
crescimento das nações foram impulsionados,além dos tecnológicos. Veremos, 
durante esta aula, principalmente, os aspectos sociais, ambientais e políticos. 
O conceito inicial do capitalismo deriva da obra A riqueza das nações 
(1776), de Adam Smith. Para ele, o surgimento das indústrias e de novos 
sistemas de gestão do trabalho humano deveria ser especializado para aumentar 
o rendimento. Ele, defensor desse sistema, dá o exemplo da Fábrica de Alfinetes 
para explicar sua teoria. A obra foi considerada fundadora da ciência da economia. 
Convencionou a divisão social do trabalho classificando-as em: operários; 
capitalistas e proprietários de terras. “Smith predicava que o mercado se 
autorregulava através da competição e pela busca dos lucros, gerando acúmulo 
de capital, o qual, por sua vez, estimulava a produtividade e a riqueza” (Stadler, 
2012). 
A busca do lucro máximo pelo exercício profissional de uma atividade 
econômica foi denominado “o espírito do capitalismo”, por Max Weber. “Onde 
tudo se transforma em mercadoria: bens, ofícios públicos, concessões 
administrativas e até pessoas, como os trabalhadores assalariados ou os 
consumidores. É uma radical desumanização da vida” (Comparato, 2011). 
No sistema capitalista, os indivíduos sem posses ou propriedade de bens 
materiais são humilhados à condição de mercadorias, quando não excluídos da 
sociedade. Esse sistema vigora até os dias de hoje. 
5 
 
 
É indiscutível que houve um enorme avanço no nível de bem-estar 
médio dos habitantes do planeta ao logo dos séculos, principalmente a 
partir da Revolução Industrial, no entanto, muito disso foi conquistado 
às custas de um uso desordenado dos recursos naturais, 
principalmente para gerar a energia necessária que sustentou este 
crescimento econômico. (Almeida, 2013) 
 
TEMA 2 – IMPACTOS SOCIAIS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 
 
O lançamento do aplicativo Waze, que aconteceu por volta de 2008, 
trouxe inúmeros benefícios e facilidades para quem dirige, 
principalmente, nas grandes cidades. De maneira colaborativa, os 
usuários podem saber a situação do trânsito em tempo real e ainda ter 
a facilidade de o próprio aplicativo indicar a melhor rota para chegar ao 
destino final. (Dias, 2018) 
 
O Waze é um exemplo de como o mundo digital transforma 
comportamentos sociais”, destaca o engenheiro Elcio Brito da Silva, do Grupo 
de Automação em TI da USP (Dias, 2018). 
Esta é considerada a principal característica da Quarta Revolução 
Industrial, que está em curso. É a convergência cada vez mais forte entre: 
 
O Digital: com a internet e plataformas digitais; O Físico: com a robótica 
avançada, impressão 3D; O Biológico: com a tecnologia digital aplicada 
à genética. Exemplo da quebra de barreiras entre esses três mundos 
(físico, biológico e digital) são as turbinas da General Eletric (GE), que 
“percebem” quando irão quebrar e, com isso, sabe-se 
antecipadamente a necessidade de fazer reparos. (Comparato, 2011) 
 
Desde a grande crise financeira mundial de 2008, o sistema capitalista 
apresenta sintomas de esgotamento. Mundialmente, vem se diminuindo os 
rendimentos do trabalho assalariado, aumentando os níveis de desemprego e a 
fome impulsionada por conflitos e mudanças climáticas. Em 2016, a fome afetou 
815 milhões de pessoas, 11% da população global (ONU, 2017). 
A competição de mercado das 200 empresas globais mostra que as 
receitas de suas vendas ultrapassam um quarto das atividades comerciais do 
mundo. A Philip Morris opera em 170 países; a indústria de elevadores Otis utiliza 
o sistema de portas da França, engrenagens da Espanha, sistema eletrônico da 
Alemanha, motor especial do Japão e a integração dos sistemas é feita nos 
Estados Unidos. A Nestlé, a Shell, a Bayer e a Toshiba têm consumidores em 
quase todos os países há décadas. As empresas globais, além de ter uma 
reputação que não está ao alcance da concorrência de fabricantes locais, 
possuem vantagens financeiras, de P&D, de produção, logística e marketing 
(Kotler, 2006). 
6 
 
 
Esse sistema de transnacionalidade das empresas globais promove 
grandes deslocamentos de empresas, dos antigos países desenvolvidos para os 
novos países ditos “emergentes”, faz com que uma empresa dominante, com 
sede em determinado país, estabeleça relações de senhorio e servidão com 
outras em várias partes do mundo, obrigando as empresas “dominadas” a operar 
em sistema de “dumping” social e negação dos mais elementares direitos 
trabalhistas. Trabalho escravo, mão de obra infantil, abusos e assédio têm sido 
alvo de denúncias permanente (Gonçalves, 2017). 
Diretrizes da Responsabilidade Social Empresarial (RSE) contemplam 
esses fatores como parte dos indicadores de gestão, visando acabar com as 
práticas de abuso e melhorar a transparência nas relações com funcionários, 
colaboradores e segmentos da cadeia de suprimentos (fabricantes, 
fornecedores, distribuidores, transportadores). 
Historicamente, um importante avanço para dirigentes e administradores 
foi a Teoria das Relações Humanas (1930) do australiano George Elton Mayo. 
Ele propõe democratizar a administração do trabalho das indústrias, provocando 
um importante movimento de oposição à Teoria Clássica. Os administradores e 
dirigentes passam a tratar de forma mais humanizada os trabalhadores. Pela 
primeira vez, há preocupação com os aspectos emocionais das pessoas e a 
integração social com trabalhos em grupo. 
Os avanços das teorias de administração evoluíram no aspecto de 
incorporar a visão econômica do mercado à sociologia e política da sociedade. 
Em 1984, Edward Freeman propõe a Teoria dos Stakeholders como um novo 
direcionamento para a gestão das organizaçoes. Sua preocupação estava em 
compreender e resolver problemas que fossem além dos interesses exclusivos 
de sócios e investidores, ampliando para outros públicos que afetam ou são 
afetados pela empresa. Esse universo de públicos recebeu a nomeclatura de 
stakeholders, que “são grupos ou indivíduos que podem influenciar ou serem 
influenciados pelas ações, decisões, políticas, práticas ou objetivos da 
organização”. 
Esse conceito passa a oferecer uma nova maneira de pensar a gestão 
estratégica das organizações, que a direciona para uma forma mais democrática 
e participativa de implementar a estratégia de negócio. 
Nos relatos de sustentabilidade e indicadores de RSE, o relacionamento 
com os stakeholders é utilizado como instrumento de avaliação. 
7 
 
 
Os parâmetros aplicados para estabelecer relacionamentos são 
essenciais na definição de diretrizes éticas e de transparência, premissas da 
RSE. 
O quadro, apresentado a seguir, orienta sobre as atribuições de cada 
stakeholder. As informações são baseadas na revisão da literatura publicada 
pelo autor da teoria, E. Freeman, nos períodos de 2008-2015 (Charotta, 2016). 
 
Quadro 1 – Atribuições de cada stakeholder 
 
Stakeholders Atribuição 
 
Clientes 
Cada vez mais assumem o papel de consumidores conscientes e cobram 
informações detalhadas sobre produtos, processos de fabricação, 
comportamento e idoneidade das marcas. 
 
Proprietários 
Possibilitam à organização ter acesso à sua principal fonte de recursos. 
Tem poder de controle: majoritários, sobre as decisões da empresa; e 
minoritários, sem poder de controle sobre as decisões da empresa. 
 
Funcionários 
Participam, implementam e executam as decisões para atingir os objetivos 
da empresa. Proveem a organização com conhecimentos, habilidades e 
compromissos. Refletem a cultura e o clima da empresa. 
 
Fornecedores 
Fornecem serviços, insumos e matéria-prima na cadeia de suprimentos da 
organização (fabricação, estoque, transporte, distribuição, embalagem, 
descarte de resíduos). Precisam ser capacitados sobre as diretrizes da 
RSE e Sustentabilidade para garantir coerência nos procedimentos. 
Governo Criador e mediador dos instrumentos reguladores da organização. 
Concorrentes Importante instrumento de benchmarking. 
Entidades/Sindicatos 
Influenciadores nas dinâmicas da organização. Essenciais em 
organizações democráticas. Representa filiados. 
Comunidade 
Situada no entorno da empresa, precisa receber benefícios diretos ou 
indiretos devido aos impactos positivos e negativos gerados pela empresa. 
Sociedade Monitora o ambiente legal e moral em que a organização opera. 
Fonte: Adaptado de Charotta, 2016. 
 
Leitura complementar 
Na gestão da RSE, a utilização da ferramenta “Painel de Stakeholders” é 
amplamente utilizada para estabelecer a política de governança baseada no 
relacionamento com seus públicos de interesse. Esse instrumento pode trazer 
contribuições para as empresas e ajudá-las tanto no tratamento de questões 
específicas quanto na definição de estratégias. Para saber mais, leia o artigo 
Painel de stakeholders: uma abordagem de engajamento versátil e estruturada. 
Disponível em: <https://www3.ethos.org.br/cedoc/painel-de-stakeholders-uma- 
abordagem-de-engajamento-versatil-e-estruturada>. 
8 
 
 
TEMA 3 – ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO CAPITALISMO NA DESIGUALDADE 
SOCIAL E NA AMPLIAÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS 
Nas primeiras décadas do século XX, Henry Ford inaugurou nos Estados 
Unidos a primeira linha de carros em série. Poucos anos depois, veio a Crise de 
1929, considerada a primeira crise do capitalismo. Como consequência, milhões 
de empresas foram à falência e o desemprego foi massivo. No Brasil, os 
empresários viram a necessidade de criar nova infraestrutura para o 
desenvolvimento da indústria pesada e começaram a dar os primeiros passos 
nessa direção. 
O início dos anos 2000 foram marcados por uma nova crise global 
provocada, principalmente, pelo choque nos sistemas comerciais e financeiros. 
O estudo realizado em 2017 por economistas da organização 
intergovernamental South Centre, com sede em Genebra, aponta: 
 
O colapso avassalador da recessão no Brasil ocorre em um momento 
de complicações globais sem solução no horizonte. [...] A resposta 
política do Hemisfério Norte, de restringir gastos dos governos e 
inundar o mercado com dinheiro a juros baixos ou negativos, falhou ao 
promover uma recuperação robusta e agravou problemas crônicos 
globais, como a desigualdade, a insuficiência da demanda e a 
fragilidade financeira, com “fortes efeitos” desestabilizadores para o 
Hemisfério Sul. 
 
As crises “cíclicas” financeiras recorrentes desde a década de 1990 são 
apontadas como fatores intrínsecos do sistema capitalista, da vulnerabilidade 
econômica provocada por investidores e credores estrangeiros. São exemplos o 
Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Internacional para Reconstrução 
e Desenvolvimento (Bird), entre outros. São organizações criadas para atender 
às demandas da globalização e atuam fortemente nos mercados financeiros 
internos de países emergentes e em desenvolvimento. O estudo da South Centre 
aponta para a influência exercida pelo sistema: “As políticas propostas pela nova 
administração nos Estados Unidos tendem a representar um duplo golpe para 
os países que se tornaram altamente dependentes de mercados externos, 
capital e corporações transnacionais, advertem os autores do estudo” 
(Drummond, 2017). 
Os valores representam um conceito coletivo do que as pessoas 
consideram desejável, importante e moralmente apropriado para o convívio em 
sociedade. Citando Durkheim: “o conjunto das crenças e sentimentos comuns à 
média dos membros de uma sociedade forma um sistema determinado, que tem 
9 
 
 
vida própria”, e que pode ser chamado consciência coletiva ou comum 
(Comparato, 2011). 
Os principais valores sustentados pelo sistema capitalista foram 
basicamente o crescimento econômico e o consumo. Ambos têm sido 
determinantes para reger normas de comportamento das organizações e da 
sociedade como um todo. Valores fazem com que as pessoas identifiquem 
prioridades e orientem atitudes de acordo com o que é importante, suas crenças, 
hábitos e ideiais de vida. 
A produção de riquezas é o ponto-chave do sistema capitalista. O lucro, 
nesse contexto, é a meta da empresa. Como vimos, é o mecanismo econômico 
que o rege. Esse mecanismo o faz decidir o que, como e para quem produzir: 
qual produto ou serviço deve ser feito, para qual público e em que quantidade e 
frequência. Stadler (2012) afirma que: 
 
Tudo o que for produzido precisa atender necessidades e satisfazer 
desejos. Valores preconizados pelas estratégias de marketing. Para 
alcançar o lucro, maior participação no mercado, lancar novos produtos ou 
serviços, se diferenciar da concorrência, entre outros. Tudo isso 
depende da utilização e maximização dos recursos disponíveis: 
matérias-primas, trabalho etc. (Stadler, 2012) 
 
Nosso sistema global de alimentos é responsável por 80% do 
desmatamento e é a principal causa da perda de espécies e de biodiversidade. 
O sistema também é responsável por mais de 70% do consumo de água 
doce. Nesse contexto, dados das Nações Unidas (ONU, 2015) indicam que “o 
consumo global já é 1,5 maior que a capacidade da Terra de aguentar. Se a 
população e as tendências de consumo continuarem a crescer, a humanidade 
precisará do equivalente a dois planetas Terra para sustentar-se em 2030”. 
Na obra Ética e meio ambiente: construindo as bases para um futuro 
sustentável, Mario Alencastro (2015) aponta que 
 
o controle sobre as forças da natureza apresenta à humanidade um 
problema cuja solução ultrapassa o escopo da ciência ou da 
tecnologia. A questão envolve uma reflexão sobre as causas e uma 
apurada análise em torno da construção de princípios, valores e 
atitudes que possam mediar os atos humanos relativos ao seu 
relacionamento com a natureza, temática central de uma emergente 
visão rumo à ética ambiental. 
 
A RSE está diretamente relacionada às expectativas, necessidades da 
sociedade e à forma de responder pelas consequências de atitudes e impactos 
causados aos indivíduos ou grupos, bem como ao ecossistema. Os princípios da 
RSE representam atitudes compromissadas imutáveis, refletem o “caráter” da 
10 
 
 
organização sendo um conjunto de posturas inegociáveis. Valores universais são 
pilares para a convivência entre cidadãos de todo o mundo. Tomemos por 
exemplo uma empresa que fabrica veículos. Ela provoca impactos 
principalmente ambientais e no transporte da sociedade. Assim, ela pode 
determinar que os valores de posicionamento da marca serão segurança no 
trânsito e meio ambiente, inseridos na responsabilidade social e 
sustentabilidade. 
 
Os indivíduos passam, mas a consciência coletiva permanece viva e 
atuante, de geração em geração. O importante é frisar que esse 
conjunto de ideias, sentimentos, crenças e valores predominantes 
forma um sistema, que atua na mente de cada um de nós como uma 
espécie de reator automático, no julgamento de fatos ou pessoas” 
(Comparato, 2011, p. 252). 
 
Na gestão da RSE, os princípios estabelecidos para a RS são seis: 
transparência; comportamento ético; respeito pelos interesses das partes 
interessadas; respeito pelo estado de direito; respeito pelas normas 
nternacionais de comportamento; e accountability, ou responsabilização. 
Identificar qual é o perfil da organização de acordo com o negócio, criar valor 
para o cliente, entregar e sustentar esse valor é umas das atribuições do gestor 
em ser (Inmetro, 2018). 
 
TEMA 4 – DESIGUALDADE SOCIAL VERSUS RISCO AMBIENTAL: 
MINIMIZAÇÃO DOS RISCOS 
O ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em discurso na 
ONU em setembro de 2016, declarou: “um mundo no qual 1% da humanidade 
controla uma riqueza equivalente à 99% dos demais nunca será estável.” 
Dados preocupantes foram apresentados durante o Fórum Mundial 
Social, em 2017, pela ONG britânica Oxfam, que todo ano apresenta em Davos 
o mapa da desigualdade mundial. Desde 2015, apenas 1% da população global 
concentrava em mãos mais riqueza que os 99% restantes; ao longo dos 
próximos 20 anos, 500 pessoas transferirãomais de US$ 2,1 trilhões para seus 
herdeiros – soma mais alta que o PIB da Índia, que tem 1,2 bilhão de habitantes. 
A Oxfam aponta que o crescimento da desigualdade social é o caldo de cultura 
para o aumento da criminalidade, do terrorismo e da insegurança global. E 
assinala: “há cada vez mais pessoas vivendo com medo do que com esperança”. 
11 
 
 
Embora as políticas sociais tenham retirado milhões de pessoas da 
miséria e da pobreza nas últimas décadas, ainda hoje uma em cada nove 
pessoas vai dormir com fome. E a fome, que não tem ideologia, facilmente reduz 
um homem a um animal feroz (Frei Betto, 2017). 
 
No Brasil, cerca de 50 milhões de brasileiros, o equivalente a 25,4% da 
população, vivem na linha de pobreza e têm renda familiar equivalente 
a R$ 387,07. Os dados foram divulgados em 15/12/2017 pelo Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outro estudo divulgado 
pelo Jornal Folha de São Paulo destaca que: um grupo formado por 
cerca de 1,4 milhão de brasileiros, equivalente a 1% da população, fica 
com 28% de toda a renda nacional; os 10% mais ricos da população 
ficam com mais da metade da renda nacional. (IBGE; WID; Extreme 
and Persistent Inequality: New Evidence for Brazil Combining National 
Accounts, Surveys and Fiscal, 2001-2015) 
 
Na opinião dos especialistas, o único caminho para combater os 
elevadíssimos índices de desigualdades social, é a transferência de capital dos 
ricos para os pobres. 
O maior desafio das organizações é conciliar interesses. Conciliar 
interesses públicos e privados sobre questões ambientais, sociais, 
mercadológicas, políticas, econômicas que, na maior parte das vezes, são 
antagônicos. Isso leva à implementação de mecanismos de controle. 
Esses sistemas de controle se dão pela estruturação das organizações 
com base em sistemas normativos. As normativas e a legislação brasileira são 
estabelecidas em nível municipal, estadual e federal. Num sistema globalizado, 
o âmbito de aplicação das normas e leis ultrapassam as fronteiras de cada 
Estado e se aplicam leis internacionais, comuns a diversos países; são as 
normas internacionais. 
A exemplo das normativas relacionadas à erradicação da pobreza e do 
meio ambiente, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, art. 3, 
institui erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais 
e regionais. 
Com base na legislação, surgiram outras normas e certificações que se 
constituem, cada vez mais, na garantia dos atributos ambientais e socialmente 
responsáveis divulgados pelas empresas. 
Para o consumidor, as normativas são uma garantia de estar adquirindo 
um produto ou serviço de qualidade para si, para o ambiente e respeito às 
questões sociais. Os stakeholders que se relacionam com a empresa certificada 
representam a garantia de fazer negócios e ganho de visibilidade mútuo. 
12 
 
 
Na gestão da Sustentabilidade e Responsabilidade Social, as normas são 
de uso voluntário, isto é, não são obrigatórias por lei. Funciona a ética da 
responsabilidade. Certificações voluntárias são aquelas em que a empresa 
define se deve ou não certificar o seu produto de acordo com o disposto em uma 
norma técnica, com base em benefícios que identifiquem o que essa certificação 
pode trazer ao seu negócio. Os principais benefícios da aplicação de normas e 
certificações são: 
a. Tornar a fabricação e o fornecimento de produtos e serviços mais 
eficientes. 
b. Facilitar o comércio mais justo entre países. 
c. Fornecer aos governos uma base técnica para saúde, segurança e 
legislação ambiental. 
d. Atender à reivindicação da sociedade. 
 
Outros benefícios são avaliação da conformidade, o compartilhamento 
dos avanços tecnológicos, inovação, boas práticas de gestão e melhoria da 
imagem perante a sociedade. 
 
Quadro 2 – Avaliação de conformidade 
 
Norma Ano Tema 
 
ISO 26000 
ABNT-NBR ISO 26000 
 
2010 – Genebra, Suíça 
2010 – São Paulo, BR 
 
Diretrizes sobre responsabilidade 
social corporativa 
 
SA 8000 
1997 – 1.a edição 
2014 – 2.a edição 
Responsabilidade Social e 
stakeholders internos – 
cadeia de suprimentos 
ABNT-NBR 16001 2004 – 1.a edição 
2012 – 2.a edição 
Responsabilidade social sistema da 
gestão 
 
TEMA 5 – CRESCIMENTO ECONÔMICO E PROGRESSO SOCIAL 
RECONSIDERADOS: O DOMÍNIO DA POLÍTICA 
Em 2010, o governo brasileiro, ao lançar para consulta pública o Plano de 
Ação para Produção e Consumo Sustentáveis, anunciou ser fundamental atuar 
em duas frentes: a produção mais limpa e o consumo mais responsável. “[...] 
sem isso, é impossível progredir rumo a uma economia de baixo carbono, rumo 
a uma economia mais sustentável”, declarou a Ministra do Meio Ambiente, 
Izabella Teixeira.” 
13 
 
 
Segundo analistas do Instituto Ethos de Responsabilidade Social: 
 
O tema da produção e consumo sustentáveis ganha a cada dia maior 
relevância no cenário nacional e internacional. Iniciativas consideráveis 
podem ser observadas nos últimos 10 anos tanto por parte do setor 
público quanto do setor privado que buscam praticar uma economia 
mais limpa, observando critérios de conservação ambiental, e de 
diminuição dos Gases de Efeito Estufa (GEE). (Teixeira, 2010). 
 
Na área ambiental, o Brasil tem desenvolvido importantes políticas de 
proteção ambiental e instrumentos legais, dentre eles, a Lei Nacional de 
Recursos Hídricos (1998); a Política Nacional de Educação Ambiental (1999) e 
o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (2002). 
Em 2009, a Política Nacional sobre Mudança do Clima e a Política 
Nacional de Resíduos Sólidos (2010) forneceu diretrizes para orientar as ações 
das empresas e indústrias para o desenvolvimento sustentável. 
Inserido nas diretrizes globais propostas pela ONU, em 2010, o governo 
brasileiro elaborou o Plano de ação para produção e consumo sustentáveis 
(PPCS). 
O conceito de Produção e Consumo Sustentáveis (PCS) resultou da prática 
de profissionais atuantes na área e de políticas ambientais de Produção mais 
Limpa (P+L) (Brasil, 2010). “As seis prioridades apontadas no documento são: 
Educação para o consumo sustentável; Compras públicas sustentáveis; Agenda 
ambiental na Administração Pública; Aumento da reciclagem de resíduos sólidos; 
Varejo sustentável; Construções sustentáveis” (Portal Brasil, 2014). 
É importante refletir a respeito da ideia equivocada de culpar governos e 
indústrias por todos os problemas relacionados ao atual colapso climático e 
poluição mundial. Há tendência de esquecer que não são as empresas de 
petróleo que dirigem os carros, pois são os próprios consumidores, responsáveis 
pelas escolhas de consumo. Um exemplo, sob a ótica de consumidor, é a do 
motorista que avalia os custos de seu carro levando em conta preço do 
combustível, estacionamento, gasto de manutenção, pedágio e pagamento de 
taxas do veículo. No entanto, nunca atribui qualquer valor ao fato de que seu 
veículo emite gases de efeito estufa. Isso ocorre porque esse valor nunca lhe é 
cobrado. Os consumidores avaliam os gastos com base em fatores de 
precificação do mercado porque os custos aplicados ao uso ou impactos 
provocados aos recursos naturais não são precificados. 
Fernando Meneguin (2012) afirma: 
14 
 
 
se forem adequadamente quantificados e internalizados os custos 
ambientais dos empreendimentos, não há margem para a dicotomia 
entre crescimento econômico e sustentabilidade, isto é, se 
determinado projeto for lucrativo após a incorporação dos custos 
associados aos prejuízos ambientais que acarreta, ele pode ser 
implementado. Isso é sustentável. 
 
Objetivando o desenvolvimento sustentável, para considerar os custos 
dos recursos naturais e prevenir a escassez futura, são necessárias novas 
políticas de intervenção fiscal, mudança nos subsídios nocivos, aplicação de 
instrumentos para corrigir falhas de mercado, intervenção e fiscalização do poder 
público. Além disso, é preciso que hajainvestimentos públicos de incentivo à 
inovação e educação para a ética ambiental. 
As crises que pontuam a longa história do capitalismo são também 
descritas como erros de política. Combinar os limites planetários e sociais cria 
uma nova perspectiva para o desenvolvimento sustentável. Enquanto 
defensores dos direitos humanos trabalham para garantir o direito de cada 
pessoa ao essencial à vida, economistas ecológicos enfatizam a necessidade de 
situar a economia global. 
 
Há muitas interações dinâmicas e complexas ao longo e entre os 
múltiplos limites. Há o Piso Social dos Direitos Humanos, que 
envolve acesso a água, comida, saúde, educação, igualdades de 
gênero e social, energia, trabalho, voz. Ainda, há o Teto Ambiental 
dos Limites Planetários, que engloba mudanças climáticas, água 
potável, poluição química, acidificação dos oceanos, acúmulo de 
aerossóis na atmosfera, destruição da camada de ozônio, perda de 
biodiversidade, alterações no uso dos solos. Entre o piso e o teto há 
um espaço representado em forma de diagrama, na figura a seguir, 
que é trabalhar para “o espaço justo e seguro para a humanidade”, e 
ao mesmo tempo, realizar ações para o “desenvolvimento econômico 
inclusivo e sustentável” (Rockström, citado por Assadourian; Prugh, 
2013, grifo nosso). 
 
Figura 1 – Teto e piso 
15 
 
 
 
 
Fonte: Rockström, citado por Assadourian; Prugh, 2013. 
 
TROCANDO IDEIAS 
 
Que tal utilizar o diagrama de Rockström para analisar sua cidade ou o 
bairro em que mora? Quais seriam as necessidades e potencialidades no Piso 
Social e Teto Ambiental? 
 
NA PRÁTICA 
 
Nesta aula, tivemos a oportunidade de conhecer a Teoria dos 
Stakeholders, uma diretriz amplamente utilizada na gestão da RSE. A atividade 
proposta é pesquisar quais questões são avaliadas sobre stakeholders nos 
indicadores de sustentabilidade. Passos para resolver: 1. Pesquisar: GRI-G4 
Global Reporting Iniciative; Diretrizes do Instituto Ethos; Pacto Global ONU; 2. 
Identificar o que é avaliado sobre stakeholders; 3. Fazer a correlação com a sua 
vivência profissional/sua realidade. A síntese de uma resolução: 1. Pesquisar na 
internet; 2. Selecionar os indicadores nos relatórios de Sustentabilidade; 3. 
Buscar falhas e acertos na comunicação elaborando suas próprias conclusões. 
 
FINALIZANDO 
 
Esta aula foi direcionada para os aspectos conceituais e históricos do 
modelo capitalista e seus impactos no mercado industrial. Apresentamos os 
precursores do capitalismo e datas mais relevantes na história. Em uma linha do 
tempo, observamos os períodos em que aconteceram as revoluções industriais. 
16 
 
 
Para aplicabilidade na RSE, abordamos as diretrizes que devem ser 
consideradas no planejamento estratégico da empresa: o conceito de 
stakeholders, a segmentação dos públicos e a teoria de E. Freeman. 
Ainda, nos debruçamos sobre dados e números que demonstram a 
influência e consequências dos padrões de consumo adotados desde que o 
modelo capitalismo foi implantado no mundo. Observamos o impacto também 
das crises globais. Destaca-se a importância de assistir ao documentário Home, 
cujo link está disponível na seção Contextualizando, pois ele ampliará sua 
percepção sobre os assuntos tratados nesta aula. 
CONVERSA INICIAL 
2 
 
 
REFERÊNCIAS 
Nesta terceira aula veremos o que é o modelo fordista de produção e o 
que levou a que Henry Ford fosse considerado o precursor da ideia de 
responsabilidade social. Conheceremos visões de autores sobre relações entre 
trabalho e consumo estabelecidas pelo modelo capitalista. Veremos também 
em que se baseia a teoria do livre mercado, do economista Milton Friedman, e 
sobre a função das empresas. Serão apresentadas análises feitas por outros 
autores a respeito das teorias de Friedman. Por último, conheceremos a 
mudança de paradigma na administração das empresas, da gestão tradicional 
para a gestão ecocêntrica, esta última considerada um dos valores da RSE. 
Disponibilizamos também o Roteiro Básico para Diagnóstico de 
Responsabilidade Social Empresarial (RSE). 
Convidamos para uma reflexão, ao final desta aula, para que avalie se, 
com o decorrer dos anos, as mudanças têm sido significativas e, principalmente, 
sob quais aspectos 
 
CONTEXTUALIZANDO 
 
Os temas ligados à sociedade de mercado estão intrinsecamente 
conectados à produção de bens materiais, oferta de serviços e produtos, em que 
tudo é fabricado graças à força de trabalho, às máquinas produzidas pelos 
próprios indivíduos e ao desenvolvimento de pesquisa e novas formas de gestão, 
entre outros. 
Tudo gira em torno do consumo e da economia de mercado, pois sem eles 
não há capital para circular e produzir. Gira como o faz uma roda gigante, sempre 
em torno do mesmo eixo, suspensa em torres verticais, segurando em bancos 
oscilantes para que as pessoas girem ao seu redor. 
Assim tem funcionado o sistema industrial durante séculos, preocupado 
com o equilíbrio entre oferta e demanda através da livre circulação de capitais, 
produtos e pessoas. Tudo girando sob o eixo do capitalismo. 
TEMA 1 – O MODELO FORDISTA DE PRODUÇÃO 
3 
 
 
 
Figura 1 – O modelo fordista 
 
Fonte: Questão... (2009). 
 
O fordismo é caracterizado como sendo um modelo que transformou a 
maneira de administrar a indústria. A gestão da produção passou a ser em 
massa, ou seja, em grande escala. A fabricação, a montagem padronizada e 
estocada em grandes quantidades para comercialização foi característica desse 
modelo. São exemplos a produção de carros automobilísticos, a construção 
naval, equipamentos de transporte, o aço, produtos petroquímicos, a borracha, 
os eletrodomésticos. Outro foco do fordismo eram os trabalhos altamente 
especializados para determinadas tarefas. 
O modelo teve origem no pioneirismo do industrial americano Henry Ford, 
vigorando entre 1914 até início dos anos 1970. Segundo o Portal História da 
Administração: 
 
Henry Ford, fundador da Ford Motor Company foi o idealizador das 
modernas linhas de montagem utilizadas na produção em massa e se 
tornou uma das pessoas mais ricas de sua época. Com o 
desenvolvimento e produção do Modelo T revolucionou o transporte 
por automóvel e indústria americana. Também foi um inventor prolífico 
e registrou mais de 161 patentes. (Henry..., 2009) 
 
Dois destaques resultantes desse modelo de administração estavam no 
fato de que se fabricava um grande número de automóveis que podiam ser 
adquiridos por preços acessíveis pelos consumidores e que os trabalhadores da 
fábrica recebiam bons salários. Foi a partir daí que as relações entre trabalho e 
consumo tomaram proporções transformadoras na indústria de grande escala, 
uma vez que a capacidade de produzir mercadorias passou a crescer num índice 
muito mais rápido do que a capacidade de consumir porque 
4 
 
 
as pessoas precisavam ter dinheiro para consumir o que era fabricado em 
massa. 
No meio empresarial, a fase em que predominava o modelo fordista foi 
denominada de gigantismo industrial, marcada pelo grande poder das industrias 
geradoras de riquezas (Chiavenato, citado por Stadler, 2012, p. 18) 
A crise desse modelo se dá a partir da década de 1970, com o avanço 
das novas tecnologias de informação e comunicação, da microeletrônica e da 
automatização. No pós-fordismo, o conflito de classes passou a se intensificar. 
As novas formas de industrialização segregavam os trabalhadores, em vez de 
uni-los. Cardoso (2011) faz uma análise e conclusão sociológica no estudo 
publicado na revista Tempo Social: “Poderíamos afirmar que o mundo do trabalho 
pacificou conflitos no pós-fordismo? Não é neste mundo contemporâneo do 
capital que essa tendência deixa de se afirmar”. 
Para o pesquisador, basta observar a distribuição dos novos centros 
produtivos na zona oriental do planeta. Está evidente a depredação da força de 
trabalho, a ampliação das jornadas, o uso intensivo do trabalho feminino e infantil

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