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Distribuição Espacial

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Universidade Nova de Lisboa 
Ensino de Ciências da Natureza 
ECOLOGIA II 
2002/2003 
 
 
 
 
 
 
Distribuição Espacial 
da 
Fauna de Solo 
 
 
 
 
Trabalho realizado por: 
Clara Boavida, nº11683 
Miguela Costa, nº12040 
 
 
 
 
Índice 
 
Objectivos 
Introdução 
Resultados 
Tratamento de dados 
 Cálculo dos índices de agregação 
 Ajuste à Distribuição de Poisson (Aranea) 
 Ajuste à Distribuição Binominal Negativa (Collembola) 
Discussão de Resultados 
Conclusão 
Bibliografia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Objectivos 
 
 Pretende-se com este trabalho prático a determinação 
do padrão de distribuição de vários organismos pertencentes 
à fauna do solo, mais atentamente à Classe Hexapoda 
(Insectos), através de métodos estatísticos, relacionando-o 
com a ecologia dos mesmos. Outra meta deste trabalho é a 
aplicação de testes estatísticos ( Distribuição de Poisson 
e Binomial Negativa) a dois grupos de organismos que 
apresentem padrões de distribuição casual e agregada, 
respectivamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
 
 O solo, fina camada que serve de suporte às plantas 
terrestres, das quais depende toda a vida à superfície da 
Terra, é o produto final de uma complexa série de 
interacções que envolvem a rocha-mãe e fenómenos físicos, 
químicos e biológicos, sendo a sua composição, estrutura e 
espessura muito variável. Estas três características 
dependem da natureza litológica da rocha-mãe, da 
topografia, do tempo de formação, do clima, da vegetação e 
do tipo de organismos que nele se desenvolvem. 
 Embora á partida o solo nos pareça um pouco pobre em 
comparação com um meio aquático, em relação ao tipo de 
comunidades de organismos que aí se desenvolvem, apresenta 
na realidade uma grande variedade e abundância de seres, 
quer á sua superfície, quer no seu interior. 
Existem várias bactérias que se desenvolvem no solo, 
nomeadamente bactérias fixadoras de azoto (não simbióticas, 
que vivem livre no solo – géneros Azotobacter e 
Clostridium, e simbióticas, associadas às raízes de 
leguminosas – género Rhizobium), cianobactérias, leveduras 
e fungos( entre os quais os fungos filamentosos dos géneros 
Cladosporium, Alternaria, Fusarium, Mucor, Penicillium e 
Aspergillus), microalgas ( Chlamidomonas e diatomáceas do 
género Navicula) e protozoários. Para além dos 
microrganismos, também se desenvolvem nemátodes, aracnídeos 
tais como pseudoscorpiões, ácaros do solo (géneros 
Eulohmanmia, Pelops), aranhas e carraças e vários tipos de 
insectos, tais como colêmbolos (Entomobrya), embiópteros, 
proturos, tisanuros, paurópodes, sínfilos, coleópteros, 
dermápteros, etc, assim como alguns crustáceos isópodes, 
todos eles muito influenciados pelos factores abióticos, 
nomeadamente a luz, a temperatura e a húmidade. 
 Estas comunidades, que são conjuntos de várias 
populações que partilham uma determinada área, apresentam 
uma distribuição temporal (materializada nos seus ciclos de 
vida e na dinâmica de cada uma das populações) e uma 
distribuição espacial, relacionada com a própria ecologia 
dos seres. 
 A distribuição espacial, o grau de agrupamento e a 
dimensão ou permanência dos grupos é essencial em vários 
estudos ecológicos, nomeadamente no cálculo da densidade 
populacional. A análise da distribuição espacial permite 
extrapolar acerca das relações intra-específicas e inter-
específicas dos vários grupos. 
 Segundo ODUM (2001) podem considerar-se três grandes 
padrões de distribuição espacial dos organismos numa 
população: agregada, casual e uniforme (fig.1) 
 
 
 Agregada Casual Uniforme 
 
Fig.1 
 
 A distribuição casual é caracterizada por ser rara na 
Natureza, ocorrendo preferencialmente em meios uniformes, 
sendo a localização do indivíduo independente da dos seus 
vizinhos. Ocorre na ausência de atracções ou repulsões 
fortes. 
A distribuição agregada pode ainda ser dividida em 
agregada agrupada (contagio), agregada casual e agregada 
uniforme. É mais comum na Natureza, ocorrendo em meios em 
que as condições ideais são pontuais, sendo a localização 
de um indivíduo favorável ao estabelecimento de outros. 
Ocorre quando a densidade populacional é baixa e quando 
existe um pequeno número de factores limitantes. 
A distribuição uniforme não é muito frequente na 
Natureza e é independente do meio, sendo a localização de 
um indivíduo impeditiva do estabelecimento de outro numa 
área próxima. Ocorre quando a competição individual é 
severa ou onde existe um antagonismo positivo. 
Para definir o tipo de distribuição espacial, são 
utilizados mais frequentemente dois métodos de análise: 
pelo cálculo dos índices de distribuição (em que são 
aplicados posteriormente testes estatísticos para conferir 
fiabilidade aos resultados), muito utilizado em organismos 
móveis, ou pelo método das medições reais das distância 
entre os indivíduos, seguindo um certo padrão, utilizado 
para organismos sésseis ou manifestações de organismos 
(covis, tocas). 
Em relação ao cálculo dos índices de distribuição, 
quando este apresenta um valor igual a um ou próximo deste, 
a população em questão mostra uma tendência para a 
distribuição casual, sendo feito um ajuste a uma 
distribuição de Poisson. Se o valor for inferior a um, a 
população apresenta uma tendência para uma distribuição 
regular, sendo feito um ajuste a uma distribuição binomial 
positiva. Por seu lado, se o valor for muito superior a um, 
a população apresenta uma tendência para uma distribuição 
agregada, com um ajuste a uma distribuição binomial 
negativa ou logaritmica. 
Algumas características das classes mais representativas 
encontradas nas recolhas: 
 
 
 
 
 Classe dos insectos 
 
O grupo dos insetos (do latim insecta = seccionado) é 
formado por baratas, gafanhotos, besouros, formigas, 
moscas, piolhos e muitos outros animais semelhantes, que 
totalizam mais de 900 mil espécies. É o maior grupo de 
animais do planeta, vivendo em praticamente todos os 
habitates, com excepção das regiões mais profundas no mar. 
São os únicos invertebrados capazes de voar, o que facilita 
a procura por alimento ou melhores condições ambientais; 
além disso, o voo possibilita o encontro de parceiros para 
acasalamento e a fuga de predadores. Acredita-se que os 
insectos tenham sido os primeiros animais voadores 
existente na terra. 
 
 A importância ecológica dos insectos é notável. Cerca 
de dois terços das plantas que possuem flores, dependem dos 
insectos, sobretudo abelhas, vespas, borboletas, mariposas 
e moscas, para a sua polinização. Podem também servir como 
vectores de doenças que atingem o homem e os animais 
domésticos. Por exemplo: malária, elefantíase e febre 
amarela são transmitidas por mosquitos; tifo é transmitido 
por piolhos. Podem ainda ser pragas vegetais, quando se 
alimentam de partes variadas das plantas, reduzindo a 
produção agrícola e afectando o abastecimento de populações 
humanas. A Entomologia (do grego entomon = insetos) é uma 
área especializada da Zoologia que cuida dos estudos dos 
insectos. 
Os insectos podem ser diferenciados dos demais 
artrópodes, pelo fato de apresentarem três pares de patas 
e, geralmente, dois pares de asas. Possuem um único par de 
antenas na cabeça e seu corpo divide-se em três partes: 
cabeça, tórax e abdome. Em geral, têm tamanho reduzido, 
variando de 2 a 40 milímetros de comprimento, embora 
algumas formas ocasionalmente possam ser maiores. 
 
Ordem Coleópteros 
 
 
 
Familia dos Carabídeos (Carabidae) 
 
 
 Vivem a maior parte do tempo debaixo do solo. São bons 
corredores e são maioritariamente nocturnos e podem-se 
encontrar escondidos debaixo dos troncos e pedras durante o 
dia. Tanto os adultos como as larvas são principalmente 
carnívoros, mas as larvas não são escavadoras.Caçam 
caracóis, larvas e outros insectos 
 
 
Familia dos Curculiónidos ( Curculionidae ) --- 
Gorgulhos 
 
 
 Apresentam um rostro desenvolvido, provavelmente que 
os ajuda na perfuração dos materiais. Várias espécies são 
ápteras e os élitros estão fundidos. As larvas são ápodas e 
a maior parte delas alimentam-se encerradas em partes 
suculentas, raízes, caules, ou sementes. 
 
 
 
Ordem Himenópteros 
 
Família dos Formicídeos ( Formicidae ) 
 
 
 
 
 
 
 
Vivem em colónias, e habitualmente têm rainha, macho e 
castas de obreiras. As obreiras são todas fêmeas ápteras. A 
maioria das formigas da Europa são formigas recolectoras. 
 
 
Classe dos Aracnídeos 
 
 
Os aracnídeos são representados pelas aranhas, pelos 
escorpiões e pelos carrapatos. Todos eles possuem um par de 
quelíceras e quatro pares de patas locomotoras. 
As quelíceras são apêndices em forma de pinças, situados na 
parte anterior da cabeça. Outra característica importante 
dos aracnídeos é que eles têm a cabeça e o tórax numa peça 
só, chamada cefalotórax. É fácil distinguir um aracnídeo de 
um insecto, pelo exame externo do corpo. 
 
Classificação dos aracnídeos 
Os Aracnídeos podem ser distribuídos por 3 ordens, com base 
no aspecto externo do corpo: 
 
 
 
 
 
 
 Ordem dos Aracnídeos 
 
 
 
Apresentam corpo dividido em cefalotórax e abdómen. 
As aranhas alimentam-se apenas de presas vivas em 
movimento. Usam as quelíceras para injectar o seu veneno e 
para matá-las matá-las. No abdómen apresentam as glândulas 
fiandeiras, que secretam um líquido que, em contacto com o 
ar, se solidifica para formar as teias. 
Reprodução: As aranhas possuem sexos separados e, 
frequentemente depois da cópula, a fêmea devora o macho. 
Elas põem ovos dos quais saem pequenas aranhas, parecidas 
com os indivíduos adultos. 
 
Ordem dos escorpinídeos 
 
� 
 
 
 
 
 
 
Apresentam corpo dividido em cefalotórax, abdómen e pós-
abdómen. 
Os escorpiões possuem quelíceras muito pequenas e 
pedipalpos muito desenvolvidos, em forma de pinça.no final 
do abdómen, apresentam um ferrão com o qual injetam o 
veneno para matar suas vítimas. Têm hábitos nocturnos e 
durante o dia ficam debaixo de pedras. 
Reprodução: Os escorpiões são vivíparos: reproduzem-se por 
meio de ovos que permanecem no corpo da mãe até que os 
filhotes estejam totalmente desenvolvidos. 
 
Ordem Acari 
 
� 
 
Possuem o cefalotórax fundido com abdómen. 
Os ácaros são aracnídeos de dimensões microscópicas, 
excepto os carrapatos que podem ser vistos a olho nu. O seu 
corpo pode apresentar formas muito diversificadas (comprido 
ou curto, esférico, em forma de pêra etc.). Possuem dois, 
três ou quatro pares de patas. Alguns são parasitas de 
mamíferos, como o Sarcoptes scabili, que escava galerias na 
epiderme, causando a sarna. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Classe Quilópoda 
 
 
 
 
 
O corpo está dividido em duas regiões, cabeça e tronco 
segmentado. 
 A cabeça possui vários pares de apêndices: 
 
 um par de longas antenas 
 
 um par de mdíbulas 
 dois pares de maxilas. 
 
 Estes animais vivem em zonas quentes, escondendo-se de 
dia e saindo á noite para perseguir as suas presas, 
geralmente outros artrópodes, embora centopeias grandes 
possam capturar pequenos vertebrados. | 
 
 
 
 
 
 
 
Classe dos crustáceos 
 
 Os crustáceos (l. crusta = revestimento + aceo = 
semelhante) são na sua grande maioria marinhos, onde são 
fundamentais nas cadeias alimentares (milhões de pequenos 
crustáceos formam o krill, fonte de alimento para muitos 
outros animais), embora existam algumas espécies 
terrestres, como o bicho-de-conta. 
 Os crustáceos têm o corpo dividido em cefalotórax e 
abdómen, dois pares de antena e um número variável de 
patas. São representados pelos siris, caranguejos, lagostas 
e camarões, entre outros. 
 
Ordem Isopoda 
 
 
 
 
 
 
Os isopodes são crustáceos, cujos melhores representantes 
no meio terrestre são os bichos-da- 
-conta, que são achatados dorso-ventralmente e não têm 
carapaça a cobrir os segmentos.A maior parte dos isópodes 
são omnívoros necrófagos e certas espécies têm preferência 
http://images.google.pt/imgres?imgurl=pragas.terra.com.br/pragas/geral/images/tatuzinho.jpg&imgrefurl=http://pragas.terra.com.br/pragas/geral/tatuzinho.htm&h=103&w=122&prev=/images%3Fq%3Dcrust%25C3%25A1ceos%26start%3D180%26svnum%3D10%26hl%3Dpt-
http://images.google.pt/imgres?imgurl=pragas.terra.com.br/pragas/geral/images/tatuzinho.jpg&imgrefurl=http://pragas.terra.com.br/pragas/geral/tatuzinho.htm&h=103&w=122&prev=/images%3Fq%3Dcrust%25C3%25A1ceos%26start%3D180%26svnum%3D10%26hl%3Dpt-
por matérias vegetais: è caso dos bichos-da-conta, cujo 
intestino contém bactérias que digerem a celulose. Permite 
assim que a sua alimentação seja á base de matéria vegetal 
e madeira podre. Os bichos-da-conta vulgares prtencem à 
espécie Armadillium vulgare. 
 
 
 Classe dos gastrópodes 
 
Os gastrópodes (gr. gaster = ventre + podos = pé) são o 
grupo de moluscos mais numeroso e diversificado. 
 Apesar de algumas espécies serem terrestres, a maioria 
á aquática, principalmente marinha. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Procedimento experimental 
 
Material: 
 49 copos de plástico 
 uma fita métrica 
 pás de jardinagem 
 tabuleiros 
 frascos de plástico para guardar as capturas 
 chaves de identificação 
 solução de formaldeína em água com detergente 
 pinças 
 placas de petri 
 lupas binoculares 
 
Procedimento 
1. Seleccionou-se uma área coberta por 
vegetação rasteira. Colocámos os copos 
(armadilhas)no solo, dispostas numa rede de 
7m*7m, deixando 0,5m entre as armadilhas. 
2. Cavou-se um buraco e introduziu-se o copo 
no solo, tendo o cuidado de ajustar 
perfeitamente a abertura do copo à 
superfície do solo, alisando-se e 
compactando-se por forma a não deixar 
declive. 
3. Ao fim de oito dias, retirámos os copos com 
os insectos capturados. 
4. Em laboratório, transferiram-se os insectos 
da cada copo para frascos de plástico com 
formaldeina. 
5. Procedeu-se à identificação dos animais, 
com a ajuda de chaves dicotómicas. 
 
Tratamento de dados 
 
1. Calculou-se os índeces de distribuição para 
cada grupo seleccionado. 
2. Efectuou-se um ajustamento dos dados a uma 
Distribuição de Poisson no caso em que a 
distribuição indicou um padrão casual. 
3. Efectuou-se um ajustamento dos dados a uma 
distribuição binomial negativa no caso em que 
a distribuição indicou um padrão agregado. 
4. Interpretaram-se os resultados tendo em conta 
a ecologia dos grupos encontrados. 
 
Resultados e tratamento 
 
Determinação dos índices de distribuição (*) 
Isópoda: 
 
N.º total de indivíduos: 124 
 
X : 124/ 49 = 2.531 
 
X 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 
FX 10 12 6 8 6 1 2 1 2 ... ... 
... 1 
 
 12 
S
2 
= ∑ (X
2
 x FX) – X x 124 
 
X=0 
 49 - 1 
 
 12 
S
2 
= ∑ (X
2
 x FX) –2.531x124 = 5.4824 
 
X=0 
 48 
 
S
2
 / X = 5.4824 /2.531 = 2.166 > 1 agregada 
 
 
(*) Para as outras classes, os índices de distribuição resolvem-se da mesma forma. 
 
 
Classe Índice de distribuição Tipo de distribuição 
Isópoda 2.166 Agregada 
Aracnedia 0.993 Casual 
Coleoptera 1.48 Agregada 
Molusca 0.967 Casual 
Chilopoda 0.933 Casual 
Hymenoptera 1.64 Agregada 
Dermaptera 1 Casual 
Larvas 0.979 Casual 
Acaria 1.999 Agregada 
 
 
 
A partir dos indíces de agregação e posterior 
extrapolação do possível tipo de distribuição espacial, 
escolhemos as Classes Aracnedia e Isópoda para aplicarmos 
os Testes Estatísticos, isto é, distribuição de Poisson e 
Binomial Negativa, respectivamente. 
 
 
Aproximação á distribuição de Poisson: 
 
Classe Aracnedia 
 
 
N.ºindiv./amostra 
0 1 2 3 
Frequência 
observada 
24 17 6 2 
Frequência 
esperada 
24.115 17.098 6.061 1.432 
 
 
 
 
 
 
Cálculo das frequências esperadas: 
 
Média (X) = 0.709 
 
 X = 0 
 
 f0 = (n x e 
–x
) = 49 x e 
– 0.709 
= 24.115 
 
 X = 1 
 
f1 = f0 x X / 1 = 17.098 
 
 X = 2 
 
f2 = f1 x X / 2 = 6.061 
 
 X = 3 
 
f3 = f2x X / 3 = 1.432 
 
 
 
 
 
Teste do X
2 
: 
 
 
 
 
X
2 
= Σ[ (Frequências observadas – Frequências esperadas)
2 
/Freq. Esperada]
 
 
 
 
X
2
= (24-24.115)
2
/24.115 + (17-17.098)
2
/17.098 + (6-6.061)
2
/6.061 + 
(2- 1.432)
2
/1.432 = 0.027 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Isópoda: 
 
Número total de Amostras (N)= 49 
Número de amostras com 0 indivíduos (N0)= 10 
Índice de Agregação = 2.166 
Média (μ)= 2.531 
Variância (s
2
)= 5.4824 
 k = μ
2
/(s
2
 – μ) 
 = 2.531/(5.4824-2.531) 
 = 0.23 
log10(N/N0)= klog10 (1+(μ/k)) 
log10(N/N0)= log10(49/10)= 0.69 
Substituindo k = 0.23 na expressão temos que 
0.23log10 (1+(2.531/0.23))= 0.248 
 
Utilizando para o cálculo das probalidades da Binomial 
Negativa, o valor de K= 0.23, temos: 
 
Tendo sido obtidos os dados da tabela . 
Tabela 
 
kx
x
kkx
xk
k
P























 )(1
!)1(!
)!1(
)(
)(



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Calcularam-se, de seguida, as Frequências Esperadas e as 
Frequências Esperadas Acumuladas, através da fórmula 
genérica: 
E(x) = (N)P(x) 
 
Tendo sido obtidos os valores da tabela 
Tabela 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para verificar os dados obtidos, procedeu-se ao ajustamento 
ao Teste Estatístico do X
2
: 
 Px Px acumuladas 
P0 
P1 
P2 
P3 
P4 
P5 
P6 
P7
 
 
P8 
P9 
P10 
P11 
P12 
 Ex Ex acumuladas 
Eo 
E1 
E2 
E3 
E4 
E5 
E6 
E7 
E8 
E9 
E10 
E11 
E12 2,815626961 49 
 
x Fx Ex (Fx-Ex)
2
/Ex 
0 32 31,95613 6,02209E-05 
1 5 5,535494 0,051802724 
2 2 2,938068 0,299506868 
3 2 1,909601 0,004279402 
4 0 2,203108 2,203108001 
5 3 1,64197 1,123189942 
6 5 2,815627 1,694644085 
Total 49 49 5,376591243 
 
X
2 
= 5,376591243 
Recorrendo à tabela de X
2
, para n-3, verificou-se que este 
valor se encontrava dentro do intervalo (-7.815,7,815). 
 
 
Discussão dos Resultados 
 
 As 49 armadilhas utilizadas para este estudo foram 
inseridas numa área de 3m
2
 situada no Campus da FCT, em que 
se registou expeditamente uma comunidade herbácea composta 
por leguminosas, boragináceas, plantagináceas, gramíneas e 
compostas. Aquando da colocação das armadilhas, a vegetação 
apresentava uma altura relativamente homogénea, o que 
proporcionava uma boa cobertura de abrigo para os vários 
organismos. 
 Quanto aos factores abióticos, durante a semana em que 
decorreu o ensaio, teve-se o cuidado de verificar as 
temperaturas diárias e a precipitação para a região de 
Lisboa, recorrendo a dados do Instituto de Meteorologia e 
Geofísica, tendo sido registada uma temperatura média 
semanal de 15,6ºC, não tendo sido registada qualquer 
precipitação. Assumimos que a variação térmica de Lisboa 
para o Monte da Caparica não tenha sido significativa. 
 Quanto aos factores bióticos, para a análise e 
discussão dos resultados obtidos experimentalmente, é 
necessário ter em conta alguns aspectos da ecologia dos 
vários grupos de organismos estudados e também que, para 
análises estatísticas, quanto maior for a amostragem, menor 
o erro associado ao cálculo. Como tal, consideramos não ser 
possível inferir sobre o padrão de distribuição das larvas 
e das classes Chilopoda, Diplopoda, Diplura e Hemiptera, 
embora tenham sido efectuados os cálculos para os 
respectivos índices. 
 Os isópodes terrestre são organismos detritívoros na 
sua maioria que vivem preferencialmente em sítios húmidos e 
escuros, sendo muitas vezes encontrados debaixo de troncos, 
pedras ou se o coberto vegetal for denso o suficiente para 
proporcionar estas condições. Como tal, estes locais de 
condições específicas são encontrados apenas pontualmente 
no terreno, o que leva a que estes organismos apresentem um 
tipo de distribuição agregada, facto este verificado pelo 
cálculo do índice de agregação. ( Para além disso, não 
apresentam necessidades territoriais. 
 As aranhas, embora não sejam insectos sobre os quais 
este trabalho prático pretenderia incidir, foram um dos 
grupos de organismos estudados que apresentavam um tipo de 
distribuição casual, tendo sido ajustada à distribuição de 
Poisson, cuja fiabilidade do cálculo foi assegurada pelo 
teste do X
2
. 
As aranhas que vivem no solo, na sua grande maioria, 
não tecem teias, sendo por isso necessário que se desloquem 
em busca de presas, estando munidas para tal com uma 
excelente visão. Outro aspecto importante é o facto de 
apresentarem canibalismo facultativo, o que pode explicar o 
tipo de distribuição casual no solo, isto é, este tipo de 
aranhas não apresenta territorialismo e mesmo que se cruze 
com organismos da mesma classe ou espécie, é-lhe 
indiferente a presença de outro indivíduo. E se tiver fome, 
come-o. 
 Os colêmbolos são pequenos insectos ápteros 
(aproximadamente 6mm) com corpo cilíndrico ou globular e 
habitualmente provido de um órgão saltador bifurcado no 
extremo posterior. Vivem à superfície e no interior do 
solo, podendo as populações atingir cerca de 10
4
 até 10
5
 
indivíduos por m
2
. As peças bucais são do tipo mastigador, 
alimentando-se de bactérias, algas, fungos e matéria 
orgânica, sendo alguns deles predadores da microfauna do 
solo. A maioria das espécies que vivem junto à vegetação, 
procuram locais com alta humidade, pois são susceptíveis à 
dessecação. Contra este problema constante da perda de 
água, muitas espécies desenvolveram técnicas de 
sobrevivência, tais como: permanência por longos períodos 
em anidrobiose, presença de pêlos ou escamas ou de um 
espesso tegumento. Talvez este problema da dessecação seja 
o grande promotor para que estes organismos apresentem uma 
tendência nítida para uma distribuição agregada, em 
concordância com os resultados obtidos pelo ajuste à 
distribuição binomial negativa, cuja fiabilidade foi 
garantida pelo teste do X
2
. 
 Os coleópteros são um grupo muito variado de insectos, 
sendo o classe de insectos mais abundante na natureza e 
também com a maior amostragem no nosso estudo. No solo, os 
grandes representantes dos coleópteros pertencem à família 
dos Carabídeos. Vivem a maior parte do tempo debaixo do 
solo, sendo bons corredores e maioritariamente nocturnos, 
podendo ser encontrados escondidos debaixo dos troncos e 
pedras durante o dia. Tanto os adultos como as larvas são 
principalmente carnívoros, caçando caracóis, larvas e 
outros insectos. No caso dos coleópteros, devido à sua 
grande diversidade apresentam um tipo de distribuição 
agregada. No entanto, é de nossa opinião que o facto de 
considerarmos os coleópteros como um todo e não termos em 
atenção uma classificação pormenorizada até à família (por 
exemplo), este tipo de distribuição não poderá ser aplicada 
em todos os casos, até porque ocupam nichos ecológicos 
distintos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliografia 
 
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ODUM, E., Fundamentos de Ecologia, 6ª edição, Serviço de 
Educação e Bolsas, Fundação Calouste Gulbenkian, 
Lisboa, 2001. 
 
POLUNIN, O., Guía de Campo de las Flores de Europa, 
Ediciones Omega, Barcelona, 1982. 
 
QUINTAS, C., BRAZ, N. R., Técnicas Laboratoriais de 
Biologia, No Laboratório - Bloco 2,Areal Editores, 
Porto, 1995 
 
Folhas fornecidas pela professora.

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