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SISTEMA DE ENSINO DIREITO PROCESSUAL CIVIL Introdução ao Direito Processual Civil Livro Eletrônico 2 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha Sumário Apresentação .....................................................................................................................................................................3 Introdução ao Direito Processual Civil ...............................................................................................................4 1. Teoria Geral do Direito Processual Civil ........................................................................................................4 1.1 Direito Processual Civil: Noções Gerais, Conceito e Fontes ............................................................4 1.2. Fontes do Direito Processual Civil ................................................................................................................6 1.3. Aplicação, Interpretação e Eficácia da Lei Processual Civil no Tempo e no Espaço ........9 1.4. A perspectiva e Estrutura do Código Atual............................................................................................12 2. Normas Fundamentais do Processo Civil ...................................................................................................15 2.1. Processo: Natureza Jurídica e Autonomia do Direito Processual .............................................15 2.2. O Processo no Estado Constitucional ......................................................................................................16 2.3. Fases Metodológicas do Direito Processual Civil .............................................................................17 2.4. Princípios Informativos e Normas Fundamentais do Processo Civil ......................................19 Resumo ................................................................................................................................................................................41 Mapas Mentais ...............................................................................................................................................................44 Questões Comentadas em Aula ............................................................................................................................46 Questões de Concurso ...............................................................................................................................................49 Gabarito ..............................................................................................................................................................................64 Gabarito Comentado ...................................................................................................................................................65 Referências .......................................................................................................................................................................92 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha ApresentAção Olá, aluno(a)! Para quem ainda não me conhece, meu nome é Cristiny Mroczkoski Rocha. Sou advogada e professora (raiz), Mestra em Direito Público pela UNISINOS/RS, especialista em Direito do Estado e em Direito Processual Civil. Eu já estou nessa “estrada” de preparação aos concursos públicos há muitos anos, e farei de tudo para que vocês passem a gostar da disciplina e, quiçá, venham a gabaritar as ques- tões! Acredite: esse material vai te ajudar a chegar à posse! Eu e todo a equipe do GRAN estamos aqui para te dar o máximo de dicas, teorias, exercí- cios, respondendo questões de provas anteriores e criando questões inéditas. Então vamos estudar processo civil com o “coração” ♥? Explico: sempre que você ver esse símbolo, trata-se de um ponto que já foi muito cobrado pelas bancas examinadoras. E, sempre que possível, não se esqueça de destacar na lei seca esses artigos! Você pode optar por qualquer símbolo, mas o importante é que o destaque seja feito! Vamos juntos? Estarei aqui sempre que precisarem! Cristiny Mroczkoski Rocha @profcristiny O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL 1. teoriA GerAl do direito processuAl civil É imperioso que você, concurseiro(a), fique atento a detalhes conceituais, de origem meto- dológica e principiológica. Quando você domina bem essa noção geral e introdutória do direito processual, está construída a base para os demais tópicos da matéria. Isso coloca você a fren- te do concorrente, facilitando a interpretação de questões e, consequentemente, o faz ganhar tempo nas provas. Fique esperto: quanto mais complexo o concurso, com mais profundidade são cobrados esses temas que passamos a abordar. 1.1 direito processuAl civil: noções GerAis, conceito e Fontes O Direito Processual Civil é o ramo direito público composto de um complexo de normas e princípios que regulam a jurisdição, a ação e o processo. JURISDIÇÃO atividade estatal de aplicação do Direito1 aos casos submetidos à apreciação do Judiciário. Excepcionalmente a jurisdição é exercida pelo Poder Legislativo, nos casos do art. 52 da CFRB. AÇÃO Entendida como o direito de acesso amplo à justiça, seus pressupostos e consequências de seu exercício. PROCESSO Instrumento pelo qual a jurisdição atua, resolvendo a lide (CARNELUTTI) de forma definitiva, reestabelecendo a legalidade e a justiça, sendo verdadeiro instrumento eficaz ensejador da paz social (CALAMANDREI). Jurisdição, ação e processo constituem a trilogia estrutural da ciência do processo2, ou seja, estrutura a própria teoria geral do processo. A partir disso, podemos afirmar que as nor- mas processuais gravitam acerca desses institutos e seus consectários. Isso porque, a título 1 A atividade jurisdicional de particularização do direito ao caso concreto conduziu a doutrina de Chiovenda à dicotomia entre a vontade abstrata e a vontade concreta da lei, concluindo o mestre que “a jurisdição consiste na atuação da lei mediante a substituição da atividade de órgãos públicos à atividade de outros, seja no afirmar a existência de uma vontade da lei, seja em determinar ulteriormente que ela produza seus efeitos (Principii di Diritto processuale civile, 1928, p.301). Importante dizer que Eduardo Couture atribuía a solução obtida por “acto de la autoridad” à principal característica da jurisdição, em Fundamentos de Derecho procesal civil, 1951, p.4. 2 Sob essa ótica ensina Ramiro Podetti, “Trilogia estructural de la ciencia del processo civil”, Revista de Derecho Procesal, 1944, p.113. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL CristinyMroczkoski Rocha de exemplo, quando se estuda jurisdição, foca-se na competência, que é a repartição daquela função, e também na coisa julgada, com vias a definitividade/imutabilidade do seu resultado. O Livro I da Lei 13.105/15 (Código de Processo Civil) já é denominado “Das Normas Proces- suais Civis”, sendo que seu primeiro Capítulo passa a enaltecer sobre as normas fundamentais. Obs.: � Sobre esse tema, fique atento(a)! Aqui estamos falando tanto de regras como de prin- cípios, conforme já entendeu o Fórum Permanente dos Processualista Civis (FPPC) no Enunciado 370: Norma processual fundamental pode ser regra ou princípio. ♥ normas fundamentais regras princípios Para uma melhor compreensão, vamos passar a esses conceitos, já abordando a diferença com o conceito de valores: PRINCÍPIOS "Princípio é espécie normativa. Trata-se de norma que estabelece um fim a ser atingido. Se essa espécie normativa visa a um determinado 'estado de coisas', e esse fim somente pode ser alcançado com determinados comportamentos, 'esses comportamentos passam a constituir necessidades práticas sem cujos efeitos a progressiva promoção do fim não se realiza. Enfim, ainda com base no pensamento de Humberto Ávila: 'os princípios instituem o dever de adotar comportamentos necessários à realização de um estado de coisas ou, inversamente, instituem o dever de efetivação de um estado de coisas pela adoção de comportamentos a ele necessários'" (DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil, v.1. 17 ed. Salvador: Jus Podivm, 2015. p. 636). São mandamentos de otimização (Robert Alexy; diretrizes gerais do ordenamento jurídico; o conflito entre princípios exige a ponderação entre os bens jurídicos envolvidos. REGRAS prescrições específicas que disciplinam determinadas situações. o conflito entre regras exige a aplicação dos critérios da especialidade, da hierarquia e da cronologia. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha VALORES conceitos elaborados pela sociedade: certo x errado; bom x mau. Humberto Ávila esclarece que “os princípios não se identificam com valores, na medida em que eles não determinam o que deve ser, mas o que é melhor. da mesma forma, no caso de uma colisão entre valores, a solução não determina o que é devido, apenas indica o que é melhor. em vez do caráter deontológico dos princípios, os valores possuem tão só o axiológico”. (ÁVILA, Humberto. A distinção entre princípios e regras e a redefinição do dever de proporcionalidade. Revista Diálogo Jurídico, Salvador, Centro de atualização jurídica – caj, v. i, n. 4, jul. 2001.) Estabelecidas essas premissas, precisamos passar a análise de como essas normas se exteriorizam no mundo jurídico, ou seja, passemos ao estudo das fontes do direito proces- sual civil. 1.2. Fontes do direito processuAl civil As fontes são divididas em materiais e formais. 1.2.1. Fontes Materiais Fonte material relaciona-se com os fatores sociais, políticos, históricos, culturais e econô- micos que influenciam na criação na norma jurídica. ♥ Nesse sentido, a judicialização exacerbada, especialmente após a promulgação da Consti- tuição Federal de 1988, se mostra um dos fatores que influenciou a criação de um novo Código de Processo Civil, calcado em regras de aprimoramento do sistema de resolução de demandas repetitivas. 1.2.2. Fontes Formais Fonte formal é o meio pelo qual a norma se revela à sociedade. No nosso sistema ítalo-ger- mânico (ou romano-germânico), a fonte formal primária e imediata do direito é a lei. Ressalta FUX3 que a Constituição Federal é considerada “a fonte das fontes”, porquanto é dela que se extrai a atribuição sobre quem pode elaborar regras processuais, ao dispor sobre a competência da União para legislar sobre processo e a concorrente para que os Estados mem- bros editem regras procedimentais. 3 FUX, Luiz. Teoria geral do processo civil. Rio de Janeiro: Forense, 2016.p.9. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha Entretanto, a lei – aqui compreendida a Constituição, leis ordinárias e infraconstitucionais - não é a fonte exclusiva do direito, pois também devem ser considerados como fontes formais do Direito: • os princípios; • a doutrina; • analogia; • costumes; e • a jurisprudência. Tais fontes servirão para auxiliar o julgador no preenchimento das omissões legislativas, já que não lhe é permitido se eximir de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento (vedação ao non liquet). O PULO DO GATO Podemos classificar as fontes, ainda, em fontes diretas ou imediatas, que são aquelas que expressam diretamente a norma jurídica, tal como a lei em sentido amplo e os costumes. E também em fontes indiretas ou mediatas, por sua vez, subsidiam as fontes imediatas, sendo exemplo a doutrina e a jurisprudência. DICA Sobre a jurisprudência, cabe ressaltar que não há mais con- trovérsia da sua admissão como fonte do direito a partir das premissas do CPC/15. Especialmente após a Emenda Cons- titucional n. 45/2004, que promoveu uma grande reforma no Poder Judiciário e inseriu em nosso ordenamento as chama- das Súmulas Vinculantes, a formulação e a consolidação de entendimentos jurisprudenciais tornou-se uma necessidade nas Cortes Superiores, especialmente nas hipóteses em que os órgãos do Poder Público se omitem ou retardam a atividade legiferante e o cumprimento das obrigações a que estão sujei- tos por expressa previsão constitucional. O atual CPC busca uma jurisprudência “consolidada”. Lembre de “gelo” em inglês: uma jurisprudência “ICE”. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha Jurisprudência • íntegraI • coerenteC • estávelE Obs.: � É nesse sentido, inclusive, que podemos afirmar que encontramos um mecanismo para alcançar uma jurisprudência mais íntegra, coerente e estável (art. 926, CPC). 001. (2018/VUNESP/CÂMARA DE ORLÂNDIA-SP/PROCURADOR JURÍDICO) As fontes do Direito Processual Civil podem ser classificadas como a) diretas ou imediatas, que exercem influência na elaboração de futuras normas, e as indiretas ou mediatas, que geram as regras jurídicas. b) formais, que são vinculantes, sendo o próprio direito positivado, e as fontes materiais que não apresentam um caráter obrigatório e nem possuem força vinculante. c) primárias, que são os princípios, e as fontes secundárias, que são as jurisprudências. d) diretas ou imediatas a doutrina e jurisprudência, e, as indiretas ou mediatas, as próprias leis. e) formais, que são os costumes, equidade e analogia, e as materiais, que são as leis e as me- didas provisórias. A questão exigia o conhecimento das diferente classificações das fontes. Passando a análise de cada alternativa: a) Errada. As definições entre fontes diretas e indiretas encontram-se invertidasna afirmativa: as fontes indiretas influenciam a elaboração das normas e as fontes diretas geram propria- mente as regras jurídicas. b) Certa. As fontes materiais estão relacionadas com os fatores sociais, políticos, históricos, sociológicos, filosóficos, culturais e econômicos que influenciam a criação de uma norma ju- rídica. As fontes formais, por sua vez, consistem no mecanismo de exteriorização do direito, correspondendo ao próprio direito positivo, sendo exemplo a lei em sentido amplo. c) Errada. As fontes formais primárias são as leis em sentido amplo. As fontes formais secun- dárias são a analogia, os costumes, os princípios gerais de direito e a jurisprudência vinculante. d) Errada. Vide comentário sobre a alternativa A. e) Errada. Vide comentário sobre a alternativa B. Letra b. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/vunesp https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/camara-de-orlandia-sp 9 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha Diante do que foi exposto nesse tópico, elaborei um mapa mental para facilitar seu estudo e para que você não esqueça de todas classificações: 1.3. AplicAção, interpretAção e eFicáciA dA lei processuAl civil no tempo e no espAço Toda norma jurídica tem eficácia limitada no espaço e no tempo, isto é, aplica-se apenas dentro de determinado território e por certo período de tempo. Em primeiro lugar, considerando que a lei processual é regra jurídica e como tal se subsume ao preceito suprajurídico de que as lacunas dever ser autointegradas ou heterointegradas. Isso implica que, na omissão da lei, deve haver o suprimento pela aplicação da analogia, costumes e dos princípios gerais do Direito, conforme art. 4º da LINDB, que é repetido no art. 140 do CPC. Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico. Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei. Caro aluno(a), nesse tópico o que nos importa é analisar/enfrentar o problema quanto à lacuna da regra processual, porque aplicar a lei é fazê-la incidir no caso concreto, que é dever do magistrado. Essa atuação do juiz, num segundo momento, será de observar o alcance da norma, a sua razão de ser e sua finalidade: estamos diante da interpretação da lei, que pressupõe a existên- cia da própria norma. “Interpretar, enfim, é, sem desrespeito à ordem jurídica, aplicar o Direito com sabedoria, justiça e eficiência[...].”4 4 FUX, ob. cit.p.14. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha Aplicar a lei processual suscita a questão espacial e temporal sobre os limites territoriais em que a norma incide e o momento em que o regramento surge. Trata-se da temática da apli- cação da lei processual no tempo e no espaço. • Sobre a dimensão territorial da norma processual: o CPC/15 no seu art. 16 prevê que “A jurisdição civil é exercida pelos juízes em todo o território nacional, conforme as disposi- ções deste Código”. O art. 13, por sua vez, traz o princípio da territorialidade, reforçando que a jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvada a pos- sibilidade de aplicação das disposições específicas previstas em tratados ou acordos internacionais dos quais o Brasil seja parte. Vale lembrar que a territorialidade da lei processual civil prevalecerá ainda que haja norma es- trangeira de direito material a ser aplicada ao caso concreto. O art. 10 da LINDB, por exemplo, permite a aplicação das regras do país estrangeiro na hipótese de sucessão por morte ou por ausência, desde que as regras do outro país sejam mais favoráveis ao cônjuge ou aos filhos brasileiros. Neste caso, aplicam-se as regras materiais do país do de cujus, mas o inventário tramitará em conformidade com a lei processual civil brasileira. O princípio da territorialidade, em certos casos, alcançará apenas as normas de regência do processo, não alcançando o direito material. • Sobre a dimensão temporal da norma processual: as normas processuais também es- tão limitadas no tempo. Isso quer dizer que, na hipótese de sucessão de leis proces- suais, deve-se recorrer ao direito intertemporal para estabelecer qual das leis – se a lei posterior ou se a lei anterior – irá regular a situação concreta. Resumindo: Processos encerrados Processos a serem iniciados Norma processual não retroagirá (art. 14, CPC♥) Aplicação imediata na norma processual em vigência, respeitada a vacatio legis. Caro aluno(a), o problema reside na aplicação da norma em processos ainda em trâmite! No CPC vigora o princípio do tempus regit actum, não tendo a lei nova aptidão para atingir os atos processuais já praticados. O art. 14 prevê que a “ norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada. O CPC/15 segue a regra de “supradireito”5, conforme previsão do art. 1.046. Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo aos processos pendentes, ficando revogada a Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973. 5 Serão regras de supradireito as que dispõe sobre o direito intertemporal, do direito no espaço, e ainda as fontes e exegeses, distinguindo-se das regras de direito substancial, criadoras imediatas de situações jurídicas (Pontes de Miranda, Direito internacional privado, 1935, vol. I, pp.10 e 30). Sobre o tema, também a RSTJ, a. 18, (202): 83-191, junho 2006. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm 11 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha O PULO DO GATO Quanto à modulação, no que tange à aplicação da lei, aplica-se a teoria do isolamento dos atos processuais. Praticado o ato segundo a lei vigente no momento da sua prática, sobre ele recai a garantia inerente ao ato jurídico perfeito, o qual, inclusive, implica direito processual- mente adquirido. Exemplo: se apresenta contestação segundo a lei vigente do dia de hoje, não poderá amanhã, ao fundamento de mudança da lei, decretar a revelia do réu, ao argumento de que não obser- vou a regra prescrita na lei nova. Importante, ainda, dizer que as normas processuais serão aplicadas supletiva e subsidiariamen- te aos processos trabalhista, eleitorais e administrativos, na ausência de normas específicas. DICA Considerando a cobrança reiterada da aplicação supletiva e subsidiária das normas processuais, podemos memorizar que algumas áreas gostam de sentar a mesa com os processua- listas civis para tomar o “chá” das 17hs (por isso em inglês): T-E-A. Trabalhista, Eleitoral e Administrativo. PEGADINHAA BANCA Quanto à fixação de honorários o Informativo 602 do STJ diz o seguinte: “Os honorários ad- vocatícios nascem contemporaneamente à sentença e não preexistem à propositura da de- manda. Assim sendo, nos casos de sentença proferida a partir do dia 18/3/2016, deverão ser aplicadas as normas do CPC/2015.“ 002. (2021/CESPE/CEBRASPE/TCE-RJ/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO- ESPECIA- LIDADE: DIREITO) De acordo com a jurisprudência do STJ sobre a atuação dos sujeitos do processo civil, as normas processuais civis, os processos nos tribunais e os meios de impug- nação das decisões judiciais, julgue o item que se segue. A lei aplicável para a fixação do regime jurídico referente a verba honorária de sucumbência em primeiro grau é aquela vigente na data da sentença que impõe honorários sucumbenciais, sendo irrelevante, para essa finalidade, a identificação de eventual norma que vigorasse na data do ajuizamento da ação. 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A norma processual não retroage e aplica-se imediatamente aos processos em curso, de ma- neira que cabe, para fixação de honorários sucumbenciais, a lei cabível no momento da ação. Certo. 1.4. A perspectivA e estruturA do códiGo AtuAl O Código de 1973 vigorou por mais de 40 anos. Apesar de seu apuro técnico e de ter sido considerado, no plano normativo, o que melhor se havia pensado para a época, as mudanças ocorridas na sociedade e os novos desafios a serem enfrentados possibilitaram a edição do atual CPC. Dentre as mudanças e problemáticas que desencadearam o novo texto, Teresa Ar- ruda Alvim Wambier destaca que o CPC/73 [...] foi concebido em um momento histórico em que não havia muitas das realidades com que hoje temos de nos defrontar, como, por exemplo, as ações de massa. Por outro lado, a dispersão exces- siva da jurisprudência também não era assunto que preocupava seriamente a comunidade.6 Diferentemente do que aconteceu na transição entres os Códigos de 1939 e 1973, as mu- danças geradas pela nova legislação não produziram uma ruptura com a estrutura processual anterior; ao contrário, o que se pretendeu foi uma evolução das ideias já consolidadas, com um maior afinamento com a Constituição Federal7. Contudo, para uma melhor compreensão do(a) aluno(a), de forma a permitir que o(a) es- tudante tenha uma visão sistêmica da disciplina, lhe prepararando para os futuros concursos que disputar, vamos passar por um breve histórico sobre o direito processual civil no Brasil, e também sobre suas fases metodológicas, para então poder analisar os atuais contornos esta- belecidos inicialmente pelo legislador. Tenha sempre em mente: o Código de 2015 é novo, não se trata de uma reforma ou remendo. Embora se tenha aproveitado parte do texto, a estrutura, a lógica e a racionalidade são comple- tamente distintas das que inspiraram o Código revogado. 6 WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Críticas ao novo CPC são meras “frases de efeito”. Conjur: Consultor Jurídico, São Paulo, em 13 dez. 2011. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2011-dez-13/criticas-cpc-nao-podem-limitar-afirmacoes-bom- basticas>. Acesso em: 30 nov. 2021. 7 DONIZETTI, Elpídio.Curso de direito processual civil. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2020. p.7. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha 1.4.1 Breve histórico do Direito Processual Civil no Brasil Podemos analisar o direito processual a partir do Brasil-Colônia, a partir das Ordenações Reais, que eram espécies de ordenamentos que regiam toda a sociedade da época. Havia ins- piração do Direito Canônico, Germânico e Romano. Quanto às ordenações, vamos resumi-las: Ordenações Afonsinas (1446) Tiveram uma maior influência no Direito Processual Civil Brasileiro. Sintetizavam: (i) doutrinas do direito comum e (ii) algumas matérias nas quais foi acolhido um instituto ou regra trazida pelas leis e costumes locais. Ordenações Manuelinas (1521) • Consideradas como o primeiro corpo legislativo impresso em Portugal, elas sucederam as pioneiras Ordenações Afonsinas, ainda manuscritas, e vigoraram até a publicação das Ordenações Filipinas, durante a União Ibérica. • é um importante marco na evolução do direito português, consolidado o papel do rei na administração da Justiça e afirmando a unidade nacional. Ordenações Filipinas (1603) • Possuía forma escrita, de sorte que só o que estava escrito nos autos era considerado pelo juiz; • Previa atos em segredo de Justiça: as partes não participavam da inquirição de testemunhas e tinham que usar embargos de contradita para provar motivos de suspeita; • O processo dividia-se em várias fases e compreendia diversas audiência; • observava-se o princípio dispositivo em toda plenitude: autor e réu eram donos do processo, cuja movimentação era privilégio dos litigantes. A independência brasileira encontrou-nos sob o regime jurídico das Ordenações do Reino, mais especificamente sob a égide das Ordenações Filipina, cujas regras foram objeto de cons- tantes discussões políticas até ser editado o Código Criminal de 1830. Somente no ano de 1850 foi editado um Regulamento para disciplinar o processo comer- cial. O chamado Regulamento 737 não trouxe grandes inovações legislativas, mas a sua lin- guagem mais clara e precisa permitiu uma melhor compreensão das regras processuais. Após a proclamação da República (1889), as causas cíveis que eram reguladas pelas Or- denações Filipinas passaram a observar, também, as regras constantes no Regulamento 737. Apenas os procedimentos especiais e os de jurisdição voluntária, que não estavam previstos em tal regulamento, é que continuaram a obedecer às regras da Ordenação.8 Ao mesmo tem- po, diversos códigos de processo foram editados pelos Estados, já que a Constituição Federal de 1891 permitia que eles legislassem sobre matéria processual. Destaca DONIZETTI que A quantidade de códigos e o fracionamento do direito processual não trouxeram inovações ou me- lhorias. Por esta razão, a Constituição de 1934 alterou novamente as disposições sobre a competên- 8 FUX, Luiz. Curso de direito processual civil. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 36. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha cia legislativa em matéria processual. Na época, cabia à União editar as regras processuais gerais e, aos Estados, apenas suplementá-las quando necessário. O primeiro código de caráter nacional,com regras específicas de direito processual civil, foi elabo- rado com base no anteprojeto de Pedro Baptista Martin e transformado no Decreto-Lei n. 1.608, de 18 de setembro de 1939. Portanto, o primeiro Código de Processo Civil foi o de 1939, que recebeu diversas críticas à época pela falta de técnica. Foi somente em 1973 que nasceu o “ Código Buzaid”, assim deno- minado porque tratou-se do resultado do anteprojeto formulado pelo então Ministro da Justiça Alfredo Buzaid. Ocorre que, com a judicialização de inúmeras questões de repercussão política e social, especialmente após a promulgação da Constituição Federal de 1988, houve uma expansão da atuação do Poder Judiciário para além das questões de direito privado. Está é somente uma das razões que motivaram a adoção de inúmeras reformas processuais ao longo dos anos, as quais acarretaram em contradições internas no texto. A sequência do movimento reformador culminou em 2010 com a submissão ao Congresso Nacional do Projeto de um novo Código de Processo Civil (Projeto Legislativo n. 166/2010, de iniciativa da Presidência do Senado Federal). Sua tramitação, após votação de Substitutivo da Câmara dos Deputados (Projeto Legislativo 8.046/2010), concluiu-se em 17.12.2014, quando se aprovou no Senado o texto que veio a constituir na Lei 13.105, de 16.03.2015. Afim de condensar as reformas anteriores e trazer maior organização ao sistema, o har- monizando com a Constituição Federal, está o Código de Processo Civil de 2015. Nesse afã de melhor sistematizar o processo, a Nova Codificação adotou uma Parte Geral e procedeu a uma divisão de matérias diferente da que prevalecia no Código de 1973: PA RT E G ER AL LIVRO I –Das normas processuais civis LIVRO II –Da função jurisdicional LIVRO III –Dos sujeitos do processo LIVRO IV –Dos atos processuais LIVRO V –Da tutela provisória; LIVRO VI –Da formação, da suspensão e da extinção do processo PA RT E ES PE CI AL LIVRO I –Do processo de conhecimento e do cumprimento de sentença; LIVRO II –Do processo de execução; LIVRO III –Dos processos nos tribunais e dos meios de impugnação das decisões judiciais; LIVRO COMPLEMENTAR – Disposições finais e transitórias. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha Apresentada esta visão panorâmica do Código de 2015, inclusive dos fatores históricos que nos conduziram até aqui, vamos estudar de forma pormenorizada seus institutos, reme- tendo o aluno(a), quando necessário, às disposições do CPC de 1973. 2. normAs FundAmentAis do processo civil O Livro I trata “ Das normas processuais civis” e, para que o aluno(a) possa melhor compre- endê-las, necessitamos falar em neoprocessualismo/formalismo valorativo e da própria teoria sobre a natureza do processo. Vamos passar por alguns pontos teóricos indispensáveis. 2.1. processo: nAturezA JurídicA e AutonomiA do direito processuAl Diversas teorias já foram elaboradas com o intuito de identificar a natureza jurídica do pro- cesso. Dentre elas, destacam-se: a) Processo como contrato: a natureza cogente ou imperativa da sentença só se explicaria em virtude da existência de um acordo, se não expresso pelo menos tácito entre as partes. A sentença vale entre as partes. Essa concepção (privatista) nasce do direito romano. b) processo como quase-contrato judiciário: a única tese existente na literatura processual é de autoria do francês ARNAULT GUÉNYVEAUX. Como tudo deveria partir do direito romano e como nele havia quatro fontes de obrigações (contrato, quase-contrato, delito, quase-delito e a lei – essa esquecida por ele), e como deveria haver relação obrigacional no processo, conclui o autor que não há contrato no processo, como não nasce ele do delito, nem do quase-delito, sobra o quase-contrato. É uma concepção privatista. c) processo como relação jurídica de direito público: a partir do momento em que o pro- cesso passou a ser considerado um ramo do direito público, a partir do momento em que a pre- sença do juiz, como funcionário do Estado, foi devidamente reconhecida, o processo começou a ser definido como uma relação jurídica de direito público. Essa concepção se deu a partir da célebre polemica entre WINDSHEID e MUTHER a respeito da natureza da actio romana. Pela primeira vez MUTHER afirmou a natureza publicística do processo, sustentando a relação entre partes e o Estado. Essa concepção passou a ser defendida por todos os autores alemães do século XIX, e, principalmente, por OSKAR BÜLOW, fundador da revista alemã de Direito Proces- sual Civil, em fins daquele século. Esta revista representou o grande marco da autonomia do direito processual, porque foi exatamente a partir da revolução cientifica operada por MUTHER, que começou a surgir a independência e a autonomia do direito processual em termos de direi- to público, em relação ao direito privado. Essa última é a teoria predominante na doutrina brasileira. Efetivamente, é frequente a utilização de processo e de relação jurídica processual como sinônimos. Ao se estudar a teoria da relação jurídica processual, a obra publicada na Alemanha, intitulada A Teoria das Exceções Processu- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha ais e os Pressupostos Processuais de Oscar von Bülow foi um marco (1868) na distinção entre os direitos processual e material. A partir daí, viu-se com mais clareza ser a relação material litigiosa diferente da relação jurídica processual. Depois dessa obra, passou-se a entender com mais facilidade que o processo, antes de um meio de composição de litígios, constitui uma for- ma de pacificação das relações sociais, daí defluindo, claramente, tratar-se de ramo do direito público, independentemente de o litígio, no caso concreto, poder ser de natureza privada. Há, contudo, outros autores que veem o processo como uma entidade complexa: • DINAMARCO: processo = procedimento + relação jurídica processual (isto é, processo = relação entre os atos do processo + relação entre os sujeitos do processo). • FAZZALARI: processo = procedimento + contraditório. É a ideia de módulo processual. 2.2. o processo no estAdo constitucionAl O Direito Processual Civil pátrio marcado por uma visão legalista positivista está em fase de renovação, mormente pela visão do processo no Estado Constitucional que almeja o com- prometimento com o Estado Democrático, com a tutela jurisdicional e com um Poder Judiciá- rio eficiente. O processo atual toma rumos sociais, institucionais, como verdadeiro instrumen- to de realização da justiça, passando a ser visto em seu conceito mais amplo: como verdadeiro instrumento que o Estado coloca à disposição das partes para que busquem a jurisdição. Note trecho da exposição de motivos: Um sistema processual civil que não proporcione à sociedade o reconhecimento e a realização dos direitos, ameaçados ou violados, que têm cada um dos jurisdicionados, não se harmoniza com as garantias constitucionais de um Estado Democrático de Direito. A Constituição, até então, com a função tradicional de limitação de poder e organizadora da estrutura do Estado, passou a assumir a função de crivo, submetendo todo o ordenamento jurídico a filtragem constitucional, consagrandoos valores nela insculpidos. Ademais, sobre o tema “ realização” e “ garantias”, cabe elucidar: REALIZAÇÃO • Busca-se a efetiva satisfação do direito material. • A partir da terceira fase metodológica do direito processual civil, o processo passou a ser visto como instrumento que deve ser idôneo para reconhecimento e adequada concretização de direitos. GARANTIAS • regem, eminentemente, as relações das partes entre si, entre elas e o juiz e, também, entre elas e terceiros, de que são exemplos a imparcialidade do juiz, o contraditório, a demanda, como ensinam CAPPELLETTI e VIGORITI9. 9 CAPPELLETTI M., VIGORITI V. 1971. I diritti costituzionali delle parti nel processo civile italiano, in «Rivista di diritto proces- suale», 26, 4, 1971, 604 ss. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha Nesse sentido, importa que o aluno (a) compreenda também as fases metodológicas. 2.3. FAses metodolóGicAs do direito processuAl civil Essa fase do processo civil que sofre uma (re) leitura constitucional, e que permite que se fale num “modelo constitucional de processo”, é denominada de neoprocessualismo ou forma- lismo valorativo. Nesse sentido, está o art. 1º do CPC/2015 que indica que o processo deve ser “ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e normas fundamentais estabele- cidos na Constituição”. DICA Se você acha que D-O-I estudar o processo civil, saiba que eu sou obrigada a concordar...Isso mesmo, porque o atual Código de Processo Civil é • DISCIPLINADOD • ORDENADOO • INTERPRETADOI conforme os valores e as normas fundamentais da Constitui- ção Federal. Para melhor compreensão de como chegamos até aqui, passaremos a um esquema sobre as fases metodológicas: FASES CARACTERÍSTICAS (i)Praxismo (ou fase sincretista) • Confusão entre o direito material e o processual; • O processo era estudado apenas em seus aspectos práticos, sem preocupações científicas; • A ação era o direito material em movimento, ou seja, uma vez lesado, esse direito adquiria forças para obter em juízo a reparação da lesão sofrida; • Não havia autonomia da relação jurídica processual em confronto com a relação jurídica material; • Condução do processo com pouca participação do juiz. • Tal fase começou a ruir no século XIX, com o estudo pelos alemães da natureza jurídica da ação e do processo; • Conhecimentos eram empíricos, sem nenhuma consciência de princípios ou embasamento científico. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha FASES CARACTERÍSTICAS (ii)Processualismo (ou fase do autonomismo) • Processo passou a ser estudado autonomamente, ganhando relevo a afirmação científica do processo; • origem com Oskar von Büllow (1868), que demonstrou uma relação jurídica especial entre os sujeitos principais do processo; • As grandes estruturas do sistema foram traçadas e os conceitos largamente discutidos e amadurecidos; • Fase muito introspectiva, tomando-se o processo, pelo processo apenas. • Fase autofágica, distanciada da realidade, gerando um culto exagerado às formas processuais, no afã de enfatizar a autonomia científica. (iii)Instrumentalismo • O processo, embora autônomo, passa a ser encarado como instrumento de realização do direito material, a serviço da paz social; • Surge para superar o formalismo da fase anterior, negando o caráter puramente técnico do processo, demonstrando que o processo não é um fim em si mesmo, mas um meio para se atingir um fim, dentro de uma ideologia de acesso à justiça; • Estabelece-se uma relação circular de interdependência: o direito processual concretiza e efetiva o direito material, que confere ao primeiro o seu sentido. É a chamada teoria circular dos planos processual e material (Carnelutti). • O processo é uma técnica desenvolvida para a tutela do direito material (art. 188, c/c o art. 244 do CPC/2015). (iv) Neoprocessualismo, formalismo valorativo, formalismo ético ou modelo constitucional de processo • Sob a influência do neoconstitucionalismo, começou-se a se cogitar do neoprocessualismo, que interage com o instrumentalismo; • para DIDIER10 o direito processual civil está vivendo uma nova fase, uma quarta, não importando a denominação que se utilize; • Para outros doutrinadores essa não seria uma nova fase, apenas uma visão evoluída do período instrumentalista do processo, dentre esses, DINAMARCO; • Fase que se mostra bem marcante com o CPC/2015, o qual consagra dos arts. 1º a 12 as denominadas “normas fundamentais do processo civil”, que introduzem a parte geral do CPC e consagram direitos fundamentais processuais, ou seja, as normas infraconstitucionais buscam concretizar as disposições constitucionais. Vamos aprofundar essa última fase metodológica a partir da análise dos princípios e nor- mas fundamentais do CPC/15. O rol de normas fundamentais não é exaustivo (Enunciado 369 FPPC ), eis que, por exem- plo, não há previsão do princípio do juiz natural, bem como podemos estar diante de regras ou princípios (Enunciado 370 FPPC), conforme já se ressaltou. 10 DIDIER JR., Fredie. Teoria do processo e teoria do direito: o neoprocessualismo. Disponível em: <www.academia.edu/>, p. 6. Acesso em: 30 nov 2021. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha 2.4. princípios inFormAtivos e normAs FundAmentAis do processo civil Vários são os princípios consagrados na doutrina processual. Alguns decorrem da cons- trução histórica da própria função jurisdicional, outros se acham transformados em normas do direito positivo, qualificadas como fundamentais ao processo. Entre os princípios universais, merecem destaque: 1) o princípio do devido processo legal: por alguns denominado de “ super princípio” pois rege e coordena todos os demais. O princípio do devido processo legal (art. 5º, LIV, da CRFB/1988) corresponde a uma das derivações do direito fundamental de defesa que, nos termos do atual texto constitucional, foi formulado sob a forma de cláusula geral, aberta, portanto, à experiência histórica (DIDIER). Trata-se, por conseguinte, de um núcleo normativo central e comum para o qual convergem muitos dos princípios e garantias processuais (Dinamarco). A doutrina majoritária aponta sua origem histórica a Magna Carta de 1215. Atualmente, é compreendido sob duas óticas: a) devido processo substancial (“substantive due process”), as normas fundamentais do novo Código, nessa linha, apenas realçam direitos fundamentais processuais que decorrem da cláusula do direito ao processo justo e que encontram expresso abrigo sob a sua norma- tividade, que consiste na tutela contra atos administrativos, legislativos e judiciais ofensivos à razoabilidade e à proporcionalidade (nessa vertente substancial, é usualmente empregado pelo Supremo Tribunal Federal - STF- como relacionado à experiência alemã do princípio da proporcionalidade); e b) devido processo legal formal (“procedural due process”), que é “o direito a ser processa- do e a processar de acordo com normas previamente estabelecidas para tanto” (Didier, p. 38), de modo a definir o perfil democrático do processo, mais especificamente, de um processo justo, previsível e equilibrado, “regido por garantias mínimas de meios e de resultado, com emprego de instrumental técnico-processual adequado e conducente a uma tutela adequada e efetiva” (Dinamarco, p. 247)11. Deve-se destacar que, seja na acepção substancial, seja na acepção procedimental, é dig- na de nota a menção ao denominado devido processo legal privado ou negocial, a qual tam- bém sujeitaria relações específicas entre particulares. Nesse particular, no julgamento do RE 201.819/RJ, a Segunda Turma do STF aderiu à denominada “teoria da eficácia horizontal dos direitos fundamentais” (drittwirkung) e exigiu a observância do princípio em comento para a exclusão de membro de associação, tal qual previsto no art. 57 do Código Civil - CC. EXEMPLO: • devido processo legal formal: contraditório, motivação das decisões etc. 11 DINAMARCO, Candido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil, v. I. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha Nessa ordem de ideias, consagrará, no plano procedimental: a)o direito de acesso à Justiça; b)o direito de defesa; c)o contraditório e a paridade de armas (processuais) entre as partes; d)a independência e a imparcialidade do juiz; e)a obrigatoriedade da motivação dos provimentos judiciais decisórios; f)a garantia de uma duração razoável, que proporcione uma tempestiva tutela jurisdicional. Acerca dos princípios do processo coletivo, a doutrina explica que é preciso pensar em um devido processo legal coletivo... O processo coletivo exige regramento pró- prio para diversos institutos, que devem acomodar-se às suas peculiaridades: competência, legiti- midade, coisa julgada, intervenção de terceiro, execução, etc... Alguns aspectos do devido processo legal coletivo merecem destaque, constituindo-se em verdadeiros princípios autônomos do direito processual coletivo, não obstante extraídos da mencionada cláusula geral (de resto, como todos os demais princípios processuais). São eles: princípio da adequada representação, princípio da compe- tência adequada, princípio da certificação adequada, princípio da informação e publicidade adequa- das e o princípio da coisa julgada diferenciada com extensão secundum eventum litis da decisão favorável ao plano individual” (DIDIER JR., Fredie; ZANETI JR., Hermes. Curso de Direito Processual Civil, v. 4. 7 ed. Salvador: Jus Podiam, 2012. p. 113-114). 003. (2018/VUNESP/ARESPCJ-SP/PROCURADOR JURÍDICOUm dos princípios do processo civil coletivo, do qual decorrem diversos outros, tais como o da representatividade adequada, o da ampla divulgação da demanda coletiva e o da extensão subjetiva e transporte da coisa julgada, é o conceito do princípio a) do amplo acesso à justiça e participação social. b) da isonomia, economia processual, flexibilidade procedimental e máxima eficácia. c) da indisponibilidade temperada da ação coletiva. d) da duração razoável do processo, com prioridade no seu processamento em todas as instâncias. e) do devido processo legal das tutelas coletivas. Conforme se nota, o processo coletivo possui peculiaridades que o diferencia do processo civil em geral, sendo necessária a releitura do princípio do devido processo legal a fim de que ele possa ser lido como devido processo legal coletivo, princípio este que servirá de cláusula geral para nortear todos os outros princípios específicos do processo coletivo, tais como o da repre- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha sentatividade adequada, o da ampla divulgação da demanda coletiva e o da extensão subjetiva e transporte da coisa julgada. Sendo assim, o gabarito é a letra “ e”. Letra e. 2) o princípio da verdade real: embora, em sua substância absoluta, seja um ideal inatin- gível pelo conhecimento limitado do homem, o compromisso com a busca de uma verdade real no processo estimula a superação das deficiências do sistema procedimental. E é, com o espírito de servir à causa da verdade, que o juiz contemporâneo assumiu o comando oficial do processo integrado nas garantias fundamentais do Estado Democrático e Social de Direito. Sobre o tema, ensina THEODORO JR.: Não se pode pensar em garantia do devido processo legal sem imaginar um contraditório entre os litigantes, que tenha como escopo maior a busca da verdade real, por meio de debate amplo e irres- trita liberdade de alegações e provas.12 3) o princípio do duplo grau de jurisdição: decorrente da ideia de devido processo legal e garante o acesso do jurisdicionado a uma instância revisora de decisões judiciais. Este princí- pio é uma garantia para a parte que perdeu a lide, isso porque, este princípio tem a finalidade de garantir um novo apreciamento do caso, mas agora, por novo juiz. 4) o princípio da oralidade: linguagem falada como relevante meio de expressão de ques- tões importates para o convencimento do magistrado. 5) o princípio da economia processual: conforme DONIZETTI13 é “Aspecto específico da instrumentalidade das formas”, enunciando que o processo civil deve propiciar às partes uma Justiça rápida e barata, de modo a obter o máximo de resultado com o mínimo emprego pos- sível de atividades judiciais. EXEMPLOS: a reconvenção, o litisconsórcio, a rejeição de provas inúteis, a reunião de pro- cessos conexos, o julgamento antecipado do mérito e a improcedência liminar do pedido. 6) o princípio da eventualidade e da preclusão: o qual indica que o processo deve caminhar sempre para frente, conforme a própria etimologia da palavra: “processo” tem a sua origem no latim “PROCEDERE”, que por sua vez significa ‘mover adiante, avançar’ – o vocábulo latino é formado pelo prefixo PRO-, ‘à frente’, mais o radical CEDERE, ‘ir’. Tal princípio consiste na perda da faculdade de praticar um ato processual • quer porque já foi exercitada a faculdade processual: preclusão consumativa. EXEMPLO A contestação, em regra, possui prazo de 15 dias úteis para ser apresentada (art. 335, CPC). Se a parte a apresentar no 5º dia e, ainda havendo prazo, quiser retificá-la ou complementá-la, tal ato não mais será considerado, pois já foi consumada a faculdade processual; 12 THEODORO JÚNIOR, Humberto. A garantia fundamental do devido processo legal e o exercício do poder de cautela no direito processual civil. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 665, p. 14, mar. 1991. 13 Curso de direito processual civil / Elpídio Donizetti. – 23. ed. – São Paulo: Atlas, 2020. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL CristinyMroczkoski Rocha • Quer porque a parte deixou escoar a fase processual própria, sem fazer uso de seu direi- to: preclusão temporal (art. 223, CPC); EXEMPLO Não havendo justo motivo, a parte que deixar de apresentar contestação em 15 dias não poderá mais exercer a faculdade processual. • Quer porque já praticou ato anterior incompatível com o ato posterior: preclusão lógica. EXEMPLO Havendo prazo para apresentação de recurso a parte informa que fará o pagamento. Não poderá recorrer posteriormente, porque o ato anterior é com este incompatível. Parcela da doutrina ainda fala na: i) preclusão-sanção/punitiva; ii) preclusão elástica; Preclusão-sanção/ Preclusão punitiva Preclusão elástica Fredie Didier14 faz menção a essa modalidade, que não é majoritariamente aceita pela doutrina. A preclusão punitiva decorreria da prática de ato ilícito (preclusão-sanção ou preclusão punitiva). Segundo ele, caberia ao legislador determinar a eficácia jurídica que pretende ver produzida a partir de um fato jurídico, já que nada impede que a lei atribua uma mesma eficácia a um ato lícito e a um ato ilícito, como ocorre no dever de indenizar, que tanto pode decorrer de ato lícito como ilícito. Esses atos não teriam a mesma natureza, sendo distintos, muito embora tenham a mesma eficácia. Exemplos: perda da situação jurídica de inventariante (art. 622, I, do CPC); confissão ficta, decorrente do não comparecimento ao depoimento pessoal (arts. 385, § 1º, c/c 379, I, do CPC) A doutrina sustenta também a existência de uma preclusão denominada elástica, prevista no art. 1.015 c/c o art. 1.009, § 1º, do CPC, que regulamentam o sistema de recorribilidade das decisões interlocutórias, o qual se realiza de duas maneiras, imediatamente e elasticamente. Haveria uma preclusão elástica quanto às decisões interlocutórias decididas em primeiro grau, na exata medida em que as mesmas podem ser ressuscitadas com a apelação, pois somente a omissão na fase recursal quanto a tais decisões irá ser sepultada definitivamente. Antigamente só se cogitava em preclusão para as partes. Contudo, atualmente dentro do sis- tema de preclusões temos uma melhor doutrina, com amparo na jurisprudência do STJ, que já afirma de maneira categórica que o juiz também está sujeito a preclusão: trata-se da preclusão pro iudicato. Em tese, os prazos direcionados aos magistrados são impróprios e não preclusi- 14 DIDIER JUNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil.Introdução ao Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. Vol. 1. 14ª ed. Ed. JusPodivm, 2012, p. 308 e ss. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha vos, não haveria preclusão temporal para o magistrado, visto que seus prazos são considera- dos impróprios e não preclusivos. EXEMPLO Em relação ao magistrado podemos citar o art. 494 (consumativa); art. 311, I, c/c os arts. 80 e 81 (lógica); art. 235 (sanção), todos do CPC. PRECLUSÃO TEMPORAL CONSUMATIVA LÓGICA ELÁSTICA PRO IUDICATO 7) princípio da publicidade dos atos processuais: ensina Ada Pellegrini Grinover, Antonio Carlos de Araújo Cintra e Cândido Rangel Dinamarco que: [...] o princípio da publicidade do processo constitui uma preciosa garantia do individuo no tocante ao exercício da jurisdição. A presença do público nas audiências e a possibilidade do exame dos autos por qualquer pessoa representam o mais seguro instrumento de fiscalização popular sobre a obra dos magistrados, promotores públicos e advogados. Em última analise, o povo é o juiz dos juízes. E a responsabilidade das decisões judiciais assume outra dimensão, quando tais decisões hão de ser tomadas em audiência pública na presença do povo (GRINOVER org. 2005, p. 70). Vide art. 189, CPC♥: Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos: I – em que o exija o interesse público ou social; II – que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; III – em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; IV – que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confi- dencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha § 1º O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir certi- dões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores. § 2º O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação. DICA Para lembrar dos casos excepcionais de segredo de justiça, pense no seguinte: “ É quase uma Fruta: I-C-A-I. É quase um “ açai”. O f do “ fruta” possibilita ao aluno a lembrança das questões de direito de família. Vejamos cada um dos casos: Interesse público ou social; Casamento, filiação e demais ca- sos de família previsos no inciso II, do art 189; Arbitragem com confidencialidade estipulada; Intimidade. Importante deixar claro ao aluno(a) que para estudar princípios não há uma regra unânime, pois a depender do doutrinador teremos abordagens diversas. Sendo assim, passamos ‘aque- les indispensáveis aos conteúdos abordados nas mais diversas provas de concursos, o que nos permite passar às inovações trazidas nos primeiros 12 (doze) artigos do CPC/15. Sobre o tema, destaca MARINONI: As normas fundamentais elencadas pelo legislador constituem linhas mestras do Código: são os eixos normativos a partir dos quais o processo civil deve ser interpretado, aplicado e estruturado. As normas fundamentais do processo civil estão obviamente na Constituição e podem ser integralmen- te reconduzidas ao direito fundamental ao processo justo (art. 5º, LIV, CF). O Código não reproduz a título de normas fundamentais todos os direitos fundamentais processuais que compõem o direito ao processo justo. Isso obviamente não quer dizer que esses direitos fundamentais tenham perdido esse status normativo: o direito ao juiz natural, o direito à defesa e o direito à prova, por exemplo, permanecem como normas fundamentais do processo civil brasileiro, nada obstante a ausência de reprodução no Código a esse título.15 Conforme se depreende, nos 12 (doze) primeiros artigos construídos com clara inspiração no CPC Português de 2013, não há total correspondência com as disposições da Constitui- ção Federal. EXEMPLOS Princípios que não possuem previsão expressa no CPC/15: 15 MARINONI, Luiz Guilherme, e outros. Novo Código de Processo Civil Comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais. 1 ed. 2015. p. 90 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha JUIZ NATURAL: o princípiodo juiz natural impede a criação de tribunais de exceção. Compre- ende-se nesta expressão tanto a impossibilidade de criação de tribunais extraordinários após a ocorrência de fato objeto de julgamento, como a consagração constitucional de que só é juiz o órgão investido de jurisdição, que dentro da sua competência aplicará o Direito. Base constitucional: Art. 5º. LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; Art. 5º, XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; PROVA ILÍCITA: o art. 5º, LVI, da CF veda a produção, no processo, da prova obtida ilicitamente. Esta é uma das regras fundamentais que concretizam o devido processo legal – não se trata de princípio, mas de regra. Há quem distinga prova ilícita (cujo conteúdo é ilícito) de prova obtida ilicitamente (cuja colheita ou método de inserção no processo é ilícito). Considera-se, porém, que ambas estão abrangidas pela vedação constitucional. No Brasil vigora o Princípio da Liberdade dos Meios de Prova (ou Princípio da Atipicidade dos Meios de Prova), previsto no art. 369 do NCPC. As partes podem se valer de qualquer meio de prova para provar o que afirmam, inclusive da “prova atípica” (que não estão previstas). Proibição da prova ilícita: a) Prova moralmente ilegítima: é prova que contraria a boa-fé objetiva. Violar a boa-fé objetiva é, portanto, violar uma norma jurídica. Ao violar uma norma jurídica, a prova torna-se ilícita. b) Prova ilícita e prova ilegítima: a doutrina fazer uma contraposição entre provas ilícitas (aquela obtida com violação de alguma regra de direito material) e prova ilegítima (obtida com violação de alguma regra de direito processual). A classificação, contudo, é artificial ou inútil, conforme denuncia DIDIER, porque pouco importa qual a natureza jurídica da norma violada já que será proibida no processo. c) Provas ilícitas por derivação: aqui reside a teoria dos frutos da árvore venenosa (fruits of the poisonous tree), que prega que o vício da planta se transmite a todos os seus frutos (tem origem na jurisprudência americana). Nem a doutrina e nem os tribunais aceitam as chamadas provas ilícitas por derivação, que são aquelas que em si mesmas são lícitas, mas produzidas a partir de outra ilicitamente obtida. Exemplos: documento encontrado após invasão de domicí- lio, interceptação telefônica autorizada pelo juiz com base em documento falso, etc. O STF já se posicionou há anos pela inadmissibilidade das provas ilícitas por derivação: HC 69.912/RS, rel. Min. Sepúlveda Pertence, em 16.12.1993. O art. 190 do CPC consagra a cláusula geral sobre negócios processuais, prestigiando a au- tonomia de vontade das partes, consagrando um modelo cooperativo de processo, em que as partes poderão ajustar seu processo às peculiaridades, por exemplo, do direito material discutido ou, até mesmo, a critérios pessoais. Há, contudo, que se ressaltar que as partes não O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha poderão afastar normas fundamentais do processo, desnaturando o modelo constitucional de processo, como exemplificado no Enunciado 37 da ENFAM, impedindo negociação processual sobre uso de provas ilícitas, limitar a publicidade do processo, modificar competência absoluta ou dispensar a motivação das decisões. O PULO DO GATO Quando as Bancas não cobram o conhecimento acerca de que o rol de normas fundamentais não é taxativo (Enunciado 369 FPPC), questionam se o princípio da identidade física do juiz permanece no atual diploma, o que deve receber uma resposta negativa. 004. (2017/CESPE/CEBRASPE/DPU)processual civil que não proporcione à sociedade o reco- nhecimento e a realização dos direitos, ameaçados ou violados, que tem cada um dos jurisdi- cionados, não se harmoniza com as garantias constitucionais de um Estado democrático de direito. Se é ineficiente o sistema processual, todo o ordenamento jurídico passa a carecer de real efetividade. De fato, as normas de direito material se transformam em pura ilusão, sem a garantia de sua correlata realização, no mundo empírico, por meio do processo. (Exposição de motivos do Código de Processo Civil/2015, p. 248-53. Vade Mecum Acadêmico de Direito Rideel. 22.ª ed. São Paulo, 2016 (com adaptações). Para garantir os pressupostos mencionados em sua exposição de motivos, o CPC estabelece, de forma exaustiva, as normas fundamentais do processo civil. Bastava que o aluno(a) dominasse o Enunciado 369 do FPPC para responder que o rol não é exaustivo e, portanto, a questão é ERRADA. Errado. 005. (2018/VUNESP/PREFEITURA DE PONTAL-SP/VUNESP/PROCURADOR) O Código de Processo Civil de 2015 remodelou o sistema processual brasileiro, causando modificações em antigos dogmas. Promoveu também relevantes alterações que impactam diretamente a con- duta dos sujeitos processuais, entre eles o magistrado. A reforma processual vigente excluiu de nosso ordenamento jurídico o princípio da a) persuasão racional do magistrado. b) identidade física do magistrado. c) adstrição do magistrado ao pedido. d) comunhão das provas. e) da menor onerosidade ao executado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/cespe-cebraspe https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/dpu 27 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha O princípio da identidade física do juiz, que constava expressamente no CPC/73, indicava que, como regra, o juiz que presidisse a instrução do processo, deveria nele proferir sentença. Este princípio passou a não mais ser previsto na lei processual, haja vista que o entendimento que prevalece é o de que as provas pertencem ao processo e o de que é o Estado-juiz (o juízo, portanto, e não mais o juiz) quem as aprecia e quem com base nelas forma a sua convicção e profere o julgamento. A jurisdição é impessoal. Nesse sentido, a alternativa correta é B. Letra b. Desatacadas e relembradas essas premissas, vamos dar início à análise aprofundada dos artigos: ART. 1º: constitui o dispositivo central do novo ordenamento processual civil, tanto pelo critério topográfico, quanto por explicitar expressamente o alicerce do processo civil: a Cons- tituição Federal. O dispositivo determina que o processo civil deverá ser ordenado e aplicado em consonância com os valores e as normas constitucionais, enfatizando a força normativa da Constituição, consagrando a sua supremacia substancial, apontando para a constituciona- lização do processo. Com efeito, o primeiro artigo permite que o processo seja analisado sob as seguintes premissas: a) de que a Constituição tem força normativa e, por consequência, também têm força nor- mativa os princípios e os enunciados relacionados aos direitos fundamentais; b) de expansão da jurisdição constitucional (controle de constitucionalidade difuso e con- centrado); e c) de desenvolvimento de uma nova hermenêutica constitucional (com a valorização dos princípios da proporcionalidade e razoabilidade). Nesse ponto, poderíamos nos questionar: teria havido uma infraconstritucionalização das garantias fundamentais? Sobre esse tema o STJ já respondeu negativamente, indicando que estaríamos diante de um “ clone legal”: JURISPRUDÊNCIA PROCESSO CIVIL. RECURSOESPECIAL. NATUREZA CONSTITUCIONAL DO FUNDAMENTO DO ACÓRDÃO QUE RECONHECE OU DEIXA DE RECONHECER O DIREITO ADQUIRIDO. O juízo de admissibilidade do recurso especial, e isso vale para o recurso extraordinário, é feito à base do modo como o Tribunal a quo dimensionou a causa, e não à vista das questões que nela poderiam ter surgido. Conseqüentemente, a priori, não há causas que, pela natureza, implicam questões constitucionais ou questões federais infraconstitucio- nais, e, sim, causas em que essas questões foram, ou não, enfrentadas. Uma causa que, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha potencialmente, exigiria o exame de questões constitucionais ou de questões federais infraconstitucionais pode, e isso não é raro, ser decidida sem qualquer referência a esses temas. Hipótese em que, decidindo a respeito do direito adquirido, embora sem citação do artigo 5º, inciso XXXII, da Constituição Federal ou o artigo 6º, § 2º, da Lei de Introdu- ção ao Código Civil, o acórdão tem fundamento constitucional. Mesmo que tivesse sido referido o artigo 6º, § 2º, da Lei de Introdução ao Código Civil, isso não transformaria esse fundamento do julgado em tema de direito infraconstitucional. As normas consti- tucionais não perdem o caráter quando reproduzidas em leis ordinárias; pelo contrário atraem a questão resultante da aplicação do clone legal para o âmbito do recurso extra- ordinário. Embargos de declaração acolhidos em parte. (EDcl no REsp 181.913/PR, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/04/1999, DJ 31/05/1999, p. 122) ART. 2º: prevê que “ O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.” Esse artigo demanda a análise dos seguintes princípios: princípio da ação (da demanda/ dispositivo/ da inércia) e princípio do impulso oficial. O princípio dispositivo atribui à parte a iniciativa de provocar o exercício da função jurisdicional. Como regra, a jurisdição detém a característica da inércia – com exceções não especificas de maneira, assim como ocorria no Código de 1973. Entretanto, podemos citar alguns exemplos como exceções à inercia: • herança jacente, conforme artigo 738, que permite ser iniciada de ofício pelo juiz; • art. 977, I, permite a instauração do incidente de julgamento de demandas repetitivas - IRDR; • art. 712, quanto à restauração de autos; • art. 730, quanto à alienação judicial. No CPC/73 o art. 989 permitia a instauração da ação de inventário ex officio, mas não é mais possível no CPC/15. Sobre o tema, ainda, ensina CARNEIRO: Trata-se do princípio da inércia, também denominado de princípio dispositivo ou de princípio da demanda, assim explicado pela doutrina: “O artigo trata do princípio dispositivo - também denomi- nado de princípio da inércia ou da demanda. O processo não pode ser iniciado de ofício pelo juiz (ne procedat iudex ex officio). Cabe às partes, com exclusividade, a iniciativa para movimentar a máqui- na judiciária e delimitar o objeto do litígio. (...) Pois bem, constitui direito fundamental do cidadão postular em juízo. Como contrapartida, tem-se o dever do Estado de só prestar jurisdição quando solicitado; esta previsão, aliás, é corolário da impossibilidade de fazer justiça com as próprias mãos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha Assim, a partir do momento em que o cidadão socorre-se do Judiciário, compete ao Estado colocar em marcha o processo. O princípio dispositivo é importante para assegurar a imparcialidade do juiz. Se ele pudesse iniciar a ação de ofício, teria que fazer um juízo de valor sobre o caso concreto, tor- nando-se praticamente coautor desta ação. Situação tal vulneraria o próprio princípio da igualdade, também expressamente previsto no novo Código...”.16 Logo, provocada a jurisdição o processo seguirá por impulso oficial, independentemente da vontade das partes, evidenciando o caráter público da função jurisdicional. 006. (2004/CESPE/CEBRASPE/TCU) Julgue os itens a seguir, à luz dos princípios que regem o processo civil brasileiro. É tendência do direito processual civil brasileiro a mitigação do princípio do dispositivo, permi- tindo ao juiz maior participação na atividade de apuração dos fatos da causa. O princípio dispositivo está positivado no art. 2º, do CPC/15, contudo, não é um princípio abso- luto, convivendo em harmonia com o princípio da colaboração, com os poderes instrutórios do juiz e com o princípio da primazia do julgamento do mérito. Da conjugação destes princípios, pode-se inferir que o ordenamento jurídico fez a opção por um juiz proativo, que dirige o pro- cesso juntamente com as partes e atua em busca da verdade real, determinando a produção das provas que entender necessárias para a formação de seu convencimento e indeferindo os requerimentos que entender serem protelatórios, com o intuito único de proferir, em tempo razoável, uma decisão justa e efetiva, apreciando o mérito da ação. A regra é salutar. A doutrina explica que “A tese no sentido de que a inatividade do juiz se justifica pelo caráter privado do objeto discutido no processo civil encontra-se completamente ultrapassada, diante de uma perspectiva publicista ou social do processo, que o concebe como instrumento necessário para o exercício da função jurisdicional do Estado. Mesmo que o cerne dos litígios eclodidos no âmbito do processo civil tenha geralmente natureza privada ou disponível, dúvida não há de que o modo de o processo desenvolver-se é governado pelo Estado-juiz, único titular da função jurisdicional, que se serve do processo como instrumento para garantir a efetividade do ordenamento jurídico” (CRUZ E TUCCI, José Rogério. Código de Processo Civil anotado. AASP e OAB/PR. 2019. p. 3-4). Sendo assim está CERTO. Certo. 16 CARNEIRO, Paulo Cezar Pinheiro. In: WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; e outros. Breves comentários ao novo Código de Pro- cesso Civil. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 71/72. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 94www.grancursosonline.com.br Introdução ao Direito Processual Civil DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cristiny Mroczkoski Rocha ART. 3º: de acordo com Marinoni 17, embora o novo Código de Processo Civil não tenha textualmente previsto o direito ao processo justo dentre as suas normas fundamentais, é claro que o que está por detrás da previsão é o direito à tutela adequada e efetiva (art. 3º), direito à colaboração (art. 6º), direito à igualdade (art. 7º), ao contraditório, à motivação e à publicidade (arts. 7º, 9º,10 e 11) e direito à tutela tempestiva (art.4º). Sobre procedimento, importante destacar o princípio da adaptabilidade, adequação judicial ou elasticidade O magistrado como condutor do processo pode conformar o procedimento às peculiaridades do caso concreto, para uma melhor tutela jurisdicional. Tal princípio é também designado como princípio
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