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1 Khilver Doanne Sousa Soares Sangramento Uterino Anormal - SUA O SUA é um sintoma e não um diagnóstico! O SUA é uma das queixas mais comuns dos ambulatórios de ginecologia. Pode acometer todas as faixas etárias, desde a adolescência até a pós-menopausa. As maiores prevalências são registradas nos extremos da vida reprodutiva, particularmente na adolescência e perimenopausa, períodos que se caracterizam por uma concentração maior de ciclos anovulatórios ou irregulares. Há grande divergência na literatura quanto à interpretação destes termos; por isso é aconselhado descrever apenas anormalidade do sangramento na prática clínica. As 3 definições do SUA (segundo a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia - FIGO): SUA agudo: definido como sangramento intenso, na ausência de gravidez – tem quantidade suficiente para determinar intervenção rápida necessária!; SUA crônico: sangramento originado do corpo uterino na ausência de gravidez – frequência, regularidade, duração e volume anormais, persistente por + de 6 meses; Sangramento intermenstrual: aquele que ocorre entre 2 ciclos menstruais regulares – pode ocorrer de forma aleatória ou ser recorrente e previsível. 2 Khilver Doanne Sousa Soares PALM-COEIN (?) PALM-COEIN é um acrônimo para classificação das causas de SUA: PALM são anormalidades estruturais (vistas em exames de imagem ou avaliadas pela histologia); COEIN inclui afecções de causas NÃO ESTRUTURAIS. PALM: Pólipo Adenomiose Leiomioma Malignas COEIN: Coagulopatia Ovulatória Endometrial Iatrogênica Não classificada E o antigo termo de Sangramento Uterino Disfuncional (SUD)? Foi trocado pelo SUA de causa não estrutural por disfunção ovulatória. Causas Estruturais do SUA - PALM Pólipo A prevalência em mulheres com SUA varia entre 7,84 a 34% - são + comuns na peri e pós menopausa. Menstruações irregulares; Aumento do volume menstrual; Sangramento pós-coito ou intermenstrual. Adenomiose Sua prevalência varia entre 5 a 70% (seu diagnóstico é inconsistente). Tem seus sintomas conforme a profundidade do miométrio atingida: SUA: formas mais superficiais de adenomiose; Adenomiose profunda: sintomas dolorosos como dismenorreia e dispareunia. Leiomioma Sintomas variam conforme a localização do mioma. São classificados em: Submucosos (+ associados à SUA); Intramurais; Subserosos. Malignidade e Hiperplasia Tem maior incidência em mulheres na perimenopausa – importante realizar a avaliação intracavitária e endometrial nesse período. São considerados fatores de risco para adenocarcinoma do endométrio tudo que possa predispor à exposição prolongada aos estrogênios (obesidade, DM) sem a oposição da progesterona. Clinicamente, se houver presença de sangramento, principalmente pós-menopausa, deve haver suspeita diagnóstica. Causas não Estruturais do SUA - COEIN Coagulopatia Qualquer alteração dos mecanismos de coagulação pode se expressar clinicamente por SUA – atenção ao histórico de jovens com sangramento abundante desde a menacme e anemia. Cogitar presença de coagulopatia congênita ou adquirida nas seguintes situações: Hemorragia após o parto; e/ou Hemorragia relacionada à cirurgia; e/ou Sangramento aumentado associado a tratamento dentário. + Duas ou mais dessas condições: Hematoma pelo menos 1x ao mês; e/ou Epistaxe pelo menos 1x ao mês; e/ou Sangramento gengival frequente; e/ou História familiar de sangramento. Causa + comum? Doença de von Willebrand (DVW) Segundo a FEBRASGO. Causa + comum? Púrpura Trombocitopênica Idiopática (PTI). Segundo outras fontes. Causas Estruturais Causas não Estruturais 3 Khilver Doanne Sousa Soares No entanto, é importante lembrar outras disfunções plaquetárias, hemofilia e os distúrbios de coagulação (ex.: hepatopatias, leucemia). Distúrbio Ovulatório Sangramentos anovulatórios podem ocorrer em qualquer época, mas se concentram nos extremos da vida reprodutiva. Possíveis causas, decorrentes de outras disfunções ovulatórias: Insuficiência do corpo lúteo; Encurtamento da fase folicular da pré- menopausa. Causa mais comum de anovulação na menacme: Síndrome de Ovários Policísticos (SOP). Endométrio Distúrbios primários do endométrio costumam se manifestar como alterações da hemostasia endometrial local, decorrente da resposta inflamatória (ex.: doença inflamatória pélvica). Iatrogenia É importante lembrar de medicações que alteram diretamente o endométrio, interferindo nos mecanismos de coagulação do sangue ou influenciando a ovulação – os anticoncepcionais hormonais estão com frequência associados a sangramentos intermenstruais e sangramentos de escape (spotting). Causas não Classificadas Incluem lesões ou condições sistêmicas raras que podem ser causas de SUA, como malformações arteriovenosas, hipertrofia miometrial, alterações mullerianas e istmocele. Período Neonatal Nas meninas, pode haver uma pequena hemorragia vaginal nos primeiros dias de vida, devido à estimulação do endométrio pelos níveis de estrogênio materno durante a gravidez. Quando a criança nasce, o suprimento estrogênico é interrompido e ocorre descamação endometrial. Infância Antes da menarca (que não ocorre, ou não deve ocorrer, antes dos 9 anos de idade) qualquer sangramento exige avaliação! Neste período, as causas de SUA são várias: Corpo estranho; Trauma: quedas a cavaleiro são causas comuns de lesões acidentais, que afetam a área vulvar anterior e lateral; Abuso sexual; Irritação vulvar: causa prurido e durante o ato de coçadura excessiva pode haver escoriação da pele vulvar; Infecção; Prolapso uretral: pode ser confundido com uma massa vaginal, é mais comum em afrodescendentes - caracteriza-se pela eversão da mucosa uretral e exteriorização pelo meato externo, causando sangramento na maioria das vezes (acompanhado ou não de dor vulvar, disúria e retenção urinária). O clássico é uma massa que se apresenta circundando a uretra de forma simétrica. Como tratar? Aplicação de estrogênios tópicos; Obs.: a suspeita de tumores vaginais não pode ser esquecida em crianças – são 20% dos casos; o mais comum em menores de 10 anos é o sarcoma botrioide (rabdomiossarcoma). Tumor ovariano: os que produzem hormônio podem espessar o endométrio e causar sangramento; Puberdade precoce (desenvolvimento de caracteres sexuais secundários antes dos 8 anos de idade em meninas): na puberdade precoce central (dependente de GnRH), os eventos acontecem de forma fisiológica (telarca, pubarca, menarca – “TPM”), mas em idade inadequada. Logo, o sangramento é o 4 Khilver Doanne Sousa Soares último evento a ocorrer na puberdade precoce verdadeira/central; Estrogênios exógenos (raro): a causa do sangramento pode ser o uso prolongado de estrogênios tópicos, prescritos para vulvovaginite ou coalescência dos pequenos lábios (ou ainda ingestão acidental de estrogênios exógenos orais). E quanto a realizar exame físico ginecológico na criança?!? Pode ser realizado se não houver causa visível de sangramento externamente ou na porção distal da vagina, submetendo-a a uma vaginoscopia sob anestesia a fim de que se examinem toda a vagina e colo de útero POR UM PROFISSIONAL COM EXPERIÊNCIA NO ATENDIMENTO GINECOLÓGICO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES. E exames de imagem, peço?!? Na suspeita de massa ovariana ou vaginal, a Ultrassonografia (USG) pélvica oferece informações úteis – pode-se avaliar os ovários, e tamanho e configuração do útero. Técnicas mais sofisticadas, como Ressonância Magnética (RM) ou Tomografia Computadorizada (TC), raramente são indicadas. Adolescentes A avaliação sangramento vaginal na adolescência requer compreensão da variação dos ciclos menstruais normais. Parâmetros de ciclos menstruais na adolescência Freq. do ciclo menstrual 21 a 45 diasVariação de um ciclo para o outro Menos que em mulheres adultas Duração do fluxo 4 a 8 dias Volume do fluxo 4 a 80 ml * Nos 2 primeiros anos pós menarca, os ciclos menstruais são anovulatórios (imaturidade do eixo hipotálamo-hipófise-ovário) e de certo modo regulares (duração média de 21 a 45 dias) * Ciclos > 42 dias, sangramentos com intervalos menores que 21 dias e sangramentos por + de 7 dias ANORMAIS! Anovulação A imaturidade do eixo hipotálamo-hipófise- ovário causa anovulação nos adolescentes. A fisiologia é a seguinte: o feedback do eixo está comprometido; níveis crescentes de estrogênio inibem o FSH e consequentemente o estrogênio diminui; em ciclos anovulatórios a secreção do estrogênio continua, resultando em proliferação endometrial e subsequente crescimento instável e eliminação incompleta o resultado é um sangramento irregular, prolongado e contínuo. PORTANTO, o SUA de causa não estrutural por disfunção ovulatória é a causa mais comum nas adolescentes. Anormalidades Hematológicas Devem ser sempre consideradas na propedêutica do SUA em adolescentes. Quando suspeitar de distúrbio hemorrágico: * A afecção mais diagnosticada é a púrpura trombocitopênica idiopática seguida pela doença de von Willebrand. Gravidez A possibilidade de uma gestação deve ser cogitada como possível causa em adolescentes com queixa de SUA. Hormônios Exógenos O uso de Anticoncepcionais Combinados Orais (ACO) se associa a sangramento intermenstrual, que ocorre em até 30 a 40% das mulheres durante o primeiro ciclo de uso de pílula combinada – estar atento ao fato da 5 Khilver Doanne Sousa Soares paciente esquecer de tomar as pílulas ocasionalmente. É importante que a paciente tenha adesão rigorosa à ingestão das pílulas, o que é difícil para muitas mulheres, principalmente adolescentes. O mecanismo de sangramento a estes métodos hormonais ainda não está bem estabelecido. Afecções Endócrinas ou Sistêmicas O SUA pode estar associado a disfunções da tireoide, tanto hiper quanto hipotireoidismo. A hiperprolactinemia pode causar amenorreia ou sangramento irregular. A Síndrome de Ovários Policísticos (SOP), o hiperandrogenismo ovariano funcional e a hiperplasia adrenal congênita de início tardio podem incidir em adolescentes e ser causa de SUA. Sinais de resistência à insulina (acantose nigricans) também devem ser avaliados e tratados corretamente. Infecção Sangramento irregular ou pós-coito pode estar associado à cervicite por clamídia – e consequentemente, Doença Inflamatória Pélvica (DIP). Causas Anatômicas Anomalias genitais obstrutivas ou parcialmente obstrutivas tendem a se manifestar na adolescência. Septos vaginais longitudinais obstrutivos ou útero didelfo podem causar hematocolpo ou hematométrio. Adultas - menacme Algumas fontes consideram a causa hormonal como mais frequente de sangramento irregular na idade reprodutiva – Outras fontes consideram as complicações de uma gestação não diagnosticada constituem a principal causa de sangramento na menacme. Sangramento Não Estrutural de Causa Hormonal ou Sangramento Uterino Anovulatório A maioria dos casos de sangramento anovulatório é causada por privação estrogênica. Na ausência de ovulação e produção de progesterona, o endométrio prolifera em resposta à estimulação estrogênica. Isso causa um crescimento endometrial sem descamação periódica, resultando em eliminação do tecido frágil, com cicatrização irregular do endométrio. Níveis baixos de estrogênio: sangramento irregular e prolongado; Níveis altos e contínuos de estrogênio: episódios de amenorreia seguidos de hemorragia aguda e intensa. Anormalidades da Gestação Abortamento, prenhez ectópica, gestação mola. . . Ginecopatias – Pólipos, Adenomiose e Leiomiomas Alterações anatômicas, como pólipos, adenomiose e leiomiomas submucosos, também são causas comuns de SUA. Afecções Endócrinas ou Sistêmicas Doenças sistêmicas, como SOP, diabetes mellitus, tireoidopatias, hiperprolactinemia, disfunções hipotalâmicas, doenças primárias da hipófise, disfunções renais podem desencadear a anovulação e, consequentemente, SUA. Disfunções hepáticas também são causas de SUA, pois podem provocar anormalidades na produção dos fatores de coagulação. Tireoidopatias, tanto hipo quanto hipertireoidismo, podem estar associadas à SUA. Anormalidades Hematológicas Em mulheres adultas, a leucemia aguda e a trombocitopenia podem ter como primeira manifestação clínica o Sangramento Uterino Anormal (SUA); além da doença de von Willebrand e anormalidades hepáticas. 6 Khilver Doanne Sousa Soares Medicamentosa / Hormônios Exógenos A conduta mediante o sangramento irregular durante o uso de hormônios contraceptivos deve ser expectante. Se necessário, indica-se troca do método contraceptivo pela paciente. Infecção Sangramento irregular ou pós-coito pode estar associado à cervicite, principalmente por clamídia. A endometrite pode causar fluxo menstrual excessivo. Neoplasia O sangramento anormal é o sintoma mais frequente em mulheres com câncer cervical invasivo – o estrogênio sem oposição de progesterona foi associado a anormalidades do endométrio. Perimenopausa Anovulação A mulher na perimenopausa apresenta aumento no número de ciclos anovulatórios - decorrentes da diminuição da reserva folicular ovariana e da resistência dos folículos remanescentes ao estímulo do FSH. Pólipos, Leiomiomas e Adenomiose Alterações anatômicas, como pólipos e leiomiomas submucosos e adenomiose, também são causas comuns de SUA nessa faixa etária. Câncer As neoplasias endometriais, cervicais e ovarianas devem ser sempre descartadas na presença de sangramento uterino na perimenopausa. Pós-Menopausa Principais causas: Estrogênios exógenos (TH) – 30%; Endometrite/vaginite atrófica – 30%; Câncer de endométrio – 15%; Pólipos endometriais ou cervicais – 10%; Hiperplasia endometrial – 5%; Outras causas (ex.: câncer de colo, sarcoma uterino, carúncula uretral, trauma) – 10%. Abordagem Diagnóstica 7 Khilver Doanne Sousa Soares FLUXOGRAMA PARA A PROPEDÊUTICA DO SUA AGUDO A avaliação se inicia com anamnese e exame físico detalhados. Se suspeita de causas relacionadas, solicitar exames laboratoriais (TSH, T4 livre, coagulograma, contagem de plaquetas, provas de função hepática, prolactina). A quantificação do fluxo menstrual pode ser feita pelo escore Pictoral Blood Assessment Chart (PBAC): Multiplica-se a constante de 1 em cada absorvente levemente encharcado; Multiplica-se 5 em cada absorvente moderadamente encharcado; Multiplica-se 20 se completamente encharcado; Tampões vaginais: utiliza-se constantes de 1, 5 e 10 respectivamente.; 8 Khilver Doanne Sousa Soares Coágulos: constante 1 para os pequenos e 5 para os grandes. Ao final soma-se os valores obtidos: se escore > ou = 100 perda sanguínea excessiva > 80ml. É importante descartar a presença de gravidez em mulheres na menacme SEMPRE! Lembrar também de descartar presença de coagulopatias: PTI, doença de von Willebrand, leucemia. . . Realizar hemograma nessas pacientes. Quando a perda pelo fluxo menstrual é > que 80 ml por ciclo pode haver alterações no ferro sérico e consequente anemia. O US é um exame de imagem importante na avaliação do SUA. É o método de 1º escolha para avaliação de anormalidades uterinas estruturais. A via transvaginal permite imagens de melhor qualidade. Se a paciente não tiver tido relações sexuais ao longo da vida, pedir USG pélvica ao invés da transvaginal. Espessura endometrial de até 5mm/4mm em mulheres na pós-menopausa não usuárias de TRH é normal. Espessura endometrial em mulheres na menacme é normal entre 4 a 12 mm. Em mulheres usuárias de TRH, a espessura endometrial é considerada normal até 8mm. Nos casos de espessamentoendometrial é obrigatório prosseguir a investigação por histeroscopia e biópsia endometrial, ou mesmo curetagem para estudo anatomopatológico. Histeroscopia (HSC) A HSC é considerada o método PADRÃO- OURO para investigação endometrial, pois além da visualização direta da cavidade uterina, permite a coleta de material para estudo histopatológico através da biópsia dirigida Em determinadas situações, ela é também terapêutica, pois permite a excisão de pólipos, leiomioma submucosos, sinéquias e a realização de ablação endometrial. O estudo histopatológico é o PADRÃO-OURO para o diagnóstico das afecções endometriais. -------------------------------------- IMPORTANTE: dosar hormônios tireoidianos (TSH, T4 livre), hormônios sexuais, demais exames considerados importantes pelo profissional segundo o quadro clínico. TRATAMENTO Pode ser medicamentoso, com fármacos não hormonais e hormonais, ou cirúrgico. De forma geral, o tratamento medicamentoso é considerado a primeira linha de tratamento para causas não estruturais. Os tratamentos cirúrgicos tendem a ser indicados nas causas estruturais ou na falha do tratamento conservador. Tratamento Hormonal Os Anticoncepcionais Combinados Orais (ACO) contendo estrogênio e progesterona reduzem a perda sanguínea menstrual em 35 a 72%, sendo a opção terapêutica para a maioria das causas de SUA sem alteração estrutural. Uma limitação importante para o seu uso é o desejo reprodutivo imediato, pois estes esquemas têm ação anovulatória. Lembrar de respeitar as contraindicações aos estrogênios, como enxaqueca com aura, tabagismo após os 35 anos, trombofilias, hipertensão, entre outras. O uso cíclico dos progestogênios parece não ser a melhor opção terapêutica para o controle do sangramento uterino. Parece ser melhor restringir esta modalidade terapêutica ao SUA causado por DISFUNÇÃO OVULATÓRIA. Para essas pacientes, o uso de um progestogênio oral 9 Khilver Doanne Sousa Soares por 12 a 14 dias por mês mimetizaria a fase lútea do ciclo menstrual. FLUXOGRAMA PARA O TRATAMENTO DO SUA O uso contínuo do progestogênio oral tem se mostrado efetivo na redução do volume de sangramento, podendo inibir os períodos de menstruação, promovendo amenorreia em um percentual de mulheres. Formulações de progesterona: * Efeitos colaterais: sangramentos irregulares, mastalgia, cefaleia, edema e acne. Sistema Intrauterino Liberador de Levonorgestrel (SIU-LNG) A maioria dos estudos sobre o progestogênio se associa ao uso do SIU-LNG. Ele libera 20 mcg de levonorgestrel diariamente resultando, por vários mecanismos, em atrofia endometrial, com redução do sangramento. É considerado mais efetivo para o controle do SUA do que os tratamentos orais. Tratamento Não Hormonal Inclui o uso de antifibrinolíticos ou Anti- Inflamatórios Não Esteroidais (AINES). Antifibrinolíticos Durante a menstruação, pode haver ativação do sistema fibrinolítico para degradação do coágulo de fibrina. Na categoria de medicamentos que atuam diminuindo a fibrinólise, o ácido tranexâmico é o principal - prescrito para mulheres com hemofilia, doença de von Willebrand, trombastenia de Glanzmann e SUA. Ácido tranexâmico (Transamin): antifibrinolítico com meia-vida curta, que deve ser usado três a quatro vezes ao dia; posologia variável; poucos efeitos colaterais, no geral, gastrointestinais; 10 Khilver Doanne Sousa Soares Os AINE exercem seu efeito pela inibição da cicloxigenase – o aumento da inflamação no endométrio está associado com aumento da perda de sangue durante a menstruação. O principal AINE a respeito é o ácido mefenâmico. Outras opções terapêuticas incluem análogos de GnRH. Tratamento Cirúrgico – SUA sem lesão estrutural Indicado em falha no tratamento clínico. Tamponamento Uterino É uma intervenção invasiva: há a introdução de um cateter de Foley, seguida da infusão de 30 ml de líquido no seu balonete. O objetivo é controlar o sangramento e estabilizar o paciente até que haja tratamento definitivo. Ablação Endometrial A ablação do endométrio consiste na destruição do endométrio em toda a sua extensão e espessura, que pode ser realizada por via histeroscópica (primeira geração) ou não (segunda geração). A ressecção endometrial eletrocirúrgica com a utilização de ressectoscópio é a técnica mais empregada. Fonte: http://www.ginecologiaeprevencao.com.br/nova_sure/medico/orientacoes.html. A ablação não histeroscópica pode ser realizada por várias técnicas, a saber: balão térmico, micro-ondas, crioablação, entre outras. Estas técnicas são menos invasivas e buscam fugir das complicações da histeroscopia cirúrgica. É obrigatória a realização de histeroscopia diagnóstica prévia + biópsia dirigida para realização de ablação endometrial. Curetagem Uterina Escolhida em pacientes instáveis com sangramento agudo grave que necessitam de intervenção imediata. Histerectomia É o único procedimento que garante solução definitiva para o SUA. Deve ser reservada para mulheres com prole constituída, em casos de falha de tratamentos menos agressivos e de necessidade de pronta intervenção. http://www.ginecologiaeprevencao.com.br/nova_sure/medico/orientacoes.html 11 Khilver Doanne Sousa Soares Fonte: https://www.eumedicoresidente.com.br/post/histerectomi a. Tratamento do SUA Agudo Rápida intervenção, com objetivo de controle do sangramento ativo e suas complicações. FLUXOGRAMA PARA O TRATAMENTO DO SUA AGUDO https://www.eumedicoresidente.com.br/post/histerectomia https://www.eumedicoresidente.com.br/post/histerectomia 12 Khilver Doanne Sousa Soares A decisão quanto à internação baseia-se no volume do sangramento, na estabilidade hemodinâmica e nos níveis de hemoglobina no momento do atendimento. 13 Khilver Doanne Sousa Soares Tratamento Clínico INSTABILIDADE HEMODINÂMICA Estrogênios Equinos Conjugados – altas doses Em situações cujo tratamento via oral podem ser realizadas, o uso é indicado – EXCETO, em pacientes com contraindicação para TRH. O controle do sangramento é obtido cerca de dez horas após a primeira dose na maioria dos pacientes. Toda estrogenioterapia isolada deve ser seguida por progestagenioterapia. E o tratamento de manutenção pode ser realizado com anticoncepcional combinado. EEC 1,25 mg VO de 6/6h por 21 a 25 dias e, após, acetato de medroxiprogesterona 10 mg 1×/dia por 10 dias; Realizar pausa de 7 dias para sangramento de deprivação; Reiniciar com ACO 1×/dia para manutenção. ACO – altas doses Em situações cujo tratamento via oral podem ser realizadas, ACO em altas doses podem ser usados para controle do sangramento nos pacientes com contraindicações de TRH. Antifibrinolíticos Inibem os ativadores do plasminogênio, que se encontram aumentados no endométrio de mulheres com SUA, diminuindo a fibrinólise, promovendo a coagulação sanguínea e a diminuição do sangramento menstrual. Ácido tranexâmico solução injetável de 50 mg/ml: 500 a 1.000 mg por injeção IV lenta (50mg/min), sem diluição, 3 vezes ao dia. Obs.: se o tratamento continuar por mais de 3 dias, recomenda-se o uso da apresentação oral. ESTABILIDADE HEMODINÂMICA Estrogênios Equinos Conjugados – altas doses (similar às pacientes com instabilidade hemodinâmica) 1º escolha em pacientes estáveis. EEC 1,25 mg VO de 6/6h por 21 a 25 dias e, após, acetato de medroxiprogesterona 10 mg 1×/dia por 10 dias; Realizar pausa de 7 dias para sangramento de deprivação; Reiniciar com ACO 1×/dia para manutenção. ACO – altas doses Devem ser empregados ACO compostos com 30 a 35 mcg de etinilestradiol. * posologia já descrita Progestogênios - altas doses São eficazes para pacientes com ciclos anovulatórios com o objetivo de promover a estabilização endometrial após intensa proliferação por estímulo estrogênico em longo prazo. * posologiajá descrita Anti-Inflamatórios Não Esteroidais (AINE) O uso de AINE reduz o sangramento uterino por inibir a produção de prostaglandinas endometriais. _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ 14 Khilver Doanne Sousa Soares _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ Referências Medcurso. Gineco – Ciclo I. Volume 2. Sangramento uterino anormal, miomatose, adenomiose, endometriose, infertilidade, pólipos. 2021.
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