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AULA 05 – PROCESSO CIVIL TEMA: Sentença e Coisa Julgada PROFESSOR MONITOR: Giulia Christensen @giuliachristensen ; @concursodosmeussonhos Aula 05 – SENTENÇA, Reexame necessário, COISA JULGADA e ação rescisória 05.I. SENTENÇA Conceito Sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487 do CPC, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução (art. 203, CPC). Classificação da sentença De acordo com o conteúdo: a) Terminativa: é a sentença que encerra o processo sem julgar o seu mérito (art. 485, CPC). b) Definitiva: é a sentença que, encerrando uma fase do processo, julga seu mérito (art. 487, CPC). De acordo com os efeitos: a) Condenatória: é aquela que certifica a existência do direito da parte vencedora e impõe o seu cumprimento, condenando a parte contrária a uma dada prestação/pagamento/fazer/não fazer. Caso não seja voluntariamente cumprida, o devedor é tido como inadimplente e pode ser constrangido ao cumprimento forçado através de um procedimento executivo. Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br b) Constitutiva (e desconstitutiva): é aquela por meio da qual se cria, modifica ou extingue um direito, um estado ou uma relação jurídica. Ex.: divórcio, rescisão de contrato, adoção. c) Declaratória: é aquela que apenas declara a existência ou inexistência de um direito ou de uma determinada relação jurídica, assim, visa conferir a certeza jurídica de um direito ou de uma relação jurídica. Ex.: declaração de paternidade. Obs.: muitos confundem e acham que a sentença envolvendo a paternidade seria constitutiva, todavia, a paternidade já existe, não se está constituindo a paternidade quando se declara a paternidade na sentença de uma ação de investigação ou negatória, mas sim, está apenas sendo declarado uma relação que já existe, as partes já são pai e filho. Condenatória Constitutiva Declaratória Reconhecer e impor o cumprimento de obrigação (pagar, dar, fazer, não fazer). Cria, modifica ou extingue um direito, um estado ou uma relação jurídica. Apenas declara a existência ou inexistência de um direito ou de uma determinada relação jurídica, assim, visa conferir a certeza jurídica de um direito ou de uma relação jurídica. Elementos da Sentença: ● Relatório ● Fundamentação ● Dispositivo Art. 489. São elementos essenciais da sentença: I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br Relatório: ● Consiste em um histórico por meio do qual o juiz narra tudo que é relevante no processo, demonstrando que tem conhecimento dos fatos, atos e termos processuais sobre os quais decidirá. ● É importante destacar que o relatório não constitui elemento absoluto, ou seja, existem hipóteses nas quais não se exige relatório. Ex.: no que tange às sentenças proferidas no JEC, o relatório é dispensado, vide art. 38 da Lei 9.099/95. ● Todavia, quando o relatório é necessário, se ele não existir, a doutrina majoritária entende que isso é causa de nulidade absoluta. Fundamentação: ● Trata-se da exposição das razões de fato e de direito que alicerçam a decisão do juiz em determinado sentido. ● Na fundamentação, o magistrado deve enfrentar todas as questões de fato e de direito que sejam relevantes para o deslinde do feito. ● A fundamentação é muito importante porque permite um controle democrático acerca da decisão, isto é, permite às partes exercerem um controle da decisão através da interposição de recursos. ● O dever de fundamentação também está consagrado no art. 93, IX, da CF/88. ● Quando uma decisão não julga o mérito, ainda assim, deve ser fundamentada. ● A consequência diante da ausência de fundamentação é a nulidade absoluta do ato decisório. Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br ● Em observância ao princípio da fundamentação analítica, é considerada NÃO fundamentada, nos termos do §1º do art. 489 do CPC, a decisão que: a) Se limitar à indicação ou reprodução de dispositivo, sem explicar a sua relação com a causa ou a questão decidida; b) Invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer decisão (algo vago; decisões padronizadas; utilização de conceitos jurídicos indeterminados - ex.: utilizar a dignidade da pessoa humana sem explicar a relação com o caso em concreto); c) Não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo que sejam capazes de influenciar na decisão do julgador; d) Se limitar à invocação de precedente ou enunciado de súmula, sem identificar os fundamentos determinantes; e) Deixar de seguir súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a distinção com o caso (distinguishing) ou a superação do entendimento (overruling). Dispositivo: ● Trata-se da conclusão da decisão, no qual constará o “resultado” do processo. ● No primeiro grau de jurisdição, o dispositivo costuma apontar pela procedência ou improcedência. Enquanto que no segundo grau de jurisdição, trata-se do provimento e improvimento. ● Ex. 1ª instância: “Pelo exposto, julgo procedente o pedido do autor”; ● Ex.: 2ª instância: “Ante o exposto, dou provimento ao recurso do apelante” Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br Princípio da Congruência, da Adstrição ou da Correlação ● Os arts. 141 e 492 do CPC consagram o princípio da congruência, adstrição ou da correlação, de acordo com o qual o magistrado está adstrito (limitado) ao que foi pedido, ou seja, não pode conceder algo diferente, ir além ou ficar aquém do que foi pedido. ● Isso tem relação com o próprio princípio da inércia. Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte. Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. ● Diante da inobservância do princípio da congruência, correlação ou adstrição, surge a seguinte classificação da sentença: Vício Extra Petita Ultra petita Infra ou citra petita Palavra-chave “Fora” “Além” “Aquém” = “menos” Explicação Na sentença, o juiz defere pedido diverso do que foi requerido, ou seja, está “fora” do que foi pedido. O juiz vai além do pedido, isto é, o juiz dá mais do que o autor pede. Ex.: o autor pede a condenação do réu em R$ 3.000,00 e o juiz condena em R$ 5.000,00. A sentença fica aquém do necessário, isto é, analisa-se menos do que os pedidos formulados. O juiz não analisa na sentença todos os pedidos feitos. Ex.: o autor pediu dano moral e material e o juiz analisou apenas o dano material. Recurso cabível Apelação Apelação Embargos de Declaração Consequência Anulação (regra) *Teoria da causa madura. Readequação da sentença aos limites. Integração da sentença omissa (abordagem do ponto faltante). Não há problema se o juiz rejeitar pedidos, desde que todos sejam apreciados. Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br *Obs.: Apesar de no caso da sentença ser extra petita a regra ser a anulação desta, é possível que seja aplicada a teoria da causa madura, conforme apontado na tabela acima. Assim, importante esclarecer no que consiste tal teoria. De acordo com a teoria da causa madura, constante no art.1.013, §3º, CPC, por uma questão de economia processual e celeridade, caso o tribunal perceba que todos os elementos necessários para o julgamento já se encontram nos autos, isto é, que a causa já está “madura” (pronta para ser julgada), o processo não será devolvido para a primeira instância, sendo o próprio tribunal que já julgará o feito. Efeitos secundários da sentença ● A sentença tem efeitos principais que se referem à prolação de uma decisão sobre o objeto principal, ou seja, sobre os próprios pedidos feitos pelas partes do processo. ● Ocorre que, além dos efeitos principais, há efeitos secundários: a) Hipoteca judiciária (art. 495, CPC): é uma garantia sobre bem imóvel originada do proferimento de sentença condenatória em obrigação de pagar quantia. Ou seja, uma vez proferida uma sentença que condene uma pessoa a pagar quantia, a parte pode levar tal sentença para ser averbada a existência de um crédito na matrícula do imóvel. Isso confere o chamado direito de preferência em relação a outros credores, observada a prioridade do registro. b) Protesto em cartório (art. 517, CPC): uma vez transitado em julgado o processo, será iniciada a fase de cumprimento de sentença e o devedor será intimado, nas obrigações de pagar quantia, a pagar em 15 dias, sob pena de multa de 10%. Passados os 15 dias sem o devido pagamento, o credor pode pedir certidão na qual conste a decisão de obrigação de pagar quantia transitada em julgado e, após, o credor pode pegar a certidão e protestá-la em cartório (“sujar” o nome do devedor). Sentença líquida e ilíquida ● A regra é que a sentença proferida pelo magistrado seja líquida, isto é, indique a extensão da obrigação (quantum debeatur). Já que, sendo líquida, a sentença pode ser imediatamente executada. Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br ● Todavia, existem algumas situações em que não é possível fixar a extensão da obrigação, hipóteses nas quais, haverá uma sentença ilíquida (sem a extensão da obrigação). - É possível que a sentença seja ilíquida nos casos de pedido genérico, (estudado na aula retrasada) - art. 324, §1º, CPC - quais sejam: (a) nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados; (b) quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; (c) quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. - Também é possível que a sentença proferida seja ilíquida, nos termos do art. 491, II do CPC quando a prova do processo depender de produção de perícia demorada ou excessivamente dispendiosa. Liquidação da sentença ● No caso das sentenças ilíquidas, antes de executá-las, é necessário que haja a chamada “liquidação da sentença”, a qual pode se dar a requerimento do credor ou do devedor. ● A liquidação pode se dar por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos termos do art. 509: “I - por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da liquidação; II - pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar e provar fato novo.” ● Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as partes para a apresentação de pareceres ou documentos elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de plano, nomeará perito, observando-se o procedimento da prova pericial (art. 510, CPC). ● Já na liquidação pelo procedimento comum, o juiz determinará a intimação do requerido, na pessoa de seu advogado ou da sociedade de advogados a que estiver vinculado, para, querendo, apresentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias (art. 511, CPC). ● Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, o credor pode promover simultaneamente a execução da parte líquida e, em autos apartados, a liquidação da parte que for ilíquida. Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br ● Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o cumprimento da sentença. ● Por fim, cabe destacar que na liquidação é PROIBIDO discutir novamente a lide ou modificar a sentença que a julgou. 05.II. REEXAME NECESSÁRIO Nomenclatura: ● O reexame necessário também é chamado de remessa necessária ou recurso ex officio (apesar de não ser um recurso). Conceito e natureza jurídica: ● Trata-se de sucedâneo recursal, ou seja, algo que “faz as vezes” de recurso, mas NÃO é recurso, já que não consta do rol do artigo 994 do CPC e também porque não precisa de voluntariedade das partes para que ocorra, como no caso dos recursos. Como não é recurso, não tem “preparo”. ● É um sucedâneo recursal por meio do qual a sentença é necessariamente revista pela instância superior, sem o qual a sentença não produz efeitos e não transita em julgado. Ou seja, é uma condição de eficácia da sentença. E isso ocorre, na regra do regime geral, toda vez que uma pessoa de direito público for sucumbente (perder o processo). ● Súmula 423 STF: “Não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso ex officio, que se considera interposto ex lege”. Hipóteses de cabimento (CPC): ● No regime geral do CPC, haverá reexame necessário quando uma pessoa jurídica de direito público for sucumbente. Ou seja, sempre que a Administração Direta (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) e suas respectivas autarquias e fundações de direito público “perderem” o processo. (art. 496, I e II, CPC). Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br Hipóteses de NÃO cabimento do reexame necessário: a) Ações originárias; b) Quando for parte sociedade de economia mista e empresa pública (são regidas pelo regime de direito privado); c) Limites monetários (art. 496, § 3º, CPC - SALVO: súmula 490 do STJ). - “3º: Não se aplica o disposto neste artigo (reexame necessário) quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa for de VALOR CERTO E LÍQUIDO inferior a: - I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público; - II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados; - III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público” - Cuidado: o artigo usa o termo “inferior”. Assim, por exemplo, as condenações no valor de 1.000 salários-mínimos contra a União têm reexame necessário. Para não ter o reexame, precisa ser INFERIOR aos valores colocados nos incisos. Se for igual, haverá o reexame necessário. - Exceção: se a sentença for ilíquida, haverá reexame necessário Isso pode ser concluído pela leitura do art. 496, §3º do CPC quando ele usa a expressão “valor certo e líquido”, bem como por meio da leitura da súmula 490 do STJ que dispõe: “A dispensa do reexame necessário, quando o valor da condenação ou do direito controvertido for inferior a sessenta salários mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas". Cabe esclarecer que essa súmula é de 2012, portanto, o valor nela estampado encontra correspondência do CPC de 1973, em seu artigo 475; devendo a súmula ser lida à luz do NCPC. d) Quando a decisão estiver em conformidade com os precedentes qualificados (independente do valor da condenação); Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br e) Juizado Especial Federal (art. 13, Lei nº 10.259/01) e Juizado Especial da Fazenda Pública (11 da Lei nº 12.153/2009); f) Sem resolução do mérito; 05.III. Coisa Julgada Conceito: ● Garantia constitucional (art. 5º, XXXVI, CF). ● Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutívela decisão de mérito não mais sujeita a recurso (art. 502, CPC). ● A finalidade da coisa julgada, em termos práticos, é consagrar a segurança jurídica e a estabilidade. Espécies de coisa julgada: ● Formal (eficácia endoprocessual): trata-se do impedimento da rediscussão da questão dentro do mesmo processo. Atinge as decisões sem mérito (art. 485, CPC) e as com mérito (art. 487, CPC). ● Material (eficácia extraprocessual): trata-se da coisa julgada propriamente dita, gerando a indiscutibilidade e a imutabilidade no plano externo. Há o impedimento da discussão da questão em qualquer processo, ou seja, não será possível rediscutir a matéria no mesmo processo e nem em qualquer outro. Atinge APENAS as decisões de mérito (art. 487, CPC). Coisa julgada sobre questão principal e coisa julgada sobre questão prejudicial ● Os pedidos das partes expressamente apreciados pelo magistrado fazem coisa julgada (coisa julgada da questão principal). ● Com o NCPC, as questões prejudiciais (aquelas questões que são pressupostos para a análise das questões principais) também fazem coisa julgada de forma automática, isto é, NÃO é necessário que a Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br parte solicite ao magistrado que incida sobre a questão prejudicial a coisa julgada (em regra). Para tanto, é necessário que o julgamento dependa da resolução da questão prejudicial, que a seu respeito tenha havido o contraditório prévio e efetivo e que o juízo tenha competência absoluta para resolver a questão prejudicial (art. 503,§ 1º, CPC). ● Ex. de questão prejudicial: Joãozinho ingressa com uma ação de alimentos em face de Joãozão. Neste caso, Joãozão ainda não foi reconhecido como pai de Joãozinho e ele já está pedindo alimentos ao réu. Assim, para que o magistrado julgue o pedido de alimentos, ele primeiro deve decidir se o réu é pai de Joãozinho, porque trata-se de questão prejudicial que subordina o resultado da questão principal. ● Como exceção, a única questão prejudicial com relação à qual é necessário requerer que incida a coisa julgada sobre ela é o chamado “incidente de falsidade documental”. Assim, em que pese a regra seja que há sim coisa julgada automática sobre questões prejudiciais, em se tratando de falsidade documental é necessário entrar com uma ação declaratória incidental requerendo que haja a coisa julgada (art. 433, CPC). Qual parte da sentença é atingida pela autoridade da coisa julgada? ● Em regra, apenas a parte do dispositivo da sentença faz coisa julgada. A exceção é a coisa julgada da fundamentação de uma questão prejudicial quando há contraditório. Coisa julgada progressiva: ● Trata-se da possibilidade da formação progressiva da coisa julgada material de capítulos autônomos e independentes entre si. ● Ex.: a parte faz pedido de dano moral + dano material e ambos são concedidos na sentença. Diante disso, a parte contrária recorre apenas e tão somente com relação ao dano moral. Nesse caso, haveria a coisa julgada progressiva de acordo com o STF e a doutrina majoritária, havendo desde já a coisa julgada com relação ao dano material, o qual não foi objeto de recurso pela parte contrária. ● O STJ não concorda com a formação da coisa julgada progressiva, conforme se pode extrair da análise da súmula 401, STJ que dispõe que: Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br “O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial” ★ Em suma: Quando é iniciado o prazo para a ação rescisória? O prazo para a ação rescisória é iniciado para cada capítulo ou é preciso que seja aguardado até que não exista mais a possibilidade de se interpor qualquer recurso? - STJ: apenas quando não for cabível qualquer recurso é que terá início o prazo para a ação rescisória. Ou seja, deve ser esperado o julgamento do recurso quanto ao restante da sentença. - STF: os capítulos não impugnados transitam em julgado, ainda que haja recurso contra outro(s) capítulo(s). Ou seja, o prazo da ação rescisória vai ser iniciado para cada capítulo à medida que ele transitar em julgado. Os capítulos podem, portanto, ter o prazo de início para a ação rescisória em momentos diferentes. 05.IV. AÇÃO RESCISÓRIA ● Conceito: trata-se de uma ação originária dos tribunais, em segundo grau ou nos tribunais superiores, que possui como objetivo afastar a coisa julgada e, em alguns casos, fazer um novo julgamento da demanda. ● É cabível de decisão de mérito (seja sentença, seja decisão interlocutória), vide terminologia utilizada pelo caput do art. 966, CPC. ● Cabimento: será cabível nas hipóteses que se encontram nos incisos do art. 966, CPC, elencadas a seguir: I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente; III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; IV - ofender a coisa julgada; Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br V - violar manifestamente norma jurídica; (inclusive se deixar de seguir precedente qualificado - art. 927, CPC). VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória; VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos. ● Legitimidade: quem foi parte no processo ou o seu sucessor; o terceiro juridicamente interessado; o Ministério Público nos casos de sua alçada. ● Requisitos: petição inicial; cumular o pedido de rescisão com o de novo julgamento (se for o caso); depositar 05% do valor da causa, montante que se converterá em multa caso a ação seja declarada inadmissível ou improcedente por unanimidade; prazo de 02 anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. ● NÃO precisam depositar o percentual de 05% sobre o valor da causa: a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, suas respectivas autarquias e fundações de direito público, o Ministério Público, a Defensoria Pública e os que tenham obtido o benefício de gratuidade da justiça. ● Prazo: conforme apontado em um dos itens acima, o direito à rescisão se extingue em 02 anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo (art. 975, CPC). ● A propositura da ação rescisória NÃO impede o cumprimento da decisão rescindenda, ressalvada a concessão de tutela provisória (art. 969, CPC). ● Após a propositura da ação rescisória, o relator ordenará a citação do réu, designando um prazo de 15 à 30 dias para que ele apresente resposta, após, será observado o procedimento comum (no que couber), nos termos do art. 970, CPC. Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br já caiu! OAB XXIV 2017. Maria dirigia seu carro em direção ao trabalho, quando se envolveu em acidente com um veículo do Município de São Paulo, afetado à Secretaria de Saúde. Em razão da gravidade do acidente, Maria permaneceu 06 (seis) meses internada, sendo necessária a realização de 03 (três) cirurgias. Quinze dias após a alta médica, a vítima ingressou com ação de reparação por danos morais e materiais em face do ente público. Na sentença, os pedidos foram julgados procedentes, com condenação do ente público ao pagamento de 200 (duzentos) salários mínimos, não tendo a ré interposto recurso. Diante de tais considerações, assinale a afirmativa correta. A) Ainda queo Município de São Paulo não interponha qualquer recurso, a sentença está sujeita à remessa necessária, pois a condenação é superior a 100 (cem) salários mínimos, limite aplicável ao caso, o que impede o cumprimento de sentença pelo advogado da autora. B) A sentença está sujeita à remessa necessária em qualquer condenação que envolva a Fazenda Pública. C) A sentença não está sujeita à remessa necessária, porquanto a sentença condenatória é ilíquida. Maria poderá, assim, propor a execução contra a Fazenda Pública tão logo a sentença transite em julgado. D) A sentença não está sujeita à remessa necessária, pois a condenação é inferior a 500 (quinhentos) salários mínimos, limite aplicável ao caso. Após o trânsito em julgado, Maria poderá promover o cumprimento de sentença em face do Município de São Paulo. OAB XXII 2017. Gláucia ajuizou, em abril de 2016, ação de alimentos em face de Miguel com fundamento na paternidade. O réu, na contestação, alegou não ser pai de Gláucia. Após a produção de provas e o efetivo contraditório, o magistrado decidiu favoravelmente ao réu. Inconformada com a sentença de improcedência que teve por base o exame de DNA negativo, Gláucia resolve agora propor ação de investigação de paternidade em face de Miguel. Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. A) O magistrado deve rejeitar a nova demanda com base na perempção. B) A demanda de paternidade deve ser admitida, já que apenas a questão relativa aos alimentos é que transitou em julgado no processo anterior. C) A questão prejudicial, relativa à paternidade, não é alcançada pela coisa julgada, pois a cognição judicial foi restrita a provas documentais e testemunhais. D) A questão prejudicial, relativa à paternidade, é atingida pela coisa julgada, e o novo processo deve ser extinto sem resolução do mérito. OAB XIX 2016. João, maior e capaz, correntista do Banco Grana Alta S/A, ao verificar o extrato da sua conta-corrente, constata a realização de um saque indevido no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), razão pela qual ingressa com ação de indenização por dano material em face da referida instituição financeira. Contudo, antes mesmo da Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br citação da sociedade ré, João comunica ao juízo seu desinteresse no prosseguimento do feito. A partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta. A) A desistência da ação produz, como um dos seus efeitos, o fenômeno da coisa julgada material, obstando que o autor intente nova demanda com conteúdo idêntico perante o Poder Judiciário. B) Tendo em vista que a causa versa sobre direito indisponível, poderá o juiz, de ofício, dar prosseguimento ao feito, determinando a citação da instituição financeira para que apresente, no prazo de 15 dias, sua resposta. C) A desistência somente produzirá efeitos, extinguindo o processo, se houver o prévio consentimento do Banco Grana Alta S/A. D) Diante da desistência unilateral do autor da ação, operar-se-á a extinção do processo sem resolução do mérito. OAB XXIX 2019. Na vigência do Código de Processo Civil de 2015, José ajuizou ação contra Luíza, postulando uma indenização de R$ 100.000,00 (cem mil reais), tendo o pedido formulado sido julgado integralmente procedente, por meio de sentença transitada em julgado. Diante disso, José deu início ao procedimento de cumprimento de sentença, tendo Luíza (executada) apresentado impugnação, a qual, no entanto, foi rejeitada pelo respectivo juízo, por meio de decisão contra a qual não foi interposto recurso no prazo legal. Prosseguiu-se ao procedimento do cumprimento de sentença para satisfação do crédito reconhecido em favor de José. Ocorre que, após o trânsito em julgado da sentença exequenda e a rejeição da impugnação, o Supremo Tribunal Federal proferiu acórdão, em sede de controle de constitucionalidade concentrado, reconhecendo a inconstitucionalidade da lei que fundamentou o título executivo judicial que havia condenado Luíza na fase de conhecimento. Diante da decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a situação hipotética, Luiza poderá A) interpor recurso de agravo de instrumento contra a decisão que rejeitou sua impugnação, mesmo já tendo se exaurido o prazo legal para tanto, uma vez que o Supremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade da lei que fundamentou a sentença exequenda. B) interpor recurso de apelação contra a decisão que rejeitou sua impugnação, mesmo já tendo se exaurido o prazo legal para tanto, uma vez que o Supremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade da lei que fundamentou a sentença exequenda. C) oferecer nova impugnação ao cumprimento de sentença, alegando a inexigibilidade da obrigação, tendo em vista que, após o julgamento de sua primeira impugnação, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade da lei que fundamentou a sentença proferida na fase de conhecimento, que serviu de título executivo judicial. D) ajuizar ação rescisória, em virtude de a sentença estar fundada em lei julgada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de controle concentrado de constitucionalidade. Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br OAB XXXI 2020. Em um processo em que Carla disputava a titularidade de um apartamento com Marcos, este obteve sentença favorável, por apresentar, em juízo, cópia de um contrato de compra e venda e termo de quitação, anteriores ao contrato firmado por Carla. A sentença transitou em julgado sem que Carla apresentasse recurso. Alguns meses depois, Carla descobriu que Marcos era réu em um processo criminal no qual tinha sido comprovada a falsidade de vários documentos, dentre eles o contrato de compra e venda do apartamento disputado e o referido termo de quitação. Carla pretende, com base em seu contrato, retornar a juízo para buscar o direito ao imóvel. Para isso, ela pode A) interpor recurso de apelação contra a sentença, ainda que já tenha ocorrido o trânsito em julgado, fundado em prova nova. B) propor reclamação, para garantir a autoridade da decisão prolatada no juízo criminal, e formular pedido que lhe reconheça o direito ao imóvel. C) ajuizar rescisória, demonstrando que a sentença foi fundada em prova cuja falsidade foi apurada em processo criminal. D) requerer cumprimento de sentença diretamente no juízo criminal, para que a decisão que reconheceu a falsidade do documento valha como título judicial para transferência da propriedade do imóvel para seu nome. OAB XXIII 2017. Luana, em litígio instaurado em face de Luciano, viu seu pedido ser julgado improcedente, o que veio a ser confirmado pelo tribunal local, transitando em julgado. O advogado da autora a alerta no sentido de que, apesar de a decisão do tribunal local basear-se em acórdão proferido pelo Superior Tribunal de Justiça em regime repetitivo, o precedente não seria aplicável ao seu caso, pois se trata de hipótese fática distinta. Afirmou, assim, ser possível reverter a situação por meio do ajuizamento de ação rescisória. Diante do exposto, assinale a afirmativa correta. A) Não cabe a ação rescisória, pois a previsão de cabimento de rescisão do julgado se destina às hipóteses de violação à lei e não de precedente. B) Cabe a ação rescisória, com base na aplicação equivocada do precedente mencionado. C) Cabe a ação rescisória, porque o erro sobre o precedente se equipara à situação da prova falsa. D) Não cabe ação rescisória com base em tal fundamento, eis que a hipótese é de ofensa à coisa julgada. OAB XXXI 2020. Marcos foi contratado por Júlio para realizar obras de instalação elétrica no apartamento deste. Por negligência de Marcos, houve um incêndio que destruiu boa parte do imóvel e dos móveis que o guarneciam. Como não conseguiu obter a reparação dos prejuízos amigavelmente, Júlio ajuizou açãoem face de Marcos e obteve sua condenação ao pagamento da quantia de R$ 148.000,00 (cento e quarenta e oito mil reais). Após a prolação da sentença, foi interposta apelação por Marcos, que ainda aguarda julgamento pelo Tribunal. Júlio, ato contínuo, apresentou cópia da Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br sentença perante o cartório de registro imobiliário, para registro da hipoteca judiciária sob um imóvel de propriedade de Marcos, visando a garantir futuro pagamento do crédito. Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa correta. A) Júlio não pode solicitar o registro da hipoteca judiciária, uma vez que ainda está pendente de julgamento o recurso de apelação de Marcos. B) Júlio, mesmo que seja registrada a hipoteca judiciária, não terá direito de preferência sobre o bem em relação a outros credores. C) A hipoteca judiciária apenas poderá ser constituída e registrada mediante decisão proferida no Tribunal, em caráter de tutela provisória, na pendência do recurso de apelação interposto por Marcos. D) Júlio poderá levar a registro a sentença, e, uma vez constituída a hipoteca judiciária, esta conferirá a Júlio o direito de preferência em relação a outros credores, observada a prioridade do registro. Gabarito (em ordem): D; D; D; D; D; B; D. TEMAS TRABALHADOS NO MATERIAL DA AULA 05 de Processo Civil - Sentença, reexame necessário, coisa julgada e ação rescisória. Ficou com alguma dúvida? Entre em contato através das minhas redes sociais: @giuliachristensen @concursodosmeussonhos ; estou 100% disponível para todos vocês! Sigam firmes! Bons estudos! Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br
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