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A Pedagogia hospitalar, o cenário 
hospitalar e suas práticas pedagógicas 
Ludmila Dayana Barreto da Silva Neves 
OBJETIVOS DA UNIDADE 
 bullet 
Conceituar os fundamentos da Pedagogia hospitalar a partir das leis que a 
regem e de dados históricos; 
 bullet 
Abordar os aspectos e conceitos do atendimento pedagógico domiciliar; 
 bullet 
Apresentar a ética no âmbito hospitalar e as práticas pedagógicas nesse 
contexto. 
Como sabemos, o pedagogo chegou a diferentes espaços. Diante dessa 
nova realidade, é de extrema importância que exista uma legislação para 
respaldar suas ações a partir do que precisa ser alcançado. 
O pedagogo hospitalar é de extrema importância no contexto educacional, 
pois atua acompanhando crianças e adolescentes no período de ausência 
escolar, em geral, internados em instituições hospitalares. 
A Pedagogia hospitalar é regida por leis que visam o seu exercício a partir de 
uma organização e do cumprimento de regras necessárias. 
 
De acordo com a lei que atualmente rege o Brasil, a Constituição de 1988, 
especificamente no Título VIII – Da Ordem Social, Capítulo III – Da 
Educação, da Cultura e do Desporto, Seção I, artigo 205: 
 
[...] a educação é direito de todos e dever do Estado e da família, será 
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno 
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho. 
 
 
 
Sendo assim, a partir do respaldo que determina a Constituição Federal de 
1988, que o direito à educação é de todos e para todos, sob qualquer 
circunstância em que o indivíduo esteja vivendo ou que necessite. Em outras 
palavras, nada deve impedir o sujeito de ter acesso à educação. Seja sua 
condição social, econômica ou, até mesmo, seu estado de saúde. 
 
Quando nos remetemos à Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, conhecida 
como Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), também 
encontramos uma legislação que apura que a educação é direito de todos. 
 
TÍTULO II 
Dos Princípios e Fins da Educação Nacional 
Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios 
de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o 
pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da 
cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: 
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o 
pensamento, a arte e o saber; 
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; 
A LDB tem como base a Constituição Federal de 1988, contudo é possível 
identificarmos que ela informa de modo mais detalhado e específico como a 
educação deve ser para todos e como deve ser aplicada e desenvolvida a partir 
de suas respectivas bases. 
 
Diagrama 1. Fluxograma sobre as bases da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB). Fonte: LIMA; FIRMINO, 2020, p. 75. 
(Adaptado). 
Legalmente, há respaldos que apontam que a educação é para todos. Uma 
das premissas dessa questão é: como possibilitar uma educação para todos a 
partir das diferentes realidades existentes? 
O objeto do nosso estudo é compreender a legislação que rege a Pedagogia 
hospitalar e a Educação Especial. Nesse contexto, a legislação garante que a 
educação é um direito de toda e qualquer criança e adolescente, ainda que 
estejam hospitalizados, assim como as possibilidades adequadas de desfrutá-
lo. 
Algumas leis ainda foram decretadas a respeito desse direito à educação 
envolvendo questões relacionadas à saúde, como a Lei nº 1.044/69, que 
aborda o tratamento excepcional para alunos portadores de doenças em suas 
residências. 
 
A Lei nº 6.202/75 também envolve questões relacionadas à saúde da criança e 
do adolescente e, nesse caso, destaca os exercícios domiciliares para as 
estudantes gestantes. 
Ressalta-se que somente na década de 1990 o Brasil promoveu a criação de 
leis destinadas à classe hospitalar. Antes, essa classe era conduzida pela 
Constituição Federal e pela LDB, apenas na perspectiva de que a educação é 
para todos. 
Retomando as bases legislativas para a educação hospitalar, além das leis já 
citadas, podemos citar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), 
especificamente o art. 9, que se refere ao direito à educação: “direito de 
desfrutar de alguma forma de recreação, programa de educação para a saúde”, 
e a lei dos Direitos das Crianças e Adolescentes Hospitalizados, por meio 
da Resolução nº 41, de 13 de outubro de 1995. Essas leis têm o objetivo de 
proteger a infância e a juventude, visando a uma sociedade mais justa. 
 
CURIOSIDADE 
A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, também conhecida como 
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é o conjunto de normas 
do ordenamento jurídico brasileiro que tem como objetivo a proteção 
integral da criança e do adolescente, aplicando medidas e expedindo 
encaminhamentos para um juiz. É o marco legal e regulatório dos 
direitos humanos de crianças e adolescentes. 
CLIQUE AQUI 
A classe hospitalar está contida na Lei nº 9.394/96 como Educação Especial, 
em uma perspectiva de educação inclusiva. Nesse contexto, são considerados 
alunos com necessidades educacionais especiais, os deficientes mentais, 
auditivos, físicos, com deficiências motoras e múltiplas, síndromes no geral e 
os que apresentam dificuldades cognitivas, psicomotoras e de comportamento, 
além dos alunos que estão impossibilitados de frequentar as aulas em razão de 
tratamento de saúde que implique internação hospitalar ou atendimento 
ambulatorial (SANTOS, 2011). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
No Ministério da Educação (MEC), a publicação mais recente em relação à 
classe hospitalar e ao atendimento pedagógico domiciliar (APD) foi publicada 
em 2002. 
Segundo o documento, criado pelo Ministério por meio da Secretaria de 
Educação Especial, intitulado Classe hospitalar e atendimento pedagógico 
domiciliar: estratégias e orientações (BRASIL, 2002), a expressão APD 
refere-se a: 
 
[...] um atendimento educacional que ocorre em ambiente domiciliar, 
decorrente de problema de saúde que impossibilite o educando de 
frequentar a escola ou esteja ele em casas de passagem, casa de apoio, 
casas-lar e/ou outras estruturas de apoio da sociedade (BRASIL, 2002, p. 
13). 
Desse modo, o atendimento pedagógico domiciliar se configura como uma 
ação pedagógica que transforma um cômodo do lugar onde o sujeito reside em 
um espaço de ensino-aprendizagem. Em outras palavras, se a situação do 
aluno o impede de ir até a escola, a escola que vai até ele por meio da figura 
do professor. 
Ainda no cenário legislativo, a Resolução nº 2, de 11 de setembro de 2001, 
que institui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação 
Básica, trata: 
 
Art. 13. Os sistemas de ensino, mediante ação integrada com os sistemas 
de saúde, devem organizar o atendimento educacional especializado a 
alunos impossibilitados de frequentar as aulas em razão de tratamento 
de saúde que implique internação hospitalar, atendimento ambulatorial 
ou permanência prolongada em domicílio. § 1º As classes hospitalares e 
o atendimento em ambiente domiciliar devem dar continuidade ao 
processo de desenvolvimento e ao processo de aprendizagem de alunos 
matriculados em escolas da Educação Básica, contribuindo para seu 
retorno e reintegração ao grupo escolar, e desenvolver currículo 
flexibilizado com crianças, jovens e adultos não matriculados no sistema 
educacional local, facilitando seu posterior acesso à escola regular 
(BRASIL, 2001). 
A Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) 
e o Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011, que dispõe sobre a 
Educação Especial e o atendimento educacional especializado,respaldam 
ainda mais os ideais de acesso e inclusão educacional de crianças e 
adolescentes, promovendo e defendendo a criação de medidas de apoio 
individualizadas e efetivas, em espaços que maximizem o desenvolvimento do 
educando, bem como suas possibilidades de aprendizagem. 
Nesse cenário, é importante conhecer as leis que regem e possibilitam a 
existência da Pedagogia hospitalar e o atendimento pedagógico domiciliar 
para um exercício correto, que beneficie crianças e adolescentes em condições 
específicas e necessárias a esse tipo de educação. 
CONTINUE 
A pedagogia hospitalar é um modo de ensino da Educação Especial cujo objetivo é a 
ação do educador no espaço hospitalar, atendendo a crianças ou adolescentes com 
necessidades educativas especiais transitórias, ou seja, indivíduos que por motivo de 
doença necessitam de atendimento escolar diferenciado e especializado. 
É responsabilidade do hospital encontrar alternativas e métodos específicos 
que permitam aos pacientes desfrutarem de abordagens educativas 
significativas durante o tempo em que estiverem no hospital. Vale lembrar que 
a família também tem um papel significativo nesse processo. 
No atendimento pedagógico domiciliar, também considerado um modo de 
ensino da Educação Especial, é responsabilidade dos sistemas de ensino 
buscar diferentes modos para alcançar novas possibilidades e atender às 
necessidades dos alunos. O público-alvo para o atendimento pedagógico 
domiciliar são os alunos matriculados acometidos por condições e limitações 
específicas, decorrentes de comprometimentos de saúde, que impossibilitam a 
participação nas atividades curriculares na escola (BRASIL, 2002; SILVA, 
PACHECO, PINHEIRO, 2014). 
 
CONTEXTUALIZANDO 
A Educação Especial pode ser considerada todo modo de educação 
que ultrapassa espaços e visa atender necessidades específicas 
relacionadas à saúde dos alunos. Segundo o art. 58 da Lei nº 9.394, de 
20 de dezembro de 1996: “entende-se por educação especial, para os 
efeitos desta Lei, a modalidade de Educação escolar, oferecida 
preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos 
portadores de necessidades especiais”. 
Considerando que a Pedagogia hospitalar e o atendimento pedagógico 
domiciliar ultrapassam os espaços escolares e visam atender às necessidades 
dos alunos, a partir de suas condições físicas, intelectuais ou emocionais, é 
importante destacar que esses dois modos de ensino fazem parte da Educação 
Especial. 
No contexto da Pedagogia hospitalar, podemos considerar que se trata de um 
processo alternativo de educação, já que ultrapassa os métodos convencionais 
escola-aluno, visando, por meio de ações e intervenções pedagógicas, modos 
de apoiar os alunos hospitalizados que necessitam de suporte para permanecer 
em sua vida acadêmica. 
 
Ainda no âmbito da Pedagogia hospitalar, podemos considerar a 
nomenclatura classe hospitalar como a denominação do atendimento 
pedagógico-educacional que acontece em espaços de tratamento de saúde em 
circunstância de internação, ou no atendimento em hospital por dia e hospital 
por semana, ou ainda em serviços de atenção integral à saúde mental. 
Como vimos, a classe hospitalar está inserida na modalidade de Educação 
Especial por atender crianças e adolescentes considerados com necessidades 
educativas especiais devido às dificuldades no acompanhamento das 
atividades curriculares por condições de limitações específicas relacionadas à 
saúde. 
O objetivo é proporcionar o acompanhamento curricular do educando 
enquanto ele estiver hospitalizado, garantindo a manutenção do vínculo com 
as escolas por meio de um currículo flexibilizado (BRASIL, 2002). 
CONTINUE 
ABORDAGEM HISTÓRICA DA PEDAGOGIA 
HOSPITALAR NO BRASIL 
 
Os primeiros registros de intervenção escolar em ambientes hospitalares 
aconteceram, na França, por volta do ano de 1935, atendendo por volta de 80 
crianças e, posteriormente, na Alemanha e nos Estados Unidos. O 
atendimento à criança e ao adolescente hospitalizado cresceu de modo 
significativo, após a Segunda Guerra Mundial, quando em alguns países da 
Europa receberam, como consequência desse cenário, crianças mutiladas e 
com doenças contagiosas, como a tuberculose, que era muitas vezes fatal na 
época (VASCONCELOS, 2006). 
No contexto do pós-guerra, muitas crianças, devido à condição física, foram 
impedidas de irem à escola, e, com isso, uma ação coletiva foi organizada e 
conduzida por educadores e médicos que defendiam a classe hospitalar. 
Nos anos seguintes, aconteceu uma consolidação desse processo de criação da classe 
hospitalar. E surgiu, assim, o Centro Nacional de Estudos e de Formação para a Infância 
Inadaptada de Suresnes – CNEFEI, em 1939, em Paris, com a missão de formar 
professores para o trabalho em institutos especializados e em hospitais. 
Nesse mesmo ano, devido ao êxito das atuações dos profissionais com 
crianças em hospitais, criou-se o cargo de professor hospitalar junto ao 
Ministério da Educação, na França. 
Segundo Matos (2008), o CNEFEI tinha o objetivo de provar à sociedade que 
a escola não é um espaço limitado, mas o encontro do sujeito com o novo 
saber. Desse modo, a escola pode ser conduzida e representada em outros 
espaços, possibilitando ao educando acesso ao conhecimento e à 
aprendizagem. 
Diante desses dados históricos, podemos considerar que a educação nos 
hospitais em diversos países surgiu por diferentes motivos, seja para a garantia 
dos meios sociais, ou ainda como auxílio para crianças e adolescentes que 
estavam impossibilitados de ir à escola devido à sua condição física ou 
emocional e também como meio de ação e intervenção durante a internação de 
pacientes em idade escolar. 
 
No Brasil, há um percurso para a instauração da Pedagogia hospitalar, 
começando pela compreensão do que era deficiência e do que era doença. 
Historicamente, alguns autores consideram o início da Pedagogia hospitalar a 
partir da criação de hospitais, juntamente com o aumento do número de 
médicos que investiam em pesquisas e publicavam trabalhos científicos 
relacionados a pessoas com deficiências no final do século XIX e início do 
século XX. 
Esses acontecimentos contribuíram de modo significativo para a associação da 
deficiência à doença, o que favoreceu o aumento do número de crianças 
colocadas em hospitais e hospitais psiquiátricos (SOARES, 2012). 
 
As crianças e adolescentes eram inseridos em espaços em condições precárias → 
precários em diversos aspectos e não havia um pensamento voltado para inclusão por 
meio de ações ou intervenções pedagógicas. Assim, os sujeitos eram expostos a práticas 
consideradas equivocadas em relação à perspectiva atual de educação e inclusão. 
Nesse período, o objetivo não era integrar as pessoas com deficiência à 
sociedade ou à família, muito menos incluí-las, mas isolá-las dos grupos 
sociais. 
É importante considerar que, nesse período, o Brasil vivia a Primeira 
República (1889-1930) e, no contexto educacional republicano, mesmo sendo 
considerada o início da escolarização no País, as escolas foram consideradas 
um símbolo do atraso, da sujeira, da escassez, de castigos físicos, falta de 
formação especializada, sendo comparadas a pocilgas, estalagens e escolas de 
improviso (SCHUELER; MAGALDI, 2008). 
Diante dessas considerações, há diferentes pontos de vista sobre o início da 
Pedagogia hospitalar no Brasil. 
 
EXPLICANDO 
Ainda que alguns autores afirmem que a Pedagogia hospitalar surgiu, 
no Brasil, no início do século XX, com a classe hospitalar do 
Pavilhão-Escola Bourneville, do Hospital Nacional de Alienados, no 
Rio de Janeiro, podemos considerar a perspectiva de autores que 
discordam dessa ideia, compreendendo que as condições de internação 
das crianças e adolescentes eram inadequadas e não atendiam às 
necessidades educacionais da época. É válido compreender que o 
cenário era voltado para uma identidademanicomial e não permitia a 
valorização do conceito de cidadania, além da precariedade. 
Há suposições de que, a partir do contexto de espaços despreparados e sem 
estrutura, tanto física quanto pedagogicamente, foram geradas as primeiras 
provocações e atividades que proporcionaram o surgimento das 
primeiras classes hospitalares. 
Desse modo, consideraremos a linha histórica que defende que a Pedagogia 
hospitalar, no Brasil, teve início com as primeiras classes hospitalares nas 
enfermarias do Hospital Municipal Jesus, no Rio de Janeiro, na Santa Casa de 
Misericórdia de São Paulo e no Hospital Barata Ribeiro, também no Rio de 
Janeiro. 
Matos (2008) aponta que, no Brasil, a ação educativa no espaço hospitalar 
mais antiga está registrada na década de 1950, no Hospital Municipal Jesus, 
no Rio de Janeiro. O Hospital Municipal Jesus foi inaugurado em 30 de julho 
de 1935 e promoveu a primeira classe hospitalar em agosto de 1950, sob a 
liderança da professora Lecy Rittmeyer. 
 
Em 1958, o departamento de educação de anos iniciais do Rio de Janeiro 
enviou a professora Esther Lemos Zaborusky para compor a equipe do 
Hospital Municipal Jesus, onde veio contribuir com as classes hospitalares 
pelas análises e propostas de novas ações e intervenções, além do 
desenvolvimento de melhorias para as atividades realizadas com os alunos 
(MEIRA, 1971). 
É possível imaginar como deve ter sido desafiador o papel da professora Lecy 
Rittmeyer no início de uma classe hospitalar, com todo o cenário que o Brasil 
se encontrava naquele momento histórico. 
Nessa época, o Hospital Barata Ribeiro, também no Rio de Janeiro, possuía 
instalações escolares. Entretanto, o Hospital Barata Ribeiro e o Hospital 
Municipal Jesus não sabiam da existência um do outro. Em 1960, quando as 
professoras Lecy Rittmeyer e Marly Fróes Peixoto se conheceram, foi 
possível unificar o trabalho e, assim, regulamentá-lo (MEIRA, 1971). 
Com o passar dos anos, a classe hospitalar como modalidade de atendimento 
educacional cresceu e se estabeleceu com o objetivo de lutar pelo direito à educação 
para todos. Outro objetivo que contribuiu para a classe hospitalar foi a busca da 
humanização no atendimento. 
Em 1961, o Setor de Assistência Educacional Hospitalar foi extinto e criou-se 
o Setor de Ensino Especial e Supletivo. Nesse momento, foi oficializado 
definitivamente a Educação dos Excepcionais, pela LDB e pela Constituição 
do Estado da Guanabara (BRASIL, 1961). 
 
Era um momento histórico marcante, que futuramente contribuiria para novas 
mudanças no cenário da Educação Especial e da classe hospitalar. 
 
Diretrizes e Bases da Educação Federal 4.024, de 20 de dezembro de 1961. 
Título X. Da Educação do Excepcional: Art. 88. A educação de 
excepcionais, deve, no que for possível, enquadrar-se no sistema geral de 
educação, a fim de integrá-los na comunidade. Art. 89. Toda iniciativa 
privada considerada eficiente pelos conselhos estaduais de educação, e 
relativa à educação de excepcionais, receberá dos poderes públicos 
tratamento especial mediante bolsas de estudo, empréstimos e subvenções 
(BRASIL, 1961, p. 01). 
 
Constituição do Estado da Guanabara 27-03-1961. Capítulo II: Da 
Educação e Cultura: Artigo 60: A Educação dos Excepcionais será objeto 
de especial cuidado e amparo do Estado, assegurada ao Deficiente a 
assistência educacional, domiciliar e hospitalar (BRASIL, 1961, p. 01). 
A partir da configuração legislativa da classe hospitalar, importantes passos 
foram alcançados nesse novo processo educacional. De fato, as iniciativas 
tomadas pelos membros da classe hospitalar do Hospital Municipal Jesus 
foram de extrema relevância para o surgimento de novas classes hospitalares 
em todo o Brasil. 
Vale considerar que, na atualidade, um número expressivo de alunos requer 
esses direitos e, portanto, essa configuração legislativa da classe hospitalar se 
faz tão relevante. O Gráfico 1 apresenta o número de matrículas com aulas em 
hospitais de 2013 a 2017, no Brasil, de acordo com os microdados do Inep 
(Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), 
publicados em 2018. 
 
Gráfico 1. Matrículas com aulas em hospitais, no Brasil, de 2013 a 2017. Fonte: JULIÃO; 
FERREIRA, 2018. (Adaptado). 
CONTINUE 
No contexto histórico brasileiro, em termos legislativos de direitos, a Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Federal, de 20 de dezembro de 1961, em seu título X, no que se 
refere à educação de excepcionais, pode ser considerada um ponto de partida para a 
compreensão dos caminhos que a Pedagogia hospitalar vai tomando. 
Segundo Araújo e Rodrigues (2020), outras leis também contribuíram para 
esse processo, tais como: o Decreto-lei nº 1.044/69, acerca do tratamento 
excepcional para os estudantes que têm afecções, com atendimento domiciliar; 
e o Decreto nº 72.425, de 03 de julho de 1973, em que foi criado o Centro 
Nacional de Educação Especial (CENESP) com a finalidade de promover a 
expansão e melhoria do atendimento aos excepcionais. 
Assim, é possível perceber que a classe hospitalar, no Brasil, foi se 
consolidando paralelamente ao ensino especial. Um exemplo disso é a criação 
do CENESP, que foi resultado da política de educação e envolvimento de 
diferentes entidades, assim como determinações de órgãos internacionais 
(ARAÚJO; RODRIGUES, 2020). 
 
A Política Nacional da Educação Especial (MEC/SEESP, 1994) é considerada 
um marco específico e histórico na Pedagogia hospitalar, que descreve o 
atendimento pedagógico-educacional para crianças e adolescentes 
hospitalizados. Em 2010, obteve-se um reforço, por meio da Secretaria de 
Educação Especial, através de um documento intitulado Marcos Político-
Legais da Educação Especial na Perspectiva da Educação 
Inclusiva (BRASIL, 2010, p. 25). 
É notório que, por meio desses documentos legais, o atendimento pedagógico 
hospitalar e o atendimento pedagógico domiciliar passaram a fazer parte da 
Educação Especial no Brasil, garantindo o acesso à Educação Básica e à 
atenção às necessidades educacionais especiais. 
Compreender o atendimento pedagógico domiciliar (APD) como direito necessário e 
indispensável é atentar-se para legislações que auxiliam na construção de sua identidade 
e execução. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente conduz a atenção à criança e ao 
adolescente, garantindo-lhes desenvolvimento pleno em todos os aspectos que 
perpassam a sua vida, incluindo situações que afetam seu estado físico e sua 
saúde. 
A criança e o adolescente devem desfrutar de todos os direitos fundamentais 
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata essa 
lei, assegurando-lhes todas as oportunidades e acessibilidades, visando seu 
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de 
liberdade e dignidade. 
 
A Lei de Diretrizes e Bases Nacionais nº 9.394, de 20 de dezembro de 
1996, traz detalhamento a este respeito, atribuindo “ao poder público a 
responsabilidade de garantir o direito à educação e criar formas alternativas 
de acesso aos diferentes níveis de ensino” (art. 5º, § 5º), e expressa no Art. 
23, que deve “organizar-se de diferentes formas para garantir o processo de 
aprendizagem”. Ainda, a mesma Lei define que para os alunos com 
necessidades educacionais especiais os sistemas de ensino deverão 
assegurar currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organizações 
específicas para atender às suas necessidades (Capítulo V, art. 58) 
(BARBOSA, 2009, p. 5403). 
Segundo Brandão (2011, p. 5259), a Declaração de Salamanca 
 
sobre princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas 
especiais apresenta os direitos fundamentais à educação do aluno com 
necessidades educacionais especiais e destaca que a toda criança deve ser 
dada a oportunidade de atingir e manter seu nível adequado de 
aprendizagem, que os sistemas de educação devem designare implementar 
programas levando em conta a vasta diversidade de características e 
necessidades de seus alunos e aqueles com necessidades educacionais 
especiais devem ter acesso à escola regular que atenda suas necessidades 
específicas. 
O Quadro 1 destaca as principais leis que garantem o serviço educacional de 
atendimento escolar ao aluno com limitações por motivo de doença que o 
impossibilita frequentar a escola, no Brasil. 
 
Quadro 1. Leis que respaldam o atendimento pedagógico domiciliar e a classe hospitalar, no 
Brasil. Fonte: BRANDÃO, 2011, p. 5259-5260. (Adaptado). 
O atendimento educacional domiciliar é muito importante, já que proporciona 
ao aluno a inserção em um sistema de ensino, contribuindo com os processos 
de desenvolvimento e aprendizagem. 
O professor se torna o mediador em diferentes aspectos, pois além de 
contribuir para o desenvolvimento intelectual, auxilia na apropriação dos 
conteúdos das disciplinas da série a que o aluno pertence, contribuindo 
também para sua saúde emocional. A realidade, muitas vezes, contribui para 
que o aluno desenvolva estresse, causado pela situação da doença. 
As ações do professor podem oferecer oportunidades educacionais para que o 
aluno, mesmo em situação de doença, ocupe seu tempo com atividades 
semelhantes às atividades realizadas por seus colegas em sala de aula. Essas 
intervenções pedagógicas podem favorecer a recuperação da saúde do aluno, 
devido aos efeitos positivos que geram repercussões emocionais. 
A partir de um planejamento educacional baseado em uma visão de currículo 
flexível e adaptado, o professor organiza e realiza ações e intervenções 
pedagógicas visando promover ao aluno uma aprendizagem significativa 
dentro de sua realidade. 
 
CONTINUE 
Quando nos remetemos ao conceito de ética, em qualquer ambiente, sempre 
esperamos que se configure por meio de uma série de regras a serem 
cumpridas. Todavia, se tratando da Educação, do exercício do educador como 
aquele que lida com o conhecimento e com as diferentes questões 
relacionadas à formação de indivíduos, a ética vai além de regras e métodos 
para uma boa conduta. 
O Quadro 2 destaca as reflexões sobre Educação dos mais tradicionais 
teóricos da Pedagogia no mundo. 
 
Quadro 2. Reflexões sobre a Educação dos mais renomados teóricos do mundo. Fonte: MELLO; 
ALMEIDA NETO; PETRILLO, 2020, n.p. (Adaptado). 
É importante que o pedagogo se atente para que o ato de educar não se limite 
apenas a transmitir o conhecimento, mas que seja um processo de intervenção 
e mediação da relação entre o sujeito, o mundo, o conhecimento e o processo 
de aprendizagem. 
Formar um indivíduo ultrapassa transmitir conhecimentos. E essa perspectiva 
também alcança as atribuições do pedagogo no ambiente hospitalar. 
A intenção é produzir humanização, humanismo ou iniciar um processo de 
tornar aquele educando “humano”. 
 
É um humanismo que, pretendendo verdadeiramente a humanização dos 
homens, rejeita toda forma de manipulação, na medida em que esta 
contradiz sua libertação. Humanismo, que vendo os homens no mundo, no 
tempo, “mergulhados” na realidade, só é verdadeiro enquanto se dá a ação 
transformadora das estruturas em que eles se encontram “coisificados”. 
Humanismo que, recusando tanto o desespero quanto o otimismo ingênuo, 
é, por isto, esperançosamente crítico. E sua esperança crítica repousa numa 
crença também crítica: a crença em que os homens podem fazer e refazer as 
coisas; podem transformar o mundo. Crença em que, fazendo e refazendo 
as coisas e transformando o mundo, os homens podem superar a situação 
em que estão sendo um quase não ser e passar a ser um estar sendo em 
busca do ser mais (FREIRE, 2002, p. 73-74). 
Desse modo, a ação do pedagogo enquanto educador nos mais diferentes 
espaços precisa ressignificar sempre a sua identidade quanto à ética de exercer 
o seu papel na sociedade e, principalmente, na individualidade dos sujeitos. 
A atuação do pedagogo no ambiente hospitalar pede, talvez, uma ética mais 
“humana” do que nos outros espaços. 
As atribuições do pedagogo se caracterizam diretamente pelo espaço em que 
atua. Assim como em todas as atribuições e exercício da profissão, a ética é 
uma característica muito importante para o exercício da função. 
Espera-se que, além de mediador, condutor ao conhecimento ou ainda tantas 
outras identidades que um professor possa ter, no contexto hospitalar, ele 
esteja voltado para ações humanizadas visando a socialização. A classe 
hospitalar precisa de profissionais que atuem na perspectiva de atender a 
crianças e adolescentes em diferentes estados, seja física, emocional ou 
psiquicamente. 
 
Além das ações e intervenções pedagógicas, é necessário que o pedagogo 
compreenda que o espaço hospitalar exige posturas e atitudes específicas em 
relação aos educandos. Devido à possibilidade de situações que podem 
ocorrer com o aluno, os profissionais que o acompanham devem estar atentos 
às necessidades de momentos específicos. 
Nesse contexto, Fonseca (2008) aponta a importância que se deve atribuir às 
necessidades educacionais em um contexto hospitalar, considerando a interrupção do 
processo educativo que ocorre na escola. Destaca ainda que a criança hospitalizada não 
apresenta um desenvolvimento diferente daquela que está frequentando a escola. 
Assim, partindo do princípio da realidade de cada educando em sua condição 
física, emocional ou psíquica, o pedagogo deve se atentar para a capacidade 
individual, sem negar as limitações de cada um. 
 
O pedagogo não deve atuar sozinho no contexto hospitalar, pois, assim como 
em outros espaços, presume-se que uma equipe esteja dando suporte e 
contribuindo para as ações necessárias, além da equipe médica que deve 
atualizar o estado de saúde do educando com frequência. Aliás, é de extrema 
importância que o pedagogo acompanhe o estado do aluno enquanto paciente, 
já que o planejamento para as práticas pedagógicas adotadas deve estar 
adequado à realidade do estado de saúde do educando. 
Portanto, devem ser apresentadas atividades pedagógicas que se adequem ao 
contexto escolar de cada educando, além de colaborar para condições de 
aprendizagem significativas. 
CONTINUE 
O PERFIL DO PEDAGOGO HOSPITALAR: 
ATRIBUIÇÕES E CONCEITOS DA ATUAÇÃO 
 
O pedagogo que atua na classe hospitalar ou ainda no atendimento pedagógico 
domiciliar deve estar atento para lidar com questões específicas de cada 
criança ou adolescente em diferentes realidades de saúde. 
Desse modo, é necessário criar as estratégias pedagógicas adequadas às 
necessidades e possibilidades dos educandos, assim como um modo de 
proporcionar condições voltadas a um processo de ensino-aprendizagem de 
qualidade. 
 
O professor da escola hospitalar é, antes de tudo, um mediador das 
interações da criança com o ambiente hospitalar. Por isso, não lhe deve 
faltar, além de sólido conhecimento das especialidades da área de educação, 
noções sobre as técnicas e terapêuticas que fazem parte da rotina da 
enfermaria, e sobre as doenças que acometem seus alunos e os problemas 
(mesmo os emocionais) delas decorrentes, tanto para as crianças como 
também para os familiares e para as perspectivas de vida fora do hospital 
(FONSECA, 2008, p. 29). 
O pedagogo hospitalar se depara com a realidade de pessoas que tiveram seus 
sonhos e projetos interrompidos, mesmo que temporariamente, devido ao 
surgimento de uma doença que impede que a criança ou adolescente frequente 
a escola, afetando o seu desenvolvimento psicológico, escolar e social. 
Portanto, é papel do pedagogo, juntamente com a equipe multidisciplinar 
hospitalar, tentar minimizar o sofrimento do paciente-educando por meio do 
ensino. Quando a criança hospitalizada puder retornar à sua rotina e vida 
normais, não estará em desvantagem ou “atrasada” em relação aos demais 
alunos de sua sala de aula. Sem dúvida, é um trabalho desafiador, masao 
mesmo tempo satisfatório, pois proporciona à criança e seus familiares a 
possibilidade de continuar a planejar, idealizar projetos e sonhos 
interrompidos durante o período de hospitalização. Não são só intervenções 
pedagógicas ou ações estratégicas no hospital, mas uma nova possibilidade de 
alcançar sonhos e projetos construídos (FREIRE, 2014, p. 141). 
A sensibilidade e a humanização no ambiente hospitalar fazem parte das 
práticas pedagógicas realizadas pelo pedagogo que atua nessa área da 
Educação. O acompanhamento do educando, além do diálogo com a família 
do mesmo, são exemplos de ações que exigem do profissional uma postura 
humanizada e sensível à realidade de cada aluno. 
 
Outra responsabilidade do professor da classe hospitalar é manter contato com 
o professor da escola de origem do aluno, isso se o educando já estiver 
matriculado em uma instituição educacional. O objetivo é dar continuidade ao 
cronograma curricular adotado pela sua escola, além de manter o professor do 
ensino regular informado sobre o trabalho realizado com o aluno na classe 
hospitalar, inclusive sobre o seu desenvolvimento (FONSECA, 2008). 
Também é importante ressaltar que o pedagogo que atua nos espaços 
hospitalares deve buscar ter uma boa comunicação com os profissionais de 
saúde, principalmente com aqueles que atuam diretamente com os seus 
alunos. 
Ainda sobre o perfil do pedagogo hospitalar, Fonseca (2008) aponta algumas 
características importantes sobre sua atuação: 
 
O perfil pedagógico-educacional do professor deve adequar-se à realidade 
hospitalar na qual transita, ressaltando as potencialidades do aluno e 
auxiliando-o no encontro com a vida que, apesar da doença, ainda pulsa 
dentro da criança com força suficiente para ser percebida. Em outras 
palavras, o professor contribui para o aperfeiçoamento da assistência de 
saúde, de maneira a tornar a experiência da hospitalização, ainda que 
sempre indesejável, um acontecimento com significado para as crianças que 
dela necessitam (FONSECA, 2008, p. 37). 
Os desafios do dia a dia no hospital são diversos. Além das questões 
relacionadas à saúde do educando, o pedagogo hospitalar também precisa 
estar atento à dinâmica dos dias, porque em um dia, muita coisa pode mudar. 
Diagnósticos, acompanhamento e rotina. Além da família do educando, que 
também possui extrema importância nesse processo. 
Diante de tantas características em uma rotina hospitalar, o pedagogo deve 
sempre se lembrar do seu papel ali: ele não é médico, mas precisa, sim, saber 
e acompanhar o estado de saúde dos alunos enquanto pacientes e a partir dessa 
realidade, desenvolver suas ações e práticas pedagógicas. 
 
Ainda precisamos nos lembrar dos fatores que podem ocorrer com os alunos 
pacientes: abatimento, depressão, síndromes diversas, devido à situação de 
saúde. Nesse momento, o acompanhamento de profissionais que atuam na 
área pedagógica também é muito importante. Entretanto, deve-se estar sempre 
atento, pois o pedagogo hospitalar não deve atuar sozinho em suas práticas. 
CONTINUE 
A PRÁTICA PEDAGÓGICA EM AMBIENTES 
HOSPITALARES 
 
A prática pedagógica no ambiente hospitalar é caracterizada por Souza (2009, p. 69) 
como uma “prática educativa analisada reflexivamente, teorizada e realizada pelo 
coletivo institucional”, denominada por ele de práxis pedagógica. 
Nessa perspectiva, no âmbito hospitalar, a prática pedagógica sugere uma 
análise baseada nas condições psicológicas e emocionais que o educando está. 
Essas condições não devem ser trabalhadas de modo isolado, mas em conjunto 
com profissionais da equipe multidisciplinar do hospital que podem contribuir 
apresentando informações importantes sobre o estado de saúde do paciente. 
Tais informações contribuem de modo significativo para que o pedagogo 
chegue a conclusões sobre as práticas que podem ser aplicadas para estimular 
e desenvolver a aprendizagem e a interação social, de modo individualizado 
para cada aluno. 
Assim, é responsabilidade do pedagogo atender às necessidades educacionais 
dos alunos no ambiente hospitalar, estabelecendo uma relação contínua ao 
aprendizado e ao ensino obtidos na unidade de ensino em que está 
matriculado, mas sem padronizações ou demarcações acerca dos objetivos que 
devem ser alcançados, mas com o planejamento adequado para suprir as 
especificidades de cada aluno a partir de sua realidade. 
A inserção do pedagogo nos ambientes hospitalares, no quadro de 
funcionários do hospital, não beneficia somente a criança e o adolescente 
hospitalizado ou as famílias, mas também o ambiente hospitalar como um 
todo, para o processo de humanização desses espaços (Figura 1). 
 
Figura 1. Professora e paciente nos corredores do Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Rio de 
Janeiro, nas comemorações de Páscoa. Fonte: JULIÃO; FERREIRA, 2018. 
As práticas pedagógicas devem buscar uma execução flexível para suprir as 
situações cognitivas nos alunos no ambiente hospitalar, levando em 
consideração questões psicológicas, físicas e emocionais que a criança ou 
adolescente apresente. 
O pedagogo hospitalar deve buscar conhecimentos sobre como a educação 
pode estar inserida nos hospitais e como as práticas pedagógicas são 
específicas nos espaços hospitalares, já que procura evitar uma atuação 
educacional padronizada que se limita a aplicação de práticas e métodos 
escolarizados e passa a considerar as especificidades presentes em seus alunos 
e o ambiente em que se encontram. Essas questões são fatores fundamentais 
pela busca da inovação e constante qualificação pedagógica, um empenho que 
vai além da formação acadêmica, o que permite desenvolver uma identidade 
da prática profissional humanizada. 
Uma prática pedagógica humanizada depende de diferentes fatores para se 
consolidar. Não diz respeito somente a acompanhar o aluno de perto e 
considerar as falas familiares, mas vai além dessas questões. Sabemos que não 
há um modelo pronto de atuação, com ações e intervenções perfeitas. 
Contudo, é possível alcançar esse objetivo por meio da sensibilidade de 
percepção em reconhecer e valorizar os diferentes aspectos, nas esferas social, 
psicológica, cultural e cognitiva que fazem parte do indivíduo como um todo. 
 
O pedagogo em sua prática pedagógica hospitalar, além de planejar suas ações 
e intervenções de modo diferenciado ao que é desenvolvido nas escolas, tem a 
necessidade de compreender sua atuação por meio da reflexão e da criticidade 
sobre a sua identidade profissional, o que sugere que ele está em constante 
formação ainda que atue na formação de indivíduos. 
O olhar crítico diante das práticas realizadas faz toda a diferença. Uma prática 
significativa envolve reflexão e processos. O diálogo também contribui para a 
construção de uma prática pedagógica significativa, em que diferentes pontos 
de vista são considerados e contribuem para melhorias e aperfeiçoamento das 
práticas. 
A realidade hospitalar é bem diferente dos demais espaços, uma vez que diferentes 
fatores interferem no processo ensino-aprendizagem, e o pedagogo hospitalar precisa 
compreender que esses fatores podem alterar o planejamento, as ações e intervenções 
com os educandos. 
Com isso, é necessário que cada ação e intervenção pedagógica possua 
flexibilidade e compreenda o estado do educando naquele momento. 
 
Ainda que o aluno tenha alguma melhora em seu estado de saúde, imprevistos 
aconteçam ou por algum motivo retroceda em sua recuperação, é necessário 
que o pedagogo hospitalar tenha na manga intervenções pedagógicas 
adequadas. 
CONTINUE 
Aspectos e características no espaço 
hospitalar e na orientação à família 
Seção 4 de 4 
 
Como vimos, a realidade de um ambiente hospitalar traz características que influenciam 
diretamente nas atribuições do pedagogo que atua nesse espaço. As especificidades do 
espaço hospitalar interferem, principalmente, na prática pedagógica que deveser 
desenvolvida. 
Quando pensamos em um espaço escolar, o que normalmente vem à nossa 
mente? Crianças correndo, ambiente com barulhos diversos, movimento, 
cores. Mas e em um espaço hospitalar? Quais memórias você tem de um 
espaço hospitalar? Geralmente, um ambiente silencioso, com pessoas falando 
baixo e cores claras. 
A grande questão é: como fazer de um espaço hospitalar, um espaço para 
aprendizagem, recreação, ações e intervenções pedagógicas? Como 
proporcionar às crianças e adolescentes experiências de aprendizagem em um 
ambiente tão característico, como um hospital? A resposta está exatamente na 
prática pedagógica adotada e na forma que o educador conduzirá os processos 
educacionais. 
De modo geral, as pessoas não possuem boas lembranças de um hospital, seja 
pela situação própria ou pela realidade de um familiar ou amigo. Quando 
pensamos na aprendizagem, geralmente, temos boas memórias de práticas 
pedagógicas vividas na infância. Como fazer do ambiente hospitalar um 
ambiente propício para práticas pedagógicas que contribuam para o processo 
de ensino-aprendizagem e ainda consolidem boas memórias aos educandos? 
 
Há exemplos práticos que podem ser adotados pelo pedagogo no ambiente 
hospitalar e contribuir para uma rotina com resultados positivos para o 
educando e sua família. Lembrando que não há padronização para educandos 
que estão vivendo em uma realidade específica. 
Cada indivíduo possui a sua situação, o seu diagnóstico e cada prática 
pedagógica deve ser adequada para tal (Figura 2). 
 
Figura 2. Professora e aluno/paciente em classe hospitalar. Fonte: MANCINI, 2019. 
Um exemplo de um trabalho de relevância para a rotina escolar e atendimento 
pedagógico em um ambiente hospitalar ou domiciliar é o registro diário das 
impressões e observações do desempenho dos educandos. Registrar atitudes, 
receptividade e interesse durante as atividades propostas é um modo que 
contribui para se pensar, repensar e ressignificar a prática docente, buscando 
melhorar, adequar, dar continuidade ou excluir estratégias de ensino-
aprendizagem utilizadas (FONSECA, 2008). 
Sobre avaliação na realidade hospitalar ou domiciliar, é importante destacar 
que deve acontecer gradativamente. Por meio das observações do dia a dia, 
diante das práticas pedagógicas adotadas e a partir das atividades realizadas e 
como foram realizadas, é possível perceber como o educando está lidando 
com as intervenções feitas. Desse modo, pode-se identificar as dificuldades, 
os alcances e as práticas mais adequadas à realidade de cada aluno. 
 
Ainda que os educandos, sejam eles crianças ou adolescentes, estejam 
inseridos em ambiente hospitalar ou carentes de atendimento domiciliar, é 
válido lembrar que as características da aprendizagem dessas faixas etárias 
ainda devem ser consideradas. Considera-se ainda que o meio social em que 
estão inseridos influenciam diretamente em como aprendem. 
CONTINUE 
O PEDAGOGO HOSPITALAR E A FAMÍLIA DO 
EDUCANDO 
 
Um dos aspectos no trabalho do pedagogo hospitalar que merece destaque diz 
respeito ao trabalho social junto aos familiares da criança ou adolescente 
hospitalizado ou sob atendimento domiciliar. 
Diante da fragilidade dos familiares dos educandos pela realidade do estado 
de saúde dos mesmos, é importante que a prática pedagógica também os 
envolva, para que, de algum modo, acompanhem o desenvolvimento do aluno 
e façam parte desse processo educacional. 
A família tem um papel fundamental na formação do sujeito socialmente; na 
realidade dos educandos em espaço hospitalar, também não é diferente. Uma 
família presente faz toda diferença nesse processo e a proximidade com o 
educador é de extrema importância. 
O trabalho social com os familiares consiste em prestar conforto, auxiliando 
os mesmos de modo ético, a compreender o estado de saúde da criança, 
estreitando a relação dos familiares com os profissionais de saúde. 
É importante orientar os familiares a não terem receio de procurar esses profissionais 
quando houver dúvidas ou para obter informações sobre o estado de saúde da criança ou 
adolescente. 
O pedagogo como agente social também tem o papel de orientar os familiares 
do educando hospitalizado a buscar assistência junto ao departamento 
de serviço social do hospital, caso haja alguma dificuldade, por estar afastado 
de suas atividades profissionais, considerando que pode ser o acompanhante 
do menor hospitalizado, ou por ainda não ter feito o registro de nascimento, 
por exemplo, no caso de recém-nascidos hospitalizados. 
Mais um exemplo de atribuição do pedagogo hospitalar é nortear os familiares 
a procurar pelo serviço de saúde mental do hospital com o objetivo de expor 
seus sentimentos ou questionamentos acerca do educando hospitalizado. 
 
É importante que os familiares expressem suas aflições ou dificuldades e 
saibam lidar com a situação vivida pelo estado de saúde do educando, ou com 
o conhecimento de que a doença pode deixar sequelas ou limitações na vida 
da criança ou adolescente. Sem dúvidas, essas notícias no ambiente hospitalar 
podem causar abalos emocionais nas famílias diante de uma nova realidade 
(FONSECA, 2008). 
Existem ações e intervenções pedagógicas que a família pode compartilhar e, 
de fato, muitas vezes é necessário que a família saiba como participar. Para 
isso, é importante que sejam aproximados e reconhecidos no contexto do 
processo educacional do educando. Em geral, a família não se reconhece 
como participante no processo ensino-aprendizagem e precisa ser conduzida a 
uma nova ótica acerca de sua própria identidade na vida do educando. 
 
O pedagogo pode contribuir nesse processo por meio de conversas 
intencionais e levantamento de informações sobre o perfil familiar, em que 
por meio das informações levantadas, ações estratégicas podem ser tomadas e, 
assim, possam contribuir para que a família se perceba no processo 
educacional. 
CONTINUE 
AÇÕES E INTERVENÇÕES DO PEDAGOGO NO 
ESPAÇO HOSPITALAR 
De acordo com inúmeros estudos de natureza científica, o brincar é 
extremamente importante para o desenvolvimento da criança. Os aspectos 
motor, emocional, social, psicológico e cognitivo são influenciados 
diretamente pelo que é lúdico. O desafio contido nas situações de brincadeira 
desenvolve o funcionamento do pensamento e leva a criança a alcançar etapas 
de desempenho que só essas ações conseguem. O Quadro 3 resume a 
relevância do brincar. 
 
Quadro 3. Porque brincar é importante. Fonte: CUNHA, 1994, p. 11 apud SILVA; FARAGO, 
2014, p.177-178. (Adaptado). 
Diante desse valor das brincadeiras, sejam elas nos mais diferentes espaços, 
como condição agregadora para o conhecimento, espaços específicos foram 
designados para o exercício das brincadeiras nos espaços hospitalares: as 
brinquedotecas. 
A definição de brinquedoteca se dá, segundo Cunha (1994, p. 
13 apud SILVA; FARAGO, 2014, p. 178), como “um espaço onde as crianças 
(e os adultos) vão para brincar livremente, com todo o estímulo à 
manifestação de suas potencialidades e necessidades lúdicas”. 
Assim, a brinquedoteca (Figura 3) pode ser considerada um ambiente que visa 
a diversão, e onde se brinca mesmo sem brinquedos, desde que o objetivo seja 
o estímulo de brincadeiras com o foco no desenvolvimento da criança em seus 
diferentes âmbitos. 
 
Figura 3. Brinquedoteca do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Fonte: Hospital 
Israelita Albert Einstein. Acesso em: 01/04/2021. 
Nessa perspectiva, o pedagogo hospitalar também é responsável por 
desenvolver atividades lúdicas com os educandos. Tais ações e intervenções 
pedagógicas de perfil lúdico visam minimizar ou controlar a ansiedade, a 
angústia e o temor, sentimentos que surgem nas crianças e adolescentes nos 
leitos dos hospitais, principalmente em crianças menores, diante da nova 
situação imposta pela doença. 
Muitas vezes, a realidade hospitalar assusta as criançase adolescentes devido 
à alteração de sua rotina, privando-os do convívio familiar, social e escolar. 
As ações lúdico-pedagógicas, de acordo com alguns estudos, refletem até na 
recuperação clínica do educando em internação. 
Em geral, a equipe pedagógica que atua no contexto hospitalar conta com a colaboração 
de um coordenador que organiza as propostas das práticas pedagógicas a serem 
desenvolvidas na classe hospitalar e no atendimento pedagógico domiciliar, além de 
orientar e dar assistência aos professores que atuam nesses espaços (BRASIL, 2002). 
Sobre as ações e práticas realizadas junto aos educandos, podemos citar além 
do espaço da brinquedoteca, a contação de histórias, as atividades adaptadas 
à realidade do aluno, entre outras. Vale lembrar que um dos grandes desafios 
do pedagogo hospitalar é transformar o espaço hospitalar em um ambiente 
agradável para a aprendizagem. 
 
DICA 
Você já parou para pensar no valor das práticas pedagógicas no 
espaço hospitalar? Sobre a contação de histórias, há ações e 
intervenções a partir de histórias, que podem contribuir 
significativamente para a escolarização nesses espaços. Considere a 
leitura do artigo Pedagogia hospitalar: intervenções na unidade 
pediátrica a partir da contação de histórias, que traz uma abordagem 
sobre essa prática. 
CLIQUE AQUI 
Precisamos lembrar que crianças e adolescentes que estão em um leito de 
hospital ou necessitam de atendimento pedagógico domiciliar possuem 
características similares aos demais sujeitos da faixa etária. As crianças 
precisam brincar e, considerando o ambiente hospitalar, entende-se que por 
estarem em uma rotina diferente da comum, precisam mais do que nunca do 
lúdico. 
Sobre isso, Fontes (2005, p. 17) afirma que a criança hospitalizada continua 
sendo criança e precisa ser tratada como tal, em sua rotina, com ações e 
intervenções destinadas a ela. 
O pedagogo hospitalar possui grandes desafios em sua rotina, seja em um 
ambiente hospitalar ou em um atendimento pedagógico domiciliar, destacando 
que as etapas de recuperação podem ser acompanhadas de práticas 
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/sem/v39n1/a05.pdf
pedagógicas que contribuam positivamente para o bem-estar e melhora desses 
educandos. 
 
CONTINUE 
SINTETIZANDO 
 
Nesta unidade, vimos que a pedagogia hospitalar possui um histórico que nos 
mostra o quanto o seu início contribui para a vida de muitas crianças e 
adolescentes. Ao longo dos anos, em meio a condições muitas vezes não 
adequadas, a pedagogia hospitalar se estabeleceu e, atualmente, alcança 
milhares de educandos nos mais diferentes espaços hospitalares e também por 
meio do atendimento pedagógico hospitalar. 
Além disso, vimos que pedagogo hospitalar, como profissional que atua em 
ambientes hospitalares, deve estar atento à equipe que acompanha o educando 
para obter informações sobre o estado de saúde do mesmo. As ações e 
intervenções do pedagogo devem se adequar à realidade do aluno e 
possibilitar ao mesmo uma participação efetiva, respeitando suas limitações. 
Abordamos ainda que família do educando internado em um ambiente 
hospitalar ou carente de atendimento pedagógico domiciliar tem papel 
fundamental em sua recuperação. O pedagogo hospitalar tem o objetivo de 
aproximar a família da equipe médica que acompanha o educando, além de 
promover a participação dessa família no processo educacional da criança ou 
adolescente. 
Por fim, destacamos que as práticas pedagógicas na Pedagogia hospitalar 
possuem características próprias que devem atender à realidade do educando, 
além de promover contribuições para o desenvolvimento de crianças e 
adolescentes. O bem-estar em meio a uma realidade adversa também faz parte 
dos objetivos da prática pedagógica hospitalar. 
CONTINUE

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