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História da Arquitetura Brasileira Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Franklin Roberto Ferreira de Paula Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin A Contemporaneidade na Arquitetura Brasileira • Introdução; • Andrade Morettin Arquitetos; • Spadoni e Associados Arquitetura; • FGMF. • Apresentar a produção arquitetônica contemporânea brasileira e as refl exões sobre o exercício da profi ssão nas últimas décadas. OBJETIVO DE APRENDIZADO A Contemporaneidade na Arquitetura Brasileira Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE A Contemporaneidade na Arquitetura Brasileira Introdução Diferentemente das outras três Unidades desta Disciplina, esta Unidade, em es- pecífico, assume caráter distinto do abordado anteriormente. Enquanto as demais unidades possuem abordagem mais histórica, a presente Unidade se propõe a re- alizar um retrato da produção arquitetônica das últimas duas décadas por meio da análise de projetos renomados. A dificuldade de tal proposta se dá na definição de critérios para a escolha de escritórios que possam retratar o panorama contemporâneo, não obstante, a escassez de biografia, no que tange à apreensão e à análise crítica do panorama arquitetônico nacional recente, também obstaculiza a compreensão das estratégias projetuais adotadas por esses escritórios. Outro fator que fragiliza essa discussão é a falta de uma teoria ou de teorias que munam a produção contemporânea nacio- nal, com o objetivo de proporcionar revisões críticas daquilo que tem sido realizado. Dessa forma, a seleção e a apresentação de propostas de alguns escritórios, não mais importantes do que aqueles que não são estudados aqui, torna-se necessária, urgente, como forma de mapeamento de uma produção recente. Dentre uma extensa lista de Escritórios cuja produção se inicia nas décadas de 1980 e 1990 e tem contribuído para a construção de uma arquitetura crítica e de uma paisagem urbana contemporânea mais coerente com as dinâmicas sociais da atualidade, são sugeridos três coletivos atuantes nacional e internacionalmente. ANDRADE MORETTIN Rocco Vidal Triptyque B.K. 23 sulSpadoni AASPBR Alan Chu Metro Arquitetos AssociadosNúcleo de Arquitetura Brasil Arquitetura Aplacas Estudio America MMBB Piratininga Nitsche AR FGMF Arquitetos entre arquitetos UNA Loeb Capote Usina Bacco Bernardes Jacobsen Projeto Paulista Grupo SP Konigsberger Vannucchi Figura 1 – Nuvem com os nomes de alguns escritórios nacionais de Arquitetura 8 9 Entre os escritórios e obras elencadas estão: Andrade Morettin, Casa P. A., Casa R. R., Casa O. Z., FGMF, Projeto Viver, Escola Pública; Spadonie Associa- dos Arquitetura, Plano-diretor campus Mackenzie e Edifício Modesto Carvalhosa, Centro Paula Souza e ETEC Santa Ifigênia, Escola 20x20. Andrade Morettin Arquitetos Tendo como sócios Vinícius Andrade e Marcelo Morettin há mais de duas déca- das, o Andrade Morettin Arquitetos é um dos mais jovens e conceituados Escritó- rios de Arquitetura do país. Ao longo dessa jornada, o coletivo é responsável pela proposição de uma série de projetos, que vão desde a pequena até a grande escala, passando por projetos residenciais, até planos urbanos. Um dos resultados desse envolvimento com a produção arquitetônica e, parale- lamente, com a pesquisa e ensino é a concepção de uma arquitetura bastante sólida e reconhecida em nível internacional, por meio de concursos e de publicações. Uma das características da obra do escritório que se sobressai é o emprego de ma- teriais pré-fabricados, em específico, os componentes metálicos e também em ma- deira, como nos projetos do Living Steel e do Centro de Informações do Comperj e também em algumas residências unifamiliares, entre elas, a Casa R. R. (2007), na praia de Itamambuca, no município de Ubatuba, litoral norte de São Paulo, a Casa P. A. (1998), em Carapicuíba, e a Casa O. Z. (2013), em São Roque, interior paulista. Entre os programas de uso institucional e comercial, os projetos que podem ser destacados são o Instituto de Pesquisas Santa Casa (2009-12), um volume de pro- porções modestas e com revestimento em chapa metálica perfurada que neutraliza a composição numa condição bastante caótica por estar situada na margem do Elevado João Goulart, o Minhocão. O escritório também é responsável pela proposta para a nova sede da CAF (2008) em Caracas, na Venezuela, concurso internacional que lhes rendeu o se- gundo prêmio. Esse edifício tem como sítio uma praça de proporções longitudinais que abriga uma estação de metrô. Como alternativa para resolver o programa de necessidades, os arquitetos propõem a verticalização do objeto de modo que o empilhamento das lajes de dimensões variadas e pés-direitos amplos garantem versatilidade em seu uso. Outra proposta que merece ser pontuada é o Instituto Moreira Sales, con- curso de 2011, com inauguração em 2017. Localizado na Av. Paulista, numa situação bastante privilegiada, por um lado, por estar numa condição de fácil acesso e, por outro lado, bastante conturbada, tendo em vista o grande fluxo de pessoas e veículos. 9 UNIDADE A Contemporaneidade na Arquitetura Brasileira Figura 2 – Fachada principal com o recorte que sinaliza o térreo elevado (à esquerda) e vista interna da situação do térreo elevado (à direita) Fonte: Andrade Morettin Arquitetos, 2011-17 Para se aprofundar mais sobre o Projeto do Instituto Moreira Sales – IMS, acesse o link a seguir. Estratégias contemporâneas de Projeto na cidade de São Paulo: Instituto Moreira Salles e SESC 24 de Maio, Mario Biselli e Ana Gabriela Godinho Lima. Disponível em: https://goo.gl/NmQtJY Ex pl or A estratégia adotada e que se destaca é o deslocamento do térreo para o quarto nível, quinze metros acima da Avenida. Com o térreo elevado, é estabelecida uma nova relação entre o usuário e o edifí- cio, e também entre o usuário e a cidade, posto que o térreo não é mais claustrofó- bico, mas permite percepção da paisagem urbana justamente por estar numa cota mais alta. Casa P. A. Andrade Morettin Arquitetos (Carapicuíba, São Paulo, 1998) Em um terreno de aproximadamente 600m, densamente arborizado e com um lago a norte, recebe uma pequenaestrutura pavilhonar com pouco mais que ses- senta metros quadrados de área construída. O Programa é organizado em dois volumes justapostos de diferentes dimensões: o volume principal, um salão de 9.40 x 4.00 x 3.00 m, é delimitado por uma leve estrutura de madeira (jatobá) e fechado com painéis de policarbonato alveolar; o bloco de serviços concentra os equipamentos e as instalações da casa, como a co- zinha, a lavanderia, o banheiro e os reservatórios de água e de gás. Ao passo que o volume principal, por ter o fechamento transparente, usufrui de maneira mais direta do entorno circundante, sobretudo do lago, o bloco de infraestrutura possui paredes de alvenaria, assim, estabelecendo um contraste com o salão. 10 11 O salão, que se caracteriza pela fluidez do espaço e pela particular qualida- de de sua envoltória, tem a capacidade de incorporar a paisagem natural ao ambiente doméstico, diluindo a rigidez do tradicional domínio privado. Apenas uma cortina retrátil delimita ocasionalmente a área destinada ao dormitório, dando-lhe uma dimensão temporal. Uma rede modular de instalações sob o assoalho de piso completa a infraestrutura necessária a este espaço. (Trecho do Memorial do Projeto) Figura 3 – Lateral da residência em que é possível verifi car o contraste entre os dois volumes que compõem o pavilhão: à esquerda, o bloco de serviços e, à direita, o bloco principal, ambos unifi cados pela cobertura inclinada de telhas metálicas termoacústicas Fonte: Andrade Morettin Arquitetos, 1998 Casa R. R. Andrade Morettin Arquitetos (Ubatuba, São Paulo, 2007) Essa casa de praia de 220m2 de área construída está localizada num terreno de aproximadamente 500 m2, em Itamambuca, praia do município de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Ao considerar o contexto de exuberante vegetação e clima quente úmido, além do mar a poucos metros do terreno, os arquitetos chegam a um pavilhão de altura de seis metros, por uma base de dezoito por oito metros em estrutura pré-fabricada de madeira elevada a setenta e cinco centímetros do solo. 11 UNIDADE A Contemporaneidade na Arquitetura Brasileira Figura 4 – Vista da residência com pé-direito elevado em meio à vegetação densa (à esquerda) e vista da área comum, do mezanino e dos painéis pivotantes (à direita) Fonte: Andrade Morettin Arquitetos, 2007 Suas duas faces maiores abertas em sua totalidade para a paisagem externa possuem painéis de fibra de vidro e PVC montados em requadros de aço, pivo- tantes ou deslizantes, com a finalidade de garantir a vista e a proteção contra in- setos. As demais faces e a cobertura são feitas por telhas de aço com enchimento de EPS. A organização dos ambientes internos segue a coerência da estrutura modular: no nível inferior, um dormitório para hóspedes com banheiro, sala de estar e jan- tar integradas à cozinha, configurando, portanto, um único ambiente, despensa, banheiro social e área de serviço; no nível superior, os dormitórios para casal e simples, além de um banheiro, que atende os dois ambientes. Casa O. Z. Andrade Morettin Arquitetos (São Roque, São Paulo, 2013) Outra casa de veraneio, porém situada a aproximadamente 60km do município de São Paulo, no interior, assume a composição de um pequeno pavilhão de cerca de 180m². Externamente, o que se vê é um monolito azul de telhas metálicas e enchimento de poliestireno para proteção térmica, com a face sul inteiramente de vidro, para a qual todos os ambientes se abrem. O Programa de necessidades é organizado de maneira muito objetiva, de modo que os dormitórios localizados nas duas extremidades são divididos por um ambien- te composto por espaços de estar e jantar e cozinha. De frente à fachada principal que garante o acesso à residência, há um deck de madeira como extensão dos ambientes internos. 12 13 Figura 5 – Fachada sul com o pano de vidro e a silhueta das chapas metálicas em coloração azul estabelecendo uma relação de contraste com a vegetação abundante Fonte: Andrade Morettin Arquitetos, 2013 Spadoni e Associados Arquitetura Spadoni e Associados Arquitetura, escritório paulistano fundado em 1996, dá continuidade ao trabalho que começa a ser desenvolvido pelo arquiteto Francisco Spadoni, ainda como autônomo em Paris, França, após ter trabalhado no estúdio do arquiteto japonês Kenzo Tange, no final da década de 1980, na capital francesa. Seu primeiro projeto em carreira solo é o Peniche, uma casa-barco localizada no mais importante rio de Paris, o Sena, em 1989, três anos após graduar-se em Arquitetura pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, a PUCCAMP. Figura 7 – Vista da casa-barco, Peniche Fonte: Francisco Spadoni, 1989 13 UNIDADE A Contemporaneidade na Arquitetura Brasileira Para se aprofundar mais sobre o projeto da casa-barco do arquiteto Francisco Spadoni e compreender mais sobre a importância da década de 1980 para a sua entrada na arqui- tetura, acesse o link a seguir. “Kenzo Tange e uma peniche no Rio Sena, Geração Migrante – Depoimento 1, Francisco Spadoni. https://goo.gl/wnxgdy Ex pl or Entre a conclusão do Curso e a estadia na França, Spadoni, ao lado de Abílio Guerra, Renato Anelli, Paulo Dizzioli, Luis Fernando de Almeida, Álvaro Cunha e Tácito Carvalho e Silva, funda um importante periódico de arquitetura, a Óculum. A proposta da Revista é a de explorar um território ainda pouco debatido, que é a produção de uma Arquitetura dita pós-moderna, que começa a reconfigurar o cenário brasileiro, na década de 1980. Após a realização de uma Pós-graduação na área de Teorias da Arquitetura na Ecole d’Architecture, de Paris-Villemin, em parceria com a Architectural Association, de Londres, e Facoltádi Architettura, de Roma, entre 1988 e 1990, Spadoni regressa ao Brasil e funda o seu escritório em meados da década de 1990. Entre projetos de edificações e propostas urbanas, será analisada a seguir a Es- cola 20x20 (Rio de Janeiro, 2014), o Plano-diretor campus Mackenzie e Edifício Modesto Carvalhosa (São Paulo, 2007) e o Centro Paula Souza e ETEC Santa Ifigênia (São Paulo, 2009). Escola 20x20 (Não Executado) Spadoni e Associados Arquitetura (Rio de Janeiro, 2014) Em parceria com Paulo Catto Gomes e Tiago de Oliveira Andrade, é adotado um partido arquitetônico bastante claro: o Programa de necessidades é organizado em dois volumes deslocados meio-nível um em relação ao outro; em um dos vo- lumes, o bloco acadêmico, estão concentrados os espaços flexíveis para o ensino, enquanto que no outro, o bloco de suporte, encontram-se os sanitários e a Admi- nistração, entre outros ambientes de apoio. Os blocos são conectados por escadas e passarelas que estão localizadas numa espécie de átrio central e que permitem os acessos aos ambientes. Uma das faces é protegida por uma pele metálica de quebra-sóis que garante ventilação cruzada e impede a incidência de luz natural diretamente nos ambientes internos. A configuração espacial resulta em um pavilhão que materializa um novo mo- delo de ensino, sem sala de aula, e com incomum relação entre professor e aluno, posto que o docente assume papel de tutor para grupos de seis alunos. Plano Diretor Campus Mackenzie e Edifício Modesto Carvalhosa Spadoni e Associados Arquitetura (São Paulo, 2007) Outro projeto de uso institucional com Programa Educacional realizado pelo Escritório são os planos diretores para a Universidade Presbiteriana Mackenzie, 14 15 campus Tamboré (2002) e São Paulo (2007), sendo o segundo, complementado com a construção do edifício Modesto Carvalhosa. O objetivo do Plano Diretor para o campus localizado numa gleba desde o século XIX, no bairro paulistano de Higienópolis, é reorganizar e ampliar a área construída da sede da Instituição. Para isso, são adquiridos lotes vizinhos para possibilitar novos acessos e conexões dentro da grande área de aproximadamente 60 mil metros quadrados. Para materializar tal proposta, algumas edificações subutilizadas foram demo- lidas e cederam espaço a novas construções,como é o caso do edifício Modesto Carvalhosa, localizado nas proximidades do acesso dado ao terreno pela Rua Piauí. O primeiro edifício do plano ocupa um dos poucos vazios do campus, o histó- rico conjunto de quadras abertas. Com isso, o edifício se insere entre o Ginásio de Esportes tombado e um conjunto de árvores que deveria ser mantido. O resultado é a conformação de duas praças de acesso nas faces opostas do prédio, que reor- denam a geometria e os fluxos previstos. Figura 7 – Esquema de implantação do plano diretor e modelo eletrônico do edifício Modesto Carvalhosa Fonte: Modesto Carvalhosa As praças dão acesso à Biblioteca e à Academia de Esportes, parcela do pro- grama utilizada nos dois primeiros pavimentos com o intuito de compatibilizar a diferença de nível entre as faces do edifício. A partir do saguão, os seis outros pa- vimentos recebem salas de aulas definidas por módulos que garantem sua posterior adaptação a outros usos. O imponente bloco de concreto aparente, ora armado, ora pré-fabricado, estabelece relação de contraste entre o novo edifício e o antigo complexo de alvenaria aparente. Outros dois materiais utilizados que reforçam a contemporaneidade do edifício e a ideia do contraste são os quebra-sóis laminares, na fachada sudeste, e os quebra- -sóis em grelha, nas faces de sol nascente e poente. 15 UNIDADE A Contemporaneidade na Arquitetura Brasileira Centro Paula Souza e ETEC Santa Ifigência Spadoni e Associados Arquitetura (São Paulo, 2009) O prédio do Centro Paula Souza se estabelece como um marco no Centro do município de São Paulo. Um terreno de mais de sete mil metros quadrados, anteriormente composto por antigas residências e galpões deteriorados, passa a adequar uma construção imponente com quase 30 mil metros quadrados de área construída em concreto armado, capaz de ressignificar a Região Central. A implantação garante a permeabilidade do térreo que se organiza por meio de uma praça de acesso. Da praça, há a possibilidade de se avistar um jardim em nível inferior, pertencente a um dos dois blocos, a oeste do terreno. Ainda nesse bloco, as áreas expositivas ocupam o térreo e o mezanino, sendo que os quatro pavimentos seguintes abrigam áreas para escritórios. O bloco a leste possui, no térreo, foyer e Auditório, Cafeteria e Refeitório; no mezanino, Ambula- tório, Livraria, Laboratórios de Computação e Idiomas e outro foyer que garante acesso a um pequeno Auditório, e no pavimento seguinte, uma quadra poliesporti- va, acesso à Biblioteca, Laboratórios de Hotelaria e Gastronomia. Figura 8 – Vista do Centro Paula Souza, Bloco Administrativo. No primeiro plano, o bloco administrativo Fonte: Divulgação 16 17 FGMF O Escritório, radicado no município de São Paulo, é formado pelos sócios Fer- nando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz, arquitetos gradua- dos pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, a FAU-USP, entre os anos de 2001 e 2002. Atualmente, o Escritório conta com a colaboração de cerca de trinta funcionários responsáveis pela elaboração de Projetos de usos residencial, institucional, comercial e urbano. Alguns desses projetos renderam premiações nacionais e internacionais, como é o caso do Edifício Corujas (São Paulo, 2012-14), uma das mais recentes realizações do Escritório, agraciado em 2017 com o primeiro prêmio na categoria Instituições e Espaços de trabalho, no Monsoon Awards do Instituto dos Arquitetos da Índia. A proposta de um edifício de escritórios que se desenvolve na horizontal e usu- frui dos espaços abertos e de uma vegetação abundante incorpora a atmosfera do bairro da Vila Madalena e rompe a ideia de um edifício verticalizado, como aqueles da região da Av. Paulista ou da Berrini. Figura 9 – Vista geral do edifício, na qual é possível perceber o gabarito baixo e a presença de vegetação, contendo os espaços abertos (à esquerda) e áreas comuns abertas (à direita) Fonte: FAU-USP Edifício Projeto Viver FGMF (São Paulo, 2003-05) Localizado em um terreno de 1500m², no bairro paulistano do Morumbi, o edifício de 400m² de área construída é destinado a atender a população carente da favela Jardim Colombo e a hospedar as atividades da Associação Viver em Família. Em função do desnível do terreno, os acessos de pedestres se dão pela rua de acesso ou pela praça em patamares, na qual está localizada a área de lazer, como a Quadra Poliesportiva. 17 UNIDADE A Contemporaneidade na Arquitetura Brasileira Seus degraus funcionam tanto para descanso e contemplação, quanto para brincadeiras de crianças e, em dias de eventos, transformam-se em arquiban- cadas para shows e espetáculos ao ar livre. (Trecho do Memorial do Projeto) O programa é organizado em dois blocos, de modo que um deles está implan- tado no limite oeste do terreno e o outro suspenso no sentido transversal. Há um pátio coberto sob o bloco suspenso, destinado a atividades diversas, e que faz a transição entre a Quadra e o restante da Praça, delimitando as funções de cada espaço e os integrando. Ainda no Bloco suspenso, há salas de capacitação profissional, Biblioteca e Sala de Informática, além de sanitários e depósito para todo o conjunto. O meio subsolo abriga os vestiários e os depósitos que atendem a Quadra e ser- virão para os banhos coletivos organizados pela Associação de Moradores. O edifício principal do complexo abriga em seu térreo a Recepção, a casa do ze- lador e oficina interdisciplinar, que se abre para o espaço público através de grande porta basculante. No pavimento superior, estão Sala de Espera, Salas de Atendimento médico, odontológico, psicológico, jurídico e outros e, aberta para a rua, uma Cozinha Experimental para treinamento, com local para venda de produtos e geração de renda para o edifício. Figura 10 – Vista geral do edifício com o pátio em destaque e os terraços-jardim Fonte: FGMF Na cobertura dos Blocos, há o terraço-jardim com equipamentos como a brin- quedoteca. Dessa forma, a cobertura adquire o caráter de uma praça elevada co- nectada por passarelas. Os blocos também se comunicam pelas coberturas – o terraço jardim abriga brinquedoteca e se transforma numa grande praça suspensa para atividades dirigidas com áreas pavimentadas, jardins e equipamentos de lazer. Além 18 19 disso, devido aos grandes desníveis do terreno e da rua de acesso, quem chega à comunidade pela rua, visualiza a cobertura do edifício e a praça suspensa se transforma numa continuação da praça principal do térreo, qualificando todo o espaço com o que mais falta nas favelas: áreas livres e públicas, arborizadas e bem aproveitadas. (Trecho do Memorial do Projeto) Escola Várzea Paulista FGMF (São Paul o, 2007-08) A Escola Várzea Paulista está localizada no município homônimo, no interior de São Paulo. Fruto do Programa da Fundação para Desenvolvimento do Ensino – FDE, o prédio é composto por um único bloco, que equaciona todo o Programa, além da Quadra Poliesportiva coberta. O térreo do prédio concentra funções administrativas, Refeitório, Cozinha e Ba- nheiros. Os demais pavimentos são ocupados pelas Salas de Aula, Salas-ambiente, Informática e Depósitos, além de Salas de Professores e de Diretores. De acordo com os arquitetos: A intenção, desde o princípio, foi a de criar uma grande integração entre os espaços públicos e os semi-públicos, entre o espaço interno e o externo. Desta forma, o acidentado terreno foi tratado de forma a proporcionar uma grande praça de acesso à escola que, quando tem seus portões abertos, transforma-se num agradável espaço de convivência para a comunidade. Este espaço é complementado por todo o térreo da edificação, que possui quadra poliesportiva, galpão coberto para atividades diversas e pátio de re- creação na porção posterior do terreno. Durante os finais de semana, todos estes espaços articulados servem como área de lazer para a população do local que tanto carece deste tipo de espaço. (Trecho do Memorial do Projeto)Figura 11 – Detalhe dos elementos pré-moldados compondo a fachada longitudinal Fonte: FGMF 19 UNIDADE A Contemporaneidade na Arquitetura Brasileira A estrutura de concreto pré-moldado, modulada a partir dos ambientes internos, é adotada em função da garantia da qualidade de execução, da rapidez da monta- gem e do custo acessível. A estrutura de concreto do edifício também é responsável por sustentar os ele- mentos vazados pré-moldados, responsáveis por climatizar o prédio. Tanto durante o dia, quanto durante a noite, os elementos vazados assumem, também, caráter lúdico, tendo em vista a maneira como estão dispostos na fachada. 20 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Coletivo – 36 Projetos de Arquitetura Paulista Contemporânea NOBRE, A. L.; WISNIK, G.; MILHEIRO, A. V. Coletivo – 36 Projetos de Arquitetura Paulista Contemporânea. São Paulo: Cosac Naify, 2006. Vídeos IMS Paulista: a nova sede em São Paulo https://youtu.be/Gvn17Leq4QQ Leitura Conjunto Heliópolis Gleba G https://goo.gl/d9MZmc Estratégias contemporâneas de Projeto na cidade de São Paulo: Instituto Moreira Salles e SESC 24 de Maio https://goo.gl/NmQtJY 21 UNIDADE A Contemporaneidade na Arquitetura Brasileira Referências ANDRADE, Vinícius; MORETTIN, Marcelo. Monolito. São Paulo, ed. 2. 2011. BISELLI, Mario; KATCHBORIAN, Artur. Monolito. São Paulo, ed. 3. 2011. BUCCI, Angelo. Monolito. São Paulo, ed.1. 2011. FGMF Arquitetos. Monolito. São Paulo, ed. 21. 2014. SPADONI, Francisco. Monolito. São Paulo, ed. 22. 2014. Sites Visitados <http://fgmf.com.br/portfolio-item/edificio-projeto-viver/>. 22
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