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Nicolas B. S. González – ATM 27/1 UNISC NEOPLASIAS Neo: novo. Plasia: crescimento. Neoplasia: crescimento novo – mutação no DNA. Houve algum estímulo fruto dessa mutação não letal que mexeu na forma como a célula se multiplica. ↪ Todas as neoplasias dependem do hospedeiro para sua nutrição e suprimento vascular. Diferença entre hiperplasia e neoplasia: na hiperplasia a célula é genética e fisiologicamente igual a outra, e na neoplasia ocorre mutação no DNA. Câncer: desordem genética causada por mutações no DNA adquiridas espontaneamente ou induzidas por agentes ambientais. ↪ Apresentam alterações epigenéticas: aumento do foco da metilação e alterações nas modificações da histona. ➢ TUMORES BENIGNOS Características micro e macroscópicas inocentes; permanece localizado, não se disseminará para outros tecidos. Tratável com remoção cirúrgica. ➜ Sufixo -oma Fibroma: tumor benigno em tecido fibroso. Condroma: tumor benigno em cartilagem. *Adenoma – usado em neoplasias benignas epiteliais, que produzem padrões glandulares, e em neoplasias derivadas de glândulas. Papiloma: neoplasia benigna que produz projeções visíveis, semelhantes a dedos, que surgem a partir da superfície epitelial. Cistadenoma: neoplasia que forma grandes massas císticas. Pólipo: neoplasia benigna ou maligna que se projeta acima da superfície mucosa. ➢ TUMORES MALIGNOS Câncer – deriva do latim caranguejo: aderem em qualquer parte onde se agarram e de maneira obstinada. Pode invadir e destruir estruturas próxima e se disseminar para locais distantes (metástases). ➜ Sarcoma: neoplasias malignas originadas de tecidos mesenquimais (quando não vem de epitélio). Nicolas B. S. González – ATM 27/1 UNISC ↪ Leucemia/Linfoma: originam de células mesenquimais sanguíneas. ↪ Fibrossarcoma: câncer com origem no tecido fibroso. ↪ Condrossarcoma: câncer com origem no tecido cartilaginoso. ➜ Carcinoma: neoplasias malignas originadas de tecidos epiteliais (glandular, escamoso e urotelio). ↪ Adenocarcinomas: carcinomas que crescem em padrão glandular. ↪ Carcinomas de células escamosas: carcinomas que produzem células escamosas. ➢ TUMORES MISTOS Surge da diferenciação divergente de um único clone neoplásico capaz de produzi células epiteliais e mioepiteliais – adenoma pleomórfico. Contêm componentes epiteliais espalhados num estroma mixoide que pode conter pedaços de cartilagem ou osso. Normalmente são compostos por células de apenas uma camada germinativa. ↪ Exceção: teratoma – se origina de células germinativas totipotentes e contém células maduras ou imaturas ou tecidos pertencentes de mais de uma camada germinativa. PROPRIEDADES DAS NEOPLASIAS Para diferenciar as neoplasias benignas e malignas é preciso ver a presença de invasão. Se uma célula epitelial que sofre uma mutação que aumenta a atividade mitótica e que invade a membrana basal, é um carcinoma! ➢ COMPONENTES DOS TUMORES Todas as neoplasias são constituídas por células mutadas clonais (parênquima) e por tecido mesenquimal normal circunjacente (estroma). ➜ Parênquima: células neoplásticas/transformadas. Células que compõe a neoplasia em si. ↪ Determina o comportamento biológico do tumor. ➜ Estroma: tecido conectivo, vasos sanguíneos e células inflamatórias do hospedeiro. ↪ Crucial para o crescimento da neoplasia – suprimento sanguíneo e suporte ao crescimento. ➢ DIFERENCIAÇÃO E ANAPLASIA ➜ Diferenciação: todas as etapas morfológicas e histológicas que uma célula passa desde o blastocisto até chegar na fase adulta. Nicolas B. S. González – ATM 27/1 UNISC ↪ Extensão com que as células do parênquima neoplásico se parecem morfologicamente e funcionalmente às normais. ➜ Desdiferenciação: quando o acúmulo de mutações impede de vermos os folículos, que perdem todas as características que a célula tinha. Uma neoplasia maligna pode ser bem, moderada, pouco diferenciada ou anaplásica. As benignas são bem diferenciadas. ➜ Anaplasia: falta de diferenciação. É a reversão da diferenciação para um nível mais primitivo. Neoplasias benignas geralmente são bem diferenciados, com mitoses raras e com configuração normal. Os tumores malignos podem ser bem diferenciados ou não. Quando bem diferenciados é mais difícil de distingui-los. Neoplasias malignas pouco diferenciadas = anaplásicas – marca da malignidade. ➢ DISPLASIA É o crescimento desordenado encontrado em epitélios e que pode ser precursora da transformação maligna. ➜ CARCINOMA IN SITU – alterações displásicas que envolvem a espessura do epitélio, mas não penetra na membrana basal (neoplasia pré-invasiva). Perda da uniformidade das células individuais e da sua orientação arquitetural. Todo carcinoma vem de uma displasia. LIEAG: lesão intraepitelial de alto grau. LIEBG: lesão intraepitelial de baixo grau. ➢ ORGANELAS CELULARES As células neoplásicas malignas são pouco coesas, pobres em mitocôndrias e com diminuto RER. O núcleo é grande, irregular e hipercromático. ➢ ALTERAÇÕES BIOQUÍMICAS As células malignas dependem da glicose anaeróbica para a obtenção de energia, captam mais análogos da glicose e podem acumulá-la na forma de glicogênio citoplasmático. ➢ TAXAS DE CRESCIMENTO Geralmente está correlacionadas com o grau de diferenciação neoplásica. Tumores benignos geralmente tem crescimento lento, e a maioria dos cânceres cresce muito rápido. Nicolas B. S. González – ATM 27/1 UNISC A taxa de crescimento de tumores malignos normalmente se correlaciona inversamente com o seu nível de diferenciação → tumores pouco diferenciados tendem a crescer mais rapidamente do que os bem diferenciados. ➢ MONOCLONALIDADE A maioria das neoplasias deriva de uma única célula precursora ou grupamento de células (tumores não-mistos). ➢ ATIVIDADE DA TELOMERASE Os telômeros constituem sequencias repetitivas de DNA, sem função de transcrição, localizados nas extremidades cromossômicas. A telomerase evita o encurtamento dos telômeros. As neoplasias malignas expressam mais telomerase para evitar encurtamento. Estabilizam o seu comprimento ou aumentam para evitar a apoptose, o que confere maior tempo de vida para a célula neoplasia ou a torna imortal enquanto houver nutrição. Em células normais, quanto maior o telômero, menos divisões a célula fez. ➢ INVASÃO LOCAL O crescimento de neoplasias malignas é acompanhado por infiltração progressiva, invasão e destruição do tecido circunjacente. Elas são mal delimitadas e espiculadas. As neoplasias benignas podem apresentar um tecido capsular fibroso circunjacente e permanecem localizadas em seu sítio de origem. ➢ METÁSTASE É a propagação de uma neoplasia para áreas que são fisicamente descontínuas com a topografia de origem. É exclusiva da neoplasia maligna. Quanto mais anaplásica e maior a neoplasia primária, mais chance de metastizar. VIAS DE DISSEMINAÇÃO ↪ Cavidades corporais: acontece quando as neoplasias invadem as cavidades corporais. Característico de câncer de ovário ↪ Disseminação linfática: típica de carcinomas; ↪ Disseminação hematogênica: típica de sarcomas; as veias são mais facilmente penetradas; o fígado e os pulmões são os locais secundários envolvidos com mais frequência. Nicolas B. S. González – ATM 27/1 UNISC Características Benigno Maligno Diferenciação/anaplasia Bem diferenciado Bem, moderado, pouco diferenciado ou anaplásico Taxa de crescimento Progressivo e lento; pode ficar paralisado ou regredir Irregular; pode ser lento ou rápido Invasão local Massa coesa, expansiva, bem delimitada, sem invasão ou infiltração em outros tecidos circundantes Localmente invasivo, infiltra-se em tecidos circundantes Metástase Ausente Frequente EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER FATORES AMBIENTAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DE CÂNCERES: agentes infecciosos, tabagismo, etilismo, dieta,obesidade, carcinógenos ambientais (raios UV, poluição...). Agentes ou grupos de agentes Cânceres humanos Uso ou ocorrência típicos Arsênico e compostos de arsênico Carcinoma de pulmão e de pele Subprodutos da fundição de metais, medicamentos e herbicidas Benzeno Leucemia mieloide aguda Componente principal do óleo leve Cádmium e compostos de cádmium Carcinoma de próstata Pigmentos amarelos e fósforo CARCINOGÊNICOS QUÍMICOS: Carcinogênio Exposição Câncer associado Berílio Industria espacial Carcinoma Broncogênico Sílica Quimica do dióxido de silicone Carcinoma Broncogênico CARCINOGÊNICOS MICROBIOLÓGICOS: Vírus Mecanismo Câncer associado HCV (RNA) Produção de cirrose pós- necrótica Carcinoma hepatocelular HBV (DNA) Ativação de protoncogenes, inativação do gene de supressão tumoral p53 Carcinoma hepatocelular HPV (DNA) Inibição do gene de supressão tumoral p53 e RB1 Carcinoma de células escamosas de vulva, vagina e anus A frequência do câncer aumenta com a idade (55-75 anos). A partir dos 75 anos a taxa cai. Nicolas B. S. González – ATM 27/1 UNISC CARCINOGÊNESE Processo que resulta do acúmulo de múltiplas alterações genéticas que coletivamente originam um fenótipo transformado. Uma neoplasia maligna ao ser diagnosticada já apresenta célula heterogêneas genotipicamente. Tumores malignos → origem MONOCLONAL. A evolução genética e a seleção tendem a tornar as neoplasias malignas mais agressivas e menos responsivas à terapia com o tempo. Os protoncogenes são sequências de DNA (sequências normais) cujas mutações podem favorecer o desenvolvimento de neoplasias malignas. ↪ Todos temos protoncogenes, quando eles sofrem uma mutação eles se transformam em oncogenes. Protoncogenes Função Mutação Câncer Her-2 (ERBB2) Síntese de receptores Amplificação ou superexpressão Carcinoma de mama C-MYC Transcrição nuclear Translocação (8;14) Linfoma de Burkitt (não-hodkin) RAS Tradução de sinal da guanosina trifosfato Mutação pontual Carcinoma pancreático, câncer endometrial, colo e tireoide RET Síntese de receptores Mutação pontual Neoplasia endócrina múltipla, leucemia Os genes supressores tumorais são importantes para evitar o desenvolvimento de neoplasias. Gene Função Câncer associado APC Prevenção de transcrição nuclear Mutação herdada: pólipos BRCA1/BRCA2 Regulador do reparo do DNA Mutação herdada: câncer de mama e ovariano p53 Inibe a mudança da fase G para S; reparação do DNA Mutação herdada: Síndrome de Li-Fraumeni e tumores de cérebro, leucemia, sarcomas RB1 Inibe a mudança da fase G para S; Mutação herdada: retinoblastoma ➜ Gene Rb: Retinoblastoma. ↪ Exerce efeitos autoproliferativos controlando a transição da gase G1 para S o ciclo celular. Quando ativo, previne a transcrição de genes necessários para a replicação do DNA. ↪ A perda do controle do ciclo celular é fundamental para a transformação maligna. Nicolas B. S. González – ATM 27/1 UNISC ➜ Gene p53: guardião do genoma. ↪ Inibe a transformação neoplásica através da: (1) interrupção da ativação do ciclo celular temporário (quiescência), (2) indução do ciclo celular permanente (senescência) ou (3) deflagrando a morte celular programada (apoptose). ↪ É ativada por estresses: anoxia, sinalização inadequada do oncogene ou dano ao DNA. ↪ Quando ativada controla a expressão e a atividade dos genes envolvidos em interrupção do ciclo celular, reparo do DNA, senescência celular e apoptose. Bloqueia G1→S: permite reparação do DNA. Se não for possível a reparação, p53 induz a senescência ou apoptose. Todas as neoplasias malignas apresentam 10 características: • Autossuficiência nos sinais de crescimento: neoplasias malignas muitas vezes têm 2 mecanismos para se autoestimular: 1. Expressam receptores que não expressavam; 2. Produzem substâncias que acabam tendo papel de fatores de crescimento, ela se autoestimula e deixa de depender de estímulo externo. o Ligação do fator de crescimento ao seu receptor na membrana. o Ativação. o Transmissão do sinal intracelularmente. o Alterações na transcrição do DNA. o Divisão celular. • Insensibilidade aos sinais inibidores do crescimento: o Genes supressores tumorais inibem a proliferação celular, mas só se a mutação estiver em um alelo; se estiver em mais de um é muito difícil. o Carcinogênese: ambos os genes devem estar disfuncionais. o Predisposição familiar: herança de uma cópia “defeituosa”. o Retinoblastoma: a célula neoplásica se infiltra pelo nervo óptico, e a luz ao invés de refletir a retina reflete o tumor. o Blastomas: neoplasias que surgem nas células em desenvolvimento antes delas chegarem no seu “destino final”. • Metabolismo celular alterado: o Efeito de Warburg: desvio metabólico para a glicose – as células malignas utilizam a via anaeróbia para produção de energia, - permite a síntese de macromoléculas e organelas necessárias para o crescimento rápido. • Evasão da apoptose: resistência à morte celular programada. o O acúmulo de células neoplásicas pode resultar em mutações nos genes que regulam a apoptose. o Vias apoptóticas: intrínseca e extrínseca. o Cascata proteolítica das caspases: destruição celular. o Membrana mitocondrial: pró-apoptóticas x anti-apoptóticas. Nicolas B. S. González – ATM 27/1 UNISC • Potencial de replicação ilimitado (imortalidade): evitam a senescência celular e a catástrofe mitótica. o Divisões celulares: encurtamento progressivo dos telômeros. o Envelhecimento celular: apoptose. o Células tumorais são imortais – reativam telômeros. • Angiogênese mantida: o A vascularização tumoral é essencial para o crescimento. o Proteína de von Hippel-Lindau (VHL): supressor angiogênico. • Capacidade de invadir e metastizar: o Cascata metastática: a célula maligna se desenvolve, invade a membrana basal e atinge o tecido conjuntivo e vasos (vênulas). Algumas células atingem a corrente circulatória e acabam parando no sistema imunológico, que reconhece essa célula e induz a morte celular, mas algumas células escapam do sistema e encontram um vaso de maior calibre. A célula dentro do vaso continua se multiplicando até que o grupo celular encontre um vaso de igual tamanho e vai parar ali, onde vai invadir o tecido adjacente – metástase secundária. o Lugar nº 1 de metástase em carcinomas: linfonodo regional. Depois, os órgãos alvos são (1) pulmão, (2) fígado, (3) sistema nervoso e (4) ossos. o No pulmão, as metástases vão para as adrenais. • Capacidade de evadir da resposta imune do hospedeiro • Instabilidade genômica: o Mutações herdadas em genes do sistema de reparo do DNA. o Pacientes maior risco de desenvolverem neoplasias. • Inflamação promotora de malignidade: o A inflamação crônica pode induzir adaptações. o Metaplasia: troca de um tipo de tecido adulto por outro. o Indução de displasias: alterações genéticas. o Displasia: campo fértil para o desenvolvimento neoplásico. o Esse tipo de adaptação é sempre patológico! o Inflamação → metaplasia (troca de tecido) → metaplasia displasia (proliferação celular) → carcinoma in situ → neoplasia. Nicolas B. S. González – ATM 27/1 UNISC ONCOLOGIA CLÍNICA ➢ GRADUAÇÃO Formas de graduação que não interferem no tratamento; indica a gravidade da lesão, mas não é possível mensurar. ➢ ESTADIAMENTO Principal fator prognóstico para determinação da sobrevida. É pegar os dados e ver onde ele se enquadra na tabela de ordem específica. Define o tratamento e o prognóstico. ➜ TNM: cada órgão tem o seu. ↪Se faz uma análise combinatória. ↪ T: efeito da neoplasia no local onde ela surgiu; relacionado com a topografia; diâmetro. ↪ N: linfonodos regionais. ↪ M: metástases a distância. A presença de metástase (M1) te manda direto para o último estádio.↪ Exemplo do câncer de mama: T1: até 2cm; T2: de 2cm a 5cm; T3: mais de 6cm. Se a lesão independentemente do tamanho invade a pele, vasos linfáticos cutâneo ou musculo da cavidade torácica é T4. ➢ CAQUEXIA Desnutrição frequentemente vista nas neoplasias metastáticas. Responsáveis por 30% das mortes associadas à doença. ➢ SÍNDROMES PARANEOPLÁSICAS Efeitos à distância de uma neoplasia não relacionada à metástase. Nicolas B. S. González – ATM 27/1 UNISC ➢ MARCADORES TUMORAIS Hormônios, enzimas, antígenos oncofetais, imunoglobulinas e glicoproteínas produzidas pelas células neoplásicas Marcador Tumoral Câncer associado AFP Carcinoma hepatocelular CA 19-9 Carcinoma colorretal e pancreático CA125 Câncer ovariano de superficie CEA Carcinoma colorretal e pancreático LDH Linfoma maligno PSA Carcinoma prostático ➢ TRATAMENTO Alguns medicamentos novos têm sido usados para bloquear vias específicas da carcinogênese. ↪ Ativação imune do anti-CTLA4 mAb: afeta a evasão do sistema imune. ↪ Inibidores EGFR: afetam o potencial proliferativo ↪ Inibidores MDM2: afetam a instabilidade genômica. REFERÊNCIAS KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; ASTER. J. C. (Ed.). Robbins & Cotran, Patologia - Bases Patológicas das Doenças. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
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