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Destruindo o CEO

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Sinopse
Cece Fells é uma das jovens confeiteiras mais talentosas de Londres.
Quer dizer, era, até o proprietário do imóvel, Brenton Maslow, demolir
sua confeitaria para montar a porcaria de um estacionamento! Agora, a
revoltada criadora de cupcakes tem a missão de destruir o
insuportavelmente atraente CEO da Maslow Enterprises - se ela não se
apaixonar por ele primeiro.
Classificação etária: 18+
 
E-book Produzido por: Galatea Livros e SBD
https://t.me/GalateaLivros
https://t.me/GalateaLivros
https://t.me/GalateaLivros
Capítulo 1
Cece
O “plim” do forno trouxe um sorriso ao meu rosto. Finalmente, os
cupcakes estavam prontos.
Usando minhas luvas de cozinha, tirei a bandeja de cupcakes do forno
e a coloquei na bancada.
O pedido da minha cliente deveria estar pronto em duas horas e eu
tinha que fazer o meu melhor para torná-lo o mais atraente possível.
Um sorriso no rosto do cliente era como um bônus financeiro para
mim. Ele provava que meu trabalho árduo tinha dado frutos.
— Cece! — Eu revirei os olhos quando ouvi a voz da minha vizinha.
Se tem uma coisa que dá para ter certeza no meu dia, é de que Sra. Druid
vai vir me irritar.
A mulher tinha quarenta anos, mas agia como se tivesse vinte.
E eu não vou nem comentar sobre sua escolha de roupas.
— Sim, Sra. Druid? — Eu sorri, enquanto preparava meu glacê para
fazer a decoração dos cupcakes. Eu precisei fazer muito esforço para não
lançar um olhar feio à sua roupa escandalosa do dia.
Lá estava ela, com um vestido amarelo neon e saltos altos vermelhos
que poderiam ser confundidos com armas - e eu acreditava que eram,
pois deviam estar matando seus pés.
Sua cara firme - graças ao Botox - estava coberta de maquiagem,
como se ela estivesse se arrumando para ir a um pub.
E não dava para ignorar o penteado elaborado que ela exibia na
cabeça.
— Cece, minha querida! Como tem passado? Minha nossa, você por
acaso sai e aproveita a vida? Toda vez que venho à sua loja, eu te vejo
trabalhando sem parar. Por que você não contrata outra pessoa? Você vai
morrer de exaustão se continuar fazendo tudo sozinha, — sugeriu ela.
Talvez a mulher tivesse um senso de moda estranho, mas ela tinha
um bom coração.
— Sra. Druid, eu lhe disse várias vezes que gosto de fazer as coisas
sozinha. E eu não confio nas pessoas facilmente. Estou acostumada a
fazer o trabalho e gosto dele imensamente, — respondi enquanto fazia
uma curvinha de glacê azul perfeita no cupcake.
— Eu sei, minha querida, mas eu me preocupo com você. Você é tão
jovem; tem que sair e aproveitar como eu, — ela falou, seus olhos
cinzentos-claros tremeluzentes de preocupação.
— Eu gosto de trabalhar, e é isso que eu quero fazer pelo resto da
minha vida. — Continuei a fazer curvinhas de glacê enquanto falava,
vendo os bicos cremosos em cima dos cupcakes como se fossem coroas.
— Você é estranha. — Ela fez uma pausa. — Espero que sua loja não
seja demolida. — Suas palavras fizeram com que minhas curvinhas
parassem no meio.
— O que você quer dizer?
— Ah, nada. Ouvi de um dos meus amigos que um magnata está
querendo comprar uma área grande de terrenos. Se ele optar por
comprar esta, então sua pequena confeitaria vai ser demolida e você não
vai ter mais trabalho, — ela me informou.
— Não! Não é possível. Ele não pode demolir minha loja. Eu paguei
por ela e ninguém pode tocar num único tijolo sem minha permissão
escrita e verbal. Quem é esse magnata?
De jeito nenhum, esse homem iria destruir meu negócio.
Eu tinha trabalhado muito para isso e não ia deixar que ninguém
viesse e derrubasse.
— Brenton Maslow. — Era só o que ela precisava dizer. Essas duas
palavras eram suficientes para deixar meu sangue fervendo.
Brenton Maslow, o filho mais novo da família mais poderosa do o
país. Eu nunca tinha visto sua cara, mas sabia que ele era arrogante e
poderoso.
Mas sem problemas; se ele se atrevesse a arruinar meus negócios, eu
era quem ia arruinar sua vida. Terminei as curvinhas em meus cupcakes e
coloquei pérolas comestíveis em cima antes de pôr cada um
cuidadosamente na caixa.
— Não importa. Ele não pode tocar na minha loja. Eu vou caçá-lo se
for preciso, — eu disse, enquanto retirava meu avental e me preparava
para ir entregar os cupcakes.
— Agora, se você não se importa, eu tenho cupcakes para entregar e
você tem uma festa para ir.
— Tudo bem, eu entendo. — Ela começou a recuar para fora da loja.
— Tenha cuidado, Cece. Não deixe aquele homem te meter em
problemas.
Eu revirei os olhos ao sair da loja, certificando-me de trancá-la. Até
parece que um homem ia se atrever a me meter em alguma coisa.
Coloquei a caixa de cupcakes no recipiente que estava preso na parte
traseira da minha scooter para que eles ficassem seguros antes que eu
sentasse e desse a partida.
Assim que o motor ligou, coloquei meu capacete e saí voando pelo ar
pesado de inverno que era a regra nessa cidade.
Brenton Maslow podia escolher comprar qualquer pedaço de terra
que desejasse; ele não precisava comprar o que era meu.
Mas se essa fosse sua opção, então ele não ia se importar com as vidas
das pessoas que tinham lojas ao redor da minha.
Ele não ia se preocupar com seu sustento ou como sobreviveriam.
Mas independentemente do que acontecesse, eu não ia deixá-lo
tomar minha confeitaria.
Ele não sabia o quanto eu tive que trabalhar duro para essa
confeitaria. Ninguém sabia que eu tinha economizado dinheiro ao
assumir vários empregos.
Eu tinha que ter cuidado onde gastava meu dinheiro porque cada
centavo contava. E mesmo agora que eu tinha minha confeitaria, eu
ainda tinha que ter cuidado.
Eu não podia comprar coisas que não precisava. A maior parte do que
eu ganhava era gasto na confeitaria.
Quando cheguei ao meu destino, estacionei a scooter, tirei meu
capacete e fui até o recipiente que mantinha meus cupcakes seguros.
Com a caixa em mãos, fui até a porta e toquei a campainha.
Rapidamente, passei a mão pelo meu cabelo loiro para me tornar
apresentável enquanto esperava a cliente.
Após alguns segundos, a porta se abriu para revelar uma mulher que
parecia ter cerca de dezoito anos, com olhos azuis sorridentes e cabelos
pretos com mechas roxas.
— Olá. Seus cupcakes chegaram, — eu disse, entregando-lhe a caixa
com um sorriso no rosto.
A mulher sorriu. — Muito obrigada. Se você puder esperar apenas
alguns segundos, eu vou buscar o dinheiro.
— Claro. Sem problemas, — respondi. Olhei para a rua, observando
alguns ciclistas contornarem os pedestres como se estivessem fundidos
às bicicletas.
Crianças andavam tomando sorvete, uma mão firmemente presa na
mão de um dos pais. Acima de mim, eu via nuvens se formando, o que
significava que eu devia me preparar para a neve. A vida se tornava difícil
nos invernos, mas eu conseguia me manter firme e continuar com meu
trabalho. Ninguém ia aceitar mudança de estação como uma desculpa
para não trabalhar.
— Aqui está. — Olhei para a porta e vi a mulher de pé, segurando
uma nota de vinte libras.
— Muito obrigada. Tenha uma boa noite, — disse eu antes de voltar
para a minha scooter. Não ouvi a resposta da mulher; só coloquei meu
capacete e pilotei rua afora.
Assim que eu voltasse, teria que começar a preparar o próximo
pedido, que deveria ser entregue em quatro horas.
A viagem de volta deveria ter sido relaxante, mas não consegui deixar
de pensar na Sra. Druid e no que ela havia me contado sobre Brenton
Maslow.
Ele não tinha motivos para comprar o terreno; sua família já possuía
o bastante. E meu bairro não era nada chique, então um bilionário como
ele não deveria ter nenhum interesse ali.
Mas por mais que eu tentasse me convencer de que Brenton não se
tornaria meu maior pesadelo, meu coração estava estranhamente pesado.
O que me obrigou a acelerar, mas eu ainda tinha que ter as leis de
trânsito em mente.
Voltei o mais rápido que pude, meu coração me incitando a ir mais
rápido. Eu não sabia por quê, mas tinha a sensação de que não ia gostar
do que estava para acontecer.
Entretanto, eu me recusei a ter medo porque sabia que, o que quer
que acontecesse, eu seria capazde lidar.
Mas eu estava errada.
Não sei o que eu vi primeiro.
Era a fumaça que subia como nuvens sinistras, ou eram os escombros
empilhados para parecer uma montanha?
Ou talvez tenha sido a ausência da confeitaria que saltou aos meus
olhos assim que virei a esquina da minha rua.
— N-Não, — eu disse enquanto via um trator gigante parado ali, com
homens de chapéu amarelo andando e dizendo ao povo para se afastar.
Tentei procurar minha confeitaria, mas não consegui encontrá-la.
E eu sabia que meu pior pesadelo tinha se tornado realidade.
Jogando a scooter no estacionamento, corri até onde minha
confeitaria deveria estar. — Senhorita, você não pode ficar aqui, — eu
ouvi um homem dizer, mas me recusei a ouvi-lo.
Minha confeitaria tinha desaparecido.
Todo o dinheiro que eu tinha ganho e meu sangue e meu suor tinham
sido transformados em pedra e pó. Todo o tempo que eu tinha investido
estava me encarando sob a forma de detritos.
Já tinha desaparecido. Tudo tinha desaparecido.
— Senhorita, eu lhe disse, você não pode ficar aqui Você tem que sair.
— Desta vez, ouvi claramente o homem e me virei para enfrentá-lo.
— Como vocês se atrevem? — Eu falei, entre dentes.
Seus olhos maliciosos se arregalaram. — Perdão?
— Como vocês se atrevem?! Como vocês se atrevem?! — Eu gritei
com a força dos meus pulmões, sem me importar com quem me ouvia ou
com o que iam pensar de uma mulher gritando no meio da rua.
— Senhorita, acalme-se, — disse o homem.
— Como vocês se atrevem a demolir minha confeitaria?! Quem deu a
vocês o direito de vir aqui e fazer isso?! Responda! — Eu continuei,
gritando.
É melhor que ele tenha uma boa desculpa para ter feito isso, ou juro que
vou esfaqueá-lo.
— Se você se acalmar, eu explico tudo, — disse o homem, seus olhos
me implorando para cooperar, mas ele não me conhecia. Eu nunca ia
cooperar.
— Diga agora mesmo ou eu vou tacar fogo em você, e juro por Deus
que não estou fazendo ameaças vazias, — rosnei, querendo apertar
minhas mãos em tomo de seu pescoço gordo.
— Ei, ei! O que está acontecendo aqui? — Uma voz aguçada cortou a
névoa de fogo que estava brilhando em minha mente.
Um homem que parecia estar na casa dos trinta anos caminhou até
nós e ficou na minha frente. — Por que você está gritando como uma
louca?
— Você destruiu minha confeitaria e espera que eu fique calma?! —
Eu queria esbofetear esse homem, e se ele não entendesse porque eu
estava irritada, eu ia dar um tapa de verdade na cara dele.
— Estamos só cumprindo ordens. Se você tiver algum problema, fale
com o chefe, — respondeu o homem.
— Quem mandou vocês demolirem minha confeitaria? Eu era a dona.
Tenho toda a documentação legal necessária. Você ou seu chefe não
tinham o direito de destruir minha propriedade, — eu disse.
Eu via as pessoas chegando perto, mas não me importava. Nesse
momento, tudo o que me importava era meu trabalho árduo e como ele
não tinha mais nenhum valor ou existência.
— Ouça, senhora... — O homem tascou um cartão de visita na minha
mão.
— Você pode entrar em contato com meu chefe aqui. Pare de gritar,
porque você não está fazendo nada além de criar confusão. Nós só
tínhamos ordens para demolir as lojas aqui; é isso, e nós fizemos. Se você
tem um problema com isso, pode resolver com o homem que organizou
tudo.
Amassei o cartão em minha mão enquanto observava o homem se
afastar. Ele estava dizendo a seus homens para irem embora agora
porque tinham outros locais para trabalhar.
Eu olhava para as pessoas que tinham destruído tudo, sabendo que eu
não iria parar até ter minha confeitaria de volta.
— Cece? Cece?! — Eu ouvi a Sra. Druid correr em minha direção
naqueles saltos altos ridículos. — O que aconteceu? E o que aconteceu
com sua confeitaria?
— Já era, Sra. Druid. Tudo se foi, — murmurei enquanto observava os
homens partirem.
Como eles podiam ir embora como se não tivessem feito nada? Não
se importavam de ter roubado a vida de uma mulher? Como eu ia ganhar
meu sustento agora?
Eu odiava trabalhar para outras pessoas; preferia ter meu próprio
negócio, por menor que fosse.
— Oh, querida. — Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela me
puxou para seus braços, proporcionando o conforto que eu não tinha
percebido que precisava.
— Lamento muito, Cece. Você sabe quem fez isso?
Eu me afastei dela enquanto abanava a cabeça.
— Não. Não sei quem é o responsável e ele não está aqui. Esses
homens tinham ordens para vir e destruir todas as lojas, e apenas um
homem é responsável por isso, mas não sei quem é.
— É Brenton Maslow. Tem que ser. Não há mais ninguém, —
respondeu ela, tirando um pacote de lenços de papel de dentro de sua
bolsa e entregando-o a mim.
— Aqui. Enxugue suas lágrimas, Cece.
— Eu não estou chorando, Sra. Druid, — eu disse, pensando no que
fazer. — Eu só não sei o que vou fazer agora.
— Por que não vamos para casa e discutimos isso, — sugeriu ela. —
Vou fazer um chá para te ajudar a relaxar, e então podemos decidir o que
fazer.
Eu balancei a cabeça. — Não. Não vou me mover um centímetro
desse lugar até que eu tenha um plano. Vou descobrir quem é esse
homem, e irei vê-lo agora mesmo.
O único problema era que eu não tinha como descobrir quem era o
responsável por isso.
— Você não perguntou àqueles homens? — ela questionou.
— Mesmo assim, você não pode ficar aqui. O canal do tempo previu
neve, e não quero que você congele só porque é teimosa demais para
ouvir a voz da razão.
Foi enquanto ela murmurava que percebi que minha mão estava
cerrada em um punho. Quando abri os dedos, vi o cartão que o homem
tinha me dado, agora amarrotado.
Era isso. O homem me disse para entrar em contato com seu chefe.
Entretanto, quando vi o nome inscrito no cartão em caligrafia chique,
senti como se um vulcão tivesse explodido dentro de mim.
Brenton Maslow.
Foi Brenton Maslow. Aquele que tinha esmagado meus sonhos até se
transformarem em nada.
E agora eu o destruiria.
Capítulo 2
Cece
A Maslow Enterprises era um edifício intimidante, mas isso não
significava que eu ia me virar e fugir.
Não, o homem que tinha destruído minha vida estava lá dentro e eu
não ia sair até que ele devolvesse minha loja.
Eu tinha trabalhado demais para isso, e se eu tivesse que lutar contra
todos os seguranças do edifício, eu o faria.
Com esse único propósito em mente, eu arrumei meus ombros e
entrei no que sabia ser o covil do leão. A maioria das pessoas pode ter
medo de entrar nesse prédio, mas eu não.
Eu era forte e feroz, e nenhum leão tinha o poder de me assustar.
Os pisos de mármore polido e as paredes imaculadas foram o que me
chamou a atenção primeiro. Esse lugar era para os ricos; não tinha
espaço para pobres aqui.
No entanto, ninguém podia ser rico roubando coisas daqueles que
não tinham poder. Isso não era justo, e eu me certificaria de que Brenton
Maslow entendesse.
— Desculpe-me, senhorita? Onde você vai? — perguntou a
recepcionista, torcendo o nariz enquanto corria os olhos pelo sobretudo
que eu tinha comprado em um brechó.
Eu sabia exatamente que tipo de pessoa ela era, o que me dava uma
pista de como seria meu inimigo.
Pessoas como essa recepcionista arrogante, com seu cabelo penteado
por uma centena de produtos diferentes, só se sentiam confortáveis com
aquelas semelhantes a seu próprio status e posição; qualquer coisa abaixo
disso e elas te tratam como insetos que precisam ser esmagados
imediatamente.
— Tenho que encontrar o Sr. Maslow, — eu lhe disse, odiando o fato
de que ela estava me fazendo perder tempo.
O escritório de Brenton ficava no terceiro andar, o que significava que
seus irmãos tinham escritórios nos outros andares.
— Qual deles?, — perguntou ela em seu terno azul claro, que
demonstrava que ela tinha poder.
— Brenton, — respondi-lhe, me segurando para não revirar os olhos
para ela. Por que eu estava perdendo meu tempo falando com ela?
— Receio que você terá que esperar. O Sr. Brenton Maslow está em
uma reunião agora mesmo. Além disso, ele não vê ninguém sem hora
marcada. Portanto, sugiro que você saia e volte depois de marcar uma
reunião comele, — ela me disse com um sorriso maldoso.
Quem ela achava que eu era? Só porque era um pouco rica, pensava
que podia me dizer o que fazer. Ela estava muito errada.
Eu tinha vindo aqui com um propósito, e não ia embora até que esse
propósito fosse cumprido. E quanto ao fato de Brenton estar em uma
reunião, eu não poderia me importar menos. Ele ia ter que falar comigo,
e eu não estava nem aí para quem estivesse presente. Ele ia falar comigo,
e ia ser agora.
— Que tal você marcar uma consulta com um dermatologista? Seu
rosto parece que foi pisoteado por alguém. Até a Lua tem menos
manchas, por isso não precisa se cobrir com camadas e mais camadas de
maquiagem.
Eu sorri quando ela ficou de queixo caído e caminhei em direção aos
elevadores, deixando a recepcionista esnobe congelada, em estado de
choque.
Eu esmurrei o botão até as portas do elevador abrirem.
Se a recepcionista se recuperasse do choque, teria que mandar os
seguranças atrás de mim, e eu não ia deixar que nada ou ninguém me
impedisse de encontrar Brenton.
Ele tinha que devolver meu negócio; eu não o deixaria passar por
cima de mim.
Assim que as portas se abriram, entrei e apertei o botão para o andar
certo.
O tapete vermelho abafou o som dos meus sapatos no elevador, na
esperança de que a recepcionista esnobe não tivesse alertado as pessoas
do outro andar sobre a minha presença.
Se eu tivesse que sair na porrada para conhecê-lo, eu o faria.
Assim que as portas do elevador abriram, eu me dirigi para a única
sala existente nesse andar. No entanto, a recepcionista sentada à
escrivaninha me parou.
Eu precisei me segurar para não nocauteá-la com um soco. Por que as
pessoas estavam me impedindo de atingir meu objetivo?
— Perdão, senhorita? Mas você não pode entrar aí. O Sr. Maslow está
em uma reunião e ninguém está autorizado a perturbá-lo em nenhuma
circunstância, — disse a mulher, seus cabelos castanhos claros amarrados
em um rabo de cavalo arrumado.
— Escute aqui. Brenton Maslow arruinou minha vida. Ele destruiu
meu negócio tomando posse da terra. Não vou só ficar sentada e deixá-lo
pensar que suas ações não têm consequências. Eu tenho que falar com
ele agora mesmo porque ele me deve a porcaria de um negócio, — eu
disse, esperando que ela entendesse e me deixasse ir.
Seus lábios se crisparam. — Lamento muito o que aconteceu com
seus negócios, mas o Sr. Maslow me deu ordens estritas para não
perturbá-lo durante toda a reunião. Por favor, sente-se e espere que ele
termine, e então você poderá falar com ele.
— Olhe aqui, só porque ele é rico e poderoso não significa que seu
tempo seja mais precioso que o meu. Eu vim aqui agora porque tenho
outras coisas para fazer mais tarde. Então, por favor, diga que eu preciso
falar com ele agora mesmo, — retruquei, ficando irritada.
A mulher estava desperdiçando meu tempo; eu já estava com medo
de ter que fazer algo de que me arrependesse.
Ela balançou a cabeça e eu sabia que não tinha escolha. — Sinto
muito, senhorita, mas não posso fazer isso. Você pode ir fazer as outras
coisas que precisa e voltar mais tarde.
— Sinto muito também. — Dei-lhe um soco sem pensar duas vezes,
meus nós dos dedos colidindo com o nariz dela. A recepcionista grunhiu
antes de cair no chão, inconsciente.
Uma vez que ela estava fora do caminho, eu olhei as portas duplas
antes de marchar em direção a elas.
Empurrei a porta de vidro para o lado e entrei, parando nos trilhos
quando vi um bando de homens sentados ao redor de uma mesa com
papéis e pastas espalhadas ao redor.
No entanto, era o homem sentado à cabeceira da mesa que era minha
principal preocupação.
Brenton Maslow.
Embora eu nunca tivesse tido o azar de encontrá-lo até hoje, eu tinha
feito questão de pesquisar sua foto no Google.
Com cabelos loiros encaracolados e olhos verde-mar, Brenton
Maslow era um homem que podia ter mulheres caindo de joelhos apenas
por um simples vislumbre.
No entanto, ao olhar para ele, percebi que suas fotos não lhe faziam
justiça. Ele era muito mais bonito do que parecia nas fotos.
— O que significa isso?! — Brenton se levantou quando me viu, com
seus olhos verdes brilhando de fúria. — Quem te deixou entrar? Onde
está Mariam?
— Olá. — Eu fingi um sorriso alegre para irritá-lo. — Meu nome é
Cecelia.
— Não me interessa a porra do seu nome. Saia do meu escritório!
Mariam! Mariam! — Ele gritou para a recepcionista.
Os homens sentados na sala permaneceram em silêncio, com os olhos
baixos como se estivessem acostumados a que seu chefe perdesse a
calma.
— Não há necessidade de perturbar os outros, Sr. Maslow.
Entretanto, acho que sua recepcionista está muito ocupada para escutá-
lo agora, — disse eu.
— Saia da porra do meu escritório ou chamarei a segurança, — ele
ameaçou, suas mãos pousadas sobre o tampo da mesa de vidro.
— Você pode chamar a segurança depois que eu terminar de falar. —
Ligue para eles antes de eu terminar e juro por Deus que não hesitarei
em arruinar sua reputação na frente de seus funcionários, — eu atirei de
volta, mantendo minha voz firme.
Os olhos de Brenton se arregalaram como se eu o tivesse esbofeteado,
antes de se estreitarem em fendas. — Quem diabos você pensa que é?
Você acha que pode me ameaçar?
— Como eu disse, meu nome é Cecelia. A razão de eu estar aqui é
porque você destruiu meu negócio quando tomou o terreno ontem. Seus
homens foram lá e demoliram minha loja. O senhor não tinha o direito
de fazer isso, Sr. Maslow, especialmente quando eu sou legalmente a
dona daquela propriedade. O senhor não tinha o direito de demolir
minha confeitaria sem o meu consentimento. O que você fez é ilegal e
quero que me pague por isso, — disse eu.
Parecia que ele queria me esbofetear. — Você claramente não sabe
com quem está lidando.
— Não me importa o quão poderoso você é. Você é humano, assim
como eu sou. E suas ações têm consequências, Sr. Maslow. Você me deve
uma confeitaria, e eu não vou embora até que você me devolva o que me
roubou, — eu lhe disse.
— Eu vou contar até cinco. Se você não sair daqui, chamarei a
segurança e mandarei expulsá-la. Pessoas como você não têm dinheiro
ou prestígio. A única coisa que vocês têm é sua dignidade; estou certo?
Então estou lhe dando uma chance de salvar essa dignidade, porque
depois que eu contar até cinco, não só terei roubado seu negócio, como
também sua dignidade, — ele me advertiu.
Eu sorri. — Posso entender que um ladrão como você não sabe mais
nada além de roubar. Entretanto, estou disposta a lhe dar o benefício da
dúvida. Não tenho nenhum problema em falar com você de forma
civilizada.
— Não, você não entendeu. — Eu observava enquanto ele caminhava
até mim, seu andar predatório, como se eu fosse sua próxima refeição.
Ele parou a alguns centímetros de mim, tão perto que pude sentir o
cheiro do seu perfume.
— Eu não perco meu tempo falando com pessoas como você. E o fato
de você estar me forçando a falar não é menos que um crime para mim.
Você deveria ser presa por isso.
Eu sorri. — Projetando seus crimes em mim agora, é? Tudo bem; você
acha que pode escapar projetando seus crimes em mim, mas eu não vou
deixar você escapar tão facilmente, Brenton...
— É Sr. Maslow para você, — ele replicou.
— O respeito é conquistado, Brenton. Você pode usar o medo para
obter o respeito das pessoas, mas isso não vai funcionar comigo. Você
cometeu um crime, e a menos que concorde em devolver minha
confeitaria, eu irei à polícia e contarei tudo o que você fez, — eu lhe
disse.
Essa gente poderosa achava que era dona do mundo, mas eu não a
deixaria me pisotear.
— Sério? — Ele deu mais um passo à frente, nossos narizes quase se
tocando. — Vá em frente, fogueteira, vá a quem você acha que pode
ajudá-la. Mas se você acha que pode me vencer, está enganada.
— Não vou a lugar algum até que você me dê o que eu quero. Não me
importo se você tiver que encurtar sua reunião para concordar com
minhas exigências. Você vai fazer o que eu disser, porque posso acabar
com a sua reputação em dois segundos.
Isso foi um exagero, mas eu esperava que ele fosse um esnobe
superficialque só se importava com sua imagem diante do mundo.
Eu engasguei quando ele apertou meu pescoço com a mão e me
empurrou contra a parede.
— Como eu disse, não perco meu tempo falando com pessoas que
estão abaixo de mim. — Portanto, saia do meu escritório. Poupe o pouco
de respeito que você tem e vá procurar um emprego. Pessoas como você
não servem para nada, a não ser para servir aos outros. Você deveria me
agradecer por ter te salvado do incômodo de dirigir um negócio.
Ele me soltou e limpou a mão com um lenço como se tivesse tocado
em algo sujo.
— Eu trabalhei muito por aquela confeitaria. Assumi inúmeros
trabalhos para dar início ao meu negócio. Você não pode tirar isso de
mim, Brenton, — eu rosnei.
Em resposta, ele agarrou meu pulso firmemente e me arrastou para
fora de seu escritório. Ele era surpreendentemente forte, porque tentei
resistir cravando meus calcanhares no carpete, mas foi inútil.
Assim que saímos do escritório, ele me empurrou com força, fazendo
com que eu caísse no chão.
— Eu lhe disse, você não serve para nada, a não ser para servir aos
outros. Esse é o seu lugar neste mundo - no chão. E eu queria aquela
terra, então eu a tomei. Não dou um iota para quem quer que tenha se
dado mal. Sou dono deste mundo; portanto, tudo o que faço, cada
pedaço de terra que compro é legal. Porque no final das contas, eu vou
ganhar e tudo será meu. Agora saia daqui, porra, e não se atreva a me
mostrar sua cara novamente, — disse ele antes de voltar para dentro, e
desta vez ele fez questão de trancar a porta do escritório.
As palavras de Brenton foram duras e teriam feito uma pessoa
comum chorar. Mas eu não era uma pessoa comum.
Eu sabia que tais pessoas existiam; eu havia trabalhado com algumas
quando trabalhava na minha confeitaria. Portanto, suas palavras não
eram nada que eu não tivesse ouvido antes.
E eu também sabia que o que quer que ele dissesse era falso. Eu não
estava destinada a servir os outros. Todos tinham um propósito neste
mundo e eu sabia que o meu não era servir.
A razão pela qual eu havia iniciado um negócio era para que eu
pudesse me tornar uma chefe bondosa e justa, e era exatamente isso que
eu faria.
Não me importava com o que ele dizia sobre mim; ele teria que me
devolver minha confeitaria, mesmo que eu tivesse que destruir sua
família para isso.
Respirando fundo, levantei-me e lancei um último olhar para as
portas duplas.
Eu vou voltar, Brenton. Você não vai se livrar de mim tão fácil, eu pensei
antes de pegar o elevador para descer.
Eu ia fazer os meus corres e depois disso viria visitá-lo novamente. Eu
não o deixaria em paz até que ele me desse o que eu queria, mesmo que
ele me insultasse da pior maneira possível.
Assim que as portas do elevador abriram, fui cumprimentada por dois
policiais corpulentos. Que tipo de negócio ele tinha com esses
seguranças tão lentos?
E ele disse que eu não estava apta para ser dona de um negócio?
Brenton realmente estava projetando suas inseguranças em mim.
Mas tudo bem; ao menos eu sabia qual era seu mecanismo de defesa;
talvez eu pudesse usá-lo em meu benefício no futuro.
— Não se incomodem em me prender; estou saindo, — disse eu aos
guardas enquanto saía do prédio.
Mas, no último momento, senti pena de que eles estivessem
trabalhando para um homem tão péssimo, então decidi lhes dar um
conselho.
— E a propósito, existem empresas melhores para as quais homens
como vocês podem trabalhar. Empresas que pagariam bem e tratariam
vocês bem. Tchau, — eu disse antes de finalmente sair.
Para algumas pessoas, uma resposta como essa teria sido o fim. Mas
não para mim.
Para mim, foi apenas o começo.
Capítulo 3
Cece
Movendo meu dedo sobre o touchpad, analisei o perfil de Brenton e
tentei recolher o máximo que pude sobre ele e sua família.
Ele pode ter me expulsado de seu escritório, mas isso não significa
que ele poderia me expulsar de sua vida, não sem me devolver minha
padaria.
Assim que eu tivesse o que ele me devia ficaria feliz em sair de sua
vida, mas não antes disso.
— Olá, Cece, querida. Como você está? Não me diga que ainda está
procurando por Brenton Maslow..., — a Sra. Druid disse ao entrar em
meu apartamento, que ficava ao lado do seu prédio.
Hoje, ela escolheu usar um vestido rosa choque com detalhes em
azul, combinado com saltos plataforma também em rosa choque.
— Eu disse a você, não vou parar até que ele me dê o que eu quero, —
eu a espiei por cima da tela do meu laptop.
— Sra. Druida, mesmo se eu tiver que chantagear Brenton para
recuperar minha padaria, eu o farei.
— Cece... Tenha cuidado, querida. Eu não quero que você se
machuque. E Brenton Maslow é muito bom em machucar pessoas, — ela
avisou.
— Ele já me machucou quando destruiu minha padaria. Não tenho
nada a perder agora, o que significa que estou pronta para combater fogo
com fogo, — afirmei, tentando descobrir exatamente onde ele morava.
— Por que você tem que ser teimosa, Cece? Em vez de perder tempo e
energia lendo sobre ele, por que você não começa a pensar em abrir um
novo negócio?, — ela sugeriu, se jogando no sofá ao meu lado.
— Farei isso, mas preciso de justiça primeiro. Se eu deixar isso passar,
Brenton não sentirá remorso por suas ações e continuará a prejudicar
outras pessoas só porque é rico e mimado. E eu não vou permitir que ele
machuque outras pessoas inocentes, — rebati, fechando meu laptop e me
levantando do sofá.
— Para onde você está indo agora?, — a Sra. Druida perguntou. Seu
rosto parecia estar franzido, mas era difícil dizer por causa do Botox.
— Vou atrás do Brenton. Já são cinco horas da tarde e tenho certeza
de que ele estará livre. Preciso falar com ele, — eu respondi, caminhando
até o cabide e puxando meu casaco.
Se eu estivesse com sorte, ele estaria disposto a me ouvir agora que
não estava em uma reunião. Às vezes fico pensando que mesmo que o
mundo o retrate como um homem cruel, talvez haja de fato alguma
humanidade nele.
Eu sabia que este era um pensamento idealista, mas agora esta era
minha única esperança.
— Garota, você endoidou. Não entende que Brenton vai esmagá-la
como um inseto se você o deixar com raiva? Seja inteligente pelo menos
uma vez e pare de perder tempo com ele. Você sabe que ele pode mandá-
la para a cadeia se ficar com raiva, — ela avisou.
Revirei os olhos e peguei minha bolsa. — Vou tomar minha padaria de
volta, Sra. Druida, e será Brenton quem me devolverá, não importa o que
eu tenha que fazer por isso.
Deixando-a no sofá, saí do meu apartamento e subi na minha scooter.
Só Deus sabe o que farei se Brenton se recusar a me ouvir agora.
Eu teria que simplesmente incomodá-lo em sua casa, mas o problema
era que eu não tinha ideia de onde ele morava. Consegui encontrar no
Google apenas o endereço da casa de sua família, e eu duvidava que ele
ainda morasse lá.
Mas, se ele se recusasse a me ouvir, eu estaria disposta a ir até a casa
de sua família se necessário.
O ar frio de Londres não fez nada para acalmar o fogo que ardia
dentro de mim enquanto eu corria em direção ao meu inimigo.
Todos os Maslows eram assim ou seria o Brenton especial? Eram
todos eles um bando de esnobes superficiais que consideravam e
tratavam os pobres pior do que animais?
Alguém precisava ensiná-los a serem mais gentis e compassivos...
Assim que a Maslow Enterprises entrou em minha linha de visão,
rapidamente estacionei minha scooter e corri em direção à entrada.
O sol não estava mais forte, substituído pela escuridão que parecia
dominar o coração de Brenton também.
Eu o vi caminhando em direção a um carro prateado lustroso, cujo
nome eu não tinha ideia e nem me importava em saber.
Ele parecia tão profissional agora quanto de manhã; suas roupas não
estavam nem um pouco amassadas.
E mesmo que estivesse escuro, eu ainda podia ver o contorno
demarcado de sua mandíbula, fazendo-o parecer majestoso e bonito.
— Ei! — eu gritei, correndo até ele. Ele olhou para mim com uma
carranca no rosto, como se eu o tivesse desrespeitado ao me referir a ele
diretamente.
— Não posso acreditar que você teve a audáciade aparecer na minha
frente de novo! Você realmente quer que eu a jogue na prisão? Será que
isso vai te fazer entender que você não deve mexer comigo?, — ele
perguntou desafiadoramente, seus olhos me encarando.
— Acredite em mim, também não tenho prazer em ver seu rosto feio,
mas não tenho escolha. Você me deve uma padaria e lamento dizer que
terá que lidar com a minha presença até que me devolva o que roubou de
mim, — falei.
Embora eu tivesse mentido sobre seu rosto ser feio, imaginei que
insultá-lo o faria devolver minha padaria mais rápido.
— Eu não roubei nada de você. A sua padaria estava no meu terreno e
eu só mandei demolir porque não quero nada desnecessário em minhas
terras, — afirmou, abrindo a porta do carro.
— Tenho os documentos legais que confirmam que a minha padaria
era legítima e que ninguém além de mim era dono daquele terreno. Você
não pode dizer que é sua terra sem nenhum documento legal, — eu
respondi.
Se ele pensava que eu o estava incomodando apenas para ganhar
algum dinheiro, ele estava errado.
— Bem, esses documentos são nulos e sem valor porque agora eu sou
o dono daquela terra. Então, pare de perder tempo e saia da minha
frente, senão vou conseguir uma ordem de restrição contra você. É a
última vez que estou repetindo isso, foguete; se eu voltar a vê-la, não me
responsabilizarei por minhas ações, — ele avisou ao entrar no carro; no
entanto, agarrei seu braço antes que ele fechasse a porta e fosse embora.
— Não! Você não pode fazer isso! — Eu não o deixaria escapar assim...
— Sua camponesa imunda, como ousa me tocar?! — Brenton
arrancou o braço do meu aperto e me deu um empurrão forte, fazendo-
me cair com força na estrada.
Eu gemi quando a dor formou um arco em meus braços e pernas.
Quando vi os arranhões sangrando, percebi a causa do meu incômodo.
Observei seu carro prateado ser ligado rapidamente e partir acelerado
pela movimentada estrada de Londres, me deixando com frio e
sangrando na noite gelada de inverno.
Eu nunca vou te perdoar por isso, Brenton.
Uma vez que ele estava fora da minha vista me forcei a me levantar,
ignorando a agonia ardente em meus membros.
Talvez eu devesse ir ao hospital e ser examinada por um profissional. Mas
eu não tive tempo.
Raiva e determinação pulsaram em minhas veias, me forçando a
ignorar a dor e planejar uma ida à casa dos Maslow.
Se ele se recusasse a falar comigo, eu teria que encontrar alguém que
estivesse disposto a me ouvir.
A viagem de volta ao meu apartamento foi dolorosa e fria. Eu estava
amaldiçoando Brenton em todos os tipos de línguas diferentes, mas eu
sabia que isso não o afetaria.
Como pode um homem ser tão teimoso? Ele sabia que estava errado;
por que ele simplesmente não admitia? Eu não iria me gabar ou esfregar
isso na sua cara. Seu ego era tão grande assim?
Estacionei minha scooter assim que cheguei em casa e quase corri
para o meu apartamento. Eu precisava de uma boa dose de sorvete; caso
contrário, eu explodiria.
Brenton não estava me tratando bem e eu não toleraria isso. Se ele
esperava que eu o respeitasse, deveria me respeitar também..
— Cece, querida, porque está de volta tão cedo? O que aconteceu?
Você viu o Sr. Maslow?, — a Sra. Druida perguntou.
O que diabos ela ainda estava fazendo no meu apartamento? E por
que ela estava na minha cozinha?
— Ele não quis me ouvir. Teve a coragem de dizer que eu estava
errada em ter minha padaria ali. E então ele me empurrou e eu caí, — eu
disse a ela enquanto dava uma boa olhada em meus ferimentos.
Meus dois joelhos estavam machucados e sangrando, enquanto meus
braços haviam sido arranhados até os cotovelos.
Deus, o que ele fez comigo? Como um mero empurrão poderia
resultar em tantas feridas?
— Eu disse para você não perder seu tempo, querida. Você
simplesmente não me escuta., — pude ouvir seu tom de decepção através
da cozinha, mas não me importei; Eu não desistiria da minha padaria.
Não desistiria da justiça.
— O que você está fazendo na minha cozinha, Sra. Druida?, — eu quis
saber, me perguntando se eu ousaria buscar o kit de primeiros socorros e
se meus ferimentos permitiriam que eu me movesse.
— Pensei em fazer uns biscoitos para você, — respondeu ela, saindo
da cozinha carregando um prato cheio de biscoitos de chocolate.
— Por que?, — eu gemi quando meus joelhos doeram.
— Ah meu Deus! — os olhos da Sra. Druida se arregalaram quando
pousaram em meus braços e pernas. Ela rapidamente colocou o prato na
mesa e se sentou ao meu lado. — O que aconteceu com você?
— Eu te disse, Brenton me empurrou e eu caí na estrada. Graças a
Deus não havia um carro por perto, caso contrário, eu teria sido
esmagada, — murmurei, falhando em ignorar meus ferimentos horríveis.
Eu precisava colocar um pouco de pomada nisso antes que as feridas
infeccionassem.
— E em vez de ir para o hospital você escolheu voltar para casa? Cece,
o que vou fazer com você? Agora fique aqui enquanto vou buscar o kit de
primeiros socorros, — disse ela antes de se levantar.
— Uh, obrigada, mas... Não, obrigada. Fique aqui e coma os biscoitos
enquanto eu limpo isso, — eu disse a ela.
— Ah não, você não vai deixar este lugar. Sente-se aqui e eu pegarei os
primeiros socorros.. — Ela me lançou um olhar severo, o que me deixou
sem escolha a não ser fazer o que ela disse.
Assim que percebeu que eu não me moveria, a Sra. Druida foi ao meu
quarto pegar o kit de primeiros socorros.
Três dias depois, finalmente tive coragem de visitar a casa de Brenton.
Eu queria visitar a casa de sua família mais cedo, mas meus
ferimentos e a Sra. Druida me impossibilitaram de ir a qualquer lugar.
Mas agora, eu estava me sentindo muito melhor e pronta para
enfrentar Brenton Maslow outra vez.
No entanto, enquanto olhava para o castelo gigantesco, comecei a me
perguntar se vir aqui teria sido um erro, pois estava certa de que Brenton
não morava mais ali..
Mas se ele não morava aqui, quem morava? Eu podia ver luzes
brilhando através das janelas e homens guardando o perímetro, o que
significava que o local não estava abandonado.
— Bem, só há uma maneira de descobrir... É hora de entrar e ver, —
disse a mim mesma enquanto me esgueirava sorrateiramente por trás.
Eu não sabia por quê, mas tive a sensação de que Brenton teria
alertado os guardas para ficarem de olho em mim, já que eu não o
deixaria em paz.
Razão pela qual eu estava vestida de preto e tentando me camuflar no
cenário ao meu redor.
A hora do dia estava a meu favor, pois era noite, o que tornava mais
fácil me esconder nas sombras.
Meus olhos seguiram os guardas que patrulhavam o terreno. A porta
da frente não ficava muito longe do arbusto atrás do qual eu estava me
escondendo, e eu não poderia me permitir ser vista.
Se eles me vissem, não hesitariam em me expulsar e me rotular como
invasora.
Haviam três guardas parados na entrada do castelo. Quanto tempo
demoraria para eles deixarem seus postos? Minha bexiga estava
explodindo e eu precisava chegar em casa o quanto antes.
Eu tinha esperanças de não me envergonhar na frente de Brenton ao
pedir que ele me devolvesse minha padaria.
Eu realmente precisava parar de reclamar tanto da minha padaria,
mas não conseguia evitar. Em apenas um dia, Brenton Maslow destruiu
todos os meus anos de trabalho árduo. Como eu poderia não reclamar?
Quando finalmente dois dos três guardas deixaram seus postos, eu
tive uma esperança. Agora eu precisava que o último saísse do meu
caminho e então faria minha jogada.
Minha bexiga tentou chamar minha atenção novamente, mas eu
ignorei pensando em Brenton e em como ele era um idiota.
Deus sabe o quanto eu o amaldiçoei, mas não foi o suficiente. Cada
vez que pensava nele, surgia uma nova gama de palavrões.
Brenton Maslow certamente sabia como mostrar meu lado criativo.
O engraçado sobre esses guardas é que todos estavam vestidos de
preto também, o que me deu uma ideia.
Talvez eu pudesse fingir ser um dos guardas e dispensar o homem de
seu dever. Então, quando a barra estivesse limpa, eu entraria.
Cece, você é um gênio!
Puxando o boné para esconder meurosto, endireitei os ombros e
caminhei em direção ao guarda, certificando-me de andar como um
homem. Assim que o alcancei, minhas habilidades de atriz entraram em
ação.
— Quanto tempo você vai ficar parado aqui?, — eu perguntei,
certificando-me de falar com uma voz pesada, como se tivesse fumado
muitos cigarros.
— Estou esperando que Ty volte, então vou fazer meu intervalo, —
respondeu o guarda. Minha atuação foi tão boa que ele não percebeu que
eu era uma mulher?
— Por que você não tira seu intervalo? Posso te dar cobertura, — eu
sugeri.
— Mesmo? Obrigado, cara. Vejo você mais tarde — ele disse e se
afastou, me deixando em pé na entrada.
— Bem, isso foi fácil, — eu comentei e entrei pela porta da frente.
Eu estava finalmente dentro da mansão Maslow.
Capítulo 4
Cece
Assim que entrei na residência Maslow, soube que era hora de mudar
minha aparência.
Não queria dar a Brenton nenhum conhecimento sobre mim, e como
este lugar era grande e deserto, decidi me esconder atrás de um vaso
gigante e trocar de roupa.
Não demorei muito para tirar minha camisa e calça pretas e revelar o
que estava vestindo por baixo, que era um vestido azul.
Estava um pouco enrugado, pois havia sido esmagado sob meu traje
preto, mas não me importei com isso.
Assim que terminei de me trocar, escondi a camisa e a calça dentro do
vaso antes de dar uma olhada no grande palácio. Então, era aqui que ele
morava; patético.
Por que eu tive que destruir minha vida quando ele tinha um lar
perfeitamente bom? Por que ele teve que destruir minha padaria se
poderia comprar dez padarias em qualquer outra parte do mundo?
Quanto mais eu pensava nisso, mais minha fúria crescia. Brenton
Maslow me enganou profundamente e não havia como ele escapar
impune.
Se ele pudesse viver em um palácio, ele poderia me devolver minha
padaria. Ele me devia muito.
Caso ele não concordasse, eu colocaria fogo nesta casa. Estava
disposta a destruir sua vida se necessário.
Tentando em vão controlar minha raiva, comecei a procurar pelas
pessoas que moravam aqui, mais especificamente, Brenton Maslow.
Ele me fez passar frio enquanto morava aqui, neste lugar quente e
aconchegante; o quão egoísta ele poderia ser?
Assim que eu o encontrasse, acabaria com ele, porque era exatamente
disso que ele precisava.
Certificando-me de que estava escondida, me esgueirei ao redor do
palácio tentando ouvir vozes. Mas o lugar parecia estranhamente
silencioso, assim como o homem que eu tinha vindo encontrar.
Teria sido um erro? Não haveria ninguém aqui? Se Brenton não
morava aqui, então onde ele morava?
Mesmo que eu tivesse sido facilmente capaz de enganar os guardas,
me esconder atrás dos arbustos não tinha sido fácil, especialmente
quando eu sentia que congelaria até a morte e que minha bexiga
reclamava a cada fração de segundo. Eu me movi de corredor em
corredor, mas era como se nenhuma alma existisse neste lugar
assustadoramente lindo.
Se minha viagem até aqui for um desperdício, então meu rosto seria o
primeiro que Brenton veria pela manhã.
Eu ficaria do lado de fora de seu escritório se fosse necessário, mas
não o deixaria me ignorar de jeito nenhum.
Eu sabia que ele não precisava realmente das terras que acabara de
comprar porque era rico e porque sua família era dona deste palácio
gigantesco, então ele teria que me devolver o que tirou de mim.
Não se podia ter novas ideias para negócios todos os dias; minha
padaria exigiu muito trabalho e investimento.
Foi enquanto eu estava deixando minha raiva ferver que ouvi o som
de vozes: e não apenas uma, mas várias, como se houvesse uma pequena
reunião de pessoas ou algo assim.
Elas pareciam vir de trás das portas duplas com entalhes estranhos.
Orando a Deus para que Brenton estivesse presente, corri para as
portas duplas e as abri antes de marchar para dentro.
O que vi apenas adicionou combustível ao vulcão que já explodia
dentro de mim.
De onde eu estava, parecia um jantar de família. Três casais estavam
sentados ao longo de uma longa mesa de jantar.
Um homem de aparência mais velha estava sentado à cabeceira. Um
garoto de cerca de quatorze anos e alguns outros jovens também estavam
presentes na sala.
No entanto, foi o homem sentado de cara amarrada que realmente
me fez desejar ter garras no lugar das unhas para que pudesse arrancar
sua beleza.
Brenton Maslow estava sentado com sua família, rindo e falando
como se não tivesse acabado de destruir a vida de alguém, como se não
tivesse tirado meu sustento e o esmagado sob seus pés e escavadeiras.
Ele teria que pagar por tudo isso. Teria que me pagar de volta.
Eu estava tão cega pela fúria que não percebi o que estava fazendo,
até que um som agudo rasgou a névoa de raiva e me dei conta de que
tinha ido até Brenton e lhe dado um tapa forte no rosto.
Bem, ele mereceu.
— Seu filho da puta nojento! Como você pôde fazer isso?! Como você
ousa destruir minha vida?! — eu gritei, olhando para ele e me sentindo
satisfeita quando sua bochecha corou.
Bom, eu deveria deixar minha marca nele, assim como ele havia
deixado sua marca feia em minha vida. Sua família sabia que tipo de
bastardo ele era? Eles o criaram para ser assim?
— Com licença, mocinha..., — o homem mais velho sentado na
cabeceira da mesa disse, sua voz cortando a tensão na sala.
— Quem é você, e como se atreve a invadir minha propriedade e
estragar um jantar de família? Quem te deixou entrar?
Olhei para o homem que presumi ser o pai de Brenton. — Não
preciso da permissão de ninguém para ir a lugar nenhum; especialmente
depois do que esta... — - dei uma olhada em Brenton -... — criatura sem
coração fez comigo.
O silêncio se espalhou por toda a sala, mas eu não me importei. Eu
estava aqui apenas para uma coisa e não iria embora até que a
conseguisse.
— O que diabos você pensa que está fazendo aqui? Você ainda não
aprendeu sua lição? — Brenton finalmente disse.
Uau, esqueci totalmente que ele tinha a capacidade de falar.
Eu zombei. Por quem ele me tomou, uma donzela em perigo?
— Se você acha que vou apenas sentar e chorar sobre o que você fez,
então você está redondamente enganado. Eu não perdoo aqueles que me
prejudicaram; Eu sempre me vingo, — rosnei.
Meu coração palpitou quando ele deu um passo em minha direção,
como se planejasse me atacar. — Dê o fora da minha casa! Saia agora e
guarde aquele pouquinho de dignidade com que fui misericordioso o
suficiente para deixá-la, ou então também vou te tirar isso e mandar você
ser expulsa.
Se ele pensou que eu iria me encolher de medo diante dele, então
estava errado. Brenton não percebeu que havia tirado tudo de mim.
A dignidade que ele falava em me deixar não existia, porque fora
demolida junto à minha padaria. Eu não tinha mais nada a perder.
Em vez de recuar, me aproximei. Essas pessoas ricas pensavam que
detinham todo o poder, mas não sabiam nada sobre pessoas que eram
determinadas, pessoas que exigiam justiça.
— Faça o seu pior, Brenton Maslow. Eu não tenho medo de você. Eu
não vou recuar e deixar que você pise em mim, — afirmei.
Percebi sua mandíbula se apertar, como se ele estivesse rangendo os
dentes. Os músculos de seu corpo ficaram tensos, se preparando para
uma luta.
Eu não sabia muito sobre artes marciais, mas tinha vivido nas ruas,
então poderia me controlar se alguém ousasse vir até mim.
— Mordomo! Mordomo! — Fiquei surpresa quando ele gritou por seu
mordomo. O que ele pretende fazer?
— Sim, senhor? Você me chamou? — Um homem de cerca de um
metro e setenta imediatamente parou na frente de Brenton, usando o
uniforme de mordomo típico.
Ótimo, Brenton tinha fantoches por todo lado.
— Mordomo, quem deixou essa... coisa entrar? Você não está ciente
das regras? Qualquer pessoa que não seja da família deve ficar de fora,
onde ficam todas as pessoas e coisas indesejadas.
Brenton olhou para mim enquanto dizia tudo isso. Eu teria rido se
não estivesse com tanta raiva.
Se ele pensasse que eu iria me sentir insultada e chorar na sua frente,
então eu deveria colocar um pouco de bom senso nele.
Quanto tempo demoraria para ele perceberque eu não era como as
outras mulheres frágeis, que choravam por coisas menores? Eu já tinha
chorado muito na minha vida... mas agora não mais.
— Perdoe-me, senhor, mas eu não sabia que ela havia entrado na
propriedade Maslow. Vou cuidar disso imediatamente.
O mordomo agarrou meu braço com a intenção de me arrastar para
longe, apenas para falhar enquanto eu arrancava meus membros de seu
alcance.
— Não me toque, sua marionete estúpida! Estou aqui para falar com
seu chefe e não vou embora antes de terminar, — eu disse.
— Não vou perder meu tempo com alguém como você, — Brenton
retrucou.
— Você não tem escolha; a não ser que sua reputação seja importante
para você, — respondi. Como ele poderia pensar que eu não o arruinaria?
Ele arqueou uma sobrancelha. — Você se atreve a me desafiar?
— Como eu disse, nunca desisto. — Olhei em seus olhos, desejando
que ele cedesse. Por que ele tinha que lutar comigo?
Pessoas como ele deveriam ser inteligentes o suficiente para saber
quando estavam diante de uma batalha perdida. Achei que ele era um
idiota.
Brenton ficou em silêncio por um minuto antes de falar. —
Mordomo, mudei de ideia. Não a arraste para fora da mansão; leve-a para
a masmorra; Eu cuido dela lá.
Ele se afastou de mim depois disso, deixando o mordomo seguir suas
ordens.
Desta vez, quando o mordomo agarrou meu braço, foi como se uma
faixa de ferro tivesse sido presa em volta do meu membro, sendo
impossível arrancá-la.
Não, eu não o deixaria fazer isso. Brenton tinha que falar comigo, e
ele tinha que fazer isso agora.
— Me solte! Brenton, você vai falar comigo! — gritei com toda a força
dos meus pulmões enquanto era arrastada para fora da sala de jantar pelo
fantoche estúpido.
— Juro por Deus que vou te matar se você não me soltar agora! Onde
diabos você está me levando?!
— Sr. Maslow me disse para levá-la à masmorra, então é isso que
estou fazendo, — o mordomo me respondeu enquanto começava a me
conduzir escada abaixo.
— Eu gostaria que seu precioso Sr. Maslow mandasse você pular de
um penhasco para que você pudesse me deixar em paz. Como você pode
simplesmente fazer o que ele diz? Você não tem uma mente própria?
Você não sabe como tomar suas próprias malditas decisões? Você não
sabe a diferença entre certo e errado?
Minha garganta estava começando a doer de tanto gritar, mas não me
importei. Eu queria perturbar a paz desta família, assim como Brenton
havia arruinado minha vida tranquila. E eu nem tinha feito nada contra
ele.
O mundo ao meu redor escurecia quanto mais descíamos as escadas.
Parecia que eu estava num abismo, porque os degraus pareciam durar
para sempre.
O que eu encontraria quando chegasse ao fundo? Ficaria trancada
aqui pela eternidade? Era isso que Brenton estava planejando fazer?
Se eu estivesse presa, não seria capaz de chamar sua atenção e
arruinar sua vida como prometi. Não, não! Eu não podia deixar este
homem me prender!
— Sr. Maslow me paga generosamente por seguir suas ordens, — o
mordomo respondeu.
— Então? Você está disposto a fazer coisas erradas apenas por
dinheiro? Você sabe, as pessoas estão certas quando dizem que o dinheiro
é tóxico. Isso pode te levar a fazer as coisas mais indescritíveis, — eu
murmurei ao chegarmos no final da escada, meus pés tocando o chão
sólido.. — Quando você tem uma esposa e dois filhos para cuidar, muitas
pessoas estão dispostas a fazer as coisas mais hediondas, senhora, —
respondeu ele, antes de me conduzir ao que só poderia ser descrito como
uma cela de prisão.
A porta gradeada parecia ser feita de latão caro. Ou seria cobre? Ou
talvez outro material? Eu não era muito boa em química e, portanto, não
tinha muito conhecimento sobre metais.
O mordomo abriu a grade e gentilmente me empurrou para dentro,
antes de fechar a porta e trancá-la, prendendo-me ali.
Eu estava prestes a exigir que ele me deixasse sair, mas não tive a
chance pois Brenton vinha descendo as escadas como um furacão.
Como ele desceu aqui tão rápido? A escada demorou uma eternidade para
terminar.
De qualquer forma, eu fiquei feliz por ele estar aqui. Assim eu poderia
falar com ele, e se eu tivesse que insultá-lo para mantê-lo aqui, eu o faria.
— Mordomo, pode ir embora. Eu vou cuidar disso, — ele ordenou. O
mordomo se curvou e saiu sem dizer uma palavra. Tive pena deste
homem, porque os Maslows pareciam ter feito uma lavagem cerebral
nele.
— Qual o significado disso?! Deixe-me sair agora! — sacudi, as barras
da porta, esperando que a velha manufatura cedesse para escapar, mas
não, a coisa estúpida nem se mexeu.
— Qual é a porra do seu problema? Você não entende que você não é
nada para mim?, — ele perguntou, olhando-me diretamente.
— Você destruiu minha padaria; essa é a porra do meu problema! E eu
não poderia me importar menos com o que você pensa de mim porque,
acredite ou não, o sentimento é mútuo. Eu não perderia um segundo
falando com um idiota como você se pudesse evitar, — respondi. —
Deixe-me sair daqui!
— Não acredito que você está reclamando e me fazendo perder
tempo com uma padaria idiota. Você acha que tenho tempo para pessoas
como você e suas reclamações mesquinhas? Sou um empresário, lido
com pessoas importantes! E quanto à sua padaria, eu a destruí porque era
tão inútil quanto você, — ele retrucou.
Como ele ousa chamar minha padaria de inútil? Como ele se atreve,
porra?
— Quando eu destruir sua carreira, Brenton Maslow, e marque
minhas palavras, eu o farei, então você saberá como é. Você tem uma
empresa multinacional e um palácio como casa, então não sabe como é o
trabalho duro. Você é um pirralho mimado que não sabe o que significa
trabalho duro porque tem tudo em uma bandeja de prata. E eu sinto
pena de você porque você nunca saberá o valor do que você tem; no
entanto, terei misericórdia de você e mostrarei exatamente como é
quando tudo pelo que você trabalhou é reduzido a nada. Vou destruir
você, Brenton Maslow. E isso é uma promessa, — eu terminei, respirando
pesadamente após o longo discurso.
Brenton sorriu como se minhas palavras não o tivessem perturbado,
mas eu sabia o contrário. Havia raiva em seus olhos e estava claro que eu
havia atingido um ponto nevrálgico.
— Foguete, suas palavras significam tão pouco para mim quanto sua
preciosa padaria. E me ameaçar só trará guerra à sua porta. Tem certeza
de que realmente quer isso?, — ele perguntou, aproximando-se de mim.
— Se você trouxer guerra, então é uma que eu vencerei, — eu disse.
Brenton encolheu os ombros. — Tudo bem. Se é a guerra que você
quer, foguete, então é exatamente o que você vai conseguir. E querida, eu
nunca perco.
Ele não me deu chance de responder, apenas se virou e marchou de
volta escada acima...
Me deixando sozinha na masmorra.
Capítulo 5
Cece
Em que século essas pessoas viviam? Quem no mundo mantinha
masmorras em casa hoje em dia?
E o idiota teve a audácia de me trancar e me deixar aqui para sofrer.
Eu o faria se arrepender de ter demolido minha padaria assim que
encontrasse uma maneira de sair daqui.
Havia muito que eu precisava fazer, e se ele continuasse a ignorar
minhas exigências eu não teria escolha a não ser procurar um novo
emprego, pois precisava de dinheiro para estabelecer meu negócio
novamente.
O som de passos me alertou da presença de alguém. Foi Brenton? Ele
veio aqui para me dar dinheiro e se desculpar por ter arruinado minha
vida?
Revirei os olhos com o absurdo dos meus próprios pensamentos.
Nunca em um milhão de anos Brenton se desculparia comigo; mesmo
agora, quando a culpa era claramente dele, ele me culpava por ter uma
padaria em suas terras.
Mas, para minha surpresa, um homem e uma mulher apareceram em
frente à minha cela. Eu os tinha visto no refeitório, mais cedo, quando
invadi o jantar de família.
— Olá, — o homem sorriu. Ele era corpulento, com feições juvenis e
parecia ser apenas um pouco mais velho do que Brenton.
— Eu sou Kieran, irmão mais velho de Brenton, e esta é minha
adorável esposa, Strawberry.
A mulher revirou os olhos. — Meu nome é Jenny. — Ela sorriu para
mim, e que sorriso lindo elatinha!
— Mas ela é ainda mais deliciosa do que um morango, daí o nome...
— Kieran interrompeu, fazendo Jenny corar.
— Kieran! — Ela deu um tapa no braço dele, com as bochechas
vermelhas.
— Eu odeio quebrar a conexão amorosa, mas por que vocês estão
aqui?, — perguntei.
Se todos eles fossem malvados e me dissessem para sair de suas vidas,
então eu não estaria lidando apenas com um homem, mas toda sua
família.
— Estamos aqui para libertá-la, — anunciou Kieran, — E, a propósito,
aquele tapa na cara do meu irmão... foi bem elegante. — Ele destrancou a
porta e me permitiu sair.
Ele realmente acabou de me elogiar por dar um tapa em seu irmão? Isso
foi inesperado.
— Vocês sabem que estamos no século vinte e um, certo? Masmorras
estão tão fora de moda, — comentei enquanto tirava o pó do meu vestido
- não que houvesse poeira, nele para começar — Dez gerações da família
Maslow viveram aqui. E por isso que temos masmorras. Você está bem?,
— ele perguntou.
Foi impressão minha ou havia de fato uma preocupação genuína em
seus olhos?
— Sim. Estou bem, Sr. Maslow. Eu só tenho alguns negócios a tratar
com seu irmão, e ele está fazendo tudo que pode para me ignorar, — eu
murmurei.
— Eu te aconselharia a parar de desperdiçar sua energia com Brenton;
ele só vai machucar você..
Isso veio de Jenny, que parecia ter sido arrancada diretamente de uma
história de fantasia.
A inocência irradiava dela em ondas, e eu estava feliz por ela ter um
homem como Kieran para cuidar dela, porque ele era muito melhor do
que Brenton.
— Eu não me importo com isso. Já passei por coisas piores, então não
há nada que ele possa fazer comigo. Não consigo deixar de lado meu
problema com ele porque ele me deve uma padaria. Trabalhei muito para
isso e não vou deixá-lo passar por cima de mim, — declarei.
— Se é dinheiro que você quer, podemos te fazer uma proposta, —
Kieran ofereceu.
Aceite a oferta. Pare de perder seu tempo com aquele idiota.
— Obrigada, mas eu quero que ele pague. Vocês podem não precisar
lutar por justiça porque vocês são a lei, mas eu acredito na justiça.
Obrigado por sua oferta, mas não posso aceitar seu dinheiro quando é
seu irmão, e não você, quem me deve. Vou lutar pela minha padaria, o
tanto quanto for preciso. Não me importo com o que Brenton faz
comigo, — eu disse a eles. — Obrigada por me tirar daqui. Agora eu vou
embora — Você não precisa fazer isso, — disse Jenny.
— Ir contra Brenton só resultará em seu sofrimento. Pegue o nosso
dinheiro e construa sua padaria novamente. Não lute uma batalha que
você nunca vai ganhar.
— Determinação e trabalho árduo nunca falham. Tenho vivido por
esse princípio toda a minha vida e não vou parar agora. Se Brenton vai
me destruir, ele também não sairá ileso. Desejo a todos uma boa noite, —
eu disse antes de sair da mansão Maslow com minha cabeça erguida.
Esta guerra tinha acabado de começar, e eu não deixaria que Brenton
vencesse de modo algum, independente do que acontecesse.
Assim que saí, apoiei minhas costas contra a parede e respirei fundo
algumas vezes. Demorei uma eternidade para subir a escada e minhas
pernas doíam.
Agora eu teria que sair furtivamente, da mesma maneira que entrei;
será que nada poderia ser fácil com os Maslows?
— Está tudo bem, Cece; você consegue fazer isso. Você é uma
lutadora e sempre será, — eu murmurei para mim mesma enquanto me
escondia atrás de um arbusto e esperava os guardas passarem para que eu
pudesse sair sem ser detectada.
Felizmente, isso não demoraria tanto.
O dia seguinte trouxe uma nova onda de determinação e esperança
de que eu seria capaz de sobreviver ao Brenton. Ele era um homem
inteligente; ele deveria ser capaz de entender meu ponto de vista.
E seguramente a quantidade de dinheiro que eu precisaria para
reconstruir minha padaria era menor do que a quantia que ele pagava aos
seus funcionários. Hoje eu iria novamente ao seu escritório e tentaria
falar com ele mais uma vez.
— Você ainda vai visitá-lo?, — a Sra. Druida perguntou ao entrar no
meu apartamento carregando uma cesta de frutas.
— Claro que vou. Tenho grandes esperanças de que ele me escute
hoje, — eu sorri, animada. Se ele me desse uma chance de falar com ele,
então eu tentaria o meu melhor para ser respeitosa.
— Você precisa comer algumas frutas, porque seu cérebro claramente
não está funcionando. Vamos, coma uma banana, — a Sra. Druida pegou
uma fruta amarela e me entregou.
Revirei os olhos antes de colocá-la de volta na cesta. — Não fico
esperançosa sem motivos, Sra. Druida, você sabe disso. Se estou tendo
um bom pressentimento, significa que algo bom vai acontecer.
— E eu acreditaria em você, se você não estivesse lidando com
Brenton Maslow. Pare de ter esperança sobre isso, porque essa situação
vai acabar te machucando, — ela argumentou.
— Eu não tenho escolha, a não ser ter esperança. Tive uma conversa
com o irmão dele ontem à noite e, com sorte, ele terá falado um pouco
com ele. Tenho certeza de que Brandon vai ao menos me ouvir, — eu
disse a ela enquanto pendurava minha bolsa no ombro.
— Tenho que ir agora. Te vejo na hora do almoço, se tudo der certo
— Você está perdendo seu tempo, — ouvi-a dizer enquanto saía, mas
não prestei atenção às suas palavras. Talvez Kieran tivesse falado com
Brenton e ele estivesse disposto a me ouvir agora.
A viagem até o escritório de Brenton foi longa e fria, mas não deixei
que isso apagasse o calor da esperança em meu coração.
Talvez eu devesse levar uma caixa de chocolates para ele como uma oferta
de paz; isso poderia amolecê-lo um pouco.
Verifiquei meu relógio de pulso e vi que faltavam cinco para as nove, o
que significava que não haveria muitas pessoas presentes dentro do
prédio. Isso era uma coisa boa, já que Brenton não estaria ocupado.
Estacionei minha scooter e saí. Assim que comecei a andar em
direção à entrada, vi um carro luxuoso estacionar.
A porta se abriu e Brenton Maslow saiu de dentro do carro, vestindo
um terno cinza claro e uma camisa branca. Seu feitio belamente
esculpido junto ao seu traje caro o faziam parecer um príncipe.
E eu esperava que esse príncipe me ouvisse hoje.
— Bom dia, Sr. Maslow. — eu sorri enquanto corria até ele. Quando
ele me viu se aproximando, seus olhos brilharam de fúria antes que dois
homens corpulentos parassem na frente dele.
Eu franzi a testa ao parar a poucos metros de distância, me
perguntando o que estaria acontecendo.
No entanto, não tive que esperar muito pela minha resposta, porque
um policial se adiantou e me entregou um pedaço de papel.
— Bom dia, policial, você se importa de me dizer o que está
acontecendo aqui?, — perguntei ao belo homem de uniforme que tinha
cerca de um metro e oitenta de altura, olhos azuis e cabelos loiros.
— Esta é uma ordem de restrição contra você, Srta. Fells. Em resposta
ao comportamento inadequado, o Sr. Maslow entrou com um pedido de
restrição. De acordo com isso, você não deve ficar a menos de 1500
metros de distância de Brenton Maslow e também está proibida de
dirigir nesta estrada porque a Maslow Enterprises está estabelecida aqui.
Se você não cumprir essas regras, não hesitaremos em colocá-lo na prisão
e seus amigos poderão ou não conseguir resgatá-la. Este aviso entrou em
vigor imediatamente, portanto, por favor, deixe a vizinhança antes que
eu a prenda, — o policial me informou.
Meus olhos saltaram e meu queixo caiu quando olhei para a ordem de
restrição. Então ele realmente iria se esforçar mais ainda para provar que
era o maior babaca do mundo.
Tudo bem então; se era isso que ele queria, era exatamente isso que
eu daria a ele. O carma certamente o apanharia, mesmo que eu não
conseguisse.
Com meus olhos colados em seu rosto bonito, observei Brenton se
afastar de mim e desaparecer dentro do prédio, seus guardas parando na
porta e assumindo sua posição.
Então é isso que ele faz depois que eu apareço e exijo que ele pague pelo
que fez. Ele escapa como um covarde e obtém uma ordem de restrição ao
invés de me encarar de frente. Patético.
E eu não podia acreditar que perdi meu tempo com um covarde tãopatético. A Sra. Druida estava certa; Eu estava perdendo meu tempo e era
uma idiota em pensar que ele me ouviria.
— Srta. Fells, estou lhe pedindo que deixe a vizinhança. Você está
indo contra a lei por estar aqui, — repetiu o policial, me retirando dos
meus pensamentos.
— Certo. Minhas desculpas, oficial. Eu vou embora agora. —
Dobrando a ordem de restrição ao meio, coloco-a na bolsa antes de me
arrastar de volta para a minha scooter.
Lançando uma última olhada no topo do prédio onde ficava o
escritório de Brenton, liguei minha scooter e fui embora, minha mente
procurando por alternativas.
Era evidente que Brenton Maslow não estava disposto a me ajudar.
Ele havia destruído meu negócio e agora controlava os escombros.
Com essa ordem de restrição que estava em minhas mãos sabia que
tinha sido proibida de vê-lo e de falar com ele. Portanto, não tive escolha
a não ser começar do início.
Eu iria para casa e começaria a ler jornais; Eu tinha certeza que
encontraria um lugar para trabalhar.
Mesmo que meu coração estivesse pesado, e que derramar algumas
lágrimas fizesse eu me sentir melhor porque era frustrante começar do
zero, eu sabia que não havia tempo para isso.
Minhas lágrimas podiam esperar, mas minha padaria não. Eu
começaria a assar as massas de casa e entregaria eu mesma os cupcakes
caso não conseguisse encontrar um emprego. Eu ainda tinha algum
dinheiro sobrando das vendas recentes que fiz.
Assim que cheguei em casa, larguei minha scooter no estacionamento
e corri escada acima para o meu apartamento.
Graças a Deus a Sra. Druida tinha ido embora, porque eu não queria
que ela esfregasse na minha cara o fato de que ela estava certa o tempo
todo.
Jogando minha bolsa para o lado, peguei meu laptop e comecei a
procurar por empregos. Mandei meu currículo por e-mail para algumas
empresas, depois fechei meu laptop e peguei o jornal para tentar a sorte.
Assim que terminei de examinar as oportunidades de emprego, catei
minha bolsa e desci as escadas mais uma vez.
Quanto mais cedo eu conseguisse um novo trabalho, melhor seria,
porque não esperaria uma eternidade para reabrir meu negócio. Ligando
minha scooter, dirigi até o primeiro local que havia assinalado no jornal.
Depois de sair do quinto restaurante que se recusou a me contratar
eu queria simplesmente chorar e matar Brenton pelo que ele tinha feito.
Aparentemente, ele usou sua influência para convencer os cafés e
restaurantes a não me contratarem, contando-lhes todo tipo de mentira
sobre como eu havia cumprido pena na prisão por lavagem de dinheiro.
Eu não podia acreditar que ele se rebaixaria tanto a ponto de manchar
a reputação de uma anônima como eu. Mas fosse o que fosse, ele havia
conseguido e agora ninguém estava disposto a me contratar.
Se eu tivesse dinheiro para contratar um assassino para matar
Brenton Maslow, eu teria contratado.
Mas, novamente, eu estaria desperdiçando dinheiro com um covarde
patético que nem mesmo tinha forças para enfrentar sua oponente de
frente, e que teve que se esconder atrás de seus diamantes e dinheiro.
Não admira que ele fosse solteiro; que mulher gostaria de namorar
um homem tão monstro? Isso mesmo, ninguém.
— Espero que você engasgue com sua riqueza, Brenton. Essa
provavelmente será a maneira mais tranquila de você morrer, porque o
que eu planejo para você será muito pior, — murmurei para mim mesma
enquanto ligava minha scooter pela vigésima vez hoje.
Não importa o que acontecesse, eu não desistiria. E daí se todos em
Londres se recusassem a me contratar? Eu simplesmente sairia da cidade
e começaria uma nova vida em outro lugar.
Brenton tinha coisas melhores para fazer do que dizer ao mundo
inteiro para não me contratar.
Foi enquanto eu pensava nisso que me deparei com um restaurante
que nunca tinha visto antes. Era pequeno, mas parecia elegante do lado
de fora.
Será que ouso tentar a sorte aqui? Que mal isso poderia ter, já que o
pior que eles poderiam fazer seria não me contratar?
Rezando para meus anjos da guarda, que pareciam estar adormecidos
atualmente, desci da minha scooter e entrei sorrateiramente no
restaurante, o que me fez sentir como se eu estivesse invadindo a casa de
alguém.
Então vi uma mulher de cerca de quarenta anos gerenciando o balcão
- Seria ela a dona? Eu não sabia. Mas só havia uma maneira de descobrir.
Respirei fundo com coragem antes de caminhar até ela, esperando
que Brenton não a tivesse atingido também.
Capítulo 6
Cece
— Você está falando sério? — Eu não pude acreditar no que estava
ouvindo.
Ela realmente disse o que eu pensei que ela disse?
Talvez eu precisasse de alguém para me beliscar, porque isso parecia
um sonho louco.
A dama à minha frente, Sra. Hampton, sorriu. — Sim, querida, você
está contratada. Você pode começar a trabalhar imediatamente ou
amanhã de manhã, se preferir.
— Vou começar imediatamente. Muito obrigada!
Eu teria abraçado a Sra. Hampton imediatamente, se isso não fosse
antiprofissional. Eu não podia acreditar que ela havia me contratado.
Finalmente encontrei alguém que estava livre da influência de
Brenton. Eu queria saudar essa mulher por não ceder à riqueza e ao
poder que Brenton possuía.
— Não precisa me agradecer. Estou feliz que alguém veio. Este
restaurante é meio escondido, então muitas pessoas não sabem dele. E
estou tentando contratar alguém há alguns meses, — ela respondeu.
— Desde a morte de Tom, tem sido meio difícil administrar tudo
sozinha..
— Não se preocupe, Sra. Hampton. Estou aqui agora e vou trabalhar
muito para garantir que os clientes fiquem satisfeitos. Você não precisa se
preocupar com mais nada, — eu disse a ela, enquanto ela me entregava
um avental que amarrei rapidamente em volta da minha cintura.
— Estou ansiosa por isso, querida, — ela sorriu, e eu sabia que teria
uma incrível experiência trabalhando aqui.
Como eu precisava ganhar dinheiro para minha padaria, teria a
certeza de ser a melhor garçonete da cidade para que me pagassem bem.
Eu ficaria feliz em esfregar meu sucesso na cara de Brenton, mas
então percebi que ele não valia meu tempo e que eu deveria apenas me
concentrar em viver minha vida.
Ele poderia se banhar com seu dinheiro e rubis o quanto quisesse.
Com um sorriso para minha nova patroa, peguei o mini tablet e me
dirigi aos clientes que tinham acabado de chegar. O casal parecia ter
cerca de trinta anos.
O homem estava vestido impecavelmente, com um terno e uma
camisa sem rugas.
A mulher, por outro lado, usava um vestido rosa com uma pulseira de
diamantes no pulso.
— Boa noite. Meu nome é Cecelia e serei sua garçonete esta noite.
Vocês estão prontos para fazerem o pedido?
Eu segurei meu dedo a alguns centímetros da tela do tablet,
esperando para anotar tudo.
O casal sorriu e então o homem enunciou o pedido. Mantendo minha
mente focada nessa tarefa específica, anotei o que eles falaram e disse-
lhes que traria tudo em meia hora.
Entreguei o pedido ao chef, enquanto trabalhava para lidar com todos
os outros clientes, esquecendo-me completamente de Brenton pela
primeira vez desde que soube que ele destruiu minha padaria.
O tempo passou voando enquanto eu continuava a trabalhar, e
comecei a gostar cada vez mais do meu trabalho. Minha chefe era legal e
os clientes foram gentis e generosos.
Eu recebi cada gorjeta como se fosse a última e as mantive seguras
comigo mesma.
Eu continuaria trabalhando até ter o suficiente para alugar um
prédio. E quando chegasse em casa, faria cupcakes e os entregaria aos
meus clientes.
Eu alertaria a todos que a loja seria transferida para um novo local, de
forma que eles não precisassem fazer a viagem desnecessária e pudessem
fazer o pedido diretamente.
Brenton pode ter destruído minha padaria, mas isso não significa que
ele destruiu meu negócio completamente. Eu ainda poderia salvá-lo. Eu
não desistiria.
Assim que o último cliente da noite saiu do restaurante, não pude
deixar de sorrir de satisfação. Eu não podia acreditar que esta noite
acabou sendo tão boa.
Depois de ser rejeitada por tantos restaurantes, esta linda senhorafinalmente me contratou. E eu tinha certeza de que ela me manteria por
perto e não me despediria.
— Bom trabalho, Cecelia. Devo dizer que você é uma bênção. Você
assumiu tudo tão facilmente que me impressionou. Vou conversar com
meu filho sobre mantê-la como gerente nos próximos dias, — ela
elogiou, me deixando radiante.
— Muito obrigada, Sra. Hampton. Você confiou em mim ao me
contratar, então como eu não poderia dar o meu melhor? Não sabia que
você tinha um filho, — respondi.
— Ah, sim. Ele está na Irlanda, lidando com o lado paterno dos
negócios.
— Perdoe-me por bisbilhotar, mas este restaurante não era do seu
marido?, — perguntei.
— Este restaurante nasceu do amor e do trabalho árduo do meu
marido e de mim. A comida era algo a que ambos nos sentíamos ligados,
por isso decidimos abrir este restaurante, — respondeu ela.
Era possível perceber que a Sra. Hampton realmente sentia falta do
marido pelo brilho em seus olhos. Deus sabe como deve ser difícil perder
a pessoa que você ama em tão tenra idade.
— Isso é muito bonito, — eu disse, sem saber o que mais dizer.
Já que eles trabalharam tanto, eu faria questão de trabalhar tão duro
quanto pudesse para que mais e mais pessoas viessem aqui.
— Sim.. Então, meu filho vai chegar daqui a alguns dias e vou falar
com ele sobre você, — afirmou.
— Muito obrigado, Sra. Hampton. Significa muito para mim.
Essa mulher foi realmente uma bênção para mim, porque se ela não
tivesse me contratado eu estaria fazendo as malas para me mudar para
outra cidade e começar uma nova vida.
— Claro, querida, você mereceu. Agora está ficando tarde e é melhor
você ir para casa. Espero você aqui, por volta das nove da manhã de
amanhã, então não se atrase, — ela disse enquanto me entregava minhas
gorjetas.
— E aqui estão suas gorjetas. Você fez um ótimo trabalho para alguém
que acabou de ser contratada.
— Eu não me atrasarei; não se preocupe com isso. E obrigado pelas
gorjetas. Te vejo amanhã. Boa noite, Sra. Hampton.
Sorri e acenei para ela ao sair do restaurante, finalmente me sentindo
feliz depois de tanto tempo.
Eu não podia acreditar no tanto que Brenton era um parasita, tendo
sugado minha vida e felicidade. Bem, tanto faz; eu agora podia
comemorar o fato de que ele estava fora da minha vida agora.
Caminhei em direção à minha scooter com um sorriso no rosto e
rapidamente iniciei os motores.
Se não houvesse tráfego, eu conseguiria chegar em casa a tempo de
fazer algumas fornadas de cupcakes.
Depois eu dormiria e então acordaria cedo para não me atrasar para o
meu turno no dia seguinte.
A viagem de volta ao meu apartamento foi gelada, mas tranquila; no
entanto, a paz não durou muito, pois um sentimento estranho perturbou
meu coração.
Senti como se alguém estivesse me observando e um calafrio subiu
pela minha espinha. Parei em um sinal vermelho e olhei por cima do
ombro, mas só vi uma estrada vazia atrás de mim.
O silêncio dobrou suas asas e se instalou ao meu redor. Nem uma
única alma estava presente. Um solitário carro preto de vidros escuros
estava estacionado perto da calçada.
Não havia nada além disso acontecendo ao meu redor.
Minhas sobrancelhas franziram quando a sensação se intensificou,
fazendo-me sentir como se alguém estivesse parado a poucos metros de
mim, me analisando.
Por que diabos eu teria um perseguidor? Eu recebi uma ordem de
restrição porque estava perseguindo alguém. O perseguidor não poderia
se tornar o perseguido — É apenas a escuridão e sua imaginação
pregando peças em você, Cece; não se preocupe, — murmurei para mim
mesma enquanto tentei me livrar da sensação desconfortável, e então
continuei meu caminho.
Eu precisava parar de me preocupar com essas bobeiras porque eu
tinha coisas muito mais importantes com as quais lidar.
Assim que cheguei ao meu prédio, estacionei minha scooter e subi
correndo as escadas para assar alguns cupcakes.
Cozinhar sempre me deixava feliz e me ajudava a relaxar, então essa
seria a maneira perfeita de esquecer o desconforto que me incomodava
desde quando eu havia deixado o restaurante.
Tinha sido uma sensação estranha, eu nunca havia me sentido assim
antes e essa estranha paranoia era perturbadora.
Quando cheguei à cozinha, comecei a trabalhar.
Peguei os ingredientes que precisava para os cupcakes e, na hora
seguinte, esqueci todas as minhas preocupações enquanto fazia o que
mais gostava de fazer.
Eu só esperava que houvesse pedidos pela manhã para que eu pudesse
ganhar algum dinheiro.
Enquanto os cupcakes estavam no forno, verifiquei meu laptop para
ver se alguma das empresas para as quais havia enviado o meu currículo
tinha me respondido ou não, e fiquei desapontada quando vi que não
recebi nenhum e-mail.
Ótimo. Tudo que me restava era seguir trabalhando como garçonete
em um restaurante. Nesse ritmo, levaria cerca de cinquenta anos para
que eu ganhasse o suficiente para alugar um prédio para minha padaria,
quem dirá comprar um.
Eu odiava Brenton e o amaldiçoei até não conseguir mais. Um
homem tão mesquinho.
Desejei que ele ficasse solteiro para sempre, porque me preocupava
com a população feminina e não queria que ninguém sofresse em suas
mãos.
Depois de tirar os cupcakes do forno, rapidamente coloquei o glacê
sobre eles e os reservei na geladeira.
Eu poderia dar alguns para a Sra. Druida, já que ela tinha sido tão
gentil comigo nos últimos dias. Ela me trouxe biscoitos e frutas, então
seria legal se eu desse algo em troca.
Depois de empacotar cupcakes para ela, decidi ir para a cama.
Eu não me importava com quem me observava; Eu tinha uma vida
para viver e não deixaria ninguém destruí-la.
Eu me deitei rapidamente e puxei meu cobertor floral até o pescoço.
Este era meu cobertor favorito junto com o travesseiro em que eu estava
dormindo.
Tive a sorte de topar com eles enquanto comprava roupa de cama e
desde então nunca estive longe deles.
Assim que me cobri com cobertor o sono me envolveu em seus
braços, libertando-me assim que cheguei ao mundo dos sonhos. Pelo
menos era para ser o mundo dos sonhos, mas Brenton transformou meu
sonho em um pesadelo.
Ele estava sentado em um trono, muito parecido com o que ele
acreditava estar sentado no mundo real. Ele segurava um tridente em sua
mão enquanto uma coroa de joias repousava em sua cabeça.
As pessoas se ajoelhavam à sua frente, implorando por misericórdia.
Por algum motivo essas pessoas estavam me deixando com raiva. Por que
eles precisavam da misericórdia de um homem tão patético?
Brenton não sabia o que significava empatia ou perdão.
Eu assisti, paralisada, enquanto Brenton se levantava de seu trono e
descia até ficar de pé ao lado dos homens ajoelhados à sua frente.
Meu queixo caiu e meus olhos quase saltaram quando ele ergueu seu
tridente e golpeou o homem que estava ajoelhado a dois centímetros
dele, matando-o instantaneamente.
Assim que o homem caiu morto, Brenton levantou a cabeça e seus
olhos se encontraram com os meus, me colocando sob um feitiço e me
impedindo de correr para qualquer lugar.
Brenton marchou em minha direção, e quanto mais ele se
aproximava, mais eu pensava sobre a ordem de restrição e em como nós
deveríamos manter uma distância de 150 metros.
Mas se era ele quem vinha até mim, essa ordem de restrição ainda
contava? Quero dizer, foi ele quem quebrou a condição, então...
Engoli em seco quando ele parou a poucos centímetros do meu rosto.
Será que ele me apunhalaria com um tridente também? Talvez fosse
melhor que ele fizesse logo isso.
E por que diabos ele estava tão bonito?
— Você acha que pode fugir de mim, foguete?, — ele disse.
— Uh, você não quer que eu faça exatamente isso?, — perguntei. Este
Brenton era confuso.
— Você não pode fazer isso, — afirmou.
— Não posso fazer o quê? — No momento, a única coisa que eu não
podia fazer era me mover ou fugir.
Minha respiração se prendeu quando ele chegou assustadoramente
mais para perto de mim. — Estou indo atrás de você, foguete.
Acordei assustada, segurando meu coração, que ameaçava pular para
fora do meu peito.
O que diabos foi isso? Eu realmente

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