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22
FACULDADE ANHAGUERA DE JUNDIAÍ
CURSO DE NUTRIÇÃO
NATHALIA ROSSI PEREIRA DA SILVA
 (
BULIMIA NERVOSA e a nutrição 
)
Jundiaí - SP
2022
NATHALIA ROSSI PEREIRA DA SILVA
BULIMIA NERVOSA e a nutrição 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharelado em Nutrição.
Orientador: Prof.ª Monica Zanon Luque
Orientador: Prof.ª Patrícia Christo Ciconello
Jundiaí - SP
2022
SILVA, Nathalia Rossi Pereira da. Bulimia nervosa e a nutrição. 21 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) – (Faculdade Anhanguera de Jundiaí), Jundiaí, 2022.
RESUMO
A bulimia nervosa é um distúrbio alimentar caracterizado por compulsões alimentares recorrentes, geralmente com alto teor calórico, seguido de métodos compensatórios para se evitar o ganho de peso, tais como a indução de vômitos, uso de medicamentos laxativos, jejum prolongado e praticas exaustivas de atividade física. O estudo visa compreender as características desse transtorno, padrões de comportamento, bem como a abordagem adequada e terapêutica do nutricionista perante pacientes diagnosticados. Baseado na revisão bibliográfica de natureza qualitativa descritiva tem o objetivo de analisar a temática da doença e seus processos, através de artigos científicos originais sobre o tema “bulimia nervosa e a nutrição” entre os anos 2006 e 2020, com buscas de origem primária em plataformas cientificas como Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Google Acadêmico, Biblioteca Virtual em Saúde- BVS e demais revistas cientificas. Como conclusão, é observado que existe uma prevalência do transtorno em adolescentes do sexo feminino, devido a alta insatisfação com a imagem, causada pela imposição de um padrão corporal muitas vezes irreal. A terapia nutricional e multidisciplinar para este transtorno é diferenciada, exigindo do nutricionista uma maior habilidade de aconselhamento dietoterápico, com ênfase na abordagem de atitudes alimentares e reabilitação nutricional.
Palavras-chave: transtornos alimentares; bulimia; terapia nutricional; bulimia nervosa.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO	5
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA	7
2.1.	ASPECTOS NUTRICIONAIS E CARACTERÍSTICOS DO TRANSTORNO	7
2.2.	História clínica e o nutricionista	9
2.3.	Terapia e abordagens	10
3. METODOLOGIA DA PESQUISA	17
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO	18
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS	20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	21
1 INTRODUÇÃO 
Transtornos alimentares são quadros clínicos associados aos tempos modernos, voltados para a preocupação com o alimento e peso. Sendo mais comum no sexo feminino, principalmente em adolescentes, em maior relevância nos grandes centros urbanos. A crescente valorização ao corpo perfeito e o aumento do setor de beleza e estética com investimentos em cosméticos e cirurgias plásticas influenciam a busca pela magreza. (SANT´ANNA, 2014.) 
O presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre o distúrbio da bulimia e a intervenção da nutrição. Tem como objetivos específicos analisar a temática da doença e seus processos e destacar a importância da nutrição diante do transtorno de bulimia.
A metodologia contou com pesquisa qualitativa bibliográfica através de artigos científicos, livros, Google acadêmico, biblioteca virtual e revistas científicas originais falando sobre a temática da bulimia.
Na bulimia, o indivíduo acredita que através de comportamentos compensatórios, pode neutralizar os efeitos calóricos excessivos da compulsão alimentar, diminuindo a culpa pela sua ingestão exagerada. 
O adequado tratamento do transtorno requer uma equipe multiprofissional e terapia nutricional especializada. Compreender as características desse transtorno, os padrões de consumo e o comportamento alimentar, bem como atentar para as atitudes alimentares dos pacientes, é fundamental para o planejamento e para a adequada condução da abordagem nutricional. A terapia nutricional para esse transtorno é diferenciada, exigindo do nutricionista maiores habilidades de aconselhamento nutricional. (ALVARENGA, 2010.)
É de suma importância que o nutricionista esteja preparado para o atendimento do paciente com transtorno alimentar, pois deve ter uma postura confiante e confortável, ser um ouvinte empático e um colaborador que dá suporte ao paciente. Estabelecer uma relação colaborativa requer um terapeuta nutricional ativo, direto, simpático, honesto e capaz de estabelecer empatia e credibilidade. O terapeuta nutricional deve mostrar interesse genuíno pelas experiencias, ansiedades e obsessões dos pacientes, dando a sensação de compreensão sentida pelo paciente. Muitas vezes o tratamento pode ser estressante ao nutricionista, devido a centralidade das questões alimentares e também por exigir conceitos psicoterapêuticos, que não são abordados nos cursos de graduação em nutrição. (ALVARENGA, SCAGLIUSI. 2010)
Segundo o Hospital Sírio Libanês, o tratamento mais comum é a terapia cognitivo-comportamental que é fundamentada no aprendizado correto da ingestão de alimentos, recomendações nutricionais a base de dietas feitas pelo profissional de nutrição especificas para cada paciente, a fim de normalizar o comportamento alimentar e reduzir as dietas errôneas, reestruturação cognitiva focada na etiologia dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento e manutenção da bulimia, prevenção de recaídas e comportamentos compensatórios através do desenvolvimento de estratégias alimentares. Além disso, há uma abordagem da autoestima, modificação da relação com a imagem corporal e com o sistema de crenças disfuncionais. A psicoterapia familiar e individual também é muito importante e eficaz para os pacientes.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 ASPECTOS NUTRICIONAIS E CARACTERISTICOS DO TRANSTORNO
A bulimia nervosa é um transtorno alimentar caracterizado por compulsões alimentares e métodos compensatórios recorrentes. Os pacientes apresentam ingestão alimentar inadequada e comportamentos alimentares disfuncionais. Compreender as características desse transtorno, os padrões de consumo e o comportamento alimentar, bem como atentar para as atitudes alimentares dos pacientes, é fundamental para o planejamento e para a adequada condução da abordagem nutricional. A bulimia nervosa é caracterizada por um ciclo constituído por dieta, compulsão e purgação, com padrão alimentar descrito como “caótico e bizarro”. A restrição tem papel fundamental no início e perpetuação do quadro. Assim, a compulsão pode ser desencadeada pela restrição e por fatores emocionais; e a purgação é usada pelos pacientes com o objetivo de eliminar o excesso ingerido, trazer sensação de alívio, de “purificação” e catarse. O padrão alimentar é muito caótico e, portanto, a ingestão de energia e nutrientes vai depender da fase; restritiva ou compensatória. Encontra-se então grande variabilidade na ingestão alimentar, com refeições também muito irregulares. (ALVARENGA, SCAGLIUSI. 2010).
Além dos comportamentos típicos da bulimia, o ato de esconder os alimentos considerados mais gordurosos, ter alimentos saudáveis disponíveis para fingir o consumo e depois descarta-los e o corte de pedaços pequenos no prato e mastigação lenta também podem ser considerados.
Os Transtornos alimentares estão associados aos tempos modernos, voltados para a preocupação com a forma física irreal, geralmente imposto pelas mídias sociais. Sendo mais comum no sexo feminino, principalmente em adolescentes, em maior relevância nos grandes centros urbanos. A crescente valorização ao corpo perfeito e o aumento do setor de beleza e estética com investimentos em cosméticos e cirurgias plásticas influenciam a busca pela magreza e pelo corpo ideal. (SANT´ANNA, 2014.) 
O indivíduo acredita que através de comportamentos compensatórios, pode neutralizar os efeitos calóricos excessivos da compulsão alimentar, diminuindo a culpa pela sua ingestão exagerada. Os métodos compensatórios podem ser: dietas restritivas para perda de peso, exercícios físicos desgastantes, uso de laxantes e diuréticos, provocaçãode vômitos após a fase compensatória, além do uso de remédios emagrecedores sem orientação médica.
Outras características dos aspectos psicológicos e comportamentais da bulimia são: Isolamento social ou familiar, mudanças bruscas de humor, e idas frequentes ao banheiro após as refeições. Porém, não é todo bulímico que utiliza o vômito como método compensatório.
Gatda (2016) Ainda descreve que além dos aspectos característicos emocionais da bulimia, o paciente pode apresentar sinais físicos, como por exemplo: Quedas de cabelo devido a deficiência nutricional, desmaios e fraquezas devido ao uso de laxantes e diuréticos, pois provocam um desequilíbrio eletrolítico. O uso de laxantes também é de extrema preocupação, pois com o uso frequente, o trato digestivo se acostuma progressivamente ao fármaco, sendo necessário aumentar cada vez mais as doses para obter resultados como os anteriores. 
Após o episódio de compulsão a pessoa deixa de comer durante um tempo, podendo até permanecer em jejum por algum tempo, e/ou praticar exercícios físicos intensos. As dietas (jejuns e/ou dietas restritivas), ou a ideia de eliminar para sempre certo tipo de alimento, que na concepção da pessoa engordam são usados como métodos compensatórios. Dados demonstram que este tipo de dietas provocam o efeito “yo-yo” (a perda de peso é seguida de um aumento importante no mesmo), e provocam um aumento de peso a longo prazo, juntamente com alterações endócrinas (“dismenorreia”, menstruações difíceis e dolorosas). Os medicamentos que diminuem o apetite, ou anorexígenos, contém em sua maioria anfetaminas, que, além de produzir inapetência (falta de apetite), perturbam o sono, provocam agitação, dependência e numerosos efeitos secundários não desejados. A prática de exercitar-se excessivamente pode ter consequências graves, em particular afetando as articulações e o sistema cardiovascular (GATDA, 2016, p.07).
Segundo Gatda (2016), outro aspecto físico que pode ser observado em pacientes com um grau de bulimia alto, são calos no dorso dos dedos, principalmente no indicador, como consequência de introduzir a mão na boca para induzir o vômito repetidas vezes, estes calos levam o nome do psiquiatra Gerald Russel, que as descreveu em 1979.
As complicações médicas mais comuns da bulimia incluem arritmias cardíacas, sangramentos do esôfago, distúrbios eletrolíticos, problemas gastrintestinais e dentais. (GATDA, 2016).
O padrão nutricional define a combinação de alimentos consumidos pelos pacientes, que podem se caracterizar como o consumo de determinados alimentos repetidamente, ou a restrição de determinados grupos alimentares, como gorduras e carboidratos. Segundo Moraes e Maravalhas (2019) Os pacientes classificam por si, os alimentos como bons ou ruins, sendo a lista de alimentos bons muito restrita, geralmente composta por verduras, legumes e frutas, contendo baixa caloria. A restrição alimentar é tão rígida, que é consumido apenas pequenas porções desses alimentos considerados “bons” durante o dia, ou em casos mais graves, a privação de qualquer alimento. O paciente consequentemente sente raiva da sensação de fome, gerando um transtorno emocional e desistência do período de privação.
2.2 História clínica e o nutricionista
Segundo Alvarenga e Larino (2002) A Américan Dietetic Association, propõe uma terapia nutricional para os pacientes com Bulimia nervosa, no qual se trata de um processo integrado, de diversos profissionais da área da saúde além do nutricionista, que tem como objetivo modificar os comportamentos relacionados ao peso e a alimentação. Essa terapia é composta por duas fases: A educacional e a experimental.
A fase educacional tem objetivos relacionados a coleta e transmissão de informações: a história alimentar do paciente, o estabelecimento de uma relação de colaboração, a definição de conceitos relevantes sobre alimentos, a apresentação de exemplos de padrões de fome e de consumo alimentar e a orientação. A fase experimental tem objetivos mais terapêuticos, que incluem: separar comportamentos relacionados a alimento e peso, de sentimentos e questões psicológicas; incrementar as mudanças de comportamento alimentar; aumentar ou diminuir o peso gradativamente; orientar a manutenção de um peso adequado e o comportamento com o alimento em ocasiões sociais. (ALVARENGA; LARINO, 2002, p.39).
Alvarenga e Larino (2002) ainda descrevem que o terapeuta nutricional (nutricionista) se encontra por um longo período com o paciente, por ser um tratamento longo, portanto, o profissional precisa desenvolver habilidades psicoterapêuticas para compreender o potencial comportamento manipulativo e negacionista do paciente.
O tratamento nutricional deve envolver ainda o uso do diário alimentar, pois nele os pacientes registram o horário, local, qualidade e quantidade dos alimentos ingeridos, além do detalhamento da compulsão alimentar quando ocorrida (ALVARENGA, 2014).
Uma grande dificuldade que o nutricionista pode enfrentar é o conhecimento errôneo que o paciente acredita ter sobre os alimentos e a nutrição, para isso, o nutricionista precisa de uma abordagem explicativa e educativa, de forma que o paciente sinta que o profissional está colaborando para o ganho de maiores conhecimentos sobre sua alimentação e reeducação.
No caso da bulimia nervosa, são raros os casos em que é indicado o uso da nutrição enteral e parenteral. A realimentação via oral com alimentos selecionados é a mais sucedida das abordagens.
Cada programa de tratamento deve individualizar seu próprio protocolo para dietoterapia e no caso da avaliação antropométrica, a pesagem das pacientes num programa de internação ou ambulatório. Este protocolo deve incluir quem deve se pesar, quando a pesagem ocorre e se o paciente deve ou não saber seu peso. O paciente deve ter a oportunidade de discutir sua reação com relação ao peso quando é visto pelo nutricionista. A sessão nutricional é a oportunidade mais apropriada para a pesagem do paciente. É quando se discute suas reações e são providenciadas explicações para as mudanças de peso encontradas. (ALVARENGA; LARINO, 2002)
2.3 Terapia e abordagens
O aconselhamento nutricional tem como objetivo, a troca de padrões alimentares, dos não saudáveis, pelos saudáveis, e tem como foco a restauração e monitoramento do peso corporal ao longo do tratamento, mesmo depois da alta do paciente. Além do foco nos alimentos, é importante que o nutricionista esteja atento as percepções e pensamentos do paciente em relação a informação que está sendo passada, para que haja uma relação de cumplicidade e confiança com o paciente.
A avaliação nutricional visa à identificação de sintomas e comportamentos alimentares relacionados a essas condições clínicas. O nutricionista deve realizar avaliação das medidas antropométricas, do comportamento alimentar e dos exames bioquímicos (principalmente em relação a distúrbios hidroeletrolíticos e síndrome da realimentação). Inicialmente, deve-se realizar uma anamnese abordando informações sociodemográficas, história de saúde atual e pregressa, tratamentos prévios ou em curso, medicamentos, suplementos e qualidade do sono. Adicionalmente, recomenda-se a investigação de sinais e sintomas físicos característicos do transtorno alimentar, como alterações orais, gastrointestinais, endócrinas e dermatológicas. (MARAVALHAS, MORAES, 2019, p.32). 
Segundo Maravalhas e Moraes (2019) A avaliação antropométrica deve incluir a aferição de peso, estatura e índice de massa corporal (IMC). Além das medidas atuais, é importante avaliar a história de peso e IMC em adultos, bem como a evolução das curvas de crescimento e a maturação sexual em pacientes com idade inferior a 20 anos. Especificamente em relação ao peso, é necessário definir junto com a equipe responsável pelo tratamento qual profissional será o responsável pela pesagem e se o paciente poderá saber o seu peso atual. O conhecimento da evolução do peso pelo paciente pode em alguns casos ser um empecilho para a evolução do tratamento. A avaliação dietéticadeve fornecer informações sobre o padrão alimentar, atitudes relacionadas à alimentação, peso e forma corporal. Adicionalmente, devem-se esclarecer aspectos inerentes ao comportamento alimentar dos pacientes, como história alimentar, caracterização de episódios de compulsão alimentar e métodos compensatórios (tipo e frequência), proibições, aversões e preferências alimentares. 
Dentre as diversas opções disponíveis para a avaliação do comportamento alimentar, qualifica-se o questionário Disordered Eating Attitude Scale (DEAS). Este questionário contem 25 perguntas para a avaliação de pensamentos e sentimentos relacionados a alimentação. Esta é dividido em 5 escalas, sendo elas: relação com os alimentos, preocupação com o ganho de peso, sentimentos relacionados com o ato de comer, e o conceito de alimentação. Este instrumento pode auxiliar o nutricionista a entender melhor o processo do seu paciente.
No tratamento, é importante que o nutricionista tenha o conhecimento que a prática de contagem de calorias ou pesagem de alimentos não são indicadas, pois assim evitam gatilhos que podem ser desencadeados no paciente. 
Maravalhas e Moraes (2019) cita que o nutricionista deve formular metas especificas e individualizadas, objetivando mudanças graduais e sustentáveis, garantindo a qualidade da alimentação e um padrão alimentar regular, normalizando as percepções de fome e saciedade, sabendo orientar não só o paciente, mas as pessoas a sua volta, como familiares e cuidadores.
Estudos realizados com animais e humanos apontam que a prática de dietas desencadeia os episódios de compulsão alimentar. As dietas fazem com que os indivíduos aumentem sua preocupação com os alimentos, categorizem os alimentos como bons ou ruins e substituam o controle da ingestão alimentar realizado pelos mecanismos de fome e saciedade por controles externos. Esses mecanismos cognitivos são susceptíveis a interferências de emoções negativas, como frustrações e estresse, podendo desencadear os episódios de compulsão alimentar. (MARAVALHAS, MORAES 2019, p. 03).
Segundo Laurino e Scagliusi (2010) Uma ferramenta muito conhecida no tratamento da bulimia é a terapia cognitivo-comportamental, para isso, o nutricionista precisa ser especializados em transtornos alimentares, para trabalhar as atitudes alimentares, e não apenas deixar essa tarefa sob responsabilidade do psicoterapeuta. Tal terapia tua em fatores cognitivos, compreendendo o transtorno alimentar de maneira global, oferecendo uma intervenção objetiva e focada em metas, podendo ser feita individualmente ou em grupo.
Tal terapia é composta por três partes, sendo elas: a primeira, a fim de envolver o paciente no aprendizado de seu transtorno, a segunda fase compreende a reestruturação cognitiva, modificando as crenças do paciente, e a terceira fase consiste em traçar um plano alimentar para a prevenção de recaídas. 
	Os transtornos alimentares podem influenciar o estado nutricional e o metabolismo do paciente, as consequências físicas podem refletir sobre vários sistemas. Na bulimia, a desnutrição não é frequente, porém o estado nutricional dos pacientes sofre influencia da restrição energética que acontece nos períodos de não purgação ou de queima calórica excessiva. Podem ocorrer alterações hidroeletrolíticas, alterações gastrointestinais, problemas dentários como cáries, aumento dos triglicérides plasmáticos, alterações hematológicas e comprometimento muscular cardíaco. 
	Em relação à terapia nutricional enteral ou parenteral são raramente indicadas para pacientes com bulimia, entretanto podem ocorrer situações onde a gravidade clínica pode comprometer a vida do paciente, sendo indicada a hospitalização do mesmo. A gravidade pode ser medida pela redução excessiva de peso, desidratação, hipotensão grave, distúrbios dos ritmos cardíacos e dos eletrólitos. Alimentação oral deve ser a escolha priorizada pelo nutricionista, podendo fazer uso de suplementos orais hipercalóricos ou hiperproteicos. 
Questionário sobre padrões de peso e alimentação para adolescentes (QEWP-A): avaliação transcultural e adaptação para o Português
3 METODOLOGIA DA PESQUISA 
O presente estudo é baseado na revisão bibliográfica de natureza qualitativa descritiva, com o objetivo de analisar a temática da doença e seus processos, através de artigos científicos originais sobre o tema “bulimia nervosa e a nutrição” entre os anos 2006 e 2020, com buscas de origem primária em plataformas científicas como Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Google Acadêmico, Biblioteca Virtual em Saúde- BVS e demais revistas cientificas. Os descritores utilizados foram: nutrição e bulimia, assistência nutricional na bulimia, aspectos bulimia, tratamento bulimia nervosa. Nos idiomas português e espanhol.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O presente estudo é fundamentado em publicações que apresentam significativa importância na definição e construção dos conceitos discutidos nesta análise. O tema torna-se relevante em razão do elevado índice de transtornos alimentares, como a bulimia, decorrente do conceito irrealista de beleza que os meios de comunicação têm apresentado durante os últimos anos.
No geral, a Bulimia Nervosa (BN) é um dos transtornos alimentares mais frequentes na população, tendo maior prevalência no sexo feminino. “A bulimia nervosa é o transtorno alimentar mais comum, estando presente de 1% a 4,2% da 3 população. Em mulheres, a BN corresponde 90% a 95% do total de casos, sendo o subgrupo de mulheres universitárias o mais atingido”. (SILVA et al., 2015, p. 161).
A imagem perfeita e muitas vezes inatingível representada pela magreza, e corpos moldados através de procedimentos estéticos, gera uma busca preocupante e incontrolável para alcançar o corpo perfeito, levando o indivíduo a grandes prejuízos emocionais, e em casos mais graves, danos severos a saúde devido a deficiência nutricional e a desnutrição.
No decorrer da pesquisa, Borges em suas palavras explica que,
Os transtornos alimentares são doenças psiquiátricas caracterizadas por graves alterações no comportamento alimentar e que afetam, na sua maioria, adolescentes e adultos jovens do sexo feminino, podendo originar prejuízos biológicos, psicológicos e aumentando a morbidade e a mortalidade. (BORGES et al, 2006, p. 340).
Nas palavras de Cordás, o mesmo explica que,
A descrição de bulimia nervosa, tal como conhecemos hoje, nasce com Gerald Russell (1979) em Londres, a partir da descrição de pacientes com peso normal, pavor de engordar, que tinham episódios bulímicos e vômitos autoinduzidos. Como algumas dessas pacientes haviam apresentado anorexia nervosa no passado, 6 considerou, em um primeiro momento que a bulimia seria uma sequela desta. (CORDÁS, 2004, p. 156).
Os transtornos alimentares caracterizam-se por apresentar quadros desafiadores e de difícil tratamento para o nutricionista, pois as recaídas costumam acontecer, e por ser um distúrbio psicológico ou comportamental, os sintomas de depressão são comuns e requer um tratamento multidisciplinar. 
Com isso, Fairburn e Cooper (2016) afirmam que a dificuldade para pacientes com transtornos alimentares, não é fazer dieta, comer compulsivamente, diminuir o peso ou purgar, mas as atitudes e crenças disfuncionais reforçadas culturalmente com relação à forma e ao peso.
A importância do conhecimento dos transtornos alimentares dá ao nutricionista a segurança para atuar com esses determinados pacientes, e conseguir alcançar os objetivos principais que são: a eliminação do ciclo dieta- compulsão- purgação e o estabelecimento de um padrão alimentar adequado. 
 	Bacalthuk e Hay (2004) defendem que, o tratamento para a bulimia nervosa é divido em quatro estágios, sendo eles: 
O primeiro, psicoeducativo, envolve informações sobre transtornos alimentares com episódios bulímicos, compulsão alimentar, suas consequências médicas, pesquisas relevantes e conhecimento atual sobre as hipóteses etiológicas e tratamentos, incluindo uma introdução à visão cognitiva da manutenção da BN. Emgeral isso pode ser feito em uma sessão. O segundo estágio, de monitoramento dos comportamentos alimentares, tem uma duração média de duas sessões. No terceiro, com duração de cerca de seis a oito sessões, ocorre à introdução de estratégias comportamentais para prevenir os episódios de compulsão alimentar e os comportamentos extremos para controle do peso e promover o autocontrole, com treinamento e técnicas para solução de problemas. Finalmente o quarto estágio, de desafio cognitivo e reestruturação das atividades alimentares disfuncionais, ocorrem em geral ao longo de oito sessões. As últimas sessões visam estabelecer um plano para prevenção de recaídas e manutenção do tratamento (BACALTHUK; HAY, 2004, p. 302).
O profissional de nutrição além de estabelecer uma conduta empática e de não julgamento, deve ter o conhecimento de técnicas de tratamento como a terapia cognitivo- comportamental (TCC) que é apontada como uma boa ferramenta para tratar o transtorno alimentar.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A bulimia é um transtorno alimentar que tem como característica o consumo excessivo de alimentos em um curto período de tempo, causando comportamentos compensatórios e purgativos. A bulimia não tem causa definida, por isso o tratamento deve ser feito com uma equipe multidisciplinar. 
O nutricionista desempenha um papel fundamental nesse tratamento multidisciplinar da bulimia nervosa, pois responsável pela avaliação nutricional e acompanhamento do estado nutricional deste paciente, bem como a realização das intervenções nutricionais e aplicação de terapias especificas para o transtorno alimentar.
Apesar das características serem comuns, cada paciente tem que ser visto de forma individualizada, e por ser um tratamento longo, o profissional precisa desenvolver habilidades psicoterapêuticas para compreender o potencial comportamento manipulativo e negacionista do paciente, além de especializações em nutrição comportamental e distúrbios alimentares, sendo considerado um trabalho cauteloso para o profissional de nutrição.
Segundo alguns autores, é observado que existe uma prevalência do transtorno em adolescentes, do sexo feminino devido à alta insatisfação com a imagem, causada pela imposição de um padrão corporal muitas vezes irreal que a mídia apresenta. 
O estudo apresenta diversas terapias que podem ser aplicadas durante o tratamento, sendo de responsabilidade avaliativa do profissional em relação ao seu paciente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVARENGA, M.G.; SCAGLIUSI, F. B. Tratamento nutricional da bulimia nervosa. Campinas: Revista de nutrição, 23 (5): 907-918, set/out. 2010. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rn/a/NM4ftDP8F8Tbdd6MW3ZNjSP/?format=pdf&lang=pt>. Acesso em: 14 abr. 2022.
ALVARENGA, M.; LARINO, M. A. Terapia nutricional na anorexia e bulimia nervosas. Ver. Bras Psiquiatr 2002;24 (supl III):39-43. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rbp/a/X8DDSZbNZVCdbDByTbXJbDL/?format=pdf&lang=pt>. Acesso em: 17 abr. 2022. 
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